EDIÇÃO I
06 DE JULHO DE 2017
A Arquiteta
OPEN HOUSE Marvin Tevian – 1ª Parte | Votorantim Cimentos
Por Lucila Zahran Turqueto A primeira vez que vi o hall de entrada do Marvin achei super interessante, uma ousadia genial essa estante torcida, ainda mais depois que conheci pessoalmente e soube que nela o advogado guarda as enciclopédias e livros raros que eram do pai dele. Daí sim cai realmente de amores pela ideia. ♦
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Lá dentro dezenas de obras encomendadas especialmente o proprietário. Obras de artistas nacionais e internacionais que ele acompanha desde sempre e peças que garimpou pelo centro ou ao longo da vida.
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Casa de Valentina
Este Open House faz parte de um projeto assinado com a Votorantim cimentos que busca apresentar obras feitas para durar e que proporcionam experiências e relações duradouras.
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EDIFÍCIO ENERGY LIVING
TODOS A BORDO
OPEN HOUSE PARA OS CRIATIVOS
YES,
OPEN HOUSE BAIXO E MARIANA
Nessa segunda compilação de casas publicadas durante o primeiro ano de vida do Open House, decidimos focar naquelas cujos donos colocaram a mão na massa de verdade na hora de decorar.
Imagine sair para dançar à noite e ir parar em uma embarcação descolada. Até parece coisa da imaginação, não? Mas quem frequenta o clube noturno Club Yacht, no centro de São Paulo, vive uma experiência parecida.
Nessa segunda compilação de casas publicadas durante o primeiro ano de vida do Open House, decidimos focar naquelas cujos donos colocaram a mão na massa de verdade na hora de decorar.
Uma decoração eclética e vibrante, que mistura diversas referências da cultura latina. Essa é a melhor maneira de definir o estilo adotado por Henrique Steyer no projeto desse imóvel na zona sul de Porto Alegre.
O que esperar do lar de um casal que vive e respira arte? Nada menos do que espaços tomados por obras que agregam significados e falam das experiências e valores de seus moradores.
NÓS TEMOS BANANAS!
CASA&ARQUITETURA
EDIÇÃO I
OPEN HOUSE Marvin Tevian
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casadevalentina.com.br/ categoria/open-house
1ª Parte | Votorantim Cimentos
OPEN HOUSE Mila Strauss
Por Lucila Zahran Turqueto
OPEN HOUSE Silvia Ferraz
OPEN HOUSE Pedro Chun
OPEN HOUSE Lucas Corazza
Casa de Valentina
M+ Group Por Gabriel Pedrotti Do arquiteto. Este edifício localizado nas ladeiras do sudeste de Medellin se materializa através da soma de prismas retangulares que se agrupam em altura para buscar a melhor orientação. O programa oferece soluções de apartamentos para solteiros ou casais, com 71 apartamentos entre 53 e 130 m², compostos por espaços modulares e flexíveis que permitem projetos de diferentes tipologias de apartamento.
A primeira vez que vi o hall de entrada do Marvin achei super interessante, uma ousadia genial essa estante torcida, ainda mais depois que conheci pessoalmente e soube que nela o advogado guarda as enciclopédias e livros raros que eram do pai dele. Daí sim cai realmente de amores pela ideia. Esse apê fica colado no Vale do Anhangabaú, inclusive o meu percurso foi exatamente esse, saí do Vale, onde fiz um vídeo, almocei e em seguida fui para o apê do Marvin.
A primeira vez que ele entrou no imóvel tinha tudo, morcego, urubu e muito, muito pó rssss A obra não foi tarefa fácil, pelo contrário. Houve muita movimentação, ajuste de planta, modificações estruturais, enfim o Marvin não poupou esforços para realmente transformar o espaço. E foi exatamente isso que aconteceu. Você entra no apartamento e já se depara com um painel de vidro gigante com vista para a Praça Don José Gaspar. ♦
Edifício Energy Living O projeto se abre ao entorno através de varandas, terraços ou janelas com vistas dirigidas intencionalmente. A disposição destes prismas geram cenários diversos: vistas ao sul e ao norte do vale, do rio, das montanhas próximas, dos picos ocidentais distantes, da metrópole de cimento e tijolos, e do verde intenso. A fachada compõe um jogo de cheios e vazios com espaços internos e diversas tipologias de apartamentos-estúdios que privilegiam a individualidade sobre a repetição. ♦
Vásquez Villegas
Flores e Folhas Estampadas na Decoração Por Lucila Zahran Turqueto
Casa de Valentina
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Bom, uma pessoa que pensa desta maneira em 1958 vc já imagina o quão fora do óbvio não era né… Apesar de ter assinado diversos móveis e luminárias o arquiteto de formação se especializou mesmo em estamparia e criou um repertório muito vasto de estampas com motivos botânicos que até hoje pautam o inconsciente de quem trabalha na área ou é curioso sobre o assunto. ♦
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Esse post começou com o tema flores na decoração – mas vou expressar minha opinião em outro momento sobre isso – desta vez que eu quero falar única e exclusivamente do trabalho brilhante de um dos designers que sou fã há anos o sueco -austriaco Josef Frank (sueco pois nasceu na Suécia e austríaco pois na metade de sua vida adotou a nacionalidade austriaca). Bom, tem uma frase dele que eu acho simplesmente brilhante e que concordo totalmente, aqui vai:
It doesn’t matter if you mix old and new, or different styles, colors, and patterns, the things you like will always blend, by themselves, into a peaceful whole.
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CASA&ARQUITETURA
29 JUN 2017
Todos a Bordo Por Lucila Zahran Turqueto
Casa de Valentina Imagine sair para dançar à noite e ir parar em uma embarcação descolada. Até parece coisa da imaginação, não? Mas quem frequenta o clube noturno Club Yacht, no centro de São Paulo, vive uma experiência parecida. É que o lugar reproduz quase com perfeição os inte-
riores de barcos e iates. E essa brincadeira visual ganha ainda mais força com a cenografia e a iluminação elaboradas pelos arquitetos Mila Strauss e Marcos Paulo Caldeira. O antigo galpão de 300 m², que parecia um imóvel sem futuro, transformou-se em um retiro des-
colado de jovens, com uma atmosfera divertida e lúdica. Os proprietários apostaram na criatividade para proporcionar algo diferente e inusitado ao público, retomando os elementos das discoteques clássicas do final dos anos 1970 e começo dos anos 1980. ♦
Residência W38th
Arno Matis Architecture, RUFproject
John Sinal
Bom, na Sicilia é bem comum encontrarmos esses vasos no formato de cabeças pelas varandas e o motivo é lendário. Diz a lenda que… Durante o domínio mouro na Sicília havia uma jovem que vivia no bairro de Kalsa, em Palermo, cuidava diariamente das plantas em sua varanda. Um dia, um jovem mouro passou pela varanda e a viu cuidando das flores e ficou instantaneamente apaixonado. dias depois declarou seu amor por ela e começaram a viver um romance. Meses depois a jovem descobriu que seu amor
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logo iria deixá-la pois iria retornar ao seu país, onde tinha esposa e crianças a sua espera. Ela decidiu então vingarse. Esperou a noite chegar e, enquanto ele dormia, ela o decaptou. Daí veio a questão: o que fazer com a cabeça? E foi então que ela decidiu usar como vaso. Ela plantou alguns temperos que floresceram com muito vigor. E toda a vizinhança, ao ver aquele tempero tão lindo, se animou e começou a copiar a ideia fazendo potes de barro na forma da cabeça de um mouro. ♦
Do arquiteto. Esta residência privada altamente inovadora rompe o terreno com um envelope que utiliza uma mistura de concreto branco completamente única, desenvolvida exclusivamente para o projeto. O projeto mistura influências contemporâneas das tipologias do leste-asiático e da costa oeste. A composição parece flutuar numa grande piscina dentro de um jardim oriental. Grandes extensões de vidro e portas de correr são marcadas pela madeira de mog-
no africano. Os interiores fluem com lajes em cascata e volumes dramáticos dispostos como partições desnecessárias que criam espaços interiores de “exposição”. Os detalhes de acabamento interior minimalista incluem pisos de pedra, uma escada principal suspendida de aço e madeira, tetos flutuantes e uma lareira suspensa feita sob medida. Descrição do Produto. Usamos diversas pedras no interior da casa. Umas das aplicações únicas foi realizada na lareira principal, onde flutuam grandes painéis de ônix translúcido sobre DLC Lumisheet, um sistema de painel de acrílico que acende a luz da lareira. ♦
VASOS CABEÇA
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CASA&ARQUITETURA
EDIÇÃO I
Oscar Niemeyer
A redescoberta da curva na arquitetura Arquiteto provocou uma reviravolta histórica com seu traçado simples e uma inequívoca dedicação a estruturas monumentais Por Gustavo Fioratti
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Não é o ângulo reto o que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a livre e sensual curva. A curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos rios, nas ondas do oceano, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo.
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Nascido em 1907, o carioca que liderou a construção da cidade de Brasília nos anos 50, que projetou o edifício Copan em São Paulo e o Museu de Niterói no Rio de Janeiro, provocou uma reviravolta histórica na arquitetura brasileira, com seu traçado simples e uma inequívoca dedicação a estruturas monumentais. Seus projetos são conhecidos por possuírem sentido escultórico condicionado à organicidade das diversas paisagens que os envolvem. E, aliado às formas moldadas por ele graças às possibilidades do concreto protendido, o recorte de seu trabalho faz também um convite à reflexão sobre questões sociais. Niemeyer desenhou residências para todas as classes, militou pela esquerda socialista com a intenção de fomentar a igualdade social no Brasil, embebeu de sentidos ideológicos os vários projetos desenhados para o poder público brasileiro, como os prédios que cercam a praça dos três poderes, em Brasília. Seu legado inspira profissionais do mundo inteiro. O brasileiro Paulo Mendes da Rocha, o inglês Norman Foster e a iraquiana Zaha Hadid, para citar alguns dos nomes internacionais mais influentes de uma geração posterior à sua, são alguns dos que declararam em pú-
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1 1940 Casa do Baile / Pampulha 2 1940 Cassino / Pampulha 3 1940 Igreja de São Francisco / Pampulha 4 1951 Copan 5 1957 Palácio da Alvorada / Brasília 6 1958 Catedral / Brasília 7 1958 Palácio do Planalto / Brasília 8 1962 Palácio do Itamaraty / Brasília 9 1962 Ministério da Justiça / Brasília 10 1965 Sede do Partido Comunista Francês 11 1980 Memorial JK 12 1983 Sambódromo 13 1991 Museu de Arte Contemporânea 14 2003 Centro Administrativo de Minas Gerais
blico a importância fundamental de sua obra. Formado engenheiro-arquiteto na escola de Belas Artes do Rio em 1934, sempre procurou o contraponto para uma arquitetura que considerava comercial. Em busca de novos caminhos, iniciou sua carreira no es-
critório de Lúcio Costa, urbanistas que anos depois assinaria o projeto urbano da cidade de Brasília. Le Corbusier foi outro mestre e uma de suas principais influências. Niemeyer o conheceu no Rio de Janeiro, durante o governo de Getúlio Vargas. O arquite-
to francês esteve aqui para atuar como consultor nos projetos do Ministério da Educação e Saúde Pública, no Rio de Janeiro. Uma das primeiras grandes obras de Niemeyer foi encomendada por Juscelino Kubitschek ainda nos anos 1940. Trata-se de um
conjunto de edifícios da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), um marco do modernismo arquitetônico no Brasil. Ali aparecem pela primeira vez as intenções do arquiteto de criar uma identidade brasileira, por meio de uma representação de formas leves e curvas. ♦
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29 JUN 2017
Autor desconhecido Oscar Niemeyer em frente ao Museu de Arte Moderna de Niterรณi, em 2004. Foto: AE
Design by Megan Jett
UM MODELO DOS TRABALHOS REALIZADOS POR OSCAR NIEMEYER DURANTE AS Dร CADAS:
A Arquiteta
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EDIÇÃO I
REPENSANDO NOSSOS MÓVEIS Resgatar móveis antigos é sempre uma boa idéia, pois além de economizar nosso rico $$$ é uma opção que passa também por um comportamento de consumo mais consciente, coisa que tenho buscado trabalhar no meu dia-a-dia. Muitas vezes, só o fato de pintarmos a peça com uma cor diferente já leva uma vida nova ao móvel.
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O Instituto Tomie Ohtake Por Lucila Zahran Turqueto Algumas das exposições mais disputadas que já vi aqui em São Paulo aconteceream no Instituto Tomie Ohtake, que fica dentro do Complexo Aché Cultural, sou frequentadora do espaço desde que inaugurou
e acho que é uma das obras mais impactantes da cidade. Quem mora aqui muito provavelmente deve concordar comigo, o prédio, que abriga o Instituto, é um marco tanto arquitetônico quanto cultural e movimenta
muito a região sempre com temas atuais e inteligentes. Bom, é exatamente por isso que eu adorei fazer este vídeo em parceria com a Votorantim Cimentos, mostrar um pouquinho mais do Instituto e, em na semana que
vem, apresentar um Open House interessantíssimo, de uma pessoa que participou ativamente da construção do prédio e acompanhou tudo de pertinho. ♦
Casa de Valentina
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OPEN HOUSE | Para os criativos
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Moradas alegres, orçamentos enxutos e personalidade de sobra.
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Nessa segunda compilação de casas publicadas durante o primeiro ano de vida do Open House, decidimos focar naquelas cujos donos colocaram a mão na massa de verdade na hora de decorar. É a seleção de lares DIYs, ou seja, recheados de móveis repaginados, arte nas paredes e outras soluções criativas que fizeram o maior sucesso. Para começar com o pé direito, vamos revisitar o apartamento fofo e cheio de soluções criativas da querida Juliana Rocha. A designer de interiores e personal organizer não teve medo de ousar e mesmo sem poder gastar muito, personalizou cada cantinho do seu ninho handmade, onde vive com o marido. No quesito “mão na massa”, Juliana é a nossa principal representante, já que muitos dos objetos que compõem o seu apê foram
feitos por ela: os caixotes coloridos que servem como mesa lateral, a geladeira pintada com tinta automotiva, o adesivo que imita ladrilhos hidráulicos na parede da varanda, e por aí vai… Os 78 m² do apêbalada – como é conhecido entre os amigos – foram planejados para comportar suas festas, com direito a mesa de som toda equipada, lounge-contêiner, cama feita de paletes, parede de azulejos com padrão das calçadas paulistanas, estante de escada e até mesmo um bueiro! Tudo isso porque Pio é assumidamente apaixonado por São Paulo e quis trazer para dentro do seu lar pedacinhos característicos da metrópole. Na cozinha, mais um projeto DIY com muita identidade: um painel de pedaços de cardápios que colecionou desde os 15 anos. ♦
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29 JUN 2017
YES, nós temos bananas! Uma decoração eclética e vibrante, que mistura diversas referências da cultura latina. Essa é a melhor maneira de definir o estilo adotado por Henrique Steyer no projeto desse imóvel na zona sul de Porto Alegre. A ideia do arquiteto era homenagear a miscigenação brasileira e as influências que o país sofreu ao longo de sua história. Para compor o living conforme haviam idealizado, Henrique e sua cliente encararam a ponte aérea Brasil – Estados Unidos atrás de peças harmônicas e com alma. A busca os levou a Nova York, Miami e Rio de Janeiro, cidades onde encontraram soluções alternativas e fornecedores diferenciados. Objetos escolhidos a dedo nos antiquários cariocas,
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como o tapete oriental, convivem com móveis de linhas puras e simples, como o sofá de linho branco, também comprado na cidade. De Nova York vieram a escultura de bronze sobre a mesa de centro e o revestimento de ráfia africana que cobre as cadeiras da sala de jantar. O projeto desafiador ainda mescla outros itens de estética apurada, como um espelho antigo acompanhado de santos barrocos e tocheiros de prata. O acervo de obras de arte e antiguidades dos clientes ganhou o merecido destaque na orquestra regida por Henrique. Exemplares de Djanira, Di Cavalcanti e Siron Franco são complementados pela coleção de arte plumária. Uma verdadeira mistura brasileira. ♦
O muro de Trump e a impotência da arquitetura Por Nicolás Valencia
A Arquiteta
ticas. Alguém, algum grupo ou alguma força econômica (segundo sua hipótese) é a culpada da crise, da desigualdade, da suporta perda de valores. Não se trata do muro, mas das transformações sociais cozinhadas no mesmo caldo com vários ingredientes: imigração ao primeiro mundo e dentro do Sul Global, concentração de riqueza, economias colaborativas, millenials, mudanças climáticas, pós-verdade, automação dos empregos, Internet, monopólios tecnológicos, tensões étnicas, mercados globais. Não, a arquitetura não soluciona todos os problemas. A arquitetura é um reflexo de nossa sociedade, claro, mas não pode solu-
cionar tudo. Acreditar que propostas genuinamente reflexivas podem mudar o curso dos acontecimentos é ingenuidade. As tentativas dos últimos tempos por acreditar que a arquitetura é também política - que é de fato, sob meu ponto de vista - foram empurradas ao extremo da crença que também é possível se impor e ser a resposta em absolutamente todos os problemas da humanidade. Pior ainda, que os resolve sem necessidade de mais atores ou de análises multi-dimensionais. Enquanto escrevia este texto, Anne Lacaton, do escritório Lacaton & Vassal confessou que podemos identificar como a ponta de lança de uma ar-
quitetura alternativa e capaz de operar a escala urbana, em uma recente entrevista realizada por Anatxu Zabalbeascoa:
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Um arquiteto não é um político ou um sociólogo. Como pessoa, claro que há situações que te afetam: os refugiados, os subúrbios. Apesar disso, a capacidade de intervir e modificar tais situações é política.
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Desde a ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, a ameaça de levantar (na realidade, terminar) o muro definitivo que separará o México dos Estados Unidos motivou arquitetos e páginas de convocatórias a proporem uma solução "arquitetônica" para essa barreira. Rosada ou inspirada na paleta cromática do deserto de Sonora. Com painéis solares ou em aço. Estritamente arquitetônica ou ligeiramente interdisciplinar, qualquer proposta de projeto é fútil. Na realidade, planejar essa proposta é fútil. Não se trata do muro, mas de uma hipotética solução ao seguinte diagnóstico: a imigração, em particular a mexicana, está prejudicando a sociedade norte-americana. É necessário voltar a um momento indefinido da história na qual os Estados Unidos foram grandes. Essa é a análise de Trump, que disse recentemente em sua primeira reunião com Angela Merkel, Chanceler alemã, que "a imigração é um privilégio, não um direito". O muro (e sua discussão) faz parte de algo muito maior: trata-se do sintoma de um planeta que, pela enésima vez, volta a chocar, apesar do otimismo do fim da história publicado por Francis Fukuyama e o liberalismo econômico após a queda do Muro de Berlim. É um novo choque multipolar: os de baixo contra os de cima; ocidente versus Estado Islâmico; partidários do Acordo de Paris e os que negam as mudanças climá-
Até agora, as respostas mais valorizadas do ponto de vista arquitetônico nessa série de auto-encomendas encaixam melhor no land art. São chamadas de atenção (para nós mesmos, como sempre) que convidam à reflexão, mas não são arquitetura. A arquitetura tem algo a dizer quando se trata de imigração, conflitos armados e a transformação política das sociedades? Sim, claro, temos Teddy Cruz intervindo nessa mesma fronteira e Malkit Shoshan trabalhando junto ao Ministério da Defesa da Holanda sobre o impacto urbano das missões dos capacetes azuis em Gao, mas sabem que não poderão resolver tudo. A contribuição da arquitetura não está em um muro. ♦
Romel Jacinto
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CASA&ARQUITETURA
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29 JUN 2017
OPEN HOUSE | Baixo e Mariana Por Lucila Zahran Turqueto
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Casa de Valentina
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O que esperar do lar de um casal que vive e respira arte? Nada menos do que espaços tomados por obras que agregam significados e falam das experiências e valores de seus moradores. Até mesmo as paredes da casa, além de acolher, devem assumir a função de suporte para a sua produção artística e coleções, sendo transformadas em uma espécie de galeria intimista que reúne preciosidades muito pessoais. Lá no sobradinho geminado onde moram o curador e professor Baixo Ribeiro e a artista plástica e arquiteta Mariana Pabst Martins o dia a dia e a arte se misturam dessa forma. O imóvel fica localizado em Perdizes, bairro paulistano adorado pelo casal. “Sempre gostei daqui. A casa fica perto de onde era o atelier do meu pai e também do metrô”, explica a artista plástica. O jeitinho particular da região encanta o Baixo e a Mariana por lembrar os bairros antigos. Lá, a vida parece se desenrolar sem
Paredes galerias, coleções, esculturas e cores levam charme à morada.
pressa. As pessoas se conhecem, as contruções residenciais e comerciais convivem lado a lado e as tradicionais feiras desenbocam em frente às casas, convidadando todos os moradores a des-
frutarem do espaço público. Os ambientes internos do sobrado são um deleite aos olhos curiosos. Dá para passar horas e horas passeando pelos quadros lindos que recobrem a estrutura e pelas esculturas que tomam as superfícies. Dentro dos móveis reina a enorme coleção de discos de vinil, livros e mais alguns tesouros artísticos da dupla e as paredes receberam ainda mais amor com camadas de tintas coloridas, que vão do amarelo vibrante, ao lilás do quarto do casal. Para deixar a casa ainda mais interessante, única e carregada de memória afetiva, grande parte do mobiliário utilizado foi herdada da família da Mariana: “Não procuro pechinchas de decoração. Complemento os ambientes com pequenas peças que considero especiais”, afirma. Com muitas referências, ideias e arte, esse lar transparece a personalidade de seus moradores como poucos. “NÓS fazemos da nossa casa um lar!”, finaliza. ♦
Casa de Valentina
A NOVA CADEIRA AERON DA HERMAN MILLER Embora sua forma icônica tenha permanecido em grande parte inalterada, a cadeira Aeron foi remasterizada, desde os rodízios até todos os outros detalhes, para atender às necessidades do trabalho de hoje. Com a ajuda de seu co-designer original, Don Chadwick, nós atualizamos a cadeira por completo com base na última pesquisa sobre a ciência do sentar e os avanços em materiais, fabricação e tecnologia. Com a Aeron, Stumpf e Chadwick comprovaram que uma cadeira não serve apenas para se sentar, e que você não precisa apenas se sentar nela— ela pode ser realmente melhor para você.
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Apartamento Pantone
AR Arquitetos Por Gabriel Pedrotti
Maíra Acayaba
Do arquiteto. Após a remoção das divisórias internas da planta original, para uma completa reestruturação de layout, o projeto tinha como objetivo criar um espaço amplo e fluído, aproveitando ao máximo a questão da iluminação natural. Havendo necessidade de apenas um dormitório, a reorganização foi feita de modo a privilegiar o espaço da sala. Dessa forma, foi pensado um único volume capaz de solucionar todas as questões de instalações e circulação. O grande volume branco solto concentra os espaços servidores do apartamento, articulando o programa. A cada abertura
de porta, seu interior revela ambientes monocromáticos – cada qual com uma cor - revestidos em ladrilho hidráulico e que abrigam diferentes usos: banheiro da suíte, lavabo, cozinha, área de serviço e despensa. Os espaços servidos - dormitório e sala - separados por um painel de madeira constituem a envoltória desse núcleo hidráulico, onde o branco do piso, teto e paredes evidenciam o concreto aparente da estrutura que permite identificar a planta original dos anos 70. Ainda na sala, a mesma mesa de madeira, com seis metros de comprimento, é capaz de servir tanto como mesa de jantar quanto escritório, não tendo necessidade de uma separação entre esses dois ambientes. ♦
Conteúdo e imagens retirados da internet. Fontes: Poiret One; Lora. Editora: Maria Fernanda Didimo Diretora de arte: Ângela Mayume Oyafuso
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A Arquiteta