DitaDura - Edição 1 - PRÉ-DITADURA

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Saiba o que antecedeu a noite que durou 21 anos

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As intervenções militares foram recorrentes na história da república brasileira. Antes de 1964, porém, nenhuma dessas interferências resultou num governo presidido por militares. Em março de 1964, contudo, eles assumiram o poder por meio de um golpe e governaram o país, nos 21 anos seguintes, instalando um regime ditatorial.

ADURA

Nossa revista trata disso, desde o início até como o povo venceu a ditadura militar. Os temas foram divididos em quatro edições. Nesta primeira edição, vamos tratar do início de tudo: o que estava acontecendo no Brasil e no mundo até o dia em que a força militar tomou o poder do Brasil.

Voltemos ao que foi a ditadura!

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Índice

Contexto mundial Governos pré-ditatoriais

Quem foi Diz aí... Tirinhas Bibliografia

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Contexto mundial Cenário do mundo que proporcionol o golpe militar

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á todo um cenário mundial por detrás de todas as mudanças que estavam ocorrendo no Brasil em 1964. Ano em que o mundo estava passando por uma transição, e que cada passo dado era influência para os demais países. Revoluçao Cubana Um dos principais fatos foi a luta entre as duas superpotências: Estados Unidos e União Soviética. O processo de independência de colônias africanas, a oposição de Charles De Gaulle à OTAN, a guerra do Vietnã, a revolução cubana, as perspectivas de vitórias da esquerda comunista em vários países, sobretudo na África e na América Latina, todos esses fatores resultaram na chamada Comissão Tri-lateral, a comissão AAA (África, América e Ásia), formada por banqueiros e empresários norte-americanos, com objetivo, claro, de deter o avanço socialista, tanto quanto, assegurar o modelo capitalista dos Estados Unidos. Na América Latina, (quintal dos Estados Unidos), vivia momentos de sonhos libertários,desde a vitória de Castro, Guevara e seus companheiros em Cuba.

também sua atividade golpista: falava o português fluentemente. O fracasso da invasão da baía dos Porcos, a consolidação do processo socialista em Cuba, as lutas desfechadas pelos partidos de esquerda e um embrionário EUA X URSS movimento popular na América Latina. As já existentes condições para uma vitória de Salvador Allende e, princigolpe foi montado e operacionali- palmente, a perspectiva de um revés zado pelo governo dos Estados Unidos nas eleições presidenciais de 1965, a partir de figuras chaves. O embaixa- no Brasil, foram o sinal verde para o dor Lincoln Gordon e o general Vernon golpe de 1964. Walthers, companheiro de militares A partir de 1964,toda a América Latibrasileiros. na, a exceção de Cuba, iria se inclinar As visitas de Walthers ao Brasil não para a direita e viver os horrores do foram poucas e um detalhe facilitava fascismo tropical.

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CULTURA NO BRASIL A produção cultural, ligada a expressivas manifestações artísticas que surgiram principalmente na década de 60, pode ser considerada efeito ainda do movimento modernista, na medida em que este representa a procura de novas formas e temas e a valorização dos elementos específicos ou autenticamente brasileiros. Em praticamente todos os campos artísticos podem ser destacados autores e obras relevantes, cujos principais objetivos eram retratar, discutir, analisar, interpretar e, sobretudo, modificar a realidade brasileira. Na literatura, autores como Jorge Amado, Guimarães Rosa, Érico Veríssimo tornam-se célebres. Destacaram-se não só romancistas, mas também autores de crônicas, contos e artigos e reportagens que, publicadas constantemente nos principais jornais das grandes cidades, compuseram um magnífico painel cotidiano da sociedade brasileira e são hoje importantes documentos da época. Dentre os mais importantes podem ser mencionados: Fernando Sabino, Antonio Callado, Rubem Braga, entre outros. A poesia conheceu grandes expressões como em Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e Tiago de Melo. Autores como Jorge Andrade, Nelson Rodrigues, Dias Gomes produziram um conjunto riquíssimo de peças de teatro. O teatro, além de dramaturgos e diretores de renome como Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, foi enriquecido pela atuação de grupos como os do Teatro Arena e do Teatro Oficina, em São Paulo. Esses grupos, além de promoverem grande aprimoramento artístico com a realização de trabalhos experimentais, foram importantes na divulgação e popularização do teatro. Surgiram também os grupos experimentais de teatro amador, que ampliaram

a atividade, estendendo-se a locais públicos (teatro de rua), escolas e fábricas. A música popular brasileira foi outro setor de grande expressão. Fazendo frente ao rockand-roll, que desde os anos cinquenta empolgava os jovens, a música popular conheceu, por meio de dois movimentos, a bossa nova e o tropicalismo, um vigoroso impulso que determinou o surgimento de um elenco de destacados compositores e intérpretes (músicos e cantores) que ainda hoje participam do cenário artístico nacional. Uma das mais importantes manifestações artísticas do período foi realizada pelo cinema. “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça é o suficiente para fazer cinema”. Essa afirmação de Glauber Rocha serviu de slogan ao cinema novo, movimento de jovens que, nos anos 60, tomou a decisão de elevar o cinema brasileiro à categoria cultural, coisa que el e não era e jamais tinha sido. O movimento do cinema novo apresenta as seguintes características fundamentais: expressar a visão de mundo de uma fração intelectual e progressista da classe média; e opor-se aos tipos de filmes tradicionais da época - as grandes produções dos estúdios da Vera Cruz e as comédias de costumes ou musicais, que haviam elaborado seus temas e suas formas sob a ditadura de Vargas. O cinema novo iniciou-se com documentários de curta-metragem, avançando depois para os longas-metragens e as obras ficcionais. Aruanda, o documentário de curta-metragem, feito por Linduarte Noronha em seu estado natal, a Paraíba, marcou o início deste movimento. O grande centro de produção do cinema novo foi o Rio de Janeiro, mas em Salvador (Bahia) ocorreu também intensa atividade cinematográfica. O cinema novo, contudo, não chegou a interessar o grande público. Pelo contrário, interessou-se por ele, apenas aqueles que já se interessavam pelos problemas brasileiros. 5


Governos pré-ditatoriais

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uscelino Kubitschek foi eleito presidente do Brasil nas eleições de 1955, tendo João Goulart como vice-presidente.Mas só tomou posse de seu cargo em 31 de janeiro de 1956 até 31 de janiro de 1961. Seu governo é lembrado como de grande desenvolvimento, incentivando o progresso econômico por meio da industrialização. Realizou 50 anos de progresso em apenas 5 anos de governo, o famoso “50 em 5”. Seu mandato foi marcado por grande calmaria política. O Plano de Metas permitiu a abertura da economia brasileira ao capital estrangeiro. O plano tinha 31 metas divididas em 5 grandes grupos: Energia, Transporte, Alimentação, Industria de base, Educação e a meta principal: Brasília. O Plano de Metas visava estimular a diversificação e o crescimento da economia, baseado na integração dos povos e expansão industrial através da nova capital localizada no centro do território brasileiro. Foi no governo JK que entraram no país grandes montadoras de automóveis como, por exemplo, Ford, Volkswagen, Willys e GM (General Motors). Estas indústrias instalaram suas filiais na região sudeste do

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Brasil, principalmente, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e ABC (Santo André, São Caetano e São Bernardo). As oportunidades de empregos aumentaram muito nesta região, atraindo trabalhadores de todo Brasil. Este fato fez aumentar o êxodo rural (saída do homem do campo para as cidades) e a migração de nordestinos e nortistas de suas regiões para as grandes cidades do Sudeste. Além do desenvolvimento do Sudeste, a região Centro-Oeste também cresceu e atraiu um grande número de migrantes nordestinos, devido a construção de Brasília, na qual seria a nova capital do Brasil. A política econômica desenvolvimentista de Juscelino apresentou pontos positivos e negativos para o nosso país. A entrada de multinacionais gerou empregos, porém, deixou nosso país mais dependente do capital externo. O investimento na industrialização deixou de lado a zona rural, prejudicando o trabalhador do campo e a produção agrícola. O país ganhou uma nova capital, porém a dívida externa, contraída para esta obra, aumentou significativamente. A migração e o êxodo rural descontrolados fez aumentar a pobreza, a miséria e a violência nas grandes capitais do sudeste do país.


Jânio Quadros inciou seu governo logo depois de Juscelino Kubistschek , em 31 de janeiro de 196. E governou da cidede de Brasília. Obteve o apoio da UDN (União Democrática Nacional) e alcançou êxito com um discurso de moralização. Ao final do governo de JK, o país enfrentava sérios problemas advindos da chamada política desenvolvimentista. A inflação atingia 25% ao ano e a dívida externa era exorbitante. Com o slogan “varre, varre, vassourinha, varre varre a bandalheira”, Jânio empolgou a população, prometendo acabar com a corrupção, equilibrar as finanças públicas e diminuir a inflação. Para ganhar ainda mais simpatia dos eleitores, o candidato costumava andar com roupas amassadas e carregar sanduíche de mortadela nos bolsos. Jânio Quadros venceu com mais de 6 milhões de votos. Entretanto, o vice-presidente eleito foi João Goulart. A Constituição de 1946 previa a votação para Presidente e vice, separadamente. Vale lembrar, que os dois candidatos representavam partidos e idéias diferentes. Seu governo foi muito contraditório. Teve como apoio político a elite do país, classe social ao qual Jânio Quadros tanto criticou. Na política internacional, dizia ser contra o comunismo, mas chegou a condecorar um dos líderes da Revolução Socialista Cubana, Ernesto “Che” Guevara, com a medalha Cruzeiro do Sul, em agosto de 1961. Já na economia teve um caráter conservador, adotando á risca as medidas do FMI. Congelou salários, restringiu créditos e desvalorizou a moeda nacional. Mesmo assim, a inflação permaneceu alta, gerando o descontentamento por parte da população. Proibiu o uso de biquíni na transmissão televisada dos concursos de miss, proibiu as rinhas de

galo, o lança-perfume em bailes de Carnaval e regulamentou o jogo de carteado. No dia 24 de agosto de 1961, Carlos Lacerda denunciou em rede nacional, um possível golpe que estaria sendo planejado pelo presidente Jânio Quadros. No dia seguinte, o Brasil se surpreendeu com o pedido de renúncia do presidente. Jânio Quadros afirmava em carta enviada ao Congresso Nacional que “forças terríveis” o haviam levado a optar pela renúncia. O Congresso aceitou sua saída do cargo,assumindo a presidência interinamente o Presidente da Câmara, Ranieri Mazilli, até o retorno do vice presidente João Goulart, que fazia uma visita oficial á China. Especula-se que Jânio Quadros estaria certo de que surgiriam fortes manifestações populares contra sua renúncia,o que faria com que voltasse a presidência com mais força do que antes, quando assumiu o cargo.Mas,isso não aconteceu. Com a duração de 7 meses, seu governo provocou uma crise política que mais tarde geraria A Ditadura Militar. 7


Quem foi

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JOAO GOULART 8


A vida antes da carreira política

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ilho de Vicente Rodrigues Goulart e Vicentina Marques Goulart, João Belchior Marques Goulart, popularmente conhecido como Jango, nasceu em São Borja (Rio Grande do Sul) no dia 1º de março de 1919. Muitas fontes indicam que seu ano de nascimento era 1918, mas o fato é que ele nasceu mesmo em 1919. Isso ocorre devido a uma segunda certidão de nascimento, que seu pai mandou fazer, onde é acrescentado um ano a mais na idade de João para que ele pudesse entrar na Faculdade de Direito de Porto Alegre. Por morar num ponto isolado no interior do município de São Borja, Vicentina, mãe de Jango, não teve nenhuma assistência média durante seu parto. Quem a ajudou no momento do parto foi sua mãe Maria Thomaz Vasquez Marques, que teve um papel fundamental impedindo uma desgraça na família, “Minha avó foi quem conseguiu reanimar o Janguinho que, ao nascer, já parecia estar morrendo” relatou a irmã de Jango. João Goulart era o mais velho de sete irmãos, dentre eles cinco mulheres - Eufrides, Maria, Yolanda, Cila e Neuza - e dois homens, ambos falecidos prematuramente - Rivadávia que morreu aos seis meses de vida, e Ivan que faleceu de leucemia aos 33 anos de idade. Jango estudou no Colégio das Irmãs Teresianas, junto com suas irmãs. O colégio era misto durante o dia, porém apenas garotas podiam passar a noite lá. Assim, ele precisava dormir na casa de amigos de seu pai, já que teve que se mudar para um município vizinho para estudar e por seu pai fazer uma parceria de negócios. Foi ali que João apaixo-

nou-se pelo futebol e praticou natação. Ao voltar para São Borja, estudou no Ginásio Santana por aproximadamente quatro anos, até mudar de escola por ter sido reprovado. Depois foi para o Colégio Anchieta e, por ficar em Porto Alegre, morou numa pensão em companhia dos amigos Almir Palmeiro e Abadé dos Santos Ayub. De volta, ele concluiu o ensino médio no Ginásio Santana. Convencido por seus amigos, João fez um teste para o time infanto-juvenil do Sport Club Internacional onde conseguiu ser selecionado. Segundo o centroavante da equipe juvenil, Salvador Arísio, “Jango era um guri excepcional, meio fechado e muito, muito bom e apesar de ser originário de uma família rica, ele nunca usou a influência do pai para conseguir qualquer coisa dentro do clube”.

Carreia política

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om a morte de seu pai, Jango se tornou um dos estancieiros mais influentes da região, pois passou a cuidar das propriedades rurais que herdou. Ele não precisava da política para subir na vida, mas os frequentes encontros com Getúlio Vargas, amigo íntimo de seu pai, influenciaram-no a escolher esse caminho. Iniciou sua carreira política em 1946 no PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), do qual foi fundador em sua cidade natal. Foi presidente do diretório do partido no Rio Grande do Sul, entre 1950 e 1954. Elegeu-se Deputado Estadual (1946-1950), Deputado Federal (1951) e licenciou-se do mandato para assumir a Secretaria do Interior e Justiça do Rio Grande do Sul (1951-1952). Depois de atuar como deputado federal pelo mesmo partido (1952-1953) participou como Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio do governo de Getúlio Vargas (1953-1954). Tornou-se presidente nacional do PTB entre 1952 e 1964. Tornou-se presidente nacional do PTB entre 1952 e 1964. Após ter sido derrotado na eleição para o Senado em 1954, participou do governo de Juscelino Kubitscheck como vice-presidente e, por meio de ação constitucional, passou a ocupar a presidência do Senado entre 1956 e 1961. Em 25 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou ao cargo de presidente, assim João Goulart, com vice-presidente, deveria assumir o governo. Sua posse aconteceu após a aprovação pelo Congresso da emenda institucional que instaurou uma república parlamentarista na qual o chefe do poder executivo é o primeiro ministro e não o presidente. Em 6 de janeiro de 1963, Jango conseguiu o apoio do Congresso Nacional e

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da classe operária para a aprovação de um plebiscito que instituía a volta do presidencialismo. Com o fim do parlamentarismo, Goulart assumiu a chefia do Executivo num momento marcado por crises políticas e econômicas entre a esquerda e a direita e radicais que colocavam em risco o regime democrático. A crise política se agravou com a luta constante entre o governo e as oposições civis e militares, que acusavam João Goulart de comunista devido a sua aproximação populista com os operários, os sindicatos e outras entidades que representavam as classes trabalhadoras. A inflação e a dívida externa atingiram números recordes até aquele momento da história do Brasil. Desgastado com a crise econômica e com a oposição de militares, o presidente procurou fortalecer-se, participando de manifestações e comícios que defendiam suas propostas. O comício mais importante ocorreu no dia 13 de março de 1964, em frente ao Edifício Central do Brasil. O Comício da Central, como ficou conhecido, reuniu cerca de 150 mil pessoas, incluindo sindicatos, associações de servidores públicos e estudantes. Os discursos pregavam o fim da política conciliadora do presidente com apoio de setores conservadores que, naquele momento, bloqueavam as reformas no Congresso. No comício, o presidente assinou a reforma agrária decretando a desapropriação das terras ao longo das rodovias e ferrovias e em torno dos grandes açudes. A multidão respondeu com euforia, mas, seis dias depois, os grupos de oposição de São Paulo lideraram uma passeata com mais de 300 mil pessoas pelas ruas centrais da capital paulista, que ficou conhecida como


Marcha da Família com Deus pela Liberdade. O objetivo era mobilizar a opinião pública contra o governo de Jango e a política que culminaria com a implantação de um regime totalitário comunista no Brasil. O conjunto de ações oferecidas por João Goulart desprestigiava claramente os interesses dos grandes proprietários, o grande empresariado e as classes médias. Com isso, membros das Forças Armadas, com o apoio das elites nacionais e o apoio estratégico norte-americano, começaram a arquitetar o golpe contra João Goulart. A tensão política causada por manifestações de caráter tão antagônico foi seguida pela rebelião de militares que apoiavam o golpe imediato. Sob a liderança do general Olympio de Mourão filho, tropas de Juiz de Fora (MG) marcharam para o Rio de Janeiro com o claro objetivo de realizar a deposição de Jango. Logo em seguida, outras unidades militares e os principais governadores estaduais do Brasil endossaram o golpe militar. Dessa maneira, o presidente voltou para o Rio Grande do Sul tentando mobilizar forças políticas que poderiam deter a ameaça golpista. Entretanto, a eficácia do plano engendrado pelos militares acabou aniquilando qualquer possibilidade de reação por parte de João Goulart. No dia 4 de abril de 1964, o Senado Federal anunciou a vacância do posto presidencial e a posse provisória de Rainieri Mazzilli como presidente da República. Foram dados os primeiros passos para a ditadura militar no Brasil.

A morte

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oão Goulart morreu em 6 de dezembro de 1976 aos 57anos, oficialmente, vítima de um ataque cardíaco, no município argentino de Mercedes, Corrientes. Existem, contudo, suspeitas, por parte de familiares e colegas de política, de que Jango tenha sido assassinado por agentes da Operação Condor. Entretanto, por decisão da família, não foi realizada autópsia alguma em seu corpo antes de seu sepultamento.

Monumento a João Goulart em Porto Alegre

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m 1984, exatos vinte anos após o golpe militar, o cineasta Sílvio Tendler realizou um documentário reconstruindo a trajetória política de João Goulart através de imagens de arquivo e entrevistas. Em todo o país existem pelo menos onze escolas com o nome de João Goulart, a modo de homenagem. A maioria delas fica no Rio Grande do Sul, nos municípios de Alvorada, Ijuí, Novo Hamburgo, Porto Alegre, Viamão e em São Borja, cidade natal do ex-presidente. Na cidade do Rio de Janeiro há três escolas homenageando Goulart: uma estadual e duas municipais. Há também uma no município catarinense de Balneário Camboriú e outra no município de São João de Meriti, no estado do Rio de Janeiro.

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Diz aí... O Diz Aí traz depoimentos de pessoas reais, comuns ou não, que vivenciaram a ditadura. Nesta edição, Reginaldo Costa, de Lauro de Freitas (BA) conta o que viveu e a sua visão da ditadura brasileira “Quando aconteceu o golpe militar, em 31 de março de 1964, eu tinha 8 anos de idade. O regime durou 20 anos e, até hoje, só se fala das perseguições políticas sofridas pelas pessoas. Os jovens que naquela época iam às ruas para protestar contra o regime e em defesa de direitos, da democracia e de melhoria para o país hoje estão no poder. Nos 20 anos de governo militar, uma geração inteira estudou em escolas públicas excelentes. Estudei em uma escola técnica federal que tinha um ótimo nível de ensino e em uma universidade federal na qual existiam verbas para pesquisas, bolsas do CNPQ (atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e outros benefícios. Viajávamos em estradas pavimentadas e sem buracos. Éramos bem atendidos nos centros de saúde dos municípios. Íamos à escola sem medo de assaltos, tiroteios e seqüestros. A pesquisa no Brasil funcionava. Lançamos satélites de comunicações, éramos donos do nosso patrimônio. Existia o programa de alfabetização chamado Mobral. Aconteceu o milagre econômico. Construiu-se a Itaipu, a ponte Rio—Niterói, a BR-101, a BR-116, a Transamazônica, a rodovia Belém—Brasília. As ferrovias funcionavam. A navegação nacional

de pequena, média e grande cabotagem existiam e era operada em grande parte por navios brasileiros. O governo militar acabou em abril de 1985, durou 21 anos. O governo democrático assumiu há exatos 20 anos, e aqueles jovens que faziam passeatas, que foram perseguidos e hoje estão no poder fizeram o que com nosso país? O ensino público não existe mais. A saúde não funciona. As ferrovias acabaram. As estradas encontramse abandonadas. As universidades públicas estão em petição de miséria. Programas habitacionais já não existem. Nossa frota mercante não mais existe. As pesquisas idem. Nossos filhos não vão mais para a escola tranquilos. Assaltos, tráficos, sequestros, corrupção em todas as esferas. Nosso patrimônio foi vendido. O desemprego é enorme. E isso em apenas 20 anos de governo civil. Então, não façamos somente críticas ao governo militar. Falemos também para os nossos jovens sobre as realizações feitas naquele período. Falemos das coisas boas e ruins que existiram naquele período e deixemos os jovens tirarem suas conclusões. Esse é o meu grito contra os destinos que o nosso país vem tomando de 1985 a 2004.” 13


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CURIOSIDADES ZUZU ANGEL Zuzu Angel, uma estilista de sucesso que projetou a moda brasileira no mundo. Zuzu Angel, uma mãe quer travou uma luta contra tudo e todos na busca pelo seu filho Stuart. Os anos 70 viram o mundo de pernas para o ar. No Brasil, a carreira de Zuzu Angel (Patrícia Pillar) como estilista começa a deslanchar enquanto seu filho Stuart (Daniel de Oliveira) ingressa no movimento estudantil, contrário à ditadura militar então virgente no país. Stuart é preso, torturado e assassinado pelos agentes do Centro de informações de Aeronáutica, sendo dado como desaparecido político. Inicia-se então o périplo de Zuzu, denunciando as torturas e morte de seu filho. Suas manifestações ecoaram no Brasil, no exterior e em sua moda.

O GOVERNO DE GOULART E O GOLPE DE 64 Os anos 61/64 podem ser considerados como um dos momentos mais significativos da história política brasileira. A política deixava de ser privilégio do Parlamento e do Executivo e invadia as fábricas, as ruas , o campo e os quartéis. Para os conservadores, foram tempos de “subversão” e “caos social”. Para outros, foi um tempo mais criativo e mais inteligente para o país. O golpe militar de 1964 visou estancar esse processo político de crescente mobilização popular. Um golpe contra o povo e a democracia brasileira. O governo goulart e o golpe de 64 - Coleção Tudo é História nº 48 - Caio Navarro de Toledo

DICAS DE MÚSICAS ACENDER AS VELAS - Zé Keti

É PROIBIDO PROIBIR - Caetano Veloso

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Quadrinhos

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Bibliografia

http://www.projetomemoria.art.br/JK/biografia/4_nasce.html http://www1.folha.uol.com.br/livrariadafolha/2013/10/1353913-no-dia-da-execucao-de-che-guevara-veja-a-cronologia-do-guerrilheiro.shtml http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/governo-de-janio-quadros/ http://www.historiabrasileira.com/brasil-republica/governo-de-juscelino-kubitscheck/ http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/governo_jk.htm http://www.luizberto.com/coluna/ai-dento-newton-silva/page/2 http://www.educacional.com.br/reportagens/golpede64/relatos.asp http://www.historiabrasileira.com/biografias/joao-goulart/ http://www.brasilescola.com/historiab/joao-goulart.htm http://educacao.uol.com.br/biografias/joao-belchior-marques-goulart.jhtm http://www.infoescola.com/historia/governo-de-joao-goulart-jango/

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