Transposição uem

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EM DEFESA DO CAMPUS: PELA IMEDIATA ANULAÇÃO DA TRANSPOSIÇÃO! O Campus Sede da UEM é o único que apresenta expressão espacial de Campus plenamente. Um breve lançar de olhos sobre os Campi regionais permite essa avaliação. Não por acaso recebe o nome de Campus Universitário, ou seja, o seu interior congrega um cotidiano digno de universidade, com ocupação do espaço, atividades culturais e vida universitária ativa em tempo integral. Mais recente que sua construção e planejamento, o campus terminou por integrar a expansão da malha urbana de Maringá, o que, a princípio, não representa um retrocesso do ponto de vista dessa estrutura. Defendemos que, pelo contrário, a proximidade com a cidade hoje permite uma maior integração da sociedade no ambiente acadêmico, bem como o surgimento de uma convivência universitária qualificada. O que está em jogo na transposição da UEM? A Prefeitura de Maringá, sob o Governo do PP, conhecido apoiador dos especuladores imobiliários, quer transpor a Universidade, ou seja, apropriar se do espaço acadêmico e público destinado a construção do conhecimento. O que isso implica? Na ótica da administração pública, implica em garantir a continuidade do sistema binário. Sobre o sistema binário já foram tecidas tantas críticas que trazem à tona o modelo de cidade que esses mesmos defendem, e que ao invés de tornar o transito mais ágil e pacifico aumentou a velocidade dos automóveis ampliou os acidentes, e consequentemente tem matado e mutilado os pedestres e ciclistas, que por necessidade ou por falta de opção são obrigados a conviver com esse caos que se tornou o nosso transito principalmente nos horários de pico. Quanto ao nosso transporte coletivo pouco se tem feito para sua melhoria, e como se não bastasse somos reféns do monopólio da TCCC que há décadas vem garantindo sua permanência e ditando as regras do nosso transporte público. Portanto, atravessar a Universidade por uma via de transito mais rápido que as vias internas da UEM não é a solução para o problema do transito maringaense, além de ser uma afronta à convivência terna que devemos construir nesse ambiente acadêmico. Invadir o campus, rasgá-lo, em favor de um uso individualista do automóvel é colocar


toda a comunidade acadêmica subordinada à problemática urbana insustentável das grandes cidades, contrariando as manifestações públicas que clamam por um projeto de mobilidade diferente do que esta sendo proposto pela Prefeitura. É preciso privilegiar um transporte público de qualidade. Além disso, devemos lembrar que Maringá possui outros pontos de interrupção de fluxo de trânsito e eles já existiam muito antes do aumento do volume de carros. Alguns exemplos são: Catedral, Parques, Cocamar, Shopping Centers, Aeroporto, Condomínios fechados, Cesumar entre outros. Todos são maiores que uma quadra e portanto interrompe o fluxo normal do trânsito. Será que há projetos para corta-los também? No caso da Cesumar até houve a intenção, mas foi engavetada, assim como a passagem de vias contornando certos condomínios fechados, “afinal não devemos perturbar a tranquilidade dos mais abastados”. Um momento de reflexão Então por que a UEM deve ceder aos caprichos das péssimas administrações públicas que Maringá vem sendo imposta? Se diversas universidades no mundo estão em grandes centros urbanos e mesmo assim não têm grandes vias urbanas dentro de seus espaços. Exemplos não faltam, Universidade de Sorbonne, em Paris, Universidade de São Paulo – Cidade Universitária e Campus de São Carlos, entre tantas outras. Buscando a solução mais breve, acreditamos que a conclusão da obra Contorno Norte de Maringá se concretizará em uma alternativa para maior mobilidade na cidade, escoando o fluxo de veículos, tendo assim relativa melhoria no trânsito. Esta é uma saída em vez de recortar o Campus Universitário. Cabe ressaltar que o Contorno Norte é uma obra de grande porte, que viabiliza o acesso às cidades do entorno e aos bairros residenciais de Maringá. Já a obra proposta pela Prefeitura é um recorte de um espaço público. Cortar por dentro da UEM, ao contrário do que argumentam, não resolve o problema urbano de Maringá e introduz a poluição sonora, congestionamentos, separa algumas construções históricas do campus dificultando o acesso das pessoas a essas instalações, além de provocar interferência nos laboratórios de alta precisão.


Qual o efeito da transposição? Os investimentos em infraestrutura determinam o entorno da Universidade, cada vez com mais valor de troca e, como consequência da construção dessas vias, os terrenos e moradias do entorno serão objeto da especulação imobiliária, e justamente as casas da Vila Esperança serão removidas para dar lugar à verticalização, que só gera valor para os rentistas que vivem dos altíssimos aluguéis que cobram dos estudantes. A transposição inviabilizará ao mesmo tempo a permanência da Estação Climatológica Principal de Maringá (ECPM): uma vez com as obras dentro da Universidade colocarão em risco a qualidade de todos os dados coletados que sofrerão interferência e perderão a continuidade do banco de dados, que para a climatologia significa a perda da possibilidade de estudos da variabilidade e mudanças climáticas, que necessitam atingir no mínimo 30 anos de dados coletados, para o desenvolvimento de pesquisas, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Além desse tipo de pesquisa, também prejudicará estudos relacionados aos sistemas urbanos. Sendo assim as imediações da Estação não podem ser alteradas com construção de vias a uma distancia mínima de 100 metros, conforme notificação do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), órgão regulador e provedor da ECPM. Além disso, devemos salientar que a ECPM constitui num instrumento que serve a toda comunidade, incluindo a própria prefeitura, agricultores, agências de turismo entre outros. Propor o seu deslocamento para outra área do campus, traz dois problemas. O primeiro está no fato já mencionado da perda da continuidade dos dados, pois o seu deslocamento sugere a construção de uma nova estação e a desativação da atual. O segundo problema consiste no risco do INMET perder o interesse em permitir a instalação da nova estação, isso pode ocorrer em função do histórico dessa estação, que foi no final da década de 1970 deslocada do Parque de Exposições para a UEM pelos mesmos motivos hoje debatidos. Diante de tudo isso não deveria a Universidade, como locus privilegiado da construção de uma outra sociedade possível, se contrapor a simples reprodução dos problemas urbanos no seu território? A Comunidade Acadêmica ao fechar os olhos para o caos urbano, se furta do debate engrandecedor do seu papel frente a realidade. A voz das ruas em junho passado, nesse sentido, demonstraram maturidade, não só por 20 centavos!


Aparenta que outros interesses estão por detrás da obra dentro da universidade, e se faz necessário tomarmos uma posição frente ao que nos está exposto. O apelo que deixamos à tod@s é à reflexão. A comunidade externa, da Vila Esperança, corre o risco de ser expulsa do seu local de moradia pela especulação imobiliária. As casas antigas já estão sendo vendidas e demolidas para dar lugar aos empreendimentos de maior retorno ao capital imobiliário. A abertura de mais uma via de acesso só reafirma o papel do Estado (da prefeitura municipal) como simples facilitador dos negócios da iniciativa privada. Buscando uma solução para a mobilidade urbana é necessário fomentar o debate sobre a conclusão do anel viário (Contorno Norte - que acumula denúncias de irregularidades). Problematizando: para que serve uma obra de alto custo que não apresenta solução para o trânsito? Reafirmamos que a transposição do Campus é inviável e se concretiza como uma invasão ao espaço público universitário. A Universidade é local de ensino, pesquisa e extensão, e deve propiciar para a comunidade acadêmica um ambiente favorável e adequado para a realização dessas ações, o que pode será colocado em risco por meio da invasão pelas vias binárias. Integrar a Universidade à sociedade é necessário sim, mas não (de forma acrítica) por essa via!


DOCUMENTO PRODUZIDO POR:

MEK – MOVIMENTO PELA EDUCAÇÃO PARA ALÉM DO CAPITAL

NEMO – NÚCLEO DE ESTUDOS DE MOBILIDADE E MOBILIZAÇÃO

AGB – ASSOCIAÇÃO DOS GEÓGRAFOS BRASILEIROS

SESDUEM – SEÇÃO SINDICAL DO ANDES-SN

PROAÇÃO–UEM – PROGRAMA INTEGRADO DE AÇÃO SOCIAL


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