Nota de repúdio

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NOTA DE REPÚDIO Nós bibliotecários das Bibliotecas Públicas Municipais, vimos por meio desta Nota de Repúdio, manifestar nossa insatisfação com o Gerente de Livro, Leitura e Literatura, Sr. Julio Cesar de Paula Rodrigues. Antes de elencarmos os motivos e fatos do descontentamento, registramos que trabalhamos no intuito do fortalecimento do Sistema de Bibliotecas em nosso Município. Acreditamos que uma gestão de bibliotecas planejadas e pautadas nas necessidades da população é uma forte ferramenta para melhoria da qualidade de vida e para a promoção da cidadania de todos os maringaenses. Como profissionais aprovados em um concurso público e com formação em biblioteconomia, temos o dever de proteger e zelar por uma gestão técnica, profissional, transparente e responsável nas Bibliotecas Públicas de Maringá. Mas, antes disso, somos cidadãos e também contribuintes desse Município e como tais, pagadores de impostos, temos a obrigação de contribuir para a boa gestão e aplicação dos recursos públicos. Conscientes de nossas responsabilidades e desafios diários de lutar por uma Biblioteca Pública de qualidade, buscamos sempre estar à disposição para o diálogo e a realização de um trabalho em parceria com a Gerência de Livro, Leitura e Literatura, setor responsável pelas Bibliotecas da nossa cidade, atualmente sob responsabilidade do Sr. Julio Cesar de Paula Rodrigues. Nossos problemas iniciaram com a falta de retorno em relação às demandas das bibliotecas. Como qualquer outro setor, temos a necessidade de orientação e suporte para a gestão de pessoal, procedimentos para reparos e manutenções, suprimentos para o trabalho administrativo, gestão de políticas públicas, manutenção e desenvolvimento do acervo, elaboração e execução de atividades e projetos, e atendimento ao público em geral. Utilizamos dois meios oficiais de comunicação, e-mail e CI - Comunicação Interna. Inúmeros e-mails e CIs se acumulam na caixa de entrada do gerente, sem resposta. Tentamos contato por telefone e raramente encontramos o gerente em seu posto de trabalho. Não temos feedback e tampouco a resolução dos problemas existentes nas bibliotecas. Há poucos meses fomos proibidos de utilizar e-mail, e quando começamos a enviar CIs recebemos duras críticas com a alegação de que não é preciso formalizar nada, que deveríamos ligar, pois ele, o gerente, não responderia por escrito, pois ele tem fé pública e a palavra dele seria suficiente. Há falta de planejamento e organização das atividades nas Bibliotecas Públicas, pois as bibliotecas possuem diversos projetos que não estão sendo desenvolvidos por falta de orientação e que impactam nas condições físicas e financeiras, impedindo que os cidadãos tenham acesso a serviço de qualidade. Quando questionamos o gerente, ele informa que a obrigação de encontrar soluções não é dele e sim dos bibliotecários. Entretanto, alega firmemente que os bibliotecários não são os responsáveis pelas bibliotecas, que não temos nenhum poder de decisão e nos desmoraliza perante os demais servidores e usuários. Verifica-se assim, uma contradição em relação à postura do Sr. Julio Cesar de Paula Rodrigues. Reiteramos que, conforme o artigo 6º da Lei Federal 4.084/1962 são atribuições dos bibliotecários: Art 6º São atribuições dos Bacharéis em Biblioteconomia, a organização, direção e execução dos serviços técnicos de repartições públicas federais, estaduais, municipais e autárquicas e empresas particulares concernentes às matérias e atividades seguintes: a) o ensino de Biblioteconomia;


b) a fiscalização de estabelecimentos de reconhecidos, equiparados ou em via de equiparação.

ensino

de

Biblioteconomia

c) administração e direção de bibliotecas; d) a organização e direção dos serviços de documentação. e) a execução dos serviços de classificação e catalogação de manuscritos e de livros raros e preciosos, de mapotecas, de publicações oficiais e seriadas, de bibliografia e referência. Art 7º Os Bacharéis em Biblioteconomia terão preferência, quanto à parte relacionada à sua especialidade nos serviços concernentes a: a) demonstrações práticas e teóricas da técnica biblioteconômica em estabelecimentos federais, estaduais, ou municipais; b) padronização dos serviços técnicos de biblioteconomia; c) inspeção, sob o ponto de vista de incentivar e orientar os trabalhos de recenseamento, estatística e cadastro das bibliotecas; d) publicidade sobre material bibliográfico e atividades da biblioteca; e) planejamento de difusão cultural, na parte que se refere a serviços de bibliotecas; f) organização de congresso, seminários, concursos e exposições nacionais ou estrangeiras, relativas a Biblioteconomia e Documentação ou representação oficial em tais certames. A aquisição de bens e serviços para realização das atividades são precárias e recebemos em quantidades insuficientes para atendimento dos usuários, sem planejamento. Não temos informações sobre os materiais e serviços solicitados no ano anterior em demanda geral da Secretaria de Cultura. Em diversos momentos questionamos a previsão e o planejamento para a aquisição dos bens e serviços necessários e recebemos a resposta de que não precisamos saber sobre esses assuntos. Mudanças de horários de atendimento nas bibliotecas públicas são definidas de maneira arbitrária, desconsiderando a realidade de cada biblioteca e as condições de trabalho de cada servidor, que por muitas vezes não podem tirar férias e licenças com suas famílias porque o gerente determinou a ampliação dos horários de atendimento sem consulta prévia, organização, comunicação aos usuários e tempo de adaptação dos servidores. Ressaltamos, ainda, que o gerente realizou revezamento no feriado de final de ano, deixando de trabalhar em dias de expediente, conforme o próprio gerente assumiu em reunião com os bibliotecários, descumprindo o Decreto do Sr. Prefeito. Em relação às reuniões, o gerente seleciona algumas pessoas para passar informações, de maneira privilegiada, e fala mal dos demais servidores, que na maioria das vezes, são colegas de trabalho, gerando especulação, informações inverídicas ou equivocadas, intrigas, mal-estar, constrangimento e muito desgaste emocional de todos os servidores das Bibliotecas Públicas do Município. Há tempos os


bibliotecários são tratados com descaso e nossas manifestações são recebidas com deboche, chacota e sarcasmo, somos alvos de piadas infames e risos em reuniões e pelos corredores da Gerência de bibliotecas, em todos os casos por iniciativa do gerente. Verificamos uma conduta reiterada do gerente em desmoralizar os funcionários perante as chefias imediatas e para demais setores da Prefeitura. O Sr. Julio Cesar de Paula Rodrigues implantou a cultura do medo nas bibliotecas públicas, nas quais persegue servidores tentando calar as irregularidades presentes em sua conduta. Já prejudicou uma servidora de carreira na avaliação final do estágio probatório por motivação pessoal (anexo). Inclusive, podendo gerar dificuldades para a progressão de carreira desta servidora. Transferiu um servidor bibliotecário para outra biblioteca, sem anuência do mesmo, enquanto ele ainda estava em estágio probatório, gerando um ato ilegal confirmado pelo Recursos Humanos da Prefeitura do Município de Maringá (ato este que continua irregular). Não prejudicou somente os servidores em questão, mas gerou insegurança para os demais funcionários que a todo momento são ameaçados de serem transferidos para outros setores ou Secretarias, além do fato da desconstrução dos projetos que cada bibliotecário desenvolvia na biblioteca que estava anteriormente responsável. Infelizmente, fica evidente o assédio moral cometido pelo gerente com os servidores das bibliotecas públicas, com mais tenacidade em relação aos bibliotecários. Atualmente, as reuniões precisam ser mediadas por outras chefias, muitas vezes alheias às bibliotecas, tendo em vista o grande transtorno que se tornou lidar pessoalmente com o gerente, ademais, passamos a nos deparar com situações em que servidores saem chorando das reuniões com o gerente. Os servidores das bibliotecas públicas estão cientes de que existe uma falsa ideia de que as ações e relações dentro das bibliotecas públicas correm em perfeitas condições, tendo em vista a tentativa desesperada do gerente em transparecer que realiza uma boa gestão. Entretanto, muitas matérias elaboradas a pedido do gerente não retratam a realidade das bibliotecas. Por exemplo, a informatização das bibliotecas públicas que está caminhando em passos lentos e sem garantia de operacionalização. Quanto à aquisição de livros, o gerente atestou que estavam comprados e à disposição da população, sendo que, até o presente momento, pela sua própria falta de planejamento, os livros não chegaram às prateleiras de nenhuma das bibliotecas. Foi criado no ano de 2017 o projeto “Casa do Livro”, onde o gerente atribui a concepção do projeto a ele mesmo, fazendo a referência de que ele é o idealizador. É onde se verifica a necessidade de autopromoção do gerente, que usa da máquina pública para angariar méritos pessoais, caracterizando, ainda, o crime de prevaricação. As informações são divulgadas de maneira irresponsável e causam enormes transtornos para todos os servidores que atuam diretamente com o atendimento ao público, pois exige um enorme esforço para explicar aos usuários que as elas não estão corretas ou coerentes com a nossa realidade. Diante de todos os fatos apontados acima, nos sentimos obrigados a relatar que o gerente foi acusado de assédio sexual e o caso foi reportado por escrito através da Ouvidoria dos servidores públicos. Uma conduta imoral e indecorosa, que no mínimo entendemos, deveria ter sido investigada e o gerente em questão afastado das atividades da administração pública, principalmente, após uma reunião realizada entre os bibliotecários e o Chefe de Gabinete, Sr. Domingos Trevisan, onde foram relatadas outras situações semelhantes envolvendo mulheres que trabalham na Secretaria de Cultura. No dia 06/04/2018 foi protocolado na Secretaria de Gestão, aos cuidados do Dr. Alexis Kotsifas, o pedido de alteração do cargo de Gerente de Livro, Leitura e


Literatura, visando que sua ocupação se desse por um servidor de carreira. Entretanto, ainda não obtivemos resposta. Como demostrado em todos os relatos acima, em muitos momentos fomos maltratados pelo gerente, que se mostra muito convicto de sua posição, pois já insinuou em vários momentos que o Secretário de Cultura não tem autonomia para afastá-lo de sua função de gerente, pois atesta que ele é uma indicação direta do Sr. Prefeito e que não está sob as mesmas regras dos demais cargos comissionados. E já relatou que os servidores poderiam realizar quantas reclamações fossem necessárias ao Chefe de Gabinete, que este não o afastaria. Diante de todo o exposto, manifestamos o nosso repúdio à gestão do Gerente de Livro, Leitura e Literatura, Sr. Julio Cesar de Paula Rodrigues. Devido à forma vexatória como estão sendo tratadas as bibliotecas, funcionários e seus usuários, solicitamos providências urgentes por parte do Prefeito eleito pelos Maringaenses que acreditaram em um futuro melhor para a nossa cidade. Mais do que isso, o recorremos, e convocamos todo cidadão que acredita na força e no poder transformador do livro e da leitura, para se juntar a esta causa e defender as Bibliotecas Públicas do Município de Maringá, esse legado que é de todos os Maringaenses.

______________________________ Carolina Paola Furnaletto Correia Bibliotecária CRB-9-1792 ______________________________ João Victor Palaveri Menegon Bibliotecário CRB-9 -1858 _______________________________ Vanessa de Souza Pianovski Bibliotecária CRB-9-1804

____________________________ Claudio Muchiutti Junior Bibliotecário CRB-9-1822 _____________________________ Romicarla Rodrigues de Matos Bibliotecária CRB-9-978


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