Coroa de Frade - Angelo souza & Marcos Paulo

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Instituto Infnet Escola de Comunicação e Design Digital

Coroa de Frade

O SABOR DO SERTÃO

O DOCE DO REI DO CANGAÇO CULTURA E GASTRÔNOMIA

Angelo Souza Marcos Paulo 7° ciclo - Produção Gráfica III


CONTEUDO

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BEM VINDO “Design não é arte, como definimos arte. Considero uma coisa orgânicano sentido social, cultural e econômico. Não considero uma coisa especial. As pessoas veem coisas que fiz e não sabem que fui eu e eu acho ótimo. A busca da perfeição é o caminho do design.” (AlexandreWollner)


APRESENTAÇÃO

Foto da Planta Coroa de Frade

Partindo desse pressuposto, será desenvolvido um trabalho de pesquisa da memoria gráfica do cangaço com objeto que catalogar elementos semióticos visuais para a construção da identidade e divulgação desse produto; de modo que esteja impregnada no projeto a identidade regional do sertão nordestino correlacionadas com os símbolos do movimento. Tendo como consequência a divulgação e preservação da memoria gráfica do cangaço no início do século XX. Portanto, o presente trabalho busca executar uma transposição simbólica da estética do cangaço e aplicar no produto (doce de coroa de frade) de maneira á fomentar o desenvolvimento,

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preservar e divulgar a cultura e a memoria gráfica; promovendo sustentavelmente o sertão nordestino; que se caracteriza historicamente por uma alta disparidade social.

Doce de Coroa de Frade


CONTEXTUALIZAÇÃO

Preparo do Doce

O cenário do sertão contribui muito para essa construção; porque se caracteriza historicamente como uma região com baixo dinamismo econômico e grandes problemas sociais com exceções em alguns ciclos curto no Brasil colônia onde foi inserido o cultivo da cana-de-açúcar e posteriormente à pecuária e o cultivo de algodão. Contudo essas atividades de acumulação capitalista na era colônia foram incapazes de estimularam o desenvolvimento da região para proporcionar a melhoria na qualidade de vida da população. “Segundo Buainain e Garcia (2013), a acumulação capitalista no Nordeste serviu apenas como um mecanismo de enriquecimento para as elites, não estimulando o desenvolvimento regional nem cooperando para melhorar a qualidade de vida da população dessa região.” (FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO, 2004)

Durante varias décadas as características socioeconômicas da região se mantiveram inalterada, como a desigualdade na distribuição de renda e de terra, a deficiência na incorporação de boa parte da população à

oferta de serviços básicos, o baixo índice de desenvolvimento humano e a concentração espacial da indústria na faixa litorânea, que são regiões mais desenvolvidas, configurando-se um atraso socioeconômico para sertão do nordeste. Portanto com objetivo de promover a cultura nordestina e o desenvolvimento social da região o produto, doce de Coroa Frade tem a viabilidade de torna-se uns dos pilares da economia sustentável do sertão. Fomentando o ciclo de crescimento econômico e social da região; sendo um instrumento catalisar da promoção social dos moradores do sertão brasileiro, que se organizaram através de um cooperativa produtora do doce. É perceptível a importância desse movimento que até hoje instiga tendões sociais, seja através do cinema, literatura, artesanato e outras expressões. Fazendo do cangaço um objeto de pesquisa e investigação por meio de varias representações da comunicação.

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HISTÓRIA

Foto da Planta Coroa de Frade

O doce de coroa de frade é extraído de uma espécie da família da espécie botânica cactácea, cujo bioma é a cantiga. Possui forma arredondada, pequena, achatada, espinhos variantes (grossos e finos) e uma linda flor que na fase adulta se transforma em um cefálio (uma coroa que se forma no topo da espécie). Muito encontrada sobre as pedras é utilizada como produto medicinal, alimentar e na decoração. Segundo a sabedoria popular do sertão, o chá da espécie vegetal pode tratar doenças de rins e intestino. Além de também ser utilizada pelo sertanejo na alimentação de animais, devido a sua boa reserva de agua e proteína e na culinária no preparo de bolos, doces e bolachas. O doce de coroa de frade é famoso no sertão; principalmente no município de Poço Redondo, no estado de Sergipe. Seu preparo consiste dos seguintes matérias: Canela em pó, cravo, água, açúcar e a planta coroa de frade limpa e sem nenhum espinho e seu sabor é bem próximo de um doce de mamão com coco. Segundo relatos, baseados 6 | Coroa de Frade

“Bem próximo de um doce de mamão com coco”

na história oral da região do sertão e principalmente do município de Poço Redondo, o doce tem origem no cangaço e o “Rei do cangaço” era um amante dessa iguaria. Esse dado histórico é justificável, pois no município existe uma família (família Rodrigues); que são descendentes de Pedro Cândido, ribeirinho que ajudava o bando de Lampião. O produto será produzido


por uma cooperativa, implementada nas regiões com os menores níveis de desenvolvimento social do sertão (pouco recurso natural); criando uma rede produtiva capaz de aumentar o dinamismo econômico. Tendo o objetivo de fixar o sertanejo na região além de fomentar as dinâmicas socias da localidade. Sendo comercializado na cidade do Rio de Janeiro, por meio; de feiras livres da cidade, da feira de São Cristóvão e lojas de produtos agroecológicos e orgânicos. Essa cooperativa será constituída por trabalhadores rurais que vão se organizar nessa experiência do desenvolvimento de renda e trabalho; economicamente justa em seus minifúndios. A cooperativa irá cultivar a coroa de frade e produzir o doce em uma agroindústria local.

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REPRESENTAÇÃO VISUAL “Nas narrativas populares, Lampião é marcado por complexidades mais ou menos específicas: ora é visto como herói injustiçado, ora é visto como assassino de injustificável crueldade.” (RAMOS, 2002). “Lampião é talvez um ‘mau-herói’, mas ele é antes de tudo um herói. Num país ávido de signos e com sede de imagens redentoras e que, historicamente, busca seus modelos de heróis no estrangeiro (Carlos Magno e o rei Dom Sebastião), a emergência de um herói autônomo, cria uma atmosfera propícia a um tipo de revanche do espírito e um certo orgulho na procura do “mal”.(ALBUQUERQUE , 93)

Os dados das representações visuais do cangaço são muitos, mas sua estética é singular. O conglomerado cultural reflete o modo de vida do sertanejo brasileiro com o sertão; que sofreu influências da cultura portuguesas e africanas. Podem observas hábitos e costumes únicos na região, fruto da miscigenação africana, portuguesa e ameríndio com território. Na estética da região, a Literatura de Cordel (linguagem artística em versos rimados e ritmados) é uma forte manifestação cultural que expressa traços regionais, entre elas o cangaço e seus personagens; que marcaram a memoria da região. O Cordel apresentava os cangaceiros através de muitas temáticas, as mais rotineiras são: honra coragem e valentia. O cangaço também é apresentado em muitos conteúdos visuais da atualidade, das mas variadas mídias e produtos ( artesanato, festividades, filmes, literatura, monumento, música e museus). Alguns consideram que no cangaço, se constitui a primeira figura de um herói brasileiro. O fato é que em meio a muitas dificuldades da região, a estética do cangaço faz frente a essas dificuldades; criando um contraste que marca a vida do nordestino. Onde podemos constar com que os signos e símbolos visuais do cangaço estão diretamente associados à região nordeste; constituindo um traço cultural muito bem marcado. “Habitando um meio cinzento e pobre, o cangaceiro vestiu-se de cor e riqueza. Satisfez seu anseio de arte (...) E viveu sem lei nem rei em nossos dias, depois de varar cinco séculos de história. Foi o último a fazê-lo com tanto orgulho. Com tanta cor. Com tanta festa. E com herança visual tão expressiva”.(FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO - Estrelas de couro: a estética do cangaço, pag 194).

Os signos visuais estão presentes de maneira muito forte no vestuário carnavalesco (cores berrantes e ornamentos) dos cangaceiros com muitos elementos; adornos, botões, bordados, cartucheiras, abas dos chapéus, tampas e alças dos bornais, perneiras, luvas, cantis, renda, espelho, couro e moedas são elementos que acompanham o cotidiano do cangaço. Prospera

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então no sertão um comportamento que correlaciona à estética e a funcionalidade no emprego dos elementos que os cangaceiros carregavam consigo; para se proteger do sol e dos perigos do sertão, já que eram nômades e viviam ao ar livre. Os signos, no geral, mas usando nas vestimentas e nos utensílios do cangaceiro, eram: signo-de-Salomão, flor-de-lis (palma), cruz-de-malta, estrela de oito pontas, oito contínuos e florais variados (de oito, seis e quatro pétalas), compondo a beleza das indumentárias e dos utensílios utilizado. Entretanto esses signos não possuem apenas caráter estético, mas funcional para cangaceiro. Todos os signos tem uma função, quase sempre de natureza mágica, para deixar supostamente o “corpo fechado”, acreditando que esse signos exercesse sobre ele uma “blindagem mística”. Através dos signos os cangaceiros criaram símbolos que atingiram a eficácia ao serem, não apenas vistos e reconhecidos, mas também lembrados e reproduzidos, (DONDIS, 2007).

Durante o processo de pesquisa foi identificado os seguintes signos e simbolos, que foram extraído de imagens que retratam a memoria gráfica do cangaço:

Bando de Lampião Decapitado

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Estrela de Salomão

O signo-de-salomão era conserada pels cangaceiros o símbolo do poder, proteção e devolução ás ofensas do ofensor. Era usado como um talismão e também representava a hulmidade. (Florais, estrela, palma (flor -de -lis) e cruzlis)

A flor-de-lis, é um símbolo de origem francesa, representante da pureza, inocência e virgindade; ganha diferentes conotações pelo sertanejo: vitória e imortalidade. A cruz-de-malta representa a terra e é a junção dos dois símbolos acima explicitados (signo-de-salomãoe palma), representa também os símbolos de orientação, tanto espiritual quanto geográfica, pois mira os quatro pontos cardeais. Flores de quatro, seis e oito pétalas a palma

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(Florais de quatro, seis e oito pontas)

Os florais e as estrelas são variações do signo-de-Salomão, possuindo assim, a mesma simbologia.

Palma e signo-de-salomão no chapéu de Lampião

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Todos os símbolos apresentados, pertence a cultura nordestina e são muito usados em produtos de design; no cangaço esse símbolo estão carregado de mistério.Portanto, i nspirado nesses elementos, no sertão e na cultura do cangaço foram desenvovlidos os seguinte signos para serem utilizado no projeto:

(Redesenho do floral; aplicando elemento da marca)

(Estrelas e sua analogia ao sol; elemento central do sertão)

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(Ilustração de fita de couro)

(Ilustração de cacto)

Ornamentos inspirados nós florais

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(Instrumentos musicais, presente no cotidiano do cangaรงo)

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PEÇAS

Embalagem do produto

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Outdoor

Busdoor

Tenda Workshop

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Quiosque Gastron么mico e de Brindes

Palco Canga莽o

Tenda Workshop

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Flyer

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CONCLUSÃO

Coroa de

Frade

O cangaço foi um fenômeno histórico que influenciou e ainda influência a cultura brasileira; portanto deve ter sua memoria preservada para que as próximas gerações possam conhecer e ter novas percepções do fato, quebrando com o grande estigma etnocêntrico que desvalorizam do nordeste e o nordestino. Sendo feitas novas releituras do cangaço, extraindo do movimento, informações que venha a contribuir para o desenvolvimento da sociedade brasileira, assim como o objetivo geral desse projeto.

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