Gerador Criativo

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Gerador Criativo Entrevista / Marcelo Eco Intervenções / Fra.Biancoshock Documentário / Cidade Cinza

Fra.Biancoshock


GERADOR CRIATIVO Em um mundo onde as cidades são chamadas de “Cidades Cinzas”, nada melhor do que mostrar a arte que ainda tenta sobreviver em meio a uma cidade apagada. A necessidade de mostrar tudo o que há de novo rolando nas cidades e nos espaços públicos, fez com que criássemos uma revista que envolvesse todos os tipos de manifestações urbanas e artísticas, e que atendesse aos interessados em novidades das artes de rua espalhadas pelo mundo. É um espaço feito principalmente para a divulgação de artistas, intervenções púbicas, grafites, e manifestações criativas nos espações coletivos.

A revista GERADOR CRIATIVO, é um espaço criado com a finalidade de apresentar um trabalho acadêmico para a Universidade Guarulhos. Todas as imagens e conteúdos têm seus direitos reservados, e foram utilizados somente para fins acadêmicos.


TRIPULAÇÃO Anselmo Almeida de Sousa Lima Estudante de Desenho Industrial, na Universidade Guarulhos. Revisor e editor da Revista Gerador Criativo.

Beatriz Clerici Alves Estudante de Desenho Industrial, na Universidade Guarulhos. Revisora e editora da Revista Gerador Criativo.

Diagramação: Anselmo Almeida e Beatriz Clerici Agradecimentos: Professor Júlio Brilha. Contatos: anselmoalmeida11@gmail.com e clerici.beatriz@gmail.com


25/05/2014

ÍNDICE

Gerador Criativo

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GERADOR CRIATIVO

Marcelo Eco

Sobre a revista.

Entrevista com o grafiteiro carioca, contando um pouco de sua origem junto ao grafite.

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16 Grafite e suas Vertentes

Fra.Biancoshock

Conheça as diferentes formas e estilos que fazem parte dessa arte.

Artista italiano que faz intervenções urbanas críticas e com muito humor.

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ÍNDICE

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6emeia

4 KM

O duo 6emeia mostra toda sua criatividade e propõe um novo olhar para o cenário urbano.

O maior grafite a céu aberto da América Latina.

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Cidade Cinza

Catraca Livre

Um documentário que tem como finalidade abordar os graffitis de São Paulo e a paisagem urbana e acinzentada da maior capital brasileira.

Espaço sócioeducativo e de dicas culturais.

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MARCELO ECOOOOO O grafiteiro Marcelo Eco Marchon é um dos pioneiros do grafite no Rio de Janeiro, ao lado de EMA e Akuma deu início aos seus trabalhos em São Gonçalo. Sua arte começou a ganhar destaque na clássica festa “Zoeira Hip-Hop”. De lá pra cá Eco dominou os muros da Tijuca e levou seus personagens para o mundo. Eco tem no currículo trabalhos para grandes empresas como Sony, Volkswagen, Gatorade e Nike. Na área de cenografia, realizou trabalhos importantes em Clips Musicais e programas para diversas redes de TV. Seus trabalhos são bem coloridos e suas criações vão de caveiras a assuntos importantes que estão presentes no cotidiano, além de personagens cheios de forma. Em algumas criações, Marcelo deixa mensagens, como o próprio diz “um papo reto”.


Tijuca - Rio de Janeiro (Rua Conde de Bonfim x Rua JosĂŠ Higino) Foto: Henrique Madeira


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ENTREVISTA / MARCELO ECO

Marcelo Eco^ e sua essencia que vem da rua Marcelo Eco Marchon tem família de origem francesa, mas é na cidade do Rio de Janeiro, que esse artista nascido em São Gonçalo e morador do bairro da Tijuca tem suas maiores inspirações, que vem de todas as partes; seja da natureza exuberante da cidade maravilhosa, da vida na cidade, nas pessoas e nas viagens que faz pelo mundo. Para ele, a essência do graffiti vem da rua, e é na rua o local que ele mais gostar de estar até hoje.

São 17 anos de carreira, desde o início na pichação até o graffiti, da infância à maturidade, das cores vivas ao estilo “menos é mais”. Esse artista que se reinventa a cada dia e gosta de ouvir o “feedback” das pessoas nas ruas, tem em seus personagens tridimensionais cheios de traços e formas, as suas ideias, expressões e reflexões sobre o mundo. Para ele manter o equilíbrio é essencial, a mente pode voar, mas os pés precisam estar no chão.

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ENTREVISTA / MARCELO ECO

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C Como vc se envolveu com a arte? E o graffiti? No meu processo inicial eu comecei com a pixação, era uma vida meio “bandida”, mas só que eu já desenhava, esse era o diferencial da galera da pixação, eu subia nos prédios, nos lugares, mas sempre deixava um desenho. Chegou uma época, onde eu já fazia as duas coisas ao mesmo tempo e nesse momento ainda nao existia o graffiti no Rio de Janeiro, somente em São Paulo, e o acesso que tínhamos às informações era limitado, a internet era discada, enfim. O nosso material era mais ver filme. Porém, a falta de informação somou muito para que os artistas desenvolvem seus traços e deixou o pessoal mais criativo. Meu estilo é muito inspirado pelo RJ, pela arquitetura, um traço anguloso, com muita reta, muita curva. Eu acabei me atendo muito às pessoas, eu sempre observei muito as pessoas, acho que por isso meu desenho é muito figurativo. A minha marca e o que me apego muito é a coisa do estilo, porque acho que é assinatura da pessoa, você olha e sabe de quem é, quem fez.

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Bob’s Brasil loja 1000 Campo Grande - Rio


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ENTREVISTA / MARCELO ECO

Você ja teve oportunidade de viajar pra vários lugares do mundo. Qual lugar te marcou muito? Um dos que mais gostei foi em Angola. Eu recebi um convite para o Projeto Aldeia Nissi, e fui para a província de Kuito-Bie, que está na região central de Angola, a parte mais afetada pela guerra. Então, eu via muita gente amputada. A cidade é destruída não somente pelos traços da guerra, mas por falta de iluminação, em todos os lugares é só gerador, com muito barulho. Eu achei fantástico quando cheguei lá e pude ver o dia a dia das pessoas, a realidade. É muito diferente a forma como eles lidam com a pobreza; você vê uma casa de pau a pique, mas o cara tem um carro importado na garagem. Lá, é muito normal, porque é comprado muito barato, está próximo a Dubai. As mulheres carregam tudo na cabeça, são muito guerreiras. Não tem muito comércio, tem muitas crianças. Eu fui pintar lá e fiz três paredes de 25 metros e não existe spray nesse local, então, quando eu levei, as crianças ficavam loucas olhando eu pintar. Pintei muito dentro da realidade deles: os animais, os tanques, as crianças, e só de estar ali junto de poder trocar com eles foi fantástico. Eu quis dormir lá na comunidade, não quis ficar em hotel. Coloquei uma barraca dentro de uma casa. E o lugar é lindo, o céu mais lindo que já vi, as crianças mais felizes que já vi, porque elas não têm nada, mas criam seus próprios brinquedos, e elas tinham um sorriso e olhos brilhantes, com gestos sinceros. Foram os 20 dias mais incríveis da minha vida. Eu achei que eu tinha ido lá pra ajudar, e fui muito ajudado. Marcou minha vida.

Africa - Angola - Bié Aldeia Nissi

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ENTREVISTA / MARCELO ECO

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O que você vê de mudança no graffiti nesse período? O que muda hoje em dia é que o graffiti a partir do momento que foi pra galeria deixou um pouco de ser marginalizado, hoje nas ruas ele também é um pouco menos. Antigamente era pior. Antes usávamos tinta automotiva pra fazer graffiti, que não é algo próprio pra se fazer a arte. Eu acho que o que falávamos que era graffiti, hoje em dia mudou muito, a gente só usava spray, nao usava pincel como muito artista utiliza agora. Para mim, o graffiti tem que estar na rua pra ser graffiti, quando entra pra uma galeria ja passa a ser uma arte contemporânea, e pra ser graffiti ele precisa do suporte da rua.

Kolirius Internacional 2013 Macaé - Rio de Janeiro

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ENTREVISTA / MARCELO ECO

Prefere o trabalho na rua ao dentro da galeria? Se não fosse a rua meu trabalho não iria pra galeria. E no meu caso foi mais louco, porque eu comecei a fazer graffiti muito diferente das pessoas, hoje em dia a maioria quer ir pra galeria. Eu comecei pixando, eu gosto desse algo mais marginal, e dai fui me envolvendo nisso. Até hoje eu não gosto de pedir autorização para pintar, não quero parar, e isso me seduz. Essa é uma essência da rua. Eu chego no local, levo as minhas latas, dai vem o dono, eu começo a conversar, pergunto se quer que apague; então isso é o interessante. Eu posso pintar 1000 telas, não é a mesma coisa que a rua, eu posso fazer 1000 graffitis comerciais, que depois eu vou pegar minhas coisas e vou pra rua pra pintar. Isso é o que me move, é o meu ponto de fuga, o meu hobby, eu gosto de fazer graffiti independente do dinheiro, independente de tudo. Pra cada graffiti comercial eu quero fazer 1000 na rua. Você participou junto com o Acme em um projeto no Museu de Favela no Rio de Janeiro. Conta um pouco sobre isso. O Acme criou esse projeto lá na comunidade Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, e a maioria dos graffitis são meus e dele, como temos o traço de história em quadrinho, nos encaixamos bem porque tínhamos que retratar os moradores da comunidade. Um projeto meio que sem grana e que eu abracei e foi muito legal, deu super certo.

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ENTREVISTA / MARCELO ECO

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Eles também são tridimensionais, os personagens ou entram ou saem das paredes. O que você quer passar com eles? Eu acho que todo mundo tem várias fases. Tem época que meu personagem fica mais político, tem época mais espiritual, tem fase que estamos mais ligados com Deus. Eu gostava muito de escrever nos meus desenhos, as cores, tudo; tinha fase que eu fazia muitas raízes também, muitas árvores, e essas raízes eu peguei como elemento, porque muitas vezes os personagens pareciam que estavam amarrados e depois começavam a sair das paredes. Eu gosto dessa coisa do 3D, acho que dá um diferencial grande no desenho, eu costumo dizer que o desenho é simples, os traços são simples, mas eu tenho um estudo de luz e sombra muito forte. Eu não faço o desenho antes, eu tenho tudo na parede, e não tenho esquete. A pintura é freestyle na criação do desenho, eu erro muito, e gosto de errar. Paro na frente da parede e faço o personagem em várias posições diferentes.

Acabou sendo minha espcialidade, o desenho 3D, o traço rápido, a perspectiva, a luz e a sombra. O traço reto tem que ser rápido.

Bangnolet, Paris, France Kongo + Eco

Tunel Rebouças, São Paulo Eco, Chivitz, Minhau e Cranio

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Poa, Porto Alegre

Amsterdam, Holanda

Metro Uruguai Tijuca, Rio de Janeiro

Poa, Porto Alegre

Aterro do Flamengo


Maracanã, Rio de Janeiro

Paris, França

Tijuca, Rio de Janeiro

Milão, Itália

Paris, França


Grafite


e suas vertentes O grafite é uma forma de manifestação artística em espaços públicos. A definição mais popular diz que o grafite é um tipo de inscrição feita em paredes. É a forma de expressar toda a opressão que a humanidade vive, principalmente os menos favorecidos, ou seja, reflete a realidade das ruas. Os brasileiros por sua vez não se contentaram com o grafite norte-americano, então começaram a incrementar a arte com um toque brasileiro, sendo reconhecido entre os melhores de todo o mundo. Pode ser considerado grafite, o movimento artístico que é desempenhado com qualidade artística, já o ato de escrever em muros, edifícios, monumentos e vias públicas, são considerados pichações e vandalismos. Conheça um pouco mais sobre alguns dos principais estilos de grafite:



STENCIL Pode dizer que o stencil foi a primeira forma de gravura. Era utilizado para desenhos mais complexos, e sua técnica aplicada para a decoração de tecidos, embora com o uso de poucas cores. É uma técnica de pintura, geralmente feitas em aerossol (tinta spray), que se realizam sobre qualquer superfície, graças a modelos feitos com materiais maleáveis como papel, papelão e plástico, ou dependendo do número de vezes que for utilizar, materiais como madeira e metal podem ser mais apropriados, com o desenho pré-definido, e já recortado. O stencil é uma forma ideal de arte urbana, uma vez que é possível repeti-lo com rapidez e facilidade. A maioria dos desenhos é provocante, e mostram a engenhosidade dos artistas na hora de produzir uma imagem impressionante e memorável.


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GRAFITE E SUAS VERTENTES / STENCIL

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GRAFITE E SUAS VERTENTES / STENCIL

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WILDSTYLE É uma forma complicada e complexa de grafite. Devido à sua dificuldade muitas pessoas, por não estarem familiarizadas, não conseguem compreender a escrita. As características principais desse estilo são setas, colunas, arcos e elementos decorativos, que são entrelaçados e sobrepostos às letras e formas, dependendo da técnica utilizada. As inúmeras camadas e formas tornam esse estilo extremamente difícil de produzir de forma homogênea, razão pela qual o desenvolvimento desse estilo é visto como um dos maiores desafios artísticos para um grafiteiro.


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GRAFITE E SUAS VERTENTES / WILDSTYLE

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GRAFITE E SUAS VERTENTES / WILDSTYLE

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THROW-UP Throw-up ao pé da letra significa “botar pra fora” ou “vomitar”. São chamados dessa maneira por serem feitos relativamente as pressas, e geralmente não são tão complexos. É uma expressão artística inspirada no estilo “bubble” (arredondado, e que se assemelha a balões). Quando preenchidos, normalmente não utiliza mais do que duas ou três cores. Ou podem ser identificados como qualquer tipo de grafite que viva só dos contornos e não esteja preenchido.


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GRAFITE E SUAS VERTENTES / THROW-UP

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GRAFITE E SUAS VERTENTES / THROW-UP

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3D Apesar de ser um tanto quanto autoexplicativo, esse formato cria uma ilusão de optica e realismo, criando algo tridimensional com desenhos concebidos a partir de ideias visuais de profundidade, sem contornos. Exige domínio técnico do grafiteiro na combinação de cores e formas.


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GRAFITE E SUAS VERTENTES / 3D

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GRAFITE E SUAS VERTENTES / 3D

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Fra.Biancoshock


Uma das principais particularidades das artísticas intervenções urbanas está no “mind fuck”, aquele desconforto mental gerado por elementos inéditos em determinada área. É como se nossa mente, tão acostumada com tal cenário, demorasse segundos a mais para processar a informação. E Fra.Biancoshock, um brilhante e inquieto artista de Milão (Itália), faz isso de uma maneira ainda mais divertida e chocante.

O italiano abusa de elementos da cultura pop para, dentro de visíveis críticas sociais, mudar a paisagem da cidade. Normalmente, Biancoshock privilegia pontos distantes, esquecidos, onde o registro fotográfico tem maior visualização do que a obra propriamente dita. A singularidade da arte é tanta que fica difícil explicála em palavras. O óbvio é que Biancoshock já está sendo considerado o pai do Ephemeralism, um movimento que defende e integra as produções artísticas efémeras no espaço, mas eternas no tempo. As criações podem ser encontradas por toda Europa, Malásia e Singapura.



Mil達o, 2014


Mil達o, 2013

Mil達o, 2011


Praga, 2013

Mil達o, 2013


Bienal de Arquitetura de Veneza - 2012

Mil達o, 2013


Mil達o, 2007

Budapeste, 2011



Mil達o, 2011



INTERVENÇÃO / 6EMEIA

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6EMEIA O

duo

6emeia

foi

e

linguagem entre arte/cidade e arte/

desenvolvido pelos artistas Anderson

pessoas. Colocando a arte a serviço e

Augusto conhecido como SÃO, e

alcance de todos. Mostrando que até o

Leonardo Delafuente conhecido como

mais esquecido e indiferente objeto, se

Delafuente,

olhado com cuidado pode exalar arte.

moradores

criado

do

bairro

da Barra Funda onde o projeto deu

Os bueiros já pintados pelo 6emeia

início com o intuito da mudança e

são como gotas coloridas em um

transformação do cotidiano.

imenso balde cinza. Afirmando dessa

O objetivo é modificar o meio

maneira que a arte não necessita

ao qual todos vivemos propondo um

necessariamente estar vinculada ou

novo olhar e uma reflexão em cima de

pendura em paredes de galerias ou

temas gerados pelo trabalho inusitado

museus.

e criativo, que consiste em pintar

Em uma cidade tensa, confusa e

bueiros, postes, tampas de esgoto e

mergulhada em cores como o cinza e

qualquer outro objeto que construa o

beje, o duo 6emeia destoa da paisagem

cenário urbano.

com sua paleta de cores, levando vida

Com os bueiros pintados os

e bom humor a todos.

artistas propoem um novo tipo de

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INTERVENÇÃO / 6EMEIA

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INTERVENÇÃO / 6EMEIA

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Projeto 4 km do estado de São Paulo - Estação Patriarca


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PROJETO / 4KM

Projeto 4 km O maior grafite a céu aberto da América Latina O Projeto 4KM é uma ação do Governo

em desenvolvimento de uma forma muito

do Estado de São Paulo que tem como ponto

participativa”, diz Raquel Verdenacci, diretora

de partida a estação Patriarca do Metrô

de projetos estratégicos da Companhia

e traçará uma nova galeria de arte, com

Paulista de Turismo e Eventos.

10.000m² de muros pintados às margens

Estruturado há dois anos e meio

da Radial Leste, até a estação Corinthians-

pela Secretaria de Estado de Turismo com

Itaquera, na Zona Leste da capital.

apoio da Secretaria de Estado da Cultura e

“A ação inédita não vai apenas colorir

Companhia do Metropolitano (Metrô) de São

um longo caminho, mas também gerar

Paulo, o projeto 4KM vai colorir um longo

oportunidades para novos talentos, fomentar

caminho gerando oportunidades a 70 artistas

o turismo e a cultura e prestigiar uma região

e modificando a paisagem urbana de uma das

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PROJETO / 4KM

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regiões que mais se desenvolve no município.

Uma obra de arte urbana coletiva. A

A cidade de São Paulo, o futebol e a

maior intervenção de grafite a céu aberto da

torcida brasileira são a inspiração.

América Latina. Um resultado permanente e impactante.

O 4KM conta com patrocínio da Nike. “Design, inovação e colaboração são parte da cultura da Nike, no Brasil e no mundo. Como contadores de história, nossa inspiração está no esporte assim como para o Projeto 4km, que pretende elevar a arte nacional e apoiar o esporte”, o vice-presidente de Marketing da Nike Henry Rabello. Essa produção em estado de arte teve o seu pontapé inicial no dia 4 de abril e é acompanhada a cada momento por milhares de pessoas. 51




CIDADE


CINZA

DEBAIXO DE UMA PAREDE CINZA EXISTE UM AMOR PELA NOSSA CIDADE . OSGEMEOS


Documentário mostra o grafite brasileiro na luta contra uma SP cinza Este documentário registra a história

extrativista,

resulta

numa

cultura

de

de uma das principais crews de arte de rua

improviso institucional que termina por ser

de São Paulo, composta pelos grafiteiros

uma marca de nossas políticas públicas,

OsGemeos, Nunca, Nina, Ise, Finok, Zefix,

de nossas políticas culturais e, por fim,

entre outros, mas, ao registrar os passos

marcam a biografia de nosso povo. Este

destes artistas, ao observar a cidade sob

filme não é um retrato de toda a cena de

a ótica do grafite, o filme encontrou um

grafite de SP; não é um resgate de seu

personagem muito importante na trajetória

histórico; não é sobre se é arte ou não; não

de qualquer artistas de rua, famoso ou

trata da perda da essência transgressora

não: São Paulo. A cidade caos, a babilônia

do grafite quando enclausurado no cubo

tupiniquim, a cidade acidente, um não-

branco das galerias e dos museus.

lugar por excelência. Sim, mais amor em

Este documentário retrata um dos

SP, por favor.

principais fronts da Paulicéia: as ruas

A arbitrariedade é um traço muito

– ao mesmo campo de batalha e ponto

comum por essas bandas, e este modus

de confluência onde a miopia cultural,

operandi pautado pelo acaso e pelo

a carência social e a completa falta de

“jeitinho”, pela mentalidade do colonizado

planejamento urbano, buzinam mais alto. 56


DOCUMENTÁRIO / CIDADE CINZA

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Entre o caos e a descrença paulistana, o

novinha está um dos principais murais de

grafite é a voz surda e cimentada desta

grafite de uma das principais turmas de

cidade brutalista, uma ponte acidental

arte de rua do mundo; sendo que, naquele

entre os habitantes deste aborto estético-

mesmo momento, Nunca e OsGemeos

urbanístico, um dos poucos movimentos

estavam em Londres pintando o lado de

da atualidade em que os jovens se

fora da Tate Modern, ao lado da nata da

expressam.

arte de rua do planeta.

Em julho de 2008, nesta que uma das

O episódio do mural sendo apagado

maiores e mais populosas metrópoles do

por um equívoco da empresa terceirizada

mundo, um muro localizado na Avenida 23

pela Prefeitura para cumprir as premissas

de Maio com dimensões não indiferentes

do programa Cidade Limpa é só mais

– de quase 700 metros quadrados -

um exemplo do descuido, da falta de

amanheceu pintado inteiramente de cinza.

conhecimento

Os autores da benfeitoria: uma das muitas

passado o skate já foi proibido. Hoje,

unidades de restauração e preservação

o respeito pelo ciclistas praticamente

do patrimônio público contratadas pela

inexiste, áreas verdes de fácil acesso,

Prefeitura de SP, um serviço terceirizado

nem se fale - pelo tamanho das calçadas

que consiste em cobrir com uma tinta de

percebe-se o que São Paulo e seus

cor cinza a base de cal áreas danificadas

governantes

da cidade. Pois bem, o problema mora

habitantes. Além do mais, os grafiteiros

no fato que debaixo daquela tinta cinza

representam e verbalizam outro lamentável

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da

própria

projetam

cultura.

para

os

No

seus


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DOCUMENTÁRIO / CIDADE CINZA

lugar comum da cultura brasileira: quantos

sem dinheiro e sem formação acadêmica,

artistas tiveram que fazer sucesso no

logo com poucas chances de serem bem-

estrangeiro para ser reconhecidos no

sucedidos,

Brasil?

visual única, que mistura técnicas de

Esta é a história de alguns dejetos urbanos

que

romperam

as

criassem

uma

identidade

pintura, cultura regional e uma boa dose

paredes

de vandalismo. A falta de recursos para

sociais - visíveis e invisíveis - que lhes

instrumentos adequados fez com que

foram impostas. A parede é o suporte, a

essa turma literalmente se virasse com o

rua é a casa e a escola, o muro um porto

que tinham e, enquanto tentavam emular

seguro. O grafiteiro e a cidade sofrem

o que imaginavam que era o grafite

de involuntária simbiose, e também por

americano, em uma época em que não

isso o grafite presente nas ruas de São

havia internet, desenvolveram sem saber

Paulo é diferente do resto do mundo,

uma linguagem nova, dialogando com a

porque ele nasceu da falta de espaços

cultura regional brasileira, e também uma

públicos voltados ao lazer, da falta de

técnica inovadora, a base de tinta látex e

acesso à informação e à cultura, da falta

rolinho, como qualquer pintor de parede

de fiscalização e falta de manutenção, da

regular,

falta de distribuição de renda, da falta de

reconhecidas e amplamente celebradas

planejamento urbano. A total negligência

no estrangeiro. Mas por aqui não. Em

do Estado foi exatamente a fenda no muro

São Paulo, no Brasil de modo geral, os

que permitiu com que jovens da periferia,

grafiteiros estão assistindo sua atividade 58

as

quais

foram

rapidamente


DOCUMENTÁRIO / CIDADE CINZA

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ser limitada: os críticos de arte brasileiros

no comando da cidade. Enquanto isso,

discutem a validade da presença de

a despeito das autoridades, a população

grafiteiros em galerias, sustentando que

superlota as exposições destes artistas,

a ausência de acidentes aleatórios da

cujas obras ironicamente são expostas

rua reduz a força e o valor artístico da

e vendidas nos principais eventos do

obra, e o poder público pinta de cinza os

circuito de arte nacional e internacional

trabalhos nas ruas sob a desculpa de uma

- as obras dos grafiteiros brasileiros são

nova lei contra a poluição visual - mais

vendidas a preços nada módicos nas mais

uma proeza do senhor Gilberto Kassab

prestigiosas galerias de arte do mundo.

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AGENDA / CATRACA LIVRE

A C I DA D E N A S UA M ÃO

AGENDA

Graffitis urbanos de Deco Farkas estão na exposição “Esse Treco”

Castelo Rá-Tim-Bum A Exposição Dias 16/07 a 12/10 Sábados e Domingos das 11:00 às 20:00 Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 12:00 às 21:00 MIS - Museu da Imagem e do Som de SP.

Dias 05/06 a 19/07 Segundas, Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 10:00 às 19:00 Sábados das 11:00 às 17:00 Galeria Virgílio

Mais Informações:

Mais Informações: http://www.galeriavirgilio.com.br

http://www.mis-sp.org.br/

Para mais informações acesse o site : catracalivre.com.br/sp/ 62


AGENDA / CATRACA LIVRE

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Museu de Arte Contemporânea da USP convida o visitante a entrar na obra

Artes gráficas em foco: 4º SP ESTAMPA tem workshops, exposições e cursos totalmente gratuitos Dias 13/05 a 18/06 Segundas, Terças, Quartas, Quintas e Sextas das 10:00 às 18:00 Sábados das 11:00 às 13:00 Galeria Gravura Brasileira

Dias 26/04 a 30/11 Quartas, Quintas, Sextas, Sábados e Domingos das 10:00 às 18:00 MAC USP - Museu de Arte Contemporânea da USP

Mais Informações:

Mais Informações: http://www.mac.usp.br/mac/index.asp

http://www.cantogravura.com.br

Para mais informações acesse o site : catracalivre.com.br/sp/ 63


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