Artigo sobre Empreendedorismo

Page 1

Empreendedorismo Ana Cristina Sousa Gonçalves

1

Este estudo aborda o que é o empreendedorismo, inicia um estudo de como nasceu o empreendedorismo e quais os princípios com que se rege, nesse estudo verificar-se-á que vários autores têm vindo a definir e defender ao longo dos séculos porque é realmente utilizado o termo empreendedorismo. Um ponto também de extrema importância neste estudo é o perfil do empreendedor, pois aborda-se e analisa-se quais as suas motivações, passadas e actuais e porque continuam a ser essas mesmas motivações que levam um indivíduo a ser um empreendedor. Verifica-se também que muitos acabam por ser casos de sucesso no empreendedorismo, descobrindo aí que têm perfil de empreendedor, que estava escondido dentro de si e, claro, tentando sempre aperfeiçoar para melhor empreender. Actualmente o empreendedorismo tem como principal causa da sua existência o crescimento económico, porque ao existir num país, este por sua vez gera emprego e riqueza num país, logo o crescimento económico é garantido. A posição do mercado actual faz com que haja carência de se fazer prevalecer o empreendedorismo, porque atrai e provoca interesse no indivíduo ao nível social, através dos seguintes factores: as dicas, as ferramentas, os incentivos e os detalhes. Este tornou-se de tal forma imprescindível na sociedade, que é impossível não

______________ 1

Aluna da Especialização Pós-

debater e estudar o que era e o que é o empreendedorismo na mesma onde se desenvolve. Embora actualmente, muitas das vezes

graduada em Informação

o empreendedorismo seja apenas utilizado como um meio de atingir

Empresarial (PIE). Licenciada em

uma realização pessoal, digamos que é visto como um caminho para

Ciências e Tecnologias da

realizar um sonho pessoal, o que demonstra que não tem que ser

Documentação e Informação

feito só necessariamente por uma necessidade económica.

(CTDI). Correio electrónico:

Palavras-chave: Empreendedorismo. Empreendedor. Empreender. Perfil do empreendedor. Estudo de caso

anacsgoncalves@sapo.pt


C

om a actual situação económica que o país atravessa, aumenta a necessidade das empresas se manterem no mercado, optando por procurar alternativas para conseguirem se distanciar da concorrência e aumentar a sua competitividade no

mercado. Com tudo isto temos também o aumento do desemprego, em que as pessoas se encontram numa situação de necessidade de arranjar emprego e como o mercado nem sempre responde as suas necessidades, optam por começar criar os seus próprios negócios. Por outro lado, os empresários que já estão no mercado ficam insatisfeitos por ter apenas um tipo de negócio, optando então por criar outros empreendimentos e novas ideias, colaborando assim também para uma evolução do empreendedorismo. O

actual

empreendedor

inovar

deve

ter

uma

grande

capacidade

de

constantemente, através de novas ideias que mudem a maneira de gerir as decisões que necessita tomar, para atingir o sucesso no empreendedorismo. Embora nem todos sejam

motivados

pela

necessidade,

pois

existem

casos

em

que

fazem

empreendedorismo motivados pela economia ou por herança de família à qual querem dar continuidade.

Esta

posição

empreendedorismo,

do

mercado

actual

faz

prevalecer

o

pois atrai pessoas e provoca interesse ao nível social, de tal

forma que se torna imprescindível debater sobre o tema, tendo sempre em conta este misto de factores: as dicas, as ferramentas, os incentivos e os detalhes. Porque muitos acabam por saber empreender, por serem casos de sucesso no empreendedorismo, descobrindo o empreendedor que estava oculto dentro de si e aperfeiçoando as suas melhores características para empreender.

1. O que é o Empreendedorismo?

A palavra

empreendedorismo é a tradução de entrepreneurshipe.

Este

termo foi utilizado para definir o explorador Marco Pólo, porque constituiu uma rota comercial para o oriente e conseguiu um contrato com um capitalista para vender as suas mercadorias, ficando assim conhecido como um empreendedor ousado.

The main difficulty in the entrepreneurship analysis is its delimitation. There is not a general definition of this concept.

(Galindo Martin, Méndez Picazo, & Alfaro Navarro, 2010)


Empreendedorismo

Não existe uma definição concreta sobre empreendedorismo, mesmo já tendo sido realizados muitos estudos para analisar e acrescentar conhecimento sobre o termo, o empreendedorismo tem vindo a conquistar mais força na sociedade, acabando por ter que ser objecto de estudo nas instituições de ensino e também já é um tema discutido e analisado em palestras e seminários. O

empreendedorismo analisa-se nos

estudos relativos ao empreendedor,

no perfil do empreendedor, no seu sistema

de actividades e meio de actuação.

É uma livre tradução que se faz da palavra entrepreneurship, que contém as idéias de iniciativa e inovação. É um termo que implica uma forma de ser, uma concepção de mundo, uma forma de se relacionar. (Dolabela, 2006, p. 31)

Dolabela (1999, p.43) defende que o termo

empreendedorismo é uma ciência

que estuda os aspectos relativos ao empreendedor,

que consiste em

designar seu perfil, especialmente a sua origem, sistema de actividades, e universo de actuação. Descreve o empreendedorismo como sendo as actividades que indivíduos prestam para a criação de competências, pode ser com a obtenção e alteração de conhecimentos em produtos e serviços, através do próprio conhecimento e inovação em diversas áreas. O

empreender;

empreendedorismo é ter iniciativa e a capacidade de

para tal, têm que se procurar soluções inovadoras para conseguir assim

resolver os problemas económicos e/ou sociais.

1.1. História do Empreendedorismo

O termo empreendedor/entrepreneur

surgiu na França entre os séculos XVII e

XVIII, mais tarde Jean-Baptiste Say, no início do século XIX, classificou “o empreendedor como o indivíduo capaz de mover recursos económicos de uma área de baixa para outra de maior produtividade e retorno” (Wikipédia). No século XX, Joseph Schumpeter define o empreendedor como um “indivíduo que reforma ou revoluciona o processo “criativodestrutivo” do capitalismo”, no século XVII, Richard Cantillon foi considerado um dos criadores do termo empreendedorismo, pois foi um dos primeiros autores a diferenciar o empreendedor como aquele indivíduo que assume riscos ao contrário do capitalista.

3 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

Já no século XVIII faz se a diferenciação entre o capitalista e o empreendedor, devido ao início da industrialização da Revolução Industrial. No o final do século XIX e início do século XX,

os empreendedores são confundidos com os administradores, sendo

apenas analisados do ponto de vista económico, “como como aqueles que organizam a empresa, pagam empregados, planejam, dirigem e controlam as acções desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista” capitalista (Wikipédia).

Teoria económica (Economia do país)

Empreendedor

1.2. Teorias do Empreendedorismo

Teoria comportamentalista (Comportamnto humano)

Esquema – Teorias do empreendedorismo

Este

esquema

demonstra

comportamentalista

estão

como

as

ligadas

duas

através

teorias: do

teoria

papel

do

económica

e

teoria

empreendedor

no

empreendedorismo. A teoria económica sobre o termo empreendedorismo mpreendedorismo “demonstra que os primeiros a perceberem a importância do empreendedorismo foram os economistas” (Wikipédia), porque tinham

empreendedor

na

necessidade de entender qual o papel pa do

economia,

estes

muito

cedo

verificaram

que

o

empreendedorismo fazia mexer com a economia do país e que era a partir dele que se poderia avaliar a situação económica e também prever o aumentou ou não da economia do país. Já a teoria do comportamentalista perante o termo empreendedorismo mpreendedorismo, “refere-se a especialistas do comportamento humano: psicólogos, psicanalistas, sociólogos, entre outros” (Wikipédia), tem como finalidade alargar o conhecimento sobre o comportamento humano, baseia-se em

aprofundar as características dos empreendedores e .

Isto é, esta ta teoria consiste em estudar e dar a conhecer o perfil do indivíduo que opta por fazer empreendedorismo.

4 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

1.3. Vantagens do Empreendedorismo Encontram-se muitas vantagens e mais-valias no empreendedorismo, referindo/se apenas algumas das principais vantagens:

abre uma ponte para a inovação,

obrigando

assim as empresas a estarem sempre actualizadas no mercado; aumenta a oferta de emprego, com surgimento de novos postos de trabalho; funciona como meio de inserção de desempregados no mundo do trabalho; fornece a situação económica e social das regiões mais desfavorecidas; é um

ponto determinante na competitividade, pois

surge a necessidade de se actualizar para se manter no mercado; e possibilita aos consumidores mais opções de escolha, podendo se optar assim por outros produtos e/ou serviços disponibilizados por outras empresas.

[…] entrepreneurship as a source of innovation is not the exclusive province of new venture creation. Increasingly turbulent markets, technological complexity, free trade, and a growing awareness of the sclerotic nature of many traditional management practices are putting tremendous pressure on organizations seeking to pursue growth. (Carrier, 1997, p. 5)

Carrier (1997, p. 5) diz que o empreendedorismo é uma fonte de inovação e que não

tem

que ser conseguido necessariamente com a criação de novo empreendimento.

Defende que se deve ter em conta que o mercado está cada vez

mais agitado, a tecnologia sempre a inovar, e esta crescente evolução coloca pressão sobre as organizações tradicionais que querem continuar a crescer.

The entrepreneurship intention is seen, frequently, as something intrinsically useful, something that countries should make an effort to accomplish it. In this

sense,

it

is

essential

to

examine

the

relationship

between

entrepreneurship intention of the university students and the effective business creation. (Díaz-Casero, Ferreira, Hernández Mogollón, & Barata Raposo, 2009)

Uma grande vantagem do empreendedorismo é o

crescimento económico, começa

assim a aumentar a preocupação de se inovar, com o objectivo de conseguir obter novos

5 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

postos de trabalho no mercado,

esta passou a ser uma preocupação

particularmente do governo pela sociedade.

2. O que é ser empreendedor? O termo

empreendedor deriva do francês entrepreneur

e identifica um

indivíduo que assume riscos, é utilizado para definir e especificar um sujeito que tem uma maneira diferente e inovadora de desenvolver as suas actividades com o seu próprio conhecimento. Trata-se de um

ideias inovadoras,

profissional nato para criar e desenvolver

as quais podem modificar e melhorar qualquer área do

conhecimento humano. Segundo Dolabela (1999, p.45), um principal atributo do

empreendedor é saber identificar as oportunidades

e procurar os recursos

para obter lucro, devendo ser capaz de demonstrar a qualidade do projecto e comprovar que tem condições de conseguir realizá-lo. Mais tarde Dolabela (2006, p.31) defende que o

empreendedor é um sujeito que vive sempre insatisfeito, sempre a espreita de novas ideias e oportunidades e que acredita que irá conseguir mudar o mundo.

O empreendedor é um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para si mesmo e para os outros. É alguém que prefere seguir caminhos não percorridos, que define a partir do indefinido, acredita que seus atos podem gerar consequências. Em suma, alguém que acredita que pode alterar o mundo. (Dolabela, 2006, p.31)

Empreendedor é aquele que tem iniciativa, isto é, cria ou reinventa algo novo que lhe dá valor

na

sociedade,

recolhe

recompensas sob a forma: financeira,

independência, reconhecimento social e realização pessoal.

É um sujeito

que assume logo à partida que pode correr riscos de insucesso, que pode ser financeiro, sociais e psicológicos.

6 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

Financeiros Psicológicos

Sociais

Riscos de insucesso Esquema – Riscos de insucesso do empreendedor

Este esquema demonstra os possíveis riscos de insucesso que um empreendedor poderá correr exercer o empreendedorismo, esses riscos podem ser a nível financeiro, a nível social e a nível psicológico. O

negativo,

insucesso ainda é visto como um ponto

isso so é, não o vêm v como uma experiência ncia que vai ajudar a melhorar o

empreendedor no futuro, mas sim como um ponto negativo sobre o indivíduo e a sua “carreira” como empreendedor. O empreendedor é um

indivíduo que é motivado

pela necessidade que tem de atingir a algo, a vontade de fazer algo, a iniciativa de realizar qualquer objectivo, para assim conseguir ser independente dos d outros, e conseguir assim concretizar oncretizar o projecto que idealizou. […] o empreendedor vê nas pessoas uma das suas fontes mais importantes de aprendizado endizado – bem como do aprimoramento pessoal, adquirido na realização de cursos de aperfeiçoamento, idiomas, viagens, participação em eventos, entre outros. (Dalpian, Rozados, & Fragoso, 2007) Dalpian, Rozados & Fragoso (Dalpian, Rozados, & Fragoso, 2007) definem o

empreendedor como um sujeito que sabe dar importância à opinião das outras pessoas,

assim como, aproveita as experiências adquiridas com projectos de

sucesso e até mesmo os de insucesso. Além de adquirir a conhecimentos através de formação e participação em eventos, pois estas são outras formas de actualização às quais o empreendedor deve recorrer.

7 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

2.1. Perfil do empreendedor

O empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, mas não só. Deve saber persuadir terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar todos a uma situação confortável no futuro. (Dolabela, 1999, p. 44)

Para se definir como um bom empreendedor, o sujeito deve ter esta característica, referida por Dolabela,

deve ser capaz de saber “manipular” e influenciar os outros,

convencendo-os que é o melhor caminho a seguir, ser um verdadeiro líder. Para Filion (FILION, 1999) o termo empreendedor é simples e abrangente, “Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Mas também deve ser um bom vigilante, ter sempre um novo olhar sobre o mundo à medida que esse vai mudando, isto é, acompanhar a evolução, saber tomar decisões certas na altura certa, saber explorar novos conhecimentos e saber definir seus objectivos. Tem que

manter actualizado o seu

percurso profissional e rever crenças, agregar outros princípios, tem que superar as ideias antigas pelas novidades, trocar informações, dados e conhecimentos para acompanhar as mudanças socioculturais e tecnológicas do mercado.

2.2. Maneiras de ser empreendedor

Segundo Sanyang e Huang (2009) deve-se fomentar o espírito empresarial, a nível individual através das habilidades e das acções dos empreendedores. Devem optar por políticas para conseguirem desenvolver a capacidade empreendedora e não apenas se concentrarem nas condições macroeconómicas ou no financiamento, mas também nos instrumentos para promover o empreendedorismo. Já Pires e Souza(Fábio Geraldes Silva, 2001) (Pires & Souza, 2008) dizem que “o espírito empreendedor é uma série de aspectos e qualidades que se complementam e que não podem existir separadamente. São características básicas do espírito empreendedor a inovação, o espírito criativo e pesquisador e a disposição para assumir riscos (…) pois o simples fato de ser um aventureiro não implica em ser empreendedor”, defendendo que também para ser um bom empreendedor tem que ser um indivíduo cooperativo.

8 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

2.3. Características do empreendedor O espírito empreendedor baseia-se numa vasta gama de aspectos e qualidades que por si só se complementam e que não devem estar separadas. As características básicas que mais são apontadas ao empreendedor, são:

a inovação, o espírito criativo e

saber assumir riscos. [...] O empreendedor caracteriza-se por ser uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos e que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor. (Filion, 1999, p.19) O Filion (1999, p.19)

defende, que o empreendedor é uma pessoa criativa, tem

capacidade de saber como atingir objectivos, saber ver as oportunidades que surgem, tomar as decisões quando necessário para inovar e desempenhar um papel de empreendedor. Por sua vez, Silva (2001, p. 35) defende, no seu livro “Manual do empreendedor”, que as características mais comuns encontradas no perfil de um empreendedor são as seguintes:

indivíduo auto-confiante; condescendente ao risco;

individuo orientado para a acção; querer obter um certo status na sociedade; precisa de ter realização pessoal;

líder nato por natureza;

evita relações emocionais fortes; e

desfruta de muita vitalidade e energia. No livro “Oficina do empreendedor” de Fernando Dolabela (1999, p. 71-72), encontramos várias características que um empreendedor deve ter, são elas: ter um “modelo”,

pessoa que o influencia;

uma

ter iniciativa, autoconfiança, autonomia, optimismo,

necessidade de realização; trabalhar sozinho; ter perseverança e tenacidade para vencer obstáculos; considerar o fracasso um resultado como outro qualquer, pois pode aprender com os próprios erros; ser capaz de dedicar-se intensamente ao trabalho, em concentrar esforços para alcançar resultados;

saber fixar metas e alcançá-las;

lutar contra

padrões impostos; diferenciar-se; ter a capacidade de descobrir nichos; ter forte intuição; ter alto comprometimento, crendo no que faz; criar situações para obter feedback sobre o seu comportamento e saber utilizar tais informações para o seu aprimoramento; saber buscar, utilizar e controlar recursos; ser um sonhador racional; criar um sistema próprio de

9 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

relações com empregados;

ser orientado para resultados,

para o futuro, o longo

prazo; aceitar o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho; tecer uma “rede de relações” utilizando-a intensamente como suporte para alcançar os seus objectivos e considerar a rede de relações internas mais importante que a externa; conhecer muito bem o ramo de actuação; cultivar a imaginação e aprender a definir visões; saber traduzir pensamentos em acções; ser pró-activo: definir

o que quer e aonde quer chegar,

buscando o conhecimento que permitirá o alcance de seus objectivos; criar um método próprio de aprendizagem: aprender a partir do que se faz; ter capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida;

assumir riscos moderados;

ser inovador e criativo; ter

alta tolerância à ambiguidade e à incerteza; manter um alto nível de consciência do ambiente em que vive. Outras características que são muito referidas perfil do empreendedor, por vários autores, são as seguintes: aceitar o risco, controle, ter ambição, entusiasmo, criatividade, decisão e responsabilidade,

capacidade de trabalho em equipa,

conhecimentos técnicos,

eficiência, determinação, flexibilidade, optimismo, persistência, iniciativa e principalmente não ter medo do fracasso e da rejeição pela sociedade. 2.4. Razões para o sucesso Para se atingir o sucesso no empreendedorismo, o empreendedor deve ter as seguintes qualidades: ser auto-suficiente (para obter o sucesso deve saber transmitir autoconfiança no seu meio de trabalho e não recuar perante as dificuldades); gerir por objectivos (definir inicialmente quais os objectivos para desenvolver o projecto);

colaboradores

motivar os seus

(conseguir motivar os seus colaboradores, sem ter que exercer sobre

eles a “força da autoridade”);

ser criativo (ter sempre a iniciativa de inovar e melhorar);

ser prudente (deve sempre ponderam suas decisões e tentar minimizar os riscos) e por fim

ser objectivo (saber o que quer, mas aceitar sugestões que possam melhorar o que ele idealizou inicialmente). 2.5. Razões para o insucesso Existem diversos factores apontados para o insucesso do empreendedor, alguns deles são: falta de competências e experiência de gestão (não basta apenas criar um “negócio”, importante é conseguir mantê-lo e saber geri-lo); incapacidade

de delegar (tendem a

se envolver em todos os pontos do projecto, afastando assim colaboradores com grandes capacidades);

má gestão do fundo (gerir o lucro com as despesas da empresa nem 10 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

sempre é tarefa fácil para um empreendedor que não tem conhecimentos para tal); ineficiência de controlo (falta de medidas de controlo) e

gastos despropositados

(aquisição de objectos desnecessários e muitas vezes a um preço elevado). 2.6. Mitos sobre o empreendedor Os mitos que existem sobre o empreendedor baseiam-se em características que lhe são muitas vezes pedidas para ter o perfil de empreendedor, dizem que

nasceram para o sucesso

são natos e

(mas muitos acabam por desenvolver a capacidade de

ser empreendedor e de identificar as oportunidades adquirindo isso com o tempo), que

são “jogadores”

(porque assumem riscos altíssimos, mas na realidade sabem

determinar os riscos desnecessários), e que

não trabalham em equipa

(mas na

realidade muitas vezes são bons líderes e com uma boa comunicação e colaboração com os seus colaboradores). 3. Estudo de caso de empreendedorismo numa Biblioteca Este estudo de caso aborda o empreendedorismo por iniciativa pessoal numa instituição pública, isto é, um caso de se fazer empreendedorismo para reconhecimento social e pessoal, para mais tarde conseguir obter progresso na carreira e benefícios financeiros. Ana, funcionária a exercer funções numa biblioteca universitária, Biblioteca Dr. Alberto Saavedra do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, depara-se com uma mudança de local de trabalho, e com isso, encontra um serviço que tem que mudar e actualizar, corrigindo a lacuna que existe na forma que a biblioteca tem de comunicar com os utilizadores. Com isto tudo a funcionária decide que se pode melhorar e actualizar os serviços prestados pela biblioteca, tentando assim, por sua iniciativa, descobrir quais são as necessidades existentes e como implementá-las na instituição. Para tal, a funcionária inicia um estudo baseado nas necessidades existentes na biblioteca e quais as necessidades dos utilizadores, tendo em conta as ofertas actuais do meio das bibliotecas

universitárias.

Optando

para

a

elaboração

desse

levantamento

de

necessidades, a criação de um inquérito de satisfação do utilizador, o qual lhe deu as respostas que necessitava para assim definir os caminhos a seguir e quais a etapas seguintes no desenvolvimento do seu trabalho na biblioteca. Com esse resultado, verificou que a biblioteca tinha necessidade de se lançar na internet, para assim se fazer divulgar e mais que tudo, comunicar online com os seus utilizadores, criando assim um website para essa finalidade, que possibilitaria aos alunos fazer pedidos

11 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

online, pesquisar no catálogo ou pedir artigos. Com esta nova ferramenta online, a biblioteca consegue assim melhorar os seus serviços através da Web e facilita, assim, ao utilizador recorrer aos serviços da biblioteca sem ter que se deslocar à mesma. A funcionária teve que saber inovar e investigar qual seria o melhor e mais adequado software para o efeito, assim como, aprender e saber desenvolver nesse software o website para a biblioteca. Teve ainda de fazer uma investigação de informação sobre a biblioteca e elaborar outras informações pertinentes aos utilizadores, como por exemplo, a criação de um manual de utilizador. Tendo sido isto uma mais-valia para a biblioteca, e conseguindo assim a funcionária mérito pela iniciativa e pelo empenho que tive em desenvolver o projecto. Tornou-se assim uma empreendedora que teve visão para analisar e identificar numa instituição as lacunas e ver como as corrigir para assim obter reconhecimento. Considerações finais O empreendedorismo actualmente exige ao empreendedor que esteja sempre atento às mudanças e necessidades do mercado, pois quanto mais informado estiver, melhor poderá analisar a sua situação no mercado.

empreender,

Aumentou assim a necessidade de se

seja para realizar um sonho ou para simplesmente alcançar o sucesso,

pois está sempre contribuindo para a evolução económica do mercado. O estudo de caso aqui apresentado de empreendedorismo para obter reconhecimento pessoal e demonstrar uma contribuição de habilidades pessoais da funcionária na instituição. Em suma, fazer

empreendedorismo é uma ponte para obter realização pessoal e profissional,

pois consegue unir o trabalho, ao talento e à paixão naquilo que o

empreendedor idealiza e realiza. Contribuindo assim o empreendedor, através do empreendedorismo, para a evolução económica do mercado. Referências Bibliográficas CARRIER, C. (1997). Intrapreneurship in

Dolabela,

F.

(1999).

Oficina

do

empreendedor: a metodologia de

small businesses.

ensino

que

ajuda

a

transformar

Dalpian, J., Rozados, H. B. F., & Fragoso,

conhecimento em riqueza. Cultura

J. G. (2007). Perfil empreendedor do

Editores Associados. Consultado em:

profissional da informação *. Revista

http://books.google.pt/books?id=8oO

Brasileira

mPgAACAAJ.

de

Biblioteconomia

e

Documentação, 3(1), 99-115.

12 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

DOLABELA, F. (2006). O segredo de Luísa. EDITORA DE CULTURA.

Galindo Martin, M.-A., Méndez Picazo, M. T., & Alfaro Navarro, J. L. (2010). Entrepreneurship, income distribution

Díaz-Casero, J. C., Ferreira, J. J. M.,

and economic growth. International

Hernández Mogollón, R., & Barata

Entrepreneurship and Management

Raposo, M. L. (2009). Influence of

Journal,

institutional

10.1007/s11365-010-0142-3.

environment

entrepreneurial

on

intention:

students.

International

Entrepreneurship and Management Journal.

doi:

doi:

Pires, D., & Souza, T. D. (2008). Um novo modelo

de

administração:

o

empreendedor corporativo 1, (2).

10.1007/s11365-009Sanyang, S. E., & Huang, W.-C. (2009).

0134-3.

Entrepreneurship FILION, L. J. (1999). Empreendedorismo: empreendedores gerentes

131-141.

a

comparative study of two countries university

6(2),

de

e

proprietários-

pequenos

negócios.

development: showcase.

and the

economic EMPRETEC International

Entrepreneurship and Management

Revista de Administração, 34(2), 5-

Journal,

28.

10.1007/s11365-008-0106-z.

Fábio Geraldes Silva. (2001). Manual do empreendedor

(p.

298).

Wikipédia

Chiado:

Bertrand Editora.

6(3),

(2010).

Consultado

317-329.

doi:

Empreendedorismo. em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Empreend edorismo

13 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo Ana Cristina Sousa Gonçalves

1

Este estudo aborda o que é o empreendedorismo, inicia um estudo de como nasceu o empreendedorismo e quais os princípios com que se rege, nesse estudo verificar-se-á que vários autores têm vindo a definir e defender ao longo dos séculos porque é realmente utilizado o termo empreendedorismo. Um ponto também de extrema importância neste estudo é o perfil do empreendedor, pois aborda-se e analisa-se quais as suas motivações, passadas e actuais e porque continuam a ser essas mesmas motivações que levam um indivíduo a ser um empreendedor. Verifica-se também que muitos acabam por ser casos de sucesso no empreendedorismo, descobrindo aí que têm perfil de empreendedor, que estava escondido dentro de si e, claro, tentando sempre aperfeiçoar para melhor empreender. Actualmente o empreendedorismo tem como principal causa da sua existência o crescimento económico, porque ao existir num país, este por sua vez gera emprego e riqueza num país, logo o crescimento económico é garantido. A posição do mercado actual faz com que haja carência de se fazer prevalecer o empreendedorismo, porque atrai e provoca interesse no indivíduo ao nível social, através dos seguintes factores: as dicas, as ferramentas, os incentivos e os detalhes. Este tornou-se de tal forma imprescindível na sociedade, que é impossível não

______________ 1

Aluna da Especialização Pós-

debater e estudar o que era e o que é o empreendedorismo na mesma onde se desenvolve. Embora actualmente, muitas das vezes

graduada em Informação

o empreendedorismo seja apenas utilizado como um meio de atingir

Empresarial (PIE). Licenciada em

uma realização pessoal, digamos que é visto como um caminho para

Ciências e Tecnologias da

realizar um sonho pessoal, o que demonstra que não tem que ser

Documentação e Informação

feito só necessariamente por uma necessidade económica.

(CTDI). Correio electrónico:

Palavras-chave: Empreendedorismo. Empreendedor. Empreender. Perfil do empreendedor. Estudo de caso

anacsgoncalves@sapo.pt


C

om a actual situação económica que o país atravessa, aumenta a necessidade das empresas se manterem no mercado, optando por procurar alternativas para conseguirem se distanciar da concorrência e aumentar a sua competitividade no

mercado. Com tudo isto temos também o aumento do desemprego, em que as pessoas se encontram numa situação de necessidade de arranjar emprego e como o mercado nem sempre responde as suas necessidades, optam por começar criar os seus próprios negócios. Por outro lado, os empresários que já estão no mercado ficam insatisfeitos por ter apenas um tipo de negócio, optando então por criar outros empreendimentos e novas ideias, colaborando assim também para uma evolução do empreendedorismo. O

actual

empreendedor

inovar

deve

ter

uma

grande

capacidade

de

constantemente, através de novas ideias que mudem a maneira de gerir as decisões que necessita tomar, para atingir o sucesso no empreendedorismo. Embora nem todos sejam

motivados

pela

necessidade,

pois

existem

casos

em

que

fazem

empreendedorismo motivados pela economia ou por herança de família à qual querem dar continuidade.

Esta

posição

empreendedorismo,

do

mercado

actual

faz

prevalecer

o

pois atrai pessoas e provoca interesse ao nível social, de tal

forma que se torna imprescindível debater sobre o tema, tendo sempre em conta este misto de factores: as dicas, as ferramentas, os incentivos e os detalhes. Porque muitos acabam por saber empreender, por serem casos de sucesso no empreendedorismo, descobrindo o empreendedor que estava oculto dentro de si e aperfeiçoando as suas melhores características para empreender.

1. O que é o Empreendedorismo?

A palavra

empreendedorismo é a tradução de entrepreneurshipe.

Este

termo foi utilizado para definir o explorador Marco Pólo, porque constituiu uma rota comercial para o oriente e conseguiu um contrato com um capitalista para vender as suas mercadorias, ficando assim conhecido como um empreendedor ousado.

The main difficulty in the entrepreneurship analysis is its delimitation. There is not a general definition of this concept.

(Galindo Martin, Méndez Picazo, & Alfaro Navarro, 2010)


Empreendedorismo

Não existe uma definição concreta sobre empreendedorismo, mesmo já tendo sido realizados muitos estudos para analisar e acrescentar conhecimento sobre o termo, o empreendedorismo tem vindo a conquistar mais força na sociedade, acabando por ter que ser objecto de estudo nas instituições de ensino e também já é um tema discutido e analisado em palestras e seminários. O

empreendedorismo analisa-se nos

estudos relativos ao empreendedor,

no perfil do empreendedor, no seu sistema

de actividades e meio de actuação.

É uma livre tradução que se faz da palavra entrepreneurship, que contém as idéias de iniciativa e inovação. É um termo que implica uma forma de ser, uma concepção de mundo, uma forma de se relacionar. (Dolabela, 2006, p. 31)

Dolabela (1999, p.43) defende que o termo

empreendedorismo é uma ciência

que estuda os aspectos relativos ao empreendedor,

que consiste em

designar seu perfil, especialmente a sua origem, sistema de actividades, e universo de actuação. Descreve o empreendedorismo como sendo as actividades que indivíduos prestam para a criação de competências, pode ser com a obtenção e alteração de conhecimentos em produtos e serviços, através do próprio conhecimento e inovação em diversas áreas. O

empreender;

empreendedorismo é ter iniciativa e a capacidade de

para tal, têm que se procurar soluções inovadoras para conseguir assim

resolver os problemas económicos e/ou sociais.

1.1. História do Empreendedorismo

O termo empreendedor/entrepreneur

surgiu na França entre os séculos XVII e

XVIII, mais tarde Jean-Baptiste Say, no início do século XIX, classificou “o empreendedor como o indivíduo capaz de mover recursos económicos de uma área de baixa para outra de maior produtividade e retorno” (Wikipédia). No século XX, Joseph Schumpeter define o empreendedor como um “indivíduo que reforma ou revoluciona o processo “criativodestrutivo” do capitalismo”, no século XVII, Richard Cantillon foi considerado um dos criadores do termo empreendedorismo, pois foi um dos primeiros autores a diferenciar o empreendedor como aquele indivíduo que assume riscos ao contrário do capitalista.

3 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

Já no século XVIII faz se a diferenciação entre o capitalista e o empreendedor, devido ao início da industrialização da Revolução Industrial. No o final do século XIX e início do século XX,

os empreendedores são confundidos com os administradores, sendo

apenas analisados do ponto de vista económico, “como como aqueles que organizam a empresa, pagam empregados, planejam, dirigem e controlam as acções desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista” capitalista (Wikipédia).

Teoria económica (Economia do país)

Empreendedor

1.2. Teorias do Empreendedorismo

Teoria comportamentalista (Comportamnto humano)

Esquema – Teorias do empreendedorismo

Este

esquema

demonstra

comportamentalista

estão

como

as

ligadas

duas

através

teorias: do

teoria

papel

do

económica

e

teoria

empreendedor

no

empreendedorismo. A teoria económica sobre o termo empreendedorismo mpreendedorismo “demonstra que os primeiros a perceberem a importância do empreendedorismo foram os economistas” (Wikipédia), porque tinham

empreendedor

na

necessidade de entender qual o papel pa do

economia,

estes

muito

cedo

verificaram

que

o

empreendedorismo fazia mexer com a economia do país e que era a partir dele que se poderia avaliar a situação económica e também prever o aumentou ou não da economia do país. Já a teoria do comportamentalista perante o termo empreendedorismo mpreendedorismo, “refere-se a especialistas do comportamento humano: psicólogos, psicanalistas, sociólogos, entre outros” (Wikipédia), tem como finalidade alargar o conhecimento sobre o comportamento humano, baseia-se em

aprofundar as características dos empreendedores e .

Isto é, esta ta teoria consiste em estudar e dar a conhecer o perfil do indivíduo que opta por fazer empreendedorismo.

4 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

1.3. Vantagens do Empreendedorismo Encontram-se muitas vantagens e mais-valias no empreendedorismo, referindo/se apenas algumas das principais vantagens:

abre uma ponte para a inovação,

obrigando

assim as empresas a estarem sempre actualizadas no mercado; aumenta a oferta de emprego, com surgimento de novos postos de trabalho; funciona como meio de inserção de desempregados no mundo do trabalho; fornece a situação económica e social das regiões mais desfavorecidas; é um

ponto determinante na competitividade, pois

surge a necessidade de se actualizar para se manter no mercado; e possibilita aos consumidores mais opções de escolha, podendo se optar assim por outros produtos e/ou serviços disponibilizados por outras empresas.

[…] entrepreneurship as a source of innovation is not the exclusive province of new venture creation. Increasingly turbulent markets, technological complexity, free trade, and a growing awareness of the sclerotic nature of many traditional management practices are putting tremendous pressure on organizations seeking to pursue growth. (Carrier, 1997, p. 5)

Carrier (1997, p. 5) diz que o empreendedorismo é uma fonte de inovação e que não

tem

que ser conseguido necessariamente com a criação de novo empreendimento.

Defende que se deve ter em conta que o mercado está cada vez

mais agitado, a tecnologia sempre a inovar, e esta crescente evolução coloca pressão sobre as organizações tradicionais que querem continuar a crescer.

The entrepreneurship intention is seen, frequently, as something intrinsically useful, something that countries should make an effort to accomplish it. In this

sense,

it

is

essential

to

examine

the

relationship

between

entrepreneurship intention of the university students and the effective business creation. (Díaz-Casero, Ferreira, Hernández Mogollón, & Barata Raposo, 2009)

Uma grande vantagem do empreendedorismo é o

crescimento económico, começa

assim a aumentar a preocupação de se inovar, com o objectivo de conseguir obter novos

5 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

postos de trabalho no mercado,

esta passou a ser uma preocupação

particularmente do governo pela sociedade.

2. O que é ser empreendedor? O termo

empreendedor deriva do francês entrepreneur

e identifica um

indivíduo que assume riscos, é utilizado para definir e especificar um sujeito que tem uma maneira diferente e inovadora de desenvolver as suas actividades com o seu próprio conhecimento. Trata-se de um

ideias inovadoras,

profissional nato para criar e desenvolver

as quais podem modificar e melhorar qualquer área do

conhecimento humano. Segundo Dolabela (1999, p.45), um principal atributo do

empreendedor é saber identificar as oportunidades

e procurar os recursos

para obter lucro, devendo ser capaz de demonstrar a qualidade do projecto e comprovar que tem condições de conseguir realizá-lo. Mais tarde Dolabela (2006, p.31) defende que o

empreendedor é um sujeito que vive sempre insatisfeito, sempre a espreita de novas ideias e oportunidades e que acredita que irá conseguir mudar o mundo.

O empreendedor é um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para si mesmo e para os outros. É alguém que prefere seguir caminhos não percorridos, que define a partir do indefinido, acredita que seus atos podem gerar consequências. Em suma, alguém que acredita que pode alterar o mundo. (Dolabela, 2006, p.31)

Empreendedor é aquele que tem iniciativa, isto é, cria ou reinventa algo novo que lhe dá valor

na

sociedade,

recolhe

recompensas sob a forma: financeira,

independência, reconhecimento social e realização pessoal.

É um sujeito

que assume logo à partida que pode correr riscos de insucesso, que pode ser financeiro, sociais e psicológicos.

6 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

Financeiros Psicológicos

Sociais

Riscos de insucesso Esquema – Riscos de insucesso do empreendedor

Este esquema demonstra os possíveis riscos de insucesso que um empreendedor poderá correr exercer o empreendedorismo, esses riscos podem ser a nível financeiro, a nível social e a nível psicológico. O

negativo,

insucesso ainda é visto como um ponto

isso so é, não o vêm v como uma experiência ncia que vai ajudar a melhorar o

empreendedor no futuro, mas sim como um ponto negativo sobre o indivíduo e a sua “carreira” como empreendedor. O empreendedor é um

indivíduo que é motivado

pela necessidade que tem de atingir a algo, a vontade de fazer algo, a iniciativa de realizar qualquer objectivo, para assim conseguir ser independente dos d outros, e conseguir assim concretizar oncretizar o projecto que idealizou. […] o empreendedor vê nas pessoas uma das suas fontes mais importantes de aprendizado endizado – bem como do aprimoramento pessoal, adquirido na realização de cursos de aperfeiçoamento, idiomas, viagens, participação em eventos, entre outros. (Dalpian, Rozados, & Fragoso, 2007) Dalpian, Rozados & Fragoso (Dalpian, Rozados, & Fragoso, 2007) definem o

empreendedor como um sujeito que sabe dar importância à opinião das outras pessoas,

assim como, aproveita as experiências adquiridas com projectos de

sucesso e até mesmo os de insucesso. Além de adquirir a conhecimentos através de formação e participação em eventos, pois estas são outras formas de actualização às quais o empreendedor deve recorrer.

7 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

2.1. Perfil do empreendedor

O empreendedor é alguém capaz de desenvolver uma visão, mas não só. Deve saber persuadir terceiros, sócios, colaboradores, investidores, convencê-los de que sua visão poderá levar todos a uma situação confortável no futuro. (Dolabela, 1999, p. 44)

Para se definir como um bom empreendedor, o sujeito deve ter esta característica, referida por Dolabela,

deve ser capaz de saber “manipular” e influenciar os outros,

convencendo-os que é o melhor caminho a seguir, ser um verdadeiro líder. Para Filion (FILION, 1999) o termo empreendedor é simples e abrangente, “Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões”. Mas também deve ser um bom vigilante, ter sempre um novo olhar sobre o mundo à medida que esse vai mudando, isto é, acompanhar a evolução, saber tomar decisões certas na altura certa, saber explorar novos conhecimentos e saber definir seus objectivos. Tem que

manter actualizado o seu

percurso profissional e rever crenças, agregar outros princípios, tem que superar as ideias antigas pelas novidades, trocar informações, dados e conhecimentos para acompanhar as mudanças socioculturais e tecnológicas do mercado.

2.2. Maneiras de ser empreendedor

Segundo Sanyang e Huang (2009) deve-se fomentar o espírito empresarial, a nível individual através das habilidades e das acções dos empreendedores. Devem optar por políticas para conseguirem desenvolver a capacidade empreendedora e não apenas se concentrarem nas condições macroeconómicas ou no financiamento, mas também nos instrumentos para promover o empreendedorismo. Já Pires e Souza(Fábio Geraldes Silva, 2001) (Pires & Souza, 2008) dizem que “o espírito empreendedor é uma série de aspectos e qualidades que se complementam e que não podem existir separadamente. São características básicas do espírito empreendedor a inovação, o espírito criativo e pesquisador e a disposição para assumir riscos (…) pois o simples fato de ser um aventureiro não implica em ser empreendedor”, defendendo que também para ser um bom empreendedor tem que ser um indivíduo cooperativo.

8 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

2.3. Características do empreendedor O espírito empreendedor baseia-se numa vasta gama de aspectos e qualidades que por si só se complementam e que não devem estar separadas. As características básicas que mais são apontadas ao empreendedor, são:

a inovação, o espírito criativo e

saber assumir riscos. [...] O empreendedor caracteriza-se por ser uma pessoa criativa, marcada pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos e que mantém alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios. Um empreendedor que continua a aprender a respeito de possíveis oportunidades de negócios e a tomar decisões moderadamente arriscadas que objetivam a inovação, continuará a desempenhar um papel empreendedor. (Filion, 1999, p.19) O Filion (1999, p.19)

defende, que o empreendedor é uma pessoa criativa, tem

capacidade de saber como atingir objectivos, saber ver as oportunidades que surgem, tomar as decisões quando necessário para inovar e desempenhar um papel de empreendedor. Por sua vez, Silva (2001, p. 35) defende, no seu livro “Manual do empreendedor”, que as características mais comuns encontradas no perfil de um empreendedor são as seguintes:

indivíduo auto-confiante; condescendente ao risco;

individuo orientado para a acção; querer obter um certo status na sociedade; precisa de ter realização pessoal;

líder nato por natureza;

evita relações emocionais fortes; e

desfruta de muita vitalidade e energia. No livro “Oficina do empreendedor” de Fernando Dolabela (1999, p. 71-72), encontramos várias características que um empreendedor deve ter, são elas: ter um “modelo”,

pessoa que o influencia;

uma

ter iniciativa, autoconfiança, autonomia, optimismo,

necessidade de realização; trabalhar sozinho; ter perseverança e tenacidade para vencer obstáculos; considerar o fracasso um resultado como outro qualquer, pois pode aprender com os próprios erros; ser capaz de dedicar-se intensamente ao trabalho, em concentrar esforços para alcançar resultados;

saber fixar metas e alcançá-las;

lutar contra

padrões impostos; diferenciar-se; ter a capacidade de descobrir nichos; ter forte intuição; ter alto comprometimento, crendo no que faz; criar situações para obter feedback sobre o seu comportamento e saber utilizar tais informações para o seu aprimoramento; saber buscar, utilizar e controlar recursos; ser um sonhador racional; criar um sistema próprio de

9 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

relações com empregados;

ser orientado para resultados,

para o futuro, o longo

prazo; aceitar o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho; tecer uma “rede de relações” utilizando-a intensamente como suporte para alcançar os seus objectivos e considerar a rede de relações internas mais importante que a externa; conhecer muito bem o ramo de actuação; cultivar a imaginação e aprender a definir visões; saber traduzir pensamentos em acções; ser pró-activo: definir

o que quer e aonde quer chegar,

buscando o conhecimento que permitirá o alcance de seus objectivos; criar um método próprio de aprendizagem: aprender a partir do que se faz; ter capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida;

assumir riscos moderados;

ser inovador e criativo; ter

alta tolerância à ambiguidade e à incerteza; manter um alto nível de consciência do ambiente em que vive. Outras características que são muito referidas perfil do empreendedor, por vários autores, são as seguintes: aceitar o risco, controle, ter ambição, entusiasmo, criatividade, decisão e responsabilidade,

capacidade de trabalho em equipa,

conhecimentos técnicos,

eficiência, determinação, flexibilidade, optimismo, persistência, iniciativa e principalmente não ter medo do fracasso e da rejeição pela sociedade. 2.4. Razões para o sucesso Para se atingir o sucesso no empreendedorismo, o empreendedor deve ter as seguintes qualidades: ser auto-suficiente (para obter o sucesso deve saber transmitir autoconfiança no seu meio de trabalho e não recuar perante as dificuldades); gerir por objectivos (definir inicialmente quais os objectivos para desenvolver o projecto);

colaboradores

motivar os seus

(conseguir motivar os seus colaboradores, sem ter que exercer sobre

eles a “força da autoridade”);

ser criativo (ter sempre a iniciativa de inovar e melhorar);

ser prudente (deve sempre ponderam suas decisões e tentar minimizar os riscos) e por fim

ser objectivo (saber o que quer, mas aceitar sugestões que possam melhorar o que ele idealizou inicialmente). 2.5. Razões para o insucesso Existem diversos factores apontados para o insucesso do empreendedor, alguns deles são: falta de competências e experiência de gestão (não basta apenas criar um “negócio”, importante é conseguir mantê-lo e saber geri-lo); incapacidade

de delegar (tendem a

se envolver em todos os pontos do projecto, afastando assim colaboradores com grandes capacidades);

má gestão do fundo (gerir o lucro com as despesas da empresa nem 10 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

sempre é tarefa fácil para um empreendedor que não tem conhecimentos para tal); ineficiência de controlo (falta de medidas de controlo) e

gastos despropositados

(aquisição de objectos desnecessários e muitas vezes a um preço elevado). 2.6. Mitos sobre o empreendedor Os mitos que existem sobre o empreendedor baseiam-se em características que lhe são muitas vezes pedidas para ter o perfil de empreendedor, dizem que

nasceram para o sucesso

são natos e

(mas muitos acabam por desenvolver a capacidade de

ser empreendedor e de identificar as oportunidades adquirindo isso com o tempo), que

são “jogadores”

(porque assumem riscos altíssimos, mas na realidade sabem

determinar os riscos desnecessários), e que

não trabalham em equipa

(mas na

realidade muitas vezes são bons líderes e com uma boa comunicação e colaboração com os seus colaboradores). 3. Estudo de caso de empreendedorismo numa Biblioteca Este estudo de caso aborda o empreendedorismo por iniciativa pessoal numa instituição pública, isto é, um caso de se fazer empreendedorismo para reconhecimento social e pessoal, para mais tarde conseguir obter progresso na carreira e benefícios financeiros. Ana, funcionária a exercer funções numa biblioteca universitária, Biblioteca Dr. Alberto Saavedra do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, depara-se com uma mudança de local de trabalho, e com isso, encontra um serviço que tem que mudar e actualizar, corrigindo a lacuna que existe na forma que a biblioteca tem de comunicar com os utilizadores. Com isto tudo a funcionária decide que se pode melhorar e actualizar os serviços prestados pela biblioteca, tentando assim, por sua iniciativa, descobrir quais são as necessidades existentes e como implementá-las na instituição. Para tal, a funcionária inicia um estudo baseado nas necessidades existentes na biblioteca e quais as necessidades dos utilizadores, tendo em conta as ofertas actuais do meio das bibliotecas

universitárias.

Optando

para

a

elaboração

desse

levantamento

de

necessidades, a criação de um inquérito de satisfação do utilizador, o qual lhe deu as respostas que necessitava para assim definir os caminhos a seguir e quais a etapas seguintes no desenvolvimento do seu trabalho na biblioteca. Com esse resultado, verificou que a biblioteca tinha necessidade de se lançar na internet, para assim se fazer divulgar e mais que tudo, comunicar online com os seus utilizadores, criando assim um website para essa finalidade, que possibilitaria aos alunos fazer pedidos

11 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

online, pesquisar no catálogo ou pedir artigos. Com esta nova ferramenta online, a biblioteca consegue assim melhorar os seus serviços através da Web e facilita, assim, ao utilizador recorrer aos serviços da biblioteca sem ter que se deslocar à mesma. A funcionária teve que saber inovar e investigar qual seria o melhor e mais adequado software para o efeito, assim como, aprender e saber desenvolver nesse software o website para a biblioteca. Teve ainda de fazer uma investigação de informação sobre a biblioteca e elaborar outras informações pertinentes aos utilizadores, como por exemplo, a criação de um manual de utilizador. Tendo sido isto uma mais-valia para a biblioteca, e conseguindo assim a funcionária mérito pela iniciativa e pelo empenho que tive em desenvolver o projecto. Tornou-se assim uma empreendedora que teve visão para analisar e identificar numa instituição as lacunas e ver como as corrigir para assim obter reconhecimento. Considerações finais O empreendedorismo actualmente exige ao empreendedor que esteja sempre atento às mudanças e necessidades do mercado, pois quanto mais informado estiver, melhor poderá analisar a sua situação no mercado.

empreender,

Aumentou assim a necessidade de se

seja para realizar um sonho ou para simplesmente alcançar o sucesso,

pois está sempre contribuindo para a evolução económica do mercado. O estudo de caso aqui apresentado de empreendedorismo para obter reconhecimento pessoal e demonstrar uma contribuição de habilidades pessoais da funcionária na instituição. Em suma, fazer

empreendedorismo é uma ponte para obter realização pessoal e profissional,

pois consegue unir o trabalho, ao talento e à paixão naquilo que o

empreendedor idealiza e realiza. Contribuindo assim o empreendedor, através do empreendedorismo, para a evolução económica do mercado. Referências Bibliográficas CARRIER, C. (1997). Intrapreneurship in

Dolabela,

F.

(1999).

Oficina

do

empreendedor: a metodologia de

small businesses.

ensino

que

ajuda

a

transformar

Dalpian, J., Rozados, H. B. F., & Fragoso,

conhecimento em riqueza. Cultura

J. G. (2007). Perfil empreendedor do

Editores Associados. Consultado em:

profissional da informação *. Revista

http://books.google.pt/books?id=8oO

Brasileira

mPgAACAAJ.

de

Biblioteconomia

e

Documentação, 3(1), 99-115.

12 - Ana Gonçalves -


Empreendedorismo

DOLABELA, F. (2006). O segredo de Luísa. EDITORA DE CULTURA.

Galindo Martin, M.-A., Méndez Picazo, M. T., & Alfaro Navarro, J. L. (2010). Entrepreneurship, income distribution

Díaz-Casero, J. C., Ferreira, J. J. M.,

and economic growth. International

Hernández Mogollón, R., & Barata

Entrepreneurship and Management

Raposo, M. L. (2009). Influence of

Journal,

institutional

10.1007/s11365-010-0142-3.

environment

entrepreneurial

on

intention:

students.

International

Entrepreneurship and Management Journal.

doi:

doi:

Pires, D., & Souza, T. D. (2008). Um novo modelo

de

administração:

o

empreendedor corporativo 1, (2).

10.1007/s11365-009Sanyang, S. E., & Huang, W.-C. (2009).

0134-3.

Entrepreneurship FILION, L. J. (1999). Empreendedorismo: empreendedores gerentes

131-141.

a

comparative study of two countries university

6(2),

de

e

proprietários-

pequenos

negócios.

development: showcase.

and the

economic EMPRETEC International

Entrepreneurship and Management

Revista de Administração, 34(2), 5-

Journal,

28.

10.1007/s11365-008-0106-z.

Fábio Geraldes Silva. (2001). Manual do empreendedor

(p.

298).

Wikipédia

Chiado:

Bertrand Editora.

6(3),

(2010).

Consultado

317-329.

doi:

Empreendedorismo. em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Empreend edorismo

13 - Ana Gonçalves -


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.