A interação social

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A interação social


O que é uma interação social? De acordo com Anthony Giddens (no livro Sociologia, 5ª Edição, Gulbenkian, 2007, pág. 695), é o "encontro social entre indivíduos. A maior parte das nossas vidas são povoadas por interações de um tipo ou de outro. A interação social refere-se a situações formais e informais nas quais as pessoas travam conhecimento umas com as outras. Uma sala de aula constitui uma ilustração de uma situação formal de interação social; o encontro de duas pessoas numa festa ou numa rua é um exemplo de interacção informal."


Interação social e expetativas recíprocas Fala-se de interação social para descrever as relações entre duas ou mais pessoas, relações essas marcadas pela mútua influência.


Numa situação de interação social aquilo que uma pessoa X diz ou faz afeta o comportamento da pessoa Y. A simples presença dessa pessoa, mesmo que não diga nem faça nada, afeta o comportamento alheio. Por sua vez, o comportamento da pessoa X também é afetado pela presença da pessoa Y e por aquilo que ela diz ou faz.


Por exemplo: se a pessoa X estiver presente a pessoa Y pode ficar embaraรงada ao arrotar; se a pessoa X manifestar por palavras e gestos a sua incomodidade com o fumo do tabaco, a pessoa Y possivelmente apagarรก o cigarro ou irรก fumar para outro lado.


O comportamento de cada uma dessas pessoas será também afetado pelas expetativas mútuas. Assim, o comportamento do César é afetado por aquilo que ele espera da Vera e por aquilo que ele acha que a Vera espera dele. E naturalmente também se verifica a situação inversa: o comportamento da Vera é afetado por aquilo que ela espera do César e por aquilo que ela acha que o César espera dela.


Vejamos um exemplo. Se o César e a Vera forem portugueses e estiverem apaixonados, passar-se-á provavelmente algo deste género: a Vera esperará que o César se declare e achará que o César espera dela um sinal de interesse e encorajamento. Por outro lado: o César espera que a Vera lhe dê um sinal de interesse e encorajamento e acha que a Vera espera que ele se declare.


O César e a Vera são portugueses, ambos cresceram e foram educados em Portugal na mesma época. Por isso, foram alvo de processos de socialização bastante semelhantes. Adquiriram ideias semelhantes acerca dos papéis sociais de homem e de mulher e conhecem os costumes ligados ao namoro. Devido a essa socialização comum, os comportamentos que esperam um do outro são compatíveis e complementares.


É preciso ainda referir que as expetativas que entram em jogo nas interações sociais não dependem apenas dos papéis sociais, mas também da personalidade das pessoas envolvidas. Por exemplo: se o César for uma pessoa muito tímida a Vera poder-se-á ver obrigada a tomar a iniciativa.


Interação social e expetativas desencontradas A compatibilidade referida até aqui, nem sempre existe nas interações sociais. Por vezes, as pessoas esperam coisas bastante diferentes umas das outras, havendo então desencontros, confusões e conflitos. Isso pode suceder quando as pessoas que tentam interagir pertencem a sociedades diferentes e têm culturas diferentes.


Mas pode também suceder quando as pessoas, apesar de pertencerem à mesma sociedade e de partilharem fundamentalmente a mesma cultura, têm experiências de vida bastante diversas e eventualmente algumas crenças e costumes diferentes.


«Uma das leis básicas da comunicação é que todo o comportamento na presença de outra pessoa tem valor, no sentido em que (…) modifica a relação entre essas pessoas. Todo o comportamento transmite algo; por exemplo, silêncio total ou falta de reação implica claramente “não quero nada a ver contigo”. E visto que isto é assim, é fácil apercebermo-nos do espaço que existe para o conflito e para a confusão.


Em todas as culturas há uma distância específica que dois estranhos mantêm num encontro face a face. Na Europa Ocidental e Central e na América do Norte é a proverbial distância de um braço, como o leitor poderá verificar se pedir a duas pessoas para se aproximarem uma da outra e pararem à distância “certa”. Nos países mediterrânicos e na América Latina a distância é consideravelmente menor. Por isso, num encontro entre um norte-americano e um sulamericano ambos tentam manter o que ambos julgam ser a distância correcta. O latino aproxima-se, o do Norte afasta-se de modo a reencontrar o que considera a distância correcta; o latino, sentindo-se desconfortavelmente distante, reaproxima-se, e assim por diante. Ambos sentem que o outro está a ter, de certa forma, um comportamento impróprio e tentam “corrigir” a situação, criando um problema tipicamente humano no qual o comportamento correctivo de uma das partes inspira uma correcção inversa da outra parte. E visto que existem poucas probabilidades de haver alguém por perto que possa traduzir as respectivas linguagens corporais, ambos se encontram numa situação (…) pouco invejável, porque se vão culpar mutuamente pelo seu desconforto.


Formas de cumprimentar

KEIREI - Esta é a saudação japonesa padrão, usada para cumprimentar os amigos e familiares. Ao se encontrar ou se despedir, as pessoas sempre inclinam o tronco em 45 graus."


ESHAKU Tem inclinação de 15 graus e é praticada o tempo todo. Não é uma demonstração de respeito ou afeição, mas apenas de cordialidade. Serve, por exemplo, para agradecer ao sair de um restaurante.


DOGEZA Reverência muito usada no Japão feudal. Quando encontrava o senhorio, o homem comum tinha que se ajoelhar e fazer uma saudação profunda, tocando a testa no chão. Hoje em dia, só é utilizada para pedir perdão por uma falta grave.


SAIKEIREI Feita como prova de respeito à hierarquia, exige uma inclinação de 75 graus. Até o fim da Segunda Guerra Mundial, era utilizada para louvar o imperador. Fazia-se a reverência até para quadros com imagens do monarca.


Beijo e narigadaOutras formas de dizer “oi” SELINHO Quando se encontram, dois amigos russos homens se abraçam com força. Depois, se beijam nas bochechas. Em alguns casos, o beijo na boca, de leve, é aceitável. Gregos e turcos também têm esse hábito.


NARIZ COM NARIZ Para se cumprimentar, os esquimós tocam-se uns nos outros com a pontinha do nariz. Já os maoris, da Nova Zelândia, são mais violentos: as pessoas apertam os rostos com força, nariz contra nariz.


MÃOS AO AR Nos países islâmicos do Oriente Médio, as pessoas costumam fazer gestos bem específicos quando se encontram: primeiro tocam o coração, depois a testa e, por último, fazem ummeneio no ar, para cima da cabeça.


Sinais gestuais para todos os gostos A expressão facial de algumas emoções é, provavelmente, inata e universal. Contudo, isso não sucede com outras formas de comunicação não verbal, como os gestos e as posturas corporais. Vejamos alguns exemplos.



Na foto vemos uma mulher a comer com a mão esquerda. Num país como Portugal isso não é digno de reparo, mas o mesmo não sucede num país muçulmano. A higiene corporal dos muçulmanos realiza-se com a mão esquerda, pelo que utilizá-la para comer é considerado nojento.


A imagem exibe um gesto que para diversos povos, como por exemplo os portugueses e os norte-americanos, exprime aprovação e deleite. Em França, contudo, é uma forma simbólica de dizer a alguém que não vale nada, que é um “zero à esquerda”. Para os alemães simboliza o recto, pelo que a sua utilização em muitos contextos pode ser considerada insultuosa


Em muitos países, nomeadamente da Europa, o gesto da imagem significa “alto aí”, “não, obrigado” ou uma saudação. Contudo, na África Ocidental quem o fizer estará a dizer “tens cinco pais”, ou seja, “és um bastardo”.


Colocar o dedo indicador da mão direita na bochecha e depois rodá-lo é habitual nalgumas regiões italianas. Esse gesto exprime aprovação e não é usado em nenhum outro lugar do mundo.


Na Índia e em países muçulmanos, como por exemplo a Arábia Saudita e o Egipto, é habitual os homens andarem de mão dada. Tal comportamento é socialmente relacionado com amizade e companheirismo e não com homossexualidade.


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