REINTERPRETAÇÃO DO
HABITAR GUARANI
TEKOA PARANAPUÃ
R E I N T E R P R E T AÇ ÃO D O
HABITAR GUARANI
T E K O A PA R A N A P U Ã Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Curso de Arquitetura e Urbanismo
Trabalho Final de Graduação São Paulo | 2020 Autor | Aparecida dos Santos Silva Orientador | Prof° Dr. Ademir Pereira dos Santos
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à todos os povos indígenas, povos nativos desse país, povos que lutam pelo seu reconhecimento e para manter viva sua cultura e conhecimento.
Fig. 1 - Criança da Tekoa Paranapuã. Autora: Jamily Andrade, 2019.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu querido orientador Profº Dr. Ademir Pereira dos Santos que se dispôs a me acompanhar durante este semestre e a me auxiliar a compor este trabalho da melhor forma possível. Agradeço imensamente pela atenção, paciência e pelo conhecimento compartilhado. Agradeço à Jamily Andrade e Ronildo Amandios que disponibilizaram suas fotos da Tekoa Paranapuã para que complementasse meu trabalho . Agradeço aos ex-alunos do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Alberto e Daniel que compartilharam comigo seus trabalhos e experiencias, me permitindo aprofundar no entendimento da cultura indígena e sua relação com a arquitetura. Agradeço a todos os docentes excepcionais do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo que abriram minha mente para uma nova visão do mundo e estimularam minha procura pelo conhecimento além de compartilharem comigo o próprio conhecimento. Agradeço à toda a equipe da Subprefeitura Santo Amaro, que me acolheram e tiveram grande impacto na minha aprendizagem, inclusive participaram na discussão sobre esse trabalho. Em especial agradeço ao Engº Gilberto. Agradeço aos meus apoiadores durante esses cinco anos, amigos do colégio e para a vida: Kamila, Mateus e Victoria. Agradeço em especial meus amigos da faculdade: Beatriz, Bianca, Brenda, Caio, Debora, Isabela e Milena. Agradeço por todos os momentos que nos divertimos e por todos os momentos difíceis que passamos juntos sempre apoiando um ao outro. Agradeço à toda minha família que mesmo estando longe, sempre vibraram com as minhas conquistas e vitórias.
Agradeço imensamente aos meus queridos pais, Maria das Neves e Antonio Damião que durante esses 22 anos nunca deixaram de me apoiar em hipótese alguma. Obrigada pelos ensinamentos, por todos os momentos e pelo carinho incondicional. Por fim, agradeço ao povo indígena da Tekoa Paranapuã, parte essencial deste trabalho, cujo nos recebeu no ano passado e compartilharam um pouco da sua história, seus conhecimentos e também lutam todos os dias para manter sua cultura e sobreviver diante da sociedade hostil cuja fazemos parte. Espero que seus direitos sejam exercidos num futuro breve e que continuem a luta pelo reconhecimento dos povos indígenas e pelo ressarcimento da divida histórica que lhe é devida.
MUITO OBRIGADA!
RESUMO
Este trabalho propõe o estudo da arquitetura e o habitar indígena tendo como objetivo reinterpretar o habitar tradicional guarani em conjunto com o habitar atual na proposta da habitação e demais equipamentos para revitalização da Tekoa Paranapuã, aldeia indígena Guarani. A metodologia abordada trata do levantamento bibliográfico sobre o habitar tradicional, a pesquisa de campo sobre as necessidades, arquitetura e modo de habitar atual da Tekoa Paranapuã, e a análise de casos com abordagem semelhante. Como resultado é apresentado um estudo projetual das habitações e equipamentos para a Tekoa Paranapuã visando todo os conceitos da cultura Guarani. Palavras-Chave: Arquitetura indígena, Povo Indígena Guarani, Habitar Guarani, Tekoa Paranapuã
ABSTRACT
This work proposes the study of architecture and indigenous habitation aiming to reinterpret the traditional Guarani inhabit together with the current dwelling in the housing proposal and other equipment for the revitalization of Tekoa Paranapuã, guarani indigenous village. The methodology addressed deals with the bibliographic survey on traditional living, field research on the needs, architecture and current way of living of Tekoa Paranapuã, and the analysis of cases with a similar approach. As a result, a projective study of the houses and equipment for Tekoa Paranapuã is presented aiming at the whole concepts of guarani culture. Keywords: Indigenous architecture, Guarani Indigenous People, Inhabit Guarani, Tekoa Paranapuã
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
01.
CONCEITUAÇÃO TERRITORIALIDADE IDENTIDADE ETNO-CULTURAL HABITAR O POVO INDÍGENA GUARANI AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
03.
CONTEXTUALIZAÇÃO DO LOCAL O RECORTE CONTEXTO HISTÓRICO LEGISLAÇÃO INCIDENTE
04.
ESTUDOS DE CASO CENTRO DE APRENDIZAGEM INDÍGENA KÄPLÄCÄJUI DO TERRITÓRIO AO HABITANTE MORADIAS INFANTIS
CONSIDERA
PÁG. 14
INTRODUÇÃO TEMA OBJETIVOS METODOLOGIA JUSTIFICATIVA
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02.
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O HABITAR GUARANI A ORGANIZAÇÃO ESPACIAL AS CASAS O ESPAÇO EXTERNO E CONSTRUÇÕES DE USO COMUM SISTEMAS PRODUTIVOS TEKOA PARANAPUÃ
05.
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PÁG. 82 PÁG. 96
ESTUDO PROJETUAL
AÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS
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Este trabalho teve início no dia 5 de outubro de 2019, quando foi feita uma visita técnica à Tekoa Paranapuã em São Vicente - SP. A visita era dedicada a um trabalho desenvolvido pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, onde os alunos do 8° semestre do curso de Arquitetura e Urbanismo desenvolveriam mobiliários infantis para as crianças da aldeia.
1. Introdução
NTRODUÇÃ
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A visita que tinha serviria à princípio para conhecer mais sobre as crianças e a cultura Guarani para a criação do mobiliário acabou sendo um dia de reconhecimento do descaso e evidente omissão do compromisso histórico que temos com o povo nativo deste país. Um dia de aprendizado. Houve a necessidade de compartilhar a experiência e mostrar o quão desumanas são as condições vividas por povos, que, além de ancestrais, um dia perderam uma grande parte dos seus representantes, privados de viver sua própria cultura até sobrarem poucos. Com isso, surgiu o interesse na elaboração deste projeto e principalmente o interesse em entender um pouco do que os povos nativos passaram até chegar nos dias atuais.
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T E M A
O tema à ser abordado propõe o estudo dos costumes, aspectos socioculturais, contexto atual e histórico, identidade indígena na arquitetura e o modo de habitar dos povos originários para a criação de um estudo projetual que reinterpreta o modo de habitar Guarani, a ser implantado na Tekoa Paranapuã, povo indígena Guarani M'bya.
Fig. 2 - Criança da Tekoa Paranapuã. Autora: Jamily Andrade, 2019.
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OBJETIVO GERAL
O objetivo geral é propor um estudo projetual de revitalização da Tekoa Paranapuã, seguindo o modo de habitar Guarani, o contexto hsitórico e físico, sua sociocosmologia, os costumes, sistemas produtivos, etc.
O B J E T I V O ESPECÍFICO
1)Caracterizar a situação atual de ocupação dentro do PEXJ. 2)Caracterizar os materiais utilizados nas construções indígenas. 3)Identificar o modo de habitar Guarani, seus costumes, modo de expressão e a identidade na arquitetura. 4) Identificar as limitações da Tekoa ao efetivar o modo de viver guarani e as suas necessidades. 6) Identificar as mudanças conforme a passagem do tempo, na arquitetura e no modo de habitar do povo Guarani. 5) Analisar o contato da Tekoa Paranapuã com os não-indígenas e com o PEXJ.
METODOLOGIA
1) Levantamento bibliográfico para embasamento teórico; 2) Pesquisa de campo na Tekoa Paranapuã; 3) Levantamento das necessidades da população; 4) Comparação entre a base bibliográficos e os encontrado na Tekoa Paranapuã. 5)Análise de estudos de caso com a abordagem semelhante.
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Fig. 3 - Mulheres da Tekoa Paranapuã. Fonte: Frequência Caiçara Autor: Ailton Martins, 2016.
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J U S T I F I C AT I VA
A ameaça aos povos indígenas tem sido pauta nos últimos semestres, com o atual governo afirmando o crescente menosprezo perante as políticas públicas, à descaracterização do povo indígena e seus costumes, e desrespeito da história de uma cultura nativa do país. Estes fatores levam a população indígena à extrema vulnerabilidade social, principalmente aquelas que tem maior proximidade com as zonas urbanas e não podem exercer o seu modo de viver. É valido ressaltar que as políticas públicas nunca tiveram grande apreço as causas indígenas, sendo que o primeiro sinal de mudança aconteceu em 1988 com a Constituição Brasileira, onde a luta pela causa indígena teve seus efeitos, após quase 500 anos de ameaça à uma etnia inteira. Como é possível notar no gráfico, o crescimento da população indígena após o massacre iniciado na chegada dos europeus ao Brasil, se deu apenas após a metade do século XX. Apesar de tal crescimento, a população indígena em 2010 chegava apenas à 0,27% da população existente no século XV. Essa perda vai além de vidas — o que já basta como uma imensurável tragédia — significa também a extinção de grupos étnicos e consequentemente a perda de uma parte da história e do conhecimento. POP. INDÍGENA/ LITORAL
3.500.000,00
POP. INDÍGENA/ INTERIOR
TOTAL
3.000.000,00 2.500.000,00 2.000.000,00 1.500.000,00
1.000.000,00 500.000,00 0,00 1500
1570
1650
1825
1940
1950
1957
1980
1995
2000
2010
Fig. 4 - Gráfico: Censo da população indígena no Brasil. Fonte: FUNAI, apud AZEVEDO 2013. Com interveção da autora.
Outro ponto importante a ser considerado é a política das Unidades de Conservação. De acordo com Ricardo e Futada (2018), em 2018 foram contabilizados 77 casos de sobreposição de territórios, envolvendo as Terras Indígenas (TIs) e Unidades de conservação (UCs). As UCs são criadas para proteger o ambiente porem não é feito o devido levantamento da população que ocupa a área, principalmente considerando que, no caso, a população indígena tem contato direto com a natureza como parte do seu modo de viver. Portanto, há a necessidade do uso direto dos recursos da UCs, o que para as Unidades de proteção Integral não é permitido que aconteça.
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Este é o caso da Tekoa Paranapuã. Durante a visita técnica realizada em 2019, o cacique Ronildo Amandios, deixou explicita a pressão constante de diversos vetores externos. Primeiramente, com a implantação da portaria logo após a chegada do povo ao PEXJ, para que não houvesse a entrada de novos integrantes. Também foi apontado a dificuldade para efetivar seu modo de vida, uma vez que, não podem plantar sem permissão, não podem receber visitantes sem permissão e nem reformar suas casas sem anuência. As casas e a opy foram construídas pela Funai, desde 2004, como uma moradia emergencial. Nessa época, os indígenas ocupavam as edificações ociosas — hoje em ruínas — do PEXJ e viram-se obrigados a deixá-las. Considerando a inexistência de manutenção dessas casas, elas se tornam um perigo eminente como apontado por Brum (2017): Segundo Elaine, outra moradora da aldeia, os índios não aprovam as coberturas que se utilizam de telha de fibrocimento, pois tem medo que elas caiam sobre eles e consideram ideal para a cobertura de suas ocas, a palha. Apesar desse cenário, eles continuam respeitando as regras impostas quanto à construção.
A partir dos relatos, é possível notar que as casas da Tekoa não tem valor para a cultura indígena, muito menos às necessidades da população da Tekoa. Entretanto, as casas são apenas uma das preocupações do cacique. A opy já chegou a ter sua estrutura comprometida durante as fortes chuvas de verão, uma vez que é construída de taipa de mão. Por fim, a escola que foi um dos pontos mais abordados pelo cacique. Hoje o ensino acontece no antigo centro de convivência do PEXJ, ou seja, não foi particularmente pensado como escola, assim como também não tem conexão alguma com a cultura indígena. As crianças frequentam a escola até o fim do ensino fundamental I e então são obrigadas a sair da Tekoa a partir do 6°ano e estudar nas escolas em outros bairros na zona urbana, seja na Praia Grande ou em São Vicente.
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Por fim, os resultados alcançados são apresentados do seguinte modo. No capítulo 1, Conceituação, apresenta-se os conceitos de importância para o entendimento da proposta, especialmente conceitos ligados à viabilidade da presença da Tekoa Paranapuã dentro do Parque Estadual Xixová-Japuí, em vista do atual impasse quanto à demarcação de terras. Os conceitos mostram o quão significativo é o habitar na aldeia e o contexto em que se encontra. Por fim, é introduzido uma explicação breve sobre o povo indígena Guarani e também sobre as unidades de conservação. No capítulo 2, O habitar Guarani, apresenta-se um estudo sobre a organização espacial, as tipologias arquitetônicas e outros fatores que montam as aldeias indígenas, não somente Guarani, mas de diversas etnias. A partir desse levantamento, é abordado principalmente o habitar Guarani tradicional e o contemporâneo, procurando entender as mudanças que a aldeia Guarani passou conforme o passar do tempo e servir de embasamento para uma arquitetura que resgate o habitar tradicional mas não seja invasiva e obrigue os indígenas contemporâneos à viver como outrora.
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No capítulo 3, Contextualização do local, apresenta-se o contexto em que a Tekoa Paranapuã está inserida, mais especificamente ao que se refere ao Parque Estadual Xixová Japuí, sua geomorfologia e o contexto físico e histórico em que está inserido. É analisada a legislação incidente no local e suas divergências além da legislação especifica que trata os direitos indígenas. No capítulo 4, Estudos de Caso, apresenta-se os projetos que serviram de inspiração desde o sistema construtivo até a conceituação adotada. Os projetos, localizados entre a América do Sul e América Central, trazem como questão comum a presença de uma população local, de etnias nativas com costumes e cultura próprios, necessitando de um cuidado especial na produção de uma arquitetura que gere o sentimento de pertencer ao local. No capítulo 5 e último, Estudo projetual, é apresentada a proposta de revitalização da Tekoa Paranapuã, contando com o levantamento da área e criação de um projeto que considera todos os parâmetros estudados nos capítulos anteriores.
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01. 1. Introdução
CONCEITUAÇÃO
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Fig. 5 - Grafite na parede da escola. Autora: Jamily Andrade, 2019.
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C O N C E I T O
T E R R I T O R I A L I D A D E De acordo com Sposito (2009, p.11), territorialidade “[…] designa a qualidade que o território ganha de acordo com sua utilização ou apreensão pelo ser humano”. Dessa forma, é notável que o uso do território carrega características importantes baseado em costumes e identidade. O território não é apenas um espaço delimitado, justamente por carregar características conforme seu uso.
Cafesto (2008) explica a territorialidade continental guarani M’bya e a sua forte conexão com o mapeamento do território, uma vez que, várias palavras são designadas para nomear rios, acidentes geográficos entre outros. Um dos principais fatos geradores dessa territorialidade são os princípios sociocosmológicos vividos pelo povo Guarani, como a busca pela Yvy Mara’ey, ou seja, terra sem males. Em vista da demarcação de Terras Indígenas, vale ressaltar que os povos indígenas não tinham como necessidade a definição de um limite de terras até que a chegada dos europeus ameaçassem seu modo de viver como explica Oliveira (1996): Não é da natureza das sociedades indígenas estabeleceram limites territoriais precisos para o exercício de sua sociabilidade. Tal necessidade advém exclusivamente da situação colonial a que essas sociedades são submetidas.
A chegada dos europeus provocou uma mudança nessa característica nômade do povo guarani, principalmente ao explorar essas terras que fazem parte dessa territorialidade. A territorialidade Guarani não possui delimitações, porém, com o passar do tempo esta delimitação acabou sendo criada por agentes externos. Em vista disso, atualmente os povos indígenas lutam pela demarcação de terras, vendo-se obrigados a se estabelecer nos locais onde podem efetivar o seu modo de vida. Atualmente, diversos grupos Guarani estão alocados na costa leste do Brasil motivados pela sua sociocosmologia. Isto posto, nota-se a importância da territorialidade Guarani para efetivação do modo de viver Guarani.
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YVY MBYETE (CENTRO DO MUNDO)
PARA GUAXU (ÁGUA GRANDE)
PARA MIRÏ (ÁGUA PEQUENA) TAPE (CAMINHO TRADICIONAL)
Mapeamento da Região da Platina para os M’bya em quatro partes que se extende até o litoral atlantico. No Paraguai, o Yvy Mbyete, na Argentina o Para Mirï, no lado oriental do rio Uruguai o e o Tape no litoral atlantico brasileiro.
Fig. 6 - Mapa: Territorialidade Guarani. Fonte: Clastres (2008). Criado pela autora.
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Fig.7 - Mapa: Migrações Guarani. É notável a migração para leste como procedente da caminhada Guarani. Fonte: Biblioteca Digital Curt Nimuendajú. Autor Desconhecido.
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C O N C E I T O
I D E N T I D A D E AA identidade etnocultural é um conjunto de características que define e diferencia um grupo do outro, sendo uma forma de identidade social. Isto
E T N O C U L T U R A L posto, a identidade étnica é, na verdade, sinônimo de alteridade entre grupos, necessitando dessa relação para que exista.
Um indivíduo ou grupo indígena afirma a sua etnia contrastando-se com uma etnia de referência, tenha ela um caráter tribal (por exemplo, Terêna, Tikúna, etc.) ou nacional (por exemplo, brasileiro, paraguaio, etc.). O certo é que um membro de um grupo indígena não tem a sua pertinência tribal a não ser quando posto em confronto com membros de outra etnia. Em isolamento, o grupo tribal não tem necessidade de qualquer designação específica (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1976).
Esta diferenciação cultural é o que forma um grupo e o nomeia, entretanto, a identidade étnica não é algo fixo. […]a identidade étnica vai se reconstruindo e reconfigurando ao longo do processo histórico. Não se pode entendê–la como algo dado, definido plenamente desde o início da história de um povo. (KRETUTZ,1999).
Esta mudança na identidade etnocultural, muitas vezes pode ser causada por agentes externos, como aconteceu para os povos indígenas que tiveram maior contato com os não-indígenas. Ao índio se “reduzia”, se “aldeava”, se “civilizava”. Não para serem iguais aos brancos, sendo índios, mas para serem desiguais sem tantas diferenças e assim servirem melhor, mortos ou subjugados, aos interesses dos negócios dos brancos e, aos filhos dos índios abriam escolas e cobriam seus corpos com roupas de algodão. (Brandão, 1986. p.9).
Esta aproximação entre grupos gerou uma maior similaridade entre os mesmos, onde uma cultura acabou sendo mais afetada do que a outra. Entretanto, este fato não exime os povos indígenas de terem seus costumes e características próprias, portanto continuando caracterizados como indígenas, mesmo que sua identidade étnica tenha se alterado conforme o tempo e possivelmente ainda passe por mudanças no futuro.
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Fig. 8 - Procedimento de pintura tradicional. Fonte: Jornalistas livres, 2019. Autor Desconehcido.
Fig. 9 - População da Tekoa Paranapuã. Fonte: Frequencia Caiçara. Autor: Ailton Martins, 2016.
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C O N C E I T O
H A B I T A R Como último conceito a ser introduzido, o habitar é interpretado como o início de entendimento do projeto. Reconhecer o modo de habitar de um grupo é imprescindível para que a arquitetura não perca o sentido e seja autoritária, impondo costumes irreverentes aos que irão habitar um local. Habitar, é considerado um conjunto de aspectos que definem os costumes e a cultura de um grupo em relação com o espaço. “[…]o habitar não se refere simplesmente ao fato de se possuir uma residência, mas traduz-se no modo como o homem, ao se relacionar com as suas possibilidades de ser-no-mundo.” (JESUS, 2007) “Habitar é o próprio Da-sein, expressão heideggeriana da essência do ser, implicando um conjunto fenomênico de elementos que são mediados pelas ações intencionais e do querer do homem. A existência é fundada num habitar, e este marca, demarca e transforma o espaço. Muitas formas de habitar só se desenvolvem em certa duração, implicando conhecimento, vivência e um envolvimento com a comunidade, a cultura local e o estabelecimento de territorialidades.” (JUNIOR, 2008).
O habitar tem conexão principalmente com o pertencer ao lugar. A forma com que se habita é o que traz a identidade característica do espaço vivido. […] o sentido de habitar não é o fato de residir, mas assim ‘estar no mundo’, ‘permanecer ou viver aquele local’. Desta maneira, o espaço urbano, residências, partes de ruas e de praças, bem como os trechos de bairros, são lugares que constituem um habitar. Assim, o sentimento de pertencimento e vivência destes lugares é o elo para as identificações e construções identitárias. Nas considerações deste autor, as questões do habitar é onde estão presentes a vivência e os sentimentos dos homens, tornando-se lugares de pertencimento na medida em que se tornam moradias para os indivíduos. (Gobbo, apud Heidegger 2006).
Ao se tratar de um povo originário, com costumes diferentes do que é visto majoritariamente nas cidades atualmente, o pertencimento e respeito ao modo de habitar se torna necessário, em vista de toda a importância imposta por estes grupos étnicos ao seu contexto, território e cosmologia. Portanto, é essencial que a arquitetura produza lugares de pertencimento, que não sejam irreverentes a uma cultura que já foi e ainda é completamente negligenciada pelos povos não indígenas.
Fig. 10 - Casa na Tekoa. Fonte: G1, 2018. Autor: Pedro Victor Natário. 31
Fig. 11 - Mulheres da Tekoa Paranapuã. Fonte: Rede Popular, 2020. Autor Desconhecido.
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OS INDÍGENAS G U A R A N I
Os indígenasTupi-Guarani são originários do Amazonas e também podem ser encontrados do Paraguai até o Uruguai. De acordo com Weimer (2005), a popularidade dos Guarani se deve à crença na “terra sem males”, localizada nas terras do solnascente. Consequentemente, a peregrinação para leste se iniciava quando um grupo se tornava muito grande, e tinha seu fim ao alcançar o oceano, onde não se podia dar continuidade ao caminho. Assim, estes indígenas ocuparam grandes partes do litoral. Weimer (2005) ainda explica a generalização do povo indígena devido à essa ocupação no litoral. Como toda a costa estava ocupada por uma mesma cultura, o imigrante europeu generalizouacomo sendo a única existente no país. Quando descobriu, mais tarde, que havia outras culturas no interior, atribuiu-lhes o qualitativo tapuias com o qual passaram a ser qualificadas — erroneamente — todas as demais.
Entretanto, o termo Guarani refere-se a uma das línguas do tronco Tupi, sendo desdobrado em várias famílias. Os Guarani são subdivididos em três dialetos conhecidos: os M’byá, Kaiowá e Nhandevá. Segundo Zanin (2006), no período da chegada dos europeus, cerca de quatorze dialetos dos guarani haviam sido contatados e com o passar do tempo e o desaparecimento das populações indígenas essa quantidade hoje se resume aos três dialetos já citados. A Tekoa Paranapuã faz parte dos Guarani M’bya, e este trabalho abordará os costumes especialmente do grupo. De acordo com Ladeira (2018), até o começo do século XX o litoral era mais ocupado pelos Ñandeva e a partir das décadas de 60 foi apontado a maior presença dos Mbya nas zonas costeiras. São os Mbya, dentre os grupos Guarani, que vêm ocupando com continuidade áreas no litoral Atlântico. Além do motivo comum — a busca da terra sem mal (yvy marãey), da terra perfeita (yvyju miri), o paraíso aonde para se chegar é preciso atravessar a ‘grande água’ —, o modo como os grupos familiares traçam sua história através das caminhadas, recriando e recuperando sua tradição num ‘novo’ lugar, faz com que sejam portadores de uma experiência de vida e de sobrevivência também comuns. (LADEIRA 2018, apud LADEIRA 1992).
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TRONCOS LINGUÍSTICOS
TUPI
MACRO-JÊ AROAK KARIB
Fig. 12 - Tabela: Etnias indígenas. Fonte e autor: Monteserrat, 1994.
FAMÍLIAS ARIKÉM JURÚNA MONDÉ MUNDURUKÚ RAMARÁMA TUPARI
TUPI-GUARANI
LÍNGUAS GUARANI KAIWA (KAYOWÁ) NHANDEVÁ (TXIRIPA) MBIÁ (MBUA, M’BYA)
DIALETOS
AKWÁWA AMANAYÉ ANAMBÉ APIAKÁ ARAWETÉ ASURINI DO XINGU AVÁ GUAJÁ KAMAYURÁ KAYABI KOKÁMA NHEENGATU ÕMÁGUA PARINTINTIN TAPIRAPÉ TENETENARA URUEWAUWAU URUBU WAYAMPI XETA
TEKOA PARANAPUÃ
‘‘De acordo com o lingüista Aryon Dall'Igna Rodrigues, o Mbya, assim como Kaiowa e Ñandeva são dialetos do idioma Guarani, que pertence à família Tupi-Guarani, do tronco lingüístico Tupi. A língua Guarani é falada por diferentes grupos/povos indígenas (Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, Bolívia).’’ (LADEIRA,2018)
POPULAÇÃO M'BYA No Brasil ES, PA, PR, RJ, RS, SC, SP, TO ......................... cerca de 7000 (Funasa, 2008) Argentina................................................................................. 2147 (Indec, 2010) Paraguai....... 21.422 (II Censo Nacional de Poblacion y Viviendas, 2012)
Fonte: PIB Socioambiental
Fig. 13 - Cacique da Tekoa. Autora: Jamily Andrade, 2019.
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AS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) foi proposto em 2000 através da Lei n.º 9.985 — regulamentada pelos decretos n.º 4.340 e 5.746 — e tem efeito nas três esferas do poder público: federal, estadual e municipal. Unidade de Conservação é definida no Art. 2.º da Lei n.º 9.985 como: Art. 2.º Para os fins previstos nesta Lei, entendese por: I — unidade de conservação: espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção;
No capítulo III desta mesma lei, foram definidos a forma de proteção e os usos permitidos para cada Unidade de Conservação (UCs) dependendo da sua categoria. As UCs classificadas como de Proteção Integral são mais restritivas, sem a possibilidade de ocupação humana e também impossibilidade do uso de recursos naturais. No entanto, ambas as categorias de uso sustentável e proteção integral podem ser destinadas à pesquisa. Todas as UCs tem seu próprio Plano de Manejo onde são especificadas todas as características da unidade, desde zoneamento até a catalogação da flora e fauna. No Estado de São Paulo existem 64 UCs de proteção integral e 51 UCs de uso sustentável (Secretaria da Infraestrutura e Meio Ambiente,2016). De acordo com o Plano de Manejo da Cantareira (2008), as maiores áreas remanescentes da Mata Atlântica se encontram nas zonas costeiras. Em São Paulo, a Região Metropolitada da Baixada Santista é um exemplo de concentração das UCs por abrigar uma grande parte do Parque Estadual da Serra do Mar, o Parque Estadual Laje de Santos, Parque Estadual Xixová Japuí, entre outros. Apesar dos esforços para manter a cobertura vegetal, as atividades industriais e ocupações irregulares são vetores de pressão quando se trata de preservação dessas áreas remanescentes.
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A partir da tabela 2, nota-se e a unidade de conservação tratada neste trabalho, o PEXJ, se trata de umas classificações mais restritivas quanto ao uso dos recursos.
Fig. 14- Tabela: Caracterização das unidades de conservação. Fonte: Lei Federal nº 9.986/00. Com intervenções da autora.
Remanescentes da Mata Atlantica. Domínio da Mata Atlantica.
No mapa é notável a redução do Bioma em comparação com o existente atualmente. A maior concentração de áreas remanescentes esão agora localizadas na costa leste do Brasil, lugar onde atualmente se encontram diversos indígenas Fig. 15 - Mapa: Cobertura do bioma Mata Atlâtica Fonte: Plano de Manejo da Cantareira, 2008. Guarani.
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02. O HABITAR GUARANI
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Este capitulo trata da principal conceituação do projeto, desde a organização 37 espacial, até a setorização de atividades em diversos grupos indígenas. Desta forma, procura-se absorver ao máximo as características de um povo no seu modo de viver e como habitam suas aldeias. O estudo de diversos grupos deve-se a intenção de não generalizar as diversas etnias e seus diferentes costumes, considerando também o contexto em que estão inseridos e o quão próximos estiveram de outras culturas não indígenas. Com o estudo do habitar indígena, procura-se evitar uma “nova colonização’’ através do projeto, buscando não anular os costumes tradicionais e ainda assim respeitar a mudança de costumes vivida pelo grupo indígena a ser abordado. Respeitar os desejos da Tekoa Paranapuã também é um dos pontos a serem considerados, principalmente o contexto físico atual em que a aldeia está inserida e contexto histórico que moldou seu modo de habitar até o que é hoje em dia.
Fig. 16 - Mapa: Entrada da casa do pagé na Tekoa Paranapuã. Autora: Jamily Andrade, 2019
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AS ALDEIAS
ORGANIZAÇÃO E S P A C I A L C I R C U L A R
Organização circular da aldeia Yalawapiti. Nota-se os caminhos radiais na mata ciliar.
Zanin(2005) cita a organização espacial das casas indígenas difere entre cada etnia podendo tomar formas variadas. A morfologia dos agrupamentos em forma de círculo é comumente vista no alto Xingu, por diversas etnias como, por exemplo, os Borôro, Kayapó, Timbíra entre outros do tronco linguístico Macro-jê , os Yanomamis, os Xavante, os Tiriyó do tronco linguistico Karib, os Tapirapé, Yawalapiti do tronco linguístico Tupi, entre outros. Isto posto, é possível notar que o agrupamento circular é mais comumente visto onde há a possibilidade de contato direto entre o povo e o meio onde vivem, pregando sua própria organização espacial através da liberdade que é dada desde o momento onde há terras demarcadas e também com menos influência da cultura não-indígena.
Fig. 17 - Representação da aldeia Yalawapiti. Fonte: Costa e Malhando, 1986. Autor: Leonardo Vilasboas.
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Aldeia Boboró, com a casa dos homens ao centro. Fig. 18 - Foto aérea da aldeia Bororó. Fonte: PIB Socioambiental,2018. Autora: Silvia Caiuby.
Na aldeia Xavante, os caminhos também são radiais com um pátio ao centro.
Fig. 19 - Representação da aldeia Xavante. Fonte: Caiuby, 1983. Autora: Maria Carolina Young Rodrigues
Na aldeia Timbira a circulação se dá por duas formas, dependendo a relação entre os moradores das casas. Se forem visitas à parentes, esta circulação não é feita pelo pátio. Caso seja visita à não-parentes, deve-se passar pelo Fig. 20 - Esquema de circulação da aldeia Timbira. Fonte: Sylvia Caiuby, 1983. Autora: Maria pátio central. Elisa Ladeira.
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ORGANIZAÇÃO E S P A C I A L A L D E I A S RETANGULARES, POLIGONAIS E L I N E A R E S
A organização da aldeia Karajá, linear e paralela ao rio.
Agrupamentos retangulares ou poligonais são adotados pelos povos Assuriní e Suruí. Os Tupinambás, que ocupavam o nordeste brasileiro, também tinham tal variação de agrupamento além da circular. Os agrupamentos lineares são utilizados pelos Karajás num conjunto que paralelo com os rios. Os Omágua, etnia extinta do grupo Tupi também ocupava o espaço linearmente. Costa e Malhando (1986) explicam que as formas lineares conectadas por caminhos que não tenham sido as citadas, geralmente são resultados do contato com outras culturas, os colonizadores.
Fig. 21 - Croqui aldeia Karaja ‘Hawalo’. Fonte: Costa e Malhano, 1986. S/A.
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Aldeia Assurini em formato trapezoidal, cercada por clareiras.
Fig. 22 - Foto aérea da aldeia Assurini no Pará. Fonte: FFLCH. Autor: Lux Vidal. 1999.
A aldeia Tupinambá poligonal e na costa leste, como descrita por Hans Staden, primeiro europeu à ter contato com essa etnia.
Gravura da aldeia Tupinambá. Fonte: Theodor de Bry, séc XVI. Fig. 23 - Gravura aldeia Tupinambá. Fonte: Terra Brasileira. Theodor de Bry, s/d.
Foto da aldeia Karajá Hawalo representada no croqui à esquerda. Fig. 24 - Foto de aldeia Karajá. Mirim Povos Indígenas do Brasil. Fonte: André Toral, 1997.
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ORGANIZAÇÃO E S P A C I A L G U A R A N I ATUALMENTE
O termo Tekoa é a junção de teko que significa o modo de ser, estado de vida, condição, estar, costume, lei, hábito e o sufixo a que significa lugar. Portanto, a Tekoa, significa mais que a tradução utilizada como “aldeia” e sim como um termo que significa o modo de viver Guarani em relação com o lugar em que está. Faria (1928) explica o termo aldeia estando diretamente ligado ao colonialismo: “É esse conceito de aldeia, de aldeia portuguesa e missionária, que ainda está subjacente no significado atual do termo e não de simples comunidade indígena, de base territorial, representando o máximo de concentração.”
Em vista desta diferenciação de termos e significados, nota-se a importância dada pelos Guarani sobre local onde a população está estabelecida. O povo Guarani não tem necessariamente uma forma para se agrupar atualmente na Tekoa, podendo até ter agrupamentos afastados por longas distâncias entre si, geralmente conectadas por caminhos (Neiva,2016). A proximidade entre os agrupamentos dentro da Tekoa têm como base no parentesco e também a afinidade entre familias (Zanin, apud Bergamaschhi 2005). Schaden(1913) explica que não há centro geométrico para a aldeia Guarani, sendo que se houvesse um centro, a casa de rezas — ou opy, em tupi-guarani — seria a edificação considerada o ponto central da Tekoa devido à sua importância para os indígenas.
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Fig. 25 - Organização da aldeia Guarani Morro da Saudade Fonte: Zibel. 1993. Autor: Mario da Silva apud Maria Inês Ladeira. A aldeia Guarani com núcleos perceptiveis através dos nomes dos moradores das casas. Também é considerado que os moradores sem relação de parentesco tem casas proximas devido à afinidade.
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ORGANIZAÇÃO E S P A C I A L G U A R A N I ATUALMENTE
Os Guarani procuram se estabelecer no seio da mata, espalhandose pelas clareiras da floresta. As aldeias não formam aglomerados densos, uma vez que, as casas se encontram relativamente afastadas umas das outras. As casas são posicionadas irregularmente no espaço da aldeia, conectadas através de diversos caminhos. É notável que Schaden (1913) em Aspectos Fundamentais da Cultura Guarani trata das construções atualmente vistas nas aldeias Guarani, majoritariamente envolvendo os M'bya e Ñandeva e ainda cita como foi a mudança no aspecto da casa, reafirmando os fatos postos anteriormente, no seguinte trecho: “Ao passo que outrora, ao que tudo indica, a família-grande constituindo comunidade de produção, consumo e vida religiosa morava em uma só habitação, suficientemente espaçosa para abrigar várias dezenas de pessoas, hoje só encontramos a casa grande, e assim esmo a título de exceção e sobrevivência, em uma ou outra aldeia Kayová. Os :Nandéva e os Mbüá atuais vivem em habitações muito pequenas, correspondentes às famílias elementares ou nucleares. Quanto a esses dois grupos, não é fácil descobrir os motivos da substituição, que se explicaria ou por influências da era jesuítica ou pela grande mobilidade espacial das hordas.”
Costa (1993) identifica que a sociedade Guarani se organiza espacialmente através de núcleos familiares, cujas habitações mais próximas correspondem àqueles que migraram juntos até aquele lugar. Segundo Cadogan (1997, p.171, tradução nossa), o agrupamento das famílias Mbyá-Guarani pode ser denominado “tataypy rupa — assentamento de fogos, povoado”.
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Fig. 26 - Organização Tekoa Paranapuã Fonte: Google Earth. 2020. Com intervenções da autora. A Tekoa Paranapuã se divide em 3 núcleos familiares perceptiveis pelas imagens de satélite.
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C O M O S Ã O A S De acordo com Weimer(2005) as aldeias Tupi-Guarani foram A L D E I A S TRADICIONAIS G U A R A N I ?
primeiramente descritas por Hans Staden e Jean de Lery, sendo elas geralmente compostas por quatro construções ortogonais entre si que criavam um pátio. As construções são as nomeadas malocas (tabas ou casa grande) que serão abordadas mais à frente. Estas construções eram queimadas quando se tornavam velhas e então eram construídas no mesmo local. Weimer (2005) menciona ainda que quando a tribo crescia muito em questão de população, eles migravam para leste e construíam novamente a aldeia acabando por ocupar toda a costa. Devido à essa presença indígena Guarani na costa leste, os europeus tiveram o primeiro contato com os Guarani — mais ao sul — e os Tupinambá ao norte. As aldeias de outras etnias que mais se assemelham à aldeia Guarani seriam as próprias aldeias Tupinambá e a Assurini do Xingu (Neiva, 2016), ambos do mesmo tronco linguístico Tupi.
De fato, a aldeia Guarani foi de grande importância histórica como Weimer (2014) afirma: Para a história da nacionalidade brasileira, a forma de aldeamento mais importante foi a empregada pelos povos Tupi Guarani [...] Estas aldeias podiam apresentar um número variável de casas, ditas malocas. Mas as que apresentavam um pátio quadrado serviram, prioritariamente, de ponto de partida da urbanização das cidades coloniais.
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Aldeia Tupinambá. Fonte: Staden 1998. Representação de Hans Staden sobre a aldeia Tupinambá. É notavel a forma retangular e os cercamentos, não comuns entre outras etnias. Fig. 28 - Aldeia Tupinambá. Fonte e Autor: Staden, 1999.
Representação da aldeia Guarani, coma s grandes malocas formando um pátio interno.
Fig. 27 - Aldeia Guarani. Fonte e Autor: Weimer 2005.
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AS CASAS INDÍGENAS As tipologias das casas indígenas variam muito conforme a etnia da CIRCULARES
tribo, suas crenças e modo de viver. Costa e Malhano (1986) fazem o levantamento em várias aldeias sobre a morfologia das casas, assim como sobre a organização das aldeias.
Referindo-se diversas etnias Tiriyo, Xavante, Wapitxâna, Patamona, Arekuna, e Makuxí eram mais presentes as casas circulares. Estas poderiam ter a diferenciação entre parede e cobertura, ou então, mais comumente encontrada a casa onde a parede é continuação da cobertura. As vedações laterais também podem estar ausentes. Quanto à cobertura, pode ser vista de formas diferentes sendo cônica ou ogival. A aldeia Yanomami é considerada uma aldeia-casa onde toda a população vive debaixo de uma grande cobertura perimetral, criando um pátio circular ao meio, e com vedação apenas para a parte externa formando um espaço semi-aberto com o pátio, se diferenciando completamente da casa encontrada nas outras etnias.
Fig. 29 - Aldeia-casa Yanomami. Fonte e autor: Costa e Malhano, 1986 apud Chagnon,1947.
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Casa Xavante com separação interna por biombos para áreas que requeriam maior privacidade. As áreas A,B,C e D seriam as esteiras para dormir e no centro encontra-se a fogueira.
As casas circulares nas três formas, com vedação lateral ligada à cobertura, vedação e cobertura separadas e sem vedação lateral. A cobertura também vistas em formas conicas ou ogivais.
Fig. 30 - Casa circular Xavante. Fonte: Caiuby, 1986. Autora: Maria Carolina Young Rodrigues
Fig. 31 - Casa circular Tiriyó. Fonte e Autor: Costa e Malhano, 1986 apud Frikel 1973
Casa-Aldeia Yanomami, com o pátio central descoberto e pé direito alto.
Fig. 32 - Casa Yanomami Fonte: PIB Socioambiental. Autor Carlo Zacquini, 1994
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AS CASAS INDÍGENAS A planta elíptica e semielíptica era característica do povo Tiriyo, ELÍPTICAS E SEMIELÍPTICAS
sendo que pode ser encontrada no alto Xingu com o esquema da parede como continuação da cobertura, nas nomeadas malocas. De acordo com Sá e Correa (1979) a planta elíptica com o passar do tempo, começou a dar lugar à planta retangular.
As casas elípticas também são vistas no Alto Xingu caracterizandose em grandes casas destinadas à acolher diversas pessoas e partes da edificação fazem referência às partes do corpo, por isso é nomeada casa antropomorfa. Esta tipologia é também nomeada como casa xinguana, por ser muito comum entre as aldeias no Alto Xingu. As etnias Yawalapiti e Assurini e Kamuriya são as que mais utilizam essa tipologia de casa.
As casas Tiriyó semi elipticas são menos comuns do que as casas circulares nesta etnia.
Fig. 33 -Casa de planta semielípitica, Tiriyó. Fonte e Autores: Costa e Malhano, 1986 apud Roth 1971,
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Na casa xinguana o setor íntimo se localiza nas extremidades, onde ficam as redes. Ao meio fica localizado o jirau, e depósito de alimentos. Na porta dos fundos fica o setor de serviços mais ocupado pelas mulheres e na porta da frente fica o setor social, mais ocupado pelos homens.
Fig. 34 - Divisão espacial da Casa Xinguana . Fonte e autor : Sá e Correa, 1979.
Todas as partes da casa antropomorfa fazem referencia ao corpo humano.
Fig. 35 - Casa Xinguana. Fonte e Autor: Costa e Malhano, 1986.
Os Yawalapiti são uma das etnias localizadas no Xingu, onde a casa predominante é a casa antropomorfa. Fig. 36 - Casa Yawalapiti. Fonte: PIB Socioambiental. Autor: Eduardo Viveiros de Castro, 1977.
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AS CASAS INDÍGENAS A planta baixa retangular é mais vista no Xingu, como já citado, RETANGULARES
substituindo a planta elíptica e com a cobertura em formato ogival, principalmente vista entre os grupos Karajá, Aruak, Karib, e muito comumente encontrada entre as aldeias Tupi (Assurini). Atualmente, este tipo de planta é o que mais se assemelha às casas vistas nas tribos Tupi-Guarani que não tiveram contato com não-indígenas e não tem problemas quanto à escassez de materiais-, sendo que a escala com o passar do tempo acabou diminuindo por diversos fatores.
A maloca (taba ou casa grande) de planta retangular, é considerada a casa indígena Guarani até a chegada dos europeus. É notável que uma das características importantes da casa de planta retangular e cobertura ogival é a possibilidade da extensão em caso de crescimento da família. De acordo com Weimer(2005), a casa poderia chegar até 150 metros de comprimento. Na maloca Guarani, várias famílias ocupavam os espaços de cerca de 6×6 metros, apenas divididas pelas próprias estruturas, sem divisórias. Outra característica era o pé direito alto que permitia a circulação do ar.
A maloca Guarani era dividida entre diversas famílias, sem divisão física, com base apenas na estrutura. A passagem era localizada ao centro. Fig. 37 - Planta da maloca Guarani. Fonte e autor: Weimer, 2005.
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A casa Tapirapé de pé direito mais baixo que as outras casas retangulares.
Fig. 38 - Casa Tapirapé. Fonte e autor: Costa e Malhano, 1986. Fig. 39 - Dentro da casa Assurini Tupi do médio Xingu. Fonte: Costa e Malhano, 1986 Autor: Jacques Jangoux,1979.
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AS CASAS INDÍGENAS Por fim, as plantas poligonais eram mais vistas entre os grupos Marúbo e Mayorúna, na fronteira Brasil-Peru. As casas dos Marubo
P O L I G O N A I S eram mais consideradas como aldeias-casa, similares as aldeias Yanomani (formato circular) onde a própria aldeia forma a casa, sendo que toda a população vive nesta mesma casa, desta vez sem pátio central.
Fig. 40 - Aldeia-casa Marubo. Fonte: PIB Socioambiental. Fonte: Delvair Montagner, 1978.
Fig. 41- Aldeia-casa Marubo. Fonte: PIB Socioambiental. Autor: Milton Guran, 1988. Na casa- aldeia Marubo, a cobertura e a vedação são a mesma estrutura.
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Fig. 42 - Casa Marubo. Fonte e autor: Costa e Malhano, 1986.
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A casa Guarani tradicional, de acordo com Weimer (2005), há A C A S A G U A R A N I muito tempo se tratava da maloca (ou maioca), uma casa grande
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L que era dividida internamente entre as famílias. Cada divisão era
X CASA GUARANI TRADICIONAL
denominada oca e ocupada por uma família ou grupo. Dessa forma, a maloca podia ser ocupada por diversas pessoas e não tinha divisões físicas em seu inteiror, sendo o espaço de cada grupo, delimitado pela própria estrutura. Esta edificação poderia chegar à 150 metros de comprimento por aproximadamente 12 metros de largura feito totalmente de materiais autóctones sendo fibras, palha, bambu e madeira. Neiva (2016) cita Hens Staden em sua experiência com os Tupinambás e a casa grande (maloca) era a tipologia encontrada por ele, que apelidou de “casa do Novo Mundo”. Para Schaden (1954) a casa Guarani se tratava da maloca no período pré-colonial, sendo que o povo Assurini do Xingu é um dos povos a manter tal tipologia e que a substituição da casa grande por casas pequenas pode ser devida à mobilidade Guarani e as interferências de outra culturas no período colonial. “A casa grande, construção típica de numerosas tribos do grupo Tupí-Guaraní, é dos elementos mais imponentes da cultura material dos Kayová. Chamam-na tapyiguasú (cabana grande) ou oga-djekutú "casa fincada", (kutú, fincar, cutucar) ou, em português, "casa beirachão". Além da base quadrangular, duas são as suas características essenciais: em primeiro lugar, a própria cobertura, descendo até o chão, forma os frontões; em segundo, a "linha" (cumeeira) não tem suporte. O feitio geral é o de uma canoa emborcada, com os oitões em forma de ogiva.” (Schaden,1913)
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A maloca tradicional, onde viviam varias famílias na mesma construção;
Fig. 43 - Diagrama maloca Guarani. Elaborado pela autora apud Weimer (2005).
A casa atual já fragmentada é a que compõe os núcleos familiares. Na casa atual, ainda vivem diversas pessoas, porém num espaço mínimo devido à impossibilidade devido à vários fatores como a escassez de materiais para de construção das malocas.
Fig. 44 - Casa da Tekoa Paranapuã. Fonte: Ronildo Amandios, 2020.
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A C A S A G U A R A N I Com o passar do tempo, a casa Guarani tomou outras tipologias A
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mais parecidas com as tipologias não-indígenas, usando algumas
L técnicas diferentes como a taipa de mão e pela escassez de
X CASA GUARANI TRADICIONAL
materiais, é possível encontrar alguns materiais industrializados. “Quando a primitiva habitação da famíliagrande Kayová cede o seu lugar a certo número de casas para famílias elementares, ela não sofre apenas redução de tamanho, mas também mudanças bastante profundas em sua estrutura arquitetônica, aproximando-se em vários sentidos dos tipos de construção rural brasileira e paraguaia. A aculturação nas diferentes esferas da cultura material não poderia deixar de acompanhar e em parte mesmo de preceder a mudanças correlatas na esfera não-material. Do ponto de vista arquitetonico, duas são as características essenciais da casa grande d os Kayová em oposição às habitações caboclas da região: a falta de separação ou divisão entre cobertura e parede e, em segundo lugar, a ausência de suportes para a linha central da cumeeira. Uma das primeiras concessões que se faz à arquitetura cabocla é a adoção de suporte central para a linha da cumeeira. Depois, a cobertura se destaca das paredes. Enfim, constrói-se a namar ( corr. de "ramada"), varanda ou alpendre, às vezes isolada da casa, coberta com sapé. Serve como "living and dancing room".
Fig. 45 - Casa de Rezas da Tekoa Paranapuã.Fonte: Frequencia Caiçara Autor: Ailton Martins, 2016.
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Exemplo típico de transição entre a morada tradicional Kayová e a habitação cabocla é a casa do índio Mbopí de Dourados: ao feitio predominante Kayová veio juntar-se a varanda ibérica para o lado sul; em lugar de porta, ainda se usam uns pedaços de lenha. Hoje em dia, as habitações Kayová construídas segundo a técnica tradicional da tribo já são bem raras. A quase. totalidade dos índios passou a preferir casas de tipo caboclo ou, quando muito, as constrói em estilo misto, que tende a perder, cada vez mais, os traços de origem silvícola. A casa Kayová tradicional satisfazia a uma série de requisitos da organização social e religiosa. [...] A não ser em pormenores insignificantes, a maioria das casas (óga, óy) dos Mbüá e Ñandéva atuais é idêntica às das populações rurais vizinhas: ranchos de duas águas, de poucos metros quadrados e reduzida altura; os dos Mbüá um pouco mais baixos do que os dos Ñandéva.” Schaden, 1913.
Na Tekoa Paranapuã, essa tipologia atual se encontra ainda mais evidente pela escassez desses materiais inclusive para a reforma das casas devido à localização entro de uma unidade de conservação. É notável que a tipologia atual é fruto do momento histórico vivido e as relações socioculturais, ou seja, a casa Guarani atualmente é a arquitetura possível de ser construída no contexto em que os indígenas estão inseridos. Sá (2001) afirma que a réplica da maloca está atrelada às condições do conhecimento específico passado entre gerações e também do acesso ao material devido para a sua construção, como a madeira.
Fig. 46 - Casa de Rezas da Tekoa Paranapuã.Fonte: Frequencia Caiçara Autor: Ailton Martins, 2016.
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Fig. 47 - Casas da Tekoa Paranapuã. Fonte: Ronildo Amandios, 2020.
Fig. 48 - Casa de rezas. Fonte: Ronildo Amandios, 2020.
Fig. 49 - Casa da Tekoa Paranapuã e edificação ociosa aos fundos. Fonte: Ronildo Amandios, 2020.
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A C A S A G U A R A N I Quanto à técnica construtiva atualmente, Zibel (1993) explica A
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X CASA GUARANI TRADICIONAL
Fig. 50 - Detalhe construtivo. Fonte e autor: Carlos Zibel Costa, 1993.
Fig. 51 - Detalhe construtivo. Fonte e autor: Carlos Zibel Costa, 1993.
a casa tradicional Guarani, citando o equilíbrio estático dos esteios e como o sistema é eficiente ao suportar a carga da cobertura somente com conexões através de amarras. Por diversas vezes, o espaço interno é expandido pelo uso da tesoura com um único esteio central, outras vezes é mantido o eixo estrutural na metade da casa com pilares perpendiculares à cumeeira. Através de outro ponto de vista, a casa dos tupiGuarani tradicional, por sua vez, é construída por varas tensionadas, assim como os tetos acabam tomando a forma de abóboda ogival.
A casa Guarani atual pode ter diferentes tipos de vedação como em pau-a-pique, que permite a iluminação no interior da casa, uma vez que, não há janelas as frestas servem de intermédio entre o ambiente exterior e interior e permitindo a passagem do ar. É notável também a recorrência da utilização de outras categorias de vedação como em taipa-de-mão e inclusive o uso de outros materiais como o tecido, plásticos e entre outros, permitindo maior estanqueidade. Entretanto, são mudanças acontecidas devido ao contato com outras culturas. Zibel (1993) aponta a arquitetura da casa Guarani espelha o modo de viver do povo, em questão à curta permanência historicamente exercida. Dessa forma, os encaixes e conexões são simples para fácil solução estrutural. De acordo com Clastres (1980), após a chegada dos europeus à América os grupos, principalmente os tupis-Guaranis que se alocavam pela costa brasileira (WEIRMER, 2005) começaram a ter o contato com a sedentarização. No caso da Tekoa Paranapuã a maloca foi definitivamente substituída pelas casas não-indígenas, de pau-a-pique ou com alguns materiais industriais.
Fig. 52 - Opy. Fonte e autor: Carlos Zibel Costa, 1993.
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ESPAÇO EXTERNO E Na aldeia Guarani, há a diferenciação de edifícios e espaços, CONSTRUÇÕES DE U S O C O M U M
sendo que as edificações, segundo Rapoport(1972), em sua maioria são as habitações e as demais são voltadas para o cunho religioso, como a casa de rezas ou algum outro uso social, como a casa dos homens. Essa diferença de usos é espelhada na decoração, técnica construtiva e na escala. A casa de rezas ou opy é considerada um lugar de uso compartilhado para toda a Tekoa, podendo servir para festividades, ou discussões formais (ZANIN, apud LARRICQ, 1993).
Prudente (2017) explica a relação dos indígenas com o espaço externo, como sendo o espaço onde ocorrem as atividades relacionadas ao preparo dos alimentos, artesanato entre outros. Pode-se concluir, que devido à baixa ocorrência de edificações, salvo as habitações, mostram que o espaço externo é de fato o espaço acolhedor da maioria das atividades. De acordo com Costa e Malhano(1986), em algumas aldeias existiam edificações destinadas às atividades de subsistência, mas eram raros. Os grupos indígenas de que temos notícia, além das casas da aldeia permanente, têm quase sempre abrigos e construções provisórias e estacionais, em acampamentos destinados à coleta, caça e pesca, ou em roças distantes. São poucos os registros concernentes a esse tipo de construção.
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Fig. 53 - Casa de rezas na Tekoa Paranapuã. Fonte: Jornalistas Livres, 2016.
Fig. 54 - Casa de rezas na Tekoa Paranapuã. Fonte: Frequência Caiçara. Autor: Ailton Martins, 2016.
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Fig. 55 - Produção do artesanato. Fonte e autor: Artesanatos Paranapuã, 2020.
Fig. 56 - Venda do artesanato. Fonte e autor: Artesanatos Paranapuã, 2020.
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O povo Guarani possui algumas bases de sistema se produção, S I S T E M A S sendo elas, a agricultura e o artesanato. Atualmente, devido às P R O D U T I V O S mudanças vividas por este povo, o artesanato acaba sendo a principal fonte de renda. O povo Guarani, principalmente os M’bya tem uma forte ligação com a agricultura. Como explica Ladeira (2001):
“Para os Guarani, a agricultura é a atividade estrutural da vida comunitária. Pode-se dizer que, para os Mbya o significado da agricultura se encontra na sua própria possibilidade de realização e no que isto implica: organização interna, reciprocidade, intercâmbios de sementes e espécies, experimentos, rituais, renovação dos ciclos. Desse modo, a agricultura faz parte de um sistema mais amplo que envolve aspectos da organização social e princípios éticos e simbólicos fundamentados antes na dinâmica temporal de renovação dos ciclos, do que na quantidade e disponibilidade de alimento para consumo (Ladeira, 2001).”
De modo geral, os Guarani M’bya poucas vezes trabalham fora da comunidade e quando o fazem é sempre de forma temporária. Sendo assim, o comércio do artesanato é ainda a principal fonte de renda. Ladeira (2018) ainda afirma que o artesanato foi incorporado aos sistemas produtivos Guarani: “Até o momento, os Guarani mantém a autonomia e controle da mesma, o que garantiu a sua inserção e incorporação no conjunto de suas práticas tradicionais.”
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Durante a visita técnica e após a análise das tipologias tradicionais é
AS MUDANÇAS NA possível notar as mudanças na arquitetura e no modo de viver TEKOA PARANAPUÃ dentro da casa. Além da mudança da casa tradicional para a casa
em menor escala devido a fragmentação das famílias, algumas atividades que até então eram realizadas fora da casa como o cozinhar, acabaram tomando lugar dentro da edificação. Outra mudança seria a criação de divisórias que separam os cômodos incluindo o dormitório onde alguns já usam camas, itens não existentes na maloca.
Quanto a estrutura, é possível notar que os saberes indígenas ligados à encaixes ainda permanecem, mesmo que os materiais não sejam os mais favoráveis à construção. No Documentário Paranapuã (2017) outro costume é destacado, que seriam as reuniões em volta da fogueira localizada dentro da casa. Portanto, as atividades dentro da casa permanecem para o descanso e para o cozinhar. Os banheiros permanecem fora da casa, na Tekoa Paranapuã são banheiros secos compartilhados improvisados e adquiridos por projetos comunitários. Outros equipamentos não tradicionais fazem parte do programa da Tekoa Paranapuã, como a escola. Este equipamento foi um dos tópicos mais discutidos durante a visita técnica, onde o Cacique Ronildo deixou clara a sua preocupação com as crianças da Tekoa. A Tekoa também conta com um campo de futebol. Vale ressaltar que a Tekoa atualmente faz parte do ecoturismo do parque, e convive diariamente com os visitantes andando pela sua aldeia. Um costume invasivo à privacidade indígena que não seria comum nas aldeias tradicionais. Com o intuito de não obrigar essa população a viver da forma tradicional e caracterizar uma nova colonização, serão consideradas as pontuações acima com algumas diretrizes da antiga maloca.
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Fig. 57 - Fogueira na casa de rezas. Fonte: Documentário Paranapúã, 2017.
Fig. 60 - Campo de futebol. Fonte: Documentário Paranapúã, 2017.
Fig. 61 - Divisória e conexão estrutural. Fonte e autor : Jamily Andrade, 2019. Fig. 58- Criança brincando nos córregos do PEXJ. Fonte e autor: Ronildo Amandios, 2020.
Fig. 59 - Sala de aula. Fonte: Documentário Paranapuã, 2017.
Fig. 62 - Cozinha. Fonte e Autor: Jamily Andrade, 2019.
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CONTEXTUALIZAÇÃO DO LOCAL
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SÃO PAULO
PEXJ
SÃO VICENTE BAIXADA SANTISTA
PRAIA GRANDE
JAPUÍ
XIXOVÁ
TEKOA PARANAPUÃ
SETOR MARÍTIMO
ITAIPU
SÃO VICENTE
Fig. 63 - Localização. Elaborado pela autora.
70
TO
AR
RU
EN AM
O PEXJ
ÁR
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S
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S
DE
OS
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H OS P R
IC ÍDR
FIA
A GR O P TO
O PEXJ é uma das áreas remanescentes da Mata Atlântica e se localiza na Região Metropolitana da Baixada Santista. Ele é dividido entre os municípios de Praia Grande e São Vicente e cercado por algumas cidades que têm influência no âmbito interestadual, como Santos e Cubatão, polos logístico e industrial, além da forte presença da população flutuante, em alguns municípios como Praia Grande sendo até maior que a própria população fixa (AGEM, 2008). A paisagem, assim como o próprio PEXJ, é formada por morros e outros acidentes geológicos como a Serra do Mar. São Vicente e Santos são considerados ilhas, contornados por corpos hídricos e também por zonas de brejo. Portanto, a baixada é limitada por fatores morfológicos que impedem seu crescimento e não à-toa, constatando pelos dados da CDHU (2005) o deficit habitacional e ocupações irregulares é um dos principais problemas. O próprio PEXJ se encontra nas limitações atuais justamente pela ocupação irregular histórica desde a chegada dos colonizadores ao Brasil.
ÁREA TOTAL.................................................................901ha PRAIA GRANDE.............................................................554ha SÃO VICENTE .............................................................347ha TERRESTRE..............................................................600ha MARÍTIMO.....................................................................301ha
Fig. 64 - Contextualização. Elaborado pela autora.
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PEXJ
Fig. 65 - Mapa: Contextualização. Elaborado pela autora.
P
72
TOPOGRAFIA A topografia do PEXJ é composta por vários morros sendo 3 principais.
MORRO ITAIPU
Fig. 66- Topografia. Fonte: https://pt-br.topographic-map.com/
Fig. 67- Topografia setor Japuí. Fonte: https://pt-br.topographicmap.com/
A Tekoa Paranapuã está localizada na parte mais baixa, próximo ao nível do mar, do setor Japuí em São Vicente.
+172m
SETOR ITAIPU
S
SÃO VICENTE
PRAIA GRANDE
+293m
SETOR XIXOVÁ
+226m
SETOR JAPUÍ
PRAIA DE PARANAPUÃ
MORRO JAPUÍ
MORRO XIXOVÁ
TEKOA PARANAPUÃ
Fig. 68- Topografia. Elaborado pela autora.
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74
LO ENTE CASTE AV. PRESID AV .
MA
RE CH
AL
MA
LL
ET
BRANCO
1 1
PRAIA DO FORTE
PRAIA D
1
OCEANO ATLÂNTICO
1
FORTALEZA DE ITAIPU
2
PONTE DO MAR PEQUENO
3
CURTUME + CENTRO DE VISITANTES DO PEXJ.
4
PONTE PENSIL
ACESSO À TEKOA (AV. SATURNINO DE BRITO) TRILHAS ATIVAS TRILHAS DESATIVADAS VIAS PRINCIPAIS
75
AV .
AIR
ROD. DOS BANDEIRA NTES
TO NS
EN NA DA S
2
ILV A
AV . TU PIN IQU INS
3
DOS SURFISTAS
4
LOCAL DO PROJETO
BAÍA DE SÃO VICENTE PRAIA DE PARANAPUÃ
ILHA PORCHAT Fig. 69 - Contextualização do local. Fonte: Google Earth, 2010. Com intervenção da autora apud Plano de Manejo do PEXJ, 2010.
ACESSOS
EQUIP. PÚBLICOS DE SAÚDE
TEKOA PARANAPUÃ
EQUIP. PÚBLICOS DE EDUCAÇÃO
LOTEAMENTO JAPUÍ LOTEAMENTO PARQUE PRAINHA
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HISTÓRICO
Com o início da ocupação da área próxima à baía de São Vicente, começam a ser instalados o primeiro estaleiro, um porto de escravos indígenas e um empório abastecedor.
Chegada de Martim Afonso de Souza e oficialização da Vila de São Vicente. Criação da Câmara de Vereadores, pelourinho, cadeia e igreja, símbolos da colonização. Construção do Porto das Naus. Início do desenvolvimento de Santos.
1591
1532
1510 1515
1500 Chegada de Gaspar Lemos que dá ao local o nome São Vicente.
2017
1545 Fundação da Vila de Santos.
Chegada do Padre José de Anchieta em São Vicente e início da catequização dos indígenas.
Fig. 70 - Fundação de São Vicente, de Benedito Calixto.Óleo sobre tela, 1900. Fonte: Acervo do Museu Paulista da USP.
Revolta dos indígenas C Guaianases, Tupiniquins e
Fig. 71 - Martim Afonso de Souza. Fonte: Wikipédia. Autor Pero Lopes de Souza, 1530.
2004 Após pedido da Justiça Federal Chegada da população da atual pela saída dos indígenas do Tekoa Paranapuã ao PEXJ. PEXJ, foi criada a Portaria 1.128/2017 que dá início ao processo de demarcação de terras da Tekoa Paranapuã.
Invasã São V localiz Xixo
Fig. 72 - Revolta dos indígenas. Fonte: PCdoB
1993
Devido à crescente ocupação ao redor do PEXJ, foi promulgado o decreto que tornava a área em uma unidade de conservação.
Fig. 79 - Manifestação pela demarcação de terras em São Vicente. Fonte: Frequência Fig. 78 - Parque Estadual Xixová-Japuí. Fonte: Secretaria da Caiçara Infraestrutura e Meio Ambiente.
1982
Criação da Pont Pequeno, devido ao na Ponte P
Fig. 77 - Ponte Pênsil. F
77
Carijó, Tamoio.
Grande expansão de diversas epidemias devido às péssimas condições sanitárias.
1842 1615
1897
Criação da São Paulo Railway.
Fig. 73 - Fundação de Santos, de Benedito Calixto. Oléo sobre tela.1922. Fonte: Jornal da Orla.
1967
te do Mar Emancipação de alguns bairros de grande fluxo São Vicente, tornando-se Praia Pensil. Grande.
Fonte: Novo Milênio
1921
1867
ão holandesa na Baía de Vicente, próximo da atual zação do Parque Estadual ová-Japuí, por Joris van Spilbergen.
B.
Criação do plano de saneamento de Santos por Saturnino de Brito. O plano envolvia o atual PEXJ Instalação do Curtume Cardamone onde o esgoto era despejado pelo Morro Japuí, desta forma se com uma pequena vila operária e escola junto ao atual setor Japuí. fazendo necessária a construção da Ponte Pênsil.
1902
Decadencia da Fortaleza de Santo Amaro (Guarujá) e construção da Fortaleza de Itaipu (Praia Grande).
Fig. 74 - São Paulo Railway. Fonte: Por falar em história.
1950
início do processo de industrialização. Crescimento de Cubatão. Construção da Via Anchieta.
Fig. 76 - Loteamento Parque Prainha. Fonte: Novo Milenio. Autor: Wikimapia.
Fig. 75 - Plano de saneamento de Santos. Fonte: Carriço, 2016.
1928
Primeiro loteamento na região do PEXJ nomeado Parque Prainha, confrontante ao atual setor Japuí. O plano era que este loteamento ocupasse mais área do que acabou ocupando, devido à falência de empresa construtora e também da impossibilidade devido à declividade do terreno e existência da floresta.
78
LEGISLAÇÃO
Atualmente, o local possui três escalas de legislação incidente com relação aos usos e atividades permitidas: A escala metropolitana (Decreto n° 58.996/13), a escala municipal (Lei 271/99) e a escala do terreno (Plano de Manejo PEXJ).
Fig. 80 - Tabela: Legislação incidente. Elaborado pela autora.
Neste caso, o ZEE especifica que o PEXJ também pode ser base para a demarcação de terras indígenas. Inclusive, na visita técnica realizada na Tekoa, o cacique comenta já ter visto projetos, como um resort, shopping center e condomínio, previstos para aquela área. Essa mudança necessária quanto aos usos permitidos, é perceptível com a chegada do ZEE em 2013, onde os usos foram revisados para serem compatíveis com o local. Após contato com a Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM), foi esclarecido que o ZEE foi criado para que a legislação municipal de cada um dos municípios seja compatível com os critérios do decreto.
79
O município de São Vicente, especificamente, vem adaptando sua legislação edilícia para que esteja compatível com o ZEE desde 2018, e a antiga lei de zoneamento foi repensada, com usos menos agressivos do que na lei anterior. Já no Plano de Manejo do PEXJ (2010) a Tekoa Paranapuã é citada na seguinte parte: [...] logo no início da gestão, em 2004, o Parque foi invadido por cerca de 60 indígenas da etnia Tupi Guarani, levando o Instituto Florestal a entrar com pedido de reintegração de posse dessa área, junto a Justiça Federal, uma vez que a tutela dos índios se dá nesta esfera de governo. A questão é complexa e até hoje não foi equacionada, tendo em vista que há que se considerar não só cultura indígena, que traz consigo o uso de recursos naturais como solo, água, caça, retirada e introdução de espécies, mas também a dificuldade técnica de se elaborar a recuperação necessária detectada nos estudos elaborados para este plano de manejo. A permanência dos índios no PEXJ tem sido acompanhada e orientada por decisão judicial expedida, que mantém a área ocupada subjudice. Para uma decisão final aguarda-se um laudo antropológico. Diante da ocupação indígena, o PEXJ articulou com a Associação Amigos do Parque Prainha, e estabeleceu o primeiro posto de apoio à fiscalização do Parque.
Logo, a intenção das organizações responsáveis pela elaboração do Plano de Manejo do PEXJ é da retirada e realocação da Tekoa Paranapuã. Em vista disso, em 2017 foi finalmente aberta a Portaria 1.128 que dá início à tentativa do processo de demarcação de terras. Vale atentar-se ao Art. 2° do Estatuto do Índio (Lei Nº 6.001/73) onde fica explicito os diretos indígenas, sendo eles: .
80
LEGISLAÇÃO
[...] III - respeitar, ao proporcionar aos índios meios para o seu desenvolvimento, as peculiaridades inerentes à sua condição; IV - assegurar aos índios a possibilidade de livre escolha dos seus meios de vida e subsistência; V -garantir aos índios a permanência voluntária no seu habitat, proporcionando-lhes ali recursos para seu desenvolvimento e progresso; VI - respeitar, no processo de integração do índio à comunhão nacional, a coesão das comunidades indígenas, os seus valores culturais, tradições, usos e costumes; VII - executar, sempre que possível mediante a colaboração dos índios, os programas e projetos tendentes a beneficiar as comunidades indígenas; VIII - utilizar a cooperação, o espírito de iniciativa e as qualidades pessoais do índio, tendo em vista a melhoria de suas condições de vida e a sua integração no processo de desenvolvimento; IX - garantir aos índios e comunidades indígenas, nos termos da Constituição, a posse permanente das terras que habitam, reconhecendo-lhes o direito ao usufruto exclusivo das riquezas naturais e de todas as utilidades naquelas terras existentes; X - garantir aos índios o pleno exercício dos direitos civis e políticos que em face da legislação lhes couberem.
Conclui-se que, apesar da legislação que se refere ao PEXJ ser em partes contraditória, atualmente, a permanência da Tekoa Paranapuã se dá por direito através do Estatuto do Índio e Constituição Federal que preveem o uso da terra e também, em vista da possibilidade também reconhecida no ZEE.
81
ESTUDOS DE CASO
Fig. 81 - Manifestação pela demarcação de terras em São Vicente. Fonte: Reporter Popular
82
04. ESTUDOS DE CASO
.
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Fig. 82 - Mapa: Localização dos estudos de caso. Elaborado pela autora.
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Fig. 83 -Centro de capacitação. Fonte: Archdaily. Autor: Ingrid Johanning
Fig. 85 - Foto interna. Fonte: Archdaily. Autor: Ingrid Johanning
Fig. 84 - Foto interna da fachada. Fonte: Archdaily. Autor: Ingrid Johanning
Fig. 86 - Foto interna dos mobiliários. Fonte: Archdaily. Autor: Ingrid Johanning
Fig. 87 - Imagem das pontes. Fonte: Archdaily. Autor: Entrenos Atelier
. r
85
C E N T R O D E Localizado dentro da reserva Indígena de Tayutic de CAPACITAÇÃO I N D Í G E N A KÄPÄCLÄJUI Localização: Turrialba, Província de Catargo, Costa Rica. Ano: 2014 Área: 470m² Autores: Entre Nos Atelier
Grano de Oro, o Centro de Capacitação Indígena Käpäcläjui foi criado com o intuito de facilitar o contato entre os visitantes e os locais e também servir como uma combinação entre um equipamento de educação e alojamento. O projeto faz parte de um sistema de ecoturismo da reserva e considerando as trilhas e grutas, diversas pontes agem como facilitadores dessas atividades, ampliando a acessibilidade nos trechos que se tornam críticos no período de chuvas.
O programa, criado a partir do contexto e das necessidades dos envolvidos, é composto por oficinas no primeiro pavimento, e o albergue no pavimento superior. As oficinas têm o intuito de trazer o sentimento de apropriação e participação por parte da comunidade. O projeto foi influenciado principalmente pelo envolvimento da comunidade, dando forma até o projeto que está hoje executado. O espaço é caracterizado pelo contato direto com o entorno através da vedação por elementos vazados, favorecendo a ventilação natural e a permeabilidade do espaço. A materialidade usada também cooperou para a criação de uma edificação leve assim como a criação do pé direito alto e coberturas inclinadas permitiu maior conforto térmico. Pela equipe de projeto, é mencionada a forte
interiorização e sensibilidade em vista das necessidades da comunidade para que o projeto conversasse com o entorno e favorecesse a população. Em relação à parte sensorial do projeto, as transições entre os espaços deveria ser leve, por isso, as divisórias são também mobiliário.
86
O projeto foi escolhido como estudo de caso devido, à importância dada ao contexto, através da criação das pontes que facilitam a passagem. Também, pela escolha do programa de necessidades que contém um albergue para emergências, na verdade, sendo um espaço multiuso, podendo abrigar diferentes usos conforme a necessidade. Um ponto importante do programa seria a tentativa de aproximação entre visitantes e o povo indígena que vive na região.
Fig. 88 - Locais de implantação do projeto Fonte: Archdaily. Autor: Entrenos Atelier
Por fim, a questão dos materiais utilizados, que visam a produção da população e permitem maior eficiência da construção, tanto termicamente, quanto luminosamente e também a questão sustentável no uso da madeira, matéria-prima renovável.
As coberturas, tanto das pontes, quanto do centro de aprendizagem seguem o mesmo desenho.
Fig. 90 -Detalhamento da estrutura das pontes. Fonte: Archdaily. Autor: Entrenos Atelier
Fig. 89 - Desenho das pontes, com diferentes capacidades dependendo da necessidade, em diversas partes da reserva. Fonte: Archdaily. Autor: Entrenos Atelier
87
Espaço Multiuso
Espaço voltado para o uso da comunidade, especialmente para o albergue.
Circulação vertical
Fig. 91 - Planta do segundo pavimento. Fonte: Archdaily. Autor: Entrenos Atelier com intervenção da autora. As aberturas permitem que o espaço fique todo aberto para o exterior. Biblioteca Espaço Multiuso
Informática
Escritório
Banheiros
Refeitório
Cozinha Salas de treinamento
Circulação vertical
Circulação vertical
Fig. 92 - Planta do térreo. Fonte: Archdaily. Autor: Entrenos Atelier com intervenção da autora. O uso de elementos vazados, principalmente nas fachadas frontais, permite a passagem do ar.
No projeto os mobiliários são utilizados como divisória.
Mesmo as paredes fixas não são completamente fechadas, ou seja, o projeto favorece inteiramente a ventilação natural.
Fig. 93 - Imagem isométrica com detalhes da vedação Fonte: Archdaily. Autor: Entrenos Atelier com intervenção da autora.
As aberturas pivotantes são feitas com os elementos que restaram da construção, e produzidos pela população.
88
Fig. 94 - Imagem interna da casa. Fonte: Archdaily. Autor: Tactic-a
Fig. 95 - Imagem interna da casa. Fonte: Archdaily. Autor: Tactic-a
Fig. 97 - Imagem externa da casa. Fonte: Archdaily. Autor: Tactic-a
Fig. 96 - Imagem externa da casa. Fonte: Archdaily. Autor: Tactic-a
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DO TERRITÓRIO AO HABITANTE Localização: Ciudad Valles, Huasteca Potosina,Mexico. Ano: 2018 Área: 140m² Autores: Tactic-a
O projeto faz parte de um programa de pesquisa onde escritórios de arquitetura apresentavam propostas de moradias de autoconstrução assistida. Portanto, foram criadas diversas propostas espalhadas pelo México, onde as mesmas deveriam cumprir com as características dos locais da região, tanto socialmente quanto nas características climáticas, econômicas e entre outros aspectos. O projeto do escritório Tactic-a teve como local a Ciudad Valles que fica em Huasteca Potosina no México. Devido à localidade rural, a casa levou ao questionamento do que seria uma casa tradicional da região. Os locais continuem o povo Teekeny, que visam em suas construções tradicionais o conforto térmico, baixo consumo de energia e materiais. O projeto foi pensado com o intuito de utilizar poucos componentes diferentes, criando a ligação com o baixo consumo de materiais e também podendo se adaptar através da materialidade do projeto. Os pisos e paredes foram montados pensados na tecnologia usada tradicionalmente enquanto os demais componentes como a estrutura são modulares reduzindo o custo e de fabricação, com a possibilidade de serem produzidos nas oficinas e apenas montados no local. A modularidade também permite adaptação conforme a necessidade dos moradores. Dividido em 3 etapas, o projeto tem espaços que podem acolher diversas atividades como a área da cozinha que pode se tornar dormitório no período noturno. A segunda etapa seria o alpendre central onde aconteceriam as diversas atividades da casa em contato com o exterior e por fim, a sala adicional que é contada através de um pórtico central.
90
Uso de redes e poucos mobiliários adicionais devido aos costumes da população local.
Áreas acrescidas ao módulo basic fixo, dessa forma, a casa de adeq as necessidades da população
Reservatório próximo às areas molhadas
Aberturas para entrada de luz
Espaço Semi-aberto
Espaço Semi-aberto
Fig. 98 - Plantas, cortes e fachadas. Fonte: Archdaily. Autor: Tactic-a
Fig.99- Imagem interna da casa. Fonte: Archdaily. Autor: Tactic-a
Fig. 100 - Imagem interna da casa. Fonte: Archdaily. Autor: Tactic-a
Fig. 102 Fonte: Arc
91 Favorecimento da iluminação e ventilação natural no centro da casa.
co qua
Aberturas generosas em todas as fachadas.
Espaço Semi-aberto
- Imagem externa da casa. chdaily. Autor: Tactic-a
Fig. 101 - Cortes trasnversais. Fonte: Archdaily. Autor: Tactic-a Fonte: Archdaily
O projeto foi escolhido como estudo de caso devido, à absorção de uma cultura local e adaptação a uma nova tecnologia. O projeto é feito em módulos, podendo a casa tomar outras dimensões caso seja necessário. É adaptável aos usos escolhidos e usa materiais de baixo custo, porém não reduzindo a qualidade do projeto. A percepção de uma cultura transformada numa arquitetura contemporânea foi o desafio tomado nesta competição, e acaba sendo o mesmo desafio vivido neste trabalho. É perceptível o detalhamento sobre a ocupação do espaço quando se tem uma cultura diferente do que se é o ‘habitual’ visto no dia a dia.
92
A proposta do projeto Moradas Infantis é criar um M O R A D I A S alojamento estudantil para os alunos de Canuanã, respeitando uma cultura indígena e sua mutação conforme I N F A N T I S o passar do tempo, a arquitetura marcada pelas técnicas e estéticas do povo e o sistema de produção em meio a Localização: Formoso do lavoura e natureza deste mesmo povo. O projeto visa o resgate cultural, o incentivo das técnicas locais e Araguaia, Tocantins, principalmente o reconhecimento dos saberes indígenas Brasil. através da arquitetura assim como a inclusão e noção de Ano: 2017 pertencimento deste povo em relação ao projeto. Área: 23.344,17 m² Autores: Aleph Zero e Além de alojamento, há também a escola e este complexo Resenbaum. é criado de modo a criar o conceito de que a escola não é somente destinada à aprendizagem, mas sim passar o sentimento de pertencimento do território, valorizar como lar. Organizada entre duas vilas, se divide entre feminina e masculina, com 45 unidades de dormitório (6 estudantes cada) e junto a elas são formados os espaços de convívio. Estes espaços como, sala de TV, pátio, espaço para leitura e entre outros, foram pensados em conjunto com a necessidade das crianças. Para entender a escala vivida pelo público alvo (13 a 18 anos) foi prezada a participação intensa da comunidade através de dinâmicas que serviram de base para o entendimento dessa escala.
93
Fig. 103 - Foto externa. Fonte: Archdaily. Autor: Leonardo Finotti
Fig. 104 - Foto pátio interno Fonte: Archdaily. Autor: Leonardo Finotti
Fig. 106 - Foto externa. Fonte: Archdaily. Autor: Leonardo Finotti
Fig. 105 - Foto no térreo mostrando a estrutura. Fonte: Archdaily. Autor: Leonardo Finotti
Circulação vertical nas extremidades de cada bloco
Circulação vertical nas extremidades de cada bloco
Dormitórios
Dormitórios
Pátio Central com vegetação nativa e espelho d’agua.
Dormitórios
Pátio Central com vegetação nativa
Dormitórios
Dormitórios
Dormitórios
Dormitórios
Pátio Central com vegetação nativa.
Dormitórios
A estrutura segue módulos de 5x5m 94 5m
Dormitórios
Fig. 107 - Planta do térreo onde se localizam os dormitórios. Fonte: Archdaily. Autor: Aleph Zero e Rosembaum. Com intervenções da autora.
Devido à inclinação do telhado, esta área não tem altura suficiente para ocupação humana, portanto, a escola acontece somente no outro lado.
Fig. 108 - Planta do térreo onde se localiza a escola e espaços de uso comum. Fonte: Archdaily. Autor: Aleph Zero e Rosembaum. Com intervenções da autora.
Fonte: Archdaily
Iluminação e
O projeto foi escolhido como estudo de caso devido à relação proposta entre o edifício, a cultura e saberes locais. Os detalhes do projeto visam realmente tornar o lugar um espaço em que esta população local esteja sinta que não é um espaço negligente à sua cultura.
Grafismo indígena e uso do material local
O sistema estrutural também foi foco no estudo devido ao uso da madeira laminada colada, vinda de fora, que trabalha em conjunto com os materiais criados no local. Outro ponto importante foi a abordagem do projeto quanto ao programa de necessidades. A população indígena teve sua participação na adequação do projeto aos seus anseios e necessidades.
Fig. 110 - Grafismo indígena nas portas dos dormitórios e parede com tijolos feitos no local.Fonte: Archdaily. Autor: Aleph Zero e Rosembaum. Com intervenções da autora.
ventilação natural
Fig. 109 - Corte transversal no pátio central. Fonte: Archdaily. Autor: Aleph Zero e Rosembaum. Com intervenções da autora
95
96
05. ESTUDO PROJETUAL
.
97
98
CAMINHOS ASFALTADOS EXISTENTES CORPOS HÍDRICOS ÍNDICE DE OCUPAÇÃO/SUPRESSÃO DA VEGETAÇÃO - OCUPADO
+ OCUPADO 50m
150m
99
ÁREAS PASSIVEIS DE IMPLANTAÇÃO
A1
A2
A3
Área já ocupada pelo núcleo familiar 1 com 7 casas.
Clareira
Nesta área não houve regeneração do bioma nativo desde anteriormente à criação da unidade de conservação.
Área já ocupada pelo núcleo familiar 2 com 4 casas.
A4
A1
3.292,50m²
A2
11.334,00 m²
A3
14.695,80 m²
A4
500m²
A5
5.782,30 m²
Sede administrativa do PEXJ
A5
Área já ocupada pelo núcleo familiar 3 com 3 casas. Possui uma clareira sem vegetação. Solo degradado.
Fig. 111 - Mapa: Áreas de implantação . Fonte: Google Earth, 2020. Elaborado pela autora.
100
O EXISTENTE
O PEXJ conta com 5 edificações existentes antes mesmo da chegada dos indígenas. Estas edificações, em sua maioria, não são utilizadas e algumas com a estrutura comprometida. Algumas delas permanecerão no projeto, no caso, o Observatório da Marinha como parte do ecoturismo e a Sede Administrativa do PEXJ que foi reformada recentemente.
Fig. 112 - Edificação existente. Fonte: Documentário Paranapuã, 2017.
Fig. 113 - Edificação Existente. Fonte: Documentário Paranapuã, 2017.
Fig. 114- Observatório da Marinha- Fonte: Documentário Paranapuã, 2017.
101
Fig. 115 - Escola. Fonte: Foto autoral, 2019.
102
Núcleo F As cons demolida será real
Observatório da Marin Parte do ecoturismo atualmente. À manter.
Escola Centro de convivência antigo desativado. Péssimas condições de salubridade. Não foi planejado como escola. Possível aproveitamento da base. À demolir parcialmente.
Centro de convivência Centro de convivência desativado. Em ruína. À demolir.
Sede administr Reformado rec À manter.
Núcleo Familiar 2 As casas existentes serão demolidas e construídas novas no mesmo local.
Caminho asfaltado à manter Existente à demolir Existente à manter
50m
150m
103
A Tekoa se divide em núcleos familiares correspondentes à atual organização indígena guarani. Esta organização está baseada na afinidade e no parentesco, desta forma criando núcleos familiares espalhados pela aldeia e sem um centro específico. No projeto, em respeito a atual organização, estes núcleos serão mantidos e serão apenas realocados, mas mantendo certa distância entre eles, como atualmente.
Familiar 1 struções serão as e o núcleo locado.
nha do PEXJ .
Clareira Área a ser utilizada no projeto.
O setor Japuí possui duas clareiras onde o bioma não se regenerou conforme o tempo: uma junto ao terceiro núcleo familiar existente e a segunda próximo à entrada da aldeia. Dessa forma, o projeto não impactaria na floresta existente e somente usaria as áreas já ocupadas e a área dessas clareiras.
rativa do PEXJ centemente.
Núcleo Familiar 3 As construções serão demolidas e o núcleo será realocado. Edificação ociosa Não foi possível descobrir o uso. Em ruína. À demolir.
Clareira Área a ser utilizada no projeto.
Fig. 116 - Mapa: Edificações à demolir . Fonte: Google Earth, 2020. Com intervenções da autora.
104
ORGANIZAÇÃO A
T
U
A
L
N Ú C L E O FAMILIAR 1 1
Casas
2
Casa de rezas
3
Casa
4 5
Observatório da Marinha Casa
105
1
2
3
4
5
Fig. 117 - Mapa: Edificações existentes no atual núcleo 1. Fonte: Google Earth, 2020. Com intervenções da autora.
106
ORGANIZAÇÃO A
T
U
A
L
N Ú C L E O FAMILIAR 2 1
Centro de convivência
2
Escola
3
Campo de futebol
4
Casas
5
Casas
107
2 1
3
4
5
Fig. 118- Mapa: Edificações existentes no atual núcleo 2. Fonte: Google Earth, 2020. Com intervenções da autora.
108
ORGANIZAÇÃO A
T
U
A
L
N Ú C L E O FAMILIAR 3 1
Casas
2
Casa
3
Edificação ociosa
109
1
2
3
Fig. 119 - Mapa: Edificações existentes no atual núcleo 3. Fonte: Google Earth, 2020. Com intervenções da autora.
110
O PUBLICO ALVO
O público alvo é a população indígena residente no PEXJ e também os visitantes não indígenas. A população residente tratase de 90 indígenas espalhados por três núcleos familiares. As crianças compõem 22% desse total, ou seja, 20 indígenas, como afirmado em visita técnica. A abrangência dos não indígenas como público alvo está implícita a partir do existente sistema de visitação tanto quanto do PEXJ que ocorre nos dias de semana, quanto a visitação específica à Tekoa Paranapuã que ocorre nos fins de semana. Desta forma, o setor Japuí do PEXJ teria a participação dos indígenas no ecoturismo, uma vez que, eles seriam a população mais apta a realizar tal atividade em sua própria Tekoa assim como no conhecimento sobre o entorno onde vivem.
111
Fig. 120 - Apresentação na Tekoa Paranapuã. Foto autoral, 2019.
112
A VEGETAÇÃO NO SETOR JAPUÍ
De acordo com o Plano de Manejo (2010) do PEXJ, a maior parte da cobertura vegetal é classificada como Ombrófila Densa Submontana (FODSM) em um estágio avançado de regeneração (55,116% do PEXJ). Especificamente, essa floresta é caracterizada por se encontrar nos morros e ser composta por árvores entre 25 à 30 metros de altura. Concomitantemente, nas bordas a floresta é classificada como Ombrófila Densa de Terras Baixas (FODTB), por sua vez, caracterizada por ocupar as áreas mais planas costeiras também composta por árvores altas. Entretanto, toda a cobertura vegetal é classificada como secundária tendo passado por diversas sucessões ao passar do tempo. No setor Japuí, a Tekoa Paranapuã é envolta pela FODTB, sendo ela encontrada em diferentes estágios de regeneração desde o inicial até o avançado. A partir das imagens de satélite é possível notar a regeneração de algumas áreas que em 2009 podiam ser classificadas como em fase inicial de regeneração. Dessa forma, foi feito o levantamento da cobertura vegetal através das imagens de satélite para identificar a área remanescente passível de ocupação e também áreas degradadas que podem além de se regenerar através da agricultura sintrópica (agrofloresta) servir como abastecimento para a Tekoa.
Da esquerda para a direita, é possível perceber a regeneração mais especificamente no canto inferior direito, mesmo após à presença dos indígenas na área.
Fig. 121 - Setor Japuí em 2009. Fonte: Google Earth.
Fig. 122 - S
113
A agricultura sintrópica ou agrofloresta refere-se ao plantio com a intenção de reestruturar a floresta nativa, recuperando o solo. Esta agricultura associa diferentes tipos de vegetação começando pela vegetação de pequeno porte, inclusive hortas e assim, com o passar do tempo e manejo sustentável sem uso de agrotóxicos à terra torna-se novamente fértil com a decomposição do material pósmanejo. É importante enfatizar, que a agrofloresta Já é um sistema produtivo indígena antigo, então a proposta da agricultura sintrópica seria apenas um meio de resgatar esse modo de viver.
Vegetação em estágio inicial de regeneração (FODSM) Vegetação em estágio inicial de regeneração (FODSM) Vegetação em estágio avançado de regeneração (FODSM) Vegetação em estágio avançado de regeneração (FODTB) Vegetação em estágio médio de regeneração (FODTB)
Setor Japuí em 2014. Fonte: Google Earth.
Fig. 123 - Vegetação no PEXJ . Fonte: Google Earth. Com intervenções da autora apud Plano de Manejo do PEXJ, 2010
Fig. 124 - Setor Japuí em 2020. Fonte: Google Earth.
114
DIRETRIZES PROJETUAIS
Devido às áreas passíveis de implantação e atual ocupação do espaço, o projeto propõe a criação de núcleos, onde cada um desses têm um equipamento que levasse a população a caminhar pela aldeia, e gerar o interesse comum da participação da população para o funcionamento sintrópico da aldeia.
A primeira diretriz de implantação seria a de gerar a autonomia e subsistência da população indígena através do aproveitamento das atividades já conhecidas pela população para gerar renda. Dessa forma, a população poderia resgatar e exercer atividades compatíveis com o modo de viver indígena. A segunda diretriz trata-se da troca de conhecimento indígena e não indígena através da participação da população da aldeia na pesquisa científica — uma atividade permitida na legislação —. Com esta diretriz procura-se o reconhecimento da importância dos saberes indígenas em diversas áreas e também incentivo da pesquisa com participação de instituições educacionais. A terceira diretriz de implantação procura preservar a privacidade indígena criando uma transição através da criação de equipamentos destinados aos diferentes públicos em cada núcleo. Sendo assim, o núcleo mais próximo da entrada/saída seria o núcleo destinado aos visitantes. A quarta diretriz refere-se ao uso compatível e sustentável, em vista do contexto. Para isso, foram escolhidos desde o sistema construtivo, geração de energia e até o descarte dos resíduos gerados para que a aldeia seja autossuficiente e não gere grande impacto no bioma que a circunda.
115
Fig. 126 - Homens da Tekoa Paranapuã. Fonte: Ailton Martins, 2016.
Fig. 127 - Construção dos banheiros secos na Tekoa. Fonte: Laboratório Cidadão, 2016.
116
CAMINHOS ASFALTADOS EXISTENTES CORPOS HÍDRICOS
50m
150m
SETORIZAÇÃO NÚCLEO DESTINADO À PESQUISA CIENTÍFICA E RECEBIMENTO DE PESSOAS DE FORA DA ALDEIA.
NÚCLEO DESTINADO À HABITAÇÃO E PRODUÇÃO INDÍGENA.
2 NÚCLEOS DESTINADOS À HABITAÇÃO, EDUCAÇÃO E RELIGIÃO.
NÚCLEO DESTINADO À PRODUÇÃO EM MAIOR ESCALA.
Fig. 128 - Mapa: Setorização . Fonte: Google Earth. Com intervenções da autora.
117
118
IMPLANTAÇÃO
0
50m
150m
300m
Fig. 129 - Implantação. Elaborado pela autora.
119
120
EQUIPAMENTO Os equipamentos ficam localizados na extremidade da rua de cada núcleo onde há unidades habitacionais para que cada um tenha uma característica e leve ao caminhar da aldeia e participação em conjunto da comunidade.
UN
VAGA PARA UTILITÁRIO
Vaga destinada para veículos como ambulância e eventuais automóveis que necessitem de área para embarque e desembarque ou carga e descarga.
Fig. 130 - Diagrama implantação. Elaborado pela autora.
As ma es qu co
121
ORGANIZAÇÃO DOS NÚCLEOS
NIDADES HABITACIONAIS
s habitações são unifamiliares mas são pensadas num conjunto como na aloca Guarani. Dessa forma, as casas são perimetrais para formar um saço interno de interação que também serve como passagem, no caso a rua ue é raramente utilizada por automóveis. Assim como na maloca, a obertura é única para diversas famílias.
ESPAÇO EXTERNO
Devido ao contato do povo indígena com o ambiente externo, foi pensado um ambiente comum, coberto pelo beiral de cobertura das unidades habitacionais que permitisse a interação entre as famílias. O espaço descoberto é a parte da passagem localizada no centro assim como nas malocas.
RUA
A rua é um espaço de passagem, destinada aos eventuais automóveis, às bicicletas e aos pedestres. Devido à ausencia desses automóveis na aldeia, a rua foi calculada para comportar apenas a largura das rodas. Dessa forma, alem do uso do material de concreto poroso permeável, o impacto seria menor em relação à ocupação.
122
S I S T E M A CONSTRUTIVO
O sistema construtivo adotado será de madeira laminada cruzada, em vista da impossibilidade do uso do material local. Desta forma, a madeira seria pré-dimensionada e transportada até o local. Além da estrutura, a madeira faria parte das vedações também, como adaptação do material originalmente usado nas casas tradicionais indígenas (bambu e madeira maciça), sendo materiais renováveis e de importância para a cosmologia indígena.
Fig. 131 - Vedação em Pau-a-pique. Fonte: Costa,1993. Autora: Candida Maria Vuolo.
Fig. 132 - Detalhes construtivos. Fonte: Silvia Caiuby,1983. Autora: Virginia Valadão.
A estrutura será inspirada no projeto Vila Taguaí, da ITA Construtora e Arqª Cris Xavier, onde o sistema utilizado foi inteiramente feito por madeira.
123
Fig. 133 - Casa na Tekoa Paranapuã. Fonte e Autor: Jamily Andrade, 2019.
124
S I S T E M A CONSTRUTIVO P A R E D E S
A utilização dos painéis pré-fabricados de madeira se caracteriza pelo reduzido impacto ambiental, pouco desperdício do material e da mão-de-obra, execução rápida e custo controlado. A estrutura da cobertura será separada da casa, permitindo a ventilação e iluminação natural através do pé direito alto. Desta forma, a estrutura das paredes deverão ser autoportantes. A parede é composta por vigotas espaçadas entre si a cada 10 centímetros de eixo à eixo. Transversalmente passam réguas paralelas que proporcional o vazio para passagem de instalação elétrica e hidráulica. Fig. 134 -Ligação Parede x Pilar. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
Fig. 135 - Ligação Parede x Viga. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
Fig. 136 - Parede e laje. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
Fig. 137 - Detalhe da parede. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
Fig. 138 - Detalhe da parede x pilar. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
125
S I S T E M A CONSTRUTIVO L
A
J
E
S
As lajes são semelhantes à estrutura da parede, entretanto pode ser preenchida com concreto e coberto ou não com diversos tipos de piso. As lajes serão distanciadas do solo para melhor desempenho termico e evitar a umidade vinda do solo. Fig. 139 - Detalhe da laje. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
Fig. 140 - Detalhe da laje. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
Fig. 141 - Detalhe da laje coberta com concreto. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
Fig. 142 - Detalhe da laje coberta com concreto e o piso laminado. Fonte e autor: Cris Xavier, 2010.
126
S I S T E M A CONSTRUTIVO COBERTURA
Para a cobertura, será usada a estrutura de madeira laminada colada, criando uma cobertura única para as casas à (fim) de remeter à antiga maloca, onde várias famílias viviam sob o mesmo teto. Os pilares, tem a base de concreto e são ligados por chapas metálicas assim como as vigas que também tem esse mesmo tipo de conexão.
VIGA C H A PA METÁLICA PILAR
PILAR
Fig. 143 - Viga x Pilar. Com intervenções da autora.
CHUMBADOR CHAPA METÁLICA PARAFUSOS BASE DE CONCRETO Fig. 144 - Pilar. Com intervenção da autora
127
Para a cobertura, será usada a estrutura de madeira laminada colada, criando uma cobertura única para as casas à (fim) de remeter à antiga maloca, onde várias famílias viviam sob o mesmo teto. Os pilares, tem a base de concreto e são ligados por chapas metálicas assim como as vigas que também tem essa mesma tipologia de conexão.
TELHA METÁLICA+ ISOLAMENTO TÉRMICO + MANTA OTP. Fig. 145 - Telha. Fonte: Omnitrade
BARROTE VIGA
Fig. 146 - Cobertura. Fonte: Rewood. Com intervenções da autora.
128
S I S T E M A S SUSTENTÁVEIS
Para que a aldeia seja autossuficiente serão usadas técnicas de produção de energia elétrica, gás, fertilizante e água tratada. Para isso serão usadas placas fotovoltaicas, aproveitando a incidência solar para gerar energia. Considerando os baixos gastos de energia devido à eficiência térmica e lumínica das construções, considerando apenas os eletrodomésticos expostos em planta, além da pouca permanência da população indígena na parte interna da casa durante o dia, foi estimado um valor de 190 kWh/mês para a capacidade máxima das casas de 12 pessoas. Seriam utilizadas 6 placas de 1,60 m × 1,00 m para gerar energia para cada casa.
Fig. 147 - Diagrama do sistema solar. Elaborado pela autora.
Quanto aos biodigestores, todos os resíduos de águas cinzas e negras podem ser tratados, tendo como produto final o gás metano que pode ser utilizado na cozinha e também o fertilizante, usado na agricultura. Será instalado 1 biodigestor de 3.000L para cada equipamento de uso comum. Para as residências serão utilizados 1 biodigestor de 1.300L. CAIXA DE
SAÍDA DE GÁS METANO
GORDURA
CAIXA DE INSPEÇÃO
FERTILIZANTE Fig. 148 - Diagrama do biodigestor. Elaborado pela autora.
129
S I S T E M A S SUSTENTÁVEIS
É proposto o aproveitamento da água da chuva, captada pelas calhas. Devido à metragem quadrada das coberturas utilizadas no projeto, a quantidade de água da chuva à ser recolhida requer grandes cisternas que possam acolher a água. Cada construção do projeto seria equipada com uma cisterna enterrada de 5.000L.
CAPTAÇÃO ATRAVÉS DA CALHA
USO DA ÁGUA NOS SANITÁRIOS Fig. 149 - Diagrama do captação de água da chuva. Elaborado pela autora. CISTERNA 2500L
O setor Japuí é o setor que possui maior quantidade de corpos hídricos, nascentes e bicas que poderiam ser utilizados no projeto que aproveita a água gerada nessa área. A rede de abastecimento de água será centralizada com um reservatório único no segundo núcleo e a partir deste reservatório é distribuída pela aldeia. Para o tratamento dessa água será usado uma estação de tratamento compacta ligada aos córregos que passam no núcleo 2. 200M³
50M³
nascentes bicas caixas d’agua Fig. 148 - Hidrografia no setor Japuí. Fonte: Plano de Maenjo do PEXJ, 2010.
APROVEITAMENTO DOS CÓRREGOS NO SETOR JAPUÍ
ETA COMPACTA
RESERVATÓRIO INFERIOR E SUPERIOR
Fig. 150 - Diagrama do tratamento de água. Elaborado pela autora.
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NÚCLEO 1
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5m
15m
Fig. 151 - Planta. Elaborado pela autora, 2020.
30m
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132
CORTE LONGITUDINAL
CORTE TRANSVERSAL 0
5m
15m
Fig. 152- Cortes. Elaborado pela autora, 2020.
30m
133
CORTES
134
N Ú C L E O
1
O plano de implantação começa a partir do ecoturismo já existente. Portanto, no núcleo mais próximo da entrada/saída onde está localizado o Observatório da Marinha. Este núcleo seria destinado principalmente a população externa à aldeia, onde as atividades seriam voltadas à pesquisa científica e aprendizado
Fig. 153 - Setorização. Elaborado pela autora, 2020.
135
Fig. 154 - Tabela: Programa de necessidades. Elaborado pela
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137
NÚCLEO 2 PLANTA
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5m
15m
Fig. 155 - Plantas. Elaborado pela autora, 2020.
30m
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138
CORTE TRANSVERSAL
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(OFICINA) 0
5m
15m
Fig. 156 - Corte. Elaborado pela autora, 2020.
30m
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CORTE TRANSVERSAL
(CASAS)
139
CORTES
140
N Ú C L E O
2
O segundo núcleo é majoritariamente voltado para a população da aldeia, onde se encontra o primeiro núcleo familiar com 8 casas e as oficinas destinadas à produção indígena tanto para venda dos produtos fabricados, quanto para uso próprio. Eventualmente estas oficinas também poderiam receber visitantes para aulas, mas o foco seria a produção pelos indígenas. O projeto propõe oficinas de arte e artesanato, marcenaria e carpintaria, oficina de fotografia e oficina de música.
Fig. 157 - Setorização. Elaborado pela autora, 2020.
141
Fig. 158 - Tabela: Programa de Necessidades. Elaborado pela autora, 2020.
142
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143
NÚCLEO 3
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5m
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Fig. 159 - Planta. Elaborado pela autora, 2020.
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144
CORTE TRANSVERSAL 0
5m
Fig. 160 - Corte. Elaborado pela autora, 2020.
15m
30m
145
C O R T E
146
N Ú C L E O
3
O terceiro núcleo é destinado também à moradia da população indígena do segundo núcleo familiar, voltado para o aprendizado com a implantação da escola no mesmo local onde se localizava a escola anteriormente, com a implantação do viveiro educador, para que o conhecimento indígena sobre o manejo seja ensinado desde criança. A escola se caracteriza como escola rural, onde as aulas podem acontecer em ambiente externo. Esta adaptação deve-se à compreensão de que originalmente este equipamento não existia em uma aldeia indígena e de forma a gerar maior sentimento de pertencimento das crianças ao ambiente foi a solução escolhida.
Fig. 161 - Setorização. Elaborado pela autora, 2020.
147
Fig. 162 - Tabela: Programa de Necessidades. Elaborado pela autora, 2020.
148
Fig. 163 - Escola à esquerda e viveiro à direita. Elaborado pela autora, 2020.
149
E SOB 3% I=8,3
E SOB 3% I=8,3
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150
DE CASAZAS RE
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151
NÚCLEO 4 PLANTA
0
5m
15m
Fig. 164 - Planta. Elaborado pela autora, 2020.
30m
N
152
CORTE LONGITUDINAL
0
5m
15m
Fig. 165 - Corte. Elaborado pela autora, 2020.
30m
153
CORTES
CORTE TRANSVERSAL
154
N Ú C L E O
4
O quarto núcleo se trata do núcleo mais reservado, envolto pela floresta mais densa. Em vista disso, além das casas do terceiro núcleo familiar, está a casa de rezas. Devido à grande importância deste equipamento para a população, ele finaliza o caminho entre os quatro núcleos e é destinado somente ao uso dos indígenas.
Fig. 166 - Setorização. Elaborado pela autora, 2020.
155
Fig. 167 - Tabela: Programa de Necessidades. Elaborado pela autora, 2020.
156
Fig. 168 - Casa de rezas. Elaborado pela autora, 2020.
157
158
VEST. COPA
SALA
A
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IT DEPÓS
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LORES
AGROF
159
NÚCLEO 5 PLANTA VAGA VAGA VAGA VAGA SOBE I=5%
NTO ENAME ARMAZ VAGA SOBE I=5%
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5m
15m
30m
Fig. 169 - Planta. Elaborado pela autora, 2020.
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160
0
5m Fig. 170 - Corte. Elaborado pela autora, 2020.
15m
30m
161
C O R T E
CORTE TRANSVERSAL
162
N Ú C L E O
5
O quinto e último núcleo destina-se somente à produção. Este núcleo propõe a produção de do abastecimento da população interna à aldeia através da agrofloresta em cerca de 3478,90 m². O solo atual é completamente ausente de vegetação, e isto posto, a agrofloresta entraria como o principal agente de recuperação do solo. Neste núcleo se encontra uma sala de reuniões/aprendizagem, o galpão de armazenamento, a loja e o galinheiro. Este núcleo eventualmente teria a participação da população externa para venda da produção excedente.
Fig. 171 - Setorização. Elaborado pela autora, 2020.
163
Fig. 172 - Tabela: Programa de Necessidades. Elaborado pela autora, 2020.
164
Fig. 173 - Casa. Elaborado pela autora, 2020.
165
166
A CASA
A casa é caracterizada pela transiç Devido à ausência de mobiliário c despensa além do além do fogão e implantada no centro da casa próx Devido à presença do fogo, o pé pensadas para abrir completamente família que vive na casa
espaço semi-aberto transição entre ambiente externo e interno dormitório
cozinha a cozinha dentro da construção principal devido À atual configuração das casas na aldeia. dormitório
FACHADA FRONTAL
área molhada e circulação vertical área separada da construção, respeitando a divisão espacial indígena
CORTE LONGITUDINAL
jirau área sem uso definido, podendo mudar de acordo com a necessidade da família. A cozinha e o espaço semi aberto ficam com o pé-direito duplo, remetendo às construções indígenas com pé-direito alto.
CX. D’AGU
JIRAU
cobertura única a cobertura tem beirais generosos e abrigam várias unidades habitacionais. SUPERIOR
Fig. 174 - Diagrama setorização. Elaborado pela autora, 2020.
167
ção suave entre o exterior e o interior, uma vez que, as atividades indígenas ocorrem geralmente do lado de fora. como costume nas casas indígenas, foram colocados apenas guarda-roupas e as prateleiras que servira como e da geladeira. A fogueira também faz parte do programa, como elemento imprescindível na cultura indígena e é ximo à parte frontal para que haja possibilidade de agrupar um maior numero de pessoas junto à parte externa. direito alto e as vedações feitas por elementos vazados, permitiria melhor ventilação. As portas abrem foram e e permitir que a casa se torne parte do externo e vice-versa. O jirau pode ser usado conforme a necessidade da
FACHADA LATERAL
BIODIGESTOR E CISTERNA
CORTE TRANSVERSAL LAVANDERIA DUCHA CIRC. VERTICAL
CIRC. CX. UA VERTICAL D’AGUA
SANIT.
DUCHA
JIRAU
SANIT.
COZ. DORM.
DORM. FOGUEIRA
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15m Fig. 175 - Elaborado pela autora, 2020.
168
Fig. 176 - Casa. Elaborado pela autora, 2020.
169
170
CONSIDERAÇÕES F
I
N
A
I
S
O objetivo deste trabalho foi a partir da base teórica do habitar indígena, propor um habitar contemporâneo com intuito de resgatar alguns costumes no modo de viver, considerar o habitar atual e todo o contexto em que a Tekoa Paranapuã está inserida. As diretrizes do projeto propõem a autonomia da Tekoa e resgate de alguns costumes perdidos com o passar do tempo e com o contato com outras culturas. São observadas as variantes que geram limitações no projeto como a legislação referente às unidades de conservação quanto à ocupação do local, a impossibilidade de uso dos recursos do local e principalmente do entendimento do que seria o habitar tradicional indígena Guarani. Em diversos casos, o habitar atual, em casas pequenas, com cozinha, banheiro e afins, é considerado o modo de habitar tradicional. Por isso, a proposta seria um estudo projetual, não com o intuito de impor uma arquitetura definitiva para os indígenas, mas sim como uma das possíveis soluções em vista da atual situação da Tekoa Paranapuã. As limitações quanto à legislação, como observado no texto, trata-se de um “conflito” entre toda a legislação incidente seja referente aos indígenas quanto ao próprio PEXJ. Este conflito gera diferentes pontos de vista, desta forma, explicando a luta da Tekoa Paranapuã pela demarcação de terras assim como o ponto de vista da Justiça Federal pela não demarcação. A alocação da população no PEXJ é encarada como um fator positivo, uma vez que, assim como nas demais aldeias da Baixada Santista, o uso seria sustentável e praticado pelos nativos que tem um exímio conhecimento sobre o manejo sustentável. A relevância dos resultados obtidos é dada a partir do entendimento de uma cultura completamente diferente e em como é refletida na arquitetura, no modo de viver e de habitar. Portanto, o trabalho baseia-se em todo o referencial teórico e também nos desejos da população da Tekoa e seu contexto, através de um projeto que respeita cultura e também gera moradia digna.
171
172
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