JUNTA DÉ DO ULTRAMAR
CARACTERISTICAS DOS ÀCIDOS HÜMICOS DE ALGUNS SOLOS DE ANGOLA
RUi PINTO RICARDO
TVDOS. ENSA1OS DOCUMENTOS
L I S B O A — 196
i
JUNTA DE INVESTIGAร SES DO ULTRAMAR RUA DA JUNQUEIRA. 86
LISBOA
Preรงo: 20$00
ERRATAS Pagina
Linha
Onde se le:
Deve ler-se:
24 Quadro 1 32
29 11 14
55
21-22
64
7-8
65
12
ABC (em KC1 N) e s p e et ro f otómetro Beekman, carga negativa correspondente a 20 m. e. verificaram que os âcidos h û m i c o s estâo completamente ionizados a pH 8,1. dos âcidos hûmicos.
71
21 e 23
ABBC (em KCIN) espectrofotómetros de Beekman, c a r g a n e g a t i v a de 20 m. e. verificaram que t o d o s os h i d r o g e n i o e s dos âcidos hûmicos estâo ionizados a pH 8,1. dos hidrogenioes troeâveis. suspensâo
dispersäo
ESTUDOS,
ENSAIOS E
DOCUMENTOS N:
87
CARÄCTERISTICAS DOS ÄCIDOS HÜMICOS DE ALGUNS SOLOS DE ANGOLA
VOLUMES JA PUBLICADOS NA COLECCÄO DE «ESTUDOS, ENSAIOS E DOCUMENTOS»:
1 — Contribuicöes para o conhecimento da flora de Moçambique — I — por F. Asctnsào Meudonça. 2 — A spectos do problema da erosäo do solo em Africa — por J. Botelho da Costa. 3 — A cerca da casa e do povoa nento na Guiné — por Francisco Tenreiro 4 — Exploraçôes botanicus em Timor — por Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes. 6 — Reconhecimento preliminar das formacöes florestais no Timor Portuguis — por Ruy Cinatti Vaz Monteiro Gomes. 6 — Madeiras coloniais — por Luis de Seabra e Manuel P. Ferreirinha 7 — Contribution à la connaissance lithologique de l'archipel du Cap- Ver — por L. Berthois. 8 — Notas de zoogeografia e de história das exploracöes faunisticas da Guiné Portuguesa — por F. Frade. 9 — Resenha geogrdfica do distrito da Beira — por Egberto Rodrigues Pedro e Alfredo Esteves de Sousa. 10 — A propósito da cultura do amendoim no piano de valorizaçào econôtnica de Moçambique — por F. Monteiro Grilo. 11 — Estudo do sistema tRaydish e das redes hiperbólicas — por Joaquim B. V. Soeiro de Brito. 12 — Contribuicöes para o conhecimento da flora de Moçambique. I I — por F. Ascensâo Mendonça. 13 — Os bambus na industria da celulose — por Luis de Seabra. 14 — Os moluscos de dgua doce do ultramar portugués. I — Introduçâo G eneralidades — por J. Fraga de Azevedo e Lidia do Carmo M. de Medeiros. 16 — O carneiro do feijào — por A. F. Teixeira Constantino. 16 — Os insectos do tabaco armazenado — por A. Antunes de Almeida. 17 — Contribuiçdo para o estudo da defesa fitossanitdria da copra do ultramra portugués — por J. M. Cardoso da Costa. 18 — A tntomofauna dos produtos armazenados. Os Tribolium spp. (Coleoptera, Tenebrionidae) — por F. L. de Faria Estâcio.
19 — Contribuiçâo para o estudo da ecologia de Pachytneru9 acaciae Gylt (Coleoptera, Bruchidae) — por Jorge Cancela da Fonseca. 20 — Brachystegia spp. de Moçambique — por Manuel Nogueira Ramos. 21 — Cretaceous and tertiary nautiloids from Angola—by A. K. Miller and Lee B. Carpenter. 22 — Estudos sobre a cultura do châ em Moçambique — por Helder Lains e Silva. 23 — Ensaios sobre a titulaçdo de vacinas contra a peripneumonia contagiosa dos bovinos — por Antonio Martins Mendes. 24 — Les roches phosphatées d'Angola — por Edmond Dartevelle. 25 — Primeiro recon 'ecimento petrogrâfico da circunscriçâo do Barué — por Alexandre Borges e A. V. Pinto Coelho. 26 — Acerca do equilibrio bioecológico dos povoamentos de tcibes* Borassua spp. na Guiné Portuguesa — por J. F. Castel-Branco e G. C. Tordo. 27 — Movimentos associativos na Africa 1 Ugra — por Silva Cunha. 28 — Contribuiçâo para o estudo do micro plancton marinho de Moçambique — por Èstela de Sousa e Silva. 20 — A entomofauna dos produtos armaxenados. Dermestes maculatus Deg. e Dermestes ater Beg. (Coleoptera, Dermestidae) — por J. Monteiro Guimarâes. 30 — Contribuiçâo para o estudo do problema florestal da Guiné Portuguesa — por J. A. Tavares de Carvalho e J. S. de F. Pereira Nunes. 31—Os moluscos de àgua doce do ultramar português. II — Moluscos do Sul do Save (Moçambique) — por J. Fraga de Azevedo, Lldia do Carmo M. de Medeiros e Manuel M. da Costa Faro. 32 — Seroantropologia das ilhas de Cabo Verde. Mesa-redonda sobre o hörnern càbo-verdiano — por Almerindo Lessa e Jacques Ruffié. 33 — A experimentaçào no Posto de Culturas Regadas do Vale do Limpopo — por Antonio Henriques de Sousa Falcào. 34 — O clima e o solo de Timor. Suas relaçôes com a agricultura — por Firmino Antonio Soares. 35 — A entomofauna dos produtos armazenados. Oryzaephilus mercator (Fauv.) e Oryzaephilus surinamensis (L.) (Coleoptera, Cucujidae) — por M. M. Cordeiro. 26 — A entomofauna dos produtos armazenados. Tenebroides mauritaniens (L.) (Coleoptera, Ostomidae) — por F. S. Neves Evaristo. 37 — Impressôes digitais nos indigenas da Guiné Portuguesa — por Leopoldina Ferreira Paulo. 38 — Contribuiçâo para o estudo da fertilidade da mulher indigena no ultramar português — por F. Figueira Henriques, A. Sarmento, J. J. Pais Morais, N. Alves Morgado e Eduino de Brito. 39 — Vida do eritrócito humano estudada com o uso do crómio radioactivo — por F. A. Carvâo Gomes e F. M. Bragança Gil. 40 — Aspectos da defesa fitossanitdria dos produtos armazenados em Angola — por J. P. Amaro e A. J. Soares de Gouveia.
41 — Subsidios para o estudo do regime hidrogrifico do porto da Beira — por J A. Barahona Femandes. 42 — Primeiro reconhecimento petrogrâfico da serra da Gorongosa (Moçambique) — por A. Vasconceloa Pinto Coelho. 43 — Pastas celulósicas de gramineas. Estudo laboratorial de algumas espécies da métropole e ultramar — por Luis de Seabra e Manuel Lopes da Silva. 44 — Études sur les mallophages. Observations sur les Cuclotogaster (Ischnocera, Philopteridae), parasites des galliformes des genres Francolinus et Pternistis — por Joâo Tendeiro. 45 — Estudo do sistema *Tellurometer* — por Joaquim B. V. Soeiro de Brito. 46 — Glossàrio internacional dos termos usados em anatomia de madeira — por Manuel P. Ferreirinha. 47 — Cianófitas de S. Tome e Principe — por Joaquim Sampaio. 48 — Contribution à la connaissance de la géologie de la province portugais» de Timor — par Robert Gageonnet et Marcel Lemoine. 49 — O feijâo de Angola. Panorama actual da sua cultura, comircio e armaxenamento — por A. T. Constantino. 60 — A grupamento e caracterixaçào itnica dos indigenas de Moçambique — por Antonio Rita-Ferreira. 61 — Acerca de uma classificaçâo fitossanitdria do armazenamento — por Amflcar Lopes Cabrai. 52 — Minerais de fracçào argilosa de solos de Angola. 1 — Curvas de desidrataçào — por J. M. Bastos de Macedo, E. P. Cardoso Franco e J. C. Soveral Dias. 53 — Caracterizaçào das principais unidades pedolôgicas do tEsboço da carta dos solos de S. Tome e Principe* — por José Carvalho Cardoso. 64 — Subsidio para o estudo da peripneumonia contagiosa dos bovinos cm Angola — por Antonio Martins Mendes. 65 — A entomofauna dos produtos armazenados. Corcyra cephalonica (Staint) (Lepidoptera, Pyralidae) — por Maria Manuela Carmona. 66 — Arte cristä na India Portuguesa — por Carlos de Azevedo. 57 — Mahamba — Tentativa de interpretaçâo artistica e psicológica de documentes de arte dos Negros Africanos — por Antonio de Oliveira. 58 — Possibilidades de aplicaçâo das espécies ultramarinas nos diversas industrias da madeira — por Luis de Seabra. 59 — Influência dos tratamentos insecticidas no poder germinativo das sementes (o caso particular do trigo) — por Antonio Henriques Pinto de Matos. 60 — O comércio tnundial de madeiras tropicais africanas — por Manuel P. Ferreirinha. 61 — O ferro em Medicina — I parte — por Carlos Trincâo et alii. 62 — O ferro em Medicina — II parte — por Carlos Trincâo et alii. 63 — O feijäo de Angola—Alteracäo das suas qualidades culindrias durante o armazenamento — por A. Teixeira Constantino.
64— Estudos de hidrobiologia no Ultramar Portuguis — Contactes com laboratórios estrangeiros — por Rui Monteiro. 65 — Études sur les mallophages africains — por Joào Tendeiro. 66 — Para a caracterizaçâo dos condiçôes fitossanitdrias do armazenamento — por A. L. Cabrai, M. I. S. Moreira, A. G. Costa e A. S. de Carvalho. 67 — Foraminiferos da costa de Moçambique — por J. M. Braga. 68 — Condiçôes fitossanitdrias de produtos ultramarinos em armazéns do porto de Lisboa (Alcantara-Norte) —por Amilcar Lopes Cabrai e A. J. Soares de Gouveia. 69—Le thon patudo Parathunnus obesns (Lowe) et sa pêche — por Fer nando Frade. 70 — Prospecçoes e ensaios expérimentais apicolas em Angola — por J. F. Rosârio Nunes e G. C Tordo, com uma «Nota prefiminar» de F. Frade. 71 — Agricultures e Pescadores Portugueses na cidade do Rio de Janeiro (estudo comparativo) — por Raquel Soeiro de Brito. 72 — Contribuiçâo para o estudo dos diatomàceas do la go Niassa (Moçambique) — por Maria Inès Monteiro. 73 — Contribution to the theory of certain non-linear differential equations — por Rui Pacheco de Figueiredo. 74 — A spectos do povoamento branco de Angola — por Ilidio do Amaral. 75 — Notas sobre a criaçdo de gado bovino em Angola— por J. B. Vieira da Silva. 76 — Prospecçào parasitológica em Timor — Subsidios para o estudo da fauna parasitológica dos seus animais domésticos — por H. R. B. de Cabrier da Silva. 77 — Contribuiçâo para o conhecimento da flora da Guiné Portuguesa — por Ester Pereira de Sousa. 78 — Contribuiçâo para o estudo da Tineola bisselUella (Hummel) e seu combat* — por M. de Lourdes N. Baptista Pereira. 79 — A lagarta dos coqueiros (Nephantis serinopa Meyrick) na îndia Portuguesa— por A. J. F. Castel-Branco. 80 — Sobre a «medicina» e magia dos Quiocos — por Eduardo dos Santos, 81 — Estudos sobre a etnologia do Ultramar Português (volume I) — por Antonio de Almeida, Eduardo dos Santos, Mario Milheiros, Antonio da Silva Rego e Antonio Scarpa. 82 — Reconhecimento orizicola do distrito de Goa — por M. S. Portela Feijâo. 83 — Conspectus da entomofauna cabo-verdiana — l. a parte — por A. Coutinho Saraiva. 84 — Estudos sobre etnologia do Ultramar Português (vol. II) — por A. dos Santos, Santa Rita, Ilidio Lopes, F. Frade, Diogo d'Orey, A. da Silva Rego, G. J. Janz e Antonio de Almeida. 85—Contribuiçâo para o estudo da genese dos minerais da argua — por J. M. Bastos de Macedo e M. A. Monteiro de Lemos. 86 — Contribuiçâo para o estudo das espécies angolanas do género Culîcoides Latreille, i8oç (Diptera: Ceratopogonidae) — por Vitor Manuel Pais Caeiro.
JUNTA DE INVESTIGATES DO ULTRAMAR
CARACTERISTICAS DOS ÄCIDOS HÜMICOS
DE ALGUNS DE
ANGOLA POR
RUI PINTO RICARDO
L I S B O A — 1961
SOLOS
INDICE NOTA PRELIMINAR INTRODUÇÂO MATERIAL E MÉTODOS
13 15 19
I. — MATERIAL II. — MÉTODOS
19 31
1. — Método de extracçào dos âcidos hûmicos 2. — Métodos para estudo dos âcidos hûmicos
ESTUDO DOS ÂCIDOS HÛMICOS
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I. —CARACTERIZAÇAO DOS ACIDOS HÜMICOS POR ESPECTROFOTOMETRIA DE ABSORÇÂO II. — COMPOSIÇAO QUlMICA ELEMENTAR 1. — Carbono 2. •— Azoto 3. •— Hidrogénio 4. — Relaçdo C/N 5. — Cinza
RÉSUMÉ SUMMARY BIBLIOGRAFIA
37 47 47 49 51 52 53
:
III. — TROCA CATIÓNICA IV. — ALGUMAS CARACTERÎSTICAS V. — FLOCULAÇAO
31 32
FÎSICAS
55 69 75
79 83 87
NOTA
PRELIMINAR
O presente estudo efectuou-se nos laboratórïos de Quimica Agricola e de Pedologia do Institute Superior de Agronomia, ïntegrado nos pianos de trabalhos do Centro de Estudos de Pedologia Tropical e da Missäo de Pedologia de Angola, da Junta de Investigaçôes do Ultramar. Durante a sua execuçâo foi possivel contar com a valiosa ajuda de diversas pessoas, as quais desejo manifestar a minha gratidâo. Os maiores agradecimentos sâo para os Profs. JOAQUIM VIEIRA BOTELHO DA COSTA e Luis ANÎBAL VALEN TE ALMEIDA, do Instituto Superior de Agronomia. Ao Prof. Luis AN'IBAL VALENTE ALMEIDA agradeço a ideia do trabalho, além dos esclarecimentos a todo o momento dispensados; ao Prof. JOAQUIM VIEIRA BOTELHO DA COSTA agradeço o interesse com que acompanhou a sua realizaçâo e as sugestôes dadas. Ao Prof. J. CARRINGTON DA COSTA, entâo presidente da Comissäo Executiva da Junta de Investigates do Ultramar, agradeço as facilidades concedidas. Ao engenheiro agrónomo JOSÉ ANTONIO CASTANHO PÓVOAS agradeço a colaboraçâo que me deu nos trabalhos laboratoriais. A outras pessoas que de qualquer modo me auxiliaram apresento também os meus agradecimentos. Finalmente, manifesto-me reconhecido a minha Mulher pela ajuda e pelo apoio moral que me dispensou.
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INTRODUÇAO Como se sabe, os solos «Ferralïticos» dominantes nas regiôes tropicais hümidas, têm fraca ou nula réserva minerai e sâo constituidos por uma fracçâo mineral com capacidade de troca baixa ou muito baixa; além disso, na maioria dos casos, possuem teor em ferro e alumînio tâo elevado que, pràticamente, todo o fósforo inorgânico neles existente esta sob a forma de fosfatos de ferro e de aluminio. Num meio minerai desta natureza, os elementos nutritivos de que as plantas precisam para um desenvolvimento regular näo existirâo ém quantidade adequada, mas, se a matéria orgânica estiver presente em proporçâo conveniente, as condiçôes de nutriçâo serâo mais favorâveis. A matéria orgânica, devido à sua extraordinâria capacidade de adsorçâo, farâ subir a valor elevado o nivel de bases do solo; por outro lado, em virtude da complexaçâo do ferro e do alumînio por alguns dos seus constituintes, aumentarâ de modo significativo as disponibilidades de fósforo; além disso, libertando por decomposiçâo toda a espécie de nutrientes, determinarâ também desta forma uma subida do potencial nutritivo do solo. Nos solos virgens, o nivel de matéria orgânica dépende, além de outros factores, da propria vegetaçâo que tem de alimentar, e, desta forma, a matéria orgânica e a vegetaçâo estâo nos referidos solos num estado de equilïbrio. Em tais condiçôes de equilibrio, mesmo para teores relàtivamente baixos de matéria orgânica, as
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
plantas encontram os elementos de que necessitam para prosperar, adquirindo a vegetaçâo aquele aspecto exuberante que fez nascer o mito da extraordinâria fertilidade dos solos «Ferraliticos». Pode dizer-se que existe de facto alguma fertilidade, mas essa fertilidade é apenas o resultado do equilibrio matéria orgânica do solo-vegetaçâo. Ela desaparecerâ muito ràpidamente com a cultura do solo, uma vez destruida a vegetaçâo natural e desde que nâo se recorra aos fertilizantes. Se a matéria orgânica é a base,da fertilidade no solo virgem, no solo cultivado também deve desempenhar acçâo importante. Uma agricultura que concentre a sua atençâo exclusivamente na adubaçâo quimica, nâo procurando simultâneamente manter no solo um nivel adequado de matéria orgânica, é capaz de nâo assegurar. as produçôes mais favorâveis, em virtude de se perder, por arrastamento ou insolubilizaçâo, uma parte apreciâvel dos elementos nutritiyos adicionados pelos adubos. Com algum fundamento, pode dizer-se que nos solos, •donn* nantes das regiôes tropicais hûmidas (solos «Ferraliticos») cabe à matéria orgânica um papel de relevo no contrôle da fertilidade. Por esse facto, a matéria orgânica dos solos «Ferraliticos» dévia ter merecido desde hâ muito uma atençâo especial, mas verifica-se que sâo. muito escassas as informaçôes existentes a seu respeito nos diversos païses e territórios das zonas tropicais, inclusive nas nossas provincias ultramarinas. Sucede o mesmo em relaçâo à matéria orgânica dos outros tipos de solos tropicais. Na provincia de Angola, o estudo sistemâtico dps solos iniciou-se em 1946. Uma missâo constituida pelos Profs. JOAQUIM VIEIRA BOTELHO DA COSTA e ÂRIO LOBO AZEVEDO, do Instituto Superior de Agronomia, procedeu nesse ano ao reconhecimento preliminar dos solos da regiâo planâltica (7). De 1947 a 1951 rea? »lizaram-se estudos laboratoriais nas amostras de solos colhidas pela missâo, utilizando-se para isso os laboratórios de Quimica Agricola e de-Fisica Agricola do Instituto Superior de Agronomia, dirigidos.
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hümieos de solos de Angola
respectivamente, pelos Profs. Luis ANÏBAL VALENTE ALMEIDA e JoAQUiM VIEIRA BOTELHO DA COSTA. A partir de 1951, graças ao apoio material da Junta de Investigates do Ultramar, o estudo dos solos de Angola intensificou-se de forma notâvel, continuando a fazer-se em intima ligaçâo com o Instituto Superior de Agronomia. Conhecendo-se a importância da matéria orgânica nos solos das regiöes tropicais, logo em 1947 foi traçada uma linha de investigaçâo para a matéria orgânica dos solos de Angola, mas os estudos correspondentes só puderam ser iniciados em 1949 (2, 33). Por razöes diversas, tais estudos experimentaram uma interrupçâo de alguns anos, sendo retomados em 1957 com o estudo que agora se apresenta e com outros que se estâo realizando. Sobre a matéria orgânica dos solos de Angola, além dos nossos trabalhos, existem ainda trabalhos efectuados por SCHEFFER (35, 36). Na fase actual dos conhecimentos, tem grande interesse uma caracterizaçâo fïsico-quimica dos âcidos hümicos, em especial dos âcidos hümicos dos solos «Ferralïticos». Neste trabalho, além de amostras de âcidos hûmicos de solos «ferralïticos», estudam-se também duas amostras respeitantes a «barros pretos» e uma respeitante a «turfassolo». Embora os solos «ferralïticos», devido as suas caracteristicas e à sua maior representaçâo em Angola, sejam os que mais importa estudar, entendemos nâo limitar o estudo aos âcidos hûmicos de tais solos. Escolheram-se âcidos hûmicos de «barros pretos» e «turfassolo», nâo só por dizerem respeito a solos que interessam imenso à agricultura angolana, mas ainda por dizerem respeito a solos muito diferentes dos «ferralïticos» e, assim, poder-se averiguar, simultâneamente, até que ponto grandes diferenças entre os solos se reflectem nos respectivos âcidos hûmicos. Para cada amostra procedeu-se à sua caracterizaçâo por espectrofotometria de absorçâo, fez-se anâlise quimica elementar, deter-
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
minaram-se certas constantes fisicas e investigou-se a floculaçâo e a variaçâo da capacidade de troca com o pH. Todos estes aspectos sâo pela primeira vez investigados em relaçâo a solos das nossas provincias ultramarinas, e alguns deles mesmo em relaçâo a solos das regiöes tropicais. A terminologia que se adoptou é a terminologia correntemente seguida pelos investigadores alemäes, empregando-se os termos com o mesmo significado que eles lhes atribuem: Matéria orgànica do solo é o conjunto de todas as substâncias orgânicas, de origem animal ou vegetal, existentes no solo. Humus é a fracçâo da matéria orgànica resistente à decomposiçâo, de cor escura, de natureza heterogénea e com propriedades coloidais. Quimicamente, o humus é muito complexo, admitindo-se que se pode fraccionar em: 1. — Âcidos hûmicos: Fracçâo solüvel em soluçôes diluidas de alcalis (a frio) e precipitâvel por soluçôes diluidas de âcidos minerais; 2. — Âcidos fûlvicos: Fracçâo que permanece em soluçâo apôs acidificaçâo do extracto alcalino; 3. — Humina: Fracçâo insolûvel em soluçôes diluidas de alcalis (a frio). Os âcidos hûmicos, por seu turno, consideram-se formados por âcidos hûmicos cinzentos e âcidos hûmicos pardos. distinguindo-se uns dos outros: a) pela cor, que é negra nos âcidos hûmicos cinzentos e pardo-escura nos pardos; b) pela sensibilidade aos electrôlitos (os âcidos hûmicos cinzentos floculam com menor concentraçâo iônica); c) pela composiçâo quimica; etc. É ainda frequente distinguir nos âcidos hûmicos uma fracçâo dispersâvel em alcool, fracçâo essa que se désigna âcido hematomelânico.
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MATERIAL E MÉTODOS l. —MATERIAL O material estudado no presente trabalho compreende sete amostras de âcidos hûmicos extraidas de «turfassolo», «barros pretos» e solos «ferraliticos» de Angola. TURFASSOLOS Estuda-se uma amostra de âcidos hûmicos de «turfassolo» (amostra 1), extraida de uma amostra do horizonte superficial do perfil 42/55 B.A.C, pertencente à série 1 do Colonato Europeu da Cela (37). Os «Turfassolos» sâo constituidos por «turfa ou material turfoso de cor parda, pardo-escura ou castanha a negra, sobre material turfoso pardo ou imediatamente sobre camada minerai acinzentada com manchas ferruginosas» (6). Os «turfassolos» da série 1 do Colonato Europeu da Cela caracterizam-se ainda por terem reacçâo muito fortemente ou extremamente âcida, relaçâo C/N menor que 20, conteüdo elevado de cinza e percentagem de azoto relativamente grande (37). Dâ-se a seguir a descriçâo do perfil 42/55 B.A.C, ao quai pertence a amostra de onde se extrairam os âcidos hûmicos.
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola
Perfil 42/55 B.A.C.
Localizacäo — Santos — anhara ( Cela ) Descricäo geral: Arnos tra
Profundidade (m)
Caracteristicas
0,00 — 0,10
Camada orgânica pouco decomposta, castanho-anegrada, constituida por um enfeltrado de colmos e raizes. Grau de humidade: encharcado.
0,10 — 0,95
Camada orgânica pardo-anegrada com material bastante decomposto (aumentando a decomposiçâo com a profundidade), penetrado por abundantissimas raizes finas, muito finas e médias; consistência esponjosa. Grau de humidade: encharcado.
0,95 — 1,00
Terra cinzento-clara, argilosa, muito plâstica, fechada. Abundantes raizes finas. Grau de humidade: encharcado.
Observacäo—Lençol
freâtico a 0,10 m.
Topografia — Terreno piano. Vegetaçâo — Vegetaçâo herbâcea densa em que predominam gramineas diversas e espécies de outras familias. Clima — Tropical hümido (B1( da classificaçâo de Thornthwaite) (21). BARROS PRETOS [Gravinigra] Estudam-se duas amostras de âcidos hûmicos de «barros pretos» (amostras 2 e 3). A amostra 2 foi extraida de uma amostra do horizonte superficial de perfil pertencente ao agrupamento H2 do distrito da Huila (9); a amostra 3 de uma amostra do horizonte superficial de perfil pertencente ao agrupamento AP30 (8).
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
Os «Barros pretos» säo «solos minerais de horizonte A1 muito nitidamente diferenciado, frequentemente espesso, mais ou menos argiloso, sen do a argila muito fortemente i1) a fortemente (2) sialïtica, com predomïnio de minerais 2 : 1 (incluindo sempre montmorilonóides ), cinzento-escuro a cinzento (cinzento-escuro a negro quando hûmido) ; de consistência dura ou muito dura, grande compacidade (excepto, por vezes, em porçâo superficial delgada), abrindo fendas mais ou menos largas e fundas durante estaçôes secas e com evidência de infiltraçâo de materiais de nïveis superiores para niveis inferiores do perfil (incluindo superficies polidas por deslizamento de materiais)» (9). Os «barros pretos» dos agrupamentos H2 e AP30 caracterizam-se ainda por terem teor em matéria orgânica baixo ou médio, no horizonte superficial, e muito baixo ou baixo, inferiormente; reacçâo fortemente alcalina ou levemente alcalina (raramente neutra, e só no horizonte superficial); grau de saturaçâo muito alto, sendo o câlcio a base prédominante; e por terem normalmente acumulaçôes de carbonato de câlcio (8, 9). Dâ-se a seguir a descriçâo dos perfis de «barros pretos» a que pertencem as amostras de onde se extrairam os âcidos hümicos.
(*) SiO2/Al2Os> 3,5; SiOi/R2O3 > 2. (2) SiO2/Al2O3 : 2,4 — 3,4; SiO2/R2Os > 2.
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
Perfil pertencente ao agrupamento H2 [BARROS PRETOS, rochas do complexo gabro-plagioclasitico]
Localizaçâo — Estrada Pocolo-Chibia, a cerca de 26,0 km de Pocolo (Huila). Descriçâo gérai:
Amostta
Profundidade (m)
Caracteristicas
0,00 — 0,03
Cinzento a cinzento-escuro (7,5 YR 5/0-4/0) (s): argiloso, com algum saibro e cascalho de rocha revestidos por material calcârio; estrutura granulosa média e fina, forte; consistência dura; fechado; efervesccncia fraca com HCl; sem raizes. Grau de humidade: seco.
0,03 — 0,30
Cinzento a cinzento-escuro (7,5 YR 5/0-4/0) (s); argiloso, com algum saibro e cascalho de rocha revestidos por material calcârio; com fendilhamento vertical largo; compacidade grande; consistência muito dura; fechado; efervescência fraca com HCl; com poucas raizes médias. Grau de humidade: seco.
0,30—1,35
Cinzento a cinzento-escuro (7,5 YR 5/0-4/0) (s); argiloso, com algum saibro e cascalho de rocha revestidos por material calcârio; sem estrutura e sem fendilhamento; compacidade relativamente grande; consistência muito firme (h); fechado; efervescência fraca com HCl; com raras raizes médias. Grau de humidade: medianamente fresco.
1,35—1,55
Rocha eruptiva bâsica alterada, dando irregularmente efervescência com HCl, passando com a profundidade a rocha dura.
Topografia — Zona quase plana. Geologie — «Complexo gabro-anortositico» (29).
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Estud., Ens. e Doc. — 87
RICARDO, R. Pinto — Acidos hütnicos de solos de Angola
Vegetacäo — Mata mista, aberta, de «espinheiras» (Acacia spp.) e «mutiati» [Colophospermum Mopane (Kirk.) Leonard.], com estrato graminoso fraco. Clima — Tropical sub-hûmido chuvoso (C 2 , da classificaçâo de Thornthwaite) (21). Perfil pertencente ao agrupamento AP30 [BARROS PRETOS, rochas calcârias]
Localizaçâo — Estaçâo Experimental de Cultura Algodoeira — Catete (Luanda). Descricäo gerat: Profundidade (m)
Caracterfsticas
0,00 — 0,20
Cinzento-escuro (s); argiloso, com algum cascalho calcârio e quartzoso; estrutura anisoforme grosseira; compacidade relativamente grande; consistência muito dura; pouco poroso; efervescência fra ca com HCl; com algumas raizes finas. Grau de humidade: seco.
0,20 — 0,90
Cinzento (s); argiloso, com algum cascalho calcârio e quartzoso; com anastomosado de fendas finas e algum fendilhamento vertical médio; compacidade grande; consistência muito dura (s); fechado; com raras concreçôes calcârias pequenas e brandas; efervescência fraca com HCl; sem raizes. Grau de humidade: pouco fresco.
0,90—1,40
Cinzento (s); argiloso, com algum cascalho calcârio e quartzoso e raras pedras miûdas de calcârio; compacidade relativamente grande; consistência muito firme (h); fechado; efervescência fraca com HCl; sem raizes. Grau de humidade: muito fresco.
Topografia — Cimo de encosta com déclive suave. Geologia — «Terciârio médio e inferior» (29). Tem-se o solo como derivado de rocha calcâria.
Estud., Ens. e Doc. — 87
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RICARDO, R. Pinto — Acidos kümicos de solos de Angola
Vegetaçâo — Maciço cerrado de arbustos de varias espécies, predominando arbustos espinhosos. Clima — Tropical semiârido ( D, da classif icaçâo de Thornthwaite) (21).
SOLOS FERRALITICOS Estudam-se quatro amostras de âcidos hûmicos de solos «ferraliticos» (amostras 4, 5, 6 e 7). A amostra 4 foi extraida de uma amostra do horizonte superficial de perfil de solo amarelo, pertencente ao agrupamento H62 do distrito da Huila; a amostra 5 de uma amostra do horizonte superficial de perfil de solo alaranjado, pertencente ao agrupamento H65 do distrito da Huila; a amostra 6 de uma amostra do horizonte superficial de perfil de solo laranja, pertencente ao agrupamento H73 do distrito da Huila (9); e a amostra 7 de uma amostra do horizonte superficial de perfil de solo vermelho, pertencente ao agrupamento Hb31 do distrito de Huambo (10). Os solos «Ferraliticos» säo «solos minerais com réserva mineral fraca ou inexistente; argila com relaçâo molecular SiO2/Al2Os por vezes próxima mas geralmente inferior a 2 e relaçâo molecular SiO2/R2O3 por vezes próxima mas em geral inferior a 1,8, e constituida essencialmente por caulinite e óxidos, os quais induem frequentemente, mas nâo sempre, gibsite (excepcionalmente com minerais 2 : 1 ou alofana, mas em proporçâo tâo diminuta que nâo afecta sensîvelmente o comportamento fisico-quimico do material); capacidade de troca da fracçâo minerai baixa ou muito baixa; grau de saturaçâo de bases em geral inferior a 50 % [...]; vulgarmente com menos de 11 % de limo e relaçâo limo/argila inferior a 0,20 [...]» (10). Os solos «Ferraliticos» «têm perfil ABBC ou AC [...]; horizontes subsuperficiais em geral sem estrutura aparente ou com estrutura granulosa mais ou menos fina e, menos vulgarmente, aniso-
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Estud.. Ens. e Doc. — 87
RICARDO,
R. Pinto — Acidos hütnicos de solos de Angola
forme, mas näo se verificando estrutura anisoforme com peliculas argilosas bem desenvolvidas; em geral com consistência mais fraca do que a de solos fersialiticos (x) [e especialmente do que a de solos sialîticos ( 2 )] com proporçâo de argila semelhante, mas podem incluir horizontes em via de endurecimento, ou que endurecem por exposiçâo ao ar, ou ainda concreçôes, e impermes ou bancadas mais ou menos duras [...]; cor em geral amarela, vermelha ou intermédia, sob o horizonte A ou desde a superficie [•••]» (10). Os solos «ferralïticos» dos agrupamentos H62, H65, H73 e Hb31 caracterizam-se ainda por terem teor em matéria orgânica baixo ou médio no horizonte superficial, diminuindo com a profundidade e tornando-se quase sempre muito baixo a partir de cerca de 0,40 m; reacçâo levemente âcida ou medianamente âcida no horizonte superficial (raramente neutra ou fortemente âcida), e medianamente âcida ou fortemente âcida inferiormente (raramente levemente âcida ou muito fortemente âcida); e grau de saturaçâo moderado no horizonte superficial (raramente baixo ou alto) e baixo ou muito baixo nos horizontes inferiores (9, 10). Os solos «Ferralïticos» sâo «Fracamente ferrâlicos» quando apresentam horizontes cuja argila tem relaçâo molecular SiO2/ /Al2Oa superior a 1,3 ou «Ferrâlicos tipicos» quando apresentam horizontes com argila de relaçâo molecular SiO2/Al^Oa inferior a 1,3 (10). Dâ-se a seguir a descriçâo dos perfis de solos «ferralïticos» a que pertencem as amostras de onde se extraîram os âcidos hûmicos.
(!) Solos com argila fersialitica — argila geralmente com relaçôes SiO2/ /A12O3 > 2 e SiO2/R2Os < 2. (2) Solos com argila sialitica—argila com relacöes SiO2/Al2O3> 2 e SiO2/R2Os > 2.
Estud., Ens. e Doc. —87
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola
Perfil pertencente oo agrupamenro H62
[FRACAMENTE FERRALICOS AMARELOS OU ALARANJADOS, rochas do complexo gabro-plagiodasitico] Localizacäo — Estrada Vila Paiva Couceiro-Sâ da Bandeira, a cerca de 33,0km de Vila Paiva Couceiro (Huila). Descriçâo gérai: Profundidade (m)
Caiacteristicas
0,00 — 0,05
Cinzento (10 YR 5/1) (s); argiloso; estrutura anisoforme fina e média; compacidade média; consistência ligeiramente dura; fechado; com alguns estolhos e raizes finas. Grau de humidade: seco.
0,05—0,15
Transiçâo.
0,15—1,05
Amarelo-pardacento (10YR 6/6) (s); argiloso; compacidade relativamente pequena; consistência muito branda; fechado; com bastantes raizes finas, médias e grossas, as quais rareiam corn a profundidade. Grau de humidade: seco.
Topografia — Zona quase plana. Geologia — «Complexo gabro-anortosïtico» (29). Vegetaçao — Mata aberta com porte médio da formaçâo «Mato de elementos vârios com diversas espécies do género Acacia disseminadas (Hiemilignosa)» (17). Estrato graminoso em tufos com desenvolvimento médio. Clima — Tropical hûmido ( B1, da classificaçâo de Thornthwaite) (21).
26
Estud., Erts. e Doc. — 87
RICARDO, R. Pinto — Acidos hûtnicos de solos de Angola
Perfil pertencente ao agrupamento H65
[FRACAMENTE FERRALICOS AMARELOS OU ALARANJADOS, rochas eruptivas quartziferas]
Localizaçâo — Estrada Caconda-Cuima, a cerca de 43,5 km de Caconda (Huila). Descriçâo gérai: Amostra
Profundidade (m)
Caracteristicas
0,00 — 0,08
Cinzento-pardacento-claro (10YR 6/2) (s); franco-arenoso; compacidade irregularmente pequena e muito pequena; consistência branda; quase fechado; com bastantes raizes finas e médias. Grau de humidade: seco.
0,08 — 0,14 0,18
Pardo-acinzentado (10YR 5/3) (s); franco-arenoso, com rarissimo saibro quartzoso; compacidade relativamente pequena; consistência branda; levemente poroso; com poucas raizes finas. Grau de humidade: seco.
0,14—0,35 0,18 0,35 — 1,20
Transiçâo.
1,20 — 1,60
Amarelo-avermelhado (7,5 YR 6/8) (s); argiloso; compacidade pequena; consistência no estado seco muito branda; levemente poroso; sem raizes. Grau de humidade: muito fresco.
Amarelo-avermelhado (7,5 YR 7/8) (s); argilo-arenoso; compacidade variando de média a relativamente pequena com a profundidade; consistência no estado seco ligeiramente dura; levemente poroso; sem raizes. Grau de humidade: variando de seco a medianamente fresco com a profundidade.
Topografia — Cimo de encosta suave. Geologia — «Granitos, granodioritos e quartzodioritos» (antecâmbricos e nâo datados) (29). Vegetaçâo — Mata aberta e baixa da formaçâo «Hiemilignosa do tipo Bedinia~Brachystegia~Combretum»
Estud., Ens. e Doc. — 87
(17), apresentando es-
27
RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
trato graminoso fraco. Identificaram-se: Berlinia spp., Brachystegia sp., Erythrophloeum africanum Harms e Uapaca sp. Clitna — Tropical hûmido (B1, da classificaçâo de Thornthwaite) (21). Perfil pertencente ao agrupamento H73
[FRACAMENTE FERRÂLICOS LARANJA, rochas eruptivas ou cristalofilicas, quartziferas]
Localizaçao — Estrada Caconda-Cuima, a cerca de 1,0 km de Caconda (Huila). Descriçâo gérai: Profundidade (m)
Caracteristicas
0,00 — 0,07
Pardo (10YR 5/3) (s); franco-arenoso, com pouco saibro quartzoso; compacidade muito pequena; consistência branda; levemente poroso; com algumas raizes médias e finas. Grau de humidade: seco.
0.07 — 0,28
Transiçâo.
0,28 — 0,70
Laranja (5YR 5/8) (s); argilo-arenoso, com pouco saibro quartzoso; compacidade média; consistência ligeiramente dura; levemente poroso; coin poucas raizes médias. Grau de humidade: seco.
0,70—1,55
Laranja (5YR 5/8) (s); argilo-arenoso, com bastante saibro quartzoso; compacidade pequena; consistência no estado seco branda; levemente poroso; com raras raizes médias. Grau de humidade: pouco fresco.
Topografia — Terreno com déclive muitissimo suave. Geologia — «Granitos, granodioritos e quartzodioritos» (antecâmbricos e nâo datados) (29). Vegetaçao — Mata secundâria, fechada, da formaçâo «Hiemilignosa do tipo Berlinia-Brachystegia-Combretum»
28
(17), com es-
Estud.. Ens. e Doc. — 87
RICARDO, R. Pinto — Acidos hiimicos de solos de Angola
trato graminoso fraco. Identificaram-se Berlinia sp., Brachystegia spp., Cryptosepalum pseudotaxus Bak. f. e Psocospermum Hundtii Exell & Mendonça. Clima — Tropical hümido (B l t da classificaçâo de Thornthwaite) (21). Perfil pertencente ao agrupamento Hb31
[FERRALICOS T1PICOS VERMELHOS, rochas lâvicas]
Localizacäo — Picada para Chipuri, a cerca de 3,4 km da estrada Vila Teixeira da Silva-Lunge (Huambo). Descrigäo geral: Amostra
Profundidade (m)
Caracterlsticas
0,00 — 0,12
Pardo-avermelhado-escuro (5 YR 3/4) (s); franco-argiloso, com rarissimo saibro negro; compacidade minima; consistência muito branda; com abundantes raizes finas. Grau de humidade: quase seco.
0,12—0,35
Pardo-avermelhado-escuro (5 YR 3/4) (s); franco-argiloso, com rarissimo saibro negro; compacidade relativamente pequena; consistência branda; levemente poroso; com muitas raizes finas e poucas médias. Grau de humidade: quase seco.
0,35 — 0,95
Pardo-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) (s) ; franco-argiloso, com rarissimo saibro negro; compacidade pequena; consistência branda; pouco poroso; com bastantes raizes finas e poucas médias. Grau de humidade: pouco fresco.
0,95 — 2,15
Pardo-avermelhado-escuro (2,5 YR 3/4) a vermelho-escuro (2,5 YR 3/6) (s); argiloso, com rarissimo saibro negro; compacidade pequena; consistência branda ou muito branda (s), e muito friâvel (h); levemente poroso; com raras raizes finas. Grau de humidade: bastante fresco.
Estud., Ens. e Doc. — 87
29
RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
Topografia — Encosta com déclive acentuado. Gologia — Em correspondência com a formaçâo «Sienitos, sienitos nefelinicos» ( pôs-pérmicos ) (29). Perto do local do perfil encontraram-se carbonatites e rochas com caracteristicas lâvicas. Vegetaçâo — Savana ( gramïneas formando estrato denso e alto, e algumas ârvores das espécies Terminalia bracht]stemma Welw. e Hymenocardia acida Tul.). Clima — Temperado-quente hûmido ( B2, da classificaçâo de Thornthwaite ) (21). * * * No quadro 1 apresentam-se dados analiticos das amostras de solos.
30
Estud., Ens. e Doc. — 87
QUADRO 1 Amostras Profundidade (cm)
Areia grossa (i) (°/ 0 ) Areia fina (1) (°/ 0 ) Limo WC/o) Argila (')(«/„) Carbonatos (2) (em CaCOa) (°/o) Matéria orgânica (3) («/„) pH (i) (em H2O) pH (4) (em KCIN) Câlcio de troca (5) (m. e. por 100 g) Magnésio de troca (5) (m. e. por 100 g) Potâssio de troca (5) (m. e. por 100 g) Sódio de troca (5) (m. e. por 100 g) Hidrogénio de troca (6) (m. e. por 100 g) Soma de bases de troca (5) (m. e. por 100 g) (S) Capacidade de troca catiónica (5) (m. e. por 100 g) (T) Grau de saturaçâo (5) (»/0) (V) Ferro livre (6) (°/ 0 ) Carbono orgânico total (7) (°/o) Azoto total (8) (o/o) C/N
0-10
0,0 42,2 4,5 4,2 16,1 9,3 6,3 3,1 62,8 34,8 97,6 35,7 24,47 2,088 11,7
0-3
4,5 12,5 9,5 68,1 3,6 1,8 8,5 6,8 29,6 4,5 0,3 0,2 0,0 34,6 34,6 100,0 0,36 1,04 0,076 13,7
0-20
0-5
1,1 8,4 11,1 76,2 1,6 1,6 8,4 6,8 32,6 1,3 0,3 0,7 1,3 34,9 36,2 96,4 0,45 0,92 0,076 12,1
4,8 18,2 11,4 61,7 0,0 3,9 6,5 5,5 5,9 4,7 0,2 0,1 3,8 10,9 14,7 74,1 1,10 2,28 0,168 13,6
0-8
56,7 23,4 2,1 16,4 0,0 1,4 6,2 5,2 0,9 0,8
0,1 0,1 2,3 1,9 4,2 45,2 0,26 0,84 0,054 15,6
0-7
0-12
35,5 39,2 3,1 19,6 0,0 2,6 6,3 5,4 2,3 1,3 0,3 0,1 3,4 4,0 7,4 54,1 0,44 1,48 0,098 15,1
13,4 27,8 18,3 35,1 0,0 5,4 5,9 5,0 3,0 2,5 0,2 0,1 11,4 5,8 17,2 33,7 4,43 3,15 0,186 16,9
TV. B. — Os resultados referem-se à terra seca a 100-105°C. f1) (2) (3) (4) (5) (6) (') (8)
Método International, usando soluçâo de hexametafosfato e carbonato de sódio com dispersante (4). Calcimetro Scheibier. Calculou-se multiplicando a percentagem de carbono orgânico pelo factor 1,724. Medido com eléctrodo de vidro (solo/soluçâo: 1/2,5). Método de Mehlich (26). Extraido pelo método de Mackenzie (23) e determinado colorimètricamente pelo âcido tloglicólico (39). Método de combustäo por via seca. Método de Kjeldahl.
Estud., Ens. e Doe.
•87
II. — MÉTODOS 1. Método de extracçôo dos âcidos hümicos. Os âcidos hümicos extraïram-se com soluçâo de soda câustica a 0 , 5 % . Antes da extracçâo as amostras de solo foram tratadas, por très vezes, com soluçâo 1 N de âcido cloridrico, deixando-se a soluçâo em contacte com a amostra de urn dia para o outro. Findo este tratamento procedeu-se à remoçâo do âcido, por lavagem com âgua destilada. As amostras assim tratadas foram agitadas durante cinco minutos com a soluçâo de soda câustica (para as amostras 1, 2 e 3, 100 ml de extractante por cada grama de terra; para as amostras restantes, 20 ml). A amostra e a soluçâo ficaram em contacto durante a noite, e no dia seguinte decantou-se o lïquido sobrenadante, o quai foi imediatamente centrifugado para remover impurezas em suspensâo. Esta operaçâo de extracçâo foi repetida duas ou très vezes, numero que se verificou ser suficiente para uma quase total extracçâo dos âcidos hûmicos. O extracto de soda, depois da centrifugaçâo, foi levado a pH 2 com âcido cloridrico diluido, e o precipitado hûmico formado separou-se por centrifugaçâo e lavou-se varias vezes nos tubos da centrïfuga com soluçâo 0,1 N do mesmo âcido cloridrico. O precipitado foi entâo dissolvido na soda câustica a 0,5 %, e o conjunto
Estud., Ens. e Doc. — 87
31
RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
das operaçôes referidas (centrifugaçâo durante uma hora, precipitaçâo e lavagens com âcido cloridrico diluido, e dissoluçâo com a soluçâo extractante) efectuou-se mais quatro vezes. Corn semelhante técnica procurou-se obter âcidos hümicos suficientemente purificados. Depois da ultima lavagem do precipitado hümico com a soluçâo 0,1 N de âcido clorïdrico, procedeu-se a lavagens com pequenas porçôes de âgua destilada até se observarem sinais de dispersâo. Passou-se entâo o material para sacos de celofane, dialisou-se, secou-se em estufa de vâcuo à temperatura ambiente e triturou-se em pó fino.
2. Métodos para estudo dos âcidos hümicos. Caracterizaçào dos âcidos hümicos por espectrofototnetria de absorçâo — Efectuou-se num espectrofotómetros de Beekman, modelo DU. Os âcidos hümicos dissolveram-se em soluçâo de soda câustica a 0,5 %. Os respectivos espectros de absorçâo foram expresses em curvas de absorçâo de soluçôes 0,01 %. Carbono (C) — Determinado microanaliticamente pelo método de combustâo por via seca, utilizando-se um aparelho Heraeus. O CO2 libertado foi medido gravimètricamente. Azoto (N) — Método de Kjeldahl. O material foi digerido em âcido sulfürico concentrado. Como catalisador usou-se sulfato de cobre. Hidrogénio (H) — Determinado microanaliticamente pelo método de combustâo por via seca, utilizando-se um aparelho Heraeus. A mediçâo do hidrogénio fez-se gravimètricamente. Fósfoto (P)—Ataque com âcido nïtrico e âcido perclórico (34).
32'
Estud., Ens. e Doc. — 87
RICARDO, R. Pinto — Acidos hümieos de solos de Angola
A determinaçâo do fósforo foi feita por método colorimétrico baseado no azul-de-molibdénio, conforme a técnica seguida por M I RANDA ( 28 ), modificada no que respeita à eliminaçâo do ferro ( 1 ). Utilizou-se um espectrofotómetro Beekman, modelo B. Fcrro (Fe) — Determinado colorimètricamente, no extracto para doseamento do fósforo, pelo âcido tioglicólico (39). Utilizou-se um colorïmetro fotoeléctxico Engel, da Kipp & "Zonen. Aluminio (Al) — Determinado, no extracto para doseamento do fósforo, pelo método colorimétrico do atuminon (41). As leituras foram feitas num colorimetro fotoeléctrico Engel, da Kipp ö Zonen. Capacidade de troca catiónica — Foi determinada por saturaçâo com o iäo ßa++. Durante 18 horas, num agitador de vaivém, agitaram-se amostras de âcidos hûmicos (équivalentes a 0,1 g de material seco a 100°C e isento de cinza) corn 50 ml de soluçâo N/200 de BaCl2, à quai se adicionaram quantidades convenientes de HCl ou Ba(OH)2, de forma a obterem-se diferentes valores de pH. Terminada a agitaçâo, as amostras foram centrifugadas. Em seguida tomou-se uma parte alïquota da soluçâo lïmpida sobrenadante, determinando-se nela o Ba existente. Entâo, 6s âcidos hûmicos foram ressuspensos na soluçâo restante e o pH foi medido imediatamente. O bârio adsorvido obteve-se por diferença entre a quantidade existente na soluçâo original e a encontrada na soluçâo depois da centrifugaçâo. A determinaçâo do bârio foi feita colorimètricamente (26), utilizando-se um colorimetro fotoeléctrico Engel, da Kipp & Zonen. O pH foi medido com eléetrodo de vidro, utilizando-se um potenciómetro Beekman modelo H2. O tempo de 18 horas e a técnica de agitaçâo, utilizados na determinaçâo, foram estabelecidos com base no estudo das condiçôes de equilibrio da reacçâo.
Estud., Ens. e Doc. — 87
33
RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
Viscosidade (a 20°C) —Calcularam-se a viscosidade relativa, a viscosidade especifica e o numéro de viscosidade, em hidrossoles 0,5 % e 1,0 %. Para estes câlculos, mediu-se o tempo de escorrimento dos hidrossoles hümicos e da âgua com um viscosimetro capilar de Ostwald. Densidade (a 20°C) —calculou-se pela expressäo ,
P — Po
Ps = Po + c
, em que
Ps — densidade a (20°C) de hidrossole 0,5%. determinada pelo método do picnómetro; Po — densidade do solvente à temperatura de 20°C; c — concentraçâo do hidrossole, expressa em g/ml; p —densidade dos acidos hümicos (incognita). Numero de expansibilidade — Os acidos hûmicos, devido à embebiçâo com âgua, aumentam de volume. Definimos numéro de expansibilidade como a relaçâo entre o volume efectivo ocupado pelos âcidos hûmicos quando dispersos em âgua e o seu volume real. O volume efectivo calculou-se pela equaçâo de EINSTEIN, modificada por MEYER e MARK [LUTZ (22)]: 0 T\rci = 1 + 2 , 5
, em que
V—<t> t\,ci — viscosidade relativa, de hidrossole de concentraçâo conhecida; 0 — volume efectivo ocupado pelos âcidos hümicos; V — volume total de hidrossole. O volume real calculou-se a partir da densidade dos respectivos âcidos hümicos.
34
Estud., Ens. e Doc. — 87
RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
Equivalente de humidade — Determinado por centrifugaçâo, durante trinta minutos, com velocidade equivalente a mil vezes a força da gravidade, em amostras de âcidos hümicos saturadas com âgua. A centrifugaçâo das amostras fez-se em centrifuga Internacional modelo ME, utilizando-se recipientes com caracterïsticas idênticas as dos utilizados nos solos (5), mas com dimensôes muito menores (1,9 cm X 1,9 cm X 2,4 cm). O f undo de rede dos recipientes foi tapado com papel de filtro Whatman n.° 542. Percentagem a 15 atmosferas — Método da membrana de pressâo. Trabalhou-se com amostras de âcidos hûmicos saturadas com âgua. A pressâo foi aplicada gradualmente, mantendo-se nas 15 atmosferas até deixar de se verificar libertaçâo de âgua. Floculaçao — No estudo da floculaçâo foi apenas observada a estabilidade de hidrossoles hûmicos em presença do cloreto de bârio. Durante dois minutos agitaram-se porçôes de 50 ml de hidrossole dialisado 0,04 %, com diferentes quantidades de cloreto de bârio. A floculaçao foi medida apôs 24 horas de repouso, determinando-se para isso a porçâo de âcidos hümicos näo floculados e subtraindo-a à totalidade existente no hidrossole. Para determinar a porçâo de âcidos hûmicos nâo floculados, dispersaram-se com soda câustica os âcidos hümicos duma parte aliquota da suspensâo, fazendo-se em seguida a sua mediçâo colorimétrïca. O colorimetro utilizado foi um colorimetro fotoeléctrico Engel, da Kipp & "Zonen.
Os resultados apresentados referem-se aos acidos hümicos secos a 100°C e isentos de cinza.
Estud., Ens. e Doc. — 87
35
ESTUDO
DOS ÂCIDOS
HÛMICOS
l—CÄRACTERIZACÄO DOS ÂCIDOS HÛMICOS POR ESPECTROFOTOMETR1A DE ABSORCÄO. SPRINGER [RETORTILLO (32)] chamou a atençâo para o facto de a cor dos âcidos hûmicos variar de pardo-escura a negra, consoante a sua riqueza em âcidos hematomelânicos, âcidos hûmicos pardos e âcidos hûmicos cinzentos, e definiu métodos para caracterizar tal propriedade dos âcidos hûmicos, os quais permitem ter uma ideia da proporçâo em que os diferentes constituantes entram na sua composiçâo. De acordo com o que se acaba de referir, a caracterizaçâo dos âcidos hûmicos pode fazer-se pelo farbquotient (*) (F.Q.), que é o quociente de dois coeficientes de extinçâo, medidos na mesma soluçâo de humato-TVa em regiôes espectrais afastadas (32). Os comprimentos de onda prefendos para a determinaçâo de F.Q. sâo os de 463 m^ e 619 mu, mas outros podem ser utilizados, tais como 463 e 729 mix (30), 463 e 623 my. (31), 472 e 664 mu (36), etc. Além da caracterizaçâo pelo farbquotient, os âcidos hûmicos podem ser também caracterizados pela relaçâo ^463
^666 *-572
Quociente de cor.
Estud., Ens. e Doc. — 87
37
RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
ou pela indinaçâo da curva tipica de cor (1) na zona correspondente aos comprimentos de onda de 463 m ^ e 619 my- (32). Uma medida desta indinaçâo pode obter-se pela diferença das ordenadas da curva referentes a 463 mu e 619 m;*, ou, o que é o mesmo, por log F.Q.: log * 4 M - l
(463/619).
K,619
Os valores das constantes acabadas de définir, apresentados por SPRINGER [RETORTILLO (32)] para os âcidos hematomelânicos, âcidos hümicos pardos e âcidos hûmicos cinzentos, estâo reunidos no quadro 2. QUADRO 2 log -£iü
** 4M
Âcidos hematomelânicos ...
4,40
0,64
• 2,37
Âcidos hûmicos pardos ...
3,00 - 4,20
0,48 - 0,62
1,62-2,30
Âcidos hûmicos cinzentos
1,70-2,20
0,23 - 0,34
0,70-1,15
Comparando tais valores corn os referentes aos âcidos hûmicos estudados (quadro 3), pode deduzir-se que estes sâo constituidos por uma mistura de âcidos hûmicos pardos e âcidos hûmicos cinzentos, e possivelmente por pequena quantidade de âcidos hemato-
(!) Curva de absorçâo dos âcidos hûmicos, tendo por abcissas os comprimentos de onda e por ordenadas os logaritmos dos respectivos coeficientes de extinçâo.
38
Estud., Ens. e Doc. — 87
-\
RICARDO, E. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
melânicos. Deduz-se ainda que a percentagem de âcidos hûmicos cinzentos aumenta pela ordern: «Turfassolo» < Solos «ferraliticos» < «Barros pretos». QUADRO 3 Amostras
1 2 3 4 5 6 7
Ku, K.,,
3,44 2,89 2,86 3,00 3,24 3,17 2,94
log
Ka
'
^4«i — Kg*» K BJI
0,54 0,46 0,46 0,48 0,51 0,50 0,47
1,94 1,58 1,55 1,71 1,86 1,78 1,66
Relativamente aos âcidos hûmicos dos solos «ferraliticos» estudados, verifica-se que a percentagem de âcidos hûmicos cinzentos varia no mesmo sentido do ferro livre doseado nas amostras de solo. Estes resultados sâo aceitâveis, dado que os âcidos hûmicos que se ligam as argilas pelos sesquióxidos de ferro (ou de aluminio) sâo principalmente âcidos hûmicos cinzentos (13). Na fig. 1 representam-se as curvas de absorçâo de soluçôes de humato-Afa dos âcidos hûmicos estudados, as quais sâo curvas tipicas de cor, e no quadro 4 encontram-se os valores para o traçado dessas curvas. Todas as curvas mostram igual desenvolvimento, o que indica que os vârios âcidos hûmicos, seja quai for a sua origem, têm as mesmas própriedades ópticas. O poder de absorçâo de luz é sempre mâximo na regiâo ultravioleta e diminui com o aumento do comprimento de onda. A diminuiçâo é brusca até cerca de 225 m[x; torna-se entâo muito menos brusca até 280-300 mu; e volta a ser mais brusca a partir deste comprimento de onda, mas sem tornar o aspecto inicial.
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
ACtDOS HÜMICOS DE TUflfASSOLO Amoftra 1 o <.
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ÀCIDOS' HÜMICOS DE BARROS PRETOS Ans ma 2
ACIDOS HÙMICOS DE SOLOS FERRAUÎICOS tracameritç ferraiicos Amottro ^ • • • Amoitro S Amoitro 6 t e r r i l ico h'pko
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Estud., Ens. e Doc. — 87
RICARDO, R. Pinto — Âctdos hümicos de solos de Angola
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Estud., Ens. e Doe. — 87
41
RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
Nos âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos» a diminuiçâo do poder de absorçâo de luz entre 225 m;x e 280-300 mu é nîtidamente mais suave do que nos restantes âcidos hûmicos. lima diferença bem evidenciada pelas curvas de absorçâo é a que diz respeito ao poder de absorçâo de luz dos varies âcidos hûmicos. As curvas que correspondem aos âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos» apresentam os mais elevados coeficientes de extinçâo e a que corresponde aos âcidos hûmicos extraidos da amostra de «turfassolo» apresenta os coeficientes de extinçâo mais baixos; as curvas correspondentes aos âcidos hûmicos extraidos das amostras de solos «ferraliticos» apresentam coeficientes de extinçâo intermédios. A ordem segundo a quai aumenta o poder de absorçâo de luz é, pois: «Turfassolo» < Solos «ferraliticos» < «Barros pretos». O poder de absorçâo de luz das soluçôes de humato-2Va dâ uma medida da intensidade do torn escuro dos respectives âcidos hûmicos. Desta maneira, pode dizer-se que os âcidos hûmicos extraidos da amostra de «turfassolo» sâo menos escuros do que os extraidos das amostras de solos «ferraliticos» e uns e outros menos escuros do que os extraidos das amostras de «barros pretos». Como é compreensivel, esta variaçâo na intensidade do tom escuro dos âcidos hûmicos dâ-se no mesmo sentido da variaçâo do seu teor em âcidos hûmicos cinzentos. Considera-se possïvel medir a intensidade relativa do torn escuro dos âcidos hûmicos estudados, partindo das curvas transmissâo-concentraçâo das respectivas soluçôes de humato-TVa (fig. 2, quadro 5). Verifica-se nestas curvas que uma transmissâo de 30 %, por exemplo, corresponde a diferentes quantidades de âcidos hûmicos: «Barros pretos» (valor médio) Solos «ferraliticos» (valor médio) «Turfassolo»
42
4,79 mg 9,14 mg 12,85 mg
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
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Estud.. Ens. e Doc. — 87
43
RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
Isto quer dizer que, devido a diferença na intensidade do torn escuro, as diversas soluçôes de humato-Afa têm de ter concentraçâo diferente para apresentarem a mesma opacidade. Tomando-se como unitârio o valor correspondente aos âcidos hûmicos extraidos das QUADRO 5 Amostra 2 Amoslra 3 . Amostra 4
If
Amostra 6
Amostra 7
2
B2
a
I!
"a
oA
0,94 91,0 0,24 94,8 0,22, 93,5
0,99 89,1
0,98
88,1
0,48
95,0
2,82 76,6 0,49 90,2! 0,45 88,8
2,98 70,5
1,96 79,1
0,96
89,7 0,93 85,3
4,69 65,7 0,98 80,9 0,90 80,7
4,97 55,0
2,93 69,1
2,87 70,8
6,96 43,5
4,89 55,5
4,78 55,8 2,80 61,9
8,94 34,0
6,84 43,2
6,69 45,1
4,67 45,5
9,78 29,7
8,60 35,2
6,54 33,5
6,57 53,5 1,96 65,5 1,79 60,6 8,45 45,2 2,94 52,0 2,69 46,2
12,01 32,5 3,92 42,0 3,58 35,9 10,83 16,89 20,5 4,90 34,2 4,48 27,4 12,52 18,77 17,1 6,86 22,2 5,55 20,0 15,01 21,87 12,8 8,81 14,0 6,27 16,1 17,78
27,0
0,47 92,5 1,87 72,3
21,7 11,34 25,0 10,51 27,7 8,40 24,1 16,0 13,00 20,5 12,42 21,8 10,27 17,1 11,5 16,23 13,6 14,33 17,1 12,14 12,5
amostras de «barros pretos», verifica-se que, para efeitos de intensidade do torn escuro, 1,0 unidade (em peso) de âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos» vale tanto como 1,9 unidades de âcidos hûmicos extraidos das amostras dos solos «ferraliticos» e como 2,7 unidades de âcidos hûmicos extraidos da amostra de «turfassolo». Se 1 kg, por exemplo, de âcidos hûmicos de «barros
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
pretos» provocar determinado escurecimento de solo, o mesmo escurecimento só se conseguirâ com cerca de 2 kg de âcidos hûmicos no caso dos solos «ferralïticos» e cerca de 3 kg no caso do «turfassolo». O que acaba de referir-se pôe em evidência que o escurecimento do solo, por influência da sua matéria orgânica, é relativamente mais intenso nos «barros pretos» do que nos outros solos estudados, o que se justifica por serem os respectivos âcidos hûmicos os mais ricos em âcidos hûmicos einzen tos.
Estud., Ens. e Doc. — 87
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II. — COMPOSIÇAO QUIMICA ELEMENTAR Os âcidos hûmicos sâo principalmente constituidos por carbono, oxigénio, hidrogénio e azoto, e por pequenas quantidades de outros elementos que se encontram na respectiva cinza. A cinza compôe-se, quase sempre, de ferro, aluminio, fósforo, silicio, enxofre, e mesmo câlcio, magnésio e outras bases. Porém, é impossivel precisar se os elementos doseados pertencem ao material orgânico, a complexos organo-inorgânicos ou a colóides inorgânicos do solo que contaminem os âcidos hûmicos. É natural que as très fracçôes contribuant, em proporçâo maior ou menor, para os elementos encontrados na cinza. Os métodos analiticos utilizados nâo permitem, no entanto, separar as porçôes dos vârios elementos correspondentes a cada uma das fracçôes referidas. 1. — Carbono. SPRINGER (40) encontrou para âcidos hûmicos cinzentos extraidos de «tchernoziom» e «turfassolo» teores em carbono de 61,6 e 62,6 % e para âcidos hûmicos pardos dos mesmos solos teores de 60,2 e 59,4 %. Valores encontrados por FLAIG et al. (15) também para âcidos hûmicos cinzentos e pardos (extraidos de «tchernoziom» e «podzol») sâo sensivelmente iguais:
Âcidos Âcidos Âcidos Âcidos
hûmicos hûmicos hûmicos hûmicos
cinzentos de «tchernoziom» .... cinzentos de «podzol» pardos dé «tchernoziom» pardos de «podzol»
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61,6-62,6% 61,8 % 57.0-57,6 % 59.4 %
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As determinaçôes de carbono em amostras de âcidos hümicos cinzentos e pardos revelam assim que os âcidos hümicos cinzentos säo mais ricos em carbono do que os pardos, independentemente da sua origem. Sucede, porém, que a mesma conclusâo parece nâo se poder tirar das determinaçôes efectuadas directamente em âcidos hûmicos extraïdos de diversos tipos de solos, pois nem sempre os âcidos hümicos que se consideram mais ricos em âcidos hümicos cinzentos apresentam teor em carbono mais elevado do que os que se consideram essencialmente constituidos por âcidos hümicos pardos. Como se sabe, os âcidos hümicos cinzentos predominam nos âcidos hûmicos dos «Tchernozioms» e «Rendzinas» e os âcidos hümicos pardos encontram-se em grande quantidade, ou mesmo como os ünicos âcidos hûmicos, nos âcidos hûmicos dos «Solos Pardos Florestais», «Podzois» e «Turfassolos». Ora verifica-se, por dados de FORSYTH (16), FLAIG et al. (15), AMBROZ (3) e NEHRING
(30),
que os âcidos hûmicos de «tchernozioms» e «rendzinas» têm teor em carbono de 57,7-60,1 % e que os de «solos pardos florestais», «podzois» e «turfassolos» têm teor de 51,0-63,5 %. Apesar de os menores teores de carbono se encontrarem nos âcidos hümicos que se consideram com predomïnio de âcidos hümicos pardos, é nestes também que se encontram os teores mais elevados. No caso dos âcidos hümicos estudados, o carbono varia de 55,16 a 59,25 % (quadro 6). Estes valores säo da mesma ordern de grandeza dos referidos para «tchernozioms», «rendzinas», «solos pardos florestais», «podzois» e «turfassolos». Verifica-se no nosso caso que hâ relaçâo entre o teor em carbono e a riqueza em âcidos hümicos cinzentos. O carbono aumenta segundo a ordern: «Turfassolo» < Solos «ferralîticos» < «Barros pretos», e esta é também a ordern segundo a quai aumenta a percentagem de âcidos hûmicos cinzentos.
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
2. — Azoto. Ao définir âcidos hûmicos cinzentos e pardos, SPRINGER (32)] afirma que os âcidos hûmicos cinzentos se caracterizam por conteûdo em azoto maior do que os âcidos hûmicos pardos. [RETORTILLO
QUADRO 6 Atnostras
C CM
N CAO
C/N
H CAO
P* C/.;
Fe» CAO
Al* CAO
Cinza» CAO
1
55,16
4,15
13,3
4,97
0,16
0,48
1,35
3,5
2
59,09
2,25
26,3
3,74
0,06
0,19
0,42
3
59,25
2,28
26,0
3,12
0,10
0,08
'0,19
1,1 0,5
4
56,28
3,52
16,0
4,54
0,07
0,11
0,13
0,5
5
56,54
3,39
16,7
4,68
0,10
0,43
0,41
1,5
6
56,97
3,66
15,6
4,76
0,18
1,46
0,76
3,9
7
57,70
3,39
17,0
4,78
0,39
2,29
1,03
5,9
•Valores referidos aos âcidos hûmicos secos a 100°C, com cinza.
Resultados de outros autores nâo permitem a mesma conclusâo, levando a pensar que a origem dos âcidos hûmicos influi grandemente na sua riqueza em azoto. Entre estes resultados contam-se os de MEYER (27)
e os de FLAIG et al.
(15).
(27), trabalhando com diversos materiais, obteve os seguintes valores para o azoto: MEYER
Âcidos hûmicos cinzentos de «tchernozioms» 2,3-2,6 % Acidos hûmicos pardos de «tchernozioms» 3,0-3,5 % Âcidos hûmicos pardos de «kasselerbraun», «huminkohle» e «turfassolo» 0,7-1,6 %
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et al. (15), trabalhando com «tchernozioms» e «podzois», obteve valores da mesma natureza: FLAIG
Âcidos Âcidos Âcidos Âcidos
hûmicos hûmicos hûmicos hûmicos
cinzentos de «tchernozioms» ... cinzentos de «podzois» pardos de «tchernozioms» pardos de «podzois»
2,27-2,83 2,18 4,08-4,19 1,89
% % % %
Desta forma, o ponto de vista de SPRINGER [RETORTILLO (32)] tem de ser considerado com réserva, tanto mais que dados récentes obtidos pelo mesmo autor (40) nâo o confirmam claramente. Esses dados, que dizem respeito a preparaçôes de âcidos hûmicos cinzentos e âcidos hûmicos pardos de «tchernozioms» (2,76 % e 2,70 % de azoto, respectivamente), continuam a mostrar serem os âcidos hûmicos cinzentos mais ricos em azoto do que os pardos, mas revelam, por outro lado, que a diferença pode nâo ser muito evidente. O teor em azoto de âcidos hûmicos extraidos de amostras de solos diferindo bastante quanto à natureza do material hûmico apoia o que acaba de referir-se. Valores de 3,12-5,00 % em «tchernozioms» e «rendzinas» (40, 30, 3, 15) e de 1,56-4,50 % em «solos pardos florestais», «podzois» e «turfassolos» (16, 30, 3) mostram que sâo os âcidos hûmicos em que predominam os âcidos hûmicos pardos os que apresentam o mais baixo teor em azoto, mas mostram também que, em bastantes casos, âcidos hûmicos daquele mesmo tipo podem apresentar valores de azoto iguais, ou superiores, aos observados nos âcidos hûmicos ricos em âcidos hûmicos cinzentos. Os conteûdos em azoto dos âcidos hûmicos estudados (quadro 6) säo da mesma ordem de grandeza dos correspondentes aos âcidos hûmicos discutidos acima — variam de 2,25 a 4,15 %. Todos os valores estâo dentro dos limites referidos para os âcidos hûmicos de «solos pardos florestais», «podzois» e «turfassolos», e alguns deles coincidem também com os referidos para os âcidos hûmicos de «tchernozioms» e «rendzinas».
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Verifica-se, por outro lado, que os acidos hümicos com maiores quantidades de acidos hümicos cinzentos sâo os mais pobres cm azoto. Com efeito, o azoto aumenta pela ordern «Barros pretos» < Solos «ferraliticos» < «Turfassolo», e é segundo esta ordern que diminui a percentagem de âcidos hûmicos cinzentos. Estes resultados estâo, assim, também em desacordo com a afirmaçào de SPRINGER de terem os âcidos hûmicos cinzentos maior teor em azoto do que os âcidos hümicos pardos. MATTSON 6 KOUTLER-ANDERSSON (24) admitem que o amoniaco libertado no solo pela decomposiçâo dos residuos végétais é parcialmente fixado por compostos nâo azotados, constituindo assim fonte importante do azoto encontrado nas substâncias hûmicas. Estudando as condiçôes que regulam esta fixaçâo, verificaram que a oxidaçâo simultânea do material fixador a favorecia, e que, contràriamente, quanto maior fosse o grau de oxidaçâo do material originârio mais ela séria dificultada. Embora o mecanismo sugerido por MATTSON Ö KOUTLER-ANDERSSON (24) nâo deva ser o ûnico responsâvel pelo aparecimento do azoto nas substâncias hûmicas, nâo hâ dûvida que ele se processa no solo. Desta maneira, a riqueza em azoto das substâncias hûmicas pode variar muito, pois dépende fortemente da amónia libertada durante a decomposiçâo, da intensidade dos fenómenos de oxidaçâo e do grau de oxidaçâo do material originârio.
3. — Hidrogénio. O hidrogénio (quadro 6) apresenta valores ligeiramente superiores aos valores do azoto — varia de 3,12 % a 4,97 %. Tal como sucede com o azoto, as menores percentagens de hidrogénio encontram-se nos âcidos hümicos extraidos das amostras de «barros pretos» (3,12-3,74 %) e a maior nos âcidos hümicos
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
extraidos da amostra de «turfàssolo» (4,97%). As percentagens de hidrogénio dos âcidos hümicos extraidos das amostras de solos «ferraliticos» apresentam valores intermédios (4,54-4,78 % ) .
4. — Relaçâo C/N. Os valores da relaçâo C/N dos acidos hümicos estudados (quadro 6) variam de 13,3 a 26,3. Os acidos hümicos extraidos das amostras de «barros pretos» apresentam as relaçôes mais altas (26,0 e 26,3) e os extraidos da amostra de «turfàssolo» a relaçâo mais baixa (13,3). Os âcidos hümicos extraidos das amostras dos solos «ferraliticos» apresentam relaçôes com valores intermédios (15,6-17,0). Se compararmos estas relaçôes com as respeitantes as amostras de solo de onde se extraïram os âcidos hümicos ( quadro 1 ), verifica-se que, no caso dos solos «ferraliticos» e «turfàssolo», as relaçôes correspondentes aos âcidos hümicos sâo ligeiramente maiores do que as correspondentes as amostras de solo (16,8-13,6, 16,7-15,6, 15,6-15,1, 17,0-16,9 e 13,3-11,7); e que no caso dos «barros pretos» a diferença entre as relaçôes é bastante grande — o seu valor é de 26,3 e 26,0 nos âcidos hümicos e de 13,7 e 12,1 nas amostras de solo. Tendo em atençâo que no solo os detritos orgânicos que acompanham o humus apresentam relaçâo C/N particularmente elevada, e admitindo, como é usual, que a humina tem uma relaçâo sensivelmente igual à dos âcidos hümicos e a fracçâo fûlvica relaçâo um tanto maior, só se podem compreender as diferenças encontradas se se aceitar que uma fracçâo mais ou menos importante do azoto doseado nos solos nâo corresponde a azoto orgânico, mas sim a azoto minerai fortemente fixado pelos colóides argilosos. No caso dos «barros pretos», em que a diferença entre as relaçôes é grande, a percentagem de azoto sob tal forma deve ser apreciâvel; no caso dos solos «ferraliticos» jâ o mesmo nâo sucederâ.
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Parece ainda ser possïvel concluir-se dos valores da relaçâo C/N que a humificaçâo da matéria orgânica dos solos de onde se extraîram os âcidos hûmicos estudados (e muito provàvelmente da matéria orgânica da maioria dos solos das regiöes tropicais ) origina humus de relaçâo C/N elevada, e nâo de relaçâo C/N à volta de 10, usualmente admitida como a relaçâo caracteristica do humus dos solos das zonas temperadas. Vem a propósito observar ser conveniente rever a ideia que se tem de que a relaçâo C/N da matéria orgânica dos solos das zonas temperadas se estabiliza num valor proximo de 10, pois a referida relaçâo nos âcidos hûmicos extraîdos desses solos também apresenta, com frequência, valores altos. Na realidade, resultados obtidos por SPRINGER (40), NEHRING (30) e FLAIG et al. (15) mostram para âcidos hûmicos de «tchernozioms» relaçôes de 14,8 a 19,5, de «rendzinas» 13,1 a 16,0, de «solos pardos florestais» 13,0 a 29,2 e de «podzois» 16,4 a 28,4. 5. — Cinza. A cinza dos âcidos hûmicos estudados é quase totalmente constituïda por fósforo, ferro e aluminio, e é possivel que também contenha silicio e enxofre. Nâo tem câlcio nem magnésio. Nâo se pode precisar se os elementos doseados entram ou nâo na constituiçâo da molécula hûmica e, no caso afirmativo, se é sômente uma porçâo desses elementos ou se é a sua totalidade que delà fazem parte. Contudo, parece ser admissïvel dizer-se que fracçâo importante da cinza représenta impureza, possivelmente devido a contaminaçâo dos âcidos hûmicos por colóides inorgânicos do solo. As percentagens de carbono, azoto e hidrogénio dos âcidos hûmicos tomam valores obedecendo a certas normas, reflectindo assim o estado de equilibrio que os âcidos representam na evoluçâo da matéria orgânica. Da mesma maneira, se o fósforo, o ferro e o aluminio determinados fizessem parte da molécula hûmica, as suas percentagens
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
deviam formar conjuntos de valores menos dispersos do que os observados e, simultâneamente, agrupar-se em subconjuntos de limites estreitos correspondendo aos tipos de âcidos hûmicos jâ definidos — de «barros pretos», de solos «ferraliticos» e de «turfassolo». Ora isso nâo acontece. Nos âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos» o fósforo toma valores de 0,06 % e 0,10 %, o ferro de 0,19 % e 0,08 % e o aluminio de 0,42 % e 0,19 %; nos âcidos hûmicos extraidos das amostras de solos «ferraliticos» as percentagens destes elementos variam desde os menores valores encontrados para os âcidos hûmicos dos «barros pretos» até valores bastante maiores — fósforo de 0,07 a 0,39%, ferro de 0,11 % a 2,29 % e aluminio de 0,13 % a 1,03 %; e no caso dos âcidos hûmicos extraidos da amostra de «turfassolo» as percentagens de fósforo e ferro tomam valores iguais a alguns dos observados em âcidos hûmicos dos solos «ferraliticos» (0,16 % e 0,48 %, respectivamente) e a percentagem de aluminio excède qualquer das encontradas ( 1,35 % ). Por outro lado, verifica-se que as percentagens dos elementos em discussâo nâo estâo correlacionadas com as percentagens de carbono ou azoto, elementos que constituem, indiscutivelmente, a molécula hûmica. A ûnica correlaçâo existente é entre a percentagem de fósforo e a percentagem de ferro mais aluminio. Desta maneira, parece ser vâlido admitir-se que fracçâo importante do fósforo, e bem assim do ferro e do aluminio, constitui impureza dos âcidos hûmicos. É possivel que percentagem elevada dos elementos referidos provenha dos fosfatos de ferro e de aluminio do solo, devido à sua solubilizaçâo pela soluçâo de soda câustica utilizada na extracçâo dos âcidos hûmicos. Tais fosfatos serâo fortemente retidos pelas micelas de âcidos hûmicos, e as repetidas precipitacöes e dissolucöes, efectuadas durante a preparaçâo do material, nâo conseguirâo eliminâ-los integralmente.
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Estud., Ens. e Doc. — 87
III. — TROCA
CATIÓNICA
É normal referir-se que a matéria orgânica tem capacidade de adsorçâo catiónica grande. A matéria orgânica manifesta clevada capacidade de adsorçâo de catiôes devido à natureza da sua fracçâo activa —• o humus. A noçâo de que o humus apresenta grande capacidade de adsorçâo é essencialmente baseada na determinaçâo da capacidade de troca catiónica em amostras de solos minerais, com e sem destruiçâo da matéria orgânica, e em amostras de solos orgânicos, e só muito raramente se apoia em determinaçôes feitas no humus ou nas suas fracçôes. A capacidade do humus para adsorver catiôes é dévida à existência de cargas eléctricas negativas, provenientes, ao que se pensa, da ionizaçâo de grupos —COOH e —OH. A capacidade de adsorçâo aumenta continuamente com o aumento da actividade hidrogeniónica do meio, admitindo-se que até pH 7,0 provém da ionizaçâo dos carboxilos e que acima de pH 6,0 é essencialmente dévida à ionizaçâo dos oxidrilos. COLEMAN 6 MEHLICH (12) indicam que a capacidade de troca catiónica é quase nula a pH um pouco inferior a 4,0 e que aumenta linearmente com a subida de pH. Para pH 4,0 referem uma carga negativa de 20 m. e. por 100 g e para pH 6,0 de 100 m. e. por 100 g. Entre os estudos mais completos sobre a adsorçâo catiónica do humus conta-se o de RIDALEVSKAYA & TISCHENCO [JOFFE (20)], que
Estud., Ens. e Doc.—87
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola
trabalharam com âcidos hümicos extraïdos de «tchernoziom», «solo podzólico» e «turfassolo». Determinaram a capacidade de troca catiónica a pH 4,5', 6,4 e 8,1, utilizando soluçôes tamponizadas de BaCl2 0,1 N, e verificaram que para todos os valores de pH a capacidade de troca dos âcidos hümicos de «tchernoziom» e «solo podzólico» era maior do que a dos âcidos hümicos de «turfassolo» e que, dos âcidos hümicos dos dois primeiros solos, apresentavam maior capacidade de troca os provenientes de «tchernoziom («Tchernoziom»: 292,2-590,5 m. e. por 100 g. «Solo podzólico»: 243,0-548,7 m. e. por 100 g. «Turfassolo»: 170,0-400,0 m. e. por 100 g). As diferenças na capacidade de troca catiónica estâo intimamente associadas a diferenças na composiçâo. Quanto maior for o conteüdo dos âcidos hümicos em grupos —COOH e —OH maior sera a sua capacidade de troca. Nos âcidos hümicos estudados, a capacidade de troca catiónica aumenta de modo continuo com o pH, tal como é usual verificar-se, atingindo valores bastante elevados a partir de determinados valores de pH (quadro 7). A capacidade de troca nâo é a mesma para os diverses âcidos hümicos. Qualquer que seja o pH, aumenta sempre pela ordern (quadro 7, fig. 6): «Turfassolo» < Solos «ferraliticos» < «Barros pretos». Esta ordern é a mesma segundo a quai aumenta o teor dos âcidos hümicos em âcidos hümicos cinzentos. Como a capacidade de troca esta associada à presença de grupos —COOH e —OH, o seu aumento pela ordern indicada sera motivado por um maior conteüdo de grupos —COOH e —OH nas amostras com teores mais elevados em âcidos hümicos cinzentos. A diferença entre a capacidade de troca dos vârios âcidos hûmicos aumenta de modo significativo com o aumento de pH. Enquanto a pH 3,0 os valores mâximo e mïnimo da capacidade de troca diferem de 134,7 m. e. por 100 g, a pH 6,0 diferem de 233,1 m. e. por 100 g e a pH 9,0 de 290,7 m. e. por 100 g.
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
Para os valores da capacidade de troca obtidos, a capacidade de troca nâo varia linearmente com o pH, ao contrario do que dizem COLEMAN & MEHLICH (12). Os referidos valores, normalmente, parecem seguir uma linha sigmoidal (figs. 3-5). Nâo se tentou ajustar curvas sigmoidais porque nem todos os dados indicam esse tipo de curva, procedendo-se antes ao ajustamento de exponenciais. As exponenciais ajustadas, referentes aos diversos acidos hümicos, sâo as seguintes: Âcidos hümicos de «turfassolo» (fig. 3) pH = 2,724 e 00037 T (Fi* = 1.701,05) Âcidos hümicos de «barros pretos» (fig. 4) pH = 2,026 e °.°024 T (Fi;i8 = 511,72) Âcidos hümicos de solos «ferralïticos» (fig. 5) pH = 2,434 e °-0034 T (Fi;38 = 1.365,80) Mostram as curvas p/i-capacidade de troca catiónica (figs. 3-5) que a variaçâo de T respeitante à variaçâo de uma uni. dade de pH diminui com a subida de pH. Quer dizer, a variaçâo é maior na zona dos menores valores de pH. O valor de pH 7,0 marca um limite, pois verifica-se que a capacidade de troca aumenta muito mais ràpidamente até esse valor do que dai para cima. De pH 3,0 a pH 7,0 a capacidade de troca aumenta de 3 a aproximadamente 10 vezes, ao passo que de pH 7,0 a pH 11,0 nâo chega a duplicar. Estando a capacidade de troca ligada à ionizaçâo dos carboxilos e oxidrilos, e sendo por volta de pH 7,0 que quase termina a ionizaçâo dos primeiros e se inicia a dos segundos, é possïvel que se encontre na mudança de mecanismo a explicaçâo para as diferenças observadas. Como se acabou de dizer, ao passar-se de pH 3,0 para pH 7,0 a capacidade de troca aumenta de 3 a cerca de 10 vezes. Esta diver-
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
sidade de aumento esta ligada, como nâo podia deixar de ser, à diferente natureza dos âcidos hûmicos. Os âcidos hûmicos de «turfassolo» sâo aqueles em que a capacidade de troca aumenta mais ràpidamente (a pH 7,0 o valor de T é 9,8 vezes maior do que a pH 3,0) e os de «barros pretos» aqueles em que o aumento é mais lento (a pH 7,0 o valor de T é apenas 3,2 vezes maior do que o valor a pH 3,0); o aumento da capacidade de troca dos âcidos hûmicos de solos «ferralïticos» é mais lento do que o dos primeiros e mais râpido do que o dos segundos (aumenta 5,1 vezes). Entre pH 7,0 e pH 11,0, como jâ se disse também, o aumento da capacidade de troca é pequeho, mas intéressa agora salientar que, contràriamente ao que se passa entre pH 3,0 e pH 7,0, ele é da mesma grandeza em todos os âcidos hûmicos: a pH 11,0 o valor de T é sempre 1,4 vezes maior do que o valor a pH 7,0. Embora, como se notou, a variaçâo da capacidade de troca com o pH nâo seja uniforme em nenhum dos âcidos hûmicos, o que acaba de referir-se mostra que tal variaçâo é mais uniforme nos âcidos hûmicos de «barros pretos» do que em qualquer dos outros âcidos hûmicos (a capacidade de troca aumenta 3,2 vezes de pH 3,0 a pH 7,0 e 1,4 vezes de pH 7,0 a pH 11,0) e que a variaçâo mais irregular se verifica nos âcidos hûmicos de «turfassolo» (a capacidade de troca aumenta 9,8 vezes de pH 3,0 a pH 7,0 e apenas 1,4 vezes de pH 7,0 a pH 11,0). Deduz-se também das curvas pH-capacidade de troca catiónica (figs. 3-5) que os âcidos hûmicos estudados apresentam capacidade de troca nula para valores de pH relativamente baixos, cerca de 1 unidade inferiores ao valor indicado por COLEMAN & MEHLICH (12) para anulamento da carga negativa do humus. Tais valores sâo: Âcidos hûmicos de «turfassolo» Âcidos hûmicos de «barros pretos» Acidos hûmicos de solos «ferraliticos»
Estud., Ens. e Doc. — 87
pH 2,72 pH 2,03 pH 2,43
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
Quanto ao mâximo valor da capacidade de troca, nada se pode precisar, dado que a capacidade de troca aumenta sempre até aos valores de pH a que foram levadas as determinaçôes (pH 10,0-11,0). Deve contudo referir-se que semelhante aumento da capacidade de troca até pH 10,0-11,0 parece estar em desacordo com as observaçôes de RYDALEVSKAYA & TISCHENCO [JOFFE (20)], pois estes autores verificaram que todos os hidrogeniöes dos âcidos hûmicos estâo ionizados a pH 8,1. De tudo aquilo que se disse, dado o grande alcance que isso tern sob o ponto de vista prâtico, é de salientar o facto de a capacidade de troca catiónica atingir nos âcidos hûmicos valores bastante elevados. A maior capacidade de troca dos âcidos hûmicos de «barros pretos», em comparaçâo com os de «turfassolo» e solos «ferraliticos», confere-lhes superioridade quanto a esta caracteristica. A diferença entre a capacidade de troca catiónica dos âcidos hûmicos jâ foi discutida; mas, tomando em consideraçâo que o pH é maior nos «barros pretos» do que nos restantes solos (quadro 1 ), intéressa referir que, nas condiçôes naturais, tal diferença é ainda mais marcada. Os «barros pretos» têm pH 8,4-8,5, os solos «ferraliticos» pH 5,9-6,5 e o «turfassolo» pH 4,5 (quadro 1). Para tais valores de pH a capacidade de troca catiónica dos âcidos hûmicos é: «barros pretos», cerca de 585 m. e. por 100 g; solos «ferraliticos», 260-290 m. e. por 100 g; «turfassolo», 134,0 m. e. por 100 g (fig. 6). Mostram estes valores que, nas condiçôes naturais, os âcidos hûmicos de «barros pretos» têm uma capacidade de adsorçâo dupla da manifestada pelos âcidos hûmicos de solos «ferraliticos» e quadrupla a quintupla da manifestada pelos âcidos hûmicos de «turfassolo». Hâ que contar, evidentemente, com o abaixamento da capacidade de troca dos âcidos hûmicos devido à sua interacçâo com os colóides inorgânicos, mas, se isso pode modificar urn tanto o panorama ao relacionarem-se os valores entre o «turfassolo» é os restantes solos,
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola
näo o modificarâ grandemente entre os «barros pretos» e os solos «ferraliticos». *
*
MEHLICH (25), estudando em amostras de solos e de colóides do solo a variaçâo da percentagem de saturaçâo de bases com o pH, verificou que os âcidos hümicos extraidos de uma amostra de turfa apresentavam percentagem de saturaçâo minima (0 %) a cerca de pH 3,3 e percentagem de saturaçâo mâxima (100%) a cerca de pH 7,0.
Jâ se viu que, nos âcidos hûmicos estudados, a capacidade de troca catiónica continua a aumentar para valores de pH superiores a 7,0, indicando que a tal pH ainda se nâo deu a compléta ionizaçâo dos hidrogeniôes trocâveis. Viu-se mesmo que näo foi possivel precisar o termo do fenómeno, pois a capacidade de troca aumentou sempre até aos valores de pH 10,0 e pH 11,0 a que se levou o ensaio. QUADRO 8 Grau de saturaçâo (°/ •) pH 3,0
pH 3,5
pH 4,0
pH 4,5
pH 5,0
pH 5,5
pH 6,0
pH 6,5
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Atendendo ao que se expos, calculou-se para os diversos âcidos hümicos o grau de saturaçâo (V % ) em relaçâo à capacidade de troca a pH 7,0. No quadro 8 estâo reunidos os valores calculados e na fig. 7 apresentam-se as respectivas curvas (pH-giau de saturaçâo).
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65
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
Verifica-se pelo exame das curvas que, para qualquer valor do grau de saturaçâo, o pH dos âcidos hûmicos aumenta sempre pela ordern: «Barros pretos» < Solos «ferraliticos» < «Turfassolo». Sâo necessârias quantidades diferentes de bases para se atingir o mesmo valor de pH nos âcidos hûmicos de «turfassolo», solos «ferralïticos» e «barros pretos» — nos primeiros menor quantidade do que nos segundos; nos primeiros e segundos menores quantidades do que nos terceiros. Quer isto dizer que os âcidos hûmicos de «turfassolo» têm menor força âcida do que os âcidos hûmicos dos solos «ferraliticos» e que uns e outros têm menor força âcida do que os de «barros pretos». Embora existam as diferenças apontadas, intéressa referir que as curvas se encontram pouco afastadas umas das outras, e na zona correspondente à curva obtida por MEHLICH (25). Até pH 4,0 todas as curvas ocupam posiçâo inferior relativamente à de MEHLICH ( 25 ). De pH 4,5 a pH 7,0 a curva obtida por MEHLICH (25) quase coincide com a curva respeitante aos âcidos hûmicos de solos «ferralïticos».
Estud., Ens. e Doc. — 87
67
IV. — ALGUMAS CARACTERISTICAS FiSICAS (14), baseando-se em estudo da viscosidade de soles hümicos, conclui que as particulas dos âcidos hümicos têm forma esférica e säo dotadas de certa porosidade. Observaçôes do mesmo autor com microscópio electrónico confirmam as deduçôes feitas a partir da viscosidade. Por outro lado, HÉNIN (18) afirma que o microscópio electrónico revelou que as particulas de certos humus têm forma alongada. Os esferocolóides e os colóides lineares diferem bastante quanto ao fenómeno da viscosidade. A viscosidade de soluçôes de esferocolóides, com uma concentraçâo de 1-2 %, é baixa, ao passo que a viscosidade dos colóides lineares, mesmo em soluçôes 0,5-1,0 %, apresenta valores altos. FLAIG (14) indica para os esferocolóides numéros de viscosidade compreendidos entre 0,025 e 0,20 e para os colóides lineares numéros de viscosidade variando de 0,50 a 50. Intéressa também referir que o numero de viscosidade no caso dos esferocolóides é constante para baixas e moderadas concentracöes, enquanto que no caso dos colóides lineares aumenta sempre com o aumento de concentraçâo da soluçâo coloidal. STAUDINGER e colaboradores [JIRGENSONS & STRAUMANIS (19)] estabeleceram o valor constante de 0,025 para o numero de viscosidade dos esferocolóides, observando que säo possiveis maiores valores quando as particulas estäo hidratadas. FLAIG
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69
RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
De acordo com o que acaba de se referir, os numéros de viscosidade obtidos (quadro 9) indicam que os âcidos hûmicos estudados sâo constituîdos por partîculas esféricas e que estas se apresentam hidratadas quando em soluçâo. QUADRO 9 Amostras
1
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Concentraçâo (*) (%)
0,5 1,0 0,5 1,0
3
4
0,5 1,0 0,5 1,0 0,5 1,0
6
7
0,5 1,0 0,5 1,0
Viscosidade relativa (VI rel.)
Viscosidade espedfica
m esp.)
Numero de viscosidade
1,126 1,270
0,126 0,270
0,25 0,27
1,090 1,185
0,090 0,185
0,18 0,19
1,085 1,179
0,085 0,179
0,17 0,18
1,108 1,231
0,108 0,231
0,22 0,23
1,112 1,240
0,112 0,240
0,22 0,24
1,106 1,227
0,106 0,227
0,21 0,23
1,102 1,214
0,102 0,214
0,20 0,21
(*) Valores referidos aos âcidos hûmicos secos a 100°C, com cinza.
Os âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos» sâo os menos susceptïveis de hidrataçâo e os extraidos da amostra de «turfassolo» os que podem hidratar-se mais intensamente. Os âcidos hûmicos extraidos das amostras de solos «ferraliticos» comportam-se de maneira intermédia.
70
Estud., Ens. e Doc. — 87
RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
Como jâ se disse, STAUDINGER indica que o numero de viscosidade normal em esferocolóides é 0,025, correspondendo a uma hidrataçâo desprezâvel, e FLAIG (14) réfère que os valores mâximos säo da ordern de 0,20, correspondendov inevitàvelmente, à mâxima hidrataçâo das particulas. Mediçôes de viscosidade, em âcidos hûmicos naturais e sintéticos, deram a FLAIG (14) numéros de viscosidade compreendidos entre 0,10 e 0,23. Os numéros de viscosidade referentes aos âcidos hûmicos aqui estudados sâo da mesma ordern de grandeza dos de FLAIG (compreendidos entre 0,17 e 0,27 — quadro 9) e, tal como aqueles, dâo indicaçâo de uma hidrataçâo alta das particulas. Esta hidrataçâo alta das particulas de âcidos hûmicos, dado que se trata de esferocolóides, permitiu a FLAIG (14) concluir da porosidade das particulas hûmicas. Da mesma maneira, pode dizer-se que as particulas dos âcidos hûmicos estudados näo säo compactas, mas que têm uma estrutura aberta, mais ou menos porosa. Como resultado da fixaçâo de âgua, as particulas de âcidos hûmicos expandem-se e passam a ocupar maior volume do que no estado seco. BOUTARIC & THÉVENET (11), investigando uma suspensâo de colóides hûmicos extraïdos de estrume artificial, calcularam que o volume ocupado pelos colóides hûmicos na suspensâo era cerca de 6 vezes o volume que ocupavam no estado seco. Os valores encontrados para a expansibilidade das amostras de âcidos hûmicos estudados concordam com as observaçôes daqueles autores. De facto, verificou-se que em condiçôes de saturaçâo os âcidos hûmicos aumentaram o seu volume de 8,5 a 11,0 vezes, relativamente ao volume ocupado no estado seco (quadro 10). Os âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos» sâo os menos expansiveis e os extraidos da amostra de «turfassolo» os mais expansiveis; os âcidos hûmicos extraidos das amostras de solos «ferraliticos» apresentam expansibilidade intermédia. Como
Estud., Ens. e Doc. — 87
71
RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
näo podia deixar de ser, a expansibilidade varia no mesmo sentido da hidratacäo. O fenómeno da fixaçâo de âgua pelas particulas hûmicas, com a consequente expansibilidade destas, pöe em evidência a natureza hidrofilica dos âcidos hümicos. Deve contudo referir-se, tal como fizeram BouTARic & THÉVENET (11) ao apreciarem o comportamento do colóide hûmico por eles preparado, que os âcidos hümicos estudados näo podem considerar-se colóides tipicamente hidrófilos. QUADRO 10 Equivalente de bumidade (%)
Percentagem a 15 atmosferas C/o)
Capaddade utilizavel (%)
528
92
436
494
87
407
518
89
429
Amostras
Densidade (•)
Numero de expansibilidade
1
1,14 1,24 1,28
11,0 8,6 8,5
1,09 1,20 1,13 1,22
9,1
528
70
458
10,4
603
85
518
9,4
547
77
470
9,6
528
93
435
2 3 4 5 6 7
(*) Valores referidos aos âcidos hûmicos, com cinza. BOUTARIC & THÉVENET (11) comparam o valor 6 da expansibilidade observada na preparaçâo hümica com os valores normais dos colóides tipicamente hidrófilos, como a goma arabica (onde observaram o valor 34), a gelatina, o amido, etc., e sâo assim levados a afirmar que os colóides hümicos experimentam certa expansibilidade em contacto com a âgua, mas que essa expansibilidade é muito inferior à dos colóides tipicamente hidrófilos. Entendem por esse facto, e baseando-se ainda noutras propriedades, que os colóides hûmicos devem ser considerados ora como fracamente hidrófilos, ora como colóides hidrófobos.
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
Como jâ se indicou, os numéros de expansibilidade dos âcidos hûmicos estudados variam entre 8,5 e 11,0. Estes valores sâo mais altos do que o encontrado pelos autores referidos, mas sâo ainda muito inferiores aos usuais em colóides hidrófilos tipicos. Pode entäo dizer-se que os âcidos hûmicos estudados possuem carâcter hidrofilico mais pronunciado do que a amostra de BOUTARIC & THÉVENET (11), mas também nâo chegam a ser tipicamente hidrófilos. O carâcter hidrofilico dos âcidos hûmicos é ainda revelado pela natureza dos valores do equivalente de humidade e da percentagem a 15 atmosferas (quadro 10). O equivalente de humidade varia entre 494 e 603 %. Apesar de nâo serem grandes as diferenças entre os équivalentes de humidade dos diversos âcidos hûmicos, verifica-se que os âcidos hûmicos extraidos das amostras de «barros pretos» sâo os que apresentam menores valores e os extraidos das amostras de solos «ferraliticos» os que apresentam maiores valores. O equivalente de humidade dos âcidos hûmicos extraidos da amostra de «turfassolo» é igual aos menores équivalentes de humidade encontrados para os âcidos hûmicos dos solos «ferraliticos». No que respeita à percentagem a 15 atmosferas, nâo hâ uma separaçâo dos seus valores de acordo com os vârios tipos de âcidos hûmicos — de «turfassolo», de «barros pretos» e de solos «ferra/lïticos». Além disso, também se nâo verifica que a sua variaçâo se de no mesmo sentido em que varia o equivalente de humidade. A percentagem a 15 atmosferas vai de 70 a 93 %, correspondendo estes valores extremos aos âcidos hûmicos extraidos das amostras de solos «ferraliticos». Nos âcidos hûmicos de «barros pretos» e de «turfassolo» as percentagens a 15 atmosferas estâo compreendidas entre o mâximo e o minimo indicados, sendo os valores referentes aos âcidos hûmicos de «barros pretos» menores do que o obtido para os âcidos hûmicos de «turfassolo». Admitindo que a diferença equivalente de humidade — percentagem a 15 atmosferas constitui uma medida da capacidade utili-
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RICARDO, R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
zâvel, os valores obtidos mostram que a capacidade dos âcidos hûmicos para fixarem âgua utilizâvel pelas plantas é muito grande e ligeiramente menor nos âcidos hûmicos de «barros pretos» que nos de solos «ferraliticos» e «turfassolo». A capacidade utilizâvel dos âcidos hûmicos é superior a 400 % (quadro 10). Este valor détermina uma capacidade utilizâvel do solo de cerca de 4 % por cada 1 % de âcidos hûmicos nele existentes. Considerando os âcidos hûmicos integrados nas respectivas amostras de solo, é admissivel pensar que a interacçâo dos colóides inorgânicos com o material hûmico altere os valores das constantes de humidade dos âcidos hûmicos, obtidos por determinaçâo directa. Nâo obstante, a capacidade utilizâvel dos âcidos hûmicos é de tal maneira elevada que nâo é arriscado dizer-se que, embora se de uma diminuiçâo do seu valor, essa diminuiçâo nâo deve ter muito significado. Um nivel elevado de matéria orgânica, com grau de humificaçâo alto, parece poder garantir boa réserva de âgua para as plantas, especialmente nos solos «ferraliticos», que, para igual teor de argila, tendem a ter menor capacidade utilizâvel que os solos sialiticos. SILVA E SOUSA (38), num estudo recente sobre «Caracteristicas da retençâo de humidade em solos do distrito da Huila (Angola)», verificou que em solos «ferraliticos» com 2,5-4,0 % de matéria orgânica o efeito da matéria orgânica sobre a capacidade utilizâvel do solo é muito nitido para teores de argila inferiores a 40 % e quase imperceptivel para teores de argila mais altos. Admitindo que o grau de humificaçâo da matéria orgânica é da mesma ordem de grandeza em todas as amostras de solo estudadas, os dados obtidos por SILVA E SOUSA (38) pöem em realce a acçâo exercida pela argila na imobilizaçâo parcial dos constituintes da matéria orgânica que intervêm nos fenómenos da retençâo de humidade.
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RICARDO,
R. Pinto — Acidos hûmicos de solos de Angola
V. — FLOCULAÇÂO Como se sabe, a estabilidade das soluçôes coloidais é normalmente determinada pela carga eléctrica e pelo grau de hidrataçâo das particulas, pesando mais ou menos cada um destes factores conforme as caracteristicas do colóide. Nalguns casos, porém, pode ser apenas determinada pelo grau de hidrataçâo. Os hidrossoles de âcidos hûmicos com que foram efectuados os ensaios de floculaçâo apresentavam os seguintes valores de pH: Âcidos hûmicos de «turfassolo» Âcidos hûmicos de «barros pretos» Âcidos hûmicos de solos «ferraliticos»
4,30 3,70-3,90 4,00-4,15
Para tais valores de pH as particulas de âcidos hûmicos têm carga eléctrica efectiva negativa, correspondente a cerca de 122 m. e. por 100 g («turfassolo»), 246-268 m. e. por 100 g («barros pretos») e 147-158 m. e. por 100 g (solos «ferraliticos») (fig. 6). Mostram as curvas de floculaçâo (*) (fig. 8) que, quando se adiciona aos hidrossoles hûmicos uma quantidade de floculante
(x) Os valores com que foram traçadas estas curvas encontram-se no quadro 11.
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100
9O
00
ACIDOS HUMICOS DE TURFASSOLO Amosfra 1
O 60
K
ÂCIDOS
2 5O
HÜMICOS DE
O O
.
•--
• — — •— -
ACIDOS HUMICOS DE SOLOS FERRALITICOS fracamente ferrâlicos Amojtra A + +•—_ +
3O
r
2
Amostro 3
i «o-
a,
BARROS PRETOS
Amostra
2O
Amostro
6
ferrâlico ti'pico Amosiro 7
I0
B _-—••—— c
A
•-—-^
b o 2OO
4OO
6OO
8OO
ba C l 2 A D I C I O N A D O
FIGURA
1OOO ( m . e.
8
por
15OO lOOq)
RICARDO, R. Pinto — Acidos hümicos de solos de Angola
equivalente as cargas indicadas, a percentagem de acidos hümicos floculada é pequena: Âcidos hümicos de «turfassolo» Acidos hümicos de «barros pretos» Âcidos hümicos de solos «ferraliticos»
< <
3% 18 % 3%
Este facto permite entäo concluir que, no caso dos acidos hümicos estudados, a estabilidade dos seus hidrossoles é essencialmente governada pela hidrataçâo. QUADRO 11 Amostra 1
Î:
Amostra 2
Amostra 3
Amostra 4
82 0,0
Ï« s
106,6 2,8 426,2 6,0 532,8 6,8 564,7 21,0 596,7 52,7 639,3 70,5 745,9 86,3 852,4 93,8 1 065,5 97,5 1 598,3 98,8
102,1 204,2 255,3 306,3 337,0 367,6 398,2 428,9 490,1 816,9
4,0 6,8 13,9 32,0 45,2 72,6 84,1 91,8 96,7 100,0
111,7 223,3 290,4 335,0 357,3 379,7 413,2 446,7 558,4 893,4
82 i
1
a' 3,0 53,7 5,6 248,2 18,5 301,8 35,1 348,8 46,1 402,4 60,5 503,0 75,8 657,3 84,4 771,3 98,5 1 006,0 99,5 1 475,0
Amostra 6
Amostra 7
"S
a
3,2 104,7 3,4 314,1 9,0 418,8 17,7 450,2 38,5 471,2 77,0 523,6 89,5 575,9 90,8 628,3 95,8 837,7 96,8 1 047,0
o«
11 0o
2,8 214,2 3,0 374,9 10,3 471,2 29,1 535,5 41,5 567,6 56,7 589,2 74,3 642,6 83,8 749,7 93,6 856,8 96,4 1 071,0
1.4 2,9 10,6 23,2 44,3 62,2 81,4 91,3 96,5 97,2
Conclui-se ainda das curvas de floculaçâo (fig. 8) que os hidrossoles hûmicos de «barros pretos» sâo os mais fàcilmente floculâveis e os de «turfassolo» os mais dificilmente floculâveis; e que
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hûmicos de solos de Angola
os de solos «ferraJiticos» apresentam comportamento intermédio. Esta maior ou menor facilidade de floculaçâo coïncide com o menor ou maior grau de hidrataçâo e esta também relacionada com a maior ou menor riqueza dos âcidos hûmicos em âcidos hûmicos cinzentos. A diferença de estabilidade dos hidrossoles dos vârios âcidos hûmicos é bem evidenciada pelas curvas de floculaçâo (fig. S). Enquanto nos âcidos hûmicos de «barros pretos» sâo precisos 420-470 m. e. de BaCl2 por 100 g de material para se conseguir uma floculaçâo de 90 %, no caso dos âcidos hûmicos de solos «ferraliticos» sâo precisos 730 m. e. por 100 g e no dos âcidos hûmicos de «turfassolo» 800 m. e. por 100 g para se obter a mesma percentagem de floculaçâo. Além disso, pràticamente toda a quantidade de âcidos hûmicos de «barros pretos» esta floculada com 800-900 m. e. de BaCl2 por 100 g, ao passo que nos âcidos hûmicos dos outros solos 1 000-1 500 m. e. de BaCl2 por 100 g nâo conseguem a floculaçâo total. O comportamento dos colóides do solo, no que se réfère à floculaçâo e dispersâo, exerce grande influência em algumas das caracteristicas do solo e em muitos dos fenômenos que nele se observam. Desta maneira, as diferenças que se apontam quanto à estabilidade dos hidrossoles dos diversos âcidos hûmicos podem interessar para um melhor estudo dos respectivos solos.
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RÉSUMÉ On a étudié sept échantillons d'acides humiques extraits des horizons superficiels d'un profil de «tourbe», de deux profils d'«argiles lourdes noires» et de quatre profils de «sols ferrallitiques» de la province portugaise d'Angola. Pour l'étude des acides humiques on a mesuré l'extinction dans les longueurs d'onde entre 215 my. et 760 my., après quoi l'on a tracé les courbes d'absorption (courbes typiques de couleur) et l'on a calculé quelques constantes colorimétriques, tel que le quotient de couleur — «farbquotient»; l'on a déterminé le carbone, l'azote, 1'hydrogène, le phosphore, le fer et 1''aluminium, et à partir des valeurs de carbone et azote l'on a calculé le rapport C/N; l'on a mesuré la viscosité, après quoi l'on a défini l'hydratation et le gonflement; l'on a déterminé la densité, l'humidité équivalent et l'humidité en équilibre avec une force de 15 atmosphères; pour terminer, l'on a étudié la floculation et la variation de la capacité d'échange cationique avec le pH. Les acides humiques des trois groupements de sols ont presenté-des différences dans presque tous les aspects étudiés. Tous les échantillons se composent par des acides humiques gris et acides humiques bruns, et possiblement des acides hymatomélaniques. Les acides humiques d'«argiles lourdes noires» sont les plus riches en acides humiques gris et ceux de «tourbe» les moins riches.
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L'intensité du ton foncé des acides humiques augmente comme suit: «Tourbe» < «Sols ferrallitiques» < «Argiles lourdes noires». Quant à la composition chimique élémentaire, les acides humiques d'«argiles lourdes noires» sont les plus riches en carbone (59,09 et 59,25%) et les plus pauvres en azote et hydrogène (N — 2,25 et 2,28 %. H — 3,74 et 3,12 %); ceux de «tourbe» sont les plus pauvres en carbone (55,16%) et les plus riches en azote et hydrogène (N— 4,15 %. H — 4,97 % ) . Les acides humiques des «sols ferrallitiques» présentent des valeurs intermédiaires (C — 56,28 à 57,70 %; N — 3,39 à 3,66 %; H — 4,54 à 4.78 % ) . Les pourcentages de phospore, fer et aluminium n'ont pas une distribution semblable au carbone, à l'azote et à l'hydrogène; aussi admet-on qu'une quantité apréciable du total déterminé n'appartient pas à la molécule humique. Les acides humiques ont une capacité d'échange variant continuellement avec le pH. À pH 2-3 ils ont une capacité de 0 m.e. par 100 g et à pH 10-11 une capacité de 400-600 m.e. par 100 g. Par ailleurs, le pH et la capacité d'échange sont relationnés selon des fonctions exponentielles. Pour toutes les valeurs de pH, les acides humiques d'«argiles lourdes noires» sont ceux qui ont la plus grande capacité d'échange et ceux de «tourbe» la plusi petite. Les donnés de viscosité indiquent que les particules des acides humiques sont sphériques et plus au moins poreuses. Elles retiennent, en solution, grande quantité d'eau et se gonflent, augmentant leur volume de 8,5 à 11,0 fois. Les acides humiques d'«argiles lourdes noires» sont les moins susceptibles d'hydratation et ceux qui gonflent le moins; ceux de «tourbe» les plus susceptibles d'hydratation et qui gonflent le plus Toutefois, la différence est légère.
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L'humidité équivalente varie de 494 à 603 %; l'humidité en équilibre avec une force de 15 atmosphères, varie de 70 à 95 %. En ce qui concerne l'absorption d'eau et le gonflement, les acides humiques ne se comportent pas comme des colloïdes typiquement hydrophiles. La résistance des acides humiques à la floculation est surtout gouvernée par l'hydratation. Les acides humiques d'«argiles lourdes noires» sont les plus faciles de floculer et ceux de «tourbe» les plus difficiles.
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SUMMARY In the present study seven samples of humic acids extracted from surface horizons of one profile of a «peaty soil», two of «heavy black clay soils» and four of «ferrallitic soils» from Angola (Portuguese West Africa) were studied. In order to characterized the humic acids, extinction measurements (within the range 215-760 mix) were made, absorption carves drawn from the results obtained and some colorimetric constants calculated (such as «farbquotient» ) ; quantitative determinations for carbon, nitrogen, hydrogen, phosphorus, iron and aluminium were made and the ratio C/N worked out; hydration and volume expansion were defined in terms of viscosity measurements; moisture equivalent and 15 atmospheres percentage determined, the available capacity being calculated from these two constants; floculation was observed as well as the variation of cation exchange capacity with the pH. The humic acids of the three groups of soils show differences in most of the studied features. All the samples present gray humic acids, brown humic acids and probably haematomelanic acids in their composition. The humic acids of «heavy black clay soils» show the highest proportion of gray humic acids and those of the «peaty soil» show the lowest one.
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The order of intensity of the dark colour of the humic acids is the following: «Peaty soil» < «Ferrallitic soils» < «Heavy black clay soils». With regard to the elementary chemical composition it can be seen that the humic acids of the «heavy black clay soils» present the highest percentage of carbon (59.09-59.25 %) and the lowest percentage of nitrogen and hydrogen (N : 2.25-2.28 %. H : 3.74-3.12 % ) , and that the humic acids of the «peaty soil» show the lowest percentage of carbon (55.16 %) and the highest percentage of nitrogen and hydrogen (iV : 4.15 %. H : 4 . 9 7 % ) . The carbon, nitrogen and hydrogen contents in humic acids of «ferrallitic soils» are 56.28-57.70 %, 3.39-3.66 % and 4.54-4.78 %, respectively. The percentages of phosphorus, iron and aluminium do not present an even distribution as it happens with carbon, nitrogen and hydrogen and so it can be assumed that an important proportion of the total data does not belong to the humic molecule. The humic acids show a continuously increasing cation exchange capacity with the pH, ranging from 0 m.e. per 100 g at pH 2.0-3.0 to 400-600 m.e. per 100 g at pH 10.0-11.0. In all humic acids the pH and the cation exchange capacity are related through exponential functions. For any pH value the humic acids of the «heavy black clay soils» show the highest cation exchange capacity and those of the «peaty soil» show the lowest one. The viscosity data indicate that the particles of the humic acids are spherical and more or less porous. In solution they retain a large amount of water and swell with an increase in their volume from 8.5 to 11.0 times. Although the differences between the several humic acids studied are small, the humic acids of the «heavy black clay soils» are the least susceptible to hydration and swelling and those of the «peaty soil» arc the most susceptible ones.
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RICARDO, R. Pinto — Âcidos hümicos de solos de Angola
As far as swelling is concerned, the humic acids do not behave as typical hydrophilic colloid. The moisture equivalent of the humic acids varies from 49-4 % to 603 %, the 15 atmospheres percentage from 70 % to 93 % and the available capacity from 417% to 518%. The resistence of the humic acids to floculation is mainly to hydration. The humic acids of the «heavy black clay soils» are the most easily floculated and those of the «peaty soil» are the most difficult to floculate.
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Nâo fol possïvel consultar dlrectamente os trabalhos assinalados com um asterisco (•).
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