Arminianismo & Calvinismo Um pequeno resumo de suas diferenรงas - segunda parte
29 DE SETEMBRO DE 2014
Martinho Lutero & Desidério Erasmo (Erasmo de Roterdã).
Chegamos a um período crítico da história da igreja foi uma época de erros terríveis, superstições e engano. A igreja por meio dos concílios havia condenado o Pelagianismo, porém não abraçou como doutrina oficial as explicações de Agostinho ela manteve uma espécie de semipelagianismo afirmando que o ser humano peca e traz consigo uma natureza pecaminosa mas é livre para tomar suas próprias decisões quando se refere a Deus – o ser humano detém o seu livre-arbítrio intacto é por meio dele pode rejeitar ou pode responder este chamado para salvação de forma positiva e como vimos na reunião anterior no final de tudo quem decide ser salvo ou não é o homem. Neste período da história e no decorrer dos anos ira surgir aquilo que denominamos como as boas obras para a salvação – ajuda aos pobres, observação dos dogmas, oração pelos mortos, indulgências entre outras coisas. O homem com a ajuda de Deus poderia ser salvo e Deus com a ajuda do homem poderia salva-lo.
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Neste contexto, no meio desta bagunça, encontramos dois homens magníficos que se admiravam, mas devido suas diferenças irão travar um debate que mudará o rumo da história da Igreja Erasmo de Roterdã e Martinho Lutero lutavam por um mesmo ideal a reforma da igreja. Um lutava por uma reforma intelectual, livre e mais racionalista e menos mística o outro por uma reforma doutrinal tendo como base somente as escrituras e deixando de lado tudo aquilo que os concílios ou papas haviam dito. Se não havia apoio nas escrituras para se manter tal ensino, o mesmo não deveria ser crido ou ensinado. Havia certa proximidade entre Erasmo e Lutero, ao ponto de provocar suspeita de que Erasmo estivesse apoiando o movimento de Lutero, isso possivelmente surgiu a partir da tradução do Novo Testamento realizado por Erasmo. Ambos almejavam uma reforma da Igreja, mas o livre-arbítrio vai ser um ponto de ruptura entre os dois. Primeiro Erasmo, em setembro de 1524, na feira de Frankfurt, realiza a publicação de De Libero Arbitrio (FEBVRE, 2012, p. 280). Depois chega a vez de Lutero. Em dezembro de 1525, ele publicou sua resposta aos argumentos de Erasmo, em sua obra De Servo Arbítrio (FEBVRE,2012, p. 280).1
Ambos criticaram o clero. Ambos fizeram contribuições maravilhosas para o cristianismo um nos deu o Novo Testamento Grego que contribuiu para a expansão da reforma o outro nos deu a Reforma.
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Cunha, Samuel; Erasmo, Lutero e o Livre – Arbítrio; DISCERNINDO - Revista Teológica Discente da Metodista 53 v.2, n.2, p. 53-66, jan. dez. 2014.
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Um escolheu seguir a tradição agostiniana o outro preferiu o semipelagianismo, um escreveu sobre o Deus Soberano que nos salva por meio de sua graça infinita e eficaz o outro escreveu sobre um ser humano livre para decidir ser salvo ou não. Erasmo de Roterdã instigado pelo clero escreve “Sobre o Livre – Arbítrio” (1524) uma crítica as ideias de Martinho Lutero e sua reforma doutrinal. Martinho Lutero como resposta escreve “A Escravidão da Vontade” (1525). “... Igreja pressionou Erasmo a opor-se publicamente à Reforma de Lutero, o que ele fez, relutantemente, quando publicou, em dezembro de 1525, sua obra “De Libero Arbítrio” (O Livre Arbítrio). Deste modo, ele pôde demonstrar publicamente sua discordância de Lutero, sem criticar os seus propósitos válidos. No livro, Erasmo definia o “livre arbítrio” como um “poder da vontade humana, pelo qual o homem pode aceitar ou se afastar das coisas que conduzem à salvação eterna”. Lutero respondeu com o livro “Bondage of the Will” (Escravidão da Vontade), no qual ele rejeitava toda a ideia do livre arbítrio, ensinando que o homem não tem poder em si mesmo para responder ao Evangelho. Ele se queixou que Erasmo usou de excessiva eloquência e não de bastante substância em sua obra, dizendo: “Ninguém pode sobrepujá-lo. Você é como uma enguia, que escapa pelos dedos, ou como o fabuloso Proteu, que muda de forma, exatamente nos braços de quem deseja prendê-lo”. Erasmo foi capturado entre dois partidos intolerantes. Os protestantes mantinham um amargo ressentimento contra ele, enquanto os romanistas o tratavam com progressiva
suspeita. O sonho de Erasmo era unir a Cristandade, purgar a superstição e ver uma Europa com amplo humanismo cristão, onde o amor, a alegria, a retidão e a justiça prevalecessem. Desse modo, suas visões da reforma diferiam das de Lutero e isso causou um rompimento entre eles”.2
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Acessado em 18/09/14 - http://solascriptura-tt.org/PessoasNosSeculos/ErasmoDeRoterda-AutorDesconhecido.htm
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Erasmo mostra um homem ainda poderoso para decidir sua salvação. Lutero mostra um homem frágil que depende totalmente de Deus para que possa ser salvo. Uma Breve Biografia - Desiderio Erasmo. Erasmo de Roterdã como é mais conhecido nasceu entre 1466 e 1469 filho de uma relação ilegal para a sua época, como também é para a nossa, pois seu pai Gerard era um padre e teve um relacionamento amoroso com Margaretha Roger a filha de um médico que possivelmente seria governanta de Gerard. Seus pais morreram quando a Europa foi assolada pela a Peste Negra. E ele aos nove anos foi colocado em uma escola dos Irmãos da Vida Comum3 depois foi enviado contra sua vontade pelo seu tutor para um mosteiro agostiniano4. (Alderi) Figura 1Erasmo de Roterdã
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Irmãos da Vida Comum foi um movimento leigo para ambos os sexos que promovia uma nova devoção centrada na leitura da Bíblia, meditação e oração, bem como valoriza a educação, tendo criado excelentes escolas. Sua expressão mais conhecida e influente é o apreciado livreto devocional A Imitação de Cristo de Tomás Kempis. Matos, Alderi Souza de; Fundamentos da Teologia Histórica; São Paulo, 2008, Editora Mundo Cristão. 4 Ibid.
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Erasmo foi um dos maiores intelectuais de seu tempo, foi o primeiro escritor a viver das vendas de seus próprios livros, foi oferecido a ele cargo, poderes entre outras coisas, porém ele abriu mão de tudo para ser independente. Durante anos foi acusado de ser aliado de Lutero e sobre pressão e para provar que não era aliado de Lutero escreveu seu livro sobre o livre- arbítrio. Erasmo de Roterdã nunca foi bem visto nem pelos reformadores nem pela Igreja. Nascido em Rotterdam, na Holanda, entre 1466 e 1469, Erasmo foi monge agostiniano durante sete anos, antes de viajar para a Inglaterra, onde foi motivado a aprofundar seu conhecimento do grego, chegando a produzir um texto crítico do Novo Testamento Grego (1516). Ele rejeitava os métodos fantasiosos de interpretação das Escrituras, bem como as muitas superstições dos mestres da Igreja Católica Romana.5 “... filho ilegítimo de um padre holandês. Ele se tornou um monge agostiniano aos 21 anos, porém, mais tarde, foi dispensado dos votos, tendo ido estudar Teologia na Universidade de Paris. Mais tarde, ele se tornou professor de Grego na Universidade de Cambridge. Ele foi distinguido com a publicação do seu primeiro Novo Testamento Grego, em 1516. Embasadas neste seu trabalho vieram as principais traduções da Bíblia, na Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Holanda, Suécia e Dinamarca, inclusive a de Lutero,
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Lutero, Martinho; Nascido Escravo, 2007, 2ª edição, Editado por Clifford Pond, Editora Fiel.
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(1522), a de Tyndale (1525), a versão francesa Oliveton (1535), a italiana Diodati (1607) e a mais famosa de todas, a Versão Autorizada de 1611 - a King James - em Inglês”.6 Ironicamente, em 1549, quando o Papa IV elaborou a primeira lista dos livros proibidos pela Igreja os trabalhos de Erasmo foram
incluídos ... Deixou de aderi a reforma não por receio ou fraqueza mas em virtude de seu espírito pacifico, tolerante e conciliador.7
Martinho Lutero. Filho de Juan Lutero e Margarita Ziegler, nasceu em Eisleben, uma cidade da Saxônia, no condado de Mansfield, no dia 10 de novembro de 1483. Em 1501, foi enviado à Universidade de Erfurt, onde passou pelos costumeiros cursos de lógica e filosofia. Aos vinte anos de idade, recebeu o título de licenciado, e passou logo a ensinar a física de Aristóteles, ética e outros assuntos ligados à filosofia. Posteriormente, por indicação de seus pais, dedicou-se à lei civil, a fim de trabalhar como advogado. Em 1505 ao andar certo dia pelos campos, foi lançado ao solo por um raio, enquanto um amigo morreu ao seu lado. Este fato afetou-o de tal modo que, sem comunicar o seu propósito a algum de seus amigos, retirou-se do mundo e enclausurou-se junto à ordem dos eremitas de Santo Agostinho. Dedicou-se ali à leitura das obras de Santo Agostinho e dos escolásticos; porém, ao vasculhar a biblioteca, encontrou, acidentalmente, uma cópia da Bíblia latina que jamais 6 7
Acessado em 18/09/14 - http://solascriptura-tt.org/PessoasNosSeculos/ErasmoDeRoterda-AutorDesconhecido.htm Matos, Alderi Souza de; Fundamentos da Teologia Histórica; São Paulo, 2008, Editora Mundo Cristão.
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havia visto antes. Esta atraiu poderosamente a sua curiosidade; leu-a ansiosamente e sentiu-se atônito ao perceber que apenas uma pequena porção das Escrituras era ensinada ao povo. Fez a sua profissão de fé no mosteiro de Erfurt, após ter sido noviço durante um ano; e tomou ordens sacerdotais, ao celebrar a sua primeira missa em 1507. Passados alguns anos ele foi nomeado para a cadeira de teologia e filosofia de Wittenberg. Agora Martinho Lutero tinha tempo disponível para estudar as escrituras. Martinho Lutero formou-se em teologia e tornou-se um excelente pregador e dito dele o seguinte:
“A sua magnífica exposição e sua eloquência, a sua admirável memória, e, sobretudo a evidente força das suas convicções, cativavam todos os que o ouviam, e o Dr. Martinho Lutero tornou-se o assunto das conversações entre pessoas ilustradas.” 8
Martinho Lutero foi enviado a Roma por causa de uma questão que se levantou entre o vigário geral e sete dos conventos. Ao chegar a Roma a santa cidade a quem ele prestou homenagem, ficou desiludido e os seus olhos começaram a ver a corrupção e os que mais proferiam blasfêmias e se distinguiam por sua infidelidade eram os próprios padres. Em Roma Lutero encontrou grande impiedade. Lutero voltou de alma entristecida para sua terra natal ao encontrar em Roma tamanha corrupção e pecado.
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A.Knight & W.Anglin – Historia do Cristianismo dos Apóstolos do Senhor Jesus ao século XX; pg.213
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Neste tempo, ele travou uma batalha intensa contra o pecado existente em seu coração, fazendo promessas e cumprindo os mandamentos ordenados pela igreja, mas não encontrava paz! Sua luta foi tão intensa “que por meios de vigílias e mortificações chegou às portas da morte” Ele encontrou consolo quando um monge piedoso recitou em seu ouvido uma frase do Credo Apostólico, “Creio na remissão dos pecados” e lhe explicou que a fé deve ser pessoal e não uma fé geral e disse: “Atendei ao que diz S. Bernardo e ao testemunho que o Espírito Santo produz no vosso coração que é este: “os teus pecados te são perdoado”. Assim Lutero encontrou a luz e deu graças a Deus. Romanos 1.17 foi um texto libertador para Martinho Lutero - o justo viverá da fé – está grande verdade libertou seu coração de todo aquele peso que o angustiava.
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As indulgências, Tetzel e Martinho Lutero. A igreja havia perdido sua influência para um grupo chamado Os flagelantes “então o pensamento dominante dos padres foi então ver como poderiam conservar a influência do domínio usurpado... e, portanto inventaram um negócio novo a que chamaram indulgências. Em troca de uma quantia mais ou menos avultada, conforme a classe a que o comprador pertencia, ficava este livre de uma peregrinação, de jejum, ou de outra qualquer penitencia; e assim começou esse detestável negócio.” “O papa percebeu logo as vantagens que podiam resultar de um sistema tão lucrativo e, em tempo oportuno, Clemente VII instituiu o extraordinário dogma de que a crença nas indulgências era um artigo de fé.” 9 Nesta época o arcebispo Alberto queria obter o cargo de arcebispo de Mainz, mas como já controlava duas províncias Romanas teria que pagar uma grande soma em dinheiro ao Papa Leão X. O seu desejo coincidiu com a necessidade do papa estar precisando de dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro. O papa então sugeriu que Aberto tomasse dinheiro emprestado dos ricos Fuggers – família de banqueiro de Augsburg. Uma bula papal, autorizando a venda de indulgencias foi apresentada como garantia que Alberto pagaria o empréstimo.10
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A.Knight & W.Anglin – Historia do Cristianismo dos Apóstolos do Senhor Jesus ao século XX; pg.206 Earle E.Cairns – O Cristianismo Através dos Séculos; pg. 229
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Assim as indulgências11 foram usadas como forma de arrecadação de dinheiro para a construção da Basílica de São Pedro em Roma e a compra do arcebispado de Mainz – e Tetzel12 um monge dominicano foi designado para fazer a venda das indulgências e a coleta do dinheiro em todo o território que pertencia a Igreja. Tetzel chega a Wittenberg para vender as indulgências, cidade onde Martinho Lutero cumpria seus deveres de confessor do povo. Em seu discurso Tetzel diz: “... Ouçam estes gritos, e saibam que logo que soar uma moeda no fundo da caixa a alma se solta do Purgatório e dirige-se em liberdade para o Céu... Como sois surdos e desleixados! Com uma insignificante quantia podeis livrar o vosso pai do Purgatório13, e apesar disso sois tão ingratos que não comprais a sua liberdade! No dia do juízo eu serei justificado, mas vós sereis castigados tanto mais severamente por terdes desprezado tão grande salvação”. 14 11
Earle E.Cairns – O Cristianismo Através dos Séculos; pg. 229 Num retrato contemporâneo Tetzel é mostrado com uma lista de preço padrão para indulgências e uma caixa pronta para receber dinheiro. 13 Catecismo da Igreja Católica - A purificação final ou Purgatório. 1030. Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não de todo purificados, embora seguros da sua salvação eterna, sofrem depois da morte uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu. 1031. A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que e absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório, sobretudo nos concílios de Florença (622) e de Trento (623). A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escritura (624) fala dum fogo purificador: Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que e a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfêmia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há de vir≫ (625). 1032. Esta doutrina apoia também na prática da oração pelos mortos, de que já fala a Sagrada Escritura: «Por isso, [Judas Macabeu] pediu um sacrifício expiatório para que os mortos fossem livres das suas faltas» (2 Mac 12, 46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos mortos, oferecendo sufrágios em seu favor, particularmente o Sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também a esmola, as indulgências e as obras de penitência a favor dos mortos: «Socorramo-los e façamos comemoração deles. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício do seu pai (627) por que duvidar de que as nossas oferendas pelos mortos lhes levam alguma consolação? [“...] Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer por eles as nossas orações» (628). 12
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A.Knight & W.Anglin – História do Cristianismo dos Apóstolos do Senhor Jesus ao século XX; pg.214
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“Concluindo o discurso, os fieis chegaram-se às pressas para onde se achava o vendedor de indulgências.” 15 Eis aqui o estopim para a explosão da reforma – Lutero começou então a questionar a autoridade do papa para perdoar pecado. Lutero preparou um documento que continha noventa e cinco teses contra as indulgências16 e a autoridade do papa, e no dia 31 de outubro de 1517, ele prega na porta da igreja de Wittenberg as suas teses. Eis parte de sua tese: “Essa licenciosa pregação dos perdões torna difícil, mesmo a pessoas estudadas, defender a honra do Papa contra calúnia, ou pelo menos contra as perguntas capciosas dos leigos. Esses perguntam: Por que o Papa não esvazia o purgatório por um santíssimo ato de amor e das grandes necessidades das almas; isto não seria a mais justa das causas, visto que ele resgata um número infinito de almas por causa do sórdido dinheiro dado para a edificação de uma basílica que é uma causa bem trivial? ... Que misericórdia de Deus e do Papa é essa de conceder a uma pessoa 15
A.Knight & W.Anglin – História do Cristianismo dos Apóstolos do Senhor Jesus ao século XX; pg.214 Catecismo Romano - As indulgências - 1471. A doutrina e a prática das indulgências na Igreja estão estreitamente ligadas aos efeitos do sacramento da Penitência. O QUE É A INDULGÊNCIA? «A indulgência é a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições, pela ação da Igreja, a qual, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica por sua autoridade o tesouro das satisfações de Cristo e dos santos» (79). «A indulgência é parcial ou plenária, consoante liberta parcialmente ou na totalidade da pena temporal devida ao pecado» (80). «O fiel pode lucrar para si mesmo as indulgências [...], ou aplicá-las aos mortos» (81). AS PENAS DO PECADO - 1472. Para compreender esta doutrina e esta prática da Igreja, deve ter-se presente que o pecado tem uma dupla consequência. O pecado grave privanos da comunhão com Deus e, portanto, torna-nos incapazes da vida eterna, cuja privação se chama «pena eterna» do pecado. Por outro lado, todo o pecado, mesmo venial, traz consigo um apego desordenado às criaturas, o qual precisa ser purificado, quer nesta vida quer depois da morte, no estado que se chama Purgatório. Esta purificação liberta do que se chama «pena temporal» do pecado. Estas duas penas não devem ser consideradas como uma espécie de vingança, infligida por Deus, do exterior, mas como algo decorrente da própria natureza do pecado. Uma conversão procedente duma caridade fervorosa pode chegar à total purificação do pecador, de modo que nenhuma pena subsista (82). 1473. O perdão do pecado e o restabelecimento da comunhão com Deus trazem consigo a abolição das penas eternas do pecado. Mas subsistem as penas temporais. O cristão deve esforçar-se por aceitar, como uma graça, estas penas temporais do pecado, suportando pacientemente os sofrimentos e as provações de toda a espécie e, chegada a hora, enfrentando serenamente a morte: deve aplicar-se, através de obras de misericórdia e de caridade, bem como pela oração e pelas diferentes práticas da penitência, a despojar-se completamente do «homem velho» e a revestir-se do «homem novo» (83). 16
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ímpia e hostil a certeza, por pagamento de dinheiro, de uma alma pia em amizade com Deus, enquanto não resgata por amor espontâneo uma alma que é pia e amada, estando ela em necessidade? ... As riquezas do Papa hoje em dia excedem muito à dos mais ricos Crassos; não pode ele então construir uma basílica de S. Pedro com seu próprio dinheiro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos fiéis? ... Abafar esses estudados argumentos dos fiéis apelando simplesmente para a autoridade papal em vez de esclarecê-los mediante uma resposta racional, é expor a Igreja e o Papa ao ridículo dos inimigos e tornar os cristãos infelizes” (teses 81, 82, 84, 86 e 90) 17 “Com essas e outras proposições Lutero alcançou mais do que podia imaginar. Atingiu o ponto crucial do problema: a situação de distanciamento do Evangelho em que se encontrava a Igreja. Os males da Igreja não eram apenas os seus desvios morais, econômicos e políticos, que a colocavam em descrédito perante o povo. Seu problema principal, responsável também por estes, era o afastamento das doutrinas fundamentais da Palavra de Deus.” (Rev. João Alves dos Santos) As proposições de Lutero acerca das indulgências haviam sido publicadas há pouco, quando Tetzel, o frade dominicano comissionado para a sua venda, manteve e publicou suas teses em Frankfurt, que continha um conjunto de proposições diretamente contrárias às de Lutero. Fez ainda mais: agitou o clero de sua ordem contra seu companheiro; considerou-o, do púlpito, um anátema e herege condenável, e queimou em público as suas teses em Frankfurt. As teses de Tetzel também foram queimadas em Wittenberg, como reação, pelos luteranos. Porém o próprio Lutero negou ter parte nesta ação.
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http://pt.wikipedia.org/wiki/95_Teses
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Ele foi convocado pelo papa para dar explicação sobre suas teses e acusações, ele se dirigiu a Worms para responder as acusações e eis aqui o que aconteceu: Foi perguntado a ele: Em primeiro lugar, queremos saber se estes livros foram escritos por você? Em segundo lugar, se estais pronto a retratar-vos do que escrevestes nestes livros ou se persistis nas opiniões que neles expusestes. Ele afirmou que sim. Ele e chamado pela segunda vez e ele reafirma sua posição e diz: “não posso submeter a minha fé nem ao papa nem aos concílios, porque é claro como o dia que eles muitas vezes têm caído em erro, até nas mais palpáveis contradições, com eles próprios. Se, portanto, não me convencerdes pelo testemunho das escrituras, se não me persuadirdes pelos próprios textos que tenho citado, libertando assim minha consciência por meio da palavra de Deus, eu não posso e não quero retratar-me. Porque não é seguro para um cristão falar contra a própria consciência. Tendo dito isto aqui estou. Não posso proceder de outro modo, Deus me ajude! Amém.” Sua recusa em retratar-se de seus escritos, a pedido do Papa Leão X em 1520 e do Imperador Carlos V na Dieta de Worms em 1521, resultou em sua excomunhão da Igreja Romana e em sua condenação como um fora-da-lei pelo imperador do Sacro Império Romano Germânico. “Lutero tem de ser tido como um herege comprovado. (...) Ninguém deverá prestar-lhe asilo. Seus seguidores deverão ser condenados. E seus livros serão extirpados da memória humana”. Edito de Worms. Os Pontos de concordâncias entre Erasmo de Roterdã e Martinho Lutero. a) Ansiavam a reforma da Igreja; b) Criticaram seriamente o clero e seu estilo de vida; c) Ambos foram agostinianos.
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Os pontos de discordâncias entre Erasmo de Roterdã e Martinho Lutero. Erasmo queria uma reforma, mas não queria acabar com a igreja seguindo um caminho moderado e conciliador. Lutero também queria uma reforma, mas não se importava se tal reforma destruiria a igreja. Para Lutero a verdade provinda das escrituras deveria prevalecer ainda que isto fosse motivo de separação ou uma ruptura. Erasmo assume que o homem obtém um “livre – arbítrio” e suas afirmações são fundamentadas na tradição da igreja, pois os Pais da Igreja em sua maioria eram sinergista ou seja mostram por meio de suas interpretações um homem cooperando com Deus quando se trata da salvação e nas escrituras Lutero por sua vez “organiza sua teologia através do estudo da Bíblia, em especial a antropologia paulina, mediada pela teologia agostiniana” (Cunha, 2014). Tradicionalismo & Biblicismo - Lutero reconhece somente a autoridade da Bíblia, enquanto Erasmo aponta além dela, para a autoridade da tradição interpretativa da Igreja (Cunha,2014). Erasmo seguirá a razão, pois para ele não existe lógica o ser humano não ter vontade para decidir entre o bem e o mal. “O humanista não pode aceitar racionalmente, que Deus possa punir alguém que não é livre para escolher” (Cunha, 2014). Lutero seguirá a fé contemplando Deus soberanamente conduzindo sua criação ao propósito estabelecido por ele.
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O que podemos aprender com Erasmo de Roterdã e Martinho Lutero. Erasmo pretendia uma reforma, mas continuou na Igreja que queria reformar. Mesmo não sendo bem visto por ela permaneceu lutando por uma reforma. Martinho Lutero levou o princípio do Sola Scriptura até suas últimas consequências mesmo que isto custa-se sua vida. O que importa é aquilo que as escrituras dizem não importa o que uma tradição me diga se ela contradiz as escrituras deve ser abandonada. SOLI DEO GLORIA – A.R
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