Revista Cavalos - Edição 81

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CAVALOS81 Fevereiro 2013 | www.revistacavalos.com.br

Conte sua

Hist贸ria

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Pra você 13 Causando

06 É pra dizer Há 40 anos no mercado, Djalma Barbosa de Lima, uma das personalidades marcantes na história dos leilões de animais do País, adverte que o mercado de cavalos não admite “aventureiros”, pois é um negócio que deve ser levado a sério

Yancamil Huinca e Sorrito, dois cavalos da raça Crioulo, realizam cavalgada de Uruguaiana (RS) a Itu (SP). Superando as melhores expectativas, os garanhões chegaram galopando e cheios de saúde ao destino

08 Caixa cheia 10 ...das lentes 13 Fatos e feitos 19 Todo mundo viu 23 Com a sua cara 2 |Cavalos | Fevereiro 2013


32 De malas prontas

15 Gente & Gente Eduardo Araújo, ídolo da Jovem Guarda na década de 1960, comemora 50 anos de carreira, fala de sua jornada como homem do campo, sobre a carreira artística e a paixão pelo Mangalarga Marchador e Jumento Pêga

Cidades da Serra Catarinense oferecem aos seus visitantes paisagens de rara beleza e exibem a tradição cultural baseada no modo de viver dos gaúchos, com danças, músicas, vestes e culinária que atravessam as fronteiras sulinas do Brasil

44 Showroom 57 Minha máquina 83 de bem com a vida 90 Anote 98 Fora de série 3 |Cavalos | Fevereiro 2013


Gente & Gente

Ele é o bom como cantor, cavaleiro e criador.

No ano em que comemora 50 anos de carreira, Eduardo Araújo irá gravar um CD e DVD com convidados nacionais e internacionais

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Eduardo Araújo fez andarem, juntas e com sucesso, a música e a paixão pelo Mangalarga Marchador e pelo Jumento Pêga.

Destaque do plantel do Haras Aliança D’Jerid, o garanhão Lucky Strike foi homenageado durante a Exposição Nacional do Cavalo Anglo-Árabe de 2012.

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Gente & Gente Alisson Freitas Quando se ouve o nome de Eduardo Araújo, logo vem à cabeça a imagem do cantor de estilo boiadeiro, sucesso no auge da “Jovem Guarda” com canções embaladas pelo ritmo do “rock’n roll” e do agora revalorizado estilo country, em sua versão abrasileirada, ora na onda da chamada música sertaneja ora na mais elitizada, conhecida como música de raiz, mas com o toque próprio do artista. De qualquer modo, o chapelão de abas largas, à moda texana, continua sendo uma sua marca registrada de apresentação. Imagem feita à parte, porém, como foi no passado e é ainda hoje, o ambiente artístico nunca conseguiu sufocar outra paixão da vida de Eduardo Araújo: a criação de animais, a começar pelo Mangalarga Marchador e hoje também incluindo o Jumento Pêga e o Anglo-Árabe. Por um bom tempo, o cantor foi obrigado a afastar-se dos palcos e voltar-se para o campo, para ajudar a mãe, Maria Oliveira Araújo, que, após o falecimento de seu marido, o coronel Lídio Araújo, assumira a Fazenda Aliança, propriedade da família em Joaíma (MG). Ali se selecionava Mangalarga Marchador de boa fama, um plantel que chegou a ter 1,2 mil cabeças, repartindo os pastos com uma tropa de 50 jumentos. Os Araújo eram fazendeiros conceituados, levavam sua atividade a sério. Eduardo andou por outros caminhos, mas, perto de completar 50 anos de estrada, com sua música sempre apreciada pelos amantes do gênero, sabe hoje como conciliar carreira artística e negócios, Modesto, não fala disso, mas como diz uma de suas músicas de maior sucesso, é “o bom” no que faz, esteja no palco ou perto das cocheiras. Cavaleiro ele também é. E começou cedo, como ele próprio lembra. Ainda criança, tentou montar uma égua. O relato é literal: “Percebi que ela estava amarrada em uma cerca e resolvi montá-la. Mal deu tempo de subir e, quando vi, já estava no chão. Meu pai assistiu a tudo e riu bastante, falando: Ele ganhou de mim! O meu primeiro tombo foi com dez anos, o dele é com cinco”, recorda.

A trajetória Joaíma, a terra natal de Eduardo Araújo, é sede de um ainda hoje pequeno município do nordeste de Minas, antigo distrito de Jequitinhonha, cuja população beira, pelos últimos números oficiais, os 15 mil habitantes. Sem escolas de qualidade, restou a Eduardo e seus irmãos estudarem na Bahia e na capital mineira. E foi por estar afastado dos cavalos que o jovem não resistiu à tentação do “rock’n roll”, ritmo que havia acabado de chegar ao

Reproduçãodo Album Sou filho desse chão - 1976

Brasil e do qual foi um dos pioneiros. À volta ao campo - após fazer sucesso na “Jovem Guarda”, no fim dos anos 60 e início dos 70 - pode-se dizer que teve a mão do destino. “Aproveitei uma fase em que a música deu uma caída para realizar o sonho de tocar o trabalho na fazenda”, conta. Mas, a rigor, Eduardo Araújo nunca conseguiu se afastar-se totalmente da vida artística. E lembra que foi convidado pelo amigo e criador Aldo Godinho, para cantar na abertura do 1º Leilão de Elite do Mangalarga Marchador, na década de 80, em São Paulo. Eduardo não só cantava. Também compunha, e várias de suas canções tiveram o cavalo como inspiração. Uma delas foi especialmente dedicada ao Mangalarga Marchador. Nela retrata a história do cavalo da raça, como se fosse ele próprio um cavalo. A repercussão foi tanta que a composição passou a ser considerado o hino oficial do Marchador. “Muitas músicas do meu repertório foram criadas para animais que me emocionaram. Essa canção foi um presente ao Mangalarga Marchador e por tudo que ele fez pela minha família”, explica o artista-criador.

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Haras Aliança D’Jerid Para poder ficar mais próximo de seus negócios como criador, Eduardo Araújo adquiriu e mantém em Araçoiaba da Serra, nas proximidades da capital paulista, uma propriedade rural, que batizou de Haras Aliança D´Jerid. Há cinco anos desenvolve ali alguns projetos inovadores. Um deles, em sociedade com o cirurgião plástico Esaú Ferraz Almeida e o empresário Ademir Marcheta, toca o que Eduardo chama de “fábrica de burros”, para produzir muares de genética avançada, a partir do cruzamento do Jumento Pêga com éguas de destaque em morfologia e andamento. A base são seis matrizes Pampas, cobertas pelo garanhão-chefe do haras, Congo da Aliança. O reprodutor tem fama: é chamado de “o rei dos jumentos”, por proceder de linhagem das mais consagradas. O mercado tem respondido bem à ideia. “Nossos embriões e coberturas são produtos de grande procura, inclusive por pessoas de fora do País, que conhecem nosso trabalho pela internet e ou mesmo diretamente. Isso é muito prazeroso, e mostra que estamos no caminho certo. No futuro, realizaremos um leilão anual disponibilizando a nossa genética”, informa Eduardo Araújo.

Outro destaque do Haras é o trabalho com a raça Anglo-Árabe, com bons resultados em provas hípicas. O projeto tem como principal garanhão Totem Lucky Trikem, o cavalo brasileiro com maior número de títulos internacionais em salto e que, por muito tempo, foi montado pelo cavaleiro Álvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda. Filho do campeão mundial do Cavalo Árabe em Morfologia, El Sacam, Lucky Trikem tem 24 anos, mede 1,70m, e foi homenageado na 31ª Edição da Exposição Nacional do Anglo-Árabe, realizada no Helvetia Reading Center, em Indaiatuba (SP), no dia 18 de novembro de 2012. “Eu fiz todo esforço possível para adquirir o Lucky Trikem, com o objetivo de tê-lo como reprodutor-chefe. É uma imensa honra contar um animal tão incrível no meu plantel e vê-lo receber o reconhecimento que merece”, destaca o criador. Além do Totem Lucky Trikem, o plantel do Haras Aliança D’Jerid conta com outros produtos de destaque, como Prodígio D’Jerid Petit Noir, já em treinamento, além de outros animais premiados em diferentes exposições e competições pelo País afora, como D’Jerid Duchese, Grande Campeã Nacional; Calawahoo, filho do Grande Campeão Fênix; D’Jerid Bevenoir, Campeão Nacional de Adestramento, e D’Jerid Catine, Campeão de Salto.

Os cavalos são a principal paixão do compositor, cantor e criador.

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Gente & Gente

Retorno marcado Em 2013, Eduardo Araújo completará 50 anos de carreira. Para marcar a data, promete realizar diversos shows pelo País e pelo mundo, além da gravação de um CD e um DVD, com a participação de nomes também ilustres no meio artístico, como os brasileiros Sérgio Reis, Renato Teixeira, Carlinhos Brown, Pepeu Gomes, Ed Motta e os astros internacionais Edgar Winter e Bellamy Brothers. “É um grande prazer receber tantos amigos para a comemoração de uma marca tão especial. Espero transmitir ao público um pouco da minha história e relembrar momentos marcantes de cinco décadas de música”, enfatiza o artista. Antes mesmo da comemoração, o cantor foi homenageado com o Prêmio Produz Brasil 2012, pelo seu “trabalho de destaque como músico na área rural”. O prêmio é concedido pela revista Produz, e tem como objetivo reconhecer os melhores projetos nacionais do agronegócio, assim como os principais fornecedores, marcas e produtores do setor. A entrega do prêmio aconteceu em 28 de novembro de 2012, no Jockey Clube de São Paulo. “Ofereço esse troféu aos meus pais, que me mostraram desde criança o que é a vida no campo. Hoje, eu sou apaixonado por esse universo maravilhoso. Tudo o que conquistei, devo a eles”, conclui Eduardo Araújo.

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A homenagem que é hino oficial da raça Composta por Eduardo Araújo e hoje tida como hino oficial da raça, a música que exalta o Mangalarga Marchador foi escrita na primeira pessoa e tem a seguinte letra: Nasci no sertão mineiro, apesar de caipira pobre, eu descendo de nobre. Fui criado no cerrado, pra lidar com gado. Pra percorrer distâncias, Aprendi a marchar, Pro meu dono não se cansar. Sou Mangalarga Marchador, Aquele que às margens do Ipiranga Montava o imperador. Sou Mangalarga Marchador, Em toda história do Brasil estou. Tenho fôlego de gato, Eu resisto ao carrapato, Sou manso como um cordeiro. Como um raio sou ligeiro, Sou cavalo da parteira. Sou cavalo sem fronteira E só tenho uma intenção: Servir a todos sem distinção. Sou Mangalarga Marchador, Aquele que, entre altos e baixos, Sempre lhe apoiou. Sou Mangalarga Marchador, Em todo estouro de boiada estou.

Musa, parceira e apoio. Casado por 23 anos com a também cantora Sylvinha, Eduardo Araújo sempre teve na sua esposa a musa, parceira artística e firme apoio em todas as suas empreitadas. Com carreira iniciada na década de 60, Sylvinha, entre outros trabalhos, apresentou, ao lado de Eduardo Araújo, um programa chamado “O Bom”, exatamente o título de uma das músicas de maior sucesso do cantor. O casamento aconteceria em 1969, resultando em dois filhos, Edu e Mônica. “Nossas carreiras foram distintas, Sylvinha foi uma artista fora de série, todos se impressionavam com sua técnica vocal”, afirma Eduardo Araújo. Segundo ele, “muitos a chamavam de Janis Joplin brasileira”, expressão cravada pelo crítico e produtor musical Nelson Motta, após a versão soul que a cantora deu a “Paraíba”, uma das mais conhecidas músicas de Luiz Gonzaga. Chegou a vender mais de um milhão de discos. No final da década de 1970, passou gravar jingles publicitários, área em que se notabilizou, somando mais de 2 mil deles, “admirados no Brasil e no exterior”, como acentua Eduardo Araújo. Em 2000, Sylvinha passou a se dedicar à gravadora Number One (sua e do marido). Morreu em 26 de junho de 2008, vitimada por um câncer de mama, contra o qual lutara por 12 anos. “Ela era uma pessoa extraordinária, dessas que te fazem bem, sinto muitas saudades da minha eterna companheira”, arremata.

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Gente & Gente

Segredos para bem vender cavalos Alisson Freitas

Foto: DBO Sul

MBA! Esse é o aviso, em alto e bom som, dado pelos pisteiros para alertar o leiloeiro de que mais um lance acaba de ser dado ao cavalo que está sendo ofertado na pista dos remates. Quase sempre é um Quarto de Milha, mas também pode ser um Paint Horse, um Appaloosa ou qualquer outra raça. É que a MBA se tornou uma empresa especializada em comercializar cavalos em leilões, e está no ranking das melhores e maiores do País nessa área. Dados da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Quarto de Milha (ABQM), por exemplo, dão conta de que é a MBA que organiza 40% dos remates da raça, em diferentes Estados, e responde por oito entre as dez das maiores faturas alcançadas em suas vendas públicas, na última década. O segredo desse sucesso é simples, explica Marcelo Borges de Andrade, proprietário da empresa: “É pôr foco total nas necessidades do cliente, dando-lhe todo apoio possível, desde a formatação, viabilização e organização do evento, até a captação do lance no leilão e o término do pagamento das parcelas, com o animal já na cocheira de seu novo dono”. De fã do cavalo até organizador de seus leilões, houve um longo namoro, noivado e casamento. Médico veterinário pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), graduado em Jaboticabal, Marcelo mexe com cavalos desde 1975, quando ainda estava na faculdade. O pai Balafrê Ribeiro de Andrade, criador de Nelore e morador em Garça, no interior paulista - o levou a um leilão de Quarto de Milha, onde acabou comprando um garanhão e três éguas meio-sangue, animais que iniciaram o plantel do Haras São José. Por 25 anos, a família manteve a criação, e com zelo e competência: com apenas dois anos na seleção, o Haras já trouxe dos EUA, de uma só tacada, 14 produtos puros de origem, com aptidão para diferentes modalidades, como trabalho, corrida, laço, baliza e tambores. Enquanto foi mantida, a criação chegou a ganhar competições e provas. Marcelo tomou gosto pela raça, tendo sido, na gestão de Samir Jubran

O comandante da MBA, Marcelo Borges de Andrade

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Fotos: DBO Sul

Recordações dos tempos de criador: boné com nome do principal garanhão e troféus conquistados por ele e por outros animais do Haras São José

na ABQM, convidado para dirigir o Stud Book da Associação, o que o levou a mudar-se para a capital paulista em 1982. O haras só foi liquidado em 2000, com a morte do pai. “Já estive do outro lado, e sei o que um criador busca em um animal. Minha posição não me permite tomar partido. Meu negócio é vender cavalos”, diz agora Marcelo de Andrade, que, por três anos, acumulou as funções de gerente do Stud Book com as de responsável pelas áreas administrativa e social, promotora dos eventos oficiais da ABQM,

Nasce a MBA Leilões No período em que integrou a diretoria da Associação, Marcelo estreitou relações com as empresas leiloeiras, principalmente porque a entidade promovia dois leilões oficiais por ano. Com sua saída, José Eduardo Prata de Carvalho o convidou para assessorar a Remate Leilões nas vendas de cavalos e, no ano seguinte, Marcelo iniciou seu voo solo. Constituiu a MBA Produções, uma assessoria independente para prestar serviços especializados para as grandes leiloeiras da época como a Programa, a Trajano Silva, a CBL, além da própria Remate, entre outras. Em 1988, Sérgio Piza, então um dos donos da Programa Leilões, reuniu diversos profissionais para o chamado Programa/Ação. Entre eles estavam Paulo Horto, Djalma de Lima e Marcelo. A cada um foi confiada uma filial da leiloeira e coube a Marcelo assumir a unidade de Campo Grande (MS). “Deixei a MBA em stand by e, durante três anos, fui o coordenador da Programa Leilões no Mato Grosso do Sul. Em 1991, voltei para São Paulo, ainda na Programa, mas já decidido a voar sozinho”, recorda. Nascia, assim, a MBA Leilões, que realizou o seu primeiro leilão no dia 25 de janeiro de 1992, no Parque

de Exposições Floriano Varejão, em Vitória (ES). O sucesso não demorou a aparecer. “Em 1994, realizamos uma liquidação de Quarto de Milha que bateu todos os recordes de preços. Isso teve enorme repercussão na época e auxiliou muito o crescimento da nossa marca”, relembra o empresário. Em 1997, foi o então presidente da ABQM, Ovídio Vieira Ferreira, quem encarregou a MBA de realizar o Leilão Oficial da entidade. “Sem dúvida, foi um marco importantíssimo para história da empresa”, admite. De lá pra cá, a MBA Leilões não parou de crescer. Hoje, reconhecida como uma das principais empresas de leilões equinos do País, realiza cerca de 60 eventos por ano. “Eu não me preocupo com a quantidade e sim com a qualidade dos meus clientes e dos nossos serviços. De que adianta eu fazer muitos leilões e deixar as pessoas na mão? Elas já sabem o que esperar da MBA, e nós não podemos desapontá-las”, afirma. Marcelo reconhece que muitos criadores de equinos são empresários, executivos de grandes empresa e até celebridades, que têm nos cavalos um hobby, e frequentam os leilões até como forma de distração. “Essas pessoas, geralmente, têm uma rotina extremamente difícil, e participar dos remates é uma maneira de relaxar e ter o seu momento de lazer. Por isso, tem que estar tudo certo”, explica o proprietário da MBA. Embora especializado na comercialização de equinos, a MBA já se aventurou em outras áreas: vendeu até carneiros e avestruzes. Em 2000, chegou a montar uma parceria com o Canal do Boi e a agência Publique, de que resultou a Total Leilões, para organizar remates de gado de corte e leite. A Publique respondia pela publicidade, o Canal do Boi transmitia as vendas e a MBA as organizava. “Fizemos uma série de leilões e conseguimos excelentes médias. A parceria trouxe ótimos resultados e só acabou porque o Canal do Boi cresceu de uma maneira inesperada e estava difícil conciliar as agendas de forma conjunta”, relembra.

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Foto: Arquivo pessoal

Gente & Gente

Foto: Arquivo pessoal

Marcelo (de boné) e seu pai, Balafrê Andrade, no inicio do criatório no Jockey Clube de Jaú

Leilão Top do Cavalo Quarto de Milha foi primeiro organizado pela MBA

A mesa inteligente

Para Marcelo, um dos diferenciais da MBA Leilões está no atendimento aos clientes, tratados da mesma forma, independente do tempo de parceria com a empresa. “A MBA não distingue pessoas. O mesmo tratamento que dou para um, dou para outro. Isso inclui os preços. Comigo não existe o desconto, nosso serviço vale X e é igual para todos”, esclarece o empresário. Para melhorar a relação com os clientes, a empresa está sempre em busca de novas tecnologias, e uma delas se revelou particularmente proveitosa para a melhor captação de lances por telefone, durante os leilões. Com o concurso de profissionais em tecnologia da informação, a MBA desenvolveu um programa diferenciado para esse serviço em 2008. A mesa inteligente, como é chamada, tem um sistema semelhante ao de um identificador de chamadas, disponível para muitos tipos de telefones convencionais. Quando um cliente liga para a MBA, imediatamente aparece na tela do computador dos atendentes todo o histórico entre ele a empresa. Assim, eles podem tratar o interessado de forma personalizada, pois conhecem todas as informações que podem facilitar a sua compra, como seu nome, data de nascimento, telefone, negócios fechados anteriormente com a empresa, correspondência trocada, e-mails e até dados outros dados pessoais, como nome da mulher, dos filhos, da secretária, da mãe, do pai etc. “Prezo muito um serviço diferenciado, acredito que a mesa possibilita isso. Muitas empresas já tentaram nos copiar, mas até agora ninguém o conseguiu”, afirma.

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Foto: Arquivo pessoal

Marcelo e sua esposa Ignez ladeados pelos filhos de seu primeiro casamento Tiago, com a namorada Carina, e Marta, com o esposo Carlos Geraldo

As experiências Nos seus quase 40 anos atuando no universo dos cavalos, Marcelo viveu o que considera momentos marcantes. Nem sempre agradáveis, porém. Numa ocasião, por exemplo, lembra, ventava muito no lugar marcado para o leilão. Um dia antes do evento, um vendaval pôs por terra o circo que a MBA havia acabado de montar. “De início ficamos apreensivos, mas corremos atrás de tudo e conseguimos remontar toda a estrutura a tempo”, conta o empresário, que faz questão de mencionar o apoio de sua esposa Ignez, sempre ao seu lado em toda essa jornada. Preocupação de Marcelo é que sempre se tenha, no local do leilão, um gerador de eletricidade e funcionando o tempo todo. “Certa vez, estávamos na Feicorte, realizando um leilão, e a luz acabou. Outros dois eventos que aconteciam ao mesmo tempo ficaram no escuro e sem som, mas o nosso continuou como se nada tivesse acontecido. As pessoas que estavam ali só descobriram que houve um apagão após o término do remate”, recorda. Na vida da MBA também ocorreram situações inusitadas, algumas preocupantes. “Há dois anos, um cavalo caiu do palco, na minha frente, e machucou uma das patas dianteiras. Como médico-veterinário, logo

vi ser um ferimento grave. E tratava-se de um animal importante. Graças a Deus, o atendimento foi rápido e se conseguiu estancar o sangramento. No final do leilão, a TV que fazia a transmissão ao vivo foi à cocheira mostrar que o cavalo estava bem e havia se recuperado”. A exemplo do que aconteceu com ele próprio em relação a seu pai, agora é Marcelo que pode contar com a ajuda do filho nos negócios. Tiago Oliveira de Andrade, 33 anos, é bacharel em Direito, passou a trabalhar na MBA há dois anos, mas também sempre acompanhou o mundo dos cavalos. “Desde pequeno, passava todos os finais de semana na fazenda e gostava de ir com meu pai aos leilões e outros eventos. É um grande prazer trabalhar com ele”, diz Tiago. Para o pai, a emoção é a mesma ou talvez maior “Ter o meu filho trabalhando comigo e vê-lo, aos poucos, conquistar seu espaço é uma realização inimaginável. Eu não vou durar para sempre, pretendo me aposentar em menos de dez anos e espero que ele tenha competência para tocar os negócios. Eu vivi cada etapa da minha vida de forma intensa e desejo que também possa fazê-lo”, conclui Marcelo de Andrade.

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Fora de série

No lugar mais alto do pódio

Piquetes em paisagens de tirar o fôlego

O paulista Victor Oliva seleciona o Puro Sangue Lusitano há 20 anos. O que começou como lazer na Coudelaria Ilha Verde, em Araçoiaba da Serra (SP), é hoje um ousado projeto de produção de cavalos atletas. Com investimento em genética e treinamento, Oliva se orgulha de ter montado o mais vitorioso time brasileiro de atletas da modalidade olímpica Adestramento

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Foto: Terri Miller/Divulgação Foto: Terri Miller/Divulgação

Victor Oliva também vice-presidente da Associação Brasileira do Puro Sangue Lusitano (ABPSL)

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Foto: Terri Miller/Divulgação

Fora de série

Animais dispõem de toda infraestrutura

Por Rute Araujo A bela paisagem do sítio em Araçoiava da Serra, no interior paulista, encantava os olhos de Victor Oliva e Hortência Marcari no início da década de 1990. Pastos sem cercas e o verde dominavam o cenário. Apesar de a propriedade estar na região de maior concentração de haras do País, o casal não tinha planos de criar cavalos. O lugar era o cantinho do sossego dos fins de semana da “rainha” do basquete e do comandante das mais badaladas casas noturnas paulistas da época e empresário que também começava a investir em empresa de marketing promocional, segmento onde hoje lidera no País. A história tomou novo rumo quando Oliva ganhou de presente do publicitário Eduardo Fischer uma égua Puro Sangue Lusitano. A égua acabou morrendo, mas aquela altura Oliva já tinha se apaixonado pela raça. Antes de começar a investir na formação do próprio plantel, Oliva se debruçou sobre o tema. Virou rotina as visitas a haras nacionais e as viagens para Portugal. As primeiras aquisições foram “garimpadas” nos melhores criatórios do Lusitano, garantia para a formação de uma base genética sólida. Aos poucos o sítio foi ganhando jeito de haras. Pavilhão de baias, piquetes, formação de pastagens. Cavalariços passaram a integrar o time de funcionários. A rotina do fim de semana mudou. Em 1992, o sítio foi rebatizado de Coudelaria, nome espanhol adotado pelos portugueses para criação de cavalos, e os primeiros produtos nascidos nos campos da Ilha Verde receberam o “ferro” VO, sufixo que leva as iniciais do criador. Preservar a genética milenar do Puro Sangue Lusitano, mas focar a seleção em animais funcionais que atendam as exigências do

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mercado se tornou o objetivo do empresário paulista, conhecido no mundo corporativo pela ousadia e persistência. Avesso a criação de cavalos em série, Oliva investiu em uma produção diferenciada, onde cada animal é tratado como “indivíduo” para que seu potencial possa ser desenvolvido e suas peculiaridades enfatizadas. Em 1997, Victor Oliva abriu as porteiras da Ilha Verde para o mercado ao instituir o Leilão Internacional Luso Brasileiro, pregão que se tornou referência mundial, atraindo compradores de vários países. Homem de marketing e dono de uma poderosa agenda de relacionamentos, Oliva compartilhou sua paixão pela raça com amigos e personalidades do show-business e do mundo empresarial. Um novo perfil de criador começou a surgir. Negócios memoráveis foram feitos durante o leilão, como a venda de animais que se revelariam nas pistas esportivas, em especial no Adestramento, entre eles Oceano do Top e Nilo VO, dois dos integrantes da inédita equipe olímpica nos Jogos de Pequim 2008. Nilo, aliás, foi o primeiro Lusitano “brasileiro” a integrar um time olímpico, depois de ter conquistado uma medalha de bronze por equipe nos Jogos Panamericanos do Rio 2007. tratado como “indivíduo” para que seu potencial possa ser desenvolvido e suas peculiaridades enfatizadas. Em 1997, Victor Oliva abriu as porteiras da Ilha Verde para o mercado ao instituir o Leilão Internacional Luso Brasileiro, pregão que se tornou referência mundial, atraindo compradores de vários países. Homem de marketing e dono de uma poderosa agenda de relacionamentos, Oliva compartilhou sua paixão pela raça com amigos e personalidades do show-business e do mundo empresarial. Um novo perfil de criador começou a surgir. Negócios memoráveis foram feitos durante o leilão, como a venda de animais que se revelariam nas pistas esportivas, em especial no Adestramento, entre eles Oceano do Top e Nilo VO, dois dos integrantes da inédita equipe olímpica nos Jogos de Pequim 2008. Nilo, aliás, foi o primeiro Lusitano “brasileiro” a integrar um time olímpico, depois de ter conquistado uma medalha de bronze por equipe nos Jogos Panamericanos do Rio 2007.

Foto: Ney Messi/Divulgação

Os fins de semana são sagrados para os oliva. O destino da sexta-feira é a Coudelaria Ilha verde, em Araçoiaba da Serra (SP), na região de Sorocaba. Lá, os meninos treinam, cavalgam e passeiam em troles

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Foto: Ney Messi/Divulgação

Hortência Marcari com os filhos Antonio Victor – em 2009, conquistando seu primeiro campeonato brasileiro Mirim – e João Victor (à direita), na ocasião, bicampeão brasileiro

Foto: Ney Messi/Divulgação

Fora de série

João Victor Marcari Oliva, primogênito da Hortência e Victor completou 17 anos em fevereiro. Momento descontração com Xamã do Top

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Foto: Ney Messi/Divulgação

Antônio Victor Macari Oliva

Foto: Julia Entscher

Os Oliva na platéia das provas

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Foto: Ney Messi/Divulgação

Fora de série

Rogério Silva Clementino tem uma história singular. Menino criado na roça aventurou-se como peão de Rodeio montando touros até parar no haras do Victor onde de limpador de baias se tornou cavaleiro medalhista panamericano e membro da primeira equipe olímpica, nos Jogos de Pequim. Aqui, Roger com Nilo VO, sua primeira montaria. A dupla começou na Equitação de Trabalho (duas opções de fotos em anexo), onde conquistou títulos. A partir de 2006 foi para o Adestramento, onde venceu o Campeonato Brasileiro Sênior Top, a medalha de bronze por equipe nos Jogos Panamericanos do Rio 2007, foi as Olimpíadas de Pequim 2008

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O peão e o “patinho feio” Se a seleção de cavalos funcionais sempre foi o foco principal de Victor Oliva, um fato em especial contribuiu de forma significativa para que este objetivo de consolidasse. E quem contribuiu para isso foi Nilo VO, um tordilho considerado o “patinho feio” do plantel. A história de Nilo está entrelaçada a um sul-matogrossense que no início da década de 2000 foi trabalhar no haras como peão. Recomendado por Leandro Aparecido Silva, ex-ginete do haras, Rogério Silva Clementino ganhou o emprego de tratador de cavalos. Enquanto desempenha suas tarefas, sonhava em montar naqueles lindos animais. Moço criado na roça, trabalhando na ordenha, amansando cavalo xucro e se aventurando no lombo de touro nas arenas de Rodeio, Roger via na Coudelaria Ilha Verde a possibilidade de mudar de vida, crescer profissionalmente. A chance apareceu quando Roger viu no piquete o tordilho Nilo VO. Cria da casa, o animal havia sido vendido no Leilão Luso Brasileiro e devolvido. Xodó de Oliva, Nilo ganhou aposentadoria precoce até ser descoberto pelo peão que pediu autorização para montá-lo e treiná-lo para provas de Equitação de Trabalho, modalidade recém-introduzida no Brasil pelos criadores do Lusitano. Oliva concordou com o pedido e em pouco tempo o entrosamento da dupla já era notória. Alçado a ginete, Roger estreou nas pistas em 2003, fechando o ano com o título brasileiro. Paralelamente a Equitação de Trabalho, a Associação Brasileira de Criadores do Puro Sangue Lusitano (ABPSL) presidida na época por Oliva, começava a criar programas de incentivo para participação de animais da raça nas provas de Adestramento, modalidade hípica olímpica. Roger não titubeou e também passou a frequentar aulas e clínicas de Adestramento patrocinadas pelo patrão. Não demorou muito para que os resultados aparecessem. Elogiado pelo treinador e juiz olímpico Eric Lette, Roger e Nilo VO estrearam em competições em 2006, respondendo com vitórias o desafio proposto por Oliva. A dupla não se intimidou com a experiência dos veteranos e fechou o ano conquistando o mais cobiçado título da temporada: o de Campeão Brasileiro Sênior Top. A conquista marcou o início de uma bem sucedida carreira em pista. Em 2007, o conjunto foi convocado para integrar a equipe brasileira nos Jogos Panamericanos do Rio uma semana antes da competição. E não deu outra: faturou a medalha de bronze por equipe, resultado que garantiu ao Brasil participar pela primeira vez como time em olimpíadas. Em 2008, a dupla conquistou uma vaga no time para os Jogos de Pequim, mas, infelizmente, às vésperas da estréia, uma contusão fez a inspeção veterinária vetar a participação de Nilo VO na competição. Depois das Olimpíadas e de uma fase de recuperação na Alemanha, Nilo VO foi destinado aos filhos de Oliva. Roger ganhou novas montarias, entre eles os Lusitanos Sargento do Top e Portugal e o Hosteiner Bravíssimo. Primeiro afro-descendente da equipe brasileira de hipismo em Olimpíadas e Jogos Panamericanos (Rio 2007 e Guadalajara 2011, onde ficou em 12º lugar) e nos Jogos Equestres Mundiais de Kentucky/USA (2010), Roger Clementino virou referência no esporte, recebendo convites para competir na Alemanha, França e Polônia. Nestes seis anos dedicados ao Adestramento, Roger já perdeu a conta dos pódios que subiu. Contabiliza entes os principais títulos o de Tetracampeão Brasileiro Sênior Top, Tricampeão Brasileiro Sênior, Bicampeão Paulista Sênior Top e Sênior, Prêmio Brasil Olímpico de Adestramento em 2008 – concedido pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) -, liderança nos rankings da Confederação Brasileira de Hipismo e Federação Paulista de Hipismo pela categoria Sênior em todos os anos, o que garantiu a conquista do Prêmio Hipismo Brasil Troféu Eficiência, respectivamente.

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Fora de série

O mais premiado time do Brasil Roger virou exemplo para uma nova geração de atletas, em especial os dois filhos de Victor e Hortência. João Victor, hoje com 17 anos, e Antonio Victor, 15, acostumados a montar desde crianças, saíram da arquibancada para as pistas inspirados no ginete do haras. Também vem inspirando as pequenas Manuela e Maria, as filhas de Victor com Tatiana, ainda começando na equitação. Promessas para próximos desafios internacionais, os irmãos Marcari Oliva sonham em integrar um time olímpico. E vêm se preparando para isso. A estréia nas pistas do primogênito de Victor e Hortência aconteceu em 2008, aos 12 anos. E o garoto não decepcionou. No final da temporada faturou o título de Campeão Brasileiro Amador. Não parou mais, repetindo o feito nos quatro anos seguintes: em 2009 venceu pela categoria Mirim, em 2010 e 2011 na Junior e em 2012 na Young Riders. O pentacampeão brasileiro levou os pais as lágrimas no ano passado quando foi indicado pela CBH a concorrer ao cobiçado Prêmio Brasil Olímpico do COB ao lado de Roger Clementino a da também olímpica Luisa Tavares de Almeida, que acabou faturando o troféu. João, no entanto, foi o mais jovem atleta dos esportes hípicos a merecer a indicação. Com planos de cursar veterinária, João Victor por quatro anos consecutivos, de 2008 a 2011, liderou o ranking da Confederação Brasileira de Hipismo e consequentemente faturou o Prêmio Hipismo Brasil da CBH, além da conquista do Troféu Eficiência da Federação Paulista de Hipismo em 2009 e 2010. Antonio Victor, 15 anos, estreou nas pistas em 2009, ano em que conquistou o primeiro título de campeão brasileiro (na Mini-mirim), repetindo o feito em 2010 e 2011 na Mirim. Em 2012 foi vice-campeão Junior. Nos rankings da CBH e da FPH, no entanto, o caçula não deixa para ninguém. Nos últimos quatro anos liderou o ranking CBH nas categorias que participou, conquistando o Prêmio Hipismo Brasil de 2009 a 2012. Repetiu o feito na Federação Paulista de Hipismo e já acumula quatro Troféus Eficiência. Na trilha de Roger, outro ex-tratador do haras também passou a integrar o time de atletas. Everton Yalle Cavalaro estreou no Adestramento em 2009 e desde então já conquistou o Prêmio Hipismo Brasil da CBH três vezes (2009/2010/2011), além do Troféu Eficiência da FPH de 2011. Única representante feminina do Ilha Verde Team, Julia Nemr, 10 anos, é o xodó dos atletas. Integrando o time desde o ano passado, a Campeã Brasileira e Paulista Mini-mirim 2011 monta Principal do Retiro, cavalo que participou de vitorias com os irmãos Marcari Oliva. A jovem talentosa fechou a temporada 2012 como campeã dos rankings da Confederação Brasileira de Hipismo, Federação Paulista de Hipismo, Associação Brasileira de Criadores do Puro Sangue Lusitano e da Sociedade Hípica Paulista. E pelo segundo ano consecutivo faturou o Prêmio Hipismo Brasil e Troféu Eficiência.

Foto: Arquivo de família

A mais premiada equipe de Adestramento do País continua recebendo investimentos e incentivos de Victor Oliva que começou o ano visitando países europeus em busca de mais uma montaria para João Victor. A aquisição tem como objetivo a formação de um conjunto que dispute vaga na equipe que representará o Brasil nos Jogos Equestres Mundiais de 2014, que se realizará na Normandia, França.

No início de 2012 o Ilha Verde Team ganhou um novo membro, a linda e talentosa Julia Nemr, hoje com 10 anos. Desde então ela passou a montar Principal do Retiro, animal que garantiu várias vitórias aos irmãos Marcari Oliva. A Julinha foi Campeã Brasileira e Paulista Mini-mirim 2011, e no ano passado, apesar de não ter sofrido uma queda e ficado fora das pistas a partir de outubro, ainda garantiu o bicampeonto nos rankings da Confederação Brasileira de Hipismo e da Federação Paulista de Hipismo Mini-mirim, o que lhe confere pelo segundo ano consecutivo o Prêmio Hipismo Brasil da CBH e o Troféu Eficiência da FPH

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Foto: Marco Anlosqui/Divulgação

Ilha Verde Team, formado por João Victor Marcari Oliva, Roger Clementino, Antonio Victor Marcari Oliva, Everton Yale Cavallaro e Julia Nemr

Time estrelado de treinadores A formação dos conjuntos do Ilha Verde Team é prioridade máxima para Victor Oliva. O criador tem investido em clínicas no Brasil, Portugal e Alemanha. O alemão Norbert van Laak é o treinador-chefe. Treinador de vários medalhistas olímpicos, de vencedores de finais de Copa do Mundo e de campeões europeus, Norbert esteve à frente de equipes da França e do Canadá. Desde 2011 tem vindo periodicamente ao Brasil para ministrar clínicas e avaliar a evolução dos conjuntos do Ilha Verde Team. Durante as férias escolares é a vez dos irmãos seguirem para o centro de treinamento de van Laak em Möhnesee/Günne, na Alemanha. Rosangele Riskalla, juíza e formadora de vários conjuntos campeões é quem ministra aulas para os Marcari Oliva durante a semana no Clube Hípico de Santo Amaro, onde a Coudelaria Ilha verde ocupa um pavilhão com 12 baias, selaria e quartos. No haras, ponto de encontro dos fins de semana, o treinador é Roger Clementino. Já Julia Nemr tem como treinador exclusivo o premiado cavaleiro Alexandre Morais de Oliveira. Completa o time Carlos Manuel Lucas Lopes, juiz internacional 4* de Dressage e 5* de Paraequestre e chefe da equipe de Portugal.

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Fora de série

A infraestrutura da Ilha Verde Distante 150 km da Capital paulista e localizada na região de Sorocaba, principal pólo de criação de cavalos no Brasil, a Coudelaria Ilha Verde ocupa uma área de 54 alqueires, 35 dos quais destinados ao pastoreio. Dos 110 animais do plantel, 95% são ferro “VO”. Para cuidar deles, a Coudelaria Ilha Verde conta com dez dos 18 funcionários do haras. O Tifton 85 predomina nos vinte piquetes, e para atividades com os cavalos a infraestrutura do haras conta com três pavilhões de cocheiras com 60 baias, três pistas de Adestramento (20m x 60m), uma pista coberta (20m x 40m), uma pista de 70m x 80m para treino de Equitação de Trabalho e Salto e um redondel. A área construída conta, ainda, com sede e casas de funcionários.

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Fotos: Terri Miller

Casa sede do Haras para famĂ­lia e grandes amigos

Pista coberta do Haras

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Foto: Terri Miller

Fora de s茅rie

Ant么nio Victor Macari Oliva, 15 anos, com Apolo LS

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Festival 20 Anos Coudelaria Ilha Verde Além dos desafios nas pistas de Adestramento, Equitação de Trabalho e os concursos de morfologia, a Coudelaria Ilha Verde reserva para 2013 várias surpresas. Em comemoração aos 20 anos de criação, Victor Oliva anda empenhado em produzir um evento inesquecível em maio. Trata-se do “Festival 20 anos Coudelaria Ilha Verde”. O evento, de 17 a 19, abrange a 15ª edição do Leilão Internacional Luso-Brasileiro, a II Etapa do Copa ABPSL 2013 de Equitação de Trabalho por Equipe, um Fórum Internacional de Adestramento e um Concurso de Dressage Internacional (CDI3*), o primeiro a ser realizado fora de uma hípica no Brasil. A disputa será válida como seletiva para os Jogos Equestres Mundiais da Normandia 2014 e observatória para os Jogos Panamericanos de Toronto 2015 e as Olimpíadas do Rio 2016. Um colegiado de juízes olímpico estará atuando.

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É pra dizer Haras JVC

O mundo aberto às raças brasileiras Um dos pioneiros nos leilões paulistas, Djalma Barbosa de Lima analisa o setor e garante: “a comodidade de nossos cavalos é um grande trunfo”

Alisson Freitas Posar de simples figurante ou exibir-se para a plateia no elenco de frente em show de sucesso é orgulho para qualquer artista. Mais ainda para um profissional. Djalma Barbosa de Lima tem um pouco dos dois. E pode dizer isso, em alto e bom som, pois viveu ambos papéis na história dos leilões brasileiros. Hoje, o mercado o atesta, ele que figurou como um dos mais requisitados leiloeiros rurais do País, peça de destaque nos remates de equinos de praticamente todas as raças. Foi no fim da década de 70 que se montou o cenário dos modernos leilões de animais na região Sudeste, mais precisamente no Estado de São Paulo. Essa forma de comercialização acontecia aqui e ali. Bem antes disso, no Sul, que importou o know how de argentinos e uruguaios para as vendas das principais cabanas gaúchas. Foi para esse meio que se voltou o então radialista Djalma. Há quase 40 anos no mercado, seu currículo o fez autor de uma das páginas mais importantes da história dos leilões brasileiros de animais, com passagens pelas principais empresas leiloeiras do Brasil, tendo fundado em 1982 a Djalma Leilões. Mais recentemente, criou o Canal do Leilão que, agora, passa para a direção de outro conhecido site o “Mercado de Cavalos”. O Canal do Leilão foi o pioneiro na transmissão de remates via web. Nesta entrevista à Revista Cavalos, Djalma analisa o setor, avalia o desenvolvimento da equinocultura no Brasil ao longo dos anos, projeta o seu futuro e adverte: o mercado de cavalos não admite aventureiros, pois é, e precisa ser sempre, um negócio que deve ser levado muito a sério. Aqui, um pouco do muito que ele tem a dizer sobre o tema.

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Revista Cavalos - Como se consolidou a equinocultura no Brasil? Djalma Barbosa de Lima - Desde tempos remotos, as pessoas têm o hábito de criar cavalos. Os animais têm como grande chamariz sua beleza e imponência e estabelecem uma forte ligação sentimental com seus proprietários, assim como os cachorros. Com o advento dos leilões rurais, os cavalos passaram a ser mais divulgados, e a sua criação se tornou popular, já que todas as pessoas passaram a ter condições de adquirir um animal. Hoje nós temos o cavalo como uma realidade nacional, uma coisa que está na alma do povo. RC - De que forma surgiram os leilões rurais e como eles se expandiram? Djalma – A partir de seu começo no Rio Grande do Sul, os leilões se difundiram no Brasil por nomes como Sérgio Piza, Odemar Costa, Paulo Pimentel e tantos outros. Os primeiros remates paulistas aconteceram em 1975 e rapidamente se tornaram uma febre. No ano de 1979, promovemos um leilão no Hotel Maksoud, em São Paulo (SP), que atraiu todos os holofotes do Brasil para o setor. Nós pensávamos: se eu posso ter vitrine para vender roupas, gravatas e joias, por que não posso ter uma que vende cavalos? O evento serviu como divisor de águas, e conseguimos agregar a marca do hotel a dos cavalos, algo rentável para ambas as partes. A partir daí, as principais casas de espetáculos do País se ofereceram para realizar os eventos. Eu costumo dizer que a expansão dos leilões no Brasil pode ser dividida em algumas etapas. A primeira quando o Sérgio Piza, então proprietário da Programa Leilões, convenceu os criadores a realizar um leilão sem preço-base. Isso gerou maior movimentação nos pregões acirrando a disputa por cada lote. A segunda deve ser creditada ao empresário e selecionador de Árabe, Nagib Audi, que teve a ideia de leiloar os animais pelo valor da parcela, o que facilitava as negociações, pois o comprador poderia dar o lance de acordo com sua capacidade financeira mensal.

Isso aumentou enormemente o número de pessoas que frequentava os remates. Uma terceira atração extra para os eventos foi a vitrine aberta pelos leilões-show em grande hotéis e casas de espetáculos. Depois do Maksoud, vieram as casas de espetáculos Palace e Olímpia, em São Paulo; do Canecão e do Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, do Iguaçu Campestre, no Paraná, entre tantos outros. Após a crise econômica dos anos 90, as coisas deram uma esfriada, mas o mercado já estava consolidado e permanece estável. RC –Quando e onde a TV entrou no setor? Djalma – Foi no meio da década de 90, por meio do Canal do Boi. A inovação foi algo fantástico, pois ainda não existia uma emissora de TV dedicada exclusivamente aos leilões. Graças a essa mídia, eles passaram a acontecer até diariamente, e a demanda cada vez maior por transmissões fez com que veículos como o Canal Rural, da RBS, e Terra Viva, do Grupo Bandeirantes, passassem a televisionar os remates. Simultaneamente estávamos descobrindo a internet com o mesmo propósito e, hoje, é uma nova realidade. E até mesmo as emissoras de TV passaram a usar suas páginas para transmitir os remates. Hoje, praticamente todos os leilões são transmitidos pela TV ou pela internet. RC - Qual a grande diferença entre um e outro meio? Djalma – A internet permite que você assista ao leilão em qualquer ambiente, seja em um restaurante, no carro, no shopping, etc. Além disso, você consegue alcançar um número maior de pessoas, quando se pensa mundo afora. Eu recebo muitas mensagens de amigos que moram na Europa e dizem que ficaram acordados até tarde para ver um leilão. Outra vantagem é que os leilões virtuais pela internet cumprem as mesmas funções de um remate pela TV e custam, em média, um valor que equivale a apenas 10 ou 20% do custo das emissoras de TV. Isso sem falar na economia de despesas com a estrutura para receber os convidados, o que inclui a decoração do local, serviços de bufê, etc.

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É pra dizer

Atualmente, dezenas de leilões são transmitidos por mês, pela internet. Acredito que, com o desenvolvimento de novas tecnologias e maior demanda do mercado, esse número tende a crescer. O que será benéfico para todos que atuam no setor.

muito bem onde estão pisando. Todos estão cientes do que compram e sabem o valor que podem investir. O mercado, como um todo, está mais exigente: quem adquire um cavalo por um preço teoricamente barato quer que ele seja tão bom quanto um tope de linha.

RC – Basicamente, quem investe em cavalos?

Outra coisa que facilitou a vida do comprador é que hoje você pode ter um cavalo mesmo sem ter uma propriedade rural nem tempo para se dedicar à criação do animal. Existem diversos estabelecimentos que abrigam seu cavalo e, além de fornecer acomodação, trato e alimentação adequada, possuem profissionais especializados que acompanham o animal permanentemente. O dono pode passear com o animal quando quiser e só tem de se preocupar em pagar o valor mensal combinado com a empresa.

Djalma - Antes, qualquer pessoa com um nível econômico razoavelmente bom investia no mercado de cavalos. Além de ser algo rentável, ter um cavalo sempre representou um grande marketing de relacionamento. Se eu compro um animal hoje, amanhã eu posso estar sentado com o presidente de uma grande empresa, conversando sobre animais como se fossemos amigos de infância. Com os leilões no auge, empresários das mais diversas áreas se sentiram atraídos, e passaram a investir na equinocultura da mesma forma que faziam aplicações na Bolsa de Valores, num caminho reverso do que acontecia antes, com pessoas migrando das áreas rurais para os grandes centros. Eu costumo dizer que é o troco que a cidade deu para o campo. Hoje, é possível afirmar que não existe mais um perfil específico de usuário de equinos. O cavalo está presente em todas as classes sociais. Qualquer um pode comprar um animal de acordo com que sua condição financeira. As camadas são diferenciadas e é possível ver isso claramente. RC – Quais as principais mudanças ocorridas no mercado, nos últimos trinta anos? Djalma - A empolgação inicial passou. Antes, muitas pessoas estranhas à criação estavam investindo na compra de cavalos, e os preços pagos explodiram. Após a crise econômica da década de 90, os valores caíram drasticamente, com grave prejuízo para a atividade. Muita gente que havia aplicado um elevado capital no setor viu seu investimento minguar da noite para o dia. Aos poucos, as coisas foram se recompondo, e hoje temos um mercado sólido e realista. Não se pagam mais cifras astronômicas pelos animais, se paga o preço que o animal merece. Hoje não existem aventureiros no mundo dos cavalos. As pessoas não fazem mais loucuras e sabem

RC - Como a funcionalidade de cada raça contribui para o mercado? Djalma - Da mesma maneira que os cavalos estão presentes em todas as classes sociais, existem animais específicos para desempenhar diferentes funções, desde trabalhos na fazenda até competições esportivas. Acredito que existe espaço para todas as raças e nenhuma deve ser desvalorizada em relação a outra. Cavalos como o Brasileiro de Hipismo e o Anglo-Árabe, por exemplo, geralmente participam de provas de salto. Eles custam caro, mas a remuneração, seja em satisfação pessoal seja em prêmios, é proporcional ao investimento. O Quarto de Milha tornou-se muito popular e atende a um público imenso e se destaca pela sua versatilidade, participando de diversas modalidades como corridas, tambor e balizas e hipismo de trabalho. Não podemos esquecer os nacionais Mangalarga, Mangalarga Marchador e Campolina, este sim, são de passeio, longas jornadas e de lazer, talvez insubstituíveis no mundo. Alguns dizem que todos os cavalos são de passeio, mas isso é balela. Os animais passaram por uma seleção rigorosa ao longo do tempo; hoje cada raça tem sua destinação específica. Na Europa, por exemplo, você não encontra animais como esses, dóceis, confortáveis e de andar macio. Há um grande mercado a ser explorado por essas raças mundo afora.

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Fotos: divulgação

Showroom

Troller T4 2013: Nova opção para locação de lazer A grande legião de fãs dos jipes da marca brasileira Troller pode comemorar. A empresa que pertencente ao grupo Ford fechou uma parceria com a locadora de veículos Hertz, que prevê a inclusão do Troller T4 2013 entre os veículos disponibilizados pela empresa aos seus clientes. Os carros já podem ser encontrados nas lojas da Hertz nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador e o aluguel diário tem preço estimado em R$ 290. O Troller T4 é fabricado na fábrica da empresa em Horizonte (CE) e são reconhecidos pela sua capacidade off-road. A marca tem uma imagem muito forte no mercado de trilhas e ralis e um grande público que

participa e acompanha as competições e eventos da marca, como a Copa Troller. Para o diretor de marketing da Hertz no Brasil, John Salagaj, a parceria com a marca brasileira irá permitir que a marca atinja uma nova categoria de publico. “O mercado de turismo de aventura no Brasil tem potencial de crescimento enorme e agora, com o Troller T4, queremos alcançar os clientes que têm o desejo de viajar e fazer trilhas off-road, mas que ainda não tiveram a oportunidade de adquirir nem alugar esse tipo o veículo.”, resume o executivo.

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Troller T4 2013 já está disponível para locação nas lojas da Hertz nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador

Força e Robustez A versão 2013 do utilitário conta com motor MWM Internacional Maxx Force turbodísel 3.2 de 165 cv. Todos os veículos da linha são equipados com proteção de aço na parte de baixo do motor para evitar que ele seja danificado em trilhas e trajetos com pisos irregulares. O snorkel na lateral direita do jipe aumenta a segurança na travessia de terrenos alagados, realizando a tomada de ar em trechos submersos em até 80 cm de profundidade. A tração 4x4 com diferencial traseiro autoblocante, os freios a disco nas quatro rodas e carroceria em compósito resistente, juntamente com as rodas de alumínio e os pneus todo-terreno 255/75 R15, permitem que o condutor consiga tirar o máximo desempenho do carro em estradas acidentadas. Os faróis de neblina e ganchos de reboque dão a segurança para dirigir em ambientes com pouca iluminação e para socorrer os motoristas em eventuais acidentes e atolamentos. Na categoria de segurança e conforto, o Troller T4 vêm equipado com itens como direção hidráulica, ar-condicionado, conjunto de vidro, trava e retrovisores com acionamento elétrico, bagageiro e capota rígida removível.

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De malas prontas

Tradição e natureza na Serra Catarinense Paisagens exuberantes no pedaço de chão mais frio do Brasil fazem das montanhas de Santa Catarina um convite ao turismo rural

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Fotos: Rodrigo Petterson

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De Malas prontas

Por Nilson Hernandes Tanto faz a estação do ano, o certo é que as cidades encravadas na Serra Catarinense oferecem aos visitantes roteiros turísticos que contemplam a história dos tropeiros que passavam por lá rumo ao Rio Grande do Sul ou a São Paulo lá no século XVIII. A natureza exuberante, com sua antiga formação rochosa, favorece a formação de muitas cachoeiras e cânions e a contemplação de uma paisagem única: a Floresta das Araucárias com sua fauna e flora características. Não menos importante é a tradição cultural da região, baseada no modo de viver dos gaúchos, com suas danças, músicas, vestes e culinária que atravessam as fronteiras sulinas brasileiras e vão até os campos argentinos e uruguaios. Trata-se da cultura gaúcha preservada tanto pelo homem do campo como pelo morador das cidades serranas. A diversidade encontrada em cada um dos 18 municípios do Planalto Serrano faz do lugar mais frio do Brasil um convite ao inesperado, bem ao estilo dos turistas mais exigentes. O visitante que prefere o inverno e quer ver neve no Brasil precisa visitar Urupema, Urubici, Bom Jardim da Serra ou São Joaquim. Já os que optam por certa infraestrutura, sem abrir mão de vivenciar os costumes locais, devem procurar um hotel fazenda. E o local ideal para procurar hospedagem é a cidade mais populosa da região, com 154.122 mil habitantes, de acordo com o último censo do IBGE (2010): Lages, conhecida como a Capital Nacional do Turismo Rural.

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Turismo Rural Lages apresenta aos visitantes a chance de vivenciar o cotidiano da vida campeira na região do Planalto Serrano. Desde a dispersão dos muares e equinos para o pasto até a coleta das pinhas - usadas na gastronomia local -, os turistas têm a oportunidade de acompanhar as atividades rurais bem de pertinho, degustando um chimarrão. Grandes eventos acontecem na cidade durante o ano. Mas, no inverno, ocorre o mais tradicional deles: a Festa Nacional do Pinhão, sempre no meio do ano, entre os meses de maio e junho. E neste ano, o evento atraiu 198 mil visitantes durante os onze dias de comemorações, com shows de artistas de expressão nacional e poetas e intérpretes nativistas, exacerbando a cultura gaúcha.

A diversidade encontrada em cada um dos 18 municípios do Planalto Serrano faz do lugar mais frio do Brasil um convite ao inesperado, bem ao estilo dos turistas mais exigentes

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De Malas prontas

Abaixo de 0ºC É no inverno que a Serra Catarinense se destaca dos demais destinos da estação ao oferecer aos turistas uma oportunidade única de contemplação da cultura e da natureza, pois à noite a única diversão fora dos locais fechados é esperar pela neve nas cidades de Urupema, Urubici e São Joaquim quando as condições meteorológicas são propícias. Ao abrigo do frio, que neste período do ano apresenta temperaturas abaixo de zero grau em boa parte do inverno, o melhor programa dos que optam pelo conforto é o Boqueirão Hotel Fazenda, com suas apresentações nativistas. Músicas e danças típicas gaúchas enriquecem a estadia dos visitantes que optam pelo turismo rural em Lages. Ao amanhecer, por volta das 7h15 da manhã, os turistas contemplam os campos cobertos pela geada da madrugada ao se dirigirem à estrebaria para saborear outra bebida típica da região: o Camargo – café forte com açúcar misturado ao leite de vaca tirado na hora. Depois, pode acompanhar os peões com seus afazeres campestres: desde a dispersão do gado e dos cavalos para o pasto até coleta da pinha que será usada na culinária, no preparo das refeições. Nos dias com o amanhecer sem nuvens e ensolarado, o frio não é capaz de estragar o passeio dos visitantes em uma das sete trilhas propostas pelo Boqueirão Hotel Fazenda. Um exemplo é a cavalgada de cerca de uma hora pela propriedade que passa por riachos e lagos em meio à paisagem exuberante e à fauna local. No fim do dia, é possível curtir o pôr do sol em meio às araucárias e ao som dos pássaros, ao final da trilha batizada com o nome do astro rei. Ao entardecer, antes do jantar, é possível saborear o legítimo churrasco à moda gaúcha. O local não fica ao relento, mas em um cômodo hermeticamente fechado e com exaustor para eliminar a fumaça característica das carnes assadas. A bebida fica ao gosto do visitante, normalmente chimarrão ou vinho - ambos para espantar o frio.

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Gastronomia A culinária característica da Serra Catarinense é outro destaque à parte, pois é baseada na tradição tropeira. Carnes – cordeiro, porco, boi, frango e peixe -, temperos, grãos e, claro, a pinha formam a base da cozinha local. E o hóspede do Boqueirão Hotel Fazenda tem três opções de pratos tradicionais: o Entreveiro, a Paçoca e o Cordeiro à la Coxilha Rica. O mais antigo dos três é a Paçoca. Com pinhão socado no pilão, o prato mistura ainda carnes diversas e legumes. Com origem nas sobras de carnes surgiu o Entreveiro. Nele, carnes de cordeiro, frango, boi, porco, pimentão, cebola e pinhão muito bem picados faz do prato um ótimo aperitivo. Por fim, o Cordeiro à la Coxilha Rica, que pode ser acompanhado com arroz e feijão tropeiro, fecha as opções unicamente oferecidas na Serra Catarinense.

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de bem com a vida

Estruturas humanas integradas Fotos: divulgação

Por meio da manipulação dos tecidos miofasciais (ou conjuntivos) e pela reeducação do movimento, o Rolfing integra as estruturas humanas

O nosso corpo tem a capacidade de se adaptar a vários fatores, mas quando tenta em vão compensar os maus hábitos de postura e movimentação, ele acaba ficando dolorido ou machucado

É um processo que permite à pessoa ampliar a percepção de si e mover-se de maneira mais natural, econômica e eficiente. Hábitos posturais decorrentes de padrões de movimento ou determinados por traumas físicos e emocionais são alguns dos principais fatores que podem nos impedir de estar bem alinhados em relação à força da gravidade. Essa desorganização, por sua vez, é responsável por tensões crônicas e desconforto físico e emocional. Muitas vezes nos damos conta desse desequilíbrio e tentamos endireitar o corpo, experimentando novas posturas a custa de muito esforço. É nesse momento que o Rolfing pode ajudar.

A rolfista Beatriz Pacheco, integrante da equipe da Associação Brasileira de Rolfing, explica que a postura humana conta a história de cada indivíduo, ela é reflexo de suas experiências, de suas relações com o mundo externo e com o mundo interno. A experiência do contato com a gravidade, em uma posição ereta, requer uma organização interna para que essa força não seja uma inimiga, posto que a relação da nossa massa corporal, com nossa área de apoios é bem desproporcional. Penso que o processo de Rolfing vem jogar luz sobre como estamos organizando e usando nosso corpo, como nos

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A sensação de liberdade e integridade adquirida com o Rolfing também contribui para a evolução pessoal, ao estimular o autoconhecimento, abrindo caminho para se adquirir “novas posturas na vida”

percebemos, o que não percebemos e o que não usamos. Tudo isso vai refletir em como as partes de nosso corpo estão organizadas, isto é, reflete na nossa postura, como nos postamos no mundo e como o mundo nos vê. Como funciona? Por meio do movimento e da manipulação do tecido conjuntivo que envolve e conecta nossos músculos e tendões, o rolfista libera tensões existentes em segmentos corporais, melhorando a sua relação com as outras partes do corpo. A percepção dessa reintegração permite à pessoa reorientar-se espacialmente, melhorando o seu alinhamento em relação à gravidade e sua coordenação dos movimentos. Assim, o corpo ganha equilíbrio e economia funcional, isto é, não precisa gastar tanta energia para realizar movimentos básicos como se manter de pé e caminhar, por exemplo. A sensação de liberdade e integridade adquirida com o Rolfing também contribui para a evolução pessoal, ao estimular o autoconhecimento, abrindo caminho para se adquirir “novas posturas na vida”. Como surgiu? O Rolfing foi criado pela cientista norte-americana Ida P. Rolf (1896-1979), PhD em Bioquímica pela Universidade de Columbia. Não obtendo, com a medicina tradicional, a solução para um problema físico provocado na adolescência por um acidente, Ida começou a investigar trabalhos corporais com bases estruturais ou funcionais, como ioga, osteopatia e quiroprática e, com base nas próprias experiências, acabou por encontrar as bases do método que ela mais tarde chamaria de Integração Estrutural, difundido nos Estados Unidos a partir dos anos 60. A quem se destina? O Rolfing é indicado para aqueles que sofrem de males causados pela má postura; para aqueles que apresentam dificuldade de movimento e sofreram traumas físicos; para os que se submetem a estados de estresse no dia-a-dia e para os que desejam melhorar o seu desempenho profissional. O Rolfing também é apreciado por pessoas ligadas às

artes corporais ou de movimento, como bailarinos, atletas, educadores físicos e praticantes de artes marciais.

A fáscia

Todo músculo e cada fibra muscular são envolvidos por um tipo de tecido conjuntivo chamada fáscia, que forma os tendões e ligamentos nas extremidades dos músculos, assumindo a função de conectar músculo a osso e músculo a outro músculo. É a fáscia, portanto, que suporta os músculos e mantém a relação desses com os ossos, determinando, basicamente, a forma do corpo. Ida Rolf, Ph.D. em Bioquímica pela Universidade de Columbia, ao longo das suas pesquisas científicas, fez uma descoberta muito importante sobre a constituição do corpo humano: a rede de tecido conjuntivo, que envolve e conecta o tecido muscular, tem propriedades plásticas e elásticas que fazem com que seja possível alterar a forma e a relação desse sistema (músculo/tecido conjuntivo) nos diversos segmentos corporais, em qualquer época da vida. A descoberta da dra. Rolf sobre a importância da fáscia revolucionou o pensamento sobre o corpo. Sabe-se, atualmente, que o tecido fascial pode ser alterado, respondendo à aplicação de energia nas formas de pressão e calor. Mediante a aplicação de uma dessas formas de energia (no caso do Rolfing a pressão), a fáscia torna-se mais solúvel e pode permitir que as estruturas contidas no seu tecido alterem seu arranjo e se adaptem numa relação mais harmoniosa com as partes adjacentes do corpo. Sabe-se também que quando o músculo é sobrecarregado por alguma razão, a fáscia absorve parte dessa carga, pois é submetida a um esforço contínuo e excessivo, tornando-se mais densa, mais curta e perdendo elasticidade e plasticidade. Assim, o corpo muda, gradativamente, sua estrutura. O que é Rolfing Movimento? Enquanto o trabalho estrutural libera fixações nos tecidos o trabalho de movimento se dedica especificamente a trabalhar nos padrões de movimento que limitam as possibilidades de expressão da pessoa.

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de bem com a vida

O rolfista libera tensões existentes em segmentos corporais, melhorando a sua relação com as outras partes do corpo

Assim como cada um de nós tem uma assinatura que é única também temos padrões de movimento bem peculiares a cada um. Alguns destes padrões, no entanto, nos aprisionam e é deles que o Rolfing Movimento se ocupa. O que é um padrão de movimento “que aprisiona”? O nosso corpo tem a capacidade de se adaptar a vários fatores, mas quando tenta em vão compensar os maus hábitos de postura e movimentação, ele acaba ficando dolorido ou machucado. Um exemplo típico é o sentar “esborrachado”, que joga o pescoço e a cabeça a frente e as lombares para trás. O resultado e dores nos ombros, na nuca e na região lombar. Outro exemplo é caminhar sem articular de modo adequado os tornozelos ou os artelhos nem estender os joelhos. Caminhar assim tornase ineficiente, pesado e deselegante. Com o tempo pode provocar desconforto nos joelhos, quadris, lombares e outros problemas mais. Como se formam os padrões de movimento? Os padrões de movimento dependem de muitos fatores, em especial dos padrões de percepção e de coordenação e também das fixações que possam existir nos tecidos e no significado que, consciente ou inconscientemente, a pessoa atribui aos acontecimentos. O que são padrões de percepção? São o modo como usamos os nossos sentidos, em especial a visão, a audição e o tato. Podemos, por exemplo, ter um padrão de visão “em túnel” que nunca se modifica para se adaptar às diferentes circunstancias e, este padrão de visão “em túnel”, seja com o olhar dirigido para o chão, ou com o olhar dirigido para o alto, vai inibir o movimento

dos ombros! No caso desta pessoa, trabalhar apenas nas fixações dos tecidos em seus ombros e nuca doloridos não é o suficiente. É preciso trabalhar com o padrão de percepção. O que são padrões de coordenação? Todo movimento que fazemos, consciente ou inconscientemente, é realizado por grupos de músculos que trabalham “em equipe” para controlar o movimento. Mas nem sempre as “equipes” funcionam da melhor maneira possível, acontecendo que alguns músculos trabalham demais enquanto outros trabalham de menos, ou que alguns músculos entram em ação antes do que deveriam. O resultado é tensão desnecessária. Um exemplo bastante comum é o ombro duro e dolorido de quem trabalha no computador e não estabiliza a escápula (a “asinha”) antes de começar a digitar: nestas pessoas, a parte superior do músculo trapézio, que vai da base do crânio ate o ombro, entra em ação fora de hora e acaba dolorido por que realiza um trabalho que não é primariamente seu. O rolfista de movimento ensina o cliente a melhorar a coordenação do trabalho “em equipe” dos músculos do corpo nas diferentes situações do quotidiano da pessoa. A quem se destina o Rolfing Movimento? A qualquer pessoa de qualquer idade: desde o bebê ate seus bisavós! Imagine que você nota que seu bebê de 5 meses tende a pender a cabecinha para um lado, e que o pediatra, o neuropediatra e o otorrino ano identificam causa alguma. E bastante provável que um rolfista experiente em Rolfing Movimento detecte que o bebê não goste tanto de usar um de seus pezinhos nem uma de suas mãozinhas para se empurrar ou puxar para a frente.

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O Rolfing é indicado para aqueles que sofrem de males causados pela má postura; aqueles que apresentam dificuldade de movimento e ou sofreram traumas físicos

Através de exercícios simples que ensinem a mãe e aqueles que cuidam do bebe esta questão pode ser facilmente resolvida. Ou imagine a adolescente que se queixa de dores lombares: o rolfista de movimento não vai apenas dizer para ela “endireitar as costas”, mas vai pesquisar com a adolescente o que seria “sentar corretamente” de modo gostoso e relaxado, sem ter que ficar dura. Outro exemplo: os adultos que com o passar dos anos encontram dificuldades crescentes para se levantar da cadeira poderão recuperar sua agilidade e ate mesmo ficar mais ágeis do que anos atrás simplesmente trabalhando com os seus padrões de percepção. Ou o jogador de futebol de fim-de-semana que toda segunda feira vai trabalhar com dor nas lombares, o ator que quer dar mais expressividade a seus papeis, o corredor de maratona que quer aumentar o seu rendimento, a dona de casa que limpa, arruma, lava, passa, e cozinha: todos podem se beneficiar, e muito, com o Rolfing Movimento. Como o Rolfing Movimento se diferencia das outras escolas de movimento? O Rolfing Movimento visa melhorar o modo como o cliente se relaciona com o seu ambiente, o que inclui a força da gravidade, as pessoas e os objetos. Não é basicamente uma escola de exercícios para aumentar a capacidade cardiorrespiratória ou a massa muscular do cliente. Seu foco primário tampouco é o alongamento ou o relaxamento muscular ou a meditação centrada no corpo. Difere ainda de outras escolas de movimento por usar um tipo de toque altamente especializado para ajudar a evocar movimentos do cliente.

Pode, da mesma maneira que você poderia passar pela manipulação sem nunca fazer as sessões de movimento. Mas o processo todo é bem mais eficiente se as duas abordagens estiverem presentes na “maleta de ferramentas” do rolfista que as empregara de acordo com as necessidades especificas de cada cliente.

Serviço:

• Associação Brasileira de Rolfing R. Cel. Arthur de Godoy, 83 Vila Mariana - São Paulo/SP Tel: (11) 5574-5827 e (11) 5539-8075 E-mail: rolfing@rolfing.com.br site: www.rolfing.com.br • Beatriz Pacheco R. Itapeaçu, 108 – São Paulo/SP Tel.: (11) 998160502 E-mail: beatrizwp@uol.com.br

Nunca fui rolfado. Posso fazer apenas sessões de Rolfing Movimento, sem passar pela manipulação?

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Com a sua cara

Hipismo ganha grife com nome próprio Amor pelos cavalos inspira roupas e acessórios para quem quer estar na moda

Foto: Yogi Oikawa

Nascidas em uma família apaixonada por cavalos, e elas mesmas atletas de hipismo, as irmãs Camila, Jéssica, e Simone Macedo criaram em 2012 a Horse Holic, uma marca de roupas e acessórios inspirada no universo equestre. “Toda a família nutre o mesmo sentimento pelos cavalos, que agora são a nossa inspiração. A grife é despojada, mas fashion, e revela nossa paixão por esses animais”, explica Camila. Filhas do criador José Carlos Macedo dos Santos, do Haras Fazenda do Bosque, que seleciona Brasileiro de Hipismo e Puro Sangue Lusitano, em São Miguel Arcanjo, as três irmãs também são as principais atletas da Equipe Forest. O time foi criado não só para manter a família unida, mas igualmente para promover a marca e a criação. Instrutor do trio é o cavaleiro Felipe Juares. A Horse Holic permite unir a moda ao esporte e trazer o melhor desses dois mundos para as amigas e clientes, fazendo da atividade “um enorme prazer”, assegura Camila, a irmã do meio, que, como Jéssica, a caçula, e Simone, a mais velha, estão na casa dos 20 anos, mas levam negócio e esporte muito a sério. Os conceitos e ideias dos produtos da grife são desenvolvidos pelas três irmãs e em seguida passados a uma designer, encarregada de desenha-los. Até aqui, a marca conta com três modelos de camisetas masculinas e femininas. Suas estampas ilustram princípios básicos que as irmãs consideram necessários para alcançar bons resultados em esportes com animais, como dedicação, trabalho, calma e estilo ao montar, sem descuidar da segurança.

Camila Macedo exibe, orgulhosa, uma das camisetas da grife.

A venda das camisetas é feita pelo e-commerce do blog 2Ladies (www.2ladies.com.br), coordenado por Camila e Jessica. Também podem ser vistos no site oficial da marca (www.horseholic.com). No portfólio inicial da marca se incluem ainda dois modelos de bolsas, igualmente idealizadas pelas irmãs.

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Foto: Grace Carvalho

Foto: divulgação

Simone, Camila e Jéssica: paixão pelo cavalo deu origem ao negócio.

Jéssica se apresenta pelo Haras Fazenda do Bosque nas provas de salto

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Todo mundo viu

Cavalo Árabe agita interior de SP Com mais de oito mil visitantes em seis dias, a exposição manteve a tradição de ser uma das mais prestigiadas da equinocultura brasileira

Foto: Rogério Santos

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A manhã de sábado começou animada na arena externa com as provas montadas, também com o apoio da Associação Nacional do Cavalo Árabe Funcional (Ancaf) e Associação Brasileira dos Cavaleiros de Hipismo Rural (Abhir). Na Copa Nacional de Hipismo Rural, na Copa

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Foto:Divulgação/ABCCA

As competições iniciaram-se com a Nacional de Performance – provas montadas, nas quais é analisado o condicionamento do animal sob o comando do cavaleiro ou condutor. Na sequencia foi dada a largada da Nacional Copa Brasil de Criadores, evento que durou o restante do dia 14. Na manhã seguinte continuaram as competições incluindo a abertura da Nacional de Halter – conformação, onde são avaliadas a estrutura e a movimentação de cada cavalo. Finalizando a programação do dia o Campeonato Nacional Cavalo Jovem sagrou Campeão Jazzer de Wiec (Maria Helena Ribeiro Perroy, Haras Meia Lua, em Sorocaba, SP) e Reservado Campeão FA Rajjah (Nelson Henrique Morales, Haras Aldeia do Vale, em Goiânia, GO). No dia 16 foram realizadas as copas Nacional de Cross Country, Nacional de Seis Balizas, e os Campeonatos Nacional Junior Macho, Nacional Potro Jovem e Nacional Égua, este último tendo como Campeã Piettra Di Style JM (José Alves Filho, Haras JM, em Monte Mor, SP) e Reservada Campeã JR Burmagny (Agropecuária Vila dos Pinheiros, Haras Vila dos Pinheiros, em Indaiatuba, SP).

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3 Foto:Divulgação/ABCCA

Quando se juntam cavalos, cavaleiros e amazonas, só pode sair festa. E de arromba. Como foi a 31ª Exposição Nacional do Cavalo Árabe, acontecida em Indaiatuba, no interior paulista, a cerca de 90 km da capital do Estado. Mais de oito mil pessoas passaram pelo Centro de Exposições e Treinamento Hípico Helvetia Riding Center, de 13 a 18 de novembro de 2012, para apreciar as joias expostas na maior vitrine da raça no Brasil. O evento teve agenda recheada: avaliações morfológicas, de movimentação, provas hípicas e leilões. Atração e tanto, por certo, até para visitantes do exterior, entre eles Nathalie Weemaels e José Miguel Bulñes, respectivamente presidentes das associações dos criadores de Árabe do Equador e do Chile, e selecionadores dos Estados Unidos, Itália, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Argentina, Uruguai e Colômbia.


5 Foto: Rogério Santos

Foto: Rogério Santos

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No domingo, dia 18, na arena externa foi realizada a Copa Nacional de Salto e Copa Nacional de Enduro, eventos também apoiados pela Abhir. As provas reuniram cavaleiros de toda a região para demonstrar suas habilidades, desempenho e funcionalidade do Cavalo Árabe em provas montadas. Enquanto isso, na arena indoor, foram realizadas as Exposições Nacionais do Cruza-Árabe e do Anglo-Árabe. Vale destacar que o júri responsável pela avaliação dos animais foi composto pelo brasileiro Fábio Amorosino, além dos estrangeiros David Boggs e Richard Petty, dos Estados Unidos, Jaroslav Lacina, da República Tcheca, Marek Trela, da Polônia e, Nars Marei, do Egito. Durante os seis dias de evento os criadores, expositores, juízes e público afirmaram que a exposição foi muito bem organizada e que o nível de animais apresentados este ano foi bastante alto. A programação teve fim na tarde de domingo com o Leilão Nacional de Esporte Equestre. Porém, nos negócios, o grande destaque foi Leilão Excellence 2012. A comercialização de cavalos e coberturas gerou receita de R$ 1,22 milhão.

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Foto:Divulgação/ABCCA

ANCAF de Três Tambores e na Copa Nacional de Rédeas, os cavaleiros puderam demonstrar ao público toda a versatilidade do Cavalo Árabe, uma vez que são competições que exigem habilidade, maneabilidade e velocidade do animal. No final do dia o público marcou presença na arena indoor para conferir a grande final do Campeonato Nacional Égua Jovem, na qual sagrou-se campeã Honey Delight RB (Árabes de Santa Ventura, Haras Santa Ventura, em Maristela, SP) e Reservada Campeã Shannaya D Magnum JM (José Alves Filho, Haras JM, em Monte Mor, SP). Por fim, o Campeonato Nacional Cavalo teve como Campeão Vulcano HVP (Vulcano Alliance, Chiquinho Rego Arabian, em Itu, SP) e Reservado Campeão Eccentric Valentino (Luciana de Andrade Fasano, Fazenda Floresta, em Itú, SP). Destaque também foi a participação das crianças na prova de Western Pleasure Lead Line, que consiste na demonstração da habilidade e desenvoltura das crianças sobre os animais na pista, sempre conduzidas por um adulto.

Foto:Divulgação/ABCCA

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1 - Vulcano HVP, Campeão Nacional na categoria Cavalo 2 - Visitantes estrangeiros, a belga Christine Jammar e o norte americano Larry Jerome 3 - Crianças também se apresentaram durante a exposição 4 - Apresentação de Cavalos na arena interna do Helvetia Ridding Center 5 - Reservado Campeão, Eccentric Valentino (esquerda) e o Grande Campeão, Vulcano HVP 6 - Paulo Zandavalle (Juiz Oficial da ABCCA) e Cristiane

Guardia (Presidente da ABCCA Mulher e ABCCA KIDS)

7 - Juízes da Competição: David Boggs (Estados Unidos), Jaroslav Lacina (República Tcheca), Richard Petty (Estados Unidos), Fábio Amorosino (Brasil), Nasr Marei (Polônia) e Marek Trela (Egito)

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Todo mundo viu Copa Nacional Ancaf 3 Tambores

Copa Nacional 6 Balizas

Promovida pela Associação Nacional do Cavalo Árabe Funcional, a categoria aberta apresentou os seguintes resultados principais:

Na categoria aberta, foram estes os principais resultados:

Campeão, Mário Souza Anastácio (EZ Tamara Bint Hylan, de Carlos ldemar Campos Barbosa, de Campo Grande, MS);

Campeão e Vice, Marcio Gulart (montando FHJ Gallacia e FHJ Heroszue, ambos de José Antônio Jacovas, Haras Jacovas, de Osório, RS);

Vice-Campeão, Marcio Gulart (FHJ Gallacia, de José Antônio Jacovas, Haras Jacovas, de Osório, RS);

3º lugar, Mário Souza Anastácio (Tar Klam, de Luiz Antônio Moreira de Souza, Haras EL Marzuq, de Rochedo, MS);

3º lugar, o mesmo Márcio Gulart (FHJ Heroszue, do Haras Jacovas);

4º lugar, Jefferson Oliveira (Irion Maccoy, de Manoel Leandro Filho, Haras Bagda Maccoy, de Peruíbe, SP);

4º lugar, Mário Souza Anastácio (Tar Klam, de Luiz Antônio Moreira de Souza, Haras EL Marzuq, de Rochedo, MS);

5º lugar, Marcílio Marques Duarte (LCN Seffora, de Laucídio Coelho Neto, Haras Engenho, de Maracaju. MS).

5º lugar, Jefferson Oliveira (FHR Khemencee, de Manoel Leandro Filho, Haras Bagda Maccoy, de Peruíbe, SP).

Na categoria jovem, ganhadores foram:

Na categoria jovem, destacaram-se:

Campeão, Felipe Ávila Honório (RFI Hafiza EL Shiraz, de Valmir Honório, de Tietê, SP);

Campeão, Felipe Ávila Honório (RFI Hafiza EL Shiraz, de Valmir Honório, de Tietê, SP);

Vice-Campeã, Raquel Jacovas (novamente FHJ Gallacia);

Vice Campeã, Raquel Jacovas (novamente com FHJ Gallacia); 3º lugar, Mariana Moreira de Oliveira (Irion Maccoy, de Manoel Leandro Filho, Haras Bagda Maccoy, de Peruíbe, SP); 4º lugar, Aline Santiago (Hafati Key Yasmin, de Almir Faleiro dos Santos, Haras Ventura Country Ranch, de Indaiatuba, SP); 5º lugar, Murilo Botardo Stabelini (Lady Tania HI, de Marcel José Stabelini, de Rio Claro, SP).

Copa Nacional Cross Country Na categoria aberta, principais destaques foram: Campeão, Márcio Gulart (FHJ Gallacia, de José Antônio Jacovas, Haras Jacovas, de Osório, RS); Vice-campeão, Mário Souza Anastácio (EZ Tamara Bint Hylan, de Carlos ldemar Campos Barbosa, de Campo Grande, MS); 3º lugar, Ricardo Vidotto (Caran Apollo, do próprio Ricardo, Hípica Vidotto, de Tietê, SP);

3º lugar, Mário Terlizze Vasconcellos (Zahra Canchim, do próprio Mário de Tietê, SP, e montado por ele); 4º lugar, novamente Raquel Jacovas (FHJ Falsário, do Haras Jacovas); 5º lugar, Sara Duarte Taffarel (Hafati Key Yasmin, de Almir Faleiro dos Santos, Haras Ventura Country Ranch, de Indaiatuba, SP).

Na categoria jovem, os principais vencedores foram:

Campeão, Mário Terlizze Vasconcellos (Zahra Canchim, do próprio Mário, de Tietê, SP); Vice-Campeão, Felipe Ávila Honório (RFI Hafiza EL Shiraz, de Valmir Honório, de Tietê, SP); 3º lugar, Raquel Jacovas (FHJ Falsário), de José Antônio Jacovas

4º lugar, Marcílio Marques Duarte (Oman EL Dinar, de Laucídio Coelho Neto, Haras Engenho, de Maracaju, MS); 5º lugar, Renato Vidotto (Rafik Morab, de Ricardo Vidotto),

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Todo mundo viu

Puro Sangue Lusitano teve briga das boas em Tatuí

Fotos: Aline Brun

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Na 3ª Nacional da raça, exibição de quase 70 animais mostrou a alta qualidade da criação brasileira.

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Poucas vezes se viu uma disputa igual. E a decisão final do páreo saiu mesmo na revelação do photochart, cabeça a cabeça: as Fazendas Interagro e Gonzaga, de Cecília Gonzaga (Itapira, SP), levaram o título de Melhor Criador, e a Fazenda Sasa, de Francisco Brito Eusébio (Martinópolis, SP) o de Melhor Expositor, invertendo as posições na segunda colocação de ambas as categorias. No terceiro posto, agora, isolada no recebimento dos dois troféus, ficou a Coudelaria do Castanheiro, de Clélia Araújo Pinto, a anfitriã da festa. Encerrou-se, assim, com fecho de ouro o calendário do Puro Sangue Lusitano de 2012, que promoveu sua 3ª Exposição Nacional em Tatuí (SP), no período de 30 de novembro a 2 de dezembro. Promovida na Hípica Centaurus, a mostra da raça reuniu perto de 70 produtos, inscritos em seis categorias de fêmeas e cinco de machos. Na premiação, destaque para Gladiador da Sasa JE, consagrado como Grande Campeão Macho Jovem e Campeão dos Campeões. Entre as fêmeas, Cabala LS, da mesma Sasa, foi a Grande Campeã Adulta e Campeã das Campeãs, vencendo o confronto direto com Hera Interagro, a Grande Campeã Fêmea Jovem.

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Outras premiações de destaque foram para Fogo da Sasa JE (Melhor Cabeça), Vulcano, do mesmo criatório (Melhor Progênie de Pai) e Zagaia do Mito, da Coudelaria Rocas do Vouga, de Manuel Tavares de Almeida, de Itu, SP (Melhor Progênie de Mãe). Nas provas morfológicas, mais sete produtos da raça ganharam seus registros no Stud Book do Cavalo Lusitano. A mostra de Tatuí também promoveu várias provas de adestramento, atrelagem, equitação de trabalho e salto.

1 - A campeoníssima de Tatuí, Cabala LS, da Fazenda do Sasa.

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2 - Cecília Gonzaga, das Fazendas Interagro, recebeu seu prêmio de Clélia Araújo Pinto, da Coudelaria do Castanheiro. 3 - Melhor Expositor, Francisco Brito Eusébio foi premiado pela anfitriã da festa, Clélia Araújo Pinto. 4 - A raça mostrou toda sua qualidade para avaliação

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Foto: Agência Treze

Minha máquina

A médica-veterinária Perla Fleury e Turbantinho JO, clone do garanhão nascido há quase 50 anos

Garanhão do século ganha cópia fiel Após 14 anos da morte de Turbante JO, principal reprodutor Mangalarga de todos os tempos, nasce seu primeiro clone Alisson Freitas Quem cria Mangalarga vai ficar devendo mais esta à família de José Oswaldo Junqueira: não bastasse a numerosa e superpremiada prole deixada por Turbante JO – reprodutor que fez história e até entrou no livro de recordes da Guiness, pelo seu elevado número de filhos -, o garanhão agora tem um clone formalmente registrado na Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga (ABCCRM). O processo só aguarda validação pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), cujos técnicos já se posicionaram a favor das clonagens equinas. O produto nasceu na Fazenda Santa Cruz, no km 10 da SP 211, em Mogi-Mirim, cidade próxima a São José do Rio Pardo, ambas no Estado de São Paulo. A conta a ser paga não fica só nisso, porém – e já seria uma dívida e tanto: um dia depois do nascimento, em 10 de setembro de 2012, de

Turbantinho JO, como foi batizado o clone, Cascata, uma neta do garanhão-chefe da tropa JO, desaparecida há três anos, também pariu um produto de sua clonagem; em novembro, foi a vez de Premiada RN, uma das matrizes que melhor acasalou com o supergaranhão, entrar na relação dos produtos clonados da linhagem JO. “Esses três Mangalargas agora vivem uma mesma geração, voltando a contribuir geneticamente para a raça”, comemorou na ocasião Perla Cassoli Fleury, viúva de João Junqueira Fleury, neto de José Oswaldo. Ambos veterinários, o casal havia fundado em Mogi-Mirim a Fleury Reprodução Equina, uma das primeiras empresas brasileiras a atuar na área de coleta, congelamento de sêmen e inseminação artificial em equídeos, e colocou o Brasil como terceiro no ranking de países a realizar, com sucesso, a clonagem de equinos, seguindo-se aos EUA e à Itália. Para fechar a conta, é crédito a receber que não acaba mais esse da família JO.

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Pioneirismo premiado O nascimento de Turbantinho JO aconteceu quase uma década e meia depois do desaparecimento de Turbante, ocorrido na Fazenda Santa Amélia, em janeiro de 1998. O procedimento só foi possível graças a uma ideia visionária do veterinário Joãozinho, como era carinhosamente conhecido João Junqueira Fleury. “O João era apaixonado por Veterinária e pela possibilidade de criar novos conceitos. Naquela época, pensar em clonagem era algo utópico, muito à frente de seu tempo”, lembra Perla. Um dos pioneiros do País na realização de TE em éguas, sua crença no futuro da clonagem o fez conservar um fragmento da pele do Turbante, ainda na década de 1980. E foi graças a esse pedacinho da pele do consagrado garanhão que se vai ter agora, na Fazenda Santa Cruz, uma penca cada vez maior de descendentes da renomada tropa Mangalarga de José Oswaldo.

Com a morte precoce de Joãozinho, Perla passou a administrar o centro de reprodução de equídeos que o marido fundara, o conhecido Fleury Reprodução Equina. Assim, o destino lhe reservou a tarefa de transferir os embriões-clones de Turbante para as éguas receptoras. O procedimento foi realizado na In Vitro Clonagem Animal, em Mogi Mirim, com participação de mais de 15 profissionais da área, além da colaboração da Universidade de McGill, do Canadá. “Estar envolvida num sonho idealizado pelo João é indescritível. É como poder devolver a ele tudo o que me ensinou sobre ciência. Acompanhar o nascimento do clone do Turbante foi uma emoção quase surreal. Ouvir os primeiros relinchos daquele potrinho, sob o luar silencioso, e se dar conta de que ele era o mesmo cavalo que nasceu há quase 50 anos foi algo extraordinário. Nos produtos clonados podem existir pequenas variações nas manchas de seus corpos, mas a contribuição genética é igual à dos animais originais”, enfatiza. Para Mário Barbosa Neto, presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos da Raça Mangalarga, a clonagem de animais com o sufixo JO não é uma conquista unicamente da raça, mas brasileira. E comprova, como diz, que “a ABCCRM, entidade com uma trajetória de 78 anos, continua inovando, adaptando-se às mudanças de tecnologia; por isso, sente-se orgulhosa pelo fato de que os primeiros clones de equinos nascidos e registrados no Brasil sejam da raça”.

Foto: Arquivo Pessoal/ Familia Junqueira

Foto: Agência Treze

Perla relembra que conheceu o que seria seu futuro marido ainda estudante da Universidade de Ensino Octavio Bastos (Unifeob), de São João da Boa Vista, onde João lecionava exatamente Reprodução Equina. O namoro começou no último ano da faculdade, “nos casamos e tivemos um filho, Gabriel, que nasceu em 2001”, recorda Perla. Um ano depois, João Junqueira, faleceu vítima de um câncer, aos 42 anos. “Foi uma grande lição dividir alguns anos da minha vida ao lado dele. O João era uma pessoa extremamente inteligente, simples, humilde, sonhador e querido por todos no meio. Até hoje, vários amigos guardam pedaços de papel ou guardanapos em que rascunhava sua tese de mestrado

ou anotou alguma ideia”, completa.

Turbantinho e Turbante JO. Clonagem só foi possível porque João Junqueira Fleury preservou, na década de 80, um fragmento da pele garanhão.

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Foto: Agência Treze

Minha máquina

O dia 23 de dezembro de 1969 pode ser considerado um divisor de águas na história do cavalo Mangalarga no Brasil. Como um presente natalino, nascia na Fazenda Santa Amélia, em São José do Rio Pardo (SP), Turbante JO. Criado por José Oswaldo Junqueira, que adotou as iniciais de seu nome para sufixo de sua seleção, o potro se revelou um produto extraordinário. Como garanhão, venceu diversas exposições pelo País e liderou durante mais de 20 anos a lista de principais reprodutores da ABCCRM, razão pela qual teve seu nome incluído Guinness Book (Livro do Recordes) como animal com maior número de filhos da história mangalarguista: 1.678 registrados oficialmente. Tantas credenciais lhe renderam o rótulo de “Garanhão do Século”, e sua morte, em 1998, aos 26 anos, deixou uma imenso vazio na cocheira da Fazenda Santa Amélia e na equinocultura brasileira. “O único defeito de Turbante é não ser eterno”, costumava dizer José Oswaldo. Se não logrou a eternidade na terra, Turbante JO transformou-se em lenda cultuada pela raça: vendia sêmen a US$ 10 mil a dose, e levava para os cofres da Santa Amélia verdadeiras fortunas pela barrigada de éguas por ele cobertas. Na história do Mangalarga, os nomes de José Oswaldo e Turbante JO se confundem, O criador é merecidamente considerado como o grande difusor da raça. E Turbante JO, o seu mais reputado reprodutor.

Perla Fleury e João Junqueira Fleury durante a lua de mel do casal, no Colorado (EUA)

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Foto: Agência Treze

Um Turbante digno de muita coroa real

Foto: Arquivo pessoal/ Perla Fleury

Perla e Turbantinho com a égua que serviu de barriga de aluguel para gerar o clone

Aos 11 anos, Gabriel acompanha a realização do sonho de seu pai, falecido quando ele tinha apenas um ano de idade.


Foto: Arquivo Pessoal/ Familia Junqueira Foto: Arquivo Pessoal/ Familia Junqueira

José Oswaldo Junqueira, Turbante JO e João Junqueira, nos tempos áureos do garanhão.

José Oswaldo Junqueira recebe o carinho de seu “filho”, Turbante JO

E tudo começou com uma simples visita de José Oswaldo à fazenda de seu primo João Francisco Diniz Junqueira, quando lhe encomendou o produto que deveria nascer do acasalamento de Colorado, reprodutor já renomado na época, e Fantasia. Curiosidade: o machinho então entregue a José Oswaldo ganhou o nome de Pensamento – que se sagraria Campeão Nacional em uma das primeiras exposições de cavalos realizadas no País, em 1932 – foi praticamente batizado pelo próprio João Francisco, que telefonava quase todos os dias para saber do primo como estava o potro, dizendo que “ele não saia de seu pensamento”. Começou aí a mais famosa tropa de Mangalarga do País. E que levaram o criador de Colorado a dizer ao primo José Oswaldo: “Estes cavalos podem até ser de sua propriedade, mas, antes disso, eles são patrimônio nacional”. Na Santa Amélia, iniciou-se, a partir daí, também uma sucessão de prêmios: entre outras raridades do Mangalarga, Pensamento produziu Abaré JO, Melhor Cavalo na exposição de Caxambu (MG), o qual acasalado com Índia JO, gerou outro fenômeno da raça. Muito apropriadamente registrado como Gigante JO. Entre tantas conquistas, Gigante foi o Campeão dos Campeões de Todas as Raças na Exposição Nacional de Equídeos, de Porto Alegre (RS), em 1966. Foi exatamente Gigante JO que emprenhou Folia e deu origem a Turbante JO na antevéspera do Natal de 1969. Já na primeira Exposição Nacional de que participou, em 1972, o animal começou sua carreira de prêmios: foi o Campeão Júnior e, no ano seguinte, Campeão Sênior na Nacional da raça. Certamente viriam muitos mais premiações, não fosse José Oswaldo ter retirado seu garanhão das pistas, temeroso, depois de haver detectado a presença de um prego na barriga do animal, em mostra realizada no Parque da Água Branca, na capital paulista. Como reprodutor, Turbante JO pôde cobrir um impressionante número de éguas e tornar-se o recordista de produção do Mangalarga, líder do ranking da ABCCRM na categoria por mais de 20 anos, graças à utilização da coleta, congelamento de sêmen e transferência de embriões, técnicas levadas à Fazenda Santa Amélia pelo neto de José Oswaldo, João Junqueira Fleury. Turbante chegou a ser avaliado em US$ 1 bilhão. Foram muitos os que tentaram compra-lo, mas José Oswaldo Junqueira dizia que a ideia de vendê-lo nunca passou pela sua cabeça. “Você venderia um filho?”, retrucava quando questionado sobre a possibilidade. Nos seus últimos anos de vida, Turbante ficava solto no jardim da fazenda, e era alimentado pelo próprio José Oswaldo. Após a morte do garanhão, em janeiro de 1998, o criador mandou fazer uma estátua do animal, em tamanho real, até hoje um marco na entrada da sede da fazenda.

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Causando

Em 45 dias,1,8 mil quilômetros Força e resistência dos animais foram duramente postas à prova no percurso de Uruguaiana a Itu. Alisson Freitas outubro e agora está belo e forte em Itu, aonde chegou no dia 24 de novembro. Nem de longe se tratou de um passeio. Mas também não se pode dizer que foi uma aventura, pois houve muito planejamento, apoio consistente e prévia definição de toda a logística necessária. Acima de tudo, porém, houve a rusticidade do Crioulo, raça capaz de vencer os mais duros desafios, como enfatizam seus selecionadores. E que já provara essa capacidade, exatos 90 anos antes. Em abril de 1925, como se recorda, o professor suíço Aimé F. Tschifelly promovera a primeira cavalgada de longa distância com Cavalos Crioulos, exatamente para demonstrar sua força e resistência. E num trajeto bem mais longo e demorado, no total de 21,5 mil quilômetros percorridos em três anos, coincidentemente tendo a mesma cidade de Buenos Aires como origem e a norteamericana Nova Iorque como destino.

Fotos: Equipe Raide Cabanha Paulista

Muitos duvidaram da empreitada, alguns quiseram demover o criador de sua ideia, mas esse foi o melhor jeito de resolver um problema que já estava aborrecendo Paulo Almeida Prado, da Fazenda Capoava, em Itu (SP). Afinal, ele havia comprado por bom preço o Crioulo argentino Yancamil Huinca, na Exposição de Palermo, em Buenos Aires, a capital argentina, em junho de 2012, era outubro e o garanhão ainda estava alojado em Uruguaiana, na fronteira gaúcha com o país vizinho. Trazê-lo até a Capoava de caminhão poderia ser problemático, mas se ele viesse cavalgado por ginete experiente, vencendo os percalços de uma viagem de 1,8 mil km, suas patas varando o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além do trecho paulista, Paulo poderia matar três coelhos numa só cajadada: inscrever seu nome na história da raça, provar a resistência e força do Crioulo e fazer chegar o animal ao seu esperado destino. Dito e feito: Yancamil Huinca deixou Uruguaiana em 5 de

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Amazona e gestora de Equinocultura Renata Zuncchetti Simoneto

Cavaleiro e gestor de Equinocultura Lucas Paiva Garcia

“Adoro desafios e sou apaixonado por cavalos, gosto de explorar as principais características de cada raça e de colocá-las à prova”, justifica-se Paulo Almeida Prado. Por isso, “em vez de mandar um avião ou caminhão buscar Yancamil Huinca, resolvi testá-lo, juntamente com um dos garanhões do meu plantel. Escolhi o Sorrito Paulista e o enviei ao Rio Grande do Sul, para que ambos voltassem juntos a São Paulo”, completa. Apesar de alguns amigos receberem a ideia da cavalgada com desconfiança, Paulo não titubeou: “a grande maioria dos criadores de cavalo conhece o potencial do Crioulo, destaca, e até me incentivou a realizar a cavalgada”, destaca. Os animais foram conduzidos pelos cavaleiros e gestores em Equinocultura Renata Zuncchetti Simoneto, que montou Sorrito Paulista, e Lucas Paiva Garcia, que ficou com Yancamil Huinca. Além da dupla, o grupo do Raide Cabanha Paulista – nome com que o projeto foi batizado - teve Rogério Lima como seu coordenador geral, Bruno Jácome como navegador e Nilson Pereira como responsável pelo apoio operacional e ferração. Também deram colaboração à equipe os veterinários Kiko Almeida Prado, Alexandre Gobesso (USP), Edilson Pagoto (Escola de Formação de Ferradores), Renata Farinelli (FMVZ-USP e Uniso), Nádia Almosny (UFF) e os zootecnistas Marcílio Dias (Unesp) e Raul Almeida Prado.

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Fotos: Equipe Raide Cabanha Paulista

Causando

Equipe suportou fortes chuvas em toda a viagem, principalmente no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A dura jornada O relógio já passava das 10 horas da manhã do dia 5 de outubro de 2012, quando o grupo do Raide Cabanha Paulista partiu do Parque Agrícola e Pastoril de Uruguaiana - onde acontecia a Exposição Morfológica de Cavalos Crioulos -, com destino à Fazenda Capoava. Além das preocupações com as dificuldades impostas pelo caminho ainda desconhecido, a equipe tinha de se preocupar com o estado técnico e físico dos animais, para o que coletava semanalmente dados relacionais às condições da cavalgada (divulgados em seus pormenores no site do projeto e no endereço eletrônico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), que apoiou a iniciativa). Logo no início do trajeto, ainda nas proximidades de Uruguaiana, houve necessidade de diminuir o ritmo da caminhada, em virtude dos ventos fortes e da chuva que caía na região. Mesmo assim, o grupo conseguiu percorrer uma boa distância, num ritmo de quase 60 quilômetros por dia. Mais que as dificuldades no percurso, porém, outro problema preocupava os viajantes: Yancamil Huinca se mostrava fora de forma, obrigando Sorrito a cavalgar mais lentamente para não deixa-lo para trás. “Huinca estava acima do peso e sem nenhum preparo, mas logo melhorou de desempenho e reagiu bem aos estímulos e adversidades. Por isso começamos devagar e fomos crescendo ao longo do caminho”, lembra o zootecnista Raul Almeida Prado, que acompanhou o desafio de perto. Após pouco mais de quinze dias de estrada, o grupo concluiu a primeira etapa da cavalgada, chegando a Santa

Falta de acostamento em rodovia foi outro problema encontrado pelo grupo

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Ao longo de todo trajeto, diversos cavaleiros acompanharam a equipe em alguns trechos.

Catarina. O trecho também reservou dificuldades para os viajantes, como a mudança para o horário de verão e a grande quantidade de chuva, habitual no Estado para essa época do ano. Felizmente, os cavalos se adaptaram facilmente às condições climáticas e, no dia 31 de outubro, chegaram ao Paraná. Em vários trechos do longo do percurso, “diversos cavaleiros se empolgaram com a cavalgada e se juntaram ao grupo, acompanhando-nos durante parte do trajeto. Isso foi fundamental para o sucesso do projeto, pois conheciam os caminhos e atalhos da região. A equipe foi muito bem recebida em todos os lugares por que passou, e muitos criadores cederam as suas propriedades para que o grupo descansasse”, relembra Paulo Prado.

Paradas para o descanso foram fundamentais para o sucesso da viagem

No Paraná, os viajantes mantiveram a média de 43,8km/ dia, o que lhes projetava a chegada a Itu para o dia 24 de novembro. Em muitas cidades Sorrito e Yancamil se tornaram atrações para a população, que saía às ruas para vê-los. Nos trechos próximos à rodovia PR 151, quase na divisa com São Paulo, os cavaleiros precisaram da ajuda extra de uma camionete e de uma motocicleta, para “proteção dos animais”, pois a rodovia, bastante sinuosa, tinha pouco acostamento, e caminhões passavam perigosamente perto dos animais. Em território paulista, a caravana ganhou a companhia de vários amigos de Paulo Almeida Prado, que haviam acompanhado o início do Raide.

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Equipe ultrapassa divisa entre os estados do ParanĂĄ e SĂŁo Paulo

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Fotos: Equipe Raide Cabanha Paulista

Viajantes se aproximam do destino final

Equipe e técnica e familiares preparam recepção em Itu (SP)

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Foto: Equipe Raide Cabanha Paulista

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Foto: Hélen Albernaz

Após 45 dias de viagem, cavalos chegaram a Itu galopando.

Apresentação de dança gaúcha animou festa de recepção ao grupo

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Foto: Hélen Albernaz

Diretoria da ABCCC foi a Itu (SP) prestigiar a chegada da equipe do Raide. Em pé, Paulo Almeida Prado, idealizador da cavalgada.

A chegada Antecipando-se à data inicialmente prevista, os garanhões chegaram Fazenda Capoava no dia 18 de novembro, às 11 horas, 45 dias após deixar Uruguaiana. A equipe foi recebida com uma grande festa, que teve atrações como a Orquestra Paulista de Viola Caipira e uma apresentação de grupo de gaúchos devidamente pilchados, que apresentaram danças e músicas típicas do Rio Grande do Sul. Entre as autoridades presentes no evento estavam o prefeito da cidade de Itu, Herculano Passos Júnior, o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, Mauro Raimundi Ferreira, e o ex-presidente da entidade, Manuel Luis Sarmento. “A chegada dos cavaleiros, cavalos e de toda a equipe foi muito emocionante, não tenho palavras para descrevê-la. Nós pensávamos que os garanhões estariam cansados, mas eles entraram na fazenda galopando e cheios de saúde. Desde cedo, as pessoas aguardavam ansiosas, dadas as

muitas incertezas da viagem, mas, no fim, tudo deu certo”, resume Paulo Prado. No reencontro com amigos e familiares, os cavaleiros, emocionados, ainda custavam a acreditar no feito realizado. “Quando me falaram da ideia de fazer a cavalgada, achei uma loucura e nem cogitei participar”, conta Renata Simoneto, a condutora de Sorrito Paulista. “Mas, depois, a empolgação de todos acabou me envolvendo; quando vi já estava na hora de partir”, completa. Para Lucas Paiva Garcia, a viagem foi seu primeiro contato com a raça Crioula. “Depois dessa experiência maravilhosa que acabei de viver, nunca mais vou conseguir me afastar desses cavalos”, afirma o gestor de Equinocultura, que se surpreendeu com o desempenho do Yancamil. “O Sorrito estava bem mais preparado, mas o Yancamil Huinca conseguiu se recuperar; em menos de 15 dias, já estava no mesmo ritmo que o seu companheiro”, relembra.

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“O Crioulo é algo inexplicável. Mais uma vez a raça foi desafiada e mostrou todo o seu potencial. Os animais chegaram vendendo saúde e já estão cobriram várias éguas da fazenda. Vizinhos e outros criadores vêm de longe para ver os garanhões”, conclui o idealizador do Raide e titular da Cabanha Paulista. Com a aquisição de Yancamil Huinca, Paulo enriquece ainda mais seu plantel, iniciado na década 1960, quando seu pai, Roberto Sampaio de Almeida Prado, adquiriu o mouro Yucatán da Fazenda Invernada, de Felipe Martins, influenciado pelo amigo Emílio Mattos. “Meu pai só entendia o valor de um cavalo a partir da sua capacidade de produzir um trabalho eficiente, então começou a criar o Crioulo, por ser essa raça uma renomada ferramenta de auxílio à pecuária de corte. É certo que ela sempre teve um lugar especial no coração de meu pai, assim como tem no meu”, arremata Paulo.

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Rédeas dos animais irão para um memorial, para marcar o seu feito. Ao fundo, a Orquestra Paulista de Viola Caipira.


Foto: HĂŠlen Albernaz

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Causando

Bonito aqui e na China Júlia está no início da caminhada, Leda já brilha em competições fora do País.

Júlia Leão

Se é de pequenino que se torce o pepino, como diz o ditado, é desde crianças que se começa a formar uma campeã. Parecem pensar assim o treinador de cavalos João Leão e a amazona Joseli Lopes Leão. Júlia, a filha do casal, de apenas dois anos de idade, está seguindo os passos dos pais e já venceu a primeira Prova de Baliza e Tambor de que participou na classe especial, em Laranjal Paulista, SP. Não mais uma criança, pois está na casa dos 20, Leda, irmã mais nova de João e Aílson, do JL Treinamentos, pode ser considerada uma veterana nesse tipo de competição. Elas são carinhosamente chamadas de “as meninas do JL”, centro de referência nacional no preparo de animais para provas de Baliza e Tambor. Em 2012, Leda fez sucesso na China, como integrante de equipe formada pela NBHA Brazil, a correspondente brasileira da National Barrel Horse Association, que desenvolve programas especiais para difusão das modalidades de baliza e tambor e promove ações de intercâmbio visando difundir os esportes equestres nesse país, ainda sem tradição na área.

Leda Leão em competição na China

Já é a segunda vez que a NBHA Brazil promove viagens à China com esse objetivo e, segundo Leda, o Haras Brother Fortune, onde ficou alojada, “é impecável, tem uma estrutura de primeiro mundo, com animais selecionados de várias raças para diferentes modalidades. O destaque é o Quarto de Milha, devido à versatilidade, sempre dando um show à parte”, relata.

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J炭lia Le達o em sua primeira prova

Leda, Ailson e Jo達o Le達o

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Fatos & feitos

ABCCC quer ver a raça mais esparramada pelo País Nova diretoria pretende distribuir melhor os núcleos de criação concentrados no Sul Alisson Freitas

Hoje, o País tem cerca de 330 mil exemplares de Cavalos Crioulos. É um número expressivo, mas excessivamente concentrado na região Sul, que abriga 95% dos animais da raça. Somente o Rio Grande do Sul detém algo como 280 mil exemplares, ou 85% do acumulado nacional. Paraná e Catarina repartem 10% dos plantéis e 5% restantes estão rarefeitos entre os demais Estados da Federação. “Nosso principal objetivo é conquistar o Brasil. Os números mostram que o Crioulo tem muito espaço para crescer. Tenho certeza absoluta de que, trabalhando em grupo e recebendo o apoio da família crioulista, alcançaremos nossa meta”, afirma o novo presidente da ABCCC. Mauro Raimundi Ferreira já ocupou importantes cargos na diretoria da ABCCC.

Fotos: Leandro Vieira

Firmemente focada nesse objetivo, o principal desafio a que se propôs a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) é expandir a criação para todo o território nacional. Esse também é o compromisso da nova diretoria da entidade, empossada em outubro de 2012. Em ato realizado em sua sede, na cidade gaúcha de Pelotas, Manuel Luís Sarmento passou o comando da ABCCC a Mauro Raimundi Ferreira. De família que seleciona Cavalo Crioulo há mais de 30 anos, Mauro é hoje o responsável pela Cabanha Macanudo, em Lavras do Sul (RS). No lugar de Manuel, que exerceu o mandato no período 2010-12, Mauro empunhará a bengala-símbolo da presidência pelos próximos dois anos. Mandato de presidente de Mauro Raimundi Ferreira vai até 2014

No rol de suas realizações se conta a redação dos regulamentos de diversas competições oficiais, entre elas o Freio de Ouro. Em sua primeira ação como presidente da associação, Ferreira prorrogou a parceria com o Canal Rural para a transmissão do torneio até 2019. Agora, a disputa – cuja final sempre acontece durante a Expointer, em Esteio, nas proximidades da capital gaúcha - também passará a integrar o projeto da ABCCC batizado de Tríplice Coroa, que objetiva destacar os animais mais completos da raça, avaliados por seu desempenho e funcionalidade, em provas específicas. Somente chegará a tríplice coroado o Crioulo que for provado em Marcha de Resistência e ter sido finalista em provas oficiais de Morfologia e no Freio de Ouro. “A Tríplice Coroa é uma aposta audaciosa e teve ótima aceitação junto aos associados. Estamos mais uma vez desafiando a raça, e a grande maioria dos criadores já aceitou esse desafio”, conclui Ferreira.

Com a transferência da bengala, o simbolismo da entrega do cargo de presidente.

Outro ponto a merecer atenção especial da nova diretoria da ABCCC é a valorização dos rankings regionais. A intenção da entidade é estimular a disputa entre criadores da mesma área geográfica e premiar cavalos e criadores com melhor desempenho. “Ser primeiro ou segundo colocado em sua região não é uma tarefa fácil. As unidades regionais da Associação são muito fortes e queremos fomentar uma disputa saudável entre os criadores”, resume.

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Fatos & feitos

Mulheres fundam Núcleo e querem mostrar serviço O único que elas não querem é parecer um grupinho que só joga conversa fora ou fica no blábláblá sem objetivo. O Núcleo Feminino do Mangalarga, por enquanto atuando a partir de Ribeirão Preto, SP, a partir da infraestrutura cedida por sua primeira presidente, Beatriz Biagi, quer mostrar serviço e principalmente prover apoio à direção executiva da entidade oficial dos criadores da raça. Por isso, já ficou estabelecido que toda a energia das associadas que aderiram ao projeto inicial vai ser participar ativamente das exposições e provas funcionais. Não como simples espectadoras, porém, porque a ideia é aproveitar essas e outras oportunidades para a promoção de cursos profissionalizantes, que qualifiquem adequadamente a mão-de-obra das fazendas, ministrar palestras voltadas para as mulheres, jovens e crianças, além de outras atividades afins. Tudo para envolver ainda mais quem já convive com o Mangalarga e, principalmente, quem tem de aplicar-se a qualquer tipo de ajuda à sua criação. O Núcleo Feminino do Mangalarga foi constituído em Franca, durante a 34ª Nacional, em setembro-outubro de 2012, Além de Bia (da Beabisa), na presidência, estão em sua diretoria Josiane Matta Vidotti (Haras Araxá) como vice; Heloísa Lima de Freitas (Fazenda da Onça), secretária; Camila Glycério de Freitas (Haras Mangaiba), Esportes, e Ruth Villela de Andrade (Touth VA), Comunicação

e Marketing. Por sinal que o grupo já mostrou serviço no próprio evento, organizando a recepção à família mangalarguista em caprichado coquetel. E tratou do essencial: como viabilizar as ações pretendidas, sem onerar os cofres da ABCRM. Um jantar especial serviu de palco para um leilão de coberturas, doação obtida do empenho das associadas, que teve liquidez total, como destaca Bia. Com os recursos, o Núcleo também pôde oferecer premiação para os ganhadores das Provas Mini-Mirim, Mirim, Juvenil e Feminina constantes do calendário da mostra. O Núcleo começou, informa a sua presidente, com 160 associadas, mas deve crescer rapidamente, pois todas as diretoras se dispuseram a arregaçar as mangas, oferecendo a página oficial no facebook, e-mails e telefones pessoais para os contatos. “Além de auxiliar para que os ambientes das exposições sejam confortáveis para a família mangalarguista, nosso principal objetivo é o de elevar a raça Mangalarga ao topo, por tratar-se de um animal de excelência peculiar”, finaliza Bia. que fez questão de divulgar por meio da Revista Cavalos os endereços para mais informações sobre o Núcleo. Que são o site www. beabisa.com.br, o facebook www.facebook.com/beabisa, o twitter www.twitter.com/beabisa, o e-mail beabisa@beabisa. com.br e o telefone de seu escritório em Ribeirão Preto (SP), o (16) 3632-4488.

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Fatos & feitos

ABPSL troca comando e promete muita ação Mais visibilidade para as competições e provas será o grande chamariz para ampliar o quadro associativo parcerias que resultem na conquista de novos associados. Um dos projetos acertados prevê a transmissão do Campeonato Brasileiro de Equitação e Trabalho por Equipes, pelo Canal Rural. Também está na mira da entidade atrair profissionais da área rural para a promoção de palestras, cursos práticos e de capacitação na criação e adestramento de animais para criadores. Igualmente já está acertada uma maior aproximação com a Confederação Brasileira de Hipismo (CBH) e a Federação Paulista de Hipismo (FPH) para fomentar a presença do Cavalo Lusitano no adestramento clássico, adianta Orpheu, que tem na vice-presidência de sua diretoria José Victor Oliva, um dos mais entusiasmados promotores da modalidade no Brasil. Para Orpheu Ávila, “nosso cavalo é um animal de sela espetacular. Tenho certeza de que, se houver a expansão dos esportes equestres, traremos um grande aumento no número de adeptos para a raça”, conclui. Orpheu Ávila: planos e projetos já estão a bom caminho.

Quem é quem na direção da ABPSL

Alisson Freitas Com apenas cinco anos na seleção da raça, mas fã do Puro Sangue Lusitano faz muito tempo e há quase 15 um requisitado juiz internacional, o médico veterinário Orpheu Ávila é o novo presidente da entidade nacional dos criadores de PSL. A paixão pelo Lusitano se revelou ainda nos bancos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde se diplomou em 1991. No ano seguinte, Orpheu já integrava o Conselho Deliberativo Técnico da agremiação dos criadores. Sua base de seleção está na Coudelaria AO, em Boituva (SP). Eleito no início de dezembro de 2012, Orpheu Ávila se empossou no cargo ainda na segunda quinzena do mês e se mostra confiante no futuro da raça. Definiu como meta prioritária de sua gestão “aumentar a visibilidade do Cavalo Lusitano em todo Brasil, mostrando todas as sua qualidade e versatilidade para atrair novos associados, criadores e utilizadores da raça”. Atualmente a Associação Brasileira do Puro Sangue Lusitano (ABPSL) tem cerca de 350 associados, com grande concentração de criadores no Estado de São Paulo, mas Orpheu acredita que há “um grande mercado a conquistar” nas mais diferentes regiões do País. Umas das estratégias já definidas pela nova diretoria é a promoção mais intensa das competições equestres, para evidenciar ao grande público, em especial aos criadores de animais, “toda versatilidade e potencial do Cavalo Lusitano”, enfatiza o presidente. Para isso, estão sendo estudadas

Com mandato para o biênio 2013-2014, são os seguintes nos novos executivos da Associação Brasileira do Puro Sangue Lusitano: Orpheu de Souza Ávila Júnior (Coudelaria OA), presidente. José Victor Oliva (Coudelaria Ilha Verde), vicepresidente Os conselheiros são: Aldo Araújo Pinto (Coudelaria do Castanheiro) André Almeida de Menezes Cortes (Coudelaria Boa Nova) André Ganc (Haras Vale do Aretê) Carlos Leal Villa (Haras Villa da Rainha) Eduardo Bundyra (Haras Crystal) Eduardo Chatzoglou (Haras São Caralambos) Fazendas Interagro Ltda. Francisco Antônio Rios Corral (Fazenda Santana) Ismael Gonçalves da Silva (Haras IGS) José Carlos Garcia (Haras Modelo) José Francisco Brito Eusébio (Fazenda Sasa) Roberto Ferreira Camargo Pedrosa (Haras do Drosa

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Fatos & feitos

Núcleo paulista do Pampa sai em busca de novas adesões Alisson Freitas Eleito em novembro de 2012, Walfran Feitosa Guerra (Haras Rancho Conquista, Mairiporã, SP) é o novo presidente do Núcleo Pampa SP, entidade regional da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pampa (ABCPampa). Criador da raça há seis anos, ele está confiante em que a marcha do Pampa vai continuar na mesma batida imprimida por seu antecessor, Jeferson Ferreira Jardim (Haras Garden, Atibaia, SP). E ela tem sido firme e em ritmo crescente: com apenas dois anos de vida, a entidade já conta com 320 sócios ativos, ou 22% dos criadores de todo o País. Para que a expectativa do núcleo se concretize, Walfran, entre outras iniciativas, criou uma diretoria especialmente voltada para ampliar o quadro associativo. Sua coordenação foi confiada a Marisa Iório Corrêa da Costa (Haras Lagoinha, Jacareí, SP). Também foi implantada uma área de fomento à raça, sob a responsabilidade de Cauê Costa (Haras Quatro Irmãos, Bauru, SP), esta dirigida especificamente para o incentivo a novos criadores e a busca de proprietários de animais com a pelagem para levá-los a participar de exposições e outros eventos promovidos pela Associação. O público feminino vai merecer atenção privilegiada por parte de Cláudia Costa (Haras NC, Biritiba Mirim, SP), igualmente recém-empossada, cuja disposição tem o duplo objetivo de atrair mais mulheres para os eventos da raça e também interessá-las na criação de animais Pampa. Cláudia promete estimular a realização de competições mirins, além de atrações de caráter social para os jovens, buscando trazer as famílias para as exposições. Outra proposta da área é a promoção de cursos de interesse dos criadores em conjunto com a ABCPampa. Na nova diretoria se confia muito no sucesso da empreitada. A própria Associação nacional dos criadores é uma das entidades de raça que mais crescem no País, graças especialmente à ação dos núcleos regionais implantados em vários Estados. O Pampa SP tem cumprido o seu papel, assegura o ex-presidente Jeferson Ferreira Jardim. Em seu mandato, promoveu mais de 30 eventos, entre leilões, exposições, provas, premiações, cursos e reuniões sociais, como jantares e confraternizações. Essa estratégia, para ele, é fundamental para aproximar e unir os associados do grupo. “Não existe mais criação de cavalos sem festa”, diz Jeferson, que também criou o ranking regional dos criadores de Pampa.

Walfran Feitosa Guerra, novo presidente do Núcleo Pampa SP e proprietário do Rancho da Conquista

Por seu lado, Walfran Feitosa Guerra garante: “Com certeza vou manter os projetos iniciados pela gestão anterior. O Jeferson Jardim é grande profissional, e realizou um ótimo trabalho. Com muito empenho e dedicação, uniu criadores, realizou grandes eventos e conseguiu fomentar o Pampa no Estado, transformando a nossa raça em uma moeda forte. É um grande desafio sucedê-lo, e sua experiência será fundamental para a nossa gestão”. Ele também diz esperar que todos associados da ABCPampa em São Paulo estejam ativos no grupo, levando seus animais para as pistas, participando das exposições, leilões, cursos e eventos sociais, afora opinar e colaborar para que o núcleo possa melhorar sempre. E enfatiza que, quando o criador participa, contribui para o fortalecimento da raça e, além de se atualizar, enriquece seu conhecimento, por poder comparar o que tem em casa com os animais que se estão destacando nas pistas de competição. Além da muita satisfação pessoal, pois, como acentua, “quem entra para a família do Cavalo Pampa não sai mais”.

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Caixa cheia

Foto: Paula Poli

Pelagem mais escura do Mangalarga é destaque no leilão Barrigas Negras Com intuito de fomentar a pelagem preta na Raça Mangalarga, o criador Rodrigo Paradeda Nunes (Haras RPN, de Jacareí, SP) promoveu o Leilão Virtual Barrigas Negras Mangalarga, no dia 30 de outubro de 2012. Embora as vendas fossem virtuais, parte do evento foi presencial, levando 130 pessoas a Choperia North Beer, em São Paulo (SP), além de contas com cerca de 240 espectadores que acompanharam a captação de lances pela internet. No total, foram apresentados 20 lotes, distribuídos entre barrigas, animais e coberturas, levados à venda por treze convidados diferentes. O animal de maior cotação foi Morena Riacho das Pedras colocada à venda por André Lisboa (Haras Riacho das Pedras, de Piedade, SP). A matriz de três anos foi vendida por R$ 30 mil aos criadores Marco Cosi e Fausto Forte, de Caçapava (SP). Entre as barrigas, os destaques foram Sombra RB, vendida pelo Haras EFI, de Itú- SP, ao criador Dirk Helge Kalitzki (Haras Forsteck, de Guaratinguetá, SP) por R$ 14 mil; e Suiça RPN, adquirida pelo criador Marcio Mitsuishi, de Itapetininga- SP, por R$ 12 mil, junto ao Haras RPN.

Rodrigo Paradeda Nunes, a esposa Angelica Nunes, a filha Manuela Nunes e a sobrinha Maria Eduarda Nunes de Ranieri

“A pelagem negra é sem dúvidas uma das mais admiradas pelos amantes de cavalos, independente de qual for a raça. Com certeza realizaremos a segunda edição do leilão no ano de 2013, com um número maior de animais ofertados, acreditando em valores mais expressivos. Aguardamos que o sucesso da segunda edição seja ainda maior e esperamos que o nosso projeto difundir a pelagem negra se solidifique”, resumiu Rodrigo Paradeda Nunes. O remate foi transmitido pela Tv Leilão.net e teve organização da Fenix Leilões, com parcelamento feito em até 20 parcelas.

Centro de Equoterapia Dá, mas precisa de ajuda. Mesmo sem ganhador, a rifa solidária em benefício do Centro de Equoterapia Dom Quixote, sorteada pela Loteria de Natal de 2012, trouxe alguma ajuda ao Rancho que leva o nome do personagem de Cervantes, em Jundiaí, SP. A renda dos bilhetes vendidos foi algo superior a R$ 11 mil, uma boa ajuda para o que o Centro precisa. O prêmio seria uma motocicleta 0 km, doada pelo pai de uma das crianças que frequenta regularmente o local. De qualquer modo, a moto ainda vai servir para arrecadar, mais para frente, recursos que permitam a manutenção dos serviços prestados no local. Atualmente, são beneficiadas 32 crianças portadoras de necessidades especiais, muitas das quais carentes e sem possibilidade de qualquer contribuição regular.

A capacidade total de atendimento do Centro é de 100 alunos por semana. Os exercícios são praticados em quatro equinos cruzados Quarto de Milha, que apresentam características próprias de andamento, docilidade e adequação à atividade. O tratamento de reabilitação ésupervisionado pela psicóloga Rita Carecho e pela fisioterapeuta Cláudia Blumer, além de outros profissionais especializados. O Centro de Equoterapia Dom Quixote se localiza no km 72,5 da rodovia Engenheiro Constâncio Cintra, no bairro Mato Dentro, em Jundiaí, e está aberto à visitação dos interessados em ajudar na sua manutenção. Para contatos podem ser utilizados o e-mail equodomquixote@yahoo. com.br ou o celular de Cláudia (11-99898-9031).

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Caixa cheia

Com prazo para ninguém botar defeito (62 parcelas no total: duas no ato, dez duplas, mais vinte parcelas mensais e outras dez duplas), o Haras do Barulho fez verdadeira festa Campolina, em novembro e dezembro. No leilão, iniciado via internet, em 26 de novembro, e encerrado no dia 8 de dezembro, agora no próprio haras, em Cachoeiras do Macacu (RJ), fez médias gerais de R$ 9 mil para os animais e de R$ 17,5 mil para embriões. Mas Cláudio e Pedro Cunha, os promotores da venda, viram Laguna do Barulho, uma baia de três anos, sair por R$ 43,4 mil para a Agropecuária Irmãos Guerreiro, da vizinha Maricá. Nos embriões, um de Lotus do Barulho pegou R$ 21,7 mil, lance de Reinaldo Monteiro, do Haras São Judas Tadeu, de Cantagalo, também no Rio de Janeiro. Pelo visto, Reinaldo está apostando alto na pelagem pampa. Lotus, uma das mais destacadas filhas de Gavião do Barulho – o Melhor Reprodutor do Ranking Nacional 2012, que exibe alentado cartel, com vários campeonatos em sua descendência, entre Grandes Campeões Nacionais –, é

Foto: Lincoln Simões

Campolina faz barulho e vendas bastante altas

Pedro, Claudio, Bruno e Vera Cunha

homozigota de preto, o que permite ao novo proprietário garantir-se com essa pelagem na produção da fêmea. O Haras do Barulho aproveitou seu remate para abrigar a final da Copa Rio de Marcha, na manhã do dia 8. O evento definiu os vencedores de 2012 em seis categorias. Os títulos ficaram com Quimoleca de São Judas, Campeã Potra; Blindado do Haras Ventania, Campeão Potro; Dakota do Barulho. Campeão de Marcha Picada; Mandamento do Engenho Novo, Campeão Castrado; Mirra do Pantaleão, Campeã Égua, e Urano da Dona Flor, Campeão Cavalo.

Walfran Feitosa Guerra, novo presidente do Núcleo Pampa SP e proprietário do Rancho da Conquista

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Das Lentes

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