Comunicação da Dissertação de Mestrado em Ciências das Religiões

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Apresentação REFLEXUS – Revista Semestral de Teologia e CiĂŞncias da ReligiĂŁo, do Curso de Teologia e do Programa de Mestrado em CiĂŞncias das 5HOLJL}HV GD )DFXOGDGH 8QLGD GH 9LWyULD Âą (6 UH~QH WH[WRV TXH FLUFXODP entre os pesquisadores e participantes da produção de conhecimento no campo da Teologia e das CiĂŞncias das ReligiĂľes no Brasil. Os primeiros artigos deste nĂşmero da REFLEXUS compĂľem o DossiĂŞ Rubem Alves, teĂłlogo, educador e poeta 2 SULPHLUR WH[WR Âł2 Amor AtravĂŠs das Metamorfoses. A histĂłria de Rubem Alves com sua ÂżOKD D PHQLQD TXH R WUDQVIRUPRX´ GH 5DTXHO $OYHV´ LQGLFD TXmR SRderosas e transformadoras sĂŁo as forças do amor, o despertamento do olhar de um pai e sua transformação, a gratidĂŁo. Bruno J. Linhares, em Âł3ULQFHWRQ 7KHRORJLFDO 6HPLQDU\ DQG WKH %LUWK RI /LEHUDWLRQ 7KHRORJ\´ LQGLFD FRPR D WHVH GH 5XEHP $OYHV Âł7RZDUGV D 7KHRORJ\ RI /LEHUDWLRQ $Q ([SORUDWLRQ RI WKH (QFRXQWHU %HWZHHQ WKH /DQJXDJHV RI +XPDQLVWLF 0HVVLDQLVP DQG 0HVVLDQLF +XPDQLVP´ WHYH JUDQGH LQĂ€XrQFLD QR Ă€RUHVFLPHQWR GD WHRORJLD ODWLQR DPHULFDQD QD ~OWLPD SDUWH GR VpFXOR XX. O artigo assinala o papel do Princeton Theological Seminary como um dos lugares do nascimento da Teologia da Libertação e investiga o FRQWH~GR H VLJQLÂżFDGR GD WHRORJLD GH 5XEHP $OYHV /HRSROGR &HUYDQWHV 2UWL] HP ÂłUna TeologĂ­a de la AlegrĂ­a Humana: /D 7HRORJtD /LEHUDGRUD /~GLFD \ 3RpWLFD GH 5XEHP $OYHV´ PRVWUD FRPR D REUD GH 5XEHP $OYHV H[SUHVVD D SHUHJULQDomR TXH HOH SDVVRX DWp DOFDQçar um estilo dominado pela poesia e o aprofundamento completamente anti-dogmĂĄtico que jĂĄ havia anunciado, muito veladamente, em seus primeiros escritos. Mostra que alĂŠm do lugar que ocupa no panorama teolĂłgico e intelectual desde sua juventude, Rubem Alves, embora tenha chegado


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tarde à poesia, muitos de seus ensaios, que reivindicam o corpo, a imagiQDomR R HUyWLFR H D PDJLD Mi DEULDP DV SRUWDV SDUD XPD H[SUHVVmR LQpGLWD H LQVXVSHLWDGD SDUD HOH PHVPR -XDQ -DFRER 7DQFDUD HP ³%HOOH]D SRHVtD sueùos... El tiempo de la trascendencia. EstÊtica teológica, en diålogo con 5XEHP $OYHV´ PRVWUD FRPR DV EXVFDV SHVVRDLV GR WHyORJR 5XEHP $OYHV podem ser compartilhadas pelos desejos de outros seres humanos que de igual modo desejam um mundo mais justo e inclusivo. Inclusão e justiça são outros nomes dessa Unidade diversa desejada... (re)conciliação entre os seres humanos; entre o ser humano e a Mãe Terra... Utopia... 5DLPXQGR & %DUUHWR -U HP ³5XEHP $OYHV R GHVHQYROYLPHQWR GH VHX SHQVDPHQWR H D UHFHSomR GR PHVPR QRV (VWDGRV 8QLGRV´ DSUHVHQta o pensamento de Rubem Alves lado a lado com a sua recepção na academia norte-americana. Limita-se às suas contribuiçþes teológicas, publicadas em inglês, principalmente por meio de resenhas, artigos e citaçþes dos seus escritos, discutindo tambÊm a ausência de obras mais VLJQL¿FDWLYDV VREUH VHX WUDEDOKR ,XUL $QGUpDV 5HEOLQ HP ³$ FRQWULEXLção de Rubem Alves para o estudo da teologia na arte sequencial: anotao}HV GH XP IUDJPHQWR GH PRVDLFR PLVWXUDGDV FRP ELRJUD¿D´ DSUHVHQWD duas ideias cruciais de Rubem Alves para o estudo teológico dos bens artístico-culturais da cultura pop: as estórias como invocaçþes da vida e a teologia como atividade inerente ao ser humano. )DELDQR 9HOLT HP ³'L]HU H 9LYHU D HVSHUDQoD $VSHFWRV VREUH /LQJXDJHP H 5HOLJLmR QR SHQVDPHQWR GH 5XEHP $OYHV´ WUDEDOKD D UHODomR entre linguagem e religião no pensamento de Rubem Alves. A linguagem VREUH 'HXV QmR DSRQWDULD PDLV SDUD XP ³REMHWR´ TXH HVWDULD IRUD PDV para o próprio homem. A religião só pode ser vista como uma linguagem que falarå dos anseios e da esperança desse homem de construir um munGR FRP VHQWLGR 5HXEHU *HUEDVVL 6FRIDQR HP ³0DLV /HRQDUGRV H PHQRV Pinóquios: A Pedagogia de Rubem Alves e a valorização do prazer e da FULDWLYLGDGH GRV HGXFDQGRV´ PRVWUD FRPR QR FDPSR GD HGXFDomR DR ID]HU uma crítica mordaz ao pensamento conservador, Rubem Alves utiliza as ¿JXUDV GH 3LQyTXLR H /HRQDUGR GD 9LQFL SDUD FULWLFDU D SHGDJRJLD WUDGLcional: Pinóquio às avessas para mostrar que as escolas transformam seres GH FDUQH H RVVR HP ³ERQHFRV GH SDX´ /HRQDUGR GD 9LQFL FRPR H[HPSOR de como uma educação que valorize o prazer e o desejo e a imaginação da criança pode formar adultos criativos e cada vez mais originais e humanos.


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1D SDUWH ÂżQDO GR 'RVVLr Ki GXDV (QWUHYLVWDV UHDOL]DGDV SRU 3URI $QtĂ´nio Vidal Nunes, da Universidade Federal do EspĂ­rito Santo (UFES). A primeira, com o prĂłprio Rubem Alves, assinala a agudeza e aspectos importantes do seu pensamento. A segunda, com o Prof. Joaquim Beato, esclarece DOJXQV DVSHFWRV GD KLVWyULD GR SUHVELWHULDQLVPR QR %UDVLO 2 WH[WR GH (OLVDEHWH &RLPEUD &HUTXHLUD Âł8P 2OKDU´ LQGLFD FRPR 5XEHP $OYHV SURS}H diĂĄlogos que combinam com o seu prĂłprio olhar, numa linguagem diferenciada, que comunica e desperta nos sujeitos a sensibilidade e o pensamento. $ VHomR Âł$UWLJRV´ LQLFLD VH FRP R WH[WR Âł8PD QRYD LJUHMD QXPD QRYD HUD XPD DSUR[LPDomR DR Praephatio Super Apocalypsim, de JoaTXLP GH )LRUH´ GH 9DOWDLU $ 0LUDQGD 2 DUWLJR PRVWUD D UHODomR HVWDEHlecida pelo abade calabrĂŞs entre o Apocalipse de JoĂŁo, Ăşltimo livro do cânon das Escrituras cristĂŁs, e a histĂłria da Igreja. Adriano Sousa Lima, em Âł5HLQR GH 'HXV H PLVVmR QR FRQWH[WR GR SOXUDOLVPR UHOLJLRVR´ DSUHVHQWD RV SRVVtYHLV GHVDÂżRV SDUD D SUiWLFD PLVVLRQiULD QR FRQWH[WR GR SOXUDOLVPR UHOLJLRVR 2 DUWLJR SURFXUD LGHQWLÂżFDU DSUR[LPDo}HV HQWUH XPD FULVWRORJLD no pluralismo religioso, sem desvalorizar ou apagar a singularidade da perspectiva interna da fĂŠ cristĂŁ, segundo a qual Jesus Cristo permanece QRUPDWLYR SDUD ÂłR HQFRQWUR FRP D UHDOLGDGH ~OWLPD´ Âł3DVWRUHV $VVHPbleianos na Universidade: a polissemia assembleiana da terceira geração SDVWRUDO´ GH *HGHRQ )UHLUH GH $OHQFDU p XPD DQiOLVH GR QRYR estamento assembleiano – pastores com curso universitĂĄrio e/ou pĂłs-graduação –, em especial suas condutas e tendĂŞncias doutrinĂĄrias e polĂ­ticas. 2V GRLV WH[WRV ÂżQDLV HVWmR UHODFLRQDGRV FRP GLVVHUWDo}HV GH PHVWUDGR DSUHVHQWDGDV QR 3URJUDPD GH 0HVWUDGR 3URÂżVVLRQDO HP &LrQFLDV GDV 5HOLJL}HV GD )DFXOGDGH 8QLGD GH 9LWyULD Âł4XDQGR R VDJUDGR IDOD 2 DXWRU QR GLVFXUVR UHOLJLRVR´ GH )DELDQR $ &RVWD /HLWH WHQGR FRPR UHferĂŞncia a Umbanda, focaliza a oralidade do enunciador diretamente para R FR HQXQFLDGRU QD OLWXUJLD UHOLJLRVD GHVLJQDGD ÂłFRQVXOWD´ Âł$ /LWHUDWXUD ApocalĂ­ptica e o Livro dos Vigilantes: o Problema do Mal no Livro EtĂ­oSH GH (QRTXH´ GH ÆQJHOR 9LHLUD 6LOYD XP UHVXPR GD GLVVHUWDomR GR autor, mostra como o Livro dos Vigilantes recolhe um conjunto de tradio}HV H[LVWHQWHV QD pSRFD GR HVFULWR TXH UHVXOWDUDP QXPD H[SOLFDomR DSRcalĂ­ptica da etiologia e desenvolvimento do mal em meio Ă humanidade. JosĂŠ Adriano Filho


A Literatura ApocalĂ­ptica e o Livro dos Vigilantes: 2 3UREOHPD GR 0DO QR /LYUR (WtRSH GH (QRTXH 6,/9$ ÆQJHOR 9LHLUD A Literatura ApocalĂ­ptica e o Livro dos Vigilantes: o Problema do Mal no Livro EtĂ­ope de Enoque. 'LVVHUWDomR GH 0HVWUDGR 3URÂżVsional em CiĂŞncias das ReligiĂľes. Faculdade Unida de VitĂłria – ES, 2013. Os Anjos proporcionaram-me a visĂŁo d’Ele, e deles ĂŠ que eu aprendi tudo; por meio deles tambĂŠm me foi dado compreender as coisas que pude ver, mas nĂŁo em relação Ă geração presente, mas sim em relação a uma geração futura. (1 Enoque 1.1) É bom que as literaturas apocalĂ­pticas do passado estejam sendo UHGHVFREHUWDV 3DXO ' +DQVRQ

Não foram poucos teólogos, estudantes da religião e curiosos que, ao indagarem sobre o tema desta dissertação, descreviam a literatura apocalíptica como o próprio Apocalipse canônico de João ou como a escatologia enquanto matÊria da teologia sistemåtica cristã; atÊ mesmo suporam que fosse alguma das hermenêuticas milenaristas mais recentes, como o dispensacionalismo. A maioria das indagaçþes, entretanto, tinha fulcro no desconhecimento dos interlocutores sobre esse campo de estudo. Desenvolvido um espanto inesperado, gerou-se uma suspeita diåria que a apocalíptica necessitava ser mais evidenciada; o que estava obscuro precisava ser esclarecido ou, literalmente, revelado. Apesar disso, a temåtica estå em constante ascensão entre os estuGLRVRV &RPR DWHVWDP 3DXO ' +DQVRQ1 e George W. E. Nickelsburg2, 3URIHVVRU QD )DFXOGDGH GH 7HRORJLD GD 8QLYHUVLGDGH GH +DUYDUG 86$ H FRQVLGHUDGR um dos maiores especialistas na årea de apocalíptica, profecia hebraica, literatura judaica do Segundo Templo e religião das antigas culturas mesopotâmicas e Egito. 2 Especialista em literatura do Segundo Templo e professor emÊrito na Universidade GH ,RZD 86$ QR 'HSDUWDPHQWR GH (VWXGRV GD 5HOLJLmR 1


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ocorreu uma mudança dramåtica nas últimas duas dÊcadas quanto à apoFDOtSWLFD XPD YH] TXH QRYRV HVWXGRV DUWLJRV HQVDLRV PRQRJUi¿FRV Fitedras em estudos judaicos em universidades, cursos, etc., têm demonstrado convincentemente o crescimento desse tema no mundo acadêmico. Assim, a dissertação instrumentaliza-se como um ensaio vigoroso em creditar valor a um conteúdo desconhecido, outrora esquecido, mal interpretado ou, atÊ mesmo, ignorado. 1DWXUDOPHQWH Ki SUREOHPDV TXDQWR DR VLJQL¿FDGR ODWHQWH GD OLWHUDWXUD DSRFDOtSWLFD GD REUD HQyTXLFD H GD H[SOLFDomR VREUH R PDO DGYLQGR DRV KRPHQV SHORV 9LJLODQWHV FDtGRV 7DPEpP Ki GL¿FXOGDGHV SUHFRQFHLWXRVDV HP ERD SDUWH GRV SHVTXLVDGRUHV GH WH[WRV EtEOLFRV3 (principalmente os protestantes, círculo de onde proveem as maiores críticas a apócrifos4 e pseudoepígrafos). No entanto, a despeito dos apócrifos e SVHXGHStJUDIRV ¿FDUHP ³IRUD GR FkQRQ MXGDLFR H FULVWmR QmR GHL[DUDP por isso de constituir verdadeiros desenvolvimentos da tradição bíblica DQWHULRU RUDO RX HVFULWD´5. Assim, entre o oculto, o preconceito6 e uma SURSRVWD WROHUDQWH D XWLOL]DomR GH XP WH[WR SVHXGRHSLJUDIDGR ¹ VHMD SHORV DUJXPHQWRV GD IDPLOLDUL]DomR ¿QV GH rQIDVH VLPSDWLD RX YDOLGDomR GD SURIHFLD GHQWUH RXWURV ¹ QmR FRPSURPHWH R WHRU GR WH[WR FDQ{QLFR tanto para esse como para aquele. 3

Para mais pontos de vista acerca das obras apócrifas e pseudo-epígrafas, consulte, SRU H[HPSOR 0F$57+85 -RKQ 1RYR 7HVWDPHQWR &RPHQWiULR. Chicago: Moody Publishers, 2005, p. 62; GREEN, Michael. 2 Pedro e Judas: Introdução e ComenWiULR. São Paulo: Vida Nova, 1983, p. 169; BOOR, Werner. Cartas de Tiago, Pedro, João e Judas. Curitiba: Esperança, 2008, p. 176; CALVIN, John. Commentaries on the Epistle of Jude. Michigan: Grand Rapids, 1979, p. 442-443; BRUCE, F. F. CoPHQWiULR %tEOLFR 19, $QWLJR H 1RYR 7HVWDPHQWRV. São Paulo: Vida, 2008, p. 2000; BARCLAY, Willian. Judas. São Paulo: Vida, 1989, p. 53. 4 9HU R FRQFHLWR GH DSyFULIR XVDGR SRU -HU{QLPR HP *$%(/ - % :+((/(5 Charles B. A Bíblia como Literatura. 2ª Ed. São Paulo: Loyola, 1990, p. 158. 5 BARRERA, Julio Trebolle. A Bíblia Judaica e a Bíblia Cristã: Introdução à História da Bíblia. 2ª ed. Petrópolis: Vozes, 1999, p. 207. 6 COLLINS, John J. A Imaginação Apocalíptica: uma Introdução à Literatura Apocalíptica Judaica. São Paulo: Paulus, 2010, p. 17. Esse preconceito tambÊm se då pelo esoterismo, atribuindo à obra enóquica as origens da Cabala, como sugerido em 38*/,(6, 0iUFLR /,0$ 1RUEHUWR GH 3DXOD 7UDGV O Livro de Enoch: o Livro das Origens da Cabala. &XULWLED +HPXV &RQVXOWH WDPEpP 5HHG S e LAURENCE, Richard. The Book of Enoch, the Prophet 2[IRUG 6 &ROOLQJZRRG 1838, p. LV.


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Não Ê adequado rechaçar quaisquer literaturas não canônicas sem um minucioso estudo de caso, pelo menos. O pseudoepígrafo livro etíope de Enoque (composto entre os sÊculos IV a. C e I e. C.7 SRU H[HPSOR SRGH VHU IDWDOPHQWH H[FOXtGR GH FtUFXORV DFDGrPLFRV VXD SRVVtYHO contribuição aos escritos judaicos e sua utilização no cânon bíblico não VHU H[SOLFDGD DR FULVWmR8 H VHX YDORU OLWHUiULR HVTXHFLGR +i HVSHUDQoD porÊm; Ê o alvorecer da apocalíptica! Para tanto, a natureza geral das fontes dessa pesquisa foi bibliogrå¿FD 3DUD R FDPSR GD OLWHUDWXUD DSRFDOtSWLFD H R HVWXGR GH FDVR TXDQWR DR problema do mal, os referenciais teóricos são os jå citados peritos ameULFDQRV 3 ' +DQVRQ -RKQ - &ROOLQV9, G. W. E. Nickelsburg, Annette Yoshiko Reed10, dentre outros. A fonte primåria do livro enóquico serå a tradução da obra publicada pela Editora Cristã Novo SÊculo11, bem como RV OLYURV VLQJXODUHV GH -DPHV + &KDUOHVZRUWK12. 7

Procurou-se utilizar uma terminologia cronolĂłgica mais neutra, tendo como determiQDQWH D H[LVWrQFLD FRPXP GH -XGDtVPR H &ULVWLDQLVPR FRQVHTXHQWHPHQWH D (UD &Rmum (E.C.) e antes da Era Comum (a.E.C.). Dentre outros, esse ĂŠ o modelo utilizado SRU 1,&.(/6%85* S 8 A despeito do tempo atual e do assunto principal da dissertação, inteirar-se que hĂĄ muitas discussĂľes na histĂłria da Igreja cristĂŁ sobre a possĂ­vel utilização de um pseuGRHStJUDIR HP WH[WRV FDQ{QLFRV p LQGLVSHQViYHO 0HVPR TXH QmR VHMD R IRFR DTXL para mais detalhes sugere-se as obras de TERTULIANO; The Apparel of Women. :KLWHÂżVK .HVVLQJHU 3XEOLVKLQJ S H 6&+$)) 3KLOLS Nicene and PostNicene Fathers. Series II – Vol. 3. Michigan: Christian Classics Ethereal Library, S H 1,&+2/$6 -U :LOOLDQ & I Saw the World End: an Introduction to the Bible’s Apocalyptic Literature 1HZ -HUVH\ 3DXOLVW 3UHVV S H +$/( Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p. 294; e FABRIS, Rinaldo (Org.). Problemas e Perspectivas das CiĂŞncias BĂ­blicas. SĂŁo Paulo: Loyola, 1993, p. 48. 9 Professor de crĂ­tica e interpretação do Antigo Testamento na Faculdade de Teologia de Yale, USA. Pesquisador nas ĂĄreas de apocalĂ­ptica, sabedoria, judaĂ­smo helenĂ­sWLFR PDQXVFULWRV GR 0DU 0RUWR WH[WRV KHEUDLFRV H REUDV GR SHUtRGR GR 6HJXQGR Templo. 10 Doutora pela Universidade de Princeton, USA, especialista em JudaĂ­smo do Segundo Templo e lĂ­nguas antigas, incluindo o etĂ­ope Ge’ez. 11 RODRIGUES, ClĂĄudio J. A. ApĂłcrifos da BĂ­blia e PseudepĂ­grafos. SĂŁo Paulo: Editora CristĂŁ Novo SĂŠculo, 2004, p. 260-275. 12 Especialista em literatura enĂłquica, livros apĂłcrifos e pseudoepĂ­grafos nas BĂ­blias hebraica e cristĂŁ. Professor de literatura e linguagem do Novo Testamento e Diretor do 3URMHWR Âł3HUJDPLQKRV GR 0DU 0RUWR´ GR 6HPLQiULR 7HROyJLFR GH 3ULQFHWRQ Âą 86$


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0HWRGRORJLFDPHQWH DOpP GD LQWURGXomR H FRQVLGHUDo}HV ÂżQDLV Ki trĂŞs divisĂľes que se constituiram os trĂŞs capĂ­tulos da dissertação. A proposta foi centrĂ­peta, ou seja, considerando o estudo de caso (o problema GR PDO QR /LYUR GRV 9LJLODQWHV FRPR R FHQWUR GD SHVTXLVD R WH[WR VH dirigiu para seu propĂłsito de fora (estudo da literatura apocalĂ­ptica) para GHQWUR H[DPH GR /LYUR GRV 9LJLODQWHV 2 REMHWLYR IRL SURFXUDU DSUR[LPDU VH HÂżFD]PHQWH GR FHQWUR VROLGLÂżFDQGR XP ERP WH[WR HP SRUWXJXrV H FRQFOXLQGR D GLVVHUWDomR FRP r[LWR A busca pelos elementos constitutivos da apocalĂ­ptica estĂĄ profundaPHQWH SUHVHQWH QRV OLYURV VREUH R DVVXQWR H p XP GHVDÂżR FRQKHFLGR GRV HVSHFLDOLVWDV GD iUHD 7RGR R HVIRUoR VH FRQFHQWUD QD SURFXUD RX GHÂżQLomR da estrutura e conteĂşdo da literatura apocalĂ­ptica, como o paradigma-mestre sugerido por John Collins13. O procedimento nĂŁo pode mudar, visto TXH p IXQGDPHQWDO SDUD D FRPSUHHQVmR GRV WH[WRV GHVVH JrQHUR SHFXOLDU DRV MXGHXV ,GHQWLÂżFDU DV QRo}HV HOHPHQWDUHV GD KLVWyULD H GR FRQWH~GR TXH formaram a apocalĂ­ptica ĂŠ o que se propĂľe elaborar na dissertação. Mesmo que as origens da apocalĂ­ptica sejam aparentemente obscuras14, a busca por fontes de pesquisa para essa dissertação corrobora FRP XP SRVLFLRQDPHQWR GH -RKQ &ROOLQV GHÂżQLWLYDPHQWH Ki XPD TXDQWLGDGH H[WUDRUGLQiULD GH OLWHUDWXUD DFDGrPLFD TXH VH GHYRWRX j EXVFD GDV origens da apocalĂ­ptica e ao entendimento de que um apocalipse nĂŁo ĂŠ simplesmente um gĂŞnero conceitual da mente, mas ĂŠ gerado por circunstâncias sociais e histĂłricas15. Note: a apocalĂ­ptica ĂŠ resultado de tais circunstâncias como um Âł3DQĂ€HWR RX 0HPRULDO SDUD D pSRFD´16 $ LPSRUWkQFLD GHVVD DÂżUPDomR estĂĄ na contribuição indiscutĂ­vel de tais momentos para a formação do JrQHUR OLWHUiULR e SRVVtYHO DÂżUPDU TXH QD GHQRPLQDGD $QWLJXLGDGH D SDUWLU GR VpFXOR ,,, D & Mi H[LVWLD XPD WUDGLomR GH LGHLDV DSRFDOtSWLFDV17, 13

14 15

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COLLINS, John J. (Ed.). Apocalypse: The Morphology of a Genre. Semeia 14, 1979, p. 5-8. RUSSELL, 1997, p. 7. Ainda que se tenha poucas informaçþes sociológicas sobre os movimentos que produziram a literatura apocalíptica judaica, segundo COLLINS, 2010, p. 43, 46; COLLINS, 1979, p. 21. RUSSELL, 1997, p. 35. BARRERA, 1999, p. 231; e RUSSELL, 1997, p. 5.


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PHVPR TXH QmR VH SRVVD DÂżUPDU ÂłTXH D DSRFDOtSWLFD PDLV DQWLJD VHMD IUXWR ~QLFR GH XPD UHDomR FRQWUD R KHOHQLVPR´18. É indispensĂĄvel, portanto, conhecer as circunstâncias tĂ­picas, histĂłULFR VRFLDLV TXH IRUPDUDP D OLWHUDWXUD DSRFDOtSWLFD SRLV RV WH[WRV GHVVH JrQHUR SDUWLOKDP ÂłXP JUXSR VLJQLÂżFDWLYR GH FDUDFWHUtVWLFDV TXH R GLVWLQJXHP GH RXWUDV REUDV´19. Em tese, as informaçþes obtidas em pesquisa foram condensadas em dois aspectos constituintes fundamentais: uma literatura resultante de perseguição e uma literatura composta por diversas fontes. Por isso, os caracteres distintivos da literatura apocalĂ­ptica sugeriGRV QmR VmR XPD OLVWDJHP FRPXP H HVJRWDGD PDV SUHWHQGHP YHULÂżFDU H H[SRU DV FDUDFWHUtVWLFDV HVVHQFLDLV GR FRQWH~GR PDLV HYLGHQWHV QHVVDV obras pluriformes, dedicando-se Ă construção de uma estrutura coerente, DR H[HPSOR GH 6HPHLD REMHWLYDQGR ÂłFRQIHULU SUHFLVmR´ DR corpus apocalĂ­ptico20. Nas pesquisas destacaram-se muitos princĂ­pios que precisaram ser abreviados em, pelo menos, dez aspectos principais, a começar de uma IRUWH SHUVSHFWLYD HVFDWROyJLFD D SHUVSHFWLYD HVFDWROyJLFD D VLJQLÂżFDomR histĂłrica, a defesa radical dos justos, a utilização de pseudĂ´nimos21, a quaOLÂżFDomR KHUPpWLFD D PDQLIHVWDomR GH YLV}HV D HÂżFLrQFLD VLPEyOLFD D QDtureza dramĂĄtica, o antagonismo dualista e a recriação do cosmos. Considerando a apocalĂ­ptica como a literatura de resistĂŞncia dos oprimidos e a necessidade de resolver um problema histĂłrico a partir da justiça GLYLQD D REUD LPSXWDGD D (QRTXH ÂłR OLYUR GRV 9LJLODQWHV WHP FDUDFWHUtVWLFDV PDUFDQWHV GH XPD WHRGLFHLD´22, ou pelo menos abarca tentativas GH HQIUHQWDU H[SHULrQFLDV PDO DWULEXtGDV D SHUPLVVmR GLYLQD23, ou, quem 18

Em virtude de dispormos de um corpo de escritos enóquicos cuja composição pode ser datada meio sÊculo antes da revolta dos macabeus e tambÊm anterior à composição do apocalipse canônico de Daniel, de acordo com BARRERA, 1999, p. 232, 233-234; e STONE, Michael E. Select Studies in Pseudepigrapha & Apocripha with Special Reference to the Armenian Tradition. Leiden: Brill Academic Pub, 1991, p. 194. 19 COLLINS, 2010, p. 21. 20 COLLINS, 2010, p. 22, 23. 21 3VHXGRHStJUDIRV VLJQL¿FD ³FRP IDOVD VXEVFULomR´, jå que são escritos sob nome preVXPLGR GH DFRUGR FRP 5866(// S YHU WDPEpP *$%(/ :+((/(5 S H ',720$662 785&(6&8 S 22 TERRA, 2010, p.48. 23 NEUSNER, 2003, p. 87.


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sabe, enfatiza que o evento nĂŁo nega a origem sobre-humana do mal, mas mantĂŞm os seres humanos responsĂĄveis pelas açþes pecaminosas que cometem24. No momento que propĂľe conciliar Deus e a religiĂŁo em face do mal ou ser uma tentativa25, a prĂłpria teodiceia se torna um problema. 3HQVDU QD RULJHP GR PDO VLJQLÂżFD GHWHUPLQDU R TXH SUHFLVD VHU FRPbatido, com o quĂŞ ou contra quem se precisa lutar... o (s) adversĂĄrio (s). A queda e/ou rebeliĂŁo angelical consegue tornar o mal no mundo uma realidade independente de Deus e, posteriormente, contra o Criador e a criaomR $VVLP GHÂżQLWLYDPHQWH D DSRFDOtSWLFD FULD XP PXQGR RFXOWR GH DQMRV santos e rebeldes, cuja açþes sĂŁo diretamente relevantes para o destino dos homens. Disso deriva o pensamento apocalĂ­ptico adaptado da religiĂŁo perVD ÂłXPD OXWD HQWUH XP SULQFtSLR GR EHP H XP SULQFtSLR GR PDO´26. O mal se originou na rebeliĂŁo angelical e se proliferou mediante enVLQDPHQWRV LQGHYLGRV GRV YLJLODQWHV FDtGRV DRV ÂżOKRV GRV KRPHQV EHP FRPR QD XQLmR VH[XDO LOtFLWD GHVVHV FRP DV ÂżOKDV GRV KRPHQV $SDUHQtemente, os anjos podiam ensinar aos homens o que era permitido por Deus, jĂĄ que o escriba da justiça inicia suas palavras informando que aprendeu tudo com os anjos, os Vigilantes (1 Enoque 1.1), um destaque apropriado para a epĂ­grafe dessa dissertação. Nesse Ă­nterim, o problema do mal que vitimiza a humanidade pode ser dividido em, pelo menos, dois aspectos: os ensinamentos proibidos27 (o mal na manufaturação, na feitiçaria, na adivinhação) e o nascimento e a violĂŞncia dos gigantes. $ SUROLIHUDomR GR PDO VH DPSOLÂżFD FRP R UHVXOWDGR GD XQLmR VH[XDO LOtFLWD GRV DQMRV FDtGRV FRP DV ÂżOKDV GRV KRPHQV $SHVDU GH UHFHSWRras e transmissoras do conhecimento adquirido, mais uma vez, qualquer mal oriundo da humanidade ĂŠ despido pelo imaginĂĄrio de mulheres que nĂŁo agem por conta prĂłpria, mas sĂŁo violadas pelos vigilantes rebeldes. 6$&&+, H &2//,16 DSXG 1(861(5 S BIRNBAUM, David. *RG DQG (YLO D 8QLÂżHG 7KHRGLF\ 7KHRORJ\ 3KLORVRSK\. 5th HG +RERNHQ .WDY 3XEOLVKLQJ +RXVH S ;9,,, 7DPEpP VH VXJHUH D OHLWXUD dos principais tipos de TeodicĂŠia resumidos por SAYĂƒO, 2012, p. 36-39. 26 %/$1. S 27 +DUPRQL]R PLQKD RSLQLmR FRP 5HHG TXH DFHUWDGDPHQWH SHUFHEHX H FULWLFRX R IDWR de poucos estudos em apocalĂ­ptica tratarem dos ensinamentos proibidos em primeiro SODQR HP 5((' 9ROXPH S 'H IDWR D JUDQGH PDLRULD GRV WH[WRV TXH H[DPLQDP R /LYUR GRV 9LJLODQWHV RX SDUWH GHOH VH GHGLFDP DR 0LWR GRV 9LJLODQWHV (1 Enoque 6-11) e sua possĂ­vel releitura (1 Enoque 12-16). 24 25


REFLEXUS - Revista de Teologia e CiĂŞncias das ReligiĂľes

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*UiYLGDV DV PXOKHUHV JHUDUDP RV PHJD JLJDQWHV ³EDVWDUGRV´28, que consumiram todas as provisþes de alimentos dos demais homens. Em síntese, o Livro dos Vigilantes Ê uma resposta à origem do mal. 1R WH[WR RV DQMRV UHEHOGHV RV JLJDQWHV H RV GHP{QLRV VmR D FDXVD IDWtGLca do mal no mundo. A humanidade, por sua vez, Ê vítima do mal advinGR GRV FpXV 3RUWDQWR D H[SDQVmR GR FRQMXQWR GH WUDGLo}HV VXEVWDQFLDLV H[LVWHQWHV QD pSRFD GR HVFULWR UHVXOWDUDP HP XPD H[SOLFDomR DSRFDOtSWLca da etiologia e desenvolvimento do mal no meio da humanidade. &RQFRUGDQGR FRP +DQVRQ H -RKQ &ROOLQV H HP SDUWH FRP Nickelsburg, a conjunção de elementos que då origem e vida à apocaOtSWLFD LQGXELWDYHOPHQWH HQYROYH R SUREOHPD GR PDO FRPR MXVWL¿FDWLYD para o pessimismo, o determinismo, o dualismo, o messianismo, dentre RXWURV 2 PLWR UHVSRQGH ³D SHUJXQWDV SHOD H[LVWrQFLD H SUREOHPD GR PDO e dos seres malignos no mundo, dando sentido e servindo de interpreWDomR GD KLVWyULD YLYLGD´29. Naturalmente, o modelo enóquico Ê um dos três30 agrupamentos de elementos encontrados nos mitos judaicos sobre o advento do mal no mundo.

%/$&. 0DWWKHZ 9$1'(5.$0 -DPHV & The Book of Enoch or 1 Enoch. Leiden: Brill Academic Pub, 1985, p. 14-15. São tambÊm conhecidos pelo termo ³QHSKLOLP´, termo tratado principalmente como nome próprio ou designação de uma UDoD PtWLFD GH JLJDQWHV 3DUD WDO WHPD UHFRPHQGR R WH[WR GH 5RQDOG +HQGHO HP $8))$57+ 678&.(1%58&. S 29 TERRA, 2010, p. 30. 30 Os outros dois modelos são o Adâmico e um modelo de transição. Cf. BARRERA, 1999, p. 232. 28


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