OPERAÇÃO CEAGESP - Reurbanização da gleba CEAGESP

Page 1

OPERAÇÃO CEAGESP Reurbanização da Gleba CEAGESP

Anna Paula Bona Bueno



1

OPERAÇÃO CEAGESP Reurbanização da Gleba CEAGESP

Centro Universitário Belas Artes de Ensino . Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação . Junho de 2020 Anna Paula Bona Bueno

Profº Orientador . Vasco de Mello


2


3

“Na esperança de que nossa potencialidade criativa transforme a vida urbana e seu espaço em fontes de prazer e liberdade” Vicente Del Rio, 1985 a 1990, pág. 4


4

0


AGRADECIMENTOS Primeiramente, quero agradecer aos meus avós, Marília Ciufe Bueno e Guilherme Costa Pinto Filho, por me oferecerem a oportunidade e todo o apoio de cursar uma universidade, por nunca duvidarem e sempre acreditarem em mim. Agradeço ao meu pai, Adherbal Bueno, por me ajudar a superar todos os desafios do dia-a-dia, sempre me motivando e me dando forças para continuar; à minha mãe, Adriane Bona, que ininterruptamente me fez sentir capaz; a minha irmã, Gabriella Bona Bueno, base, inspiração e força de toda minha existência, que sempre esteve e estará ao meu lado e dá sentido à minha vida e a todas as minhas escolhas; e ao meu irmão, Arthur Bueno, por me trazer o intuito de me tornar um exemplo. Agradeço imensuravelmente meu orientador Vasco de Mello, que em todo o ano de estudo me apoiou, confiou e me deu suporte, sempre atendendo e entendendo minhas dificuldades, que foram muitas. Além de todos os professores e corpo docente da Universidade Belas Artes que com dedicação, atenção e apoio constantes tornaram a experiência de aprender única. Às minhas amigas, Valéria Souza e Alice Martins por trilharem essa caminhada comigo e sempre me ajudarem em todos os momentos. A querida Francine Gramacho Sakata, que esteve ao meu lado atenciosamente, e a qual me move a sempre querer melhorar e me tornar uma arquiteta urbanista qualificada, com sua visão profissional que me trouxe e traz conhecimentos excepcionais.

5


6


7

SUMÁRIO 4.

OS CONCEITOS

Introdução

9

Tema

10

Cidade Compacta

Justificativa

11

Desenho Urbano

13

Espaço Livre Público

1.

O BAIRRO DA VILA LEOPOLDINA

5.

Linha do Tempo

55

A PROPOSTA

63

História

Meta

Planta Subsolo Quadra Modelo

Metropolização e Passado Industrial

Objetivos e Diretrizes

Tipos de apartamentos (I,II e III)

Delimitação da Área

Aplicação em Edifício

Contexto na cidade de São Paulo

Perspectiva Geral

Paisagismo

Estruturação Viária

Implantação nível 0.00 +1.20

Perspectiva

Mobilidade

Planta Subsolo nível -2.00

Simulação Real 01

Uso do Solo

Corte Ambiental 01

Simulação Real 02

A Água

Corte Ambiental 02

Simulação Real 03

PDMAT

Uso do solo e Tipologia

Áreas Verdes

Gabarito de Altura

O CEAGESP

Sistema Viário

Realocação do mercado

Corte Via Principal

Fragilidade Social

Corte Via Ligação

2.

3.

O CONTEXTO

OS PLANOS

21

43

Corte Via Local

Operação Urbana Vila Leopoldina-Jaguaré

Mobilidade

Piu Vila Leopoldina-Villa Lobos

Implantação Quadra Modelo

Legislação – Plano Diretor 2015

Corte Quadra Modelo

Concurso Schlinder Global Award 2017

CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA

103 105


8


INTRODUÇÃO Partindo da premissa de que a cidade de São Paulo tem seu desenho urbano como resultante de dinâmicas sociais e econômicas, a tensão do sistema capitalista é expressamente percebida por toda malha urbana. A dinâmica onde o mercado imobiliário busca lucro com a valorização fundiária e imobiliária enquanto a sociedade civil zela pelo valor de uso de terra conflitam por todo espaço, e a desigualdade na apropriação de áreas gera segregação social e gentrificação, uma vez que as porções do espaço urbano estão concentradas e acessíveis a minoria. Assim, enquanto bairros nobres se beneficiam com a modernização, a situação das classes de menor renda não permite acesso a moradia formal. O Trabalho Final de Graduação parte do anseio de criar técnicas e estratégias de desenho urbano a fim de enfrentar os desafios em todas as escalas. O local de trabalho é centrado no mercado atacadista da CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), sendo estudado juntamente a seu entorno e infraestruturas. A função de entreposto e mercado atacadista está com previsão de realocação, possibilitando reconstrução e mudança em parte substancial da cidade. A área escolhida é de grande potencial, por conta de suas características geográficas e paisagísticas, sendo entre os Rios Tietê e Pinheiros, conectada e privilegiada. O estudo traz novo olhar a um espaço que hoje se encarrega de uma única função, e possibilita a criação de nova centralidade dentro da cidade, integrada ao contexto local e regional, fortalecendo a cidade e a região. O Caderno se desenvolve no estudo da área, junto ao entorno, com história local, suas problemáticas e potencialidades, analisando infraestruturas e a situação como um todo. Considerando índices e planos urbanísticos, junto a estudos de caso, formam-se diretrizes e planejamento da proposta do novo bairro, tendo por final, a reurbanização proposta, sobrepondo toda a discussão, apresentando um Plano Geral. O trabalho me proporcionou aplicar conceitos que foram estudados durante todo o curso de Arquitetura e Urbanismo, além de me dar a liberdade de pensar em um espaço totalmente novo para um espaço que fez parte da minha vida. As lembranças que tenho, de comer um pastel e tomar um caldo de cana sob o Pavilhão Central do Ceasa enquanto faz a feira, trazem sensações que devem permanecer no espaço, sendo de grande importância um olhar sensível para o planejamento urbano proposto.

9


10

TEMA Será proposto, por meio de um Projeto Urbano, a criação de um novo bairro para a área atualmente ocupada pelo CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), pertencente ao Distrito da Vila Leopoldina. A Meta é reurbanizar a área e orientar o desenho urbano em direção à sustentabilidade, tendo uma coexistência entre o desenvolvimento urbano e a paisagem natural, proporcionando ambiente mais integrado e compartilhado. “[...] A cidade é potencialmente o símbolo poderoso de uma sociedade complexa. Se for bem desenvolvida do ponto de vista óptico pode ter forte significado expressivo. [...]” Kevin Lynch, A imagem da Cidade, p.14.


JUSTIFICATIVA O CEAGESP, centro abastecedor alimentício localizado no bairro da Vila Leopoldina, Zona Oeste da cidade está com relocação da atividade comercial prevista, e houve, em 2015, um acordo entre a Prefeitura de São Paulo e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para viabilizar essa mudança, por conta principalmente das limitações geradas pelo saturamento de acessos, áreas de estocagem, estacionamentos que prejudicam a eficiência do mercado, e ao alto nível de tráfego que contribui para o congestionamento na cidade, diante disso, 640.000m² estrategicamente situados da cidade estarão perdendo seu uso, permitindo e criando assim a necessidade de alguma política de redesenvolvimento. O debate sobre a saída gera discussões contrárias, com o lado de que a mudança encareceria o preço dos alimentos na cidade e que a localização atual é de fácil acesso para todas as regiões. A partir do pressuposto de saída da função de mercado atacadista ali e do estudo e entendimento da região e da área, tem-se a proposta de reurbanização do espaço onde é localizado o CEAGESP, planejando orientar desenho urbano em direção a sustentabilidade, e criar uma coexistência entre o desenvolvimento urbano e a paisagem natural. Utilizar conceitos como os de cidades-compactas e smart-cities para solucionar algumas problemáticas atuais, vinculando fatores econômicos ao desenvolvimento sustentável, além contar com sociabilidade. Manter a identidade local, a comunidade e sua história e a ideia de mesclar uso do solo com equipamentos, habitação, mobilidade e proporcionar meio-ambiente natural, integrar e compartilhar o espaço para que todas classes sociais, o natural e o urbano, trabalhem juntas e gerem melhores resultados em prol a qualidade de vida. Implantar ideias em resposta a mudanças, em uma área de grande potencial, com estratégias de design que proporcione ambiente que incorpore a nova condição urbana, enfim, criar soluções para tanto problemas urbanos, sociais, quanto evitar agravamento de condições ambientais negativas por meio de ideias sustentáveis, como o problema de poluição e a desconectividade do Rio Pinheiros, o qual tem grande potencialidade de nova conexão, problemas de drenagem de águas residuais e despejo, amenizar a situação de ilhas de calor e infiltração de águas pluviais, capacitando infiltração de solo, melhorando a qualidade de vida da população que frequenta a região.

11


12

1


13

O BAIRRO VILA LEOPOLDINA

Linha do Tempo História Metropolização e Passado Industrial


14

LINHA DO TEMPO


15


16

Fonte: Tese Lígia Rodrigues, 2013 e JWCA.


17

HISTÓRIA

A área escolhida faz parte do cinturão industrial da cidade de São Paulo, localizada no distrito da Vila Leopoldina, região oeste da cidade, o bairro, antigo e rico tradicionalmente pertence à SubPrefeitura da Lapa, com cerca de 43.000 habitantes. Em 1894, a empresa Ritcher&Company começa a lotear a área da Vila Leopoldina, e por se tratar de uma área pantanosa o empreendimento de comercializar lotes industriais e residenciais não progrediu, desde a proposta, áreas livres destinadas a lazer e convívio já eram insignificantes. Em 1930 indústrias situadas ao entorno, mais precisamente na região da Lapa estavam em processo de expansão para regiões como a Vila Leopoldina, Vila Hamburguesa e Anastácio e neste momento, o loteamento feito em 1926, de 500mil metros quadrados no bairro por Siciliano e Silva não acontece como o esperado. O auge do crescimento do bairro da Vila Leopoldina ocorre entre as décadas 40 e 50, a partir de fatores como a construção da Rodovia Anhanguera (1943/1948), a implantação do Centro Industrial Miguel Mofarrej (1950), além da construção das marginais Pinheiros e Tietê e a instalação do Centro Estadual de Abastecimento S.A (CEASA), em 1966. A localização se torna privilegiada e conectada, quando as importantes vias tornam a Vila Leopoldina ponto de confluência das estruturas rodoviárias que giram a migração pendular entre a Cidade de São Paulo, a Baixada Santista, Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte. Principalmente por seu ponto no mapa, a região se torna atrativa a classe alta industrial, principalmente do ramo metalúrgico; e com as indústrias, vem também a classe operária, se instalando e constituindo áreas residenciais, de pequenos sobrados e casa térreas geminadas Fonte: Tese Lígia Rodrigues, 2013 e JWCA.


18

Fonte: Tese Lígia Rodrigues, 2013 e JWCA. Fonte: Tese Lígia Rodrigues, 2013 e JWCA.


19 METROPOLIZAÇÃO E PASSADO INDUSTRIAL Na década de 1920, a Companhia City insere a área da Vila Leopoldina nos projetos de loteamento a partir de conceitos cidade-jardim, estritamente residencial e de traçado orgânico, em contrapartida a ocupação industrial que se intensificava no local. O loteamento feito pela Companhia City visava uma classe operária, mas com a diferenciação de características em relação a outros projetos da Cia, como a presença de regulamentação de uso e ocupação, e sendo lotes bem menores, acabou em atrair público de maior poder aquisitivo e cultural. Essa diferença de partido adotada no bairro resulta no desenho que se tem atualmente. (RODRIGUES, 2013) A metropolização da cidade de São Paulo, e a sua grande densidade geram surtos industriais, com o congestionamento de áreas deste uso e, consequentemente, o aumento dos impostos, desestimulando áreas e as tornando, como no Bairro da Vila Leopoldina, desvantajosas para indústrias. Assim, encontra-se na área, grandes vazios pós-indústriais, que se tornam grande questão para o urbanismo da área, uma vez que fica vulnerável ao processo de especulação imobiliária, destruindo identidade e memória do local. Fonte: Tese Lígia Rodrigues, 2013 e JWCA.

As antigas estruturas físicas e as áreas em processo de requalificação convivem lado a lado no distrito, e refletem no viário e em toda a configuração do local.


20

2


21

O CONTEXTO

Contexto na cidade de São Paulo Estruturação Viária Mobilidade Uso do Solo A Água PDMAT Áreas Verdes O CEAGESP Realocação do mercado Fragilidade Social


22

Fonte: Tese LĂ­gia Rodrigues, 2013 e JWCA sobre mapa Emplasa e Google Earth, 2009. Adaptado.


23

CONTEXTO NA CIDADE

A cidade de São Paulo está em posição de principal centro financeiro, corporativo e mercantil da América do Sul, sendo portal fundamental ao Brasil em negócios nacionais e internacionais. A capital conta com o aeroporto de Guarulhos, um dos maiores internacionais do mundo, e com a Aeroporto de Congonhas, responsáveis pela entrada e saída do país. São Paulo é conectada por diversas vias intranacionais, abrange Rodovia Dos Bandeirantes, juntamente com o Rodoanel Mario Covas e a Rodovia Anchieta onde cria-se o elo entre os maiores polos de importação e exportação de produtos do Brasil: O Aeroporto Internacional de Vira-Copos e o Porto de Santos. A Rodovia Anhanguera faz a conexão entre os pontos mais ricos, se caracterizando como maior corredor financeiro do país e o mais movimentado, principalmente no trecho São Paulo-Campinas. A ligação Leste-Oeste é feita pela Rodovia Ayrton Senna, assim como a Rodovia Presidente Dutra, que conecta as duas maiores regiões metropolitanas do Brasil: Rio de Janeiro e São Paulo. A região metropolitana da cidade e o Oeste-Paulista é ligada pela Rodovia Castelo Branco. Sendo assim, a capital conecta os estados do Mato Grosso, o Rio de Janeiro e o Paraná, além de influenciar indiretamente em questões políticas, econômicas e sociais. O entorno da área de estudo e composto por bairros nobres e significativos a cidade, tais como Vila Hamburguesa, Butantã, Alto da Lapa e Alto de Pinheiros e até mesmo o Jaguaré, desconectado da área pelo Rio Pinheiros, sem qualquer transposição. Assim, o bairro da Vila Leopoldina abrange uma população flutuante e permanente variada, com classes de alto padrão, residentes de habitações irregulares nas áreas, e trabalhadores do CEAGESP. Portanto, a saída do mercado atacadista na região pode gerar grande número de desempregados, e trazer consequências significantes a região Oeste uma vez que grande número da população conta com a renda do comércio alimentício. Fonte: Elaboração sobre Imagem Google Earth, 2020.


ios

Ponte Reméd

Rua Guaipá

24

ej

rr

a of

.M Av

t ra pe

. Im Av riz a

in

ld

o op

Le

al

ig

id

oV

as

rG

.D Av

M

ar

M

ar

gi

na

lP

gi

in

na

he

lP

in

he

iro

s

iro

o

ilh

zF iró

s ue

.Q Av

Fonte: Schlinder Global Award 2017 Brief, sobre mapa Geosampa. Adaptado.


25

ESTRUTURAÇÃO VIÁRIA

A Estruturação Viária do Bairro da Vila Leopoldina, ao entorno da área de estudo, ou a gleba CEAGESP corresponde às marginais Pinheiros e Tietê (em vermelho) , à Rua Guaipá, a Avenida Queirós Filho e a Rua Belmonte, dando acesso à marginal e cruzando as linhas 8 e 9 da CPTM, e a Av. Mofarrej, em paralelo. Estruturas associadas ao passado industrial do local complementam o viário, assim como a logística do CEAGESP, contida pela Avenida Dr. Gastão Vidigal (em laranja) e a Imperatriz Leopoldina. A Av. Doutor Gastão Vidigal faz conexão norte-sul seguindo até a Av. Faria Lima. A ligação leste-oeste é feita pela Av. Queirós Filho, até a Av. Paulista. A transposição de um lado a outro do Rio Pinheiros é feita apenas ao sul nas pontes Jaguaré, e ao norte, em Remédios e Anhanguera. Além da ausência de transposições significativas para a área do CEAGESP, as linhas férreas criam barreiras e ausentam qualquer acessibilidade.

Fonte: Fotos Estadão Online, 2020.

Fonte: Imagem Google Earth, 2020.

Até o início do século 18, a população paulista c


riz

t ra

ç

ta

Es

Es

ta

çã

o

Ce

ão

pe

o op

a

in

ld

26

Le

Im

as

a

mprava produtos diretamente do

Es

ta

çã

o

Ja

gu ar

éVi

lla

Lo

bo

s

Fonte: Schlinder Global Award 2017 Brief, sobre mapa Geosampa. Adaptado.


27

MOBILIDADE

Observando o mapa, a Vila Leopoldina é composta por duas linhas de trem da CPTM, a linha Esmeralda e a Diamante, e três estações: Imperatriz Leopoldina (linha diamante), e Ceasa e Jaguaré-Villa Lobos, pertencentes a linha esmeralda, sem qualquer tipo de acesso para quem vem do Jaguaré. As áreas de orlas ferroviárias são de difícil ocupação, reforçando a questão das barreiras, do bairro desconectado, a necessidade de infraestruturas de transposição e conexão entre pontos modais. A situação da estação Ceasa é a mais alarmante, sem qualquer tipo de ponto de ônibus e integração com o espaço, sendo a estação menos frequentada da linha. Percebe-se o quanto a escala do pedestre é esquecida neste tipo de estruturação, onde o carro é parâmetro de projeto e outros tipos de mobilidade sustentáveis, como o ciclismo e o pedestrianismo são desincentivados. Uma cidade onde não há planejamento para o incentivo destes meios de locomoção, com áreas seguras e infra estruturas convidativas, se torna uma cidade sem vida, fruição e dimensão humana. O prazer de um convívio com o urbano é perdido quando o espaço não é agradável e atrativo. A ciclovia presente é desconectada, presente apenas na Av. Doutor Gastão Vidigal, seguindo a Av. Prof. Rodrigues Fonseca até a Av. Faria Lima; tem-se a importância de integrá-la ao restante do bairro, como dentre o CEAGESP e a Marginal Pinheiros. As calçadas se apresentam degradadas e com dimensão desconfortável, ruas mal iluminadas e emparedadas, especialmente na Av. Imperatriz Leopoldina e na Marginal Pinheiros, tornando o passeio desagradável e desincentivando fruição de pedestres. Vê-se a necessidade de conectar a área de estudo com seu entorno e a estruturação viária existente, além de pensar em escala humana e priorizar o pedestre e meios de locomoção sustentáveis.


28

Fonte: Tese Lígia Rodrigues, 2013 e JWCA.

LEGENDA

Fonte: Schlinder Global Award 2017 Brief, sobre mapa Geosampa. Adaptado.


29

USO DO SOLO

Observa-se que na área em questão quase não se vê lotes residenciais, e os usos são principalmente comerciais e de serviços de pequeno e médio porte que aproveitam das antigas instalações industriais, a quantidade de galpões ociosos é grande. Na Gastão Vidigal e Queiróz Filho, procedem supermercados, comércio de materiais de construção e concessionárias, alguns dos galpões ociosos são utilizados para outros tipos de usos, como estúdios de gravação audiovisual e indústrias de processamento, e, ao sul, novos empreendimentos comerciais, com gabaritos médios e melhor padrão construtivo. O processo de estruturação para a Vila Leopoldina atual é caracterizada em dois eixos: a produção de habitação verticalizada e de alto padrão, sem qualquer relação com a identidade ou tecido urbano do entorno, e a construção de edifícios comerciais ao sul do CEAGESP, devido a localização conectada. Os dois tipos de ocupação sendo implantados ignoram o meio-ambiente que existe ali, a população residente e suas infra estruturas necessárias, causando o processo de gentrificação do bairro e a segregação.

Fonte: Fotos Estadão Online, 2015.

Fonte: Imagem Google Earth, 2020.


30

CEAGESP inundado, fev. 2020

Fonte: Site Zona Sul NotĂ­cias, 2020.

Fonte: Schlinder Global Award 2017 Brief, sobre mapa Geosampa. Adaptado.


A ÁGUA O estado de São Paulo é composto por três regiões hidrográficas: Atlântico Sudeste, Atlântico Sul e Paraná. O Rio Tietê, com 1.136 km de extensão, é dividido em Baixo. Médio Inferior, Médio Superior e Alto Tietê, pertence a região Paraná e foi fundamental para a ocupação da cidade, uma vez que a corta de leste a oeste. Os Rios Pinheiros e Tietê são tipicamente rios de planície, com curvaturas, baixa declividade e meandros, e podem variar em tamanhos de largura de leito de 60m a 1km em seu estado natural. Na década de 30, pela necessidade de solucionar problemas sanitários e surtos de doença causados pela ocupação ribeirinha iniciamse processos de canalização e retificação dos rios e córregos da cidade de São Paulo. Logo pela década de 60, já se apresentavam consequências das retificações, como alagamentos e transbordamentos dos rios pela cidade. Com o processo de expansão urbanística não planejada tem-se a diminuição das áreas permeáveis, junto à obstrução de afluentes e a ausência de infraestruturas drenantes que agravam problemáticas ao decorrer do tempo. Ao transpor o mapa topográfico da área do CEAGESP ao mapa da cidade de São Paulo na década de 30, observando a localização dos antigos meandros e cursos do Rio Pinheiros, além de lagos e alagadiços naturais, tem-se a justificativa para os constantes problemas de alagamentos que a área enfrenta atualmente. Com a área do CEAGESP nas cotas 718 e 719, o nível do Rio Pinheiros entre as cotas 714,5 e 715,5 e as Marginais na 720,5 a vulnerabilidade de enchentes é alta e recorrente tendo, pelo Plano Regional da Sub Prefeitura da Lapa de 2015, 22 ocorrências de alagamento na região só entre os anos 2013-2014.

Fonte: Tese Lígia Rodrigues, 2013 e JWCA.

31


32


33

PDMAT Diante desse contexto e a importância de intervenções que envolvam essas questões em prol a qualidade de vida da área, tem-se, em 1998 a criação do Plano Diretor de Macrodrenagem do Alto Tietê para lidar com as questões de drenagem da área, com a ampliação da calha do rio e a construção de piscinões. Em revisão do Plano em 2009 tem-se o aumento do escoamento e intervenção em pontos críticos como na Bacia do Pirajuçara, junto a projetos de ampliação de áreas verdes, parques lineares e reurbanização de ocupações irregulares. A terceira revisão do plano, em 2014 (PDMAT 3) tem como diretriz, segundo seu relatório promover o controle de água urbanas, por meio de intervenções estruturais e não-estruturais, com a articulação de políticas públicas e ações sociais em forma de sistema organizacional . Em especial, a região do CEAGESP não conta com sistema de controle de cheias, sendo ponto crítico da bacia hidrográfica, o PDMAT 3 observa a necessidade de rebaixamento da calha do rio em 3 ou 4 metros, e a construção de 160 piscinões para a retenção de águas, sendo projeto avaliado em mais de R$ 13,5 bilhões. Entretanto, as obras não têm previsão de início nem fim, por dificuldades de aprofundamento do rio e falta de áreas para construção dos piscinões. O professor Jorge Giroldo, do Centro Universitário EEI sugere que, no futuro, a solução será a retenção de água diretamente das casas como na Europa. Fonte: Tese Lígia Rodrigues, 2013 e JWCA.


34

Vista Aérea Parque Villa Lobos

Fonte: Galeria da Arquitetura, Décio Tozzi.

LEGENDA

Fonte: Schlinder Global Award 2017 Brief, sobre mapa Geosampa. Adaptado.


primeiro mercado da cidade, na Antiga Várzea do Ca ferroviária devido a distribuição litorânea. Era formado 35 condição higiênica. Em 1924, a partir do processo de c ÁREAS VERDES cidade de São Paulo, e a necessidade de um campo pa produtos alimentício, tem-se a construção do atual Merc O ritmo intenso apontou a necessidade de u Com aspectos de seu passado industrial, a região da Vila Leopoldina apresenta diversos vazios urbanos que vão sendo ocupados por empreendimentos de alto o número de transações entre produtores e c reduzindo padrão e é insignificante quanto áreas livres e de convívio, sendo meras passagens. descentralização, que visava alocar atividades em zonas O encontro entre as pessoas é esquecido sem áreas compartilhadas e parece ser cada vez mais evitado. em 1953, que parte da Vila Leopoldina (0.7%) foi determ O bairro é continuamente descaracterizado com o avanço da classe alta e dos (Centro Estadual de Abastecimento), além de novas infr empreendimentos imobiliários, a classe média é deslocada para áreas mais acessíveis, 1969 é inaugurado a Companhia de Entreposto e geralmente, para o outro lado do rio no Bairro do Jaguaré. A área sofreEm um processo de gentrificação em duas partes, primeiro, sob a pressão do mercado imobiliário, (CEAGESP) , sendo fusão entre duas empresas gov encarecendo o valor de terra e inviabilizando moradores locais de viverem ali, Abastecimento (CEASA) e a Companhia de Armazéns Ger segundo, com afastamentos obrigatórios da desocupação de habitações irregulares, favelas e cortiços da região. pelo governador da época, Abreu Sodré. O conceito de se ter uma variedade populacional econômica trabalhando juntas num espaço, e a ideia de se compartilhar, agregar, integrar o urbano e de se ter uma sociedade diversificada é perdida sob esses processos enobrecedores no bairro. O bairro conta com duas áreas verdes significativas: O Parque Villa-Lobos, ao sul da região, e o Parque Leopoldina Orlando Villas-Boas ao norte, o restante de áreas livres aparecem acopladas aos sistemas viários, sendo pequenos canteiros verdes, às zonas ribeirinhas do Rio Pinheiros, ou aos espaços privados. Segundo a Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, a região conta com 4,75m² de áreas verdes por habitante, quando o recomendado pela Organização Mundial de Saúde é 12m². O cenário acarreta demanda por áreas livres e infra estruturas verdes, no intuito de trazer vida, ligar a sociedade com o urbano e melhorar a qualidade de vida e econômica do bairro. A arborização viária acontece de forma aleatória, com concentração maior na Av. Dr. Gastão Vidigal, porém quase inexistente, mesmo o Distrito da Vila Leopoldina sendo o maior em questão do número de árvores por km de via (2003).

Vista Parque Villa Lobos

Fonte: Galeria da Arquitetura, Décio Tozzi.

Fonte: Site Último Segundo IG, 2012.

Vista Parque Orlando Villas-Boas


mo, região central, perto da rede or pequenas vendas sem qualquer 36 escimento e expansão urbana na a abastecimento e distribuição de dão. entreposto em escala estadual, nsumidores, além do processo de riféricas. E foi nesse contexto que, ada a receber o projeto do CEASA struturas de serviço. rmazéns Gerais do Estado de SP rnamentais: Centro Estadual de s de SP (CAGESP), o nome foi dado


37

O CEAGESP

Fonte: Site Oficial CEAGESP.

Até o início do século 18, a população paulista comprava produtos diretamente do produtor, ou das quitandeiras, em praças e ruas da cidade. Em 1867 tem-se a inauguração do primeiro mercado da cidade, na Antiga Várzea do Carmo, região central, perto da rede ferroviária devido a distribuição litorânea. Era formado por pequenas vendas sem qualquer condição higiênica. Em 1924, a partir do processo de crescimento e expansão urbana na cidade de São Paulo, e a necessidade de um campo para abastecimento e distribuição de produtos alimentício, tem-se a construção do atual Mercadão. O ritmo intenso apontou a necessidade de um entreposto em escala estadual, reduzindo o número de transações entre produtores e consumidores, além do processo de descentralização, que visava alocar atividades em zonas periféricas. E foi nesse contexto que, em 1953, que parte da Vila Leopoldina (0.7%) foi determinada a receber o projeto do CEASA (Centro Estadual de Abastecimento), além de novas infraestruturas de serviço. Em 1969 é inaugurado a Companhia de Entreposto e Armazéns Gerais do Estado de SP (CEAGESP) , sendo fusão entre duas empresas governamentais: Centro Estadual de Abastecimento (CEASA) e a Companhia de Armazéns Gerais de SP (CAGESP), o nome foi dado pelo governador da época, Abreu Sodré. O CEAGESP agrega, além do ETSP ( Entreposto Terminal de Sp), a Unidade de Armazenagem , composta pelo FAP (Frigorífico de Armazenagem Polivante) e o Silo Jaguaré, o qual recebe grãos a granel, vemos que o espaço conta com duas unidades de negócios distintas e complementares: a armazenagem e a entre postagem. Deste modo a Companhia garante sustentavelmente que infraestrutura atacadista, varejista, dos produtores rurais, cooperativas, importadores e exportadores se desenvolvam atividades seguramente e eficientemente. Além do CEAGESP manter maior rede pública de armazéns, silos e graneleiros do Estado, contando com 18 unidades ativa, agrega também 13 unidades de redes de entreposto, incluindo também maior central de alimentos não perecíveis (frutas, legumes, verduras, pescados etc.) da América Latina. Atualmente é administrado por empresa pública federal, vinculada ao Ministério da Economia, e circulam, diariamente, 50 mil pessoas e 12mil veículos no local, sendo comercializado mais de 250 toneladas de produtos ao mês. A estrutura local permanece consolidada, sem intervenções.

Fonte: Site Oficial CEAGESP.

Fonte: Registro Próprio, 2020.

Fonte: Registro Próprio, 2020.


38

LEGENDA

Fonte: Geosampa, MDC, 2004, CEAGESP, 2014.


REALOCAÇÃO CEAGESP A discussão de saída da sede da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) na região da Vila Leopoldina está em debate há mais de 15 anos pelo o governo de São Paulo junto ao Ministério da Agricultura. O decreto aprovando a saída foi assinado em 2016 pelo Prefeito Fernando Haddad e tem continuidade com o atual Governador João Dória que, em 2019, assina acordo com o Governo Federal para a realocação do mercado e a concessão à iniciativa privada. De acordo com o governador paulista, um local seis vezes maior está reservado para a realocação, ainda em sigilo para evitar processos de especulação imobiliário ao entorno, e alega o espaço permitir “ter mais permissionários, uma melhor condição física e operacional”. A estrutura física do entreposto permanece a mesma desde sua fundação, em 1969, sendo necessário uma reestruturação total para se adaptar a demandas, ainda que a atividade aumenta a poluição do bairro, a alta quantidade de caminhões prejudica o trânsito e a qualidade de vida da região, além da grande quantidade de resíduos gerados. A região atual do entreposto tem planos da construção do CITI – Centro Internacional de Tecnologia e Inovação, que tende a ser o mais avançado espaço de criatividade e desenvolvimento de startups do Brasil, com o foco no desenvolvimento. A pauta sobre a saída tem dois lados, aqueles a favor alegam que a operação atual está limitada pelo saturamento de acessos, áreas de estocagem e comercialização, além do congestionamento gerado pela quantidade de caminhões, aqueles que são contra argumentam validamente com a questão do encarecimento dos alimentos e a questão social.

Fonte: Site Oficial CEAGESP, Varejões.

Fonte: Site G1 Globo, SÃO Paulo, 2019.

39


40


41

FRAGILIDADE SOCIAL

É importante ressaltar que atividades que acontecem ao entorno do perímetro do CEAGESP dependem do seu funcionamento; ambulantes aproveitam público local, população de baixa renda sobrevive dos descartes do mercado, além de atividades ilegais. Ao todo são 6 favelas e 2 conjuntos habitacionais ao redor do entreposto, que contam cerca de 1.160 famílias, lembrando que a favela Da Linha e Do Nove e o Conjunto Madeirite tem sua subsistência relacionada diretamente com o mercado, além disso se encontram ali pelo fácil acesso da região e a infra estrutura consolidada, estes seriam os pontos mais afetados pela mudança de local do CEAGESP. Por estar em processo de valorização, a Vila Leopoldina sofre forte p ressão pelo mercado imobiliário e pelo Poder Público de se retirar estas famílias, que travam esse processo de elitização. Como retorno a estas problemáticas, o Plano Diretor de 2002 demarca perímetros de ZEIS-3 e propõe a construção de conjuntos habitacionais em áreas irregulares do bairro, destinando abrigar população com 3 (60%) a 6 salários mínimos (20%) e usos não-residenciais (20%), entretanto, a população que reside nestas habitações irregulares responde contra a construção de Conjuntos Habitacionais ali. Com o plano de saída do CEAGESP há o levantamento de questões sobre o futuro destas comunidades, que não podem ser ignoradas em eventuais planos urbanísticos na região.

Imagem aérea atual do Conjunto Habitacional Cingapura Madeirite

Imagem aérea atual da Favela do Nove, no trecho da Rua Japiaçu

Fonte: Site Notícias Uol, 2020.

Imagem aérea atual da Favela da Linha


42

3


43

OS PLANOS

Operação Urbana Vila Leopoldina-Jaguaré PIU Vila Leopoldina-Villa Lobos Legislação-Zoneamento Concurso Schlinder Global Award 2017


44

LEGENDA

Fonte: Caderno de Propostas, Operação Urbana Vila Leopoldina-Jaguaré, 2012.


45

OPERAÇÃO URBANA VILA LEOPOLDINA-JAGUARÉ O Plano Diretor Estratégico de 2002 Lei 13.340/2012 tinha, dentro de suas diretrizes a Operação Urbana Vila Leopoldina-Jaguaré, programa de intervenção urbanística para evitar o processo de especulação imobiliária, e a construção de condomínios privados e verticais que formam paisagem monótona e uni funcional, sem oferecimento de infraestrutura adequada para um desenvolvimento mais equilibrado e condizente. É definida uma área de 1028 hectares dos bairros Vila Leopoldina e Jaguaré, ditando diretrizes como: • A criação de novas pontes sobre os rios, fortalecendo ligação entre distritos. • Mesclar usos no espeço intra-quadra e nos edifícios, com equilíbrio na distribuição de atividades, visando minimizar os deslocamentos e criar espaço urbano vivo e ativo. • Incentivo a instalação de parque tecnológico com a implantação de “incubadoras”. • Criação da Avenida em paralelo à marginal Tietê, o chamado apoio sul à marginal. • Valorização dos terminais de Embarque e Desembarque de transporte coletivo, e conexão entre eles e as ruas comerciais requalificadas para estimular a criação de nova centralidade para a área. • Relocação das estações CPTM, ligando-as a área de ocupação existente e prevista. • Criação de dois novos parques públicos. • Adensamento populacional em todo perímetro de proposta, com a criação de dois polos de maior adensamento em áreas específicas e continuação de adensamento da Rua Carlos Weber. Algumas das diretrizes citadas serviram como base para a própria proposta de intervenção

Fonte: Caderno de Propostas, Operação Urbana Vila Leopoldina-Jaguaré, 2012.

Fonte: Caderno de Propostas, Operação Urbana Vila Leopoldina-Jaguaré, 2012.


46


47

PIU VILA LEOPOLDINA

Também com o intuito de equilibrar o desenvolvimento do Bairro da Vila Leopoldina, que ocorre de forma onde há uma alta concentração de edifícios altos e grandes terrenos subutilizados, o Plano Diretor Estratégico de 2014 permite a apresentação de Projetos de Intervenção Urbanas (PIU) de instituições privadas, que atendam a Programas de Interesses Públicos para a transformação de áreas. Conjunto de estudos técnicos embasados no PDE o qual visa ordenamento e reestruturação urbana de áreas subutilizadas no distrito Vila Leopoldina situadas na Rede de Estruturação e Transformação Urbana do Município de SP. O PIU Vila Leopoldina acerca uma área de 300.000m² e visa beneficiar mais de 1.200 famílias em situação vulnerável, incluindo duas favelas, contando com mais de 7.000m² em equipamentos públicos e áreas verdes como projeto de parcelamento de solo

Fonte: Caderno Propostas, Gestão Urbana, Prefeitura SP, 2018.

Fonte: Caderno Propostas, Gestão Urbana, Prefeitura SP, 2018.

Fonte: Caderno Propostas, Gestão Urbana, Prefeitura SP, 2018.


48

LEGENDA

Fonte: GestĂŁo Urbana, Prefeitura, 2015.


49

LEGISLAÇÃO O Plano Diretor Estratégico de 2015 aplica a área do CEAGESP no Perímetro MEM (Macro Estruturação Metropolitana) e passa a área de Zona Predominantemente Industrial (ZPI) para Zona de Ocupação Especial. Art. 15: “As Zonas de Ocupação Especial são porções do território destinadas a abrigar atividades que, por suas características únicas, necessitem diciplina especial de parcelamento, uso e ocupação do solo”. Algumas das diretrizes ditadas pelo PDE 2015 são: • Transformações estruturais orientadas para maior aproveitamento de terra com aumento da densidade construtiva e demográfica e implantação de novas atividades econômicas, atendendo critérios de sustentabilidade e garantindo proteção do patrimônio arquitetônico e cultural, em especial o ferroviário e o industrial. • Recuperação da qualidade dos sistemas ambientais existentes, especialmente rios, córregos e áreas vegetadas, articulando-os aos sistemas urbanos, principalmente de drenagem, saneamento básico e mobilidade, com especial atenção a recuperação de planícies fluviais e mitigação de ilhas de calor. • Produção de HIS e HMP. • Incremento e qualificação da oferta de diferentes sistemas de transporte coletivo, articulando-os aos modos não motorizados de transporte e promovendo melhorias na qualidade urbana e ambiental do entorno. • Preservação do Pavilhão do ETSP, dos SILOS verticais, em memória. • Integração entre diferentes modos de transporte a partir da construção de duas passarelas sobre o Rio Pinheiros, junto à Estação CEASA e Jaguaré Villa Lobos e um sistema ciclo viário conectando as estações da CPTM ao corredor de ônibus planejado para AV. DR Gastão Vidigal.


50

Fonte: Schlinder Global Award, 2017. Caderno Projetos ganhadores 1-3.


51

CONCURSO SCHLINDER GLOBAL AWARD 2017 O Schindler Global Award é um concurso anual de desenho urbano para estudantes. Foca na mobilidade, que é entendida como um fator-chave da mudança desejável nas áreas urbanas ao redor do mundo. O concurso, feito em 2017 teve como foco a área do CEAGESP na Vila Leopoldina, onde os três primeiros colocados serem como uma diversidade de estudos de caso para a proposta do Trabalho Final de Graduação.

Fonte: Schlinder Global Award, 2017. Caderno Projetos ganhadores 1-3.

PALIMPSESTO Local: CEAGESP – Vila Leopoldina Data: 2017 Autor: Eduardo Ganança, Luiz Grecco, Jéssica Luchesi Vencedor do concurso, Palimpsesto é um projeto que abrange nove temáticas: comunidade, história, orla, eco-ponto, cogeração, conectividade, compartilhamento, madeira e infraestrutura, esta proposta envolve uma gama de complexidade e insere o conceito de quadrasbloco para sua estruturação. A proposta de um parque linear integrado a estação CPTM e ao Rio Pinheiros explora as possibilidades de se ter uma coexistência entre o meio ambiente e urbano. Diversifica usos e atividades, promovendo fluxo e vida a região, mantêm a identidade local ao preservar o Pavilhão Central e a Torre do Relógio, é uma proposta que engloba uma variedade de questões.

Fonte: Schlinder Global Award, 2017. Caderno Projetos ganhadores 1-3.


52 OPEN CITY Local: CEAGESP – Vila Leopoldina Data: 2017 Autor: Nity Malik e Alisa Lambrenz A proposta que ficou em segundo lugar no concurso explora uma diferente visão sobre as cidade e compõe projeto com características mais artísticas, a alta diversidade de tipologias arquitetônicas sugere uma densa mistura de usos, sempre partindo da premissa de garantir a segurança por meio de um desenho urbano onde tem-se sempre os olhos a rua. É uma proposta única, garante a falta de monotonia e proporciona diferentes campos de visão e contemplação, a quantidade de caminhos e conexões evidencia o enfoque na mobilidade, e o desenho urbano integra bem o público e o privado, relacionando espaços interiores e exteriores, dando ainda mais a sensação de segurança a área.

Fonte: Schlinder Global Award, 2017. Caderno Projetos ganhadores 1-3.

Fonte: Schlinder Global Award, 2017. Caderno Projetos ganhadores 1-3.


53

Fonte: Schlinder Global Award, 2017. Caderno Projetos ganhadores 1-3.

GRAY TO GREEN Local: CEAGESP – Vila Leopoldina Data: 2017 Autor: Jianfeng Lin, Luging Liu, Yangwenbo Xue, Fenghuang Zheng O projeto classificado em terceiro lugar apresenta proposta de desenvolvimento sustentável, onde análises profundas sobre meio ambiente, condições sociais e econômicas são feitas. A partir disso a estrutura do desenho urbano. Proposta de grande área verde envoltória ao Rio Pinheiros como solução de problemáticas ambientais, climáticas e hidrográficas trazem a aparência de um ambiente natural, longe do cenário urbano, servindo de “respiro” a cidade. A implementação dos conceitos de ecologia, cidade-compacta, indústria e mobilidade faz o vínculo entre fatores econômicos e meio ambiente natural, traz um espaço contemporâneo com a inovação do desenho urbano e nova relação entre o rio e o urbano. É um projeto que gerou diversas discussões sobre paisagem e design urbano e muitos questionamentos sobre o equilíbrio das áreas verdes construídas. Fonte: Schlinder Global Award, 2017. Caderno Projetos ganhadores 1-3.


54

4


55

OS CONCEITOS

Cidade Compacta Desenho Urbano Espaço Livre Público


56

CIDADE-COMPACTA

A utilização do conceito de Cidade Compacta, ou seja, de projetar uma cidade com alta densidade planejada, que funcione como estrutura facilitadora da urbanidade, é um instrumento de planejamento que vêm diante do contexto de um rápido crescimento urbano, o qual não é acompanhado pelo crescimento populacional, que causa o fator de dispersão territorial na maioria das cidades. Intensificar as atividades econômicas, sociais e culturais urbanas e manipular o tamanho, a forma e a estrutura da cidade e de sistemas de assentamentos, perseguindo os benefícios da sustentabilidade ambiental, social e global derivados da concentração das funções urbanas (BURGESS, 2000, p.10).

Para evitar o crescimento não planejado e disperso e seguir em direção à sustentabilidade, tem-se o conceito de projetar cidades compactadas, ou seja, com a densidades desejáveis para cada área, se baseando em diversos fatores de infraestrutura, mobilidade, habitabilidade, para chegar na densidade ideal, considerando questão numérica e forma construída. Segundo Richard Rogers: uma cidade densa e socialmente diversificada, onde as atividades econômicas e sociais se sobreponham e onde as comunidades sejam concentradas em torno das unidades de vizinhança (ROGERS, 2001, p.33).


57

Residência Longas Distâncias Maior necessidade de carro

Trabalho Lazer Cidade Setorizada

Residência Distâncias Curtas Incentivo a bicicleta e ao pedestre

Lazer Trabalho Cidade Compacta

Este modelo para estratégias de planejamento tem como objetivo amenizar e poupar o meio ambiente dos processos urbanos, para não haver o uso ineficiente dos espaços e evitar grandes deslocamentos, tendo assim a diminuição de infraestruturas, como elétricas, de esgoto e água, ainda incentivando um estilo de vida mais saudável a partir da diminuição do uso de transportes automotivos. Saraiva afirma que estas cidades compactas incitam uma mistura de usos, intensificando assim o fluxo de pedestres, pois faz com que deixemos o carro na garagem e realizemos nossas atividades diária a pé” (SARAIVA, 2011);


58

DESENHO URBANO

Desenho Urbano é uma estrutura teórica diretamente associada à ação projetual, fazendo parte do processo de planejamento urbano, e busca trabalhar com relação direta entre o ambiente produzido e o comportamento social. Para Vicente Del Rio (1990), Desenho Urbano é o campo disciplinar que trata a dimensão físico-ambiental da cidade, enquanto conjunto de sistemas físico-espaciais e sistemas de atividades que interagem com a população através de suas vivências e ações cotidianas.

O planejamento de uma cidade, em meados do século XX, pós Segunda Guerra Mundial era feito a partir de princípios modernistas, e que atualmente mostra insuficiente na questão de se projetar diante de respostas para cada área em frente seu próprio contexto, com o Desenho Urbano se trabalha tendo uma determinação prévia e ordenação, e sua preocupação é fundamental em questão de qualidade, organização, estética e embelezamento, contribuindo ainda com o desenvolvimento de uma identidade visual e noção de espaço, tornando o espaço marcante; “o desenho urbano é uma arte, uma mistura peculiar de racionalidade e irracionalidade” afirma Kevin Lynch. O Desenho Urbano assume postura interdisciplinar, atuando como ponto de conexão entre a escala macro e micro de intervenção na cidade. As preocupações essenciais são: criar técnicas e instrumentos de controle do desenvolvimento do meio ambiente construído; interpretar os valores e as necessidades individuais e de grupo; identificar as qualidades físico-espaciais, desenvolver técnicas operacionais do ambiente urbano, solucionar problemas interdisciplinares e desenvolver meio de implementação. (DEL RIO, 1990 p.51)


59

Enfim, o termo consiste, atualmente em questionar e entender as complexidades de

planejamento urbano, e assim, elaborar possibilidades para intervir no espaço, e

apesar de se concentrar na compreensão do processo do desenvolvimento urbano. Como planejamento, o termo Desenho Urbano está aberto a uma série de interpretações. Nós o entendemos, de uma maneira geral, como significando o projeto e gerenciamento do meio ambiente tridimensional, maior que a edificação individual. Consideramos que seu campo de interesse localizou-se na interface entre a arquitetura paisagística e o planejamento urbano, inspirando-se na tradição de projeto da arquitetura e da arquitetura paisagística, e na tradição de gerenciamento ambiental e ciências sociais do Planejamento contemporâneo (in B.GOODEY, 1982 p.13).

Vista Superior Desenho urbano proposto


60

ESPAÇO PÚBLICO Um espaço público pode ser dito como uma área que está inserida na malha urbana, e é de posse coletiva e uso comum. Podem ser espaços de circulação, contemplação, com pleno direito de ir e vir, tais áreas estão relacionadas com uma cultura agregadora e socialmente compartilhada, e são pertencentes ao poder público, ou atribuídos as sistema como forma de oferta ao público em prol da qualidade de vida, o espaço público é “o local principal em que se forma a imagem da cidade, já que é por ela que os habitantes transitam e tem a oportunidade de observá-la e entende-la”, afirma Kevin Lynch. O espaço público está em contínua redefinição com centenas de soluções diferentes. Às vezes é palco de conflito e de controle, mas também é lugar essencial de diálogo, do intercâmbio e das relações entre as pessoas. É o espaço urbano por excelência, sempre diverso, sempre em evolução. E todos os cidadãos e cidadãs de qualquer idade e cidade devem poder desfrutar plenamente desses espaços urbanos” (MONTANER e DIAS, 2017)


61

A partir do momento em que a sociedade frequenta, transita e passa a conhecer de fato onde vive, tem a sensação de ter a sua identidade ali, de fazer parte da cidade, gerando o sentimento de pertencer e participar do espaço, e essa reação é essencial para a formação de uma cultura própria de cada local. Em suma, os espaços livres comuns são compostos por loteamentos arborizados que vem a qualificar o meio urbano edificado proporcionando qualidade ambiental, incentivo a caminhabilidade, ao lazer, ao esporte, a promoção de integração social, a estimulação do comércio independente, além de reestruturar o espaço abandonado, subutilizado ou que é vítima da degradação ambiental (SILVEIRA et al, 2016).


62

5


63

A PROPOSTA OPERAÇÃO CEAGESP

Meta Objetivos e Diretrizes Delimitação da Área Perspectiva Geral Implantação nível 0.00 +1.20 Planta Subsolo nível -2.00 Corte Ambiental 01 Corte Ambiental 02 Uso do solo e Tipologia Gabarito de Altura Sistema Viário Corte Via Principal Corte Via Ligação Corte Via Local Mobilidade Implantação Quadra Modelo Corte Quadra Modelo Planta Subsolo Quadra Modelo Tipos de apartamentos (I,II e III) Aplicação em Edifício Paisagismo Perspectiva Simulação Real 01 Simulação Real 02 Simulação Real 03


64


Fonte: Veja Online, Abril, 2019.

65

META

A meta da pesquisa de TFG, voltada para a grande área do CEAGESP tem, como objetivo geral, adaptar o espaço a resposta ao que está ali previsto, partindo do princípio de que a atividade de uso não estará mais atuando (mercado atacadista) e assim proporcionando uma grande área para a projeção de um novo bairro. A meta de se implantar um novo espaço na cidade de São Paulo mais contemplativo, convidativo, conectado, que exerça a função do urbano de forma mais integrada, para não sofrer com a especulação imobiliária, dar sentido e qualidade de vida a uma área que tem tanto potencial, unir aspectos sociais, econômicos e ecológicos, atrelar classes sociais para trabalharem juntas, de forma sustentável. “[…] Os diferentes edifícios podem ser projetados para uma mistura de usos e destinos que atraem misturas de pessoas de toda uma cidade ou bairro, o que, portanto, ajuda a construir a comunidade.” ALLAN JACOBS Great Streets, p. 297 – 298


66

OBJETIVOS E DIRETRIZES

CRIAR BAIRRO INTEGRADO, SEGURO, ACESSÍVEL E AGRADÁVEL •

Bairro acessível, sem qualquer limitação de mobilidade, ambiente plano, transposições necessárias, com rampas de acesso, piso tátil, ambientes planejados, desenho urbano simples Alta densidade na área Propor uma diversidade de usos por todo o espaço Quadras abertas e conectadas Tipologia variada, de modo a envolver todas as classes sociais Mescla de gabaritos de altura, determinados por usos, harmonizando composição do desenho urbano, aumentando campos de visão, melhorando insolação e clima do bairro Escalonamento de edifícios para maior visibilidade e melhor aproveitamento da luz natural Requalificação de todo o sistema viário Conexão do novo bairro ao outro lado do Rio Pinheiros, para o bairro do Jaguaré por meio de passarela como solução de problemas de mobilidade e transposição Readequação da Estação Jaguaré da CPTM, integrando-a a área Ciclovia extensa e conectada a ciclovia existente e ao entorno, como incentivo a este meio de mobilidade, nocivo ao meio-ambiente Qualificação da vida urbana com a ampliação de calçadas e o estímulo ao comércio, serviços e equipamentos voltados a via Estacionamento no subsolo para melhor aproveitamento do térreo e otimização das vias, sem alterar a superfície

• • • • • • • • • • • •

PRESERVAR A IDENTIDADE LOCAL, ESTIMULAR SENSO DE PERTENCIMENTO E GERAR NOVA CULTURA • •

Preservação do Pavilhão Central, dando o uso de centro de atividades, como feiras, eventos, shows, exposições, e da Torre do Relógio, como marco característico do bairro, ambos de contemplação e pertencimento Integrar novo bairro ao entorno, promover espaços contemplativos e chamativos a encontros e fruição pública


67

AMENIZAR PROBLEMAS DE ALAGAMENTOS E SISTEMAS URBANOS DE DRENAGEM •

Alta taxa de permeabilidade no solo, com o parque central e as áreas verdes em todas as quadras Abertura de córregos no parque, contribuindo com a vazão da água, além de trazer o contato com o meio ambiente natural Biovaletas compõe o bairro, para facilitar a infiltração de águas pluviais, além de processar filtragem da água em rede convencional, devolvendo ao lençol freático Jardins de chuva no subsolo e distribuídos por todas as quadras para a redução de ilhas de calor, diminuindo riscos de enchentes, servindo para infiltração de volumes maiores de água, é ligado a sistema convencional. Lajes verdes nos edi�cios, auxiliando na drenagem e reduzindo necessidade de escoamento de água e sistemas de esgoto, além de colaborar para melhoria do microclima do bairro

• • • •

INCORPORAR MEIO AMBIENTE NATURAL AO URBANO E DAR VIDA AO BAIRRO •

• •

Projeto de Parque Central, espaço público conectado destinado à convivência, com biodiversidade, córregos d’água, equipamentos urbanos, áreas de lazer, permitindo contato com o meio natural e melhorando condições ambientais, além de trabalhar em problemáticas urbanas e contar como maior porcentagem na taxa de permeabilização do bairro Canteiros verdes, com arborização tropical variada, que possa trazer fauna ao espaço e tornar o ambiente agradável visualmente e climaticamente. Caminhos internos as quadras, com iluminação adequada, incorporando o ambiente urbano ao natural e aproximando o verde aos edifícios, além de gerar agradáveis campos de visão Lajes verdes por praticamente todos os edifícios, criam paisagem natural, diversificando o ambiente


68

Lotes Demolidos Lotes Mantidos Desenho Atual Viรกrio


69

DELIMITAÇÃO DA ÁREA Partindo de análises sobre a área e seu contexto, foram definidas muitas desapropriações em lotes existentes, a maioria áreas de armazéns e infraestruturas voltadas ao funcionamento do CEAGESP atualmente. Não se teve a intenção de modificar qualquer área irregular do entorno, como o Conjunto Cingapura Madeirite, ou a Favela da Linha, e sim integrar uma região que pode sofrer especulação imobiliária e o processo de gentrificação. Para que estas também convivam e usufruam do novo bairro com objetivo de valorizar a área e atingir toda sociedade de forma positiva. Com a ideia de manter a identidade local e o sentimento de pertencimento no bairro, o Pavilhão Central, construído em 1964 por Figueiredo de Ferraz não sofre qualquer alteração, e recebe um parque em seu entorno para contemplação da história local e do monumento moderno; assim como a Torre do Relógio, construída também em 1964, é aplicada ao centro da rotatória principal de acesso, dando ainda mais visibilidade para esta construção de 52 metros, considerada patrimônio do bairro. As duas edificações foram essenciais para o desenho urbano proposto, assim como o desenho viário já existente da área e do entorno, que foram tomados como princípios para acessos e conexões.

Registro Próprio Pavilhão Central

Registro Próprio Torre do Relógio


70

Caminhos Verdes entre edifĂ­cios

Escalonamento dos edifĂ­cios


71

PERSPECTIVA

Plataforma +1.20

Parque Central


72


73

IMPLANTAÇÃO Nível 0.00 e +1.20

O desenho urbano desenvolvido na proposta busca equilibrar aspectos urbanos e naturais, com o intuito que os dois interajam e trabalhem juntos. LAJE 1.2 Com a intenção de se projetar na escala do pedestre, tem-se a proposta de lajes em nível 1,20 acima do térreo.A cotagera centro que conecta todos os edifícios, oferece espaço convidativo e amplo aos moradores, traz mais visibilidade ao nível dos olhos e fortalece o senso de pertencimento ao bairro. A proposta distancia pedestres e carros, criando espaço de uso exclusivo a pedestres e ciclistas, trazendo segurança e sociabilidade.

PARQUE CENTRAL O Parque Central no novo bairro oferece maior interação da sociedade, um espaço compartilhado influencia diretamente na qualidade de vida da sociedade e gera ambiente notável e marcante. Áreas verdes permitem que a cidade se integre ao ambiente natural, melhora condições ambientais e trabalha em problemáticas urbanas, como o problema de drenagem do solo no local, além de amenizar ilhas de calor. O pavilhão central terá função de centro de atividades, sendo utilizado para feiras, eventos, shows. ALTA DENSIDADE A ideia de planejar um bairro com alta densidade como resposta a demandas de espaço diante da rápida expansão urbana da cidade de São Paulo. Um bairro denso tem o aumento da eficiência de suas redes de infraestrutura, e, se bem planejado, pode encurtar distâncias e trazer diversidade social e cultural.


74


75

PLANTA SUBSOLO Nível -2.00

O subsolo, em nível -2.00 abaixo do nível térreo foi projetado de forma que a área seja bem aproveitada, e promova o maior número de vagas de carros possível em relação aos edifícios. • • • •

O bairro vai contar com uma média de 1 vaga por apartamento, considerando o objetivo de desincentivar o uso de transporte individual e não sustentável, espaços foram destinados a paraciclos. Os estacionamentos contam com rampas de acesso, e servem como entrada para os edifícios, o planejamento apresenta acessibilidade. Como solução para o problema de drenagem, todos as quadras apresentam jardins de chuva no nível -2.00. Rasgos na laje do nível 1.2 foram são aplicados para o melhor aproveitamento da luz natural e as condições climáticas e higiênicas do ambiente.

Quadra modelo subsolo


76

Pavilhão Central Passarela e Estação CPTM Readequada


77

CORTE AMBIENTAL 01

Parque Central

Torre do Relรณgio


78

CORTE AMBIENTAL 02


79


80

Uso Misto Uso Corporativo Uso Residencial EdifĂ­cios Mantidos


81

USOS E TIPOLOGIA COMÉRCIO TÉRREO 0-8 andares • • •

Blocos destinados a comércios ou serviços Revestimento de Vidro Módulo 6x6m

EDIFÍCIO RESIDÊNCIA 8-12 andares 80% Habitação Apartamentos de 36/72/108m² com terraço Área condomínio privativa

EDIFÍCIO CORPORATIVO 18-24 andares 80% Corporativo Espaços compartilhados - co-working Espaços colaborativos Salas Modulares 36m² Lajes Verdes/Áreas Externas 20% Comércio e serviços Fachada Ativa – nível 1.2

• • • •

Escalonamento do edifício para melhor insolação do ambiente Estacionamento interno – nível 2.00 Módulo 6x6 mais circulação interna Acessível

20% Comércio e serviços Fachada Ativa – nível 1.2

EDIFÍCIO MISTO 12-18 andares 40% Habitação Apartamentos de 36/72/108m² com terraço Lajes Verdes Áreas compartilhadas 40% Corporativo Espaços compartilhados - co-working Espaços colaborativos Salas Modulares 36m² Lajes Verdes/Áreas Externas 20% Comércio e serviços Fachada ativa - nível 1.2


82

0-8 andares (3.1-24.8m) 8-12 andares (24.8-37.2m) 12-18 andares (37.2-55.8m) 18-24 andares (55.8-74.4m)


83

GABARITOS DE ALTURA

Os gabaritos de altura propostos para o bairro foram determinados pelo cálculo da densidade planejada de 1100pes/há para o novo bairro, e a partir de um Coeficiente de Aproveitamento tido como 2.00, a área aproveitada (872.948m²) sobre a área de projeção de todos os edifícios (58.859m²) me trouxe uma média de 15 pavimentos em cada edifício proposto. Sendo assim, a quantidade de pavimentos foi distribuída de forma a se ter uma variedade de alturas pelo bairro, com o intuito de se ter maior visibilidade nos edifícios, melhor passagem do ar, com a ideia de quebrar a monotonia de uma cidade totalmente verticalizada, trazendo diferentes perspectivas e panoramas. A altura de cada edifício também remete a seu uso, por exemplo, como dito anteriormente, Edifícios predominantemente residenciais tem tipologia com gabaritos mais baixos, Edifícios Mistos têm altura média e são distribuídos por todo o bairro e Edifícios Corporativos, gabaritos altos, localizados mais perto ao Parque Central e periferias do novo bairro.


84

Via Principal Via Local Via Ligação


85

SISTEMA VIÁRIO

CORTE VIA PRINCIPAL

6

2 0

4

8


86

CORTE VIA LIGAÇÃO

6

2 0

4

8


87

CORTE VIA LOCAL

6

2 0

4

8


88

Ciclovia Pontos de Ônibus Estação Ceasa CPTM


89

MOBILIDADE

A questão da mobilidade na proposta é observada em todos os momentos, de forma que se conecte por todo o novo bairro e seu entorno de forma organizada. O sistema viário foi planejado para que se tenha boa fruição entre todos os meios de locomoção, e que seja seguro e acessível aos pedestres. A acessibilidade foi base para a proposta, com rampas de acesso, piso tátil, faixas de pedestre implantadas para melhor qualidade de vida da sociedade. Com o projeto baseado na escala do pedestre, a caminhabilidade é o principal ponto na questão modal, sendo o mais requerido objetivo para a proposta, é incentivado a partir de alargamento das calçadas, interação micro econômica, alta visibilidade ao nível dos olhos. A compactação do bairro e o encurtamento de distâncias torna a ciclovia planejada meio de mobilidade essencial, foi projetada de forma a ligar a área ao bairro, a cidade como um tudo, além de trazer segurança ao ciclista e o incentivo ao uso deste transporte sustentável. Ao longo da Via Principal, são propostas estações de ônibus, trazendo pontos de origem e destino de pessoas dentro do bairro, promovendo circulação e o tornando ainda mais movimentado, integrado e reconhecido. A estação Jaguaré da CPTM foi readequada de forma a se conectar ao novo bairro, junto a uma passarela sobre o Rio Pinheiros, visando quebrar limitações de transposição e agregando a área por toda a extensão da cidade de São Paulo. As vias foram projetadas de forma que se obtenha uma boa fruição de transportes, individuais e coletivos; foram projetadas rotatórias por todo o bairro, a fim de tornar o sistema viário mais seguro, reduzir a velocidade, otimizar o fluxo e possibilitar conversão para todos os lados, conectando rotas.


90

QUADRA MODELO Nível 0.00 e +1.20


91

Jardins de Chuva no subsolo

Módulo 6x6 Circulação interna 3,4m

Rampas acessíveis a laje nível +1.2 e subsolo nível -2.00

Comércios e serviços Caminhos verdes entre edifícios


92

PLANTA APARTAMENTO TIPO i 36m²

PLANTA APARTAMENTO TIPO II 72m² PLANTA APARTAMENTO TIPO III 108m²


93

APLICAÇÃO EM EDIFÍCIO

Apartamento Tipo I (36m²) Apartamento Tipo II (72m²) Apartamento Tipo III (108m²)


94

QUADRA MODELO Subsolo nível -2.00


95

Rampas de Acesso

Jardins de Chuva

Rasgos na Laje +1.2

O subsolo foi planejado de forma de que o espaço das quadras seja aproveitado da melhor maneira,para que os estacionamentos contem com a quantidade ideal de vagas, suprindo as necessidades do bairro. Foram implantadas infraestruturas de acessibilidade e sustentáveis, para se obter um ambiente com boas condições e trazer soluções a problemáticas urbanas do local, como os constantes alagamentos na região.


96

PAISAGISMO

Aracá (Psidium cattheianum)

Jatoba (Hymenaea Courbaril)

Palmito Jussara (Euterpe edulis)

Babosa branca (Cordia superba)

Palmeira Jerivá (Syagrus romanzoffiana)


97

Ipê-Amarelo (Handroanthus serratifolius)

Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides)

Ipê Roxo (Handroanthus impetiginosus)

Manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis)

Sapucaia Vermelha ( Lecythis pisonis Camb)

Mulungu ( Erythrina speciosa)


98


99

PERSPECTIVA E SIMULAÇÕES Visão do pedestre a Quadra Modelo


100

Vista do novo bairro povoado


101

PavilhĂŁo Central e Parque Central


102


103

CONCLUSÃO

A área escolhida, seu entorno, e a cidade de São Paulo foram questões iniciais, o estudo e uma análise sobre o que acontece aonde se vai projetar são essenciais para um bom resultado projetual. Notar a essência do lugar reflete diretamente no modo de desenhar, mantendo o que há de importante e deve ser valorizado, e o que não cai adequadamente fazem mais sentido quando se conhece no que está alterando. As problemáticas obtidas e as questões levantadas ao longo de um projeto urbano trazem a necessidade de soluções, e neste momento, é dada a aplicação de conceitos e diretrizes estudadas ao longo de todo o curso de Arquitetura e Urbanismo. Apesar do distanciamento do projeto a realidade devido a políticas públicas, poder criar um bairro novo na cidade de São Paulo me abriu diversos horizontes, agregou uma série de informações e me trouxe conhecimento mais amplo sobre o funcionamento e o planejamento de uma cidade, seus devidos valores e importâncias. A proposta apresentada serviu como uma oportunidade de poder compor um desenho urbano o qual respeita o meio ambiente e incorpora a cidade de forma única, o uso de conceitos atuais e pertinentes que abrangem série de vantagens me fizeram enxergar o que o Urbanismo pode oferecer a sociedade.


104

BIBLIOGRAFIA BRONKHORST, Aline. Patrimônio, Planejamento e Desenho Urbano. 2014. 124p. Trabalho Final de Graduação – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-SP). 2014. BURGESS, R.. The Compact City Deabte: A Global Perspective. In Compact cities: sustainable urban forms for developing countries. Londres; Nova York: E. & F.N. Spon, 2000. CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana. Lisboa. Edições 70, 1996. DEL RIO,Vicente. Desenho Urbano Contemporâneo no Brasil. LTC, 2013. DEL RIO, Vicente. Introdução ao Desenho Urbano no Processo de Planejamento. Brasil. Pini, 1990. GEHL, Jan. A Vida na Cidade: Como estudar. Washington. Island Press, 2013. GEHL, Jan. Cidades Para Pessoas. Berlim. Perspectiva, 2010. GOODEY, B & Gold, J. Geografia do Comportamento e da Percepção. Publicação especial nº3. Departamento de Geografia, Instituto de Geociências, UFMG, Belo Horizonte. 1986. HERTZBERG, Herman. Lições de Arquitetura. Martins Fontes. Holanda,1999. JACOBS, Allan, Great Streets, p. 297 – 298. London: The Mit Press, 1993. JACQUES LE GOFF, Por Amor à Cidades p.124. São Paulo: Ed. UNESP, 1998. JACOBS, Jane. A morte e vida das grandes cidades. WML Martins Fontes. Estados Unidos, 1961. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. Estados Unidos.MIT Press 1960.


MONTANER, Josep. DIAS, Marina. O direito ao espaço público. Disponível em <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/17.203/6517> Acesso em 29 out 2019. 2017. PANISI, Ana Paula. Entre Parques E Rios. 2017. 126 fls. Universidade de São Paulo, FAU, 2017. REIS, Gabriela. Permeabilidade Urbana: O espaço público como ressignificador social. 2018. 268p. Trabalho Final Graduação - Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos, 2018. RODRIGUES, Beatriz. Urbanidade: o uso do código da obra como alternativa para o centro de Fortaleza. 2013. 228p. Trabalho Final Graduação – Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2013. ROGERS, Richard. Cidades para um pequeno planeta. Barcelona. Gustavo Gili, 1995. ROVERI, Amana; SORRINI, Bruna; FELIX, Felipe; TONIN, Isadora; NORA, Luana; BERTELLI, Marina; FARAONE, Rodrigo; BERNARDI, Virgínia. Novo CEAGESP. 2017; 95 fls. FAU PUCCampinas, 2017. SCARPATO, Renan. Centro de Pesquisa em Agricultura Urbana na Vila Leopoldina. 2017. 58 fls. Centro Universitário SENAC, Campus Santo Amaro, 2018. STEIN, Ana Paula. Proposta de Intervenção Urbana Baseada no Desenvolvimento Orientado pelo Transporte Sustentável (Dot’s): Complexo Intermodal CEAGESP. 2018. 11fls. Universidade Anhanguera de São Paulo, 2018. TAEMI, Maria; GOMES, Mariana; TINOCO, Mariana; DUARTE, Matheus; LUZ, Sophia. BÓBBO, Thais; MANSUR, Vanessa. Entrelaços Jaguaré. 2018. 94 fls. FAU PUC-Campinas, 2018.

105


OBRIGADA!


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.