Poc! - Edição 01

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Editorial Pensar em um tema quando é livre foi uma das coisas mais difíceis da parte criativa. No fim decidi falar sobre o que gosto: a cultura Pop, drags, música, filmes e dar uma problematizada com a última matéria. Tentei fazer conexões com os anúncios, apesar de que não deu certo com alguns. O curso foi muito bom, recomendarei para todos que queiram aprender a diagramação. Muito obrigada e boa leitura!

Ficha Técnica

Publicação criada para colocar em prática os recursos aprendidos no curso de Diagramação de Revistas, do instrutor Luis Eduardo de Souza. Foto da Capa Gloria Groove por G1 Diagramação Anna Clara Campestrini

Índice Entrevista: Gloria Groove

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Filmes para 2019

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Histórias sobre Stalkers

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Dog Care

Plano de SaĂşde Canino

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Entrevista

Gloria Groove Uma das drag queens mais famosas do país conta de onde veio e para onde vai Difícil ignorar Gloria Groove quando o assunto são as drag queens no Brasil. Ela é tida por muitos como a artista com a melhor voz do nicho. Antes de se reconhecer como drag, cantou na igreja evangélica, foi calouro mirim no programa do Raul Gil e ator de teatro musical. É uma formação para não botar feito. Agora, Gloria Groove quer popularizar mais seu trabalho e se comunicar melhor com o grande público. Ela está em “Joga Bunda”, parceria com Aretuza Lovi e Pabllo Vittar feita para bombar. Além disso, prepara a estreia do clipe de “Bumbum de Ouro” para segunda (5/2) e o lançamento de um segundo álbum para este ano – guiado por sua busca por entender melhor como se identificar com as pessoas. Como você essas colaborações entre as drag queens, como “Joga Bunda”? “Joga Bunda”, como todas as outras parcerias que a gente vê entre nós, as artistas LGBT, representa o inevitável apoio que a gente tem que se dar. Eu sinto como se a gente inevitavelmente virasse uma grande família. A nossa forma de celebrar a nossa vida e as nossas possibilidades é marcar isso entre amigas e poder realizar trabalhos grandiosos juntos. A gente consegue trabalhar com as melhores ferramentas e as melhores pessoas hoje em dia, graças a Deus, e eu fico muito feliz de fazer parte disso. Eu falo para as meninas: “nunca fiz parte de algo que me completasse tanto quanto sentir que faço

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parte de algo especial junto delas”. É isso que me leva para frente. A drag music está super em alta e vocês hoje em dia são referências. Quando você começou, quem eram as referências para você? Quando eu comecei a me montar na noite paulistana, eu buscava muita inspiração e referências nas drags que estavam brotando na balada pop – lá em São Paulo pelo menos. Elas sempre existiram, mas no circuito eletrônico, no circuito das baladas, não era onde o pop estava circulando. Quando começaram a adentrar esse mercado e essas baladas, que era onde eu estava nessa época, foi quando conheci pessoas como o Trio Milano, a Amy Candy, Bianca Della Fancy, Lola Lewinsky, que eram drags dessa época, desse fervor pós “RuPaul’s Drag Race”, 2014/2015. Foi assim que fui conhecer a história das drags que vieram antes disso ainda, Sylvetty Montilla, Márcia Pantera, Ikaro Kadoshi LaBelle Beuaty, as Irmãs Von Carter, a própria Striperella, que sou muito fã. Tanta gente talentosa e tão plural que veio abrindo esse caminho para que a gente hoje possa fazer esse trabalho tão grandioso. Eu tenho muito respeito e admiração pelas drag queens que até hoje exercem esse trabalho, dentro e fora das boates.


Você começou a cantar antes de se montar. Foi cantor gospel! Como foi essa transição do gospel para drag? Caramba! Eu acho que, na minha vida, pude experimentar de muitos recortes trabalhando com música desde criança. Desde os sete anos de idade no palco, cantando, dançando, performando. Passei por tantos recortes diferentes e, em todos eles, a música estava guiando meu caminho. Quando paro para pensar na minha história, sinto que tudo me preparou para eu estar onde estou hoje. É muito louco pensar isso. “Como assim passar pela igreja evangélica te preparou para ser uma drag queen?” Eu acredito que nada acontece por acaso. Tudo acontece ou para te alimentar de referências ou te alimentar de histórias. Eu sou muito grato por tudo que vivi dentro e fora da igreja, no palco desde criança, junto com a minha mãe, que é minha principal referência de mulher, de pessoa, de cantora. Sou muito grato. Acredito que essa transformação se deu puramente porque, por volta dos 14/15 anos, eu já não podia mais ignorar o que eu era. Eu sempre fui averso a coisas que não são autênticas e enxergava que não conseguiria fazer parecer algo por muito tempo. Foi assim que acabei me afastando do ministério e me aproximando do teatro e da dublagem, com o que eu trabalho até hoje paralelamente. Aí vi no ‘drag’ a possibilidade de ver minha estrela brilhar, sabe? Era algo que eu não via antes em mim como menino gay, ali na minha particularidade. Você sente falta de fazer teatro? Sinto muita falta! Isso é uma das coisas que mais me pegam. Estar no ambiente teatral nunca vai deixar de ser uma experiência transformadora para quem esta ali. Posso falar por mim quando digo que mudou muito minha vida e me


Entrevista

introduziu à arte da montação e da produção. Foi o momento que decidi realmente elevar meu potencial performático. Não posso deixar de dizer que o teatro musical me jogou logo em seguida para a Gloria Groove. Qual seu maior sonho na carreira? Cara, posso dizer que meu maior sonho dentro da minha carreira é que eu nunca sinta que estou pronta, completa. Quero sentir que posso aprender alguma coisa nova em tudo que venha a fazer, para me aprimorar e evoluir. Eu acredito que, por fazer o que eu faço, música como drag queen, com a chance de me reinventar sempre que quiser, seria um desperdício se eu não aprendesse uma coisa nova a cada vez que chego a algum lugar. Meu maior sonho é conseguir aprender muito com as oportunidades que a vida está me dando. Você sempre capricha no visual de sua videografia. Quanto custa bancar esse padrão de qualidade? Isso é muito custoso. Eu posso dizer que, depois de “Império”, abri uma era na qual eu pensava “como vou conseguir fazer algo mais grandioso que isso? Mais potente que isso?”. Depois percebi que fazia parte mais de uma desconstrução do que uma construção de coisas cada vez mais grandiosas e surpreendentes. Percebi que talvez o caminho fosse enxugar meu trabalho e perceber como ele pode se tornar mais acessível para as pessoas. O que falta para as pessoas ouvirem? Como eu, como Gloria Groove, posso comunicar algo que seja comum entre nós, algo que vá levar todo mundo para frente? E ainda assim manter um padrão alto de qualidade, refinado, bonito e palatável a todos. Acho que é disso que estou em busca agora: o que o povo brasileiro precisa ouvir? O que falta a gente falar sobre? Mas sem perder esse padrão de qualidade. A gente estabeleceu esse nível. Acho que as

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drags mudaram muito do que se pensa sobre o conceito da videografia de um artista no Brasil hoje. Você vai lançar um álbum novo neste ano. O que você pode adiantar? Posso garantir que meu segundo álbum vem recheado dessa busca do que as pessoas gostam de ouvir – e a minha busca também sobre como posso me identificar com as pessoas que estão a minha volta. Qual é a grande sacada do meu segundo momento? Agora que eu já disse de onde eu venho, qual é o próximo passo? O que preciso fazer agora para que a gente esteja cada vez mais junto? O segundo álbum nasceu dessa busca tremenda por querer entender melhor as pessoas, querer me comunicar e estar cada vez mais perto. É isso que eu tenho vontade e quase uma carência de olhar as pessoas nos olhos e saber o que se passa aí dentro, sabe? Entrevista realizada por Leonardo Torres, retirada do Portal Popline | Fotos: The Drag Series


Escute Bumbum de Ouro e outras mĂşsicas de Gloria Groove no Spotify

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Cinema

Garimpo Especial: Filmes que passaram despercebidos em 2018 Seguindo a tradição iniciada no ano passado com o nosso Garimpo Especial: 10 Filmes Que Passaram Despercebidos em 2017, voltamos em 2019 apresentando novamente 10 filmes que talvez tenham passado zunindo pela sua cabecinha no ano passado. E surpreendentemente a maior parte deles não é metida a besta, falada em farsi e/ou tem travestis brasileiros tentando a vida numa intolerante Líbia controlada pelo Estado Islâmico. Muito pelo contrário, temos aqui desde um filme infantil, filmes nacionais totalmente diferentes entre si e até mesmo um filme protagonizado por uma estrela de Wakling Dead em que ninguém come as tripas de ninguém.

Para esta lista deixamos de fora alguns dos melhores filmes do ano simplesmente porque eles já constam das listas publicadas na semana passada do nosso Top 10 – Os Melhores Filmes de 2018, em que o pessoal aqui do site votou diretamente, e na compliação As Obras Mais Bem Avaliadas de 2018, que contou com os filmes que receberam a maior nota do site no ano e dentre os quais muitos poderiam estar aqui neste garimpão especial do ano, tais como as verdadeiras obras primas que são Mudbound, O Amante Duplo, Pérolas no Mar, O Vazio de Domingo, Lazzaro Felice, Apóstolo e Tinta Bruta. Sei que acabei de te tirar qualquer

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motivo para clicar nos links das listas acima, mas seja uma pessoa melhor do que eu e confira!

As Aventuras de Paddington 2

O dia era 28 de Janeiro de 2018. Lá estavam eu, Gustavo, o editor-chefe aqui do site, e seu sobrinho participando de uma cabine de imprensa de As Aventuras de Paddington 2. A aventura mostra a jornada do urso mais fofo do planeta para recuperar o presente de sua tia, que foi roubado. Por causa das encrencas em que o coitado se mete, a família Brown terá de ajudá-lo mais uma vez. Este não se trata apenas de um filme de família divertido, mas também de uma sequência de qualidade, das raras que superam o original, tanto que é um dos poucos filmes a receber 100% de aprovação no site Rotten Tomatoes. Com uma boa dose de comédia e momentos de soltar lágrimas, essa produção subestimada merece mais reconhecimento e amor do público. Por Valentina Schmidt

Zama

Zama é o coração de trópicos tão tristes quanto verdadeiros. A película retorce o espectador no encontro de um passado ainda vivo, onde os caudilhos são regurgitados pela selvageria e a suposta civilização ultrapassa toda e qualquer fronteira moral. Sem remorsos,


sem meias palavras, com direção impecável e atuações magistrais, a obra é obrigatória na medida que expõe como poucas a foz dos esgotos abertos da América Latina. Por Thotti Cardoso

Tully

Tully teve duas coisas que me atraíram. A primeira foi a Charlize Theron no papel de protagonista. A segunda foi o cartaz um tanto quanto intrigante. Mal sabia eu que estaria vendo um filme delicado e com muita qualidade. Tully fala sobre maternidade. Tully fala sobre dificuldade. Tully fala sobre felicidade. Com a atuação espetacular de Charlize Theron, a obra, que já é bem satisfatória pelo roteiro em si, é elevada a outro nível. Infelizmente passou debaixo de nossos narizes durante o ano, porém se arrependa e vá conferir esta simples obra, que ficará em minha memória de forma satisfatória. Por Gabriel Eskenazi

Nos Vemos no Paraíso

Na nossa crítica falamos o seguinte: “Infelizmente, ninguém aqui voa ou solta raio laser pelos olhos, então ele não deve ter a distribuição que merece.” E foi exatamente isso que ocorreu. Esta super produção francesa tem absolutamente todos os elementos que fazem um filme ser épico e grandioso e, portanto, apelativo ao grande público. Contudo, sua distribuição foi limitadíssima e, com isso, poucos foram aqueles que tiveram o grande prazer de assistir às duas horas de virtuosismo cinematográfico da poderosíssima parábola de Albert Dupontel sobre o poder da amizade e das relações humanas na existência de cada um de nós, tudo enquanto presta uma evidente homenagem a tantas coisas maravilhosamente clássicas do cinema que não vou listar. Um filme refrescantemente nostálgico sem tentar ser e, principalmente, sem se valer disso como muleta. Por Gustavo David

O Animal Cordial

Ao mesmo tempo tributo aos grandes do

cinema, comentário social e um tour de force de um elenco azeitadíssimo, O Animal Cordial é antes de tudo um filme que sabe o que quer – entreter – e o faz de forma despudorada, sem jamais atentar contra a inteligência do telespectador e enquanto critica de forma clara, ainda que indireta, as relações de poder em uma sociedade tão desigual quanto a brasileira. Sua principal força, contudo, é a alegoria sobre o ser humano e sua eterna busca por propósito e a elação absoluta e contagiante de quem o encontra, tudo aqui embalado em um thriller dos bons, com performances estelares dos três principais pilares do elenco (Luciana Paes, Murilo Benício e Irandhir Santos) e um apreço deliciosamente doentio pelo gore que raramente é visto no cinema nacional. Por Gustavo David

Benzinho

Imagine um filme onde nada acontece mas tudo acontece como acontece nas vidas comuns. O diabo é que a gente não se dá conta de como acontecem coisas nas vidas comuns. Benzinho é isso. Uma sequência de acontecimentos comuns vividos por uma típica família classe média brasileira, cheia de sonhos, medos, partidas, conquistas e perrengues que fluem com uma naturalidade impressionante, a ponto de nos convencer

que o diretor ligou a câmera e deixou personagens viverem suas vidas. Personagens autênticos vivem na pele de atores fabulosos que trocam diálogos extraordinários exatamente por serem tão ordinários e que soam como se não estivessem numa tela. Este é o valor de unicidade de Benzinho. Uma história comum que acontece como se acontecesse ali na esquina. E por ser comum

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Cinema

é incomum, diante da enxurrada de roteiros esquematizados pelas melhores técnicas de prender o espectador com plots e viradas de storytelling que fazem Hollywood babar e as bilheterias transbordarem. Nada contra, adoro Hollywood, mas Benzinho é diferente. Quer ver? Passe um tempo numa família brasileira encontrada em qualquer bairro de classe média do Sudeste. Ou veja no Now. Você vai enxergar o Brasil num espelho. Talvez você descubra quem é Karine Teles, uma atriz fora do mainstream, que de tanta simplicidade dá uma lição de atuar, sem que ninguém perceba que está atuando. Por José Guilherme Vereza

Em Chamas

Por Marco Medeiros

Do amor à relação pouco amistosa entre classes, tantas são as camadas que podem ser encontradas em Em Chamas, novo filme de Chang-Dong Lee e provável representante da Coreia do Sul no Oscar. A partir da história de um suposto triângulo amoroso, entramos no jogo de provocações que se faz concreto a partir da subjugação psicológica de quem se entende superior, devido às posses pessoais, levando o menos abastado ao seu limite, conseguindo , ainda, penetrar na esfera sentimental, que tampouco escapa à manipulação do opressor. Um conto feroz e direto sobre presunções, emoções e relações pessoais, que desnuda, a cada cena, mais e mais a ardente natureza humana. Por Rene Michel Vettori

O Beijo no Asfalto

Vinícius de Moraes escreveu que “são demais os perigos dessa vida para quem tem paixão”. Estreando como diretor, Murilo Benício tinha alguns perigos grandes nas mãos. Mas, ela, a paixão, fez do seu O Beijo no Asfalto uma das mais agradáveis surpresas de 2018. O clássico de Nelson Rodrigues ganhou tratamento de luxo na versão de Benício: fotografia primorosa em preto-e-branco, elenco estrelado (quer um

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nome só? que tal Fernanda Montenegro?), edição estonteante e muita paixão pelo texto e pela arte. E, brilhando acima de tudo isso, a ousadia de experimentar no cinema. O filme é uma mistura de documentário das leituras da peça pelo elenco, teatro filmado e maravilhosas sequências cinematográficas. De quebra, ainda levanta reflexões pertinentes sobre fake news, homofobia e o papel do artista num mundo como o nosso. Um servição muito bem feito e que eleva lindamente o moral do cinema brasileiro. É, Nelson, se a Seleção não ajudou muito na Copa, acho que, com esse Beijo, encontramos um motivo para nos livrarmos do complexo de vira-latas em 2018.

Quando os Anjos Morrem

Com uma premissa muito simples, somos conduzidos por nosso protagonista, Germán (Julián Villagrán), em uma viagem de carro no afã de não perder o aniversário da filha, viagem esta realizada de madrugada e com o sujeito extenuado ao extremo. Numa daquelas piscadas de olho que demoram 3 segundos, nosso amigo aí acaba atropelando uma pessoa, tendo como testemunha Silvia (Ester Expósito), uma garota de 17 anos que estava foragida de casa e não sabe muito bem como reagir ao ocorrido, em choque. Contando com atuações sólidas, um ritmo bem equilibrado e um roteiro bem elaborado, Quando os Anjos Morrem me surpreendeu e certamente vai te conduzir por momentos de muita ansiedade. Não espere aqui por aquela película com um roteiro filosófico e profundo, contudo, o trabalho de Gonzalo transforma uma narrativa simples em uma noite que você não esquecerá tão cedo. Por Ryan Fields

Matéria retirada e adaptada do site MetaFictions


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Ficção x realidade

Histórias que dão medo: stalkers como Joe de “You” Muita gente confunde as ações de Joe, o protagonista de “Você”, série disponível na Netflix, como gestos de amor. Mas ser alvo de obsessão - a ponto de ser seguida pelas ruas e ter perfis em sites de relacionamento acompanhados de perto - não é nada divertido na vida real. A Universa reuniu relatos de mulheres que tiveram seus próprios Joes, stalkers que mandavam mensagens inconvenientes, as perseguiam até em casa e faziam questão de deixar claro que as estavam observando. Veja as histórias:

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“Ele pichou paredes de casas” A gente começou a se relacionar quando eu tinha uns 18 anos. Terminamos e voltamos umas duas vezes porque a gente brigava bastante, ele tinha muito ciúme. Quando eu pedi para voltar, em uma das vezes, eu descobri que nos oito meses que a gente tinha ficado separado ele estava com a minha senha de redes sociais. Eu não tinha mudado e ele ficou lendo as minhas conversas dentro do meu perfil. Ficamos uns seis meses juntos, mas eu terminei o namoro em 2014. Pouco tempo depois, ele pichou paredes de uma casa com frases para mim, usando um apelido que ele havia me dado. Um ano depois que a gente terminou, ele foi até o lugar onde eu trabalhava. Eu não sei como ele descobriu. Mas eu não o vi porque, dois dias antes de ele ir até lá, eu tinha mudado de emprego. Fiquei sabendo quando uma amiga em comum morreu e ele veio falar comigo no funeral dela. A gente conversou e ele me contou que havia ido me levar flores. Eu percebi a cilada e fugi. Depois disso, comecei a fazer pole dance. Aí, ele achou uma pessoa no Instagram que fazia aula comigo e ficou perguntando para ela sobre mim, querendo saber da minha vida. A gente não se fala há quatro anos, mas até hoje ele usa como foto do perfil uma foto nossa tirada em 2011. No primeiro semestre do ano passado, ele apareceu na minha casa. A moça que trabalha lá me chamou falando que ele estava lá, mas eu achei que fosse um amigo meu que tem o mesmo nome que o dele. Minha mãe foi falar com ele e viu que era, na realidade, o meu ex. Ela ficou falando para ele ir embora,


mas ele não queria sair de lá. Minha mãe me levou para o trabalho, porque ficou com medo que ele estivesse me esperando na rua. Fiquei muito tempo com as minhas redes sociais bloqueadas. Tenho três perfis diferentes dele bloqueados. Eu me mudei para os EUA no ano passado e nunca publiquei a cidade onde eu moro, porque ela é pequena e tenho medo de ele aparecer aqui. Evito publicar fotos das pessoas com quem eu me envolvo porque tenho medo do que ele pode fazer” Ana Beatriz Silva*, 26, professora, de São Paulo (SP)

“Ele revirava meu lixo” Eu tive um ex-namorado que terminei com ele porque ele era surrealmente ciumento. Ele revirava meu lixo. Eu percebia porque eu notava os sacos mexidos ou rasgados. Uma vez, ficou especialmente claro porque ele achou que um sachê de ketchup era uma embalagem de camisinha. Ele me seguia na rua, também. Ele tinha um contato dentro da operadora de telefone que eu usava que passava para ele todas as ligações que eu fazia e recebia. Quanto tempo havia sido a ligação e para quem. Quando descobri o lance da operadora, eu terminei o relacionamento. Ele se trancou na minha casa durante uma semana. Não deixava eu pedir ajuda. Um dia, consegui sair de casa e ele me seguiu pela rua até eu entrar em um supermercado e despistá-lo. Ainda assim, ele continuou me stalkeando com perfis falsos no Orkut e no MSN. Ele ficava me adicionando com contas falsas durante meses. Só consegui me livrar dele quando me mudei de casa, de operadora de telefone e quando o Orkut e o MSN morreram de vez. Palloma Cortes, 35, maquiadora, do Rio de Janeiro (RJ)

“Ele andava 10 km para me perseguir” Tudo começou quando eu tinha 14 anos e o cidadão devia ter uns 13 anos, mas eu

achava que era coisa de criança. Quando eu tinha uns 15 anos, mudei de casa e ele ia a pé de onde ele morava até a minha nova escola me perseguir, que daria uns dez quilômetros de distância. Eu tinha que pegar outras ruas para ele não me encontrar. Comecei a namorar e meu então namorado teve que ameaçá-lo para ele parar de me seguir na vida real. Na internet, ficava me mandando e-mail, mensagens, curtindo e compartilhando minhas fotos. Já com 22 anos, eu estava casada com esse meu então namorado e esse ser demoníaco arrumou meu número de telefone e, então, começou a me chamar para ir ao motel. Eu disse que era casada, mas ele ficou cismado porque ele e meu marido tinham o mesmo nome. Ele acreditava que eu queria, na realidade, estar com ele em vez do meu marido. Ele viu, então, minha irmã na escola onde ele dava aula de saxofone e a reconheceu, ficou a perseguindo até dentro da sala de aula. A diretoria foi envolvida e ele foi proibido de entrar na escola por causa disso. Minha tia é advogada e entrou em contato com a mãe dele para avisá-lo que, se ele não parasse, nós iríamos acionar a polícia. Parece que agora ele parou, mas há pouco tempo mandou mensagem de outro número no meu Whatsapp. Ana Laura Feliciano, 23, enfermeira, de Petrópolis (RJ)

“Tive de pedir demissão” Há seis anos, eu tive um stalker no lugar onde eu trabalhava. Ele estava em todos os lugares da empresa, ia na minha sala todos os dias, ficava me olhando na hora do almoço descaradamente. Achava que minhas atitudes iam ao encontro dele quando estávamos no mesmo lugar dentro da empresa. No começo, eu só ignorei todas as investidas e, quando alguém dizia que ele era um ‘fofo,’ eu respondia sempre que aquela postura era tudo menos fofa. Depois começou a me seguir até o ponto

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Ficção x realidade

do ônibus. Então eu decidi pedir demissão e sumi. Silvia Katherine, 30, antropóloga, de Manaus (AM)

“Ele ficava perguntando onde eu estava” Esse rapaz era da minha faculdade. Não o conhecia, mas o pessoal me mandava mensagem dizendo que ele me achava bonita. Passou um ano e ele foi para a minha sala. Foi quando começou a me stalkear. Ele começou a me ligar, a escrever perguntando se eu poderia sair. Antes disso, ele disse que havia pesquisado sobre mim, que sabia de tudo sobre mim. Eu tentei fazê-lo parar, mas ele começou a passar do limite. Comecei a me sentir acuada porque ele ficava me perguntando onde eu estava, com quem eu estava. Eu bloqueei ele, mas ele passou a me ligar, perguntando porque eu não podia sair com ele. Não importava onde eu bloqueasse, ele arranjava um jeito de entrar em contato comigo. Fiquei com muito medo. Thays Ferreira, 26, maquiadora, de Itabuna (BA) Matéria retirada do Universa e Capricho

Ator preocupado

uma fã. “Não, obrigado”, respondeu o ator.

Penn Badgley interpreta Joe Goldberg, um cara que fica obcecado por uma das clientes da livraria onde trabalha e então começa a fazer de tudo (TUDO MESMO) para vê-la em suas mãos. Acontece que, apesar dele ser o maior embuste do século na série, algumas fãs começaram a defender Joe, dizendo que as coisas que ele faz não são tão ruins e que estão apaixonadas por ele. Por isso, Penn decidiu deixar claro que seu personagem é problemático, sim, e que ninguém deveria gostar dele. Olha só alguns comentários que ele respondeu no Twitter:

“Ok, Penn era sexy como o Dan [de Gossip Girl], mas Joe é outro nível”, disse uma fã. “De problemas, certo?”, completou ele.

“Penn Badgley, me sequestra, por favor”, pediu

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Outro perfil escreveu: “o número de pessoas romantizando o personagem do Penn Badgley em Você me dá medo”. E ele concordou: “Falou tudo. Essa é a motivação que eu preciso para uma segunda temporada”. “O Penn está quebrando meu coração mais uma vez como o Joe. O que tem com ele?”, perguntou alguém. “A: Ele é um assassino”, brincou o ator.


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