Resumão de Filosofia para ENEM e vestibulares
Curso prático de Filosofia para o ENEM e vestibulares
Maria Jucilene de Moraes
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo (a)!
Olá pessoal! Vamos estudar Filosofia? Caro estudante, muito obrigada por ter chegado até aqui. Saiba que este é um grande passo para as muitas aprovações de preparação para o ENEM e outros vestibulares. Nem tudo o que você viu nos anos regulares na escola foi suficiente, nem seria, o tempo curto não permitiu. A disciplina de Filosofia faz parte da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Os espaços para questões desta disciplina têm aumentado a cada ano, assuntos como: Ética, Justiça, Natureza do Conhecimento, Democracia e Cidadania, Filosofia Contemporânea, Filosofia Moderna, são cobrados todos os anos. Aqui foram reunidos os períodos com as principais referências da Filosofia que são utilizadas nas provas para o ENEM e vestibulares do nosso país, logo, você terá acesso
a todo conteúdo necessário para ter melhor resultado nas questões das provas. Você, assim como todos os candidatos pretende ter uma boa pontuação, ter um bom resultado na nota geral do ENEM e de outros vestibulares, para isto, sabemos que precisa se dedicar a esta área do conhecimento que a cada ano está mais presente tanto nas provas, como lhe ajudarão nos temas da Redação. É um suporte diferenciado para as suas referências que farão parte da composição da sua nota. Nesta apostila você terá tudo o que precisa para ter facilidade nas resoluções das questões, e ter um diferencial, à frente de outros candidatos. É também para você que há tempos terminou o Ensino Médio, parou um tempo, retomou aos estudos e agora está na faculdade e precisa recordar pensadores e períodos para que as suas aulas agora sejam melhores compreendidas. É ainda para você que deseja aprender mais sobre as muitas questões apresentadas pelos filósofos, o que de interessante deixaram e contribuíram para as muitas sociedades.
Vamos juntos!
Kant, filósofo alemão, assim se refere ao filosofar: ______________________ Não é possível aprender qualquer filosofia; [...] só é possível aprender a filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-as seguir os seus princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando à razão o direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes, confirmando-os ou rejeitando-os. ______________________
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS EM FILOSOFIA
A Ética e a Política A Ética e a Política – Necessárias para a vida em sociedade, são parte da filosofia da tradição clássica, com as definições para a vida em sociedade. E em nosso século continuam importantes para as relações sociais, mesmo que tenham alterações a respeito do seu entendimento. A política é hoje compreendida por muitos como corrupção, desonestidade e privilégios públicos nos muitos indivíduos e sociedades. Vista em muitos países como algo nocivo à vida, e em alguns casos até por quem grita por justiça, ordem e ética, mesmo quem não saibam ainda do que se tratam essas definições. Política Platão e Aristóteles viam a Política como uma ciência. As outras ciências estão, obrigatoriamente, submetidas à Ciência Política. Aristóteles pensava a Política como a finalidade de se chegar à felicidade dos indivíduos. A Ciência Política é dividida em ética e política. A ética cuida da felicidade individual do cidadão na pólis, e a política da felicidade coletiva. O papel da Política como Ciência, é pensar ações que levem ao bem estar individual e coletivo, doutrina moral da sociedade. Animal políticos é assim que Aristóteles via todo homem, e na vida comum na pólis para Aristóteles no convívio com outros torna-se um ser racional, dessa forma, o homem torna-se político por ser um ser racional, garantidos pela ética e a política. Platão afirmava que a Política era uma arte, e para esta arte nem todos os homens estão aptos, apenas os capacitados, seriam eles, os filósofos, capacitados para administrar o pólis, garantindo o bem estar de todos por terem o conhecimento racional e verdadeiro. Para Platão, a Política serve para corrigir as injustiças praticadas por homens inaptos à atividade Politica. Platão e Aristóteles tinham pensamentos diferentes a respeito da Política. Platão é idealista e Aristóteles mais realista, considerado o primeiro grande sistematizador do conceito de Política, afirmava que o homem precisava viver em comunidade.
O que é Ética?
Ouvimos muito falar em ética a e suas implicações, do grego ethos, quer dizer, costumes de um grupo ou sociedade. Ela é relacionada aos costumes de um povo, também definida como a doutrina moral dos indivíduos. É uma divisão da Ciência Política responsável por orientar a maneira como os cidadãos deveriam agir na pólis. Aristóteles – A ética é uma condição necessária para a realização do indivíduo, para que ele tenha uma vida virtuosa, a partir do uso da razão, garantida pela ética e pela política,
pela felicidade individual e coletiva. Em Aristóteles, a liberdade está na vida política e é na pólis e na vida da comunidade que o indivíduo encontra a razão de sua felicidade.
A ética não se separava da política na Grécia, para os gregos clássicos, as duas eram parte da busca pela felicidade, seria impossível pensar o indivíduo encontrar a felicidade individual sem vivenciar a sua condição de homem político. Na pólis a felicidade poderia ser encontrada.
Platão Platão (428 a 347 A.C.), de Atenas, na Grécia Antiga. Foi um discípulo do filósofo Sócrates, considerado o maior filósofo de todos os tempos. Platão admirava e respeitava Sócrates, reuniu diálogos de seu mestre em sua obra A República. Após a morte de Sócrates, Platão criou sua escola de filosofia, conhecida como Academia. Viveu em uma época em que a democracia de Atenas se desenvolvia com rapidez, o que reivindicava eloquência e poder de argumentação dos jovens. Aristóteles foi um dos jovens alunos de Platão que, por sua vez, que também chegou a ser o mentor de Alexandre, o Grande. aluno Aristóteles não concordava com boa parte do argumento de Platão, seguindo outro caminho filosófico. Principais ideias de Platão Ideias. Para ele, as ideias foram estruturadas seguindo um sentido diferente daquele que atribuímos a elas atualmente. O verdadeiro ser, a essência de todas as coisas são as Ideias, ele acreditava que eram as Ideias que davam o formato a tudo.
Mundo das Ideias
Ele achava que existia uma realidade abstrata dentro da realidade material. Essa realidade abstrata seria o Mundo das Ideias, que é o responsável por dar forma a tudo que nós conhecemos no mundo material. O Mundo das Ideias seria o lar de todas as ideias primordiais, ou seja, é apenas lá que se pode encontrar as ideias imortais e perfeitas. Tudo o que vemos aqui é apenas uma sombra do que realmente existe lá.Uma das principais ideias de Platão relacionava este universo à razão. Só assim, por meio da razão, e não dos sentimentos, é que se pode garantir que alcançaremos corretamente os objetivos.
Mundo Sensível
Este universo representaria a realidade material na qual vivemos. De acordo com Platão, ele nada mais é do que uma cópia do Mundo das Ideias. Por isso, ele é imperfeito e mortal, tendo um “prazo de validade”. Platão acreditava que o Mundo Sensível está em constante movimento e mudança (algo que não ocorreria no Mundo das Ideias, que é eterno). Dessa forma, este mundo está suscetível a errar e a ser falho, ao contrário da realidade abstrata.
Introdução aos estudos em FilosofiaConceito de Ética, Política, Virtude (Sócrates, Platão e Aristóteles).
Maria Jucilene de Moraes
A Ética nos diálogos de Platão A Ética em Platão. A literatura especializada diálogos de Platão dividi-os em grupos. Nessas divisões, uma delas corresponde à cronologia na elaboração dos diálogos. Tendo em uma delas, três momentos: •
o primeiro, corresponde aos diálogos escritos na juventude;
•
o segundo momento é o dos diálogos de maturidade;
• os diálogos de velhice, denominados diálogos aporéticos (diálogos que acabavam em aporia, em dificuldade, sem se chegar à definição do objeto investigativo motivador do diálogo). Diálogos estes que chegam ao fim faltando clareza de algumas dúvidas, de certos questionamentos, não sendo obtido conhecimento seguro acerca do objeto investigado. Sócrates é o personagem principal desses diálogos. Sócrates irá dar grande atenção ao homem enquanto objeto de estudo, sobretudo no que diz respeito à Ética, diferente dos pré-socráticos. Em Sócrates, o homem é percebido nos seus estudos de maneira mais evidente, é objeto de investigação, não do ponto de vista biológico, mas de um ponto de vista ético, é examinado, sobretudo em relação às suas ações, embora não como eles agem cotidianamente. Principalmente como agem bem, em grande medida a partir de paradigmas dados por heróis e deuses em textos como a Ilíada e a Odisseia, esse não é o modelo buscado por Sócrates. Se, por um lado, Sócrates, como homem grego, foi
educado também com os textos atribuídos a Homero, valendo-se de tais textos em suas conversas com os interlocutores, por outro, ele não aceita por completo o modelo educativo dos textos atribuídos a Homero. Na própria República, Sócrates propõe censura a partes de tais textos.
A Ética em Sócrates Em Sócrates a Ética, propõe novidades. Não aceita inteiramente o modelo ético em que as ações que são boas moralmente seriam dos textos que ajudaram o homem grego. Ele propõe um modelo que fosse buscado pela razão que direcionaria o homem nas suas boas ações. Essa busca está nos muitos diálogos de Platão, nas não de forma sistemática. Sócrates parece propor que as nossas ações e, consequentemente, o nosso modo de vida, seja bom ou ruim, não pode ser obra do acaso. Nesse sentido, em uma certa proposta socrática, o bem do homem não é determinado exclusivamente pelas contingências externas. Pelo contrário: ainda que Sócrates não pareça eliminar o peso das contingências externas para a possibilidade ou não do agente poder agir bem e, com isso, poder viver bem, ele parece sustentar que cabe ao agente ter certo controle das suas ações e, portanto, ter certo controle das ações moralmente boas que ele engendrar. A atenção de Sócrates é voltada para a alma e não para o corpo. O corpo não é o responsável primeiro pelas ações do agente, ele volta a atenção para a alma, ela seria a motivadora das ações, objeto de sua investigação. É aqui que a investigação de Sócrates ganha uma linha psicológica. Ele propõe uma divisão tripartite da alma.
Parte apetitiva, a qual inclinaria o agente a realizar ações para satisfazer sua própria alma. Essa parte da alma seria a responsável pelos prazeres, pelas inclinações do agente a satisfazer as necessidades que aparentam ser prazerosas. Se, em Sócrates, a boa vida do homem não parece estar sujeita ao acaso, não é sendo guiado pela parte apetitiva de sua alma que o agente conseguirá viver bem, pois tal parte pode se deixar guiar, muitas vezes, por aquilo que aparenta ser bom sem, de fato, o ser.
Ética em Aristóteles
Aristóteles deixou três textos éticos:
Ética a Nicômaco, o texto mais comentado do estagirita (Aristóteles era de Estagira);
Ética a Eudemo;
Magna Moralia.
Outro texto é atribuído por alguns especialistas a Aristóteles:
Da virtude e dos vícios – mas os comentadores de Aristóteles consideram apócrifos este último. Os textos éticos compõe a Política de Platão. Esses textos éticos compõem, juntamente com a Política, o grupo de escritos denominados práticos, isto é, tratam da práxis (ação). De modo semelhante ao que ocorre nos diálogos de Platão, a investigação ética aristotélica guarda estreita relação com a investigação psicológica, metafísica e, sobretudo, com a investigação política. Em Aristóteles, a ética e a política são complementares, uma dependendo da outra para a boa compreensão.
A relação entre a ética, o exame psicológico, metafísico e político, também a biológica e investigações com a física, faz perceber outros elementos que compõem certa compreensão do modelo ético que não se limita, somente nos seus três textos acima, mas também na Metafísica, na Política, no De Anima, nos textos biológicos e nos outros do corpus aristotelicum. Aristóteles é bem diferente de Platão, pois ele tem um conjunto de textos em que trata de maneira específica dos escritos práticos e examina questões éticas. Por isso, afirma-se que é com Aristóteles que a ética ganha estudos sistemáticos com método próprio de investigação, com formas mais precisas, textos mais precisos. Mesmo Aristóteles herdando da tradição ética, nas discussões de Hesíodo, dos trágicos, da Ilíada e da Odisseia, de Sócrates e de Platão e de alguns pré-socráticos, a investigação dos que vieram antes e até dos seus contemporâneos não foi suficiente para que fosse considerada a ética como uma disciplina formada. Seus textos éticos são escritos no contexto de Platão, ele estudou na academia de Platão durante quase duas décadas. Muitos dos argumentos levantados nos textos éticos são para responder a discussões que se encontram nos diálogos de Platão. O modelo ético apresentado por Aristóteles guarda muitos elementos dos diálogos de Platão, mas é bem diferente destes. Isto é mostrado no seu livro I da Ética a Nicômaco, no capítulo 2, em uma alegoria que indica o modelo teleológico. Evoca a imagem da
figura de um arqueiro que, para atingir o seu alvo, precisa antes visualizá-lo, mostrando que o agente moral precisa ter em mira o seu fim prático (o qual é um bem) para poder alcançá-lo. Platão também mostrava em seus diálogos os direcionamentos das ações do agente para que ele pudesse conseguir agir moralmente bem, e assim, ser feliz. Dessa forma, percebe-se que o modelo aristotélico não é uma novidade.
Mas, se por acaso o estagirita não aceitar a divisão dos mundos, sensível e inteligível e também não aceita o que possibilita o contato entre os dois mundos (a saber, a ideia de participação), ele não pode aceitar o modelo ético que tem as ideias como guia das ações. Aristóteles afasta o bem uno genérico enquanto ideia. Ele sustenta que o bem é dito de muitos modos. Não podendo contar mais com as ideias que orientam o agente na forma de agir moralmente bem, e se o bem é o fim da investigação ética que visa a esse fim onde as ações humanas são feitas, o estagirita necessita de precisa de outra ideia de bem, para que oriente as ações do agente moralmente bom.
Teoria do Conhecimento
Introdução Gnosiologia, é assim que também é chamada a Teoria do Conhecimento, é um campo da Filosofia que se ocupa do estudo do conhecimento. Teoria do Conhecimento prioriza temas ligados à origem, limites e natureza, temas considerados cognitivos. Busca entender, estudar e validar o conhecimento, a possibilidade de existência do conhecimento e quais os fundamentos, origens e valores. É o vê filosófico que, para que seja possível a existência do conhecimento, são necessários três fatores fundamentais: •
a consciência ou existência de um sujeito conhecedor;
•
um objeto a ser conhecido;
•
a relação que se estabelece entre o sujeito e o objeto.
Quando o sujeito é capaz de representar mentalmente o objeto, só assim o conhecimento é considerado possível. O conhecimento como fonte de estudo filosófico desenvolve-se em três disciplinas distintas:
A própria Teoria do Conhecimento: dedica-se ao estudo do conhecimento geral e da natureza;
A Epistemologia: responsável pelo estudo do conhecimento científico e da natureza;
A Metodologia Científica: trata dos processos lógicos para a aquisição do conhecimento científico.
Estudo da Natureza e Conhecimento Geral
O estudo da natureza faz parte da filosofia e construção do pensamento filosófico desde seus primórdios. Os primeiros filósofos buscavam explicações racionais para os acontecimentos naturais e efeitos da natureza. Os elementos naturais foram, inclusive, nos primeiros anos do desenvolvimento filosófico, usados para explicar os acontecimentos do mundo. Tales de Mileto, dizia que tudo teria se originado a partir da água. No decorrer dos estudos filosóficos, pensadores sentiram a necessidade de entender o conhecimento. Os sentidos e a inteligência relacionados ao ato de conhecer falharam muitas vezes, as repostas não eram garantia mais corretas e adequadas às questões alvo de estudo dos filósofos. Por conta disso, os pensadores - e homens no geral - passaram a duvidar da maneira como o conhecimento era tratado. Inicia-se um estudo sistemático e fundamentado que pudesse analisar o ato do conhecimento em si: saber e definir o que é o conhecimento, qual sua essência, como se forma e por quais mecanismos o conhecimento se desenvolve. A disciplina de conhecimento geral foi muito usada nos
princípios da Filosofia, e é usada até hoje para entender os mecanismos do conhecimento geral nas sociedades ao longo dos séculos.
Epistemologia É o estudo da origem, da estrutura, dos métodos, da validade do conhecimento, estabelecendo relações entre crença e conhecimento - a metafísica e a lógica. É tarefa da epistemologia compreender se o ser humano é capaz de atingir o conhecimento total e genuíno. A epistemologia é chamada de Filosofia da Ciência, nasceu com Platão. O filósofo contrariava a opinião ao conhecimento. Para ele, a crença é apenas um ponto de vista subjetivo e, por vezes, com poucas justificativas que a sustentem. O conhecimento é definido por Platão como o conjunto de todas as informações que descrevem e explicam os mundos social e natural.
Metodologia Científica
A Metodologia Científica é a maneira pela qual o conhecimento cientifico é sistematizado e organizado. Foi usada pela primeira vez com o nascimento da dialética, e se estruturava como método de busca pela verdade através de perguntas e respostas. Esse modelo foi o precursor da lógica. Modelo grego, usado até os meados do século
XVII, foi modificado por Galileu, quando ele iniciou o modelo hipotético dedutivo, combinando experimentos empíricos, modelos matemáticos e hipóteses científicas. No século XX, Karl Popper sugere o modelo que ganhou força. Popper estabelece a noção de falsificabilidade, busca descobrir uma exceção ao postulado, algo que torne o objeto de pesquisas e seus resultados falsos. Na ausência desses elementos, o resultado da pesquisa torna-se, portanto verdadeiro. As descobertas e pesquisas científicas baseiam-se em um esquema metodológico rígido, até hoje, que permite a fácil organização das descobertas, teses e experiências, bem como, a disseminação do conhecimento obtido a partir das pesquisas. A metodologia científica é importante para garantir a melhor assimilação dos dados, evitar falhas e facilitar a interpretação e o entendimento.
Democracia e Cidadania em Filosofia Política A cidadania também foi refletida por alguns pensadores. Cidadania é o exercício do cidadão. Cidadão é o que tem direitos na vida social, respeitado em sua dignidade de ser humano livre, tem acesso à educação, a cultura e poder de decisões públicas. Aristóteles, Platão, Santo Tomás de Aquino, Maquiavel e Marx conceituaram a política, cada um a seu modo. Dentre as várias formas de governo existentes, uma delas é a democracia, também pensada na filosofia. Nesse regime os indivíduos são considerados iguais perante a lei e todos têm o direito de ter voz na sociedade, principalmente escolhendo e cobrando os representantes eleitos. O contratualismo também pode ser abordado nas questões de Locke, Hobbes e Rousseau.
TALES DE MILETO
Por Willyans Maciel
De acordo com Aristóteles, Tales de Mileto teria sido o primeiro filósofo da história da humanidade. Não o primeiro a utilizar o termo filósofo para referir-se a si mesmo, já que este foi Pitágoras, mas o primeiro a fazer jus ao título por sua forma de proceder, ao promover um afastamento da visão mitológica do mundo e buscar as causas primeiras, ou a causa primeira única, das coisas e fenômenos da natureza com base, exclusivamente, na razão e observação da própria natureza. É dito que Tales teria iniciado a busca filosófica, devido ao fato de que muitos daqueles que hoje chamamos de "filósofos pré-socráticos" o terem seguido, na tentativa de explicar a substância, mudança e a própria existência do universo sem recorrer à mitologia, que era a prática comum da época. Tales procurou explicar os fenômenos naturais por hipóteses que faziam referência aos próprios processos da natureza, desta forma, eliminando o sobrenatural e trazendo a compreensão dos fenômenos para o âmbito da racionalidade humana, tornando a sabedoria acessível a qualquer pessoa disposta a observar e estudar a natureza. Disponivel-em-http-www-filosofiahoje- -filosofia-em-quadrinhos-tales-de-mileto – Acesso em Jun 2020.
Este método, inovador para a época, levou Tales a questionar qual a natureza (arche) dos objetos, que os faz comportarem-se da forma como o fazem. A palavra grega arche é frequentemente traduzida como "princípio", o que é impreciso, uma vez que o princípio de algo é aquilo que lhe é anterior, ou primitivo, em termos lógicos ou cronológicos. A arche não é apenas primitiva, mas domina o objeto e o constitui. Tales, e aqueles que o seguiram,
procuravam definir a substancia da qual todo objeto material é composto, não apenas o evento que lhe é anterior. Por esta mesma razão, Tales é descrito como o primeiro cientista ocidental, uma vez que o trabalho de buscar a substancia da qual todo objeto material é composto é exatamente o trabalho realizado por cientistas modernos em física nuclear. Segundo nos reporta o filósofo grego Aristóteles, ainda neste trabalho de encontrar a natureza dos objetos materiais, Tales chegou a sua posição mais famosa, a hipótese segundo a qual a natureza originadora dos objetos do mundo é uma única substância material, a água. Outros filósofos contemporâneos de Tales e posteriores discordaram sobre qual seria esta natureza, Anaxímenes, por exemplo, defendeu que seria o ar, no entanto, em sua grande maioria, a tradição filosófica aceitou que é necessário que exista alguma natureza, seja apenas uma ou mais de uma, da qual as propriedades dos objetos advém. Esta natureza seria uma substância que subjaz todos os objetos, transformando-se em qualidades por meio de processos regidos pelas leis da natureza. Tales também foi conhecido por seu uso, teórico e prático, inovador da geometria, vindo a formular dois teoremas importantes, sendo que um deles leva seu nome. O Teorema de Tales estabelece que se A, B e C são pontos em um círculo, onde a linha AC é o diâmetro do circulo, então o angulo ∠ ABC é um angulo reto. O Teorema da Intersecção, por sua vez, estabelece que, se duas retas transversais cortarem um feixe de retas paralelas, teremos medidas proporcionais nos segmentos delimitados nas transversais. Este é o teorema que Tales teria usado para calcular a altura da pirâmide de Quéops.
BUCKINGHAM, Will; at all. O Livro da Filosofia. Editora Globo. São Paulo, 2011. SMITH, William. "Philola'us". Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. ed. (1870). SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-Socráticos. Primeiros Mestres da Filosofia e da Ciência Grega. 2ª Ed., Porto Alegre: Edipucrs, 2003
HERÁCLITO DE ÉFESO
Heráclito de Éfeso (540 a.C. - 470 a.C), como o próprio nome indica, nasceu na cidade de Éfeso, mereceu lugar de destaque sendo considerado um dos filósofos mais fascinantes, apesar de suas idéias meio confusas, por isso recebeu o apelido de “O Obscuro”. Esse cientista transmitia seus ensinamentos em forma de jogos de palavras e charadas que levavam as pessoas a pensar, refletir. Em razão da forma de expor suas ideias, Heráclito vem provocando debates acirrados há mais de vinte séculos. Os gregos e romanos já discutiam sobre ele, e mais tarde foi tema de debates entre cristãos e muçulmanos. Já na filosofia moderna e contemporânea sempre ressurge assuntos ligados a esse cientista. O filósofo possuía um caráter altivo e melancólico, recusou-se a intervir na política, manifestou desprezo pelos antigos poetas, era contra os filósofos de sua época e até contra a religião. Heráclito nomeou o princípio organizador que governa o mundo de “logos”, são dele as seguintes frases: - "Da luta dos contrários é que nasce a harmonia.” - “Tudo o que é fixo é ilusão.” - “Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio.” - “Não escutem a mim e sim ao logos.” - “Das coisas surge a unidade. E, da unidade, todas as coisas.” Ele queria transmitir a ideia de que tudo que existe é uma manifestação da unidade da qual o homem faz parte. As transformações, segundo o filósofo, são consequências da tensão entre os opostos, da ação e reação. Segundo ele, o sol é novo a cada dia e o universo muda e se transforma infinitamente a cada instante. Para exemplificar, compare essa ideia com os símbolos taoístas de ying e yang: Os opostos se completam. Como se vê, os opostos fazem parte de um único todo, esse símbolo representa a teoria descrita onde tudo está em um fluxo constante mantendo uma unidade absoluta através do “logos”. Esta teria sido a grande descoberta do cientista: existe uma harmonia oculta das forças opostas, como a do arco e fecha. Heráclito
recebeu o nome de filósofo do fogo, por que defendia a ideia de que o agente transformador é o fogo: ele purifica e faz parte do espírito dos homens. Esses conceitos inspiraram os primeiros cientistas que exploraram na prática a união do material e o imaterial através do fogo: os famosos Alquimistas.
Por Líria Alves Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/quimica/heraclito-filosofofogo.htm Visualizado em 30/06/2016
SOFISTAS
Por Gabriela E. Possolli Vesce
Na história do pensamento grego houve uma fase muito particular que foi extremamente importante, mas de duração relativamente curta: o período dos sofistas. Esse período compreendeu os séculos IV e V a.C. e envolveu poucos, porém grandes intelectuais, pensadores e cientistas, dentre eles: Protágoras, Górgias e Hipías. Os sofistas sistematizaram e transmitiram uma série de conhecimentos estudados até os dias de hoje, dominavam técnicas avançadas de discurso e atraiam muitos aprendizes. Eles não ensinavam em um determinado local, eram conferencistas itinerantes, viajando constantemente. Os sofistas ensinavam por meio de uma designação geral de filosofia que compreendia uma série de conhecimentos não abordados pela escola regular, como: física, geometria, medicina, astronomia, retórica, artes e a filosofia em si. Antes de mais nada, os sofistas se preocupavam em manejar minuciosamente as técnicas de discurso, a tal ponto que o interlocutor se convencesse rapidamente daquilo que estavam discursando. Para eles não interessava se o que estavam falando era verdadeiro, pois o essencial era conquistar a adesão do público ouvinte. Contrapondo-se à maiêutica de Sócrates, a retórica dos sofistas não se propunha a levar o interlocutor a questionar-se sobre a verdade dos fatos, dos princípios éticos ou dos sentimentos, ao contrário, a retórica busca inculcar no ouvinte ideologias que sejam aproveitáveis para manipulação do povo. Entre as maiores divergências entre o pensamento dos sofistas e o de Sócrates destaca-se o fato de os sofistas cobrarem por suas lições preços bastante elevados, enquanto Sócrates lecionava muito mais por paixão do que por uma compensação financeira. Porém cabe ressaltar que naquela época os sofistas eram os únicos capazes de desenvolver uma cultura geral aprofundada e ao mesmo tempo formar oradores
eficazes. A filosofia de vida dos sofistas adotava uma visão de mundo extremamente egoísta e utilitária diante dos problemas da atividade prática, por isso foi que Sócrates se levantou fortemente contra esta doutrina.
Em resumo, os sofistas eram considerados mestres da oratória, que cobravam um alto preço dos cidadãos para aplicação e ensino de suas habilidades de discurso, que para os gregos eram fundamentais para a política. Os sofistas defendiam que a verdade surgia por meio do consenso entre os homens.
Fonte: http://www.infoescola.com/filosofia/sofistas/ Visualizado em 30/06/2016
Após o surgimento da democracia na Grécia antiga, vários transformações ocorreram na sociedade, exigindo novas formas de se relacionar. A democracia era o sistema de governo que pressupunha a escolha periódica de executores e elaboradores das leis. E para isso, não havia nenhum critério. Neste período, em que já estão avançadas as questões cosmológicas, a busca pelo ser das coisas deixa de ser o foco principal das questões filosóficas, que agora se ocupa com o homem e suas potencialidades. Era preciso saber falar para fazer valer seus interesses nas assembleias. Surgem, então, os famosos oradores denominados Sofistas, palavra que significa sábio em grego. Esses homens, portadores de uma eloquência incomum, propunham ensinar qualquer coisa aos cidadãos que almejassem os cargos públicos ou simplesmente que se defenderiam em um caso litigioso. No entanto, suas técnicas nada mais eram do que ensinar a persuadir convencendo seu interlocutor em um debate, seja pela emoção, seja pela passividade deste. Ardilosos oradores, os sofistas fascinavam àqueles que ouviam suas palestras, ensinando como transformar um argumento fraco em um argumento forte e vice-versa. Para eles, fácil era convencer conforme seus interesses, por isso conseguiam provar que uma coisa ora era branca, ora preta. O importante era convencer a qualquer custo. Mediante salários (ou seja, cobravam pelo ensino), eles ensinavam a quem pudesse pagar, sobre qualquer coisa, dizendo serem portadores de um saber universal. Mas na prática, ensinavam como refutar o seu adversário, não se preocupando com a relação que as palavras tinham com as coisas, articulando-as segundo as necessidades do debate para convencer e derrotar seu oponente. São famosos e numerosos os sofistas que atuaram na Grécia antiga, em especial em Atenas, onde a cultura floresceu com mais evidência. Híppias, Pródico, Antístenes, Trasímaco são apenas alguns exemplos históricos destes que inventaram um certo modo de viver numa política que pressupunha a isonomia (leis iguais para todos os cidadãos). No entanto, podemos destacar especialmente dois dos maiores sofistas de todos os tempos: Górgias e Protágoras. Protágoras é conhecido como o primeiro sofista. Sua fama se estendia por todas as colônias e era um homem culto e bem sucedido. Aliás, a estima do público, a vaidade e o reconhecimento era algo de que todos os sofistas se valiam, pois para eles o que importa é o momento e jamais o que se tem depois de morto.
Questões espirituais eram descartadas, gerando algumas acusações de impiedade, das quais o próprio Protágoras conseguiu escapar. Este eminente orador vivia uma forma de absoluto subjetivismo relativista. Sua máxima “o homem é a medida de todas as coisas” ilustra bem o modo de pensar das diferentes pessoas. Isto quer dizer que cada pessoa, pensa, deseja e busca algo para si, de tal forma única que impossibilita que exista uma verdade absoluta. A verdade, segundo Protágoras, depende de cada um, depende de como cada coisa aparece para cada um em seu juízo. O que pode ser verdade para um,
pode não o ser para outro. Com esse relativismo moral, ele rejeita toda verdade universal. Se algo te parece bom, faça. Se isso traz benefício a você e prejuízo aos outros, faça assim mesmo. Com isso, Protágoras também desacreditava dos deuses. Seu pragmatismo imediatista afirmava que se você nada pode saber dos deuses, eles não servem para nada e, assim, você pode ser indiferente a eles. Esse foi um dos motivos pelos quais ele foi acusado de impiedade. Outro ilustre sofista e não menos importante foi Górgias. Descartando qualquer noção de moral ou virtude, ele determinou a persuasão como algo essencial ao homem. Segundo ele, o domínio dessa técnica permite ao homem conhecer todas as coisas e, com isso, ser feliz. Górgias redigiu um tratado sobre o Não Ser, em resposta ao filósofo Parmênides, em que consta o resumo de seu modo Niilista de pensar. Para ele, nada existe de real; e se nada existe, o homem não pode conhecer verdadeiramente nada; e mesmo que algo exista e possa a ser conhecido, seria impossível comunicar aos outros este conhecimento. Desse modo, Górgias acentua o seu ceticismo, evidenciando a impossibilidade de um conhecimento definitivo e propiciando um ambiente em que o mundo só tem o valor daquilo que o homem confere, consciente de sua efemeridade, ou seja, que o homem é um ser passageiro e que age apenas para satisfazer seus interesses pessoais.
Por João Francisco P. Cabral Colaborador Brasil Escola Graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia - UFU Mestrando em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-sofistas.htm.
SÓCRATES
Rosto de Sócrates exposto no Museu do Louvre
O seu pensamento desenvolveu-se de 3 grandes ideias: a) a crítica aos sofistas; b) a arte de perguntar; c) a consciência do Homem.
Método Socrático - O método socrático consiste em uma técnica de investigação filosófica, que faz uso de perguntas simples e quase ingênuas que têm por objetivo, em primeiro lugar, revelar as contradições presentes na atual forma de pensar do aluno, normalmente baseadas em valores e preconceitos da sociedade, e auxiliá-lo assim a redefinir tais valores, aprendendo a pensar por si mesmo. Ideias Filosóficas - As crenças de Sócrates, em comparação às de Platão, são difíceis de discernir. Há poucas diferenças entre as duas ideias filosóficas. Consequentemente, diferenciar as crenças filosóficas de Sócrates, Platão e Xenofonte, é uma tarefa difícil e deve-se sempre lembrar que o que é atribuído a Sócrates pode refletir o pensamento dos outros autores. Se algo pode ser dito sobre as ideias de Sócrates, é que ele foi moralmente, intelectualmente e filosoficamente diferente de seus contemporâneos atenienses. Quando estava sendo julgado por heresia e por corromper a juventude, usou seu método de elenchos para demonstrar as crenças errôneas de seus julgadores. Sócrates acreditava na imortalidade da alma e que teria recebido, em um certo momento de sua vida, uma missão especial do deus Apolo Apologia, a defesa do logos apolíneo "conhece-te a ti mesmo". Sócrates também duvidava da ideia sofista de que a arete (virtude) podia ser ensinada para as pessoas. Acreditava que a excelência moral é uma questão de inspiração e não de parentesco, pois pais moralmente perfeitos não tinham filhos semelhantes a eles. Isso talvez tenha sido a causa de não ter se importado muito com o futuro de seus próprios filhos. Sócrates frequentemente dizia que suas ideias não eram próprias, mas de seus mestres, entre eles Pródico e Anaxágoras de Clazômenas.
Amor
Em O Banquete, de Platão, Sócrates revela que foi a sacerdotisa Diotima de Mantinea que o iniciou nos conhecimentos e na genealogia do amor. As ideias de Diotima estão na origem do conceito socrático-platônico do amor. Também em O Banquete, no discurso de Alcibíades se descreve o amor entre Sócrates e Alcibíades. Conhecimento Sócrates dizia que sua sabedoria era limitada à sua própria ignorância. Segundo ele, a verdade, escondida em cada um de nós, só é visível aos olhos da razão (daí a célebre frase "Só sei que nada sei"!). Ele acreditava que os erros são consequência da ignorância humana. Nunca proclamou ser sábio. A intenção de Sócrates era levar as pessoas a conhecerem seus desconhecimentos ("Conhece-te a ti mesmo"). Através da problematização de conceitos conhecidos, daquilo que se conhece, percebe-se os dogmas e preconceitos existentes.
Virtude
O estudo da virtude se inicia com Sócrates, para quem a virtude é o fim da atividade humana e se identifica com o bem que convém à natureza humana. Sócrates acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material. Convidava outros a se concentrarem na amizade e em um sentido de comunidade, pois acreditava que esse era o melhor modo de se crescer como uma população. Suas ações são provas disso: ao fim de sua vida, aceitou a sentença de morte quando todos acreditavam que fugiria de Atenas, pois acreditava que não podia fugir de sua comunidade. Acreditava que os seres humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. Dizia que a virtude era a mais importante de todas as coisas.
Política
Diz-se que Sócrates acreditava que as ideias pertenciam a um mundo que somente os sábios conseguiam entender, fazendo com que o filósofo se tornasse o perfeito governante para um Estado. Opunha-se à democracia aristocrática que era praticada em Atenas durante sua época; essa mesma ideia surge nas Leis de Platão, seu discípulo. Sócrates acreditava que ao se relacionar com os membros de um parlamento a própria pessoa estaria fazendo-se hipócrita.
Fonte: Historiadomundo.com.br Sócrates (470 a.c.-399 a.c.) – História de Sócrates.
PLATÃO
Estátua de Platão, em Atenas, Grécia. Foto: markara / Shutterstock.com
Teoria das Ideias
Sócrates mostrara no conceito o verdadeiro objeto da ciência. Platão aprofunda-lhe a teoria e procura determinar a relação entre o conceito e a realidade fazendo deste problema o ponto de partida da sua filosofia. A ciência é objetiva; ao conhecimento certo deve corresponder à realidade. Ora, de um lado, os nossos conceitos são universais, necessários, imutáveis e eternos (Sócrates), do outro, tudo no mundo é
individual, contingente e transitório (Heráclito). Deve, logo, existir, além do fenomenal, um outro mundo de realidades, objetivamente dotadas dos mesmos atributos dos conceitos subjetivos que as representam. Estas realidades chamam-se Ideias. As ideias não são, pois, no sentido platônico, representações intelectuais, formas abstratas do pensamento, são realidades objetivas, modelos e arquétipos eternos de que as coisas visíveis são cópias imperfeitas e fugazes. Assim a ideia de homem é o homem abstrato perfeito e universal de que os indivíduos humanos são imitações transitórias e defeituosas. Todas as ideias existem num mundo separado, o mundo dos inteligíveis, situado na esfera celeste. A certeza da sua existência funda-a Platão na necessidade de salvar o valor objetivo dos nossos conhecimentos e na importância de explicar os atributos do ente de Parmênides, sem, com ele, negar a existência do fieri. Tal a célebre teoria das ideias, alma de toda filosofia platônica, centro em torno do qual gravita todo o seu sistema.
A Metafísica
As Ideias - O sistema metafísico de Platão centraliza-se e culmina no mundo divino das ideias; e estas se contrapõem à matéria obscura e incriada. Entre as ideias e a matéria estão o Demiurgo e as almas, através de que desce das idéias à matéria aquilo de racionalidade que nesta matéria aparece. O divino platônico é representado pelo mundo das idéias e especialmente pela idéia do Bem, que está no vértice. A existência
desse mundo ideal seria provada pela necessidade de estabelecer uma base ontológica, um objeto adequado ao conhecimento conceptual. Esse conhecimento, aliás, se impõe ao lado e acima do conhecimento sensível, para poder explicar verdadeiramente o conhecimento humano na sua efetiva realidade. E, em geral, o mundo ideal é provado pela necessidade de justificar os valores, o dever ser, de que este nosso mundo imperfeito participa e a que aspira. Visto serem as ideias conceitos personalizados, transferidos da ordem lógica à ontológica, terão consequentemente as características dos próprios conceitos: transcenderão à experiência, serão universais, imutáveis. Além disso, as ideias terão aquela mesma ordem lógica dos conceitos, que se obtém mediante a divisão e a classificação, isto é, são ordenadas em sistema hierárquico, estando no vértice a ideia do Bem, que é papel da dialética (lógica real, ontológica) esclarecer. Como a multiplicidade dos indivíduos é unificada nas ideias respectivas, assim a multiplicidade das ideias é unificada na ideia do Bem. Logo, a ideia do Bem, no sistema platônico, é a realidade suprema, donde dependem todas as demais ideias, e todos os valores (éticos, lógicos e estéticos) que se manifestam no mundo sensível; é o ser sem o qual não se explica o vir-a-ser. Portanto, deveria representar o verdadeiro Deus platônico. No entanto, para ser verdadeiramente tal, falta-lhe a personalidade e a atividade criadora. Desta personalidade e atividade criadora - ou, melhor, ordenadora - é, pelo contrário,
dotado o Demiurgo o qual, embora superior à matéria, é inferior às ideias, de cujo modelo se serve para ordenar a matéria e transformar o caos em cosmos.
As Almas A alma, assim como o Demiurgo, desempenha papel de mediador entre as ideias e a matéria, à qual comunica o movimento e a vida, a ordem e a harmonia, em dependência de uma ação do Demiurgo sobre a alma. Assim, deveria ser, tanto no homem como nos outros seres, porquanto Platão é um pampsiquista, quer dizer, anima toda a realidade. Ele, todavia, dá à alma humana um lugar e um tratamento à parte, de superioridade, em vista dos seus impelentes interesses morais e ascéticos, religiosos e místicos. Assim é que considera ele a alma humana como um ser eterno (coeterno às ideias, ao Demiurgo e à matéria), de natureza espiritual, inteligível, caído no mundo material como que por uma espécie de queda original, de um mal radical. Deve portanto, a alma humana, libertar-se do corpo, como de um cárcere; esta libertação, durante a vida terrena, começa e progride mediante a filosofia, que é separação espiritual da alma do corpo, e se realiza com a morte, separando-se, então, na realidade, a alma do corpo. A faculdade principal, essencial da alma é a de conhecer o mundo ideal, transcendental: contemplação em que se realiza a natureza humana, e da qual depende totalmente a ação moral. Entretanto, sendo que a alma racional é, de fato, unida a um corpo, dotado de atividade sensitiva e vegetativa, deve existir um princípio de uma e outra.
Segundo Platão, tais funções seriam desempenhadas por outras duas almas - ou partes da alma: airascível (ímpeto), que residiria no peito, e a concupiscível (apetite), que residiria no abdome - assim como a alma racional residiria na cabeça. Naturalmente a alma sensitiva e a vegetativa são subordinadas à alma racional. Logo, segundo Platão, a união da alma espiritual com o corpo é extrínseca, até violenta. A alma não encontra no corpo o seu complemento, o seu instrumento adequado. Mas a alma está no corpo como
num cárcere, o intelecto é impedido pelo sentido da visão das ideias, que devem ser trabalhosamente relembradas. E diga-se o mesmo da vontade a respeito das tendências. E, apenas mediante uma disciplina ascética do corpo, que o mortifica inteiramente, e mediante a morte libertadora, que desvencilha para sempre a alma do corpo, o homem realiza a sua verdadeira natureza: a contemplação intuitiva do mundo ideal.
O Mundo
O mundo material, o cosmos platônico, resulta da síntese de dois princípios opostos, as ideias e a matéria. O Demiurgo plasma o caos da matéria no modelo das ideias eternas, introduzindo no caos a alma, princípio de movimento e de ordem. O mundo, pois, está entre o ser (ideia) e o não ser (matéria), e é o devir ordenado, como o adequado conhecimento sensível está entre o saber e o não-saber, e é a opinião verdadeira. Conforme a cosmologia pampsiquista platônica, haveria, antes de tudo, uma alma do mundo e, depois, partes da alma, dependentes e inferiores, a saber, as almas dos astros, dos homens, etc. O dualismo dos elementos constitutivos do mundo material resulta do ser e do nãoser, da ordem e da desordem, do bem e do mal, que aparecem no mundo. Da ideia - ser, verdade, bondade, beleza - depende tudo quanto há de positivo, de racional no vir-a-ser da experiência. Da matéria - indeterminada, informe, mutável, irracional, passiva, espacial - depende, ao contrário, tudo que há de negativo na experiência. Consoante à astronomia platônica, o mundo, o universo sensível, são esféricos. A terra está no centro, em forma de esfera e, ao redor, os astros, as estrelas e os planetas, cravados em esferas ou anéis rodantes, transparentes, explicando-se deste modo o movimento circular deles. No seu conjunto, o mundo físico percorre uma grande evolução, um ciclo de dez mil anos, não no sentido do progresso, mas no da decadência, terminados os quais, chegado o grande ano do mundo, tudo recomeça de novo. É a clássica concepção grega do eterno retorno, conexa ao clássico dualismo grego, que domina também a grande concepção platônica.
Texto elaborado por Rosana Madjarof
OBRAS UTILIZADAS DURANT, Will, História da Filosofia - A Vida e as Idéias dos Grandes Filósofos, São Paulo, Editora Nacional, 1.ª edição, 1926. FRANCA S. J., Padre Leonel, Noções de História da Filosofia. PADOVANI, Umberto e CASTAGNOLA, Luís, História da Filosofia, Edições Melhoramentos, São Paulo, 10.ª edição, 1974. VERGEZ, André e HUISMAN, Denis, História da Filosofia Ilustrada pelos Textos, Freitas Bastos, Rio de Janeiro, 4.ª edição, 1980. Coleção Os Pensadores, Os Pré-socráticos, Abril Cultural, São Paulo, 1.ª edição, vol.I, agosto 1973. FONTE: http://www.mundodosfilosofos.com.br/platao.htm Consultado em 30/06/2016
ARISTÓTELES
Busto de Aristóteles Cópia romana de uma escultura de Lísipo
Entre os principais filósofos antigos está Aristóteles (384 322 a.C.), nascido na cidade de Estagira, na Macedônia, hoje pertencente à Grécia. Seus escritos discorrem sobre uma grande variedade de assuntos como biologia, física, lógica, ética, política e arte. Filho do médico do rei da Macedônia, Amintas III, Aristóteles foi para Atenas para prosseguir com seus estudos. Naquela cidade, que era o centro da produção do conhecimento na época, escolheu a escola de Platão para estudar, a Academia. Estudou ali cerca de vinte anos e deixou a cidade e a escola após a morte de Platão. Poucos anos após deixar Atenas, Aristóteles recebeu um convite do então rei da Macedônia, Filipe II, filho de Amintas III. O convite de Filipe II era para que Aristóteles fosse preceptor de Alexandre, que ficaria conhecido na história como o Grande. Aristóteles foi professor do adolescente Alexandre até este subir ao trono. Com a ascensão de seu aluno, Aristóteles deixou a Macedônia e retornou para Atenas. Ali fundou sua própria escola, o Liceu. Com a morte de Alexandre, doze anos após fundar sua escola, Aristóteles resolveu deixar a cidade, pois era macedônio e temia que os atenienses o matassem. Foi para a ilha de Eubeia e faleceu ali dois anos depois.
Apesar de existirem diversos escritos de Aristóteles, muito do que ele escreveu se perdeu. Foi a partir de alguns fragmentos de seus escritos que sua obra foi organizada. Foram juntados textos por assunto para compor o corpo de seus escritos. É certo que a forma de compreender e juntar seus escritos tem sido debatida por estudiosos. Do que restou de seus escritos, podemos encontrar Aristóteles investigando o “ser enquanto ser”. Tal investigação sobre o que são e como são as coisas é fundamental para poder compreender o mundo. Nesse sentido, a sua metafísica discorre sobre princípios que garantam a realidade das coisas, como: o princípio de identidade, da não contradição e do terceiro excluído. Além dos princípios, Aristóteles aponta quatro causas que fazem as coisas serem o que são: material, formal, eficiente e final. É interessante notar que Aristóteles visa superar Platão, seu mestre. Assim como pensa que a essência das coisas está nas próprias coisas, diferente de Platão que pensa nas coisas como cópias de ideias perfeitas, Aristóteles pensa de modo diferenciado assuntos como ética e política.
Em ética, Aristóteles discorda da ideia platônica que via as paixões humanas como negativas e que precisavam ser controladas pela razão. Para ele, as paixões humanas não são nem boas e nem ruins. Ruim é quando as paixões são viciosas, isto é, quando estão em excesso ou em falta. Ter raiva de alguém não é ruim, por exemplo, pois ruim é aplicar em determinada situação mais raiva do que o necessário ou menos raiva do que o necessário. Nesse sentido, Aristóteles pensa que virtude é encontrar uma justa medida entre o excesso e a falta das paixões. Agir corretamente é um treino constante de dosar corretamente as paixões. No campo político, Aristóteles se preocupou menos com hipóteses de uma sociedade ideal e mais com um estudo dos sistemas políticos e leis existentes em sua época. Assim, diferente de Platão, que teorizou uma cidade ideal, Aristóteles pensou uma sociedade que não fosse nem totalmente democrática e nem totalmente aristocrática: a política permitiria que os conflitos entre ricos e pobres pudessem ser amenizados.
Filipe Rangel Celeti Colaborador Mundo Educação Bacharel em Filosofia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - SP FONTE: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/aristoteles.htm Consultado em 30/06/2016
EPICURO Epcurismo
Busto de Epicuro, fim do século III. Cópia romana do original grego no Museu Britânico
Epicuro acreditava que o maior bem era a procura de prazeres moderados de forma a atingir um estado de tranquilidade (ataraxia) e de libertação do medo, assim como a ausência de sofrimento corporal (aponia) através do conhecimento do funcionamento do mundo e da limitação dos desejos. A combinação desses dois estados constituiria a felicidade na sua forma mais elevada. Embora o epicurismo seja doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo (já que declara o prazer como o único valor intrínseco), a sua concepção da ausência de dor como o maior prazer e a sua apologia da vida simples tornam-no diferente do que vulgarmente se chama “hedonismo”. Epicuro vê na filosofia o caminho para alcançar a felicidade, entendida como libertação das paixões. O valor da filosofia é, pois, puramente instrumental: o seu fim é
a felicidade. Mediante a filosofia o homem liberta-se de todo o desejo inquieto e molesto; liberta-se também das opiniões irracionais e vãs e das perturbações que delas procedem. A investigação científica destinada a investigar as causas do mundo natural não tem um fim diferente. "Se não estivéssemos perturbados pelo pensamento das coisas celestes e da morte e por não conhecermos os limites das dores e dos desejos, não teríamos necessidade da ciência da natureza" (Máximas capitais, 11). O valor da filosofia está, pois, inteiramente em dar ao homem um "quádruplo remédio": 1. Libertar os homens do temor dos deuses, demonstrando que pela sua natureza feliz, não se ocupam das obras humanas. 2. Libertar os homens do temor da morte, demonstrando que ela não é nada para o homem: "quando nós existimos, não existe a morte; quando a morte existe, não existimos nós" (Ep. a Men., 125). 3. Demonstrar a acessibilidade do limite do prazer, isto é, o alcançar fácil do próprio prazer; 4. Demonstrar a distância do limite do mal, isto é, a brevidade e a provisoriedade da dor.
Os epicuristas e a morte: Para os epicuristas, simplesmente não faz sentido se preocupar com ela. Acompanhe, leitor, o raciocínio: quando um ser humano existe, a morte não existe para ele. Quando ela existe, ele é que não existe mais. Assim, nós nunca nos encontramos com nossa morte – nossa existência nunca se dá ao mesmo tempo da existência dela. Logo, ocupemos nossas mentes com a vida e desfrutemos dela. E qual é o maior bem que podemos usufruir? O prazer. Ah, o prazer! Mas, calma lá. A noção de prazer, no epicurismo, é extremamente refinada. Não se trata de uma busca desenfreada pela fruição do momento presente, como era para outro grego, Aristipo de Cirene (435-366 a.C.), conhecido por pregar o hedonismo. O prazer do epicurismo é calmo e sereno. O sábio deve evitar a dor e as perturbações, levando uma vida isolada da multidão, dos luxos e excessos. Colocando-se em harmonia com a natureza, ele desfruta da paz. Epicuro condena a renovação a qualquer preço e a ânsia pela mudança, pregando uma espécie de prazer tranquilo. Para vivenciar esse prazer, é fundamental evitar a dor, como ensina o quarto remédio de Diógenes. A tarefa não é difícil para Epicuro. Diferentemente da postura desapegada em relação ao passado e ao futuro, característica dos seguidores do estoicismo – corrente filosófica contemporânea e rival à de Epicuro –, os epicuristas afirmavam que, para amenizar momentos dolorosos, nada como se lembrar de alegrias passadas ou criar expectativas felizes em relação ao futuro. E não pense que o mestre ensinava sem conhecimento de causa: ele mesmo sofria dores constantes, em virtude de uma grave doença que o acompanhou em grande parte da vida.
ESTOICISMO
O estoicismo (do grego: Στωικισμός) é uma escola de filosofia helenística fundada em Atenas por Zenão de Cítio, no início do século III a.C.. Os estóicos ensinavam que as emoções destrutivas resultavam de erros de julgamento, e que um sábio, ou pessoa com "perfeição moral e intelectual" não sofreria dessas emoções. Os estóicos preocupavam-se com a relação activa entre o determinismo cósmico e a liberdade humana, e com a crença de que é virtuoso manter uma vontade (denominada prohairesis) que esteja de acordo com a natureza. Por causa disso, os estóicos apresentaram a sua filosofia como um modo de vida, e pensavam que a melhor indicação da filosofia de uma pessoa não era o que teria dito mas como se teria comportado. Eles enfatizavam a ética como o foco principal do conhecimento humano, embora suas teorias lógicas fossem de mais interesse para os filósofos posteriores. O estoicismo ensina o desenvolvimento do auto-controle e da firmeza como um meio de superar emoções destrutivas, a filosofia defende que tornarse um pensador claro e imparcial permite compreender a razão universal (logos). Um aspecto fundamental do estoicismo envolve a melhoria da ética do indivíduo e de seu bem-estar moral: "A virtude consiste em um desejo que está de acordo com a
Natureza". Este princípio também se aplica ao contexto das relações interpessoais; "libertar-se da raiva, da inveja e do ciúme", e aceitar até mesmo os escravos como "iguais aos outros homens, porque todos os homens são igualmente produtos da natureza". Uma característica distintiva do estoicismo é o seu cosmopolitismo: todas as pessoas são manifestações do espírito universal único, e devem, de acordo com os estóicos, em amor fraternal, e ajudarem-se uns ao outros de maneira eficaz.
FILOSOFIA MEDIEVAL A Filosofia medieval abrange o período que vai do século VIII ao século XIV. Durantes esses anos, houve diversos pensadores árabes, europeus e judeus. Uma das características deste período era o domínio da Igreja Romana sobre a Europa, organizando Cruzadas à Terra Santa, sagrando e coroando reis. Outro fator importante foi que a Filosofia medieval passou a ser lecionada nas escolas, ficando conhecida pelo nome de Escolástica, método de pensamento que dominou o ensino entre os anos de 1100 a 1500 d.C. A Escolástica inventou um método para discussão de ideias filosóficas. Conhecido como disputa, esse artifício consistia em apresentar uma tese, que seria defendida ou refutada com base em argumentos encontrados na Bíblia, na obra de Platão, Aristóteles; e demais Padres da Igreja. Durante a Idade Média, aconteceu um sincretismo entre as crenças religiosas e o conhecimento clássico. Assim, os filósofos medievais foram influenciados pelas obras de Aristóteles, que foram conservadas e traduzidas pelos árabes Averróis e Avicena. Platão também influenciou o pensamento medieval. Porém, os filósofos da época só conheciam o neoplatônico, pela Filosofia de Plotino do século VI d.C. Apesar de ter as mesmas preocupações que a Filosofia patrística, filosofia cristã dos primeiros séculos, os pensadores do medievo acrescentaram um assunto importante em sua filosofia: o Problema dos Universais, que diz respeito à ideia e sua relação com a realidade. Fora a filosofia dos gregos, os medievais foram influenciados pelo pensamento de Santo Agostinho, bispo, escritor, teólogo, filósofo, Padre latino e Doutor da Igreja Católica. Surge nesta época a teologia, que é a Filosofia cristã. Um dos temas mais discutidos por esta vertente filosófica é a prova da existência de Deus e da alma. Era necessário comprovar a existência do criador e do espírito humano imortal. Entre os assuntos encontrados na Filosofia medieval estão a hierarquia entre os seres existentes (relação de domínio entre superiores e inferiores), domínio de papas e bispos sobre reis e barões, separação e diferença entre espírito e corpo, fé e razão, Deus e homem. Fonte: https://www.infoescola.com/filosofia/filosofia-medieval/
SANTO AGOSTINHO E SÃO TOMÁS DE AQUINO
Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1227-1274) foram, respectivamente, os maiores pensadores da Patrística e da Escolástica. Santo Agostinho
valeu-se da filosofia de Platão, enquanto Santo Tomás de Aquino da de Aristóteles. Com isso, cada qual, em sua época, pode influenciar não só a religião católica como muitos pensadores cristãos que lhes sucederam. Tanto Santo Agostinho como Santo Tomás de Aquino afirmam que Deus, sendo eterno, transcendente, todo bondade e todo sabedoria, criou a matéria do nada e, depois, tudo o que existe no universo. Para Santo Agostinho, as ideias ou formas estavam no Espírito de Deus. Santo Tomás de Aquino acrescenta a noção dosuniversais em seus raciocínios. Dizia que Deus é a causa da matéria e dos universais. Além disso, Deus está continuamente criando o mundo ao unir universais e matéria para produzir novos objetos. Nenhum deles colocava em dúvida a imortalidade da alma. Santo Agostinho dizia que alma e corpo são distintos, mas não soube explicar como a alma se liga ao corpo. De acordo com Santo Tomás, a alma humana — princípio imaterial, espiritual e vital do corpo — foi criada por Deus. Acreditava que a alma espiritual é agregada ao corpo por ocasião do nascimento, e continua a existir depois da morte do corpo, formando, pois, por si mesma, um novo corpo, um corpo espiritual, por meio do qual atua por toda a eternidade. Em suas teorias, reportam ao "desprezo do mundo". Contudo, Santo Agostinho mostra-se incapaz de decidir entre o mundo e desprezo por ele. A despeito dessa dúvida, apega-se firmemente à ideia de que a Igreja, como a encarnação mundana da cidade de Deus, deve ter supremacia sobre o Estado. Santo Tomás de Aquino, da mesma forma que Aristóteles, doutrinava que o homem é naturalmente um ser político e procura estar em sociedade. Este homem deve tributar lealdade à Igreja e a Deus, mas tem, também, que obedecer ao Estado porquanto este, por sua vez, recebeu o seu poder da Igreja. Fé, Razão e Revelação são os pontos fundamentais de suas teorias. Santo Agostinho demonstra claramente sua vocação filosófica na medida em que, ao lado da fé na revelação, deseja ardentemente penetrar e
compreender com a razão o conteúdo da mesma. Santo Tomás consegue, por seu turno, estabelecer o perfeito equilíbrio nas relações entre a Fé e a Razão, a teologia e a filosofia, distinguindo-as mas não as separando necessariamente. Ambas, com efeito, podem tratar do mesmo objeto: Deus, por exemplo. Contudo, a filosofia utiliza as luzes da razão natural, ao passo que a teologia se vale das luzes da razão divina manifestada na revelação. Fiquemos com o lado bom de seus raciocínios, ou seja, a crença num Deus único, causa primária todas as coisas. Refutemos, porém, a supremacia que deram à Igreja, considerando-a como a monopolizadora da revelação de Deus.
Fonte de Consulta FROST JR., S. E. Ensinamentos Básicos dos Grandes Filósofos. São Paulo, Cultrix. São Paulo, 09/03/2001
SANTO ANSELMO Teólogo e filósofo italiano
Pai da Escolástica
O termo Escolástica refere-se à produção filosófica que aconteceu na Idade Média, entre os séculos IX e XIII d.C. Em comparação com a Patrística, vertente anterior da Filosofia Medieval, a Escolástica está situada em um período de intensidade do domínio
católico sobre a Europa. Dada a necessidade de formação em larga escala de sacerdotes e da forte implicação cultural e educacional para a fé católica promovida pelo Império Carolíngio, a Igreja Católica criou escolas e universidades para ensinar e formar pensadores e novos sacerdotes. Essa criação das escolas motivou o nome do período. Pai da Escolástica - Anselmo acreditava na capacidade da razão para investigar os mistérios divinos e propunha a prova ontológica da existência de Deus: se temos a ideia de um ser perfeito e se a perfeição absoluta existe, o ser perfeito logo existe. Para ele, todas as verdades cristãs eram filosoficamente demonstráveis. Anselmo é chamado de "pai da escolástica" por causa de suas colocações, defendidas posteriormente pelos filósofos escolásticos medievais. Foi canonizado em 1163 - e em 1720 foi declarado doutor da Igreja pelo papa Clemente 11º.
Fontes de consulta: https://educacao.uol.com.br/biografias/santo-anselmo.htm https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/escolastica.htm
FILOSOFIA MODERNA A Filosofia moderna tem início no século XV, é quando começa a Idade Moderna, vai até o século XVIII, quando inica-se a Idade Contemporânea. Com ela acpntece a transição do pensamento medieval, baseado na fé e nas relações entre os homens e
Deus. É a partir desse momento que inicia o pensamanto antropocêntrico, a humanidade é vista como um forte objeto de estudo. As construções do pensamento dessa época mostram bem a mudança que estava ocorrendo. O racionalismo e o empirismo tentavam dar respostas sobre a origem do conhecimento humano. O racionalismo associado à razão humana e o empirismo na experiência.
Qual o contexto histórico?
O Teocentrismo (Deus no centro do mundo) era a base do pensamento humano. O fim da Idade Média era baseada, e com o evento da Idade Moderna, isso acaba. Nessa fase são muitas as descobertas científicas, nas áreas da astronomia, ciências naturais, matemática, física, etc. dando lugar ao pensamento antropocêntrico (homem no centro do mundo). Dessa forma, a revolução do pensamento filosófico e científico foi uma grande marca. As explicações religiosas dão espaço aos novos métodos de investigação científica, enfraquecendo o poder da Igreja Católica. É o humanismo que tem agora o papel principal, posicionamentos ativos do homem na sociedade, ser pensante com mais liberdade de escolha.
Muitas transformações aconteceram no pensamento europeu nesse período, estes são alguns deles: passagem do feudalismo para o capitalismo; o surgimento da burguesia; a formação dos estados nacionais modernos; o absolutismo; o mercantilismo; a reforma protestante; as grandes navegações; a invenção da imprensa; a descoberta do novo mundo; o início do movimento renascentista.
Características da Filosofia Moderna nos conecitos:
Antropocentrismo e Humanismo Cientificismo Valorização da natureza Racionalismo (razão) Empirismo (experiências) Liberdade e idealismo Renascimento e iluminismo Filosofia laica (não religiosa)
TEORIA DO CONHECIMENTO
DESCARTES / BACON / LOCKE / HUME / KANT RACIONALISMO / EMPIRISMO / CRITICISMO
Origem do Conhecimento - Qual a origem do conhecimento: a razão ou a experiência? Algumas respostas filosóficas:
1. Racionalismo. Para o racionalismo a razão é a fonte principal do conhecimento. O conhecimento sensível é considerado enganador. Por isso, as representações da razão são as mais certas, e as únicas que podem conduzir ao conhecimento logicamente necessário e universalmente válido. A razão é capaz de conhecer a estrutura da realidade a partir de princípios puros da própria razão. A ordenação lógica do mundo permite compreender a sua estrutura de forma dedutiva. O racionalismo segue, neste aspecto, o modelo matemático de dedução a partir de um reduzido número de axiomas. Os racionalistas partem do princípio que o sujeito cognoscente é activo e, ao criar uma representação de qualquer objecto real, está a submetê-lo às suas estruturas ideias. Entre os filósofos que assumiram uma perspectiva racionalista do conhecimento, destacam-se: Platão, René Descartes (1596-1650), Spinoza (1632 -1677) e Leibniz (1646-1716), partem do princípio que possuímos ideias inatas e que é a realidade é uma construção da razão. a) Descartes é considerado o fundador do racionalismo moderno. As fases da sua filosofia podem ser resumidas da seguinte maneira: - Objetivo: atingir verdades indiscutíveis, deduzidas logicamente, a partir de uma evidência irrefutável. - Dúvida Metódica: Para atingir um conhecimento absoluto, tem que eliminar tudo o que seja susceptível de dúvida. Nesse sentido, começa por suspender todos os conhecimentos susceptíveis de serem postos em causa. Descobre que todos os dados dos sentidos o podem enganar. Primeira Evidência. Ao pôr tudo em dúvida, e enquanto o faz, descobre que a única coisa que resiste à própria duvida é a razão. Esta seria a primeira verdade absoluta da filosofia. "Eu penso, logo existo" (cogito). - Ideias inatas. Descobre ainda que possuímos ideias, como a ideia de perfeição, que se impõem à razão como verdadeiras, mas que não derivam da experiência, nem foram por nós criadas. Atribui a sua criação a Deus (prova da existência de Deus).
- Deus garantia da verdade. Sendo a bondade um dos atributos de Deus, certamente que Ele não nos engana, logo as ideias inatas são verdadeiras. Deus é assim, a garantia da possibilidade do acesso à verdade. - Dualismo. Deduz uma divisão nas coisas: Aquilo cuja existência se revelou irrefutável, corresponde à res cogitans, isto é, à razão ("pensamento", "espírito", "alma" ou "entendimento"). Apresenta-se como inextensa e livre. Aquilo cuja existência e determinação levanta dúvidas, corresponde à res extensa,
isto é, ao mundo exterior (corpos físicos). Os corpos são determinadas pela sua extensão, movimento, forma, tamanho, quantidade, lugar e tempo. O mundo físico é assim des-espiritualizado, pois está submetido às leis da física, mecânicas. - Dedução. Só com base nestas ideias claras e distintas, segundo Descartes, se poderia construir por dedução um conhecimento universal e necessário.
2. Empirismo - Para o empirismo a experiência é a fonte de todo o conhecimento, mas também o seu limite. Os empiristas negam a existência de ideias inatas, como defendiam Platão e Descartes. A mente está vazia antes de receber qualquer tipo de informação proveniente dos sentidos. Todo o conhecimento sobre as coisas, mesmo aquele em que se elabora leis universais, provém da experiência, por isso mesmo, só é válido dentro dos limites do observável. Os empiristas reservam para a razão a função de uma mera organização de dados da experiência sensível, sendo as ideias ou conceitos da razão simples cópias ou combinações de dados provenientes da experiência. Entre os filosófos que assumiram uma perspectiva empirista destacam-se John Locke (1632 -1704) e David Hume (1711-1776).
a ) Locke afirma que o conhecimento começa do particular para o geral, da impressões sensoriais para a razão. O espírito humano é uma espécie de "tábua rasa" , onde se irão gravar as impressões provenientes do mundo exterior. Não há ideias nem princípios inatos. Nenhum ser humano por mais genial que seja é capaz de de construir ou inventar ideias, e nem sequer é capaz de destruir as que existem. As ideias, quer sejam provenientes das sensações, quer provenham da reflexão, têm sempre na experiência a sua origem. As ideias complexas não são mais do que combinações realizadas pelo entendimento de ideias simples formadas a partir da recepção dos dados empíricos. A experiência é não apenas a origem de todas as ideias, mas também o seu limite.
b) Hume rejeita, como Locke o inatismo carteseano. As ideias são o resultado de uma reflexão das impressões (sensações) recebidas das experiências sensíveis. A imaginação permite-nos associar ideias simples entre si para formar ideias complexas.
Exemplo de ideias simples decorrentes das impressões: vermelho, tomates, macio.
Exemplo da formação de ideias complexas a partir de ideias simples: os tomates são vermelhos e macios.
Qualquer ideia tem assim origem em impressões sensoriais. As impressões não nos dão a realidade, mas são a própria realidade. Por isso podemos dizer que as mesmas são
verdadeiras ou falsas. As ideias só são verdadeiras se procederam de impressões. Neste sentido, todas aquelas que não correspondam a impressões sensíveis são falsas ou meras ficções, como é o caso das ideias de "substância espírito", "causalidade", pois não correspondem a algo que exista.
Tipos de Conhecimento segundo Hume:
Distingue dois tipos de conhecimento:
1. Conhecimento resultante das relações entre ideias. Nesta categoria inclui a aritmética, a álgebra e geometria. Estamos perante raciocínios demonstrativos, cujas conclusões são independentes da realidade e se apresentam como necessárias. 2. Conhecimento resultante da relação entre factos. Estes raciocínios são indutivos, logo apenas prováveis. Correspondem em geral a relações de causa-efeito. A Questão da Causalidade segundo Hume Introduz um dado novo nas teses empiristas quando afirma que a identidade entre a ordem das coisas e a ordem das ideias resulta de hábitos mentais ou na crença que existe uma ligação necessária entre os fenómenos. A ligação causal entre os fenómenos não é algo que possa ser observado. O que observamos é uma sucessão cronológica de fenómenos, em que uns são anteriores a outros. Esta sucessão leva-nos a concluir que o acontecimento A foi causado pelo
acontecimento B, mas o que efetivamente observamos foi que o primeiro se seguiu ao segundo. Não observámos a relação causal entre os fenómenos. A ligação que estabelecemos, segundo Hume, resulta de um hábito. Acreditamos que a natureza é regida por leis invariáveis de causa-efeito, mas tal não passa de uma ilusão. Embora no passado uma dada sucessão de acontecimentos se possa ter verificado, nada nos garante que no futuro tal venha a acontecer. Apesar disso continuamos a afirmá-lo como se fosse uma certeza absoluta. O nosso conhecimento está alicerçado em crenças. Os fundamentos da ciência são deste modo de natureza psicológica. Esta critica ao conceito da causalidade irá ter profundas repercussões em filósofos posteriores, como I. Kant (1724-1804).
Ceticismo
Hume acaba por cair numa posição cética sobre o conhecimento.
(1) Estamos limitados pela experiência, e por consequência tudo aquilo que não possa ser observado, não existe. O conhecimento da natureza deve fundar-se exclusivamente em impressões que dela temos. Desta premissa decorre o seu ceticismo: o homem não pode conhecer ou saber nada do universo. Só conhece as suas próprias impressões ou ideias e as relações que estabelece entre elas por hábito. Tudo o que o homem sabe, por discurso racional, acerca do universo se deve única e exclusivamente à crença, que é um sentimento não racional. A razão está limitada no seu poder.
(2) Questiona o princípio da causalidade em que se baseiam as ciências da natureza, pois não passa de uma crença.
(3) Questiona também os fundamentos lógicos da indução, ao afirmar que pelo facto de algo ter acontecido muitas vezes no passado, não significa que venha a
acontecer no futuro. O futuro não existe e como tal não é do domínio do conhecimento.
O debate histórico entre racionalistas e empiristas, em final do século XVIII, conduziu ao criticismo que procurou superar as limitações de ambas as correntes filosóficas.
Criticismo
Criticismo Kant (1724-1804). Todo o conhecimento inicia-se com a experiência, mas este é organizado pelas estruturas a priori do sujeito. Segundo Kant o conhecimento é a síntese do dado na nossa sensibilidade (fenômeno) e daquilo que o nosso entendimento produz por si (conceitos). O conhecimento nunca é pois, o conhecimento das coisas "em si", mas das coisas "em nós".
"O que podemos conhecer?" esta foi a questão inicial que orientou a sua investigação. Ao contrário dos empiristas, afirmou que a mente humana não era uma
"folha em branco", mas sim constituída por um conjunto de estruturas inatas que recebiam, filtravam, davam forma e interpretavam as impressões externas.
a) Sensibilidade - A sensibilidade é uma faculdade que nos permite receber ou perceber objetos mediante impressões (sensações) através dos sentidos externos. Estas impressões são percepcionadas no espaço e no tempo, formas puras (vazias) que fazem parte das estruturas cognitivas inatas do sujeito. Elas são a condição indispensável para que possamos ter acesso ao conhecimento sensível (empírico).
b)
Entendimento O entendimento é uma faculdade que nos permite dar forma, unificar e ordenar os dados recebidos da sensibilidade. Para produzir conhecimentos (juízos) utiliza 12 categorias (causa, substância, etc), cuja função é estabelecer relações entre fenômenos (julgamentos). Os juízos são pois operações de interpretação e organização dos dados sensoriais. O conhecimento resulta da aplicação destas categorias (conceitos puros) à experiência.
Classificou os juízos em três tipos:
- Juízos Analíticos. Ex. "O triângulo tem três lados". O predicado está contido sujeito. Trata-se de um juízo a priori, isto é, não está dependente da experiência. Este tipo de juízo é universal e necessário.
- Juízos Sintéticos. Ex."Os lisboetas medem mais do que 1,3 metros de altura". O predicado acrescenta elementos novos ao sujeito. Trata-se de um juízo a posteriori, pois assenta em dados da experiência e carece da mesma como comprova. Este tipo de juízo não é universal, nem necessário.
Moraes
- Juízos Sintéticos a priori (a sua principal inovação teórica). Ex. "Uma reta é a menor distância entre dois pontos". Este juízo acrescenta algo de novo ao sujeito, mas não está dependente da experiência. Este tipo de juízo é universal e necessário.
c) Razão
A razão tem a função de sintetizar os conhecimentos, dando-lhes uma unidade mais elevada. Não trabalha sobre os conhecimentos sensoriais, mas sobre os juízos do entendimento. Elabora juízos dos juízos, produzindo "ideias" que ultrapassam os limites da experiência.
d) Fenómeno/Númeno
A teoria do conhecimento de Kant estabelece uma clara distinção entre "fenómeno" e "númeno". - O Fenómeno ("aquilo que se manifesta") corresponde à realidade empírica, produzindo nos nossos sentidos impressões (sensações). É o limite de todo o conhecimento possível. Kant neste ponto concorda com os empiristas.
- O Númeno ("noúmeno" ), isto é, a "coisa em si mesma" corresponde aquilo que os nossos sentidos não percebem, a nossa estrutura inata apenas nos permite aceder aquilo que delas se manifesta aos sentidos (o fenómeno). É impossível, conhecer as coisas que estão para além dos dados dos sentidos, como seja a alma, o mundo (como totalidade) ou Deus. A Metafísica é impossível como ciência. Embora não tenhamos a possibilidade de conhecer as coisas em si mesmas, podemos todavia através da razão tentar compreendê-las.
Esta distinção permitiu-lhe distinguir e delimitar os domínios da Ciência e os da Religião. A Ciência está confinada ao mundo físico, à experiência sensível, cabendo-lhe produzir o conhecimento. A Religião foi remetida para uma dimensão suprassensível, o númeno. Não produz conhecimento, mas ajuda-nos a compreender o sentido da nossa existência e do mundo.
e) Crítica A teoria do conhecimento de Kant tem sido bastante contestada, num ponto central: a subjetividade do conhecimento. Não admite um conhecimento puramente objetiva, pois o mesmo está sempre condicionado pela subjetividade do sujeito. Todo o nosso conhecimento está à partida condicionado pelas estruturas transcendentais (a priori), pelas intuições do espaço e do tempo, as formas mentais das nossas categorias do entendimento. Unicamente conhecemos o que com estas "formas" se objectiva. Trata-se de uma profunda limitação que é difícil de justificar e aceitar.
Fonte: http://afilosofia.no.sapo.pt/11.Modelosexplicativos.3.htm Autor: Carlos Fontes.
Filosofia Moderna
Maria Jucilene de Moraes
THOMAS MORE
Thomas More
Thomas More, autor de “Utopia”
Utopia significa, um lugar que não existe, uma civilização fantástica, criada, inventada, sonhada, irrealizada etc. É, portanto, uma representação de uma sociedade imaginada que se opõe à que existe realmente. O sucesso da obra “Utopia”, de More, fez com que o título se tornasse também todo um gênero literário que possui como temáticas sociedades perfeitas, ideais e felizes. Dessa forma, apesar de ter sido inventado apenas no século XVI, “utopia” tornou-se o nome dado a obras, discursos e narrativas muito anteriores, uma vez que essas tratavam de civilizações sonhadas por autores. Dentre elas, podemos citar os poemas de Virgílio e Ovídio, e o texto da República, de Platão. O livro “Utopia”, de Thomas More More escreveu “Utopia” em 1515, enquanto defendia, em Flandres, os interesses ingleses diante da proibição holandesa da importação de lã fabricada na Inglaterra. O autor foi um homem com forte influência política, chegando a ser Chanceler do Rei Henrique VIII da Inglaterra. Leitor da filosofia clássica, More era um humanista, e defendia a promoção de uma educação política para o povo. Em seu livro é descrita uma ilha imaginária, onde os cidadãos aproveitam do perfeito funcionamento do governo. Esta ilha é formada por cinquenta e quatro cidades, e estas são organizadas em estruturas familiares comandadas pelo “filarca”, o homem mais velho da família. Todos na ilha se dedicam igualmente ao trabalho, o que garante o sustento e a felicidade dos habitantes.
Fonte: https://querobolsa.com.br/enem/literatura/utopia
NICOLAU MAQUIAVEL
Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel, embora seja muito conhecido por seus pensamentos sobre a dinâmica real do poder, também escreveu comédias e poemas. Uma conhecida pintura de Santi di Tito, finalizada em meados de 1600, muitos anos após a morte desse pensador, apresenta-o ainda jovem e com um sorriso que confirma o tom irônico ou bem-humorado com o qual as biografias recentes retratam-no. Não elaborou uma teoria política ou uma reflexão profunda sobre a essência do poder, como se poderia esperar de um filósofo em sentido clássico. Em todo caso, suas reflexões são originais e baseadas em uma riqueza de eventos históricos. Seu pensamento político orientou-se pelos fatos que vivenciou e em suas interpretações com base em circunstâncias históricas, afastando-se, assim, de abstrações ou idealizações.
Principais ideias A obra mais conhecida de Nicolau Maquiavel é certamente O príncipe, que começa a ser escrito em meados de 1512. Nele as ideias são expostas de forma clara, e seu pensamento político entende a política como um fim em si mesma. A avaliação das
ações de um governante toma por base os fatos que se apresentam e não valorações de qualquer âmbito. É direto quanto ao objetivo de seu príncipe: conquistar e manter o poder. É certo que os meios práticos de conseguir êxito dependem de várias circunstâncias, por isso a leitura dessa obra é permeada pelo par conceitual fortuna e virtú. Poucas leituras bastam para perceber que esses termos não são usados em um sentido comum.
Por fortuna, entende-se a indicação dos aspectos circunstanciais e pouco previsíveis que resultam em benefício ou malefício. Não se trata de uma força sobrenatural, mas do próprio desdobramento natural de tudo o que envolve ou afeta o humano (decisões, enfermidades etc.). Já virtú são as características pessoais que auxiliam o governante a garantir seu objetivo. Trata-se, por exemplo, da astúcia, da virilidade e flexibilidade. Os preceitos estariam entre a lei e a força, já que o governante não deve basear suas decisões no que imagina ser o caso, mas perceber que as pessoas não são essencialmente boas e poderiam adotar meios escusos para seus fins. Nicolau Maquiavel sabia que as decisões dependiam do contexto, por isso suas reflexões são inerentes à dinâmica do poder: é preciso aparentar ser bondoso, mas saber usar de violência. “A história era para Maquiavel a grande mestra, a fonte mais segura de ensinamentos, pois o que ocorrera no passado tendia inevitavelmente, a seu ver, a repetir-se no presente e no futuro. Todas as coisas do mundo, em todos os tempos, dizia ele, encontram seu paralelo nos tempos antigos. O que resulta do fato de serem elas dirigidas pelos homens, que têm e sempre tiveram as mesmas paixões, de tal modo que necessariamente os efeitos são sempre os mesmos.” |1| Em Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio, obra também referida simplesmente como Discorsi, o autor propõe comparações de algumas situações políticas de sua época com fatos ocorridos na Antiguidade, a fim de que fossem divulgados bons exemplos de como agir politicamente. Exemplos que não deveriam ser apenas admirados, mas imitados. Embora tenha sido escrito quase ao mesmo tempo que sua obra mais conhecida, não teve a mesma repercussão. É nesse livro, em todo caso, que encontramos a exposição de algumas ideias republicanas, em que se valoriza a Roma antiga.
Em A arte da guerra (1521), Maquiavel apresenta um diálogo entre dois personagens sobre temas de cunho militar: a formação de um exército, seus armamentos etc. Esse escrito pode ser interpretado como uma recomendação à formação de uma força nacional de cidadãos em lugar da contratação de mercenários, que era a prática na Florença de sua época. O objetivo seria não apenas a proteção contra inimigos externos mas também contra os excessos de um eventual governante tirânico
Suas ideias continuam sendo alvo de inúmeras reflexões e formaram a base do pensamento realista em ciência política. É uma interpretação considerada equivocada atribuir certo utilitarismo a Nicolau Maquiavel, já que este não propôs como regra que “os fins justificam os meios”. Pode-se dizer que a imoralidade atribuída a suas reflexões é fruto de uma leitura historicamente descontextualizada e textualmente seletiva.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/maquiavel-seu-pensamento-politico.htm
FRANCIS BACON
Francis Bacon
Francis Bacon(1909 - 1992) - Pintor irlandês nascido em Dublin, cujos quadros invariavelmente mostram cenas de solidão, brutalidade e horror. Morreu a 28 de abril, em Madrid, Espanha.
O método de Bacon Se os filósofos antigos estavam certos em colocar a natureza como ponto central em suas preocupações teóricas, segundo Bacon, eles falharam por não terem aplicado um método adequado que os possibilitasse a construção de um conhecimento mais sólido do que o conhecimento que a mente humana, em suas palavras, “errática” e “desordenada”, era capaz de construir por si mesma. A mente humana só pode ser ordenada por um conjunto de regras e, apenas após essa ordenação, é que podemos obter conhecimento. O método que Bacon elaborou partiu da crítica do método de indução “vulgar” que, segundo ele, fora desenvolvido por Aristóteles. Nessa forma de indução, também conhecida como indução enumerativa, uma conclusão era elaborada a partir de um exemplo particular e aplicada de forma geral a outros casos. Embora entre o método indutivo de Bacon, ao qual ele se refere como “indução eliminativa”, e a indução enumerativa possa haver pontos em comum, as diferenças são mais relevantes — “infinitas”, em suas palavras. A primeira diferença é que Bacon pretendia com seu método examinar as coisas a partir de muitos exemplos e considerando os casos em que a conclusão não comprovaria a hipótese. A segunda diferença é que, pelo seu método, Bacon não passaria com tanta pressa do particular para o geral, buscando uma ordenação entre aquilo que formulou a partir dos dados dos sentidos. O progresso do particular ao geral seria metódico e seguro para não
correr riscos de afirmar proposições que não poderiam ser consideradas válidas depois de um exame mais atento. Por fim, a indução eliminativa procura por causas e, assim, por meio dela, pode-se demonstrar alguma teoria e descobrir novas. A indução enumerativa, não, justamente por tirar conclusões sem analisar os fatos de forma segura.
A teoria dos ídolos:
O método indutivo foi criado por Bacon a fim de combater os erros provocados pelos ídolos, que, dentro da filosofia desse pensador, representam falsas noções, preconceitos e maus hábitos mentais. Bacon formulou a Teoria dos Ídolos para deixar o homem consciente das falsas noções que congestionam sua mente. Os ídolos podem ser de quatro gêneros: os ídolos da tribo, os ídolos da caverna, os ídolos do foro e os ídolos do teatro.
a) “Os ídolos da tribo estão fundados na própria natureza humana, na própria tribo ou espécie humana. (…) O intelecto humano é semelhante a um espelho que reflete desigualmente os raios das coisas e, dessa forma, as distorce e corrompe**”;
Assim sendo, os ídolos da tribo referem-se às noções fundadas na tendência do intelecto humano de misturar a própria natureza com a natureza das coisas que observa. Por isso, ele não as conhece verdadeiramente.
b) “Os ídolos da caverna são os dos homens enquanto indivíduos. Pois cada um – além das aberrações próprias da natureza humana em geral – tem uma caverna ou uma cova que intercepta e corrompe a luz da natureza: seja devido à educação ou conversação com os outros; seja pela leitura dos livros ou pela autoridade daqueles que se respeitam e admiram** (...)” De acordo com essa ideia, os ídolos da caverna são aqueles que derivam da pessoa que está fazendo a análise, da sua natureza singular, formada pelas suas características mais fundamentais e também por hábitos cultivados, pela educação que recebeu ou pelas pessoas com quem conviveu.
c) “Há também os ídolos provenientes, de certa forma, do intercurso e da associação recíproca dos indivíduos do gênero humano entre si, a que chamamos de ídolos do foro devido ao comércio e consórcio entre os homens. Com efeito, os homens se associam graças ao discurso, e as palavras são cunhadas pelo vulgo. E as palavras, impostas de maneira imprópria e inepta, bloqueiam espantosamente o intelecto**”. Assim, os ídolos do foro são aqueles formados a partir da linguagem, das palavras que, segundo Bacon, não são dominadas pela razão humana, como acreditamos. As palavras exercem grande impacto sobre a razão. Os ídolos que penetram no intelecto por meio das palavras podem ser: aqueles que atribuem nomes a coisas inexistentes, fazendo parecer que são reais (ex. Sorte), e também aqueles que atribuem nomes confusos e indeterminados a coisas que existem, formados a partir de abstrações impróprias delas.
d) “Há, por fim, ídolos que migram para o espírito dos homens por meio das diversas doutrinas filosóficas e também pelas regras viciosas da demonstração. São os ídolos do teatro: por parecer que as filosofias adotadas ou inventadas são outras tantas fábulas, produzidas e representadas, que figuram mundos fictícios e teatrais”. Os ídolos do teatro são os derivados de doutrinas filosóficas e suas demonstrações que convencem o intelecto de ideias que não podem ser validadas. Para Bacon, há três tipos de ídolos do teatro: Os ídolos sofistas, os ídolos empíricos e os ídolos supersticiosos. Os primeiros são as conclusões baseadas em experiências que não foram provadas; os segundos se referem às conclusões tiradas de poucos experimentos sobre os quais se constroem sistemas filosóficos; os terceiros são as conclusões formadas como um amálgama entre filosofia, teologia e tradições.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/francis-bacon.htm
CONTTRATUALISMO
Thomas Hobbes/ John Locke/ Jean Jacques Rousseau
O contratualismo é uma teoria política e filosófica baseada na ideia de que existe uma espécie de pacto ou contrato social que retira o ser humano de seu estado de natureza e coloca-o em convivência com outros seres humanos em sociedade. Foram filósofos contratualistas os ingleses Thomas Hobbes e John Locke, e o suíço JeanJacques Rousseau.
Contratualismo e jusnaturalismo A ideia de um contrato social parte do princípio de que a sociedade é estabelecida em comum acordo para que um certo fim seja alcançado. O contrato social é o momento em que o ser humano deixa de viver como um ser natural e passa a viver como um ser que se destaca da natureza, criando suas próprias leis, sua moral, os costumes e um conjunto de instituições para que a convivência seja mais harmônica. Segundo os filósofos contratualistas, há um período da humanidade, que é o período pré-social, em que o ser humano encontra-se em seu estado de natureza. O estado de natureza é o período em que a sociedade ainda não se formou, quando não há uma lei civil e, portanto, uma civilização para amparar o convívio social. Esse estado é regido por uma lei de natureza que coloca os seres humanos em plena igualdade de direitos. Chamamos esse conjunto de direitos naturais e a teoria do estado de natureza de jusnaturalismo. O grande problema do estado de natureza é que a igualdade de direitos gera conflitos, e, para que a convivência seja mais pacífica entre as pessoas, é necessário instituir um conjunto de leis civis que solucione todos os possíveis conflitos que podem surgir nela. O estado formado após o estado natural é chamado de sociedade civil ou estado civil.
THOMAS HOBBES
Thomas Hobbes
O filósofo e teórico político inglês era um monarquista convicto. Em defesa à monarquia em um período de crise política na Inglaterra, ele publicou o seu mais conhecido livro: Leviatã, ou Matéria, forma e poder em um Estado eclesiástico e civil. A palavra leviatã designa uma criatura marinha do imaginário antigo (descrita inclusive em passagens do Antigo Testamento) que seria um monstro gigantesco protetor dos peixes e animais marinhos menores. Isso tem a ver com o modo como Hobbes concebia a sociedade e o Estado: um monstro violento e gigantesco que existia para proteger os cidadãos. A concepção de Estado, para Hobbes, é pautada na ideia de que deve haver uma forte concentração de poder estatal a fim de tornar o convívio suportável. Isso seria necessário porque o ser humano em seus estado de natureza era, segundo Hobbes, violento e cruel, sendo o ser humano natural uma espécie de lobo do próprio homem. Os impulsos de violência do ser humano em seu estado natural levavam-no à convivência difícil regida pelo medo, pela desconfiança e pelo caos. O Estado seria a criação necessária para controlar esse modo de vida caótico por meio da força e da concentração da violência. Uma curiosidade sobre o livro Leviatã é que ele foi escrito e publicado em inglês, ao contrário das obras de intelectuais da época, que eram publicadas em latim. A intenção de Hobbes, ao publicar o seu escrito em defesa do Estado monárquico em uma língua de maior acesso à população da Inglaterra, era conseguir um maior alcance, para que mais pessoas pudessem ler e, consequentemente, aceitar a monarquia que se encontrava em crise no século XVII.
JOHN LOCKE
John Locke
O filósofo e teórico político inglês John Locke, ao contrário de Hobbes, era contra a monarquia. Locke foi um defensor do parlamentarismo, forma de governo adotada na Inglaterra no fim do século XVII, e também é considerado o “pai” do liberalismo político e um dos “ancestrais” do liberalismo econômico. O estado de natureza, segundo Locke, era um período de plena igualdade entre todas as pessoas. Todos eram regidos pela lei natural, que garantia a posse sobre qualquer bem natural, inclusive sobre o mesmo bem, sem restrições. Essa lei natural de igualdade irrestrita gerava, segundo o pensador, problemas quando as pessoas queriam a mesma
posse. A saída defendida por ele foi a instituição de um estado civil, com leis e normas sociais que regulamentariam a posse e impediriam os conflitos. A sociedade civil e o pacto social seriam, portanto, necessários para regulamentar a posse de bens, e o Estado era uma instituição que deveria obedecer a certos limites, principalmente quando se trata da propriedade. Para Locke, o Estado não deveria ter extrema força, como pensou Hobbes, e deveria agir em conformidade com os limites do direito à propriedade. Para aprofundar-se nas ideias desse filósofo, acesse: John Locke.
JEAN JACQUES-ROUSSEAU
Jean-Jacques Rousseau
O pensador suíço é uma espécie de contratualista crítico do contratualismo. Para Rousseau, era no estado de natureza que o ser humano encontrava-se plenamente livre de qualquer amarra institucional que o privaria de sua liberdade natural. O ser humano era amoral em seu estado de natureza. Desconhecendo a moral, ele desconheceria também a maldade. A maldade somente passou a ser praticada intencionalmente quando o ser humano descobriu de vez o que era certo e o que era errado, ou o que era o bem e o mal. Para Rousseau, o Estado civil havia sido criado de maneira ilegítima, de modo que a sociedade civil baseada na propriedade privada era um meio de corrupção do ser humano. O pensador suíço defendia uma reformulação da sociedade, a fim de que a vontade geral fosse atendida em um governo que realmente quisesse estabelecer o bem social e não simplesmente atender aos privilégios de uma classe dominante. A fim de conhecer mais sobre suas ideias, acesse: Rousseau e o contrato social.
GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL
Hegel
Hegel e a crítica ao contratualismo O filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel era extremamente contrário à teoria contratualista. Para ele, o que o contratualismo entendia como vontade geral era um mero elemento contratual, acordado entre os cidadãos. Como Hegel baseia-se em uma concepção idealista, o que ele entendia por vontade geral era um conceito puro que deveria ser mantido como existente em uma instância racional, acima de qualquer elemento de acordo ou contrato. Nesse sentido, a vontade geral percebida pelos contratualistas não era a vontade geral em si, mas apenas um elemento que teria surgido baseado em um acordo.
Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/
FILOSOFIA CONTEMPORÂENA
A Filosofia Contemporânea se desenvolveu no século XIX compõe uma diversidade de tendências filosóficas que se iniciam no século XIX até os tempos atuais. Alguns estudiosos preferem classificar os pressupostos teóricos e pensamentos filosóficos produzidos no século XIX como parte da Filosofia Moderna, mas, permitindo-se fazer uma análise mais conceitual e amplamente historiográfica do que estritamente positivista e cronológica, podemos conceber que as produções filosóficas do século XIX aproximam-se muito mais daquilo que foi produzido nos séculos posteriores do que nos períodos anteriores. O pensamento reinante no século XX, as escolas filosóficas, as interpretações, a pósmodernidade, enfim, tudo o que há de diferente na Filosofia Ocidental nos dias de hoje, que se destaca da Filosofia Moderna, nasceu em obras de filósofos do século XIX, como Auguste Comte, Friedrich Nietzsche, Soren Kierkegaard, Arthur Schopenhauer e Karl Marx. Contexto histórico da Filosofia Contemporânea Durante o Iluminismo, no fim da modernidade, havia uma crença comum de que o avanço das ciências, das técnicas e do conhecimento aliados à popularização desse conhecimento por meio da educação, trariam o avanço moral da sociedade. O positivismo de Auguste Comte permanece, de certo modo, numa linha iluminista, mas acrescenta a necessidade de um conhecimento estritamente científico e de uma rigorosa ordem social para o avanço social. Como método historiográfico, o positivismo afirma a necessidade de atenção aos fatos estritos da história como fonte única de conhecimento. Já o materialismo histórico dialético, de Karl Marx, afirma a necessidade de se entender a história humana como história de sua produção material. Discordando de algumas ideias iluministas que se fundem para iniciar o pensamento liberal e concordando com outras, como o ideal da igualdade entre os homens amplamente difundido durante a Revolução Francesa, Marx fundamenta o socialismo científico com base em um pensamento político prático e revolucionário. Dessa feita, o idealismo alemão, corrente filosófica da modernidade representada por pensadores como Kant e Hegel, é duramente criticado por Marx.
Fontes usadas: ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002. https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/filosofia-contemporanea.htm
THEODOR ADORNO E MAX HORKHEIM
Theodor Adorno
Nascido em Frankfurt, Alemanha, no dia 11 de setembro de 1903, Theodor Ludwig Wiesengrund-Adorno foi privilegiado por pertencer a uma família culta. Seu pai, Oscar Alexander Wiesengrund, era negociante de vinhos e sua mãe, Maria Barbara CalvelliAdorno, foi uma cantora lírica. Ela e sua meio-irmã Agathe foram as responsáveis por despertar o gosto musical de Theodor. Entre 1918 e 1919, foi aluno de Siegfried Kracauer e, posteriormente, frequentou o Kaiser-Wilhelm-Gymnasium. Teve aulas particulares de música com o compositor Bernhard Sekles. Neste período publicou dezenas de artigos sobre crítica e estética musical.
Theodor Adorno e a Indústria Cultural A principal expressão atribuída a Adorno e seus colegas da Escola de Frankfurt é "Indústria Cultural". Esse termo diz respeito à onipresente e maliciosa máquina de entretenimentos que está sob controle das grandes corporações midiáticas. Esta máquina é capaz de instigar desejos profundos nas mentes, levando-as a esquecer do que realmente precisam. Produtos como filmes de cinema, programas de TV e rádio, revistas e jornais, bem como outras mídias sociais, são criadas com a intenção sórdida de nos manter distraídos. Com isso, ela incuti medos e desejos que nos confundem e intimidam, impossibilitando uma ação de transformação social. Ora, este fator de alienação está totalmente embasado na racionalidade da técnica, posto que o progresso técnico e científico foi apropriado pela Indústria Cultural A racionalidade da técnica identifica-se com a racionalidade do próprio domínio, o qual é controlado pela Indústria Cultural. Ela instaura o poder da mecanização sobre o homem, realizando uma sistemática e programada exploração de bens considerados culturais com a única finalidade de lucro. Note que, nesta relação, a Indústria Cultural estabelece uma integração vertical com seus consumidores. Seus produtos são adaptados de acordo com os gostos das massas, na mesma medida em que geram o desejo de consumo. Com isso, para alguns estudiosos, a Indústria Cultural incapacita os indivíduos, os quais deixarão de serem autônomos e capazes decidir conscientemente.
MAX HORKHEIMER
Max Horkheimer
Filho de um rico industrial fabricante de tecidos, Max Horkheimer nasceu em 14 de fevereiro de 1895, em Stuttgart, Alemanha. Entre 1911 e 1915 estudou no "Gymnasium de Handelslehre". Contudo, neste meio tempo, abandonou os estudos para trabalhar junto com seu pai até 1918. Em 1919, Max ingressou nos cursos de psicologia e filosofia, primeiramente em München, Freiburg e, posteriormente, em Frankfurt, onde concluiu seu doutorado em 1922. Em 1925, estudou filosofia com o renomado Hans Cornelius. O pensamento de Max Horkheimer caracterizou-se pelo seu marxismo não-ortodoxo e pela orientação crítico-sociológica com base filosófica. Para ele, as categorias marxistas não podem ser compreendidas como conceitos definitivos. Isso porque o seu valor enquanto crítica da razão instrumental está embasado na dinâmica existente entre a teoria conceitual e práxis social e pode provocar reflexões diversas. Suas críticas recaem sobre o método cartesiano, o qual instaurou a ciência enquanto sistema dedutivo e matematicamente perfeito. Com efeito, a teoria tradicional se torna abstrata, na medida se afasta da origem dos problemas sociais. Isso ocorre em função da rigidez com que este sistema se prende a suas próprias metodologias, tornando-se altamente formal e instrumental. Por sua vez, com a teoria crítica de Horkheimer, o subjetivismo é transcendido pela relevância social a que se aplique o método científico empregado. Sua teoria possui uma ênfase na existência social enquanto fator determinante da consciência e, por sua vez, da práxis histórica. O autor sofreu grande
influência de conterrâneos como Schopenhauer, Karl Marx, Max Weber, Nietzsche e Freud. Também foi amigo de Theodor W. Adorno, Herbert Marcuse, Jürgen Habermas, Wilhelm Reich, fundadores da Escola de Frankfurt, instituição interdisciplinar voltada aos estudos nas áreas de filosofia, sociologia, economia e psicologia.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/theodor-adorno Fontes usadas: ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002. https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/filosofia-contemporanea.htm
FRIEDRICH NIETZSCHE
Nietzsche em 1875
Principais teorias
TEORIA DO ESTADO
Em sua teoria do Estado, Friedrich Nietzsche demonstra-se contrário à democracia moderna, destacando que esta representa a supervalorização da igualdade e, neste sentido, impede o crescimento de grandes homens que promovam o progresso da cultura e da humanidade. Nietzsche propõe uma forma de superar o movimento democrático de modo que a cultura será reconstruída sob um novo modelo, que não esteja centrado nos valores dos escravos (povo), mas nos valores dos homens excepcionais. DEMOCRACIA E PROGRESSO DA CULTURA. Segundo Nietzsche, todas as ideologias democráticas (inclusive socialistas, liberais, etc) têm um ponto em comum: a sua base é fundada no cristianismo, na medida em que, sendo humanistas, pregam a igualdade dos homens. Enquanto o cristianismo ressalta que todos são iguais perante Deus, os modernos somente substituem Deus pelo Estado. Permanece, então, o sentimento de igualdade que se originou no cristianismo e se irradiou por todas as doutrinas democráticas. A RELAÇÃO ENTRE GOVERNANTES E GOVERNADOS - O governo sempre foi superior ao povo, dando-lhes as direções a seguir. Se o governo se parece e corresponde aos anseios do povo, ele perde a sua capacidade de liderança e de guia do processo civilizatório. Mais precisamente, o governo não deve e não pode refletir a vontade do povo, sob pena de se tornar uma instância inferior e submetida a este. Esta ideia de Nietzsche é conflitiva com todos os teóricos democráticos, principalmente Rousseau e Marx. O governo que é governado pelos governados deixa de criar condições para o surgimento dos grandes homens,
prejudicando a cultura, pois, como vimos, a cultura da massa é medíocre e sufoca o aparecimento dos grandes homens.
TEORIA DA VERDADE A teoria de Nietzsche da verdade renova a teoria dos sofistas, pois para Nietzsche não existe uma verdade absoluta.
ETERNO RETORNO A pergunta que o conceito do Eterno Retorno nos faz é: ‘amamos ou não amamos a vida?’ Se tudo retorna – o prazer, a dor, a angústia, a guerra, a paz, a grandeza — se tudo torna, isto é um dom divino ou uma maldição?" Amamos a vida a tal ponto de a querermos, mesmo que tivéssemos que vivê-la infinitas vezes sem fim? Sofrendo e gozando da mesma forma e com a mesma intensidade? Seríamos capazes de amarmos a vida que temos – a única vida que temos – a ponto de querermos vivê-la tal e qual ela é, sem a menor alteração, infinitas vezes ao longo da eternidade? Temos tal amor ao nosso destino? – Eis a grande indagação que é o Eterno Retorno.
Fontes : http://nietzscheofilosofo.blogspot.com.br/2010/11/teorias-que-fizeram-de-educador.html Fonte: https://www.todamateria.com.br/theodor-adorno ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002. https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/filosofia-contemporanea.htm
JEAN PAUL SARTRE
Jean-Paul Sartre
Jean-Paul Sartre nasceu, na cidade de Paris dia 21 de junho de 190, filho de JeanBaptiste Marie Aymard Sartre e Anne-Marie Schweitzer. Em 1906, o pai de Sartre faleceu. Sua mãe passa a morar com o filho na casa de seu pai, Charles Schweitzer, na cidade de Meudon. Foi um filósofo, escritor e dramaturgo francês contemporâneo. Autor de dezenas de livros, a sua obra mais importante é o clássico da filosofia contemporânea O ser e o nada. Sartre foi fortemente influenciado pelo pensamento dos filósofos alemães contemporâneos Friedrich Nietzsche e Martin Heidegger, além da influência em sua obra da fenomenologia do filósofo e matemático alemão Edmund Husserl. Sartre é considerado um dos maiores pensadores da filosofia existencialista. No campo político, a vida de Sartre foi decisivamente marcada pelo marxismo. O filósofo era marxista e comungava com as ideias socialistas aplicadas no campo prático, porém ele deu uma interpretação bem diferente aos ideais de Marx como maneira de adaptar o sistema comunista à sua obra e às novas demandas do século XX. Em primeiro lugar, Sartre era pacifista e contra qualquer guerra armada. Em segundo lugar, o filósofo existencialista era contra a imposição direta de ditaduras opressoras, pois ele enxergava na liberdade o principal exercício da vida humana. Para Sartre, havia uma extensão do marxismo no século XX que fez com que essa corrente teórica e política desenvolvesse-se autonomamente, para além do que foi a experiência soviética. Defensor da liberdade irrestrita, Sartre acreditava ser a liberdade o que movia o ser humano. Para ele, o ser humano é, paradoxalmente, condenado à liberdade. Somos seres feitos de escolhas. Por mais que eventos externos afetem as nossas escolhas, nós continuamos escolhendo. Isso inclui a escolha entre resignar-se para escapar da morte
ou enfrentar o poder e ser morto. A maior expressão do pensamento sartreano foi o existencialismo.
O existencialismo de Sartre O pensamento existencialista começa nos momentos de crise. Não foi por acaso que o existencialismo surge na filosofia e nas artes com bastante força após a Primeira Guerra Mundial. Uma Europa devastada precisava reconstruir-se, mas havia um embate de forças internas nas pessoas que as fazia perguntar-se qual era o sentido daquilo tudo. O existencialismo tem a ver com esses questionamentos e essa busca pelo sentido da existência. Para Sartre, o ser humano vive angustiado por três motivos: porque ele percebe-se como um ser finito, porque ele percebe-se abandonado num mundo material e porque ele é incondicionalmente livre e, portanto, incondicionalmente responsável por seus atos. A vida com base nessa percepção não é fácil, mas o enfrentamento da questão e a percepção das possibilidades podem levar o ser humano a aprender a lidar com a angústia. O ser humano percebe-se como um ser finito, que vai morrer. A nossa consciência permite-nos entender isso. Ele também percebe que está abandonado no mundo material, sem Deus. A filosofia materialista de Sartre rejeitava a noção de Deus e de vida após a morte, o que implica finitude e abandono no mundo material, sem Deus e sem qualquer consolo de um paraíso ou de uma continuidade qualquer da vida em outro plano. Já a liberdade é o que substitui a essência do ser humano, visto que ele não tem uma essência pronta e definida que o componha. Portanto, o ser humano torna-se o que ele faz de si. Para explicar a sua noção de liberdade e de angústia, Sartre toma alguns conceitos da obra de Heidegger, dando-os um novo contorno e introduzindo-os em sua obra de outro modo. Esses conceitos são o “ser-em-si” e o “ser-para-si”. O ser-em-si é o que Heidegger chamou de Dasein (ser-aí). Trata-se da dimensão material que compõe o mundo, das coisas lançadas no mundo. Para Sartre, o ser-em-si é pronto, definido e tem uma essência. O corpo humano é um ser-em-si, mas isso não é um ser humano por completo. O serpara-si é aquilo que somente o ser humano tem: consciência. Essa consciência não nasce pronta e definida, mas é construída por meio da vivência e do exercício da liberdade. O problema que a leva à angústia é que ela percebe a si mesma e percebe-se como desprovida de essência e responsável por si mesma.
Fontes: https://mundoeducacao.uol.com.br/filosofia/jean-paul-sartre.htm http://nietzscheofilosofo.blogspot.com.br/2010/11/teorias-que-fizeram-de-educador.html Fonte: https://www.todamateria.com.br/theodor-adorno ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002.
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/filosofia-contemporanea.htm
EXERCÍCIOS
1. (Enem/2019) De fato, não é porque o homem pode usar a vontade livre para pecar que se deve supor que Deus a concedeu para isso. Há, portanto, uma razão pela qual Deus deu ao homem esta característica, pois sem ela não poderia viver e agir corretamente. Pode-se compreender, então, que ela foi concedida ao homem para esse fim, considerando-se que se um homem a usa para pecar, recairão sobre ele as punições divinas. Ora, isso seria injusto se a vontade livre tivesse sido dada ao homem não apenas para agir corretamente, mas também para pecar. Na verdade, por que deveria ser punido aquele que usasse sua vontade para o fim para o qual ela lhe foi dada? AGOSTINHO. O livre-arbítrio. In: MARCONDES, D. Textos básicos de ética. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.
Nesse texto, o filósofo cristão Agostinho de Hipona sustenta que a punição divina tem como fundamento o(a)
a) desvio da postura celibatária. b) insuficiência da autonomia moral. c) afastamento das ações de desapego. d) distanciamento das práticas de sacrifício. e) violação dos preceitos do Velho Testamento.
2. (Enem/2019) Para Maquiavel, quando um homem decide dizer a verdade pondo em risco a própria integridade física, tal resolução diz respeito apenas a sua pessoa. Mas se esse mesmo homem é um chefe de Estado, os critérios pessoais não são mais adequados para decidir sobre ações cujas consequências se tornam tão amplas, já que o prejuízo não será apenas individual, mas coletivo. Nesse caso, conforme as circunstâncias e os fins a serem atingidos, pode-se decidir que o melhor para o bem comum seja mentir. ARANHA, M. L. Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 2006 (adaptado).
O texto aponta uma inovação na teoria política na época moderna expressa na distinção entre
a) idealidade e efetividade da moral. b) nulidade e preservabilidade da liberdade. c) ilegalidade e legitimidade do governante. d) verificabilidade e possibilidade da verdade. e) objetividade e subjetividade do conhecimento.
3. (Enem/2019) TEXTO I Considero apropriado deter-me algum tempo na contemplação deste Deus todo perfeito, ponderar totalmente à vontade seus maravilhosos atributos, considerar, admirar e adorar
a incomparável beleza dessa imensa luz. DESCARTES, R. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
TEXTO II Qual será a forma mais razoável de entender como é o mundo? Existirá alguma boa razão para acreditar que o mundo foi criado por uma divindade todo-poderosa? Não podemos dizer que a crença em Deus é “apenas” uma questão de fé. RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.
Os textos abordam um questionamento da construção da modernidade que defende um modelo a) centrado na razão humana. b) baseado na explicação mitológica. c) fundamentado na ordenação imanentista.
d) focado na legitimação contratualista. e) configurado na percepção etnocêntrica.
4. (Enem/2019) Dizem que Humboldt, naturalista do século XIX, maravilhado pela geografia, flora e fauna da região sul-americana, via seus habitantes como se fossem mendigos sentados sobre um saco de ouro, referindo-se a suas incomensuráveis riquezas naturais não exploradas. De alguma maneira, o cientista ratificou nosso papel de exportadores de natureza no que seria o mundo depois da colonização ibérica: enxergou-nos como territórios condenados a aproveitar os recursos naturais existentes. ACOSTA, A. Bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Elefante, 2016 (adaptado).
A relação entre ser humano e natureza ressaltada no texto refletia a permanência da seguinte corrente filosófica:
a) Relativismo cognitivo. b) Materialismo dialético. c) Racionalismo cartesiano. d) Pluralismo epistemológico. e) Existencialismo fenomenológico.
5. (Enem/2018) Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
TEXTO II
Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.
ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).
Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma
a) predisposição ao conhecimento. b) submissão ao transcendente. c) tradição epistemológica. d) condição original. e) vocação política.
6. (Enem/2017) Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.
KANT, l. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo. Abril Cultural, 1980
De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto
a) Assegura que a ação seja aceita por todos a partir livre discussão participativa. b) Garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra. c) Opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal. d) Materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios. e) Permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.
7. (Enem/2019) TEXTO I Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim.
KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).
TEXTO II Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim. FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.
A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:
a) Possibilidade da liberdade e obrigação da ação. b) Aprioridade do juízo e importância da natureza.
c) Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica. d) Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão. e) Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.
8. (Enem/2019) Em sentido geral e fundamental, Direito é a técnica da coexistência humana, isto é, a técnica voltada a tornar possível a coexistência dos homens. Como técnica, o Direito se concretiza em um conjunto de regras (que, nesse caso, são leis ou normas); e tais regras têm por objeto o comportamento intersubjetivo, isto é, o comportamento recíproco dos homens entre si. ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
O sentido geral e fundamental do Direito, conforme foi destacado, refere-se à
a) aplicação de códigos legais. b) regulação do convívio social. c) legitimação de decisões políticas. d) mediação de conflitos econômicos. e) representação da autoridade constituída
9. (Enem/2019) Essa atmosfera de loucura e irrealidade, criada pela aparente ausência de propósitos, é a verdadeira cortina de ferro que esconde dos olhos do mundo todas as formas de campos de concentração. Vistos de fora, os campos e o que neles acontece só podem ser descritos com imagens extraterrenas, como se a vida fosse neles separada das finalidades deste mundo. Mais que o arame farpado, é a irrealidade dos detentos que ele confina que provoca uma crueldade tão incrível que termina levando à aceitação do extermínio como solução perfeitamente normal. ARENDT, H. Origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 (adaptado).
A partir da análise da autora, no encontro das temporalidades históricas, evidencia-se uma crítica à naturalização do(a)
a) ideário nacional, que legitima as desigualdades sociais. b) alienação ideológica, que justifica as ações individuais. c) cosmologia religiosa, que sustenta as tradições hierárquicas. d) segregação humana, que fundamenta os projetos biopolíticos. e) enquadramento cultural, que favorece os comportamentos punitivos.
10. (Enem/2019) Penso que não há um sujeito soberano, fundador, uma forma universal de sujeito que poderíamos encontrar em todos os lugares. Penso, pelo contrário, que o sujeito se constitui através das práticas de sujeição ou, de maneira mais autônoma, através de práticas de liberação, de liberdade, como na Antiguidade — a partir, obviamente, de um certo número de regras, de estilos, que podemos encontrar no meio cultural. FOUCAULT, M. Ditos e escritos V: ética, sexualidade, política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.
O texto aponta que a subjetivação se efetiva numa dimensão
a) legal, pautada em preceitos jurídicos. b) racional, baseada em pressupostos lógicos. c) contingencial, processada em interações sociais. d) transcendental, efetivada em princípios religiosos. e) essencial, fundamentada em parâmetros substancialistas.
Resposta das questões de Filosofia
1.
Alternativa correta: b) insuficiência da autonomia moral.
Para Agostinho de Hipona, ou Santo Agostinho, Deus dotou os seres humanos de autonomia, a finalidade dessa dádiva é a possibilidade de agir livremente e em conformidade com Seus ensinamentos, não para pecar. O pecado é um efeito da capacidade humana de falhar no uso de sua liberdade, fundamentada na insuficiência de sua autonomia moral, devendo assim, prestar contas de seus erros e assumir a possível punição de Deus. As outras alternativas estão erradas porque: a) A condição do celibato, não é uma regra para todos os seres humanos. Assim, não fundamenta a punição divina. c) O afastamento das ações do desapego pode ser compreendido como um desvio, mas não comportam todas as possibilidades de pecado. d) O sacrifício em Santo Agostinho é compreendido como a união dos humanos com Deus. Assim, as práticas de sacrifício são a doação de si como forma de oferta a Deus, através de seus semelhantes. O distanciamento dessas práticas poderiam levar os seres humanos a um distanciamento de Deus e a uma possível punição, mas não é o fator principal que a sustenta.
e) A filosofia de Agostinho de Hipona é fundamentada nos preceitos do Novo Testamento e, principalmente, na figura de Cristo. Assim, a violação dos preceitos do Velho Testamento não fundamentam a punição divina.
2.
Alternativa correta: a) idealidade e efetividade da moral.
A filosofia maquiaveliana é marcada pela forte distinção entre o dever do indivíduo comum e o dever do príncipe (Estado). Assim, a idealidade da moral, aplicada aos indivíduos comuns, não pode ser aplicada à lógica do governo. A responsabilidade do príncipe é com a governança, sendo assim, está ligada a efetividade de suas ações, ainda que contrariem a moral ideal.
Em outras palavras, a virtú do governante está fundamentada em sua capacidade de se antecipar às imprevisibilidades da história e tomar medidas eficazes, que se distinguem da moral cristã tradicional. As outras alternativas estão erradas porque: Nenhuma das outras alternativas apresenta uma distinção relevante no pensamento de Maquiavel.
3.
Alternativa correta: a) centrado na razão humana.
A Idade Moderna, ou modernidade, é marcada por uma viragem centrada na razão humana. O pensamento de Descartes, marca essa transição, o ser humano dotado de razão é capaz de conhecer todos os aspectos da criação divina. No texto II, mostra um avanço da racionalização que coloca em questão as bases para o conhecimento racional. As outras alternativas estão erradas porque: b) a explicação mitológica da realidade foi sendo abandonada pelos primeiros filósofos (pré-socráticos), que buscaram um conhecimento baseado no "lógos", dando origem às explicações filosóficas, lógico-racionais. As alternativas "c", "d", e "e" apresentam pontos decorrentes do pensamento moderno, mas nenhum deles se apresenta como modelo para a construção do pensamento moderno.
4.
Alternativa correta: c) Racionalismo cartesiano.
O racionalismo cartesiano é uma referência ao pensamento do filósofo René Descartes (1596-1650). Para o pensador, a razão é a maior das faculdades humanas e o fundamento de todo o conhecimento válido. É através da razão que os seres humanos dominam a natureza e a utilizam como meio para o seu desenvolvimento. Assim, o pensamento de Humboldt, que relaciona a natureza a um "saco de ouro", demonstra uma concepção da natureza a partir de seu aspecto como um produto a ser explorado e comercializado.
A visão da natureza como um meio para a obtenção de riqueza é uma marca da concepção cartesiana de domínio e exploração da natureza pelos seres humanos. As outras alternativas estão erradas porque: a) O relativismo cognitivo é marcado pela possibilidade de diferentes conhecimentos sejam simultaneamente válidos. No texto não há nenhuma marca de relativização, apenas o reforço da ideia de natureza como produto. b) O materialismo dialético é uma teoria desenvolvida pelo sociólogo Karl Marx (18181883). Segundo Marx, as relações de produção vão determinar a construção social, que avança a partir da exploração de uma classe por outra. O pensamento de Humboldt expesso no texto não leva em conta esse tipo de relação produtiva. d) O pluralismo epistemológico é uma corrente de pensamento que defende que os saberes estão diretamente ligados aos diferentes contextos. No texto, há o reforço de uma visão etnocêntrica/eurocêntrica, que reforça a visão das colônias como uma possibilidade de exploração da natureza. Também desqualifica a epistemologia (os saberes) dos povos originários das Américas, que não exploram a natureza como os europeus e são vistos como "mendigos sentados sobre um saco de ouro". e) O existencialismo fenomenológico, influenciado pelo pensamento de Jean-Paul Sartre (1905-1980), busca compreender e respeitar os indivíduos a partir de suas experiências e construção de sua existência. Assim, o sujeito é construído a partir de relações inter-subjetivas (entre sujeitos), enquanto no texto o indivíduos das Américas são tomados como objetos ("exportadores de natureza").
5.
Alternativa correta: d) condição original.
Na questão acima, vemos uma das rivalidades mais clássicas da história da filosofia: Hobbes x Rousseau. Apesar de possuírem visões opostas, Hobbes e Rousseau concordam em utilizar uma mesma ideia central, o estado de natureza humano. O estado de natureza é uma abstração, uma ideia imaginada sobre condição original dos seres humanos. Um momento pré-social da humanidade onde os indivíduos possuem apenas a liberdade dada pela natureza (liberdade natural), assim como os outros animais.
Os autores divergem quanto ao que seria essa condição original da humanidade. • Para Hobbes, a humanidade em estado de natureza seria a humanidade em uma guerra de todos contra todos. Na natureza somos os nossos maiores inimigos. Para o autor, "o homem é o lobo do homem".
• Para Rousseau, os seres humanos são naturalmente bons. Em estado de natureza, o ser humano estaria em estado de felicidade aproveitando ao máximo sua liberdade natural. Para o autor, o ser humano seria o "bom selvagem". As outras alternativas estão erradas porque: a) Para os filósofos, não há uma predisposição ao conhecimento comum aos seres humanos, estes se ligam apenas pelo sentido atribuído pela natureza. b) O estado de natureza explicado por Hobbes e Rousseau consiste, justamente, em um estado de liberdade natural que é estar submetido apenas às leis da natureza. c) Os dois filósofos não identificam nos seres humanos raízes ou uma tradição epistemológica comum. e) Para eles, os seres humanos não possuem uma vocação política. Tanto o "bom selvagem", de Rousseau, quanto o "homem lobo do homem", de Hobbes, apontam para a não aptidão natural à política.
6. Alternativa correta: c) Opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.
Essa questão exige dos participantes um estudo sobre a moral de Kant, sobretudo, do seu Imperativo Categórico, que é uma espécie de fórmula kantiana para a resolução das questões morais. Com o Imperativo Categórico kantiano temos a resposta para a questão. Ao realizar a “falsa promessa de pagamento”, quem pede o dinheiro emprestado mente e "usa" quem vai lhe emprestar o dinheiro. A pessoa que empresta o dinheiro é tida como um simples meio para a resolução dos problemas financeiros da outra. Podemos concluir também que a "falsa promessa" nunca poderá ser entendida como norma universal ou lei da natureza. Se as promessas forem sempre falsas perdem o seu sentido e podem, em último caso, impedir que as pessoas confiem umas nas outras. As outras alternativas estão erradas porque:
a) Para Kant, as ações devem ser avaliadas apartadas de seu contexto e julgadas pela razão. A ação moral não é um acordo ou contrato coletivo. b) A ação deve ser julgada em sua relação apenas com o dever. Não está em causa, para Kant, os possíveis efeitos da ação. d) Essa concepção aproxima-se da perspectiva de Maquiavel sobre a moral do Príncipe em que as ações são maneiras válidas (meios) para se alcançar um objetivo (fim). e) A produção de felicidade se relaciona com o pensamento de utilitarista de Stuart Mill. Para ele, as ações devem ser julgadas pelo máximo de felicidade (objetivo da natureza humana) que elas podem gerar.
Alternativa correta: e) Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo. 7.
No trecho retirado do livro Crítica da razão prática, Kant afirma duas de suas ideias centrais:
•
a interioridade das normas morais como um juízo a priori, inato;
• o mundo como um fenômeno, uma manifestação, impossibilitando o conhecimento da essência das coisas (a coisa-em-si). As outras alternativas estão erradas porque:
a) Não estão em causa a possibilidade da liberdade e a obrigação da ação, mas "lei moral em mim". b) Kant compreende a natureza a partir de seu viés fenomenológico, sua importância se dá a partir do conhecimento humano. c) No pensamento kantiano, a boa vontade está subordinada à ideia do dever. Vale ressaltar que a crítica de Kant à metafísica, diz respeito à metafísica tradicional. d) Apesar de Kant reforçar a ideia de autoridade da razão, ele expõe os seus limites e valoriza também o campo empírico através dos fenômenos. O pensamento kantiano marcado pela tentativa de conciliar a tradição racionalista com o empirismo.
8.
Alternativa correta: b) regulação do convívio social.
No texto, o Direito é compreendido como uma técnica que tem como objetivo possibilitar a "coexistência dos homens" ("homens" aqui tomado como sinônimo de seres humanos). Assim, a formulação de um conjunto de regras busca a regulação do convívio social, possibilitando uma relação justa e recíproca entre os sujeitos. As outras alternativas estão erradas porque: a) A aplicação de códigos legais refere-se à forma pela qual o direito visa regular o convívio social, e não o seu fundamento. c) A legitimação de decisões políticas transcende o direito e, em Estados democráticos, fundamenta-se na vontade geral da população. d) A mediação de conflitos econômicos é apenas uma parte das disputas possíveis dentro da sociedade. Cabe ao direito atuar nessa área, mas não define a sua atividade. e) Já a representação da autoridade constituída, nas sociedades modernas, apresenta-se a partir da tri-partição do poder: executivo, legislativo e judiciário. Assim, o direito, inscrito no poder judiciário é uma parcela relevante, mas não é o todo da representação.
Alternativa correta: d) segregação humana, que fundamenta os projetos biopolíticos. 9.
Hannah Arendt chama a atenção para a desumanização dos indivíduos enviados para os campos de concentração como uma característica presente em regimes totalitários. A separação (segregação) desses seres humanos e a retirada de sua realidade fundamentam os projetos de violência a que são submetidos e enquadrando como dentro de uma normalidade. As outras alternativas estão erradas porque:
a) As desigualdades sociais fundamentam um ideário nacional e favorecem a perseguição a grupos sociais dentro dos regimes totalitários. b) Os regimes totalitários possuem uma forte ideologia e impedem as ações individuais. c) Não há nada no texto que aponte para uma naturalização de uma cosmologia religiosa.
e) Os enquadramentos culturais, ainda que favoreçam comportamentos punitivos, não fundamentam a existência dos campos de extermínio.
10. Alternativa correta: c) contingencial, processada em interações sociais. O pensamento de Foucault, expresso no texto, aponta para a impossibilidade de um "ser absoluto" ou uma ideia de sujeito universal, ou seja, o sujeito é contingente. Ele afirma também que esse sujeito se efetiva a partir das interações que ocorrem no meio cultural (social).
As outras alternativas estão erradas porque: a) Não são os preceitos jurídicos que efetivam o sujeito. b) A subjetivação não se dá através de preceitos lógicos. d) A transcendência e os princípios religiosos não estão expressos como fundamentos da construção dos sujeitos. e) A subjetivação a partir de uma essência é, justamente, a crítica realizada por Foucault e ele aponta para a sua impossibilidade.
Maria Jucilene de Moraes
Maria Jucilene de Moraes mariajucilene_@hotmail.com
FILÓSOFOS NO ENEM
1. Os filósofos pré-socráticos: os primeiros filósofos e cientistas (séc. VI a.C).
2. Os sofistas: os primeiros professores profissionais de argumentação e retórica. São os primeiros “humanistas”.
3. Sócrates: o primeiro filósofo de fato. Faz oposição aos sofistas, por eles cobrarem pelos ensinamentos e não visarem à compreensão da verdade.
4. Platão: aluno de Sócrates. Desenvolve a Teoria das Ideias. É contrário à democracia, vista como um regime no qual os mais ignorantes governam. Defende o governo dos mais sábios.
5. Aristóteles: aluno de Platão. Critica a Teoria das Ideias.
6. Filosofia medieval: o processo de conciliação entre o pensamento filosófico grego e helênico e a religião cristã. Dois grandes períodos: a Patrística (do séc. IV ao VI; o
principal representante é Agostinho) e a Escolástica (do séc. XI ao XV; o principal representante é Tomás de Aquino).
7. Thomas More: também conhecido como Thomas Morus, escreve, no séc. XVI, Utopia, descrição literária e filosófica de uma sociedade ideal, sem dinheiro nem violência contra as pessoas.
8. Maquiavel: escreve também no séc. XVI, O Príncipe, no qual tenta apresentar as leis de funcionamento da política não a partir de uma idealização, mas a partir da história grega, romana e italiana.
9. René Descartes: no séc. XVII, o racionalista Descartes procura fundamentar todo o conhecimento não pela tradição nem pela experiência sensorial, mas pela razão.
10. Francis Bacon: propõe que a ciência funcionava por método indutivo: a repetição das observações e experimentos permitiria a inferência das leis de funcionamento da natureza.
11. Thomas Hobbes: no séc. XVII, escreve Leviatã, onde defende que o Estado absolutista é necessário para evitar a guerra de todos contra todos.
12. John Locke: concorda com o empirismo de Hobbes, mas discorda da defesa do Estado absolutista. Locke é um contratualista e jusnaturalista (acredita que existam leis naturais).
13. Jean-Jacques Rousseau: no séc. XVIII, Rousseau afirma que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe, especialmente por meio da propriedade privada.
14. David Hume: o empirista David Hume, no séc. XVIII, aponta o problema da indução. Afirma que todo o conhecimento indutivo, incluindo a ciência, é inseguro, pois é baseado no mero hábito, e não na estrutura da natureza. 15. Immanuel Kant: no século XVIII, defende que tanto o racionalismo quanto o empirismo têm razão parcialmente. Defende que é preciso conceber o conhecimento como uma síntese entre a coisa-em-si externa e uma estrutura prévia de conhecimento.
16. Hegel: transforma o conceito de “dialética”: para Hegel, a dialética não tem dois polos, mas três – tese, antítese e síntese, que se constitui como nova tese.
17. Karl Marx: no século XIX, cria o materialismo dialético. Para compreender a sociedade, é preciso compreender sua infraestrutura (o processo de produção).
18. Adorno e Horkheimer: século XX. Criadores do termo Indústria Cultural (em alemão Kulturindustrie) foi criado pelos filósofos e sociólogos alemães Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), a fim de designar a situação da arte na sociedade capitalista industrial. Membros da Escola de Frankfurt.
19. Jean-Paul Sartre: para Sartre (séc. XX), todo homem vive na liberdade absoluta. “O homem é condenado a ser livre”: não pode escapar do fato de que todas as suas ações são de sua inteira e exclusiva responsabilidade.
20. Michel Foucault: no pensamento de Foucault (séc. XX), o poder não existe como algo de que alguém possa ter a “posse”; o poder não é localizado espacialmente, mas está distribuído em todas as relações sociais. Poder não se detém: se exerce.
FONTE: https://oficinadefilosofia.com/2014/11/05/os-20-filosofos-essenciais-do-enem/ (MODIFICADO)
Partes de textos (modificados) foram retirados da apostila do Prof. Fábio Mesquita email: fabiomes@hotmail.com
DICAS PARA UM BOM RENDIMENTO NOS ESTUDOS
1. Impeça a “curva do esquecimento” Os cientistas começaram a explorar o fenômeno psicológico “curva do esquecimento” em 1885. Ainda hoje, continua sendo um fator importante a ser considerado quando se estuda.
Essencialmente, ele diz que a primeira vez que você ouve uma aula ou estuda algo novo, tem a melhor chance de retenção, de até 80%, do que aprendeu apenas revendo o conteúdo novamente dentro de 24 horas.
E – bônus – isso tem um efeito cumulativo. Depois de uma semana, você terá capacidade de reter 100% das mesmas informações após apenas cinco minutos de análise.
Geralmente, os psicólogos concordam que este tipo de intervalo estudando – e não estudando – é o melhor. Para otimizar seu tempo de estudo, aproxime-o mais do dia em que você teve contato com o material do que do dia da prova.
2. Utilize material impresso
Tablets e outros meios eletrônicos são ótimos para conveniência e portabilidade. No entanto, pesquisas sugerem que, quando se trata de estudar na faculdade, os materiais impressos tradicionais ainda têm vantagem.
Mesmo que alguns pesquisadores argumentem que adotar novos hábitos ao usar uma interface digital melhora a experiência acadêmica, mais de 90% de alunos entrevistados em um estudo compreensivo disseram preferir uma cópia impressa a um dispositivo digital quando se trata de estudo e trabalho escolar.
Além disso, um professor de psicologia da Universidade de Leicester, na Inglaterra, descobriu que os alunos precisam de mais repetição para aprender quando leem na tela do computador em comparação a quando consultam apenas material impresso.
3. Faça conexões Muitos especialistas consideram que a diferença entre quem aprende rápido e devagar é a maneira como estudam: em vez de memorizar, os alunos mais rápidos fazem conexões entre as ideias.
Conhecido como aprendizagem contextual, o processo é crucial e exige que cada aluno personalize seus próprios métodos de aprendizagem, fazendo conexões que relacionem as informações para começar a se encaixar e fazer sentido.
4. Estude quando estiver cansado – e descanse em seguida
Embora isso possa parecer contraintuitivo a princípio, de acordo com a ciência, faz sentido.
Estudar quando você está mais cansado imediatamente antes de dormir pode realmente ajudar seu cérebro a reter concentrações mais altas de habilidades novas, como falar uma língua estrangeira ou tocar um instrumento.
Existe até um termo para isso: “sleep-learning” (em português, “aprendizado do sono”).
Isso porque o processo de consolidação da memória está em seu melhor momento durante o sono “de ondas lentas”. O que significa que a revisão do material antes de dormir pode realmente ajudar o cérebro a reter as informações.
5. Não releia, relembre Esse método de estudar foi tema em 2009, quando um professor de psicologia da Universidade de Washington em St. Louis publicou um artigo na Psychological Science aconselhando os alunos contra o hábito de leitura e releitura.
Segundo ele, ler e reler os materiais podem levar os estudantes a pensarem que conhecem bem o conteúdo, mesmo quando não é verdade.
Em vez disso, ele sugere que os alunos utilizem “recordação ativa”, fechando o livro e recitando tudo o que podem lembrar para praticar a memorização a longo prazo.
6. Use o sistema Leitner O sistema Leitner é o mais conhecido para utilizar “cartões de memorização”. Ele serve para que os estudantes aprendam o conteúdo com o qual estão menos familiarizados pela repetição.
Na prática, o aluno coloca todos os cartões com perguntas na caixa 1. Em seguida, pega cada cartão e tenta responder a pergunta. Se acertar a resposta, coloca-o na caixa 2. Se errar, deixa-o na caixa 1.
O estudo passa para as caixas seguintes e a premissa permanece. A única diferença é que nas próximas se o estudante errar, deve voltar o cartão para a caixa anterior. Assim, os cartões na primeira caixa são estudados com mais frequência.
7. Pense sobre o pensar Especialistas defendem o uso do método testado e comprovado de aprendizagem chamado metacognição, ou “pensar sobre o pensar”.
Aplicado ao estudo, os alunos precisam avaliar constantemente seu nível de habilidade e progresso. Além disso, monitorar cuidadosamente seu bem-estar emocional quando realizam atividades potencialmente estressantes. A premissa é de que a metacognição ajude em uma retenção mais consciente e efetiva do conteúdo.
8. Varie o conteúdo Cientistas comprovaram que é melhor variar o tema ao estudar, em vez de se concentrar apenas em uma área. No entanto, é aceitável e até mesmo preferível unir campos de assuntos relacionadas ou semelhantes.
Por exemplo, em vez de apenas memorizar vocabulário em outro idioma, misture também a leitura. Se estiver estudando matemática, inclua vários conceitos juntos, em vez de apenas um.
9. Mude de cenário Embora isso possa ser óbvio para alguns alunos, outros podem esquecer que uma mudança tão simples quanto de cenário pode ter um grande impacto nas habilidades de aprendizado.
Um psicólogo da UCLA, por exemplo, apontou que trocar de local de estudo aumenta pode aumentar os níveis de retenção de informações e concentração.
Mudar de cômodo já é o bastante, mas os especialistas também recomendam ir “um passo além” estudando ao ar livre.
10. Assuma o papel de “professor” Pesquisas mostram que os alunos têm melhor chances de recordação ao aprenderem novas informações quando têm a expectativa de ensiná-las a outra pessoa. Além disso, estudos também sugerem que os alunos se engajam mais e instintivamente buscam métodos de recordação e organização para o papel de “professor”.
Se tiver oportunidade, experimente ensinar o que aprendeu a um colega ou até a um “colega imaginário”. O importante é ter a expectativa de “ser professor” desde o momento de estudo, porque é ela que proporciona os benefícios.