Ag ts16 | livro digital

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FICHA TÉCNICA Título: Árvore Generosa 2 Encenação e Ilustração: Patrícia Reis Coreografia: Ana Raimundo Autores/Atores: João Araújo | Maria Emília Crespo | Ana Cristina Noronha | Isabel Silva | Maria Gabriela Martins | Maria Margarida Moreira | Maria Helena Fernandes | Adelina Mendeiros Pedro | Joaquim Penim Supervisão: Paulo Pires Música: Nuno Lacerda Som: José Rosendo Vídeo: Pedro Costa Luz: Mário Marinheiro Apoio: Sofia Amigo | Rosendo Amigo | Rita Machado | Kritina Leong | Renato Mirão Grafismo e Paginação: Fernando Pinto © 2016, animepaf.org www.animepaf.org

© Esta brochura é parte integrante do Workshop Sénior | A´rvore Generosa, estando reservados todos os direitos de publicação em Português e da tradução para todas as línguas. Proibida da reprodução ou transcrição de qualquer parte do texto e imagem por qualquer meio, mecânico ou eletrónico, incluíndo fotocópia, sem o consentimento do editor.


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JOAQUIM PENIM 5 “Com os teus pelos ao vento e a cauda a “dar que dar” Eu já não te aguento Não consigo equilibrar-me Pelos campos e caminhos Saltas, corres e paras para me esperar. Agachas-te… e os teus olhinhos Não se cansam de me fixar. É assim que te recordo “Monte de pelo enrolado” E é assim que quando acordo Ainda te vejo ao meu lado.”


CRISTINA NORONHA

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Ainda te vejo ao meu lado… Tinhas 10 anos e como qualquer criança tinhas uma energia que me enchia os dias, tu e a tua irmã eram a minha alegria e a minha forma de viver. Sim…a vida foi generosa para comigo através da família, especialmente por vos ter. Mas assim como foi generosa também me colocou à prova, a verdade é que dizem que só é colocado à prova quem consegue superar o insuperável. Enfim, a vida está difícil e sem trabalho nem forma de conseguir criar melhores condições, a proposta que recebi foi inesperada… Estou fora do país e posso ajudar-vos cuidando dos nossos filhos aqui, dando-lhes um futuro melhor, mas terás de os deixar vir. Não fui capaz, o meu coração de mãe ficou pequenino, sem forças e a sentir-se num beco sem saída, eu sabia que era o melhor para eles, a minha filha recusou logo a ideia, mas o meu filho achou que seria bom para ele estar com o pai… O divórcio, esse deixou um vazio e ele queria poder ter uma oportunidade… Não era eu que lhe ia roubar os seus sonhos… tive de falar com muitas pessoas e passei noites em branco, achei mesmo que o meu coração não iria suportar tal dor e amargura. Mas olhei para os teus olhos, meu filho e acreditei que serias feliz e que nunca te esquecerias de mim…o meu coração parou no dia que te vi partir…A verdade é que olho e 24 anos depois ele é um homem feliz e realizado…e sim a vida foi generosa comigo porque consegui suportar esta dor que não tem explicação…


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Sou um apoio, o que tenho para dar são os afetos na forma de amor, proporcionando bem-estar, e contribuir para que o outro seja um pouco mais feliz. Pois é ultimamente tenho partilhado largas conversas com a minha vizinha, que como se encontra já com uma idade avançada, procuro roubar-lhe um sorriso e uma gargalhada, eu gosto de rir e não sei se resolve, mas muitas vezes é um remédio.


MARIA EMÍLIA CRESPO

O meu remédio é o amor, na forma da minha família, das amizades, sabem sou feliz ajudando os que me são próximos, ou de qualquer outro meio que esteja ao meu alcance. Faço-o de coração sem qualquer recompensa, bastando uma palavra amiga de gratidão. Este tema não me é muito fácil de partilhar pois como diz o povo, com razão: o que se dá com a mão direita, a esquerda deve ignorar.

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Numa bela manhã de verão nasceu uma menina, como tantas outras, de olhos azuis, fruto de um grande amor. Amor, esse que ajudou a torná-la mulher, esposa e mãe. Trabalhou durante 37 anos. Foi funcionária, chefe e colega, cumprindo os seus deveres com dignidade e respeito por quem com ela convivia. Ainda hoje é acarinhada por todos. Mãe de 3 meninas amorosas, as melhores aos seus olhos, avó babada do João, Joana, Mafalda, Sofia e Tiago e dos bisnetos Matilde e do recém-nascido Gustavo que todos adoram. Mas ainda estão a chegar a Francisca e o Martim. Digam lá se isto não é o melhor que a vida pode dar a alguém?!! Passando por várias fazes da sua vida, com momentos bons, outros nem por isso, soube ultrapassar e hoje é uma mulher de fé que agradece a Deus o dom da vida.

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MARIA HELENA FERNANDES

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O dom da vida foi me dado com muito amor. Ao nascer dei o meu primeiro choro à vida. Seguiram-se os sorrisos, os primeiros passos, as gargalhadas e as birras que fui oferecendo à vida inconsciente de que todas estas pequeninas coisas de infância tinham dado tanta alegria e amor à vida daqueles que me rodeavam. Cresci, tornei-me menina e depois mulher, estudei, formei-me, trabalhei sem me dar conta de que o fluxo da minha vida estava contribuindo com amor, ajuda e responsabilidades para com a família, amigos e de alguma forma para o bem comum. Dei vida à vida com o nascimento dos meus dois filhos. O amor, a dedicação e educação que lhes dei contribuíram para a sua vida como seres humanos responsáveis e amigos do próximo. Dei vida com sementes que plantei, com água que dei às flores, com árvores que plantei, com as migalhas de pão que dou aos pássaros, com a comida aos animais que têm feito parte da família.


Dos meus pais recebi um bem precioso, a vida. E a vida deu-me mãos carinhosas que me acariciavam e embalavam com doces cantigas de amor. Mãos que me ensinaram a valorizar o melhor que a vida tinha para me oferecer. A vida tem sido generosa comigo! Deu-me o ar que respiro, o amor e amizade, a fé, o brilho das estrelas, a luz do sol para me aquecer, a água para matar a sede, a sombra das árvores, o canto dos pássaros, tristezas, alegrias, gratidão, derrotas e vitórias. Concedeu-me o dom de ser mãe! E deu-me a conhecer um amor infinito, incondicional, um amor sem limites. Agraciou-me com a extensão dos meus filhos, os netos, e com eles a vida fez de mim mãe pela segunda vez. Deu-me bens materiais e a sabedoria que os bens materiais não são essenciais para a nossa felicidade.

Obrigada à vida por tudo o que ela me deu!

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ISABEL SILVA

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O que ela me deu… a conceção de um ser, o seu nascimento, o seu desenvolvimento é da responsabilidade dos pais. O meu tempo de gravidez vivi-o com intensidade e ansiedade: saber se seria menino ou menina, na altura só se sabia na “hora”, saber se seria saudável, saber como iria correr o parto, enfim nove meses de muitas emoções! E com o nascimento dos meus três netos senti as mesmas preocupações, talvez mais, porque a idade também nos torna mais emotivos e responsáveis. Isto para mim é a maior generosidade que a vida nos pode dar: o nascimento de seres perfeitos e saudáveis.


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A generosidade nasce com as pessoas, ser generoso é compartilhar com o próximo, é dar sem esperar nada em troca, é ser humilde, é não ser egoísta. Quando estudava na escola tentei sempre ajudar quem mostrava ter mais dificuldades, no trabalho sempre fiz gosto em partilhar conhecimentos com os mais novos, na vida em geral tento sempre partilhar nem que seja apenas alegria e amor! Ser generoso também nos faz mais feliz!


MARIA MARGARIDA MOREIRA Feliz… Generosa me senti com a Vida quando visito a caixa da memória e encontro a carta que relembra como um dia acordei não era mais menina, era mulher, cumpria tarefas de uma dona de casa , ora limpava, ora cozinhava, tudo o que a vida compete na escola as crianças e em casa a Companhia era como uma criança , sem noção da realidade tendo birras, e a Vida cheia de Problemas, Momentos tristes… Foi triste … lutou acreditou em si mesma e firme entregou-se Generosamente a causa de cuidar de uma pessoa que não podia Viver só, deixando-se ficar numa imensa solidão que ofereceu á vida durante largos anos cumprindo a sua tarefa . Vida Difícil… 14

E REJEIÇÃO… o que podemos pensar nascemos mulher quando se esperava um homem, trazendo algum problema cardíaco difícil de resolver na época, ficou proibida de ser criança, Correr, Saltar, tudo o que fosse movimento… quebra as expetativas… torna-se adulta passaram anos… teimou, casou, teve filhos a ciência evolui problema Se soluciona… e a Vida Generosamente deu Vida á Vida, aquela que parecia nunca existir. E nesta luta de Vida. VENCEU… Só se pode dizer OBRIGADA VIDA.


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MARIA GABRIELA MARTINS

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Obrigada vida…não sei bem se a vida foi ou não generosa comigo! Como qualquer um de vós exijo sempre mais e melhor e por vezes culpo-a das minhas decisões e de todos os momentos menos bons que passei… No entanto, a vida ensinou-me o caminho a percorrer a lutar por aquilo que queria e acreditar. Aí sim, sem dúvida a vida foi e será sempre generosa comigo…assim quero acreditar.


Sabes é difícil de falar da minha generosidade, pois pergunto-me se sempre fui suficientemente generosa? Sou solidária, faço o bem sem olhar a quem, simplesmente faço o que a minha consciência dita e não o que a sociedade hipócrita exige. Sabes o mundo seria muito melhor se fossemos todos generosos…

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JOÃO ARAÚJO

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Se fossemos todos generosos… Não me preocupo em saber se sou ou não generoso. Relaciono-me com os outros fazendo o que acho que é bom para mim e evitando o que não gosto que me façam. No meu comportamento sigo o princípio de que todos somos iguais e que o que é natural é sermos generosos, tratando todos de igual forma.


A vida, em geral, não me parece ter sido generosa comigo. O que sou e o que tenho é o resultado de iniciativas minhas. Num ou outro momento reconheci ter havido generosidade para comigo: Debatia uma questão de grande importância e um amigo, expondo-se ao risco de ser prejudicado profissionalmente, juntou argumentos aos meus para dar maior dimensão às minhas razões, que acabaram por dar o melhor resultado possível.

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ADELINA MENDEIROS

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O resultado? A generosidade, mas o que é a generosidade? Um valor? Uma virtude? É dar? É partilhar? É repartir? Distribuir? É pôr algo de nós, ao serviço dos outros? Para mim, é tudo isso…e é a minha avó Odete, a avó da minha infância. É dela que eu me lembro, quando se fala de generosidade: Como dava, como partilhava, como repartia bens de primeira necessidade com os vizinhos que deles precisavam, dia após dia, ao longo dos anos que viveu, que não foram muitos, infelizmente, mas que foram muito generosos, ao seu jeito.


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A mim, deu-me tudo o que eu queria e ela podia: as guloseimas infantis, os mimos, a sua proteção… o seu doce olhar. Dizem que as avós são duas vezes mãe. A minha avó Odete foi muito mais do que minha mãe, muitas vezes, vezes sem se dar conta, sempre. E sempre generosamente!


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SINOPSE Assim como as árvores, a vida é generosa! E nós já fomos generosos com a Vida? Uma viagem pela existência de cada um de nós, através dos momentos simbólicos, em que fomos generosos e que nos sentimos gratos à vida. Assim como às árvores!

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Tantas são as vezes que a vida é generosa para nós, num gesto de um amigo, num sorriso de uma pessoa, no inexplicável divino, no ato do nascimento, no amor da família. Cada vitória, cada conquista são recheadas de muitos pequenos atos de generosidade. Foi com estas reflexões que nove elementos, durante quatro sessões da oficina de Teatro Sénior, construíram a peça com muita dedicação, partindo sempre das suas experiências. Apresentam a generosidade através do simbolismo de uma história, partilhando a generosidade da vida com a sua Árvore. Já foi generoso hoje?


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