Relatorio Institucional ANSA 2010

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VELHOS E NOVOS

DESAFIOS

na região do

Araguaia

Xingu N

o dia 16 de fevereiro de 2008, Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia, completou 80 anos, 40 deles vividos aqui na região do Araguaia, onde chegou em 1968. Conhecedor profundo da realidade do nosso povo, levou para o cenário nacional, de uma maneira pioneira, a problemática da nossa região: a luta pela terra, a ocupação desordenada da Amazônia, a questão indígena, o trabalho escravo e a destruição do meio ambiente. Pela atualidade e clarividência do conteúdo, publicaremos aqui a entrevista concedida na época a Paulo Gabriel (Jornal Alvorada). Nela, explicam-se as mudanças e os desafios que nossa região enfrentará nos próximos anos e que inspirarão os trabalhos da ANSA.


Bispo Casaldáliga, na década de 1980

Paulo Gabriel: Quarenta anos depois de sua chegada a São Félix do Araguaia, quais são os maiores desafios que você vê para a nossa região? Pedro Casaldáliga: Um desafio imediato é a campanha eleitoral. Acompanhar e votar com espírito crítico, evitando energicamente toda compra e venda de votos. Devemos acabar de uma vez com a política de cabresto e sermos adultos e livres na vida política. Outro desafio, vital para as pessoas e para a natureza como um todo, é impedir a desaforada destruição dos recursos naturais (água, mata, fauna, flora) construindo alternativas às queimadas, ao agronegócio capitalista de exportação, respeitando os direitos dos povos indígenas, possibilitando a agricultura familiar, estimulando a organização do povo em sindicatos, associações, projetos de microcrédito... O terceiro desafio é a problemática que envolve crianças, adolescentes e jovens, com freqüência submetidos ao desemprego, às drogas, à prostituição, à violência. Urge estruturar políticas públicas que atendam eficientemente essa infância e juventude. Um quarto desafio é a religião, vivida

coerentemente num compromisso vital que articule fé e vida. Nas diferentes igrejas e religiões, sempre se respeitando com espírito ecumênico e evitando a banalização das práticas religiosas, transformadas às vezes em negócio, em superstição, em alienação. Atuar habitualmente na defesa dos Direitos Humanos, denunciando toda violência, todo tipo de trabalho escravo, o machismo e o preconceito “racial”. Potenciar criativamente a saúde e a educação, participando em práticas e projetos que as beneficiem, e trabalhando conjuntamente com as famílias, o movimento popular, o Estado, na verdadeira formação e na atenção eficaz à saúde. Paulo Gabriel: Quais são as mudanças mais significativas que você percebe na região depois dos 40 anos de sua vida?

Pedro Casaldáliga: A conscientização de boa parte do povo, com espírito crítico e consciência dos próprios direitos. As reivindicações e as conquistas em matéria de educação, nos vários níveis, com a participação entusiasta de muitas pessoas adultas e até idosas. O surgimento e a corresponsabilidade de lideranças, homens e sobretudo mulheres, tanto na sociedade como na Igreja. A chegada e o progressivo entrosamento de famílias das várias regiões do país e mais concretamente do Sul, com a criação de 15 municípios e com a construção de infra-estruturas: centros comunitários, escolas, postos de saúde... A constante solidariedade, em pessoal e em ajuda econômica, que a região, e concretamente a Prelazia, estamos recebendo, do Exterior e do Brasil.

Publicado no jornal Alvorada de janeiro/fevereiro de 2008

Relatório 2009/2010 - Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção

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A CRISE

CLIMÁTICA

o desafio

do nosso tempo Semana do meioambiente Escola Trevo do Macaco. Gleba Dom Pedro.

EMISSÃO DE CO2 POR PAÍSES

maiores emissores emissores emergentes menores emissores

emissores históricos

S

e a história do universo, desde o Big Bang até os nossos dias, fosse uma linha de 170 km, a existência do homem no planeta terra ocuparia menos de 4 metros, o tempo transcorrido desde a revolução industrial até os nossos dias, dois séculos e meio, seriam somente 4 mm. É nesse breve lapso de tempo que nossa sociedade moderna, imediatista, materialista e esbanjadora, tem criado a maior ameaça contra a vida no planeta: o aquecimento global. O clima está mais quente e o motivo é o excesso de gases decorrentes de atividades humanas que intensificam o chamado efeito estufa (retenção das radiações solares na atmosfera impedindo sua liberação para o espaço, provocando aumento excessivo da temperatura). Entre os gases do efeito estufa (GEE) emitidos pela atividade do homem, o mais comum é o gás carbônico (CO2) com 77% das emissões


QUE MUNDO VOCÊ QUER DEIXAR PARA SEUS FILHOS?

totais. Porém, o resto dos gases, mesmo sendo em menor quantidade, têm maior poder intensificador do efeito estufa. É o caso do metano (CH4), emitidos pelo gado e na putrefação do lixo; do óxido nitroso (N2O), gerado pelo desmatamento; e dos CFCs que são liberados por geladeiras antigas e aerosóis. As emissões de GEE vêm crescendo desde a revolução industrial no século XVIII, quando os combustíveis fósseis (carvão e depois o petróleo) começaram a ser usados de maneira intensiva na geração de energia e no transporte. No século XX, a temperatura da Terra subiu 0,6°C. A previsão para este século é um aumento entre 1,6°C a 7°C. Parece pouca coisa, mas é o suficiente para nos levar ao colapso. Em 2006, o Governo britânico encomendou um relatório para medir as consequências da mudança climática. O chamado relatório Stern concluía que a elevação de mais de 2 graus provocaria: • Agravamento do problema da fome pela diminuição da produtividade agrícola na África e nos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil; • Derretimento das geleiras, diminuição da disponibilidade de água, colapso da Amazônia (grande parte viraria Cerrado) e subida do nível do oceano ameaçando grandes cidades; • Extinção de 20% a 50% de espécies de plantas e animais;

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• Acréscimo de fenômenos climáticos extremos (tempestades, secas, furacões, incêndios, etc); • Injustiça climática: as conseqüências afetarão maiormente à população mais pobre, com menos recursos para se adaptar ao novo cenário.

De onde vêm as principais emissões de GEE? • 67% são decorrentes da queima de combustíveis fósseis na geração de energia, transporte e atividades industriais; • 33% provêm da mudança no uso da terra, principalmente o desmatamento e queima de florestas, agricultura e acumulação de resíduos. Os maiores emissores são a China, os Estados Unidos, a União Européia, a Rússia, o Brasil, a Indonésia e a Índia. São divididos em 2 grupos: emissores históricos, que lançam GEEs desde a revolução industrial; e os novos emissores, que são as grandes nações emergentes envolvidas em intensos processos de desenvolvimento, como o Brasil.

Negociações internacionais O Protocolo de Kyoto foi o primeiro acordo internacional para diminuição dos GEEs. Depois de 10 anos de negociação,

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entrou em vigor entre 2005 e 2008, obrigando as nações mais ricas a diminuir as emissões em 8% em relação aos níveis de 1990. A principal ausência do tratado foram os E.U.A, liderado na época por George W. Bush, que se negaram a ratificálo alegando que a China e outras nações emergentes, entre elas o Brasil, também tinham que assumir compromissos. Na época, os E.U.A eram os maiores emissores de dióxido de carbono do mundo. Em dezembro de 2009, Copenhague foi palco da maior mobilização que já se viu por parte da sociedade civil para exigir das lideranças dos principais países, entre eles o Brasil, uma resposta contundente contra o aquecimento global. Porém, o chamado acordo de Copenhague não respondeu às expectativas. Apenas EMISSÕES BRASILEIRAS POR ATIVIDADE 3%

16%

1990

57% 24%

4%

23%

45%

2007 28%

agropecuária energia outros

mudança no uso da terra (desmatamento)

foram traçadas metas voluntárias que, segundo os cientistas, não impedirão que a temperatura do planeta suba mais de 2°C.

GLOBALIZAÇÃO

produtos agrícolas e extrativos

O Brasil e as mudanças climáticas O Brasil (quarto país mais poluidor do mundo) tem como principal fonte de emissão de GEE o desmatamento e queima de florestas, principalmente da Amazônia e do Cerrado, representando 65% das emissões. Uma em cada duas árvores derrubadas no mundo acontece no Brasil. Um total de 700.000 km2 da floresta amazônica já foi desmatada nos últimos 30 anos e 120.000 km2 do Cerrado nos últimos 7 anos. Isso é quase o tamanho do Estado de Mato Grosso. O Governo brasileiro comprometeuse a reduzir o desmatamento em 80% até 2020. Além dos benefícios socioambientais (biodiversidade, água, produtos florestais, povos indígenas, etc.), os mais pragmáticos argumentam que a floresta em pé trará importantes oportunidades econômicas. Hoje, a Amazônia conservada custa perto de 1 trilhão de reais nos mercados de carbono. Isso é muito mais do que os lucros gerados pela produção de gado, de soja e de madeira juntos, e sem destruir a floresta. Pragmatismos a parte, a valorização econômica, cultural, social e espiritual da floresta é um processo sem marcha ré. O Brasil conta com um Plano Nacional de Mudanças Climáticas, aprovado no começo de 2010; tem uma sociedade que apóia maciçamente o fim do desmatamento; assim como uma economia que transitaria com custo aceitável para uma Economia de Baixo Carbono e tem uma posição

desmatamento e queimadas

aquecimento global

processo de savanização

IMPACTO EM CONDIÇÕES DE VIDA de liderança internacional crescente. O país precisa assumir as metas apresentadas em Copenhague em importantes questões como o fim do desmatamento, a diminuição das queimadas, os impactos das infra-estruturas na Amazônia, as mudanças no Código Florestal e firmar as políticas públicas que incentivam outra forma de produzir sem queimar e desmatar, gerando renda para os prejudicados dos modelos de desenvolvimento tradicionais e garantindo os territórios indígenas e o modo de vida das populações tradicionais. Porém, a realidade da mudança climática não envolve só os governos e empresas. Todos podemos contribuir para freá-la: usar a bicicleta (em muitos países é símbo-


lo de prosperidade), compartilhar o carro, desligar os aparelhos elétricos que não estão sendo utilizados, colocar lâmpadas de baixo consumo, trocar geladeiras e ar condicionados que usem CFCs, não derrubar e sim plantar árvores, não fazer queimadas, etc. A ANSA faz sua parte nesse mutirão global contra o aquecimento global. Nos últimos anos, temos desenvolvido várias experiências de desenvolvimento sustentável visando modelos produtivos que diminuam o desmatamento e aproveitem os recursos das florestas como frutas, sementes, óleos, remédios, etc. Doamos toneladas de sementes de árvores nativas para projetos de restauração florestal em áreas degradadas da nossa região e começamos as nossas próprias experiências de recuperação. Estudamos a dinâmica do desmatamento através de mapas e imagens de satélite, participamos da luta contra o uso irracional do fogo em parceria com as entidades da Articulação Xingu Araguaia, realizamos palestras, desenvolvemos materiais educativos para criar uma consciência diferente; elaboramos o documentário Amazônia Carbonizada que trata especificamente da questão do aquecimento global no Brasil e na nossa região. Participamos de encontros nacionais e inter-

Desmatamento na Amazônia em km2 (x 1000) Desmatamento até 2050: 2.150km Desmatamento Desmatamento até o nível até hoje: 700km de colapso: 1.290km

Floresta Amazônica Atual: 4.300 km

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500 5.000

nacionais aonde levamos a visão dos povos da Amazônia e do Cerrado sobre esta questão. Winti, indígena da etnia Kinsêdje, num encontro em 2008, disse: “Nós, os povos nativos, não podemos fazer nada, porque não temos as estruturas do homem branco, não fabricamos máquinas, nem carros, nem aviões para nos deslocar para longe. Só podemos acompanhar o debate do homem branco”. Os indígenas da Amazônia são os principais responsáveis pelo legado de vida deste planeta: as florestas e os rios. Com razão são chamados de guardiães das florestas.

Saiba mais: www.climaedesmatamento.org.br www.oc.org.br www.mudancasclimaticas.andi.org.br http://xingu-araguaia.blogspot.com www.yikatuxingu.org.br

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Fronteira do Parque Indígena do Xingu (MT)

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Amostra de educação 2004. Centro Comunitário Tia Irene São Félix do Araguaia (MT)

Quem é a

ANSA? MAPA DA REGIÃO São Félix do Araguaia

A

municípios: 126

Vila Rica

Santa Cruz do Xingu São José do Xingu

Confresa

Santa Terezinha

Porto Alegre do Norte Cana Brava do Norte

Luciara

Ilha do Bananal (TO)

São Félix do Araguaia

Alto Boa Vista Serra Nova Bom Jesus Novo Sto do Araguaia Antonio Querência Ribeirão Cascalheira

Como pode nos ajudar:

• Informando-se e conhecendo os problemas desse “outro Brasil” das regiões mais excluídas da Amazônia Legal. • Consumindo e poupando de forma responsável pensando no meio ambiente e nas populações exploradas. • Divulgando o que aprendeu conosco. • Comprometendo-se na sua cidade para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. • Contribuindo economicamente com nossa organização e projetos.

Titular: Associação Nossa Senhora da Assunção Banco Bradesco S/A • Agência 618/1 Conta 1183-5 • Código swift: BBDEBRSPBSALFA

Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção (ANSA) é entidade de direito privado e sem fins lucrativos. A ANSA tem sua sede na cidade de São Félix do Araguaia, no estado de Mato Grosso, Brasil. Trabalha na região do Araguaia Xingu que tem 85.000 habitantes em uma área três vezes maior do tamanho do Estado de Rio de Janeiro. ANSA foi fundada pela irmã Franceschini e o bispo Pedro Casaldáliga no ano 1974, em plena ditadura militar, quando a região era vítima da implantação de grandes latifúndios que provocaram importantes conflitos com os povos indígenas, posseiros e trabalhadores rurais. Desde sua criação, foi um instrumento de solidariedade ao serviço dos grupos sociais mais desfavorecidos.

A nossa estrutura A organização está cadastrada no Ministério da Justiça como entidade de Utilidade Pública Federal e está no registro de entidades beneficentes do Conselho Nacional de Assistencial Social (CNAS). A ANSA conta com uma base de 68 associados, em São Félix do Araguaia, Vila Rica e Santa Terezinha. Atualmente, tem 20 pessoas trabalhando.

Redes sociais e processos de conscientização A transformação social no mundo de hoje vem estreitamente vinculada à capacidade que as entidades têm de trabalhar regionalmente com os atores sociais e de participar dos processos mais globais. É por isso que a ANSA participa, desde 2007, da construção regional de uma rede de entidades vinculadas ao trabalho socioambiental: a Articulação Xingu Araguaia (AXA). A AXA é um espaço de discussão e análise da realidade e de coordenação de


ESTRUTURA

estratégias de trabalho das entidades sociais da região. Mais informações em: http://xingu-araguaia.blogspot.com/

Nasce a Organização Eco-social do Araguaia (OECA) Em 2009, o projeto Crédito Popular Solidário fez 10 anos. Sendo um dos projetos mais emblemáticos da região, já outorgou cerca de 4500 microcréditos, totalizando 3 milhões de reais, à população excluída e com menos oportunidades, sobretudo mulheres, visando agregar valor aos negócios da economia familiar local, tais como: hortas, pequenos animais, alimentação, comércio, artesanato, etc. No intuito de reforçar o trabalho do Crédito Popular Solidário, a ANSA criou uma entidade especializada; a Organização Eco-social do Araguaia (OECA). A entidade terá a missão de se constituir em ator que contribua na região com experiências e projetos de geração de renda e desenvolvimento sustentável. Bem-vinda OECA e bom trabalho!

ASSEMBLÉIA GERAL Diretoria

Coordenação Geral administração-contabilidade

Setores de Serviços Saúde Comunitária Formação de Lideranças e Cidadania Economia Solidária e Desenvolvimento Rural Sustentável

Políticas Públicas

CIDADANIA E DEMOCRACIA GLOBAL

DEMOCRATIZAÇÃO GLOBAL E DO PAÍS

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E EQUIDADE SOCIAL

• Redes de cidadãos e movimentos - Teologia da Libertação - Minorias étnicas e culturais • Entidades solidárias • Reforma do Estado • Mercado controlado pela lei e pelos consumidores Centros econômicos

Acumulação de capital

Centros de consumo

Preços baixos

(São Paulo, Nova York,...)

NEOLIBERALISMO

EXPANSÃO do AGRONEGÓCIO

CENTROS DE PRODUÇÃO (AMAZÔNIA LEGAL) • Desmatamento, queimadas e perda da biodiversidade • Escassez e poluição das águas • Conflitos pela terra • Expulsão do pequeno produtor e perda da soberania alimentar • Uniformização cultural • Mudança climática

Relatório 2009/2010 - Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção

Conselho Fiscal

Núcleos

• Santa Terezinha • Vila Rica

• Conscientização e solidariedade • Controle social • Participação e mobilização • Iniciativas sociais e ambientais • Políticas públicas • Consumidores responsáveis

ESTRATÉGIA DA ANSA o que fazer? • Iniciativas inovadoras que proponham alternativas socioambientais ao modelo de produção; • Conscientização da população e formação de lideranças em valores de cidadania, ambientais e de valorização da diversidade e riqueza da cultura local; • Atendimento das necessidades básicas reforçando a responsabilidade do estado; • Fortalecimento das organizações de camponeses e indígenas.

como? • Desenvolvendo estratégias de intervenção (programas, projetos e campanhas); • Investindo na formação das pessoas; • Melhorando os espaços de discussão e decisão internas; • Fortalecendo e incorporando a base social; • Vigorando a transparência e o diálogo com a sociedade; • Criando relação madura com os beneficiários; • Articulando com outras organizações da região e de fora.

com quem? • Beneficiários (sem paternalismo e com proximidade); • Associados (com transparência e pedagogia); • Organizações locais do terceiro setor (trocando experências); • Prelazia de SFA (cooperando); • Governo (com autonomia); • População solidária do Araguaia Xingu e de fora (com agradecimento e hospitalidade).

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O nosso trabalho

2009 / 2010

O

trabalho da ANSA nos diversos projetos responde aos seguintes eixos: saúde comunitária, formação de lideranças e cidadania, economia solidária/desenvolvimento rural sustentável e participação e apoio ao desenvolvimento de políticas públicas. No ano de 2009, foram executados 16 projetos (de R$20.000 a R$230.000) com um custo total de 1,5 milhões de reais (5% mais que em 2008), que beneficiaram aproximadamente 7.000 pessoas, entre os grupos mais carentes e excluídos da nossa região (total de 100.000 pessoas). A maioria deles é executada diretamente pelas equipes da ANSA (20 pessoas contando com a administração). No entanto, alguns são desenvolvidos em parceria com outras instituições como a Prelazia de São Félix do Araguaia, no apoio à Pastoral da Criança, e a Operação Amazônia Nativa, no trabalho na TI Marãiwatséde. Em 2010, mantivemos um investimento em ações de um milhão de reais e tivemos importantes renovações de projetos: Projeto Socioambiental com a Generalitat de Catalunya, a parceria com a OPAN no trabalho com o povo Xavante, o projeto Saúde na Horta e o apoio à Pastoral da Criança (Prelazia de São Félix do Araguaia). Estes dois últimos, com apoio da entidade espanhola Terra sem males. Co-

REALIDADE

Curso Germinar 2010. Porto Alegre do Norte.

meçamos também um novo processo de formação de lideranças e fortalecimento institucional de entidades chamada “Germinar”, em parceria com as entidades da Articulação Xingu Araguaia e com o apoio do Instituto Eco-social de São Paulo. Por último, em 2010, foi renovado o apoio que a Sociedade Inteligência e Coração concede anualmente no financiamento de pequenos projetos sociais (5.000 reais).

Critérios dos projetos • Proximidade: nasçer do diálogo com os beneficiários. • Pertinência atender as necessidades básicas. • Processo: ter visão de longo prazo superando o assistencialismo. • Aprendizagem e empoderamento: gerar capacidades nos beneficiários e dentro da organização. • Reforçando o local: integrar os valores de solidariedade, respeito à cultura e aos tempos das pessoas, do meio ambiente e do valor do movimento e expressões populares. • Articulação: coordenação com outros atores e entidades do território.


Eixo

Saúde Comunitária

PROJETOS Projeto Beneficiários Executado 2009 Orçamento 2010 1) Luta contra a hanseniase: conscientização da população, formação dos quadros da saúde e 1,412 190,641.12 168,864.75 fiscalização das políticas municipais de saúde. 400 51,610.00 43,304.00 2) Saúde na horta: resgate, divulgação, produção e venda de remédios da medicina natural. 3) Criança Feliz (Pastoral da Criança/ Prelazia): acompanhamento nutricional e da saúde 3,080 71,708.00 56,049.00 materna e infantil. 4) Distribuição de remédios: distribuição de remédios não contemplados pela farmácia básica 60 10,086.49 9,000.00 para a população mais carente. 4,952 324,045.61 277,217.75 TOTAL 5) Ser Inã/Germinar: formação de lideranças “Germinar” e fortalecimento dos processos institucionais. 35 15,535.00

Formação de Lideranças e Cidadania

6) Ser Inã/Escola de Formação de lideranças: formação de lideranças trabalhando o autoconhecimento, a auto-estima e as relações interpessoais. 7) Bolsas de estudo: apoio em estudos de terceiro grau para jovens sem recursos. 8) Inclusão Digital: informática básica para crianças carentes e população indígena. TOTAL 9) Desenvolvimento Rural Sustentável/Fábrica de Polpas: incentivo à fruticultura e ao extrativismo de frutas como alternativa de renda e desenvolvimento sustentável em assentamentos de reforma agrária. Compra, transformação e comercialização da polpa de fruta nativa. 10) Socioambiental/Viveiro: educação ambiental no campo e na cidade e recuperação com árvores nativas de áreas degradadas em assentamentos Economia 11) Carteira Agroextrativismo (CEX): apoio à 31 pequenos projetos comunitários de geração de Solidária/ renda a través de práticas agroextrativistas. Desenvolvimento 12) Crédito Popular Solidário: geração de renda para as famílias carentes através de Rural Sustentável microcréditos. 13) Apoio aos acampados da Bordolândia: apoio à CPT no trabalho de organização dos acampados da Fazenda Bordolâdia (50.000 has) dentro do processo de reforma agrária. 14) Soberania alimentária do povo Xavante de Marãiwatséde: em uma parceria com a OPAN, visa o apoio à agricultura tradicional garantindo a soberania alimentária, a gestão dos recursos naturais e o reforço da cultura indígena. TOTAL 15) Gestar Araguaia: formação de lideranças a fim de melhorar a gestão ambiental do território. 16) Territórios para a Cidadania - articulação do territorio: elaboração e controle de políticas públicas dentro do programa federal “Territórios para a Cidadania”. Políticas 17) Plano de Trabalho de Desenvolvimento Territórial (PTDRS): construção e divulgação de um Públicas Plano de Desenvolvimento Sustentável para o Território do Baixo Araguaia. 18) Apoio à Comercialização da agricultura familiar: apoio ao processo de comercialização de produtos da agricultura familiar e da economia solidária. TOTAL TOTAL DOS PROJETOS

Administração

GESTÃO • Administração: serviços centrais de contabilidade, administração e secretaria. • Fortalecimento Institucional: melhora dos processos de coordenação, gestão e articulação com a sociedade. TOTAL DA ADMINISTRAÇÃO TOTAL (PROJETOS + GESTÃO)

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Financiador Fundação Fontilles Tierra sin males / Dip. de Soria TierrasSin Males / Ayuntamento de Soria FUNSAI Fund. Santa Maria/ Soc. Inteligência e Coração Fundação Santa Maria Socied. Inteligência e Coração Socied. Inteligência e Coração Socied. Inteligência e Coração

150

16,689.00

11,572.16

4 70 224

34,371.37 30,852.62 81,912.99

18,240.00 16,000.00 61,347.16

250

236,170.01

110,000.00

CONAB e vendas próprias

200

65,018.20

166,492.42

Agencia Catalana de Cooperació al Desenvolupament (ACCD)

310

185,956.00

597

140,532.18

150,000.00

Fundação Fontilles e recursos próprios

60

5,000.00

Sociedade Inteligência e Coração Dip. Burgos, ACCD e doações particulares

MMA

248

114,857.43

136,000.00

1,295 60

742,533.82 117,899.81

567,457.42

60

19,520.38

33,000.00

MDA

0.00

12,000.00

MDA

450

0.00

35,917.00

MDA

510 6,981

137,420.19 1,285,912.61

47,917.00 953,939.33

159,410.12

165,000.00

SIC, projetos e vários

47,519.53

8,000.00

Tierra sin males (JCyL)

206,929.65 1,492,842.26

173,000.00 1,126,939.33

FAO-MMA

11


Nossos PROJETOS EIXO 1. SAÚDE COMUNITÁRIA

LUTA CONTRA A HANSENÍASE Beneficiários: aproximadamente 1500 pessoas entre doentes de hanseníase e população carente em risco de 7 municípios. Coordenadora: Crisley Rodrigues. Equipe: José Maria H. Ramos (Médico assessor), Sueli Barbaresco (Promotora de Saúde em Confresa), Rita Scarpari (Promotora de Saúde em Vila Rica), Maria de Lourdes Carlos e Leuter Inez Carvalho (Promotoras de Saúde em Santa Terezinha), Luciene Maria Alves Ferreira (Promotora de Saúde em São Félix do Araguaia).

Contexto e antecedentes

A hanseníase é um problema conseqüência da pobreza e da deficiência dos serviços públicos. Em 2009, 83 novos casos foram detectados na região do Araguaia Xingu, o que torna a região como hiperendêmica, com média de 8 casos para cada 10.000 habitantes. Desde 1993, o projeto se desenvolve com recursos da Fundação Fontilles (Espanha).

Resultados do projeto em 2009/2010

• Sensibilização da comunidade e dos portadores da doença sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento por meio de campanhas nas rádios locais, palestras e material gráfico; • Promoção de 8 cursos sobre Hanseníase com profissionais; • Apoio às unidades de saúde nas atividades educativas, nas visitas domiciliares aos pacientes, no controle dos comunicantes e busca ativa de casos novos; • Fornecimento de cestas básicas, leite enriquecido, medicamentos e orientação sobre os direitos e deveres do usuário do SUS. • Parceria com a Secretaria de Estado de Saúde para formação na elaboração de Planos Municipais de Luta contra a Hanseníase e cursos para profissionais da área. • Aquisição de recursos, materiais e equipamentos (Luciara e Confresa) para contribuição nas ações planejadas no Plano Municipal de hanseníase. • Participação no monitoramento e avaliação de Planos Municipais de Hanseníase a través dos Escritórios Regionais de Saúde; • Participação do 4º Simpósio Brasileiro de Hansenologia realizado em Cuiabá nos dias 18, 19 e 20 de outubro de 2009 como palestrante com o tema: Reabilitação latu sensu em hanseníase /reabilitação socioeconômica.

Desafios

• Continuar formando os quadros da saúde; • Sensibilizar a população; • Assessorar o planejamento e gestão municipal; • Incentivar projetos de reabilitação socioeconômica.

SAÚDE NA HORTA

4º Simpósio Brasileiro de Hansenologia. 2009. Cuiabá.

Objetivos

Contribuir no controle da doença na região e incidir nas suas causas socioeconômicas e culturais.

Beneficiários: aprox. 400 pessoas entre mulheres, crianças e jovens que visitam a horta e procuram as mudas e/ou os remédios. Coordenadora: Elisa Marín (até início de 2010), substituída por Lucilene Pereira. Equipe: Rodrigo Pereira (Responsável pela horta); Sonia Costa Leite (Responsável pela produção de remédios e farmácia).

Contexto e antecedentes

Em 2006, a partir de atividades realizadas pela Pastoral da Criança, aprofundou-se o trabalho de revitalização da horta de plantas medicinais em São Félix


do Araguaia com o objetivo de acrescentar, preservar e divulgar o acervo cultural da produção de remédios naturais.

Desafios

• Fomentar iniciativas em educação e prevenção com as escolas e os postos de saúde; • Formar lideranças comunitárias no conhecimento das plantas e remédios naturais; • Adequar o projeto à legislação vigente (71 plantas foram reconhecidas pela ANVISA de interesse ao SUS); • Melhorar as vendas. EIXO 2. FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS

E CIDADANIA ESCOLA DE FORMAÇÃO DE LIDERANÇAS (EFL) E GERMINAR Visita de estudantes na horta de plantas medicinais, em 2009. São Félix do Araguaia.

Objetivos

• Oferecer complementos alimentares e remédios naturais para o tratamento de doenças básicas; • Promover a pesquisa e intercâmbio de conhecimentos sobre o uso das plantas; • Disponibilizar ao público uma horta demonstrativa com fins educativos.

Resultados do projeto em 2009/2010

• Realização de 5 oficinas destinadas a agentes de saúde, estudantes do 2º grau, mães, agentes da Pastoral da Criança e pessoas idosas que apresentam hipertensão e diabete; • Organizou-se 3 encontros com raizeiros de São Félix a fim de valorizar e dar visibilidade as suas experiências; • Recepção de 40 a 50 visitantes por mês, com interesse na horta e nos conhecimentos sobre remédios naturais; • Disponibilização de catálogo (utilizado pelas escolas). Aproximadamente, 80% das plantas medicinais conhecidas e utilizadas na região foram catalogadas e pesquisadas; • Cultivo de mais de 100 tipos de plantas medicinais e a farmácia popular oferecendo uma gama de mais de 20 produtos a preços populares. • Receita gerada em 2009: R$1860,00

Relatório 2009/2010 - Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção

Beneficiários: 120 pessoas nos cursos da EFL e 35 lideranças pelo projeto Germinar. Equipe EFL: Elisa Marin, Vânia Aguiar, Oldeide Gomes e Eduardo Lallana (Tierra sin Males). Equipe Germinar: Sandra Quinteiro e Tiago Sartori e Elisa Marin.

Contexto e antecedentes

Desde 2007, a ANSA desenvolve a Escola de Formação de Lideranças com o apoio do psicólogo e terapeuta Eduardo Lallana (Tierra sin Males). Disponibilizam-se cursos semestrais visando o auto-conhecimento e a melhora das capacidades pessoais e profissionais dos participantes. Grupos mensais aprofundam o conhecimento e compartilham experiências de desenvolvimento pessoal. Em 2010, a Articulação Xingu Araguaia junto com o Instituto Ecosocial de São Paulo desenvolveram um processo complementar visando a formação de lideranças para o fortalecimento institucional das entidades sociais da região. Eduardo Lallana no curso de crescimento pessoal 2010. Santa Terezinha.

Objetivos

Promover o tecido social com lideranças psicologicamente saudáveis e socialmente transformadoras.

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Resultados do projeto em 2009/2010

• 3 cursos da EFL realizados cada 6 meses em Santa Terezinha com uma média de participação de 100/150 pessoas; • 5 módulos do processo Germinar realizados com participação de 30 pessoas.

Desafios

• Dar continuidade à EFL em Santa Terezinha; • Realizar o Germinar em São Félix do Araguaia em 2011. EIXO 3. ECONOMIA SOLIDÁRIA/

DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL CRÉDITO POPULAR SOLIDÁRIO Beneficiários: 600 famílias, em São Félix e Alto Boa Vista. Coordenadora: Denilza de Souza. Agentes de crédito: Pablo Julyerme, Sandra A. Gonçalves e Wildes Menezes.

Contexto e antecedentes

O projeto Crédito Popular Solidário nasceu em 2000 em São Félix do Araguaia. Expandiu-se para a cidade de Alto Boa Vista, para algumas comunidades rurais e o assentamento Gleba Dom Pedro. Em 2003 realizou uma tentativa de implantação em Vila Rica. Em 2010, o CPS, depois de 10 anos, realizou uma avaliação do seu processo com apoio de um avaliador da Oxfam assumindo o desafio de implantar o projeto em Luciara. Curso de controle financeiro 2009. São Félix do Araguaia.

Objetivos

Gerar renda na população mais pobre e excluída da região do Araguaia Xingu através do apoio a grupos solidários que investem em pequenos negócios com quantias entre 200 e 1500 reais, dinamizando a economia local dos bairros e comunidades rurais, valorizando o papel da mulher e fortalecendo os laços comunitários.

Resultados do projeto em 2009/2010

• 597 microcréditos outorgados por valor de R$ 453.000,00, em 2009; • Crescimento do fundo de crédito entre 2009 e 2010 de 16%; • Manutenção da sustentabilidade financeira; • Realização de 2 cursos de gestão com os clientes em 2009; • Apoio aos grupos de compras coletivas que negociam descontos de 20% com os mercados para 60 cestas básicas.

Desafios

• Controle da inadimplência (atualmente é de 10% de atrasos de até 30 dias); • Promoção de novos negócios; • Conscientizar os grupos da importância da comercialização local; • Ampliação do projeto a novos municípios e normalização legal.

ARAGUAIA POLPA DE FRUTAS, PROJETO SOCIOAMBIENTAL E VIVEIRO Beneficiários: 250 agricultores familiares, a maioria assentados de reforma agrária nos municípios de SFA, Canabrava e Novo Santo Antonio. Coordenador: Raúl Vico. Equipe: Maira Taquiguthi (responsável socioambiental), Ana Lúcia Sousa (responsável viveiro e administração), Abilio (técnico de apoio), Genésio e Antonio Medeiros (responsáveis fábrica), Mario e Joanir (viveiro).

Contexto e antecedentes

Em 2002, a ANSA inicia as atividades da fábrica de polpa de frutas com a perspectiva de lutar contra a pobreza e a degradação ambiental decorrente das atividades agropecuárias ofePOLPA DE FRUTAS recendo alternativas produtivas aos agricultores e indígenas. Entre 2004 e 2007, o projeto foi ampliado em parceria com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), passando a trabalhar de forma estruturada no assentamento Dom Pedro, visando construir alternativas ao gado e apoiando às organizações de agricultores. Até 2010, a fábrica consegue melhorar o beneficiamento e a comercialização de polpa; forma-se uma


São Félix do Araguaia.

equipe especializada no trabalho socioambiental; cria-se um viveiro com 15.000 mudas/ano e se reforçam as atividades de restauração florestal e educação ambiental.

Dona Lena e Xexéu mostrando as sementes para restauração florestal. PA Gleba Dom Pedro.

Objetivos

• Construir alternativas de renda junto às comunidades, consolidando a fruticultura e/ou o extrativismo; • Conscientizar os agricultores familiares e a sociedade a respeito da problemática ambiental, através de atividades nas escolas e mídia local; • Recuperar áreas degradadas nas comunidades envolvidas.

Resultados do projeto em 2009/2010

• Apoio à organização dos grupos produtivos participando em reuniões e fortalecendo as associações de agricultores; • Formação no campo, através de cursos, palestras e intercâmbios, sobre temas específicos na adoção de sistemas agroflorestais, fogo, sementes (10 oficinas); • Monitoramento das plantações de 25 famílias; • Nos últimos 4 anos compraram-se 290 toneladas de frutas e produziram-se mais de 75 toneladas de polpas congeladas; • As vendas incrementaram-se em 282% de 2007 a 2009; • A Fábrica incentiva o plantio de mais de 20 espécies frutíferas e o extrativismo; • Inserção de 13 camponeses na Rede de Sementes do Xingu (http://www.sementesdoxingu.org.br/web/index.php); • Programa de educação ambiental com 5 escolas urbanas e rurais e comemoração da semana do meio ambiente em SFA; • Elaboração da cartilha “Alternativas agroecológicas para a agricultura familiar”;

Relatório 2009/2010 - Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção

15


• Recuperadas 10 hectares de áreas degradadas no PA Dom Pedro e PA Macife e PA Mãe Maria e apoiadas experiências de recuperação na TI Marãiwatséde. Plantadas nessas áreas 2.419 Kg de sementes nativas da Amazônia e do Cerrado e 3.600 mudas de espécies frutíferas preparadas no viveiro da ANSA.

• Oficinas de agroecológicas na escola; • Elaboração de mapas e relatório de caracterização geográfica da área e incentivo a expedições para a coleta de sementes e matéria-prima para artesanato.

SOBERANIA ALIMENTAR E GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS DO POVO XAVANTE DE MARÃIWATSÉDE

• Consolidar as experiências, incrementar a produção de alimentos; • Trabalhar a questão do fogo; • Monitorar os avanços do projeto.

Beneficiários: 248 indígenas. Coordenação: Carlos García (ANSA). Técnicos indigenistas: Marcos Ramires e Carolina Carvalho (OPAN). Administração: Vânia Aguiar e Sirley Rodrigues.

Contexto e antecedentes

Em 1966, os Xavante de Marãiwatséde foram deportados de sua terra. Desde então, vivenciam a história épica de retomada do território ainda incompleta. Em 2004, ocuparam uma fazenda dentro da sua terra homologada. Agora têm o desafio de sobreviver em um ecossistema devastado (é o território indígena mais desmatado do Brasil). Em 2008, com o apoio da Prelazia de São Felix do Araguaia, a ANSA e a OPAN realizaram uma parceria para executar o projeto de apoio aos Xavantes na produção de alimentos.

Objetivos

• Aumento da diversidade de espécies cultivadas nas casas e nas hortas tradicionais e das sementes armazenadas; • Implementadas experiências pedagógicas de gestão ambiental dos recursos naturais; • Fortalecimento da identidade e reconhecimento do território.

Resultados do projeto em 2009/2010

• Distribuição de 700 kg de 35 espécies de sementes, 7.200 mudas de abacaxi e 500 de cana fornecidas pela ANSA, a Associação Terra Viva, a Rede de sementes do Xingu, as irmãzinhas de Urubu Branco, etc., e compradas no PA Gleba Dom Pedro; • Desenvolvimento de experiências pedagógicas para a melhora da gestão dos recursos naturais: 1 área de adubação verde para recuperação de solos (1ha); um pomar junto à escola para incrementar a merenda escolar e elaboração de projeto junto a Seduc; Recuperação da Área de Preservação Permanente (duas margens) da represa que abastece a aldeia, com o apoio do Fundo Xingu; • Desenvolvimento de experiências de apicultura e intercâmbio;

Desafios

CARTEIRA DE PROJETOS TIPO A DE FOMENTO AO AGROEXTRATIVISMO Beneficiários: 310 pessoas. Coordenação: Jorcelina Conceição. Técnico de apoio: Gerson do Santos. Administração: Vânia Aguiar.

Contexto e antecedentes

A ANSA ingressou no Programa das Comunidades Tradicionais do Ministério do Meio Ambiente – MMA, por meio da Carta de Acordo 08/2542 firmada entre o PNUD/MMA e exerceu a função de Agência Implementadora de 31 Projetos Tipo A de Agroextrativismo da Coordenadoria de Agroextrativismo – CEX, em 06 municípios do Território do Araguaia Xingu. A anterior carta acordo desenvolvida no ano 2007 contemplou 10 projetos Tipo A.

Objetivos

Fortalecimento de comunidades extrativistas, econômica e socialmente, promovendo o uso sustentável e a conservação da biodiversidade.

Resultados do projeto em 2009/2010

• Ampliação da capilaridade do Programa Comunidades Tradicionais na região do Araguaia Xingu; • Cumprimento do repasse de equipamentos e visitas técnicas previstas aos 31 pequenos projetos durante 2009 que foram aprovados no Comitê Local realizado em 17 e 18 de março de 2008; • Realização de seminário de avaliação final no dia.

Desafios

A ANSA acompanha o programa de apoio às comunidades tradicionais que está sendo inserido no Fundo da Amazônia do Banco Nacional de Desenvolvimento – BNDES com apoio do MMA.


EIXO 4. POLÍTICAS PÚBLICAS Beneficiários: 248 indígenas. Coordenação: Tadeu Escame Martín. Equipe: Jorcelina Conceição (Técnico); Gerson Alves dos Santos (Articulador dos territórios da cidadania); Vânia Aguiar (Administração).

Contexto e antecedentes

Este eixo desenvolveu desde o ano 2004 vários projetos na área ambiental e de incentivo à produção. O programa Gestar começou no ano 2004, na tentativa do Governo Lula de levar políticas públicas para a região do Araguaia Xingu. O programa foi um guarda-chuva que incentivou diversos projetos: ATER, fundo rotatório, agroextrativismo, programa de combate ao fogo da Embaixada Italiana, etc. O programa encerrou as suas atividades depois de um seminário de avaliação realizado a meados de 2009. O MDA desenvolve na região desde o ano 2008 o programa territórios da cidadania. O Programa procura gerar um espaço de controle e participação na elaboração de políticas públicas. http://www.territoriosdacidadania.gov.br/

BENEFICIÁRIOS ANSA Quem se beneficia do nosso trabalho?

O trabalho da ANSA é focado nas populações mais carentes e excluídas da sociedade. Tentamos procurar o equilíbrio entre projetos de atendimento a necessidades básicas e emergenciais, e, entre os projetos de desenvolvimento e autogestão de longo prazo onde os beneficiários são protagonistas dos mesmos.

Objetivos

Impulsionar outra forma de pensar o desenvolvimento, compatibilizando soluções para o pequeno produtor com praticas sustentáveis.

5

4 3

6

2

Resultados 2009/2010

• Encerramento do processo de formação do Curso do Fogo em parceria com Embaixada Italiana. Formadas 45 lideranças durante 10 módulos. • Realização do seminário de avaliação do programa Gestar realizado a meados de 2009 • Realizadas 10 oficinas dos Territórios da Cidadania no intuito de elaborar projetos de desenvolvimento e autogestão de longo prazo onde os beneficiários são protagonistas dos seus processos.

Desafios

Uma maior adequação entre objetivos e recursos dos programas. Ver a continuidade e maior diálogo e entrosamento com ações do terceiro setor no território. Melhorar os resultados dos Territórios da Cidadania em termos de participação e elaboração de projetos.

Relatório 2009/2010 - Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção

1 PA Gleba Dom Pedro. São Félix do Araguaia.

Tipos de beneficiarios (em 2009)

%

1 Crianças e adolescentes (Pastoral da Criança) 3.154 46 248 4 2 Indígenas Xavante 3 Moradores bairros carentes (clientes CPS) 597 9 4 Camponeses (DRS e CEX) 560 8 5 Lideranças institucionais 320 5 6 Saúde Comunitária (Hanseníase e Saúde na Horta) 1.872 28 TOTAL 6.751

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Rio Araguaia

D

A ANSA e o Araguaia

continuam

epois de 10 anos de mandato tenho consciência clara que devo sair da presidência de ANSA. Foram 10 anos de conquistas e desafios. Realizamos projetos e atividades por quase 20 milhões de reais para os grupos mais excluídos e vulneráveis da nossa sociedade do Araguaia Xingu: indígenas, assentados, mulheres, crianças, população carente em geral, etc. Legalizamos a instituição com novos estatutos e regulamento interno, reestruturou-se a assembléia e vieram para ANSA novos e antigos associados, recuperando a nossa autonomia enquanto instituição, iniciamos novos projetos em beneficio da população do Araguaia Xingu, estruturamos a sede central e a sede de Santa Terezinha, colaboramos com a Prelazia de São Félix do Araguaia e com outras entidades

sociais da região, etc. Hoje, a ANSA tem 68 associados, 20 pessoas contratadas, um orçamento ordinário de entre 1 e 1,5 milhões de reais apoiando diretamente umas 7.000 pessoas da região na saúde, na geração de renda, na procura de uma melhor gestão dos recursos naturais, na formação de lideranças e na participação de políticas públicas. Todas essas conquistas não seriam possíveis sem o trabalho diário e a dedicação de muitas pessoas, o apoio da solidariedade internacional, as incipientes políticas públicas, o apoio e colaboração da Prelazia de São Félix do Araguaia e, não menos importante, a ajuda de amigos e entidades parceiras que acreditaram na nossa missão. Nada disso teria acontecido sem a inspiração ética e moral dos nossos fundadores, sobre tudo


da sempre lembrada Tia Irene e do bispo Pedro. Hoje, os desafios continuam sendo grandes. Vivemos em uma região que continua sendo esse “fundo de quintal” de Mato Grosso e do Brasil. O 65% da população ganha menos de 1 salário mínimo. A concentração de renda, terra e poder continua sendo a principal característica da nossa região. Temos ainda as maiores taxas de desmatamento e queimadas do Estado. A situação dos agricultores, dos índios, dos pescadores, do povo em geral, continua sendo de abandono. As estruturas públicas mostram cada dia mais o seu déficit na área da saúde, educação, distribuição de renda, assistência, etc. É uma pena que não emerja a consciência da profunda injustiça que existe na partilha dos bens e da terra. Neste tempo, a ANSA foi um instrumento de construção de dignidade e solidariedade para muita gente. É o nosso desejo de que isso continue sendo uma realidade. Temos importantes desafios. A cooperação internacional e a consciência mundial, devido à crise econômica mundial, e à percepção de que Brasil deixa de ser pais pobre para ser pais “emergente”, estão se abrindo a outros países mais necessitados, especialmente da África. Por outro lado, nossas experiências com políticas públicas, não poucas e de grande volume de recursos, e que teoricamente deveriam ser a participação democrática mais importante para a nossa sociedade, têm sido muito desgastantes. Uma reforma da relação do Estado com o terceiro setor é urgente. A quantidade de trabalho, os desafios de cada projeto, tem exigido cada dia uma maior e melhor profissionalização dos que trabalham na ANSA. Eu manifesto a minha satisfação, orgulho e agradecimento por todos os que nestes anos têm assumido essas tarefas, crescido nos seus estudos e responsabilidades. Obrigado a todos, especialmente aos jovens da regiâo que hoje sustentam a ANSA com seu esforço e consciência. Essa necessária profissionalização acarreta certa distância dos associados que com dificuldade acompanham esse processo. É um problema que deve ser resolvido, procurando melhorar essa interação. Obrigado a todos Félix Valenzuela

Relatório 2009/2010 - Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção

Bispo Pedro Casaldáliga (centro)

Xavantinhos. TI Marãiwatséde.

19


8.283,11 71.504,60 423.497,71 33.163,81 265.467,84 27.878,62

4.531,76 8.746,71 371.571,86 43.717,14 307.308,20 27.878,62

PERMANENTE

388.132,88

559.896,52

Imóveis e terrenos Móveis e utensílios Máquinas e aparelhos Veículos Eqptos. informática Obras em andamento Fábrica de Polpa de Frutas Depreciações acumuladas Investimentos no Brasil Bens vinculados a projetos Consórcio em andamento

1.071,19 25.062,44 37.074,50 122.055,70 50.703,53 2.316,11 307.619,30 (225.770,99) 150,00 55.173,61 12.677,49

44%

1.071,19 27.667,44 41.763,05 205.355,70 51.037,53 2.316,11 308.109,30 (225.770,99) 150,00 135.519,70 12.677,49

1.217.928.57

1.323.650.81

PASSIVO CIRCULANTE

31/12/08 412.444,98

31/12/09 VARIAÇÃO 443.425,10 8%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

1.136,54 — — 7.320,45 403.987,99

805.483,59

9%

6.109,16 11.850,26 6.751,88 418.713,80

880.225,71

Patrimônio Social Superávits acumulados

441.690,86 672.096,85

441.690,86 363.792,73

TOTAL DO PASSIVO

1.217.928,57

1.323.650,81

ORIGEM DOS RECURSOS

3500

TOTAL DO ATIVO

Credores diversos Salários a pagar Encargos Sociais Projetos em execução

DEMONSTRATIVO DE RECURSOS DESPESAS 2008 % 2009 % Recursos Humanos 625.889,53 40.9% 631.712.01 38.8% Administrativas 184.863,84 12.1% 160.175.74 9.8% Viagens, alimentação e hosp. 203.738,18 13.3% 149.860.92 9.2% 53.821,85 3.5% 98.855.40 6.1% Aquisição imobilizado 47.304.13 2.9% Manutenção imobilizado 129.775,61 8.5% Atividades diversas 264.027,93 17.3% 470.494.15 28.9% Comunicação 36.795,13 2.4% 27.165.44 1.7% 14.943,31 1.0% 11.416.91 0.7% Formação interna 12.217.80 0.8% Despesas bancárias 14.614,08 1.0% TOTAL 1.528.469.46 100% 1.609.202.50 100%

RECEITA 2008 % 2009 % Instituições privadas (Brasil) 186.772,09 14% 98.212,38 7% Orgãos públicos (Brasil) 235.095,59 18% 163.952,27 11% Instituições estrangeiras 588.613,94 44% 870.302,85 59% 4.593,45 0% 896,00 0% Doações particulares (Brasil) 9% 153.120,52 10% Doações instituições (Brasil) 120.137,83 8.150,00 1% Doações estrangeiras 22.245,16 2% Receitas bancárias 44.730,20 3% 48.533,81 3% 113.672,21 9% 139.528,95 9% Receitas de atividades 1% 4.708,61 0% Outros 12.600,11 TOTAL 1.328.460,58 100% 1.487.405,39 100%

3000

1000

2500

800

2000 1500 1000 0

2009

600 400 0

2000

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

30%

11%

público

Administração Saúde e FI comunitária

Educação Economia e cidadania solidária e DRS

APLICAÇÃO DOS RECURSOS em 2009 Projetos

cooperação internacional

9%

DESPESA POR EIXO DE TRABALHO 2008

200

500

ORIGEM DOS RECURSOS em 2009

8%

1200

R$ (x103)

Bancos c/ movimento Bancos (aplicações) Créditos e adiantamentos Microempréstimos Projetos em execução Realizável a longo prazo

Nossas CONTAS

R$ (x10 3 )

ATIVO CIRCULANTE

BALANÇO PATRIMONIAL 31/12/08 31/12/09 VARIAÇÃO 829.795,69 763.754,29 -8%

59%

Administração

Políticas públicas

14% 86%

outros

AGRADECIMENTOS

Todo este trabalho não poderia ter sido feito sem o apoio de tantos amigos e amigas solidários e entidades parceiras. A todos e a todas um grande agradecimento em nome das pessoas que participam nos nossos projetos e atividades.

DIPUTACION DE SORIA

Av. Gov. José Fragelli, nº 1050 • Vila Nova • cep: 78670-000 • São Félix do Araguaia - MT • Brasil • fone/fax: +55 (66) 3522 1638 e-mail: ansaraguaia@ansaraguaia.org.br • www.ansaraguaia.org.br


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