Vinculação e esquemas mal adaptativos precoces em mulheres vítimas de violência nas relações de intimidade que recorrem à APAV Ana Catarina Dias, Laura Lemos, Inês Queiroz Garcia
RESUMO INTRODUÇÃO A preocupação crescente com a violência nas relações de intimidade tem motivado diferentes ações e estudos que pretendem contribuir não só para a compreensão deste fenómeno, mas também para a sua prevenção. A vinculação e as primeiras relações significativas parecem ter influência no estabelecimento de relações futuras. Os esquemas mal adaptativos precoces influenciam também as relações na adultez, podendo ter um papel importante no estabelecimento/manutenção de relações pautadas pela violência.
OBJETIVOS No sentido contribuir para a prevenção e intervenção nas relações íntimas violentas, foi definido como principal objetivo desta investigação a caracterização da amostra a nível sociodemográfico, a descrição da violência na relação de intimidade e a observação dos protótipos de vinculação e dos esquemas mal adaptativos precoces presentes.
MÉTODOS A amostra ficou composta por 19 mulheres, provenientes do Gabinete de Apoio à Vítima de Coimbra. Os instrumentos utilizados foram um Questionário Sociodemográfico, o Questionário de Esquemas de Young (QEY-S3), a Escala de Vinculação do Adulto (EVA) e o Questionário das Experiências em Relações Próximas - Estruturas Relacionais (ERP-ER).
RESULTADOS A maioria das mulheres em estudo encontra-se entre os 36 e os 45 anos de idade, é casada ou divorciada e frequentou o ensino superior. Na sua generalidade, as relações violentas em estudo, já terminaram, mas têm uma duração média superior a 2 anos, sendo que as vitimas só procuraram o apoio da APAV entre há 1 e 6 meses. Foi encontrado o protótipo de vinculação seguro em prevalência, bem como os esquemas Abandono/ Instabilidade, Desconfiança/Abuso, Privação Emocional, Subjugação, Auto-Sacrifício, Negativismo/Pessimismo, Inibição Emocional, Padrões Rígidos/Hipercriticismo e Punição.
CONCLUSÃO O perfil da vítima em estudo é caraterizado por um sentimento de desconfiança e preocupação excessiva, instabilidade emocional, sentimento de desamparo, carência de afeto e inibição da própria vontade em prol do outro. Como se tratou de um estudo descritivo, espera-se que todas as elações que se possam retirar, sejam úteis, especificamente para quem trabalha diretamente com esta população.
PALAVRAS-CHAVE Vítimas; violência nas relações de intimidade; vinculação; esquemas mal adaptativos precoces.
miscellanea APAV 7