Pesquisa Reabertura das Escolas em São Paulo 2020-2021

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Pesquisa sobre PERCEPÇÃO DE COMUNIDADES ESCOLARES acerca das possibilidades de REABERTURA DAS ESCOLAS EM SÃO PAULO 2020-2021

Agosto 2021

e

ESTUDOS EM MOBILIDADE


FICHA TÉCNICA 46 páginas: 21,59 x 27,94 cm. Agosto 2021 Realização, idealização, diagramação, tratamento e análise de dados:

e

ESTUDOS EM MOBILIDADE

Desde a sua fundação, em 2012, o apē – estudos em mobilidade se empenha em construir coletivamente conhecimentos sobre mobilidade urbana, cidade e educação. Acreditando na importância da discussão pública e do acesso à informação, o apē organiza encontros de estudos abertos, que dialogam com os projetos educativos, de intervenção urbana e de consultoria técnica que desenvolve junto com instituições, órgãos públicos, e outros grupos de ação na cidade. Ao longo de mais de 8 anos, o grupo promoveu diversos debates, ações e pesquisas em mobilidade e educação, e apresentou os seus trabalhos em congressos nacionais e estrangeiros.

EQUIPE

http://apemobilidade.org/ ape@apemobilidade.org

Carolina Barreiros

Júlia Savaglia Anversa

María Fernanda Arias Godoy

Marieta Colucci Ribeiro

Tayná Nascimento Messinetti

O Move EP é um grupo de estudos de mobilidade que nasceu dentro do Escritório Piloto, grupo de extensão voltado ao debate e à análise das inúmeras questões que envolvem o ambiente universitário e o papel social desempenhado pelos alunos da Universidade de São Paulo. Criado por alunes e ex-alunes da Escola Politécnica da USP, o Move EP tem como objetivo criar um espaço acessível de discussão sobre os principais desafios presentes no contexto da mobilidade de passageires em grandes centros urbanos, principalmente na região Metropolitana de São Paulo. Acolhendo estudantes das demais instituições da Universidade, o grupo foca no aprendizado teórico e no entendimento das principais questões compreendidas pelo tema.

EQUIPE

ep.move

Camila dos Santos Antão

Filipe Sena

Gil Andrade

Guilherme Barroso

Marcelo Ribeiro Favilla


INTRODUÇÃO p.5 Pesquisa sobre Percepção de Comunidades Escolares acerca das possibilidades de Reabertura das Escolas 2020-2021 CONTEXTO p.7

PESQUISA p.11

RESULTADOS A. Acesso a informação B. Preocupação sobre a reabertura C. Condições das escolas para a reabertura D. Condições dos espaços públicos no entorno das escolas para a reabertura E. Mudanças de comportamento de transporte

p.15 p.17 p.21 p.29 p.35 p.39

CONCLUSÃO p.43

DESDOBRAMENTOS p.45

ÍNDICE


4|


INTRODUÇÃO Este documento é resultado de um trabalho conjunto realizado pelo apē - estudos em mobilidade, organização que se empenha em construir coletivamente conhecimentos sobre mobilidade urbana, cidade e educação, e o Move Ep, grupo de estudos composto por alunos de graduação e pós-graduação da Universidade de São Paulo. Nele, são expostos e comentados os resultados obtidos com a aplicação da pesquisa “Percepção de comunidades escolares acerca das possibilidades de Reabertura das Escolas”, entre novembro de 2020 e julho de 2021, direcionada a pessoas adultas envolvidas com a educação básica no contexto de retomada das atividades presenciais em escolas de Ensino Infantil e Fundamental da cidade de São Paulo. Os movimentos de fechamento e reabertura de instituições de ensino têm sido pauta de inúmeros debates entre grupos da sociedade civil desde o início da pandemia do novo coronavírus, motivando reflexões acerca dos impactos causados à saúde, à aprendizagem e ao bem estar de crianças e adolescentes, suas famílias e profissionais da educação. Nesse sentido, o mapeamento e registro dos sentimentos despertados pelos

anúncios de reabertura das escolas somamse aos volumosos estudos e contribuições feitas no sentido de atenuar os efeitos nocivos deste período na vida da comunidade como um todo. Assim, apē e Move Ep se uniram em um processo que se desdobra não só no presente documento, como em um projeto maior de estudos e proposições que têm motivado as ações dos grupos desde o último ano. Reconhecer as necessidades, medos e anseios de uma parte do público diretamente impactado pelas mudanças nas rotinas da educação contribui para a construção de projetos, especialmente relacionados à educação e ao território, mais sensíveis e atentos a essas subjetividades.

|5


Não há uma preocupação efetiva. Não há atendimento médico suficiente, não há testes, nem interesse do poder público em investir para que as escolar atendam um número menor de crianças evitando aglomerações e permitindo que as crianças possam de fato ser atendidas em suas necessidades. O país está um caos!” Resposta de um/a participante Professor/a ou técnico/a de ensino 8 de dezembro de 2020

Contágio Comunitário é compreendido quando não é possível rastrear a cadeia de contágio, ou seja, não é possível determinar de quem a pessoa infectada pegou o vírus. Fonte: OPAS, 2021. 2 Estabelecimentos considerados não essenciais: escolas, comércios, teatros, cinemas, escritórios, entre outros. 3 É possível ler mais sobre o assunto em: https://bbc.in/37VLzqi e https://bit.ly/3mcC7He 4 É possível ler mais sobre o assunto em: https://glo.bo/2UuL3MC 5 É possível ler mais sobre o assunto em: https://bit.ly/3D1Nvvx 1

6|


A epidemia do SARS-COV-2, o novo coronavírus, vem sendo noticiada desde o final de 2019, quando surgem os primeiros focos da doença (COVID-19) em Wuhan, China. Confirmado mundialmente o aumento acelerado da contaminação, ou contágio comunitário1, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decreta estado de pandemia em 11 de março de 2020. O decreto incentivou a adoção de novos modos de organização de todos os países impactados, principalmente, a restrição de circulação e aglomeração de pessoas em seus territórios. No Brasil, foi decretada emergência sanitária em 04 de fevereiro de 2020 pelo Ministério da Saúde, porém, somente a partir do decreto da OMS é que estados e municípios adotaram medidas de isolamento social baseadas, principalmente, nos índices de saturação do sistema de saúde local e de contaminação e mortalidade da população. Em São Paulo, as primeiras medidas governamentais começaram a ser realizadas a partir do decreto de 16 de março de 2020, que determinou o fechamento de serviços e estabelecimentos não essenciais2 e restringiu o funcionamento dos demais. A partir da criação do “Plano São Paulo”, em junho de 2020, o governo estadual passou a organizar as informações e orientações de enfrentamento da pandemia na plataforma. Ainda que as escolas não tenham

CONTEXTO

sido consideradas equipamentos essenciais até abril de 2021, o governo cogitou por diversas vezes a volta às aulas devido à pressão popular, à saúde psicológica das crianças e à defasagem no ensino3. Contudo, as estruturas existentes nas escolas, principalmente nas públicas, e as curvas de contaminação elevadas, não eram suficientes para garantir o cumprimento dos protocolos sanitários, como foi noticiado de junho a agosto. Em setembro, foi cogitada a volta às aulas ainda para 2020, mas a partir de novembro, é que a volta às aulas foi projetada para 2021, independentemente das curvas de contaminação. Em janeiro de 2021, apesar do início da vacinação em São Paulo, a educação não era considerada como serviço essencial, o que colocou a maior parte dos profissionais ativos distantes na linha da vacina. As escolas iniciaram as atividades presenciais com número reduzido de alunos em fevereiro, mas com a alta das contaminações, voltaram a fechar entre março e abril4. A partir de abril de 2021, os professores iniciaram a vacinação e em junho, todos os profissionais da educação foram contemplados no programa. O governo prevê que a retomada de todos os alunos presencialmente nas escolas aconteça em agosto de 2021, caso seja possível garantir alguns protocolos indicados pelo governo5. Contexto | 7


Junho, 2020

Março, 2020

8 | Contexto

Setembro, 2020

Agosto, 2020

Dezembro

Novembro, 2020


o, 2020

Junho 2021

Abril, 2020

Março, 2021

Maio 2021

Contexto | 9


10 |


Os dados desta pesquisa foram coletados de forma remota entre os meses de novembro de 2020 e janeiro de 2021, em meio ao anúncio de retomada de atividades presenciais nas escolas da cidade de São Paulo. Inicialmente foram aplicados questionários online via Google Formulários e, depois, a mesma estrutura de questões foi adaptada e disseminada aos potenciais participantes pelo Whatsapp, com auxílio de um bot. A participação foi individual e única, evitando assim a duplicidade de respostas nas diferentes plataformas. Contagem de Timestamp

PESQUISA

O público-alvo da pesquisa foi composto por pessoas adultas diretamente impactadas pela retomada das aulas presenciais, entre elas, o corpo docente e técnico das instituições de ensino públicas ou privadas, e famílias de crianças matriculadas nos ensinos infantil e fundamental. Também houve a possibilidade de participação de arquitetas e urbanistas com atuação em escritórios públicos ou privados em projetos relativos às infâncias na cidade. Ao todo, foram 152 respostas, divididas da seguinte maneira de acordo com o perfil de participantes:

0,7% 0,7% 7,9% 7,9%

10,5% 10,5%

42,1% 42,1%

Diretor/a ou coordenador/a de escola

38,8% 38,8%

Familiar da criança do ensino infantil e/ ou fundamental

Professor/a ou técnico/a do ensino infantil e/ou fundamental

Profissional de urbanismo ou educação em associação /instituto

Profissional de urbanismo ou educação no poder público

Relação da(o) respondente com a escola Pesquisa | 11


"Trabalho em escola..." Ao total, foram 80 profissionais da educação participando do levantamento, considerando-se os 64 professores/as e técnicos/as das instituições de ensino e as 16 pessoas dos grupos de direção ou coordenação das mesmas. Entre elas, 16 trabalham em escolas privadas ante 63 que atuam em escolas públicas da cidade, numa proporção de 1:4. Somente uma participante atua tanto na rede pública quanto na privada.

"Meu/minha filho/a frequenta escola..." Com relação às 59 respostas de familiares de crianças em idade escolar, a divisão das matrículas em instituições públicas e privadas apresenta equilíbrio entre as duas redes, de acordo com o gráfico a seguir: Distribuição geográfica das escolas: Outro dado coletado corresponde à localização das instituições de ensino mencionadas pelos participantes da pesquisa. Em decorrência da opção por apresentar o campo em formato aberto de resposta, os resultados gerados foram ampliados, incluindo mais de 45 bairros e distritos. Buscando apresentá-los graficamente neste relatório, optou-se por usar como base a divisão centro expandido e demais zonas do município, de acordo com padrão adotado pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Dessa forma foram, ao todo, 56 participantes ligados a instituições do centro expandido frente a 86 que frequentam escolas nas demais regiões da cidade. 12 | Pesquisa

Contagem de Timestamp 1,3% 1,3% (1)

20,0% 20,0% (16)

78,8% 78,8% (63)

Pública

Privada

Pública e Privada

Tipo de administração da escola da equipe escolar respondente

Contagem de Timestamp

49,2% 49,2%

50,8% 50,8%

Pública

Privada

Tipo de administração da escola que frequentam as(os) filhas(os) dos familiares respondentes

COUNTA of Região

39,4% 39,4% (56)

60,6% 60,6% (86)

Centro Expandidos

Demais Áreas

Distribuição geográfica das escolas


Segundo dados da CET4, a região do centro expandido é delimitada pelo chamado mini-anel viário, composto por diversas avenidas ao sul e à leste, e os dois maiores cursos d’água da cidade, os rios Tietê e Pinheiros, ao norte e à oeste, respectivamente. Essa divisão, relacionada oficialmente à ordenação dos deslocamentos rodoviários pela cidade, corresponde, por outro lado, a importantes fatores da desigualdade sócio espacial que marcam a cidade de São Paulo, sendo os habitantes da região central privilegiados em termos econômicos e de

acesso a bens e serviços, como empregos, equipamentos de cultura e lazer, entre outros. Essa condição, atualmente, se vê agravada em consequência dos efeitos da pandemia sobre a renda, os danos à saúde e o acesso ao ensino remoto, que impactou de maneira desproporcional as classes trabalhadoras das regiões mais pobres5. Cabe mencionar que as escolas públicas são consideradas os equipamentos mais capilarizados pelo território, abrangendo todos os distritos da capital de forma relativamente homogênea.

Legenda Centro Expandido Demais Áreas

Fonte: CET - Companhia de Engenharia de Tráfego. 5 Fontes: Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo, 2020; apē – estudos em mobilidade, 2021. 4

Mapa da divisão geográfica proposta Pesquisa | 13


Poucas informações, nenhum diálogo e reflexão sobre as transformações necessárias, tanto a despeito da pandemia, como práticas educativas. A pandemia escancarou desigualdades sem fim, não é possível seguir para o “novo normal”. Simplesmente colocar máscara e seguir a vida. A rachadura social é grande, necessário maturidade, dialogicidade, política pública e amor” Resposta de um/a participante Familiar de criança 16 de janeiro de 2021

A especificidade da educação infantil, onde se incentiva a socialização e o contato com o outro, inclusive físico no aprendizado, não condiz com as exigências de segurança” Resposta de um/a participante Professor/a ou técnico/a de ensino 21 de janeiro de 2021

O mínimo para a volta às aulas seria pelo menos um laudo garantindo que a estrutura das escolas é segura, um numero maior de professoras, quadro de apoio e de limpeza para garantir o protocolo” Resposta de um/a participante Familiar de criança 22 de janeiro de 2021

Criação de um espaço seguro para deslocamento até o parque ou praça e a criação deste espaço, pois não há próximo as escolas dos meus filhos” Resposta de um/a participante Familiar de criança 18 de janeiro de 2021

14 |


Os dados obtidos foram estruturados em cinco partes com intuito de apresentar as inquietações da comunidade escolar por temas:

A. Acesso a informação B. Preocupação sobre a reabertura C. Condições das escolas para a reabertura D. Condições dos espaços públicos no entorno das escolas para a reabertura E. Mudanças de comportamento de transporte Na parte A. Acesso a informação, agruparam-se as respostas com relação às informações que os participantes recebem pelos órgãos públicos e por outros meios de comunicação. Na parte B. Preocupação sobre a reabertura, indaga-se sobre a apreensão em relação a abertura das escolas, tanto para o próprio participante como sobre sua percepção em relação aos outros grupos da comunidade escolar, incluindo as crianças. Pergunta-se também às cuidadoras e cuidadores como se sentem sobre permitir que seus filhos voltem às aulas sem vacina. Nas partes C. Condições das escolas para a reabertura e D. Condições dos espaços públicos no entorno das escolas para a

RESULTADOS

reabertura, apresentam-se as percepções sobre os espaços internos, externos e dos entorno escolares, no contexto de receber as crianças novamente para atividades escolares, considerando as novas necessidades e protocolos sanitários. Finalmente, na parte E. Mudanças de comportamento de transporte, apresentam-se as respostas com relação aos modos utilizados para a realização dos deslocamentos até as unidades escolares antes da pandemia e quais pretendem-se utilizar no cenário da retomada.

Resultados | 15


Não fica claro pra mim, como professora, como vai ser feita a logística de quantidade de alunos nas escolas públicas. E também não fica claro como será feito o trabalho remeto e presencial ao mesmo tempo” Resposta de um/a participante Professor/a ou técnico/a de ensino 15 de janeiro de 2021

16 |


Desde a identificação dos primeiros casos de Covid-19 em São Paulo, foram muitas as variações de diretrizes e indicações divulgadas a partir de meios de comunicação oficiais do governo, bem como de todos os outros meios midiáticos. Os cronogramas de encerramento de equipamentos públicos e privados sofreram diversos reajustes, assim como as regras que direcionam o funcionamento restrito das instituições que se mantêm abertas. Neste contexto, as informações que chegam aos trabalhadores e, no caso das escolas, também às famílias, adquirem grande importância na salvaguarda das práticas laborais e na procura e usufruto dos serviços com a maior segurança possível.

Tenho recebido o suficiente

14%

ACESSO A INFORMAÇÃO

Como resultado das perguntas relativas ao direcionamento e acesso a informações sobre a possível reabertura das escolas e respectivas regras de funcionamento dos espaços e de atendimento ao público, a maioria das pessoas que responderam à pesquisa demonstram não se sentir suficientemente informadas: 18% das pessoas declararam não receber informações da Secretaria de Educação e 66% sente falta de receber mais.

A.1. Em relação às informações fornecidas pela Secretaria da Educação ou outro órgão público, a respeito das novas regras para escolas, você sente:

16%

15%

71%

66%

13%

18%

Demais Áreas

Total

Sinto falta de mais informações Não tenho recebido

59%

27% Classificação geográfica

Centro Expandido

| 17


A.1. Em relação às informações fornecidas pela Secretaria da Educação ou outro órgão público, a respeito das novas regras para escolas, você sente:

Tenho recebido o suficiente

80%

75%

Sinto falta de mais informações Não tenho recebido

59%

60% 40% 20%

24%

17%

13%

12%

0% Tipo de escola

Privada

Em relação à informação que recebem via meios de comunicação, a porcentagem total de pessoas que refere não ter recebido informação desce dos 18% para os 10%. Em ambas as perguntas, podemos observar que as pessoas que moram nas regiões menos centrais da cidade sentem mais a falta de informação do que as que moram na região central. Mesmo assim, nos dois casos, a taxa de percepção acerca da falta de mais informação é superior aos 65%.

18 | Acesso a informação

Pública

Outro fator importante é o de que as pessoas que trabalham, ou cujas crianças usufruem do ensino público, sentem maior falta de informações relativas às novas regras para o funcionamento das escolas do que as que trabalham ou usufruem de escolas privadas. Observa-se que 24% das pessoas que responderam e que estão ligadas a escolas particulares referem ter acesso a informação suficiente por parte da Secretaria de Educação, comparativamente a apenas 12% das pessoas relacionadas a escolas públicas.


A.2. Em relação às informações fornecidas por meios de comunicação (televisão, redes sociais, ou outros), a respeito das novas regras para escolas, você sente:

Tenho recebido o suficiente

20%

Sinto falta de mais informações

26%

24%

68%

66%

6% Demais Áreas

Total

Não tenho recebido 63%

18% Classificação geográfica

Centro Expandido

10%

80%

72%

60%

57%

40%

35% 20%

20% 9%

9%

0% Tipo de escola

Privada

Pública

| 19


Apesar dos riscos, não vejo ninguém preocupado com a situação psicológica das crianças fora da escola!! Estão regredindo em capacitação, muitas vezes convívio difícil dentro de casa! Escola é o melhor lugar para as crianças e a sociedade e poder público devem se unir para trazê-las de volta com segurança!” Resposta de um/a participante Familiar da criança de ensino 9 de dezembro de 2020

20 |


PREOCUPAÇÃO SOBRE A REABERTURA Ao longo dos meses foram várias as alterações de previsão de reabertura das escolas desde a suspensão das aulas presenciais nas escolas estaduais e municipais de São Paulo, em 23 de março de 2020. Oito meses depois, quando iniciou-se esta pesquisa, ainda não era certa a data de retorno e as opiniões divergiam, considerando a gravidade contínua da propagação do vírus e a urgência social e educativa de crianças, junto à pressão profissional das famílias. Ao longo dos meses, diferentes movimentos lutaram pelos direitos dos professores à vacina antes do regresso às aulas, assegurando também o retorno seguro das crianças a um ambiente social coletivo, importante para o seu desenvolvimento. Neste caso, e já após a

Tranquila/o

18%

Preocupada/o Muito preocupada

realização desta pesquisa, a pressão realizada por diferentes grupos acabou por assegurar o adiantamento da vacinação dos professores a nível municipal e estadual. Desta forma, antes da aprovação desta medida direcionada aos professores, apesar de existirem algumas divergências de posicionamento no que diz respeito à reabertura das escolas, ficou claro que a grande maioria das pessoas considerava esta possibilidade com grande preocupação. Segundo as respostas, 61% das pessoas se sentiam muito preocupadas face à possibilidade de reabertura das escolas, 27% se declararam preocupadas, e apenas 12% se mostraram tranquilas. B.1. Em relação à possibilidade de reabertura das escolas, você se sente:

8% 21%

38% 71%

12% 27%

61%

45% Classificação geográfica

Centro Expandido

Demais Áreas

Total | 21


Destaca-se que as respostas dadas por pessoas que vivem ou trabalham fora da região do centro expandido se sentem mais preocupadas e menos tranquilas com esta possibilidade. Comparando os números, 71% das pessoas de fora do centro dizem estar muito preocupadas, enquanto apenas 45% das que trabalham ou vivem no centro apresentam este sentimento.

Tranquila/o Preocupada/o Muito preocupada

B.1. Em relação à possibilidade de reabertura das escolas, você se sente:

80%

73%

60% 40%

43% 33% 24%

20%

20% 8%

0% Tipo de escola

22 | Preocupação sobre a reabertura

Privada

Pública


Mais uma vez, os números indicam uma grande discrepância entre a percepção de condições de segurança de pessoas que moram ou usufruem destas duas áreas distintas da cidade, com uma diferença de mais de 25% das respostas recebidas.

B.1. Em relação à possibilidade de reabertura das escolas, você se sente:

Escola do Ensino Infantil e/ou Fundamental Pública Professor/a ou Técnico/a N=52

71%

Familiar da criança N=29

72%

Diretor/a ou Coordenador/a N=13 31%

Familiar da criança N=30

33%

Escola do Ensino Infantil e/ou Fundamental Privada

14%

77%

Professor/a ou Técnico/a N=12

Diretor/a ou Coordenador/a N=3

24% 14%

15% 46%

8%

23%

47%

33% Tranquila/o

4%

20% 67%

Preocupada/o

Muito preocupada

Grupo e Tipo de escola

| 23


66% dos participantes sentem que os professores e diretores das escolas estão muito preocupados com a possibilidade de reabertura das escolas e que apenas 8% se sentem tranquilos.

B.2. Segundo a sua vivência, por conta da futura reabertura das escolas, as professoras e diretoras das escolas sentem-se:

9%

Tranquila/o Preocupada/o

7% 18%

8% 26%

75%

66%

Demais Áreas

Total

38%

Muito preocupada

54% Classificação geográfica

Centro Expandido

80%

80% 60% 40%

35%

41% 24%

20%

Tipo de escola

24 | Preocupação sobre a reabertura

0%

18% 1%

Privada

Pública


No que diz respeito às famílias, as pessoas sentem que estas se mostram menos preocupadas que os profissionais que trabalham nas escolas, sendo que 40% acha que as famílias se sentem muito preocupadas com esta perspectiva, 43% que estas se sentem preocupadas e 17% que se sentem tranquilas (mais do que o dobro das respostas em relação aos profissionais que trabalham nas escolas).

Tranquila/o

B.3. Segundo a sua vivência, por conta da futura reabertura das escolas, as famílias sentem-se:

13%

17%

45%

43%

36%

43%

40%

Centro Expandido

Demais Áreas

Total

23%

Preocupada/o Muito preocupada

41%

Classificação geográfica

60% 50% 39%

40%

20%

46%

39%

22%

4% Tipo de escola

0%

Privada

Pública

| 25


Os números invertem-se quando a pergunta é sobre a percepção sobre a sensação das crianças sobre um futuro retorno às aulas presenciais: 16% acreditam que crianças se sentem muito preocupadas, 15% podem estar preocupadas e 39% estão tranquilas com esta possibilidade. Também nestas duas perguntas, as pessoas que trabalham e vivem fora da área do centro expandido consideram que tanto famílias quanto crianças se sentem mais preocupadas e menos tranquilas com a reabertura das escolas do que as pessoas que moram ou trabalham na área central da cidade.

B.4. Segundo a sua vivência, por conta da futura reabertura das escolas, as crianças sentem-se:

Tranquila/o Preocupada/o

41%

38%

39%

45%

45%

45%

14%

17%

16%

Centro Expandido

Demais Áreas

Total

Muito preocupada

Classificação geográfica

59%

60%

50% 40%

33%

30% 20%

20% 9% 0% Tipo de escola

26 | Preocupação sobre a reabertura

Privada

Pública


Acerca da pergunta ‘Você pretende deixar sua filha/seu filho retornar à escola antes da vacina?’, quase metade das respostas foram negativas (48%), cerca de um terço foram positivas (29% responderam que pretendiam deixar), e as restantes demonstraram dúvidas quanto a esta decisão (23% responderam ’talvez’). Relembramos que esta pesquisa foi realizada até dia 22 de fevereiro de 2021, quando o plano de vacinação em São Paulo havia começado há menos de um mês.

Sim

B.5. Você pretende deixar seu filho retornar à escola antes da vacina?

21%

25%

Talvez

23%

18%

Não

29%

39% 61%

48%

36% Classificação geográfica

Centro Expandido

Demais Áreas

59%

60% 40%

Total

33%

37%

30% 21%

20%

21%

0% Tipo de escola

Privada

Pública

| 27


Espaço físico das salas, hoje temos 30 a 32 alunos matriculados em todas as salas. Não comporta se seguirmos o distanciamento... Minha escola é integral (das 7 às 16 hs), pelas orientações devemos seguir esse horário, não temos espaço físico para cumprir o distanciamento” Resposta de um/a participante Professor/a ou técnico/a de ensino 20 de janeiro de 2021

28 |


CONDIÇÕES DAS ESCOLAS PARA A REABERTURA Considerando a diversidade de fatores que podem contribuir para a maior segurança no regresso aos espaços da cidade, ponderando distâncias de segurança entre pessoas, higienização de materiais e sensação de confiança das pessoas que os usam, os espaços escolares e as possibilidades de melhoria são aspectos centrais a serem pensados de forma conjunta por arquitetos, urbanistas, políticos, educadores, famílias e crianças. Relativo a este tema, ficou clara a pouca confiança que as pessoas têm nas condições físicas das escolas para o regresso seguro às aulas presenciais: 64% das pessoas considera que os espaços internos das

Sim, mas poderia melhorar Sim Não

escolas não apresentam boas condições para convivência segura em relação à situação da pandemia, enquanto 28% considera que seriam necessárias melhorias nesses lugares e apenas 8% que os espaços cumpririam esse requisito. Da totalidade de pessoas que respondeu de forma mais negativa em relação às condições dos espaços escolares, 52% mora ou usufrui das escolas na área do centro expandido, enquanto, do conjunto de pessoas que vive noutras regiões, soma-se 72% com esta percepção sobre os edifícios de ensino. C.1. Sente que os espaços internos das escolas (salas, pátios, espaço de refeições, banheiros, outros) têm boas condições para a convivência segura em relação à futura reabertura?

20% 41%

8%

28% 8%

7% 72% 52%

Classificação geográfica

Centro Expandido

Demais Áreas

64%

Total | 29


C.1. Sente que os espaços internos das escolas (salas, pátios, espaço de refeições, banheiros, outros) têm boas condições para a convivência segura em relação à futura reabertura?

Sim, mas poderia melhorar Sim Não

80%

72%

60% 46% 37%

40% 20%

24%

17% 4%

0% Tipo de escola

30 | Condições das escolas para a reabertura

Privada

Pública


C.1. Sente que os espaços internos das escolas (salas, pátios, espaço de refeições, banheiros, outros) têm boas condições para a convivência segura em relação à futura reabertura?

Escola do Ensino Infantil e/ou Fundamental Pública Professor/a ou Técnico/a N=52

80%

Familiar da criança N=29

62%

Diretor/a ou Coordenador/a N=13

62%

Professor/a ou Técnico/a N=12

62%

Familiar da criança N=30 Diretor/a ou Coordenador/a N=3 Escola do Ensino Infantil e/ou Fundamental Privada

2%

7%

31%

8%

31%

38%

40%

20%

33% Sim, mas poderia melhorar

18%

40%

67% Sim

Não

Grupo e Tipo de escola

| 31


A grande maioria das pessoas sente que não haverá apoio suficiente por parte do poder público para garantir uma reabertura segura das escolas (76% - ‘não’; 20% - ‘em parte’; 5% - ‘sim).

C.2. Sente que as escolas terão apoio financeiro, logístico e de recursos humanos suficiente, por parte do poder público, para a reabertura em segurança?

5%

5%

5%

73%

77%

76%

21%

18%

20%

Centro Expandido

Demais Áreas

Total

Em parte Sim Não

Classificação geográfica

80%

77%

74%

60% 40% 20%

20%

15%

11%

3%

0% Tipo de escola

32 | Condições das escolas para a reabertura

Privada

Pública


Além do poder público, também consideram que a mobilização de instituições que apoiem as escolas num possível momento de reabertura às crianças e profissionais não será forte (76%), sendo que esta percepção é muito mais alta fora da zona central (87% comparado com 59% das pessoas que responderam desde o centro expandido).

C.3.Sente que há uma mobilização de associações e instituições além do poder público, para apoio às escolas, relativamente às novas regras escolares?

Sim

13%

Não

24%

41%

87%

76%

59%

Classificação geográfica

Centro Expandido

Demais Áreas

Total

85%

80% 67% 60% 40%

33%

20%

15%

0% Tipo de escola

Privada

Pública

| 33


Os espaços públicos em área livre próximos as escolas de periferia das grandes cidades são praticamente inexistentes. É preciso de fato conhecer esses locais antes de sair “orientando” o uso desses espaços como possíveis locais de aula. E quando tem algum próximo estão em uma situação em que dificilmente seria possível o seu uso” Resposta de um/a participante Professor/a ou técnico/a de ensino 05 de janeiro de 2021

34 |


CONDIÇÕES DOS ESPAÇOS PÚBLICOS NO ENTORNO DAS ESCOLAS PARA A REABERTURA A possibilidade de uso dos espaços públicos como apoio às instituições escolares de forma a garantir a distância de segurança entre crianças e jovens, e as vantagens de estar ao ar livre (que reduzem a probabilidade de transmissão do vírus), tem sido testada e usufruída em diferentes cidades do mundo. Somam-se à melhoria sanitária as diversas vantagens educativas do contato com o território e comunidade vizinha nos processos de aprendizagem. Apesar das condições climáticas favoráveis, e de algumas experiências sendo realizadas neste sentido, no Brasil esta não tem sido uma opção fortemente debatida entre instituições e poder público e, como demonstram as respostas a esta pesquisa, trazem alguma reserva a famílias e profissionais.

Face à possibilidade de uso de espaços públicos no entorno das escolas para apoio às atividades pedagógicas, metade das pessoas se sente insegura e a outra metade pondera, seguindo a seguinte ordem: 13% - ‘segura nas condições atuais’; 25% ‘segura em caso de melhoria nesses espaços’; 13% - ‘não sei dizer’. A sensação de segurança em relação ao uso dos espaços públicos para atividades pedagógicas para pessoas que vivem e/ou trabalham no centro expandido é três vezes maior do que as que moram ou trabalham nas zonas mais afastadas desta região, enquanto a sensação de insegurança é menos de metade (30% no centro expandido face a 62% nas demais áreas).

| 35


D.1. Segundo a sua vivência, como você se sente em relação ao uso dos espaços públicos no entorno das escolas (praças, parques, largos, outros) para a realização de atividades pedagógicas?

Insegura/o

7%

21%

20%

Não sei dizer

13%

14%

Segura/o nas condições atuais

25%

11%

34%

Segura/o caso haja melhorias nos espaços

13%

62%

50%

30% Classificação geográfica

Centro Expandido

No gráfico seguinte é clara a diferença entre a percepção de segurança sobre o uso dos espaços públicos no entorno das escolas para atividades pedagógicas das pessoas que trabalham ou cujas crianças frequentam instituições públicas em relação às de escolas privadas: 63% dizem sentir-se inseguras sobre o uso dos espaços públicos no entorno de escolas públicas, e só 7% referem sentir-

Insegura/o

Demais Áreas

Total

se seguras nas condições atuais, enquanto nas escolas privadas, a porcentagem de pessoas que se sente insegura sobre o uso destes espaços desce para 28%, e 26% diz sentir-se segura com as condições atuais dos espaços para este tipo de uso.

63%

60%

Não sei dizer Segura/o caso haja melhorias nos espaços

40% 28%

Segura/o nas condições 20% atuais

28%

26%

21%

17% 10%

0% Tipo de escola

Privada

36 | Condições dos espaços públicos no entorno das escolas para a reabertura

Pública

7%


D.1. Segundo a sua vivência, como você se sente em relação ao uso dos espaços públicos no entorno das escolas (praças, parques, largos, outros) para a realização de atividades pedagógicas? Escola do Ensino Infantil e/ou Fundamental Pública Professor/a ou Técnico/a N=52

67%

Familiar da criança N=29

52%

Diretor/a ou Coordenador/a N=13 Professor/a ou Técnico/a N=12 Familiar da criança N=30

14%

15%

13%

Não sei dizer

23%

38%

15%

27%

30%

67% Insegura/o

21%

8%

31% 30%

24%

14%

69%

Diretor/a ou Coordenador/a N=3 Escola do Ensino Infantil e/ou Fundamental Privada

8%

33% Segura/o caso haja melhorias nos espaços

Segura/o nas condições atuais

Grupo e Tipo de escola D.2. Entre os espaços ou serviços externos das escolas que acha que precisariam se adaptar prioritariamente de forma a ajudar a reabertura com mais segurança, quais os que apontaria como principais:

Transporte público Transporte escolar

Controle de tráfego (velocidade e quantidade de veículos na rua da escola) Calçadas das ruas próximas à escola

Praças e largos UBS ou outros serviços de saúde próximos

36,2% 69,6%

68,8%

55,8%

30,4% 32,6%

| 37


Como retornar com segurança, se a estrutura antiga das escolas não permite circulação de ar, são janelas que não abrem, não podemos usar o ventilador. Não há funcionários de limpeza suficientes, nem funcionários de apoio suficientes. Alunos e professores pegam os meios de transporte lotados. Não sei se só máscara e álcool gel sejam suficientes para dar a segurança necessária” Resposta de um/a participante Professor/a ou técnico/a de ensino 16 de fevereiro de 2021

38 |


MUDANÇAS DE COMPORTAMENTO DE TRANSPORTE A questão da mobilidade foi referida inúmeras vezes desde o início da pandemia, considerando a imobilização física urbana como uma das medidas mais eficazes na prevenção da propagação do vírus. Rapidamente se tornou clara a desigualdade social no enfrentamento à pandemia e na possibilidade de cumprimento do isolamento aconselhado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Muitas pessoas tiveram de seguir com seus trabalhos fora de casa e continuaram usando transporte público,

mesmo com a redução periódica de frota e o constante risco de contágio. Neste sentido, o acesso às escolas tornou-se também campo de reflexões no que diz respeito à segurança nos percursos a realizar.

E.1. De que forma você costumava ir até a escola (antes da pandemia)?

A pé Bicicleta

22%

Transporte escolar

4%

Transporte particular (carro/moto)

31%

Transporte por aplicativo

8% 6%

Transporte público

Classificação geográfica

29% Centro Expandido

15% 4%

18% 4% 51%

63%

1%

6% 11%

Demais Áreas

3% 7% 18% Total

| 39


Considerando as respostas às perguntas sobre o modo de transporte utilizado para ir à escola antes da pandemia e qual pretendem usar após a pandemia, as alterações não foram muitas, sendo mesmo assim importante destacar a redução na perspectiva de uso de transporte escolar (de 8% para 6% na área do centro expandido, e de 6% para 1% nas demais áreas), e de transporte público (de 22% para 20% na área do centro expandido, e de 15% para 11% nas demais áreas da cidade).

A pé Bicicleta

E.1. De que forma você costumava ir até a escola (antes da pandemia)?

64%

60%

Transporte escolar Transporte particular (carro/moto) Transporte por aplicativo Transporte público

40% 30%

26%

20%

0% Tipo de escola

40 | Mundanças de comportamento de transporte

15%

11%

15%

17%

13% 2% 3%

2% Privada

Pública

0%


Pelo contrário, os únicos valores em que observamos o aumento na previsão de uso são os de transporte particular (de 4% na área do centro expandido, e de 6% nas demais áreas da cidade), e também no deslocamento a pé, apenas considerando as pessoas que moram ou cujas crianças estudam nas áreas fora do centro expandido, passando de 11% que se deslocavam caminhando, para uma previsão de 14%.

A pé

E.2. Com o retorno às aulas, qual meio de transporte você pretende usar para ir até a escola?

11% 4%

20%

Bicicleta

15% 4%

4%

Transporte escolar Transporte particular (carro/moto)

35%

Transporte por aplicativo

6% 6%

Transporte público

29% Classificação geográfica

56%

69%

Centro Expandido

3% 3% 19%

1% 1% 14% Demais Áreas

Total

66% 60%

40%

37%

33%

20% 9% 0% Tipo de escola

2%

9% 11%

15%

14% 2% 1%

Privada

1%

Pública

| 41


INSTITUTO POLIS. “Abordagem territorial e desigualdades raciais na vacinação contra covid-19”. Fev., 2021. Disponível em: <https://bit.ly/3rJZfO8> Acesso em: 26 de jul. de 2021. 7 MARINO, Aluízio; BRITO, Gisele; MENDONÇA, Pedro; ROLNIK, Raquel. “Prioridade na vacinação negligencia a geografia da Covid-19 em São Paulo”. LabCidade. 26 de maio de 2021. Disponível em: <https://bit.ly/3flszWa> Acesso em: 26 de jul. de 2021. 8 BÓGUS, Lúcia; PASTERNAK, Suzana; MAGALHÃES, Luís; SILVA, Camila. “Desigualdades e espacialidades da COVID-19 no estado de São Paulo”. Observatório das Metrópoles. 06 de ago. de 2020. Disponível em: <https://bit.ly/37gk76i> Acesso em: 26 de jul. de 2021 9 APE-ESTUDOS EM MOBILIDADE. Exploradores da rua. apēprojetos | educação. Disponível em: <https:// bit.ly/3A59srv> Acesso em: 26 de jul. de 2021 6

42 |


Os dados recolhidos mostram que o cenário geral é percebido de modo menos favorável por trabalhadores e familiares de crianças que moram ou estudam nos territórios mais afastados do centro da cidade, em relação àqueles que moram na região do centro expandido. Levando em consideração o maior impacto da Covid-19 nestas regiões de São Paulo (em relação ao número de casos e de mortes contabilizados6 e a falta de prioridade de vacinação7), é clara a sobreposição com a localização indicada pelas respostas que demonstraram maior receio no retorno às escolas8. Será necessário insistir em investimento e preparação das escolas, das suas equipes e respectivas condições de trabalho, assim como nos territórios do entorno, para que seja possível a melhoria dos níveis de segurança efetivos e percebidos pela população para um regresso às aulas, em específico nas regiões mais afetadas pela pandemia - já antes com menor investimento nas estruturas urbanas e educativas. Esta pesquisa pretendeu embasar o estudo e trabalho sobre as possibilidades de reabertura das escolas mais seguras e dignas para todas as pessoas, considerando primordial reunir percepções de trabalhadoras/es, familiares e outras/

CONCLUSÃO

os profissionais que estejam diretamente relacionadas/os a estas instituições no seu dia a dia. Seria de enorme valor e consideramos também essencial a partir de outros tipos de escuta, incluir as vozes das crianças e jovens que, apesar de não estarem entre os grupos de risco mais afetados diretamente pela nova doença, sofreram grandes privações e respectivas consequências, considerando temas tão múltiplos como alimentação, trabalho infantil, violência doméstica, saúde mental, entre outros. Também em relação aos temas abordados, poderiam ser realizadas outras análises considerando fatores como faixas etárias, raça e gênero, dados de grande relevância quando falamos sobre as desigualdades de acesso à saúde, habitação, transporte, informação, educação e aos próprios espaços da cidade. Esta pesquisa pretendeu dar voz a pessoas que fazem parte dos grupos com que o apē - estudos em mobilidade trabalha nas escolas9, a partir de um foco territorial. A estruturação da publicação, por sua vez, faz parte de um conjunto de estratégias para pensar e agir em prol de uma educação e uma cidade mais justas e seguras para todas as pessoas, principalmente no novo momento de pandemia e no contexto sócio-político atual do Brasil. Conclusão | 43


Outras Palavras E se SP abrisse as ruas para a Educação? 14/06/2021

Mobilize Brasil E se SP abrisse as ruas para a Educação? 15/06/2021

Educação e Territórios Ruas SP: Coletivos pedem que escolas também possam ocupar o espaço público 17/06/2021

44 |


DESDOBRAMENTOS

Ao longo do ano de 2020, o apē estudos em mobilidade, além da realização da pesquisa sobre a reabertura das escolas, iniciou a elaboração de um manifesto sobre a necessidade de implementação de uma política pública municipal que priorize escolas e educação através de mecanismos que permitam que crianças e comunidade escolar utilizem os espaços públicos nos entornos escolares. A cidade, além de apresentar-se como recurso pedagógico para as crianças, no cenário de transição à retomada das atividades presenciais, oferece espaços ao ar livre para as escolas. Tais espaços, além de poderem ser utilizados durante atividades de ensino ou lazer, evitam aglomerações em frente ao equipamento público na entrada e saída dos turnos escolares, ou durante atividades de viés social realizadas pelas escolas, como

vacinação e entrega de cestas básicas. Nesse sentido, em junho de 2021, apē e GT Cidade, Infâncias e Juventude do IAB-SP lançam o manifesto “Ruas SP pelas educação - Educação pelas Ruas SP”. O movimento pretende promover o debate acerca da utilização dos espaços públicos nos entornos escolares, propondo ao poder público a criação de política pública de acesso à cidade também para crianças e comunidade escolar, à semelhança do projeto Ruas SP, decretado para que bares e restaurantes retomassem suas atividades econômicas. Até começos de agosto de 2021, foram recolhidas 41 assinaturas de organizações da sociedade civil, 6 de escolas do município e 162 de pessoas físicas. Para ler a íntegra do manifesto, acesse aqui.

Desdobramentos | 45


São Paulo, Brasil

e

ESTUDOS EM MOBILIDADE


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