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Mensagem do Vice Presidente da Direção da APOGESD Dimas Pinto

Estivemos, em representação da Apogesd, em Saragoça, entre 4 e 6 de Março, no V Congresso Iberoamericano de Instalações Desportivas e Recreativas (CIDYR 2014), ponto de encontro para o intercâmbio interdisciplinar de informação e experiências sobre gestão, desenho e a construção de instalações desportivas e recreativas. Peritos de 13 países deram contributos em três áreas: Desporto e urbanismo; gestão de instalações e impacto do desporto na sociedade. De forma clara foi dito que construir instalações desportivas que não sirvam as pessoas não faz sentido. No planeamento da instalação, o utilizador deve ser a nossa finalidade e o CIDYR estará posicionado como uma plataforma para que aqueles que nesta área oferecem serviços o façam num nível de excelência através de um trabalho de equipa. Trata-se da necessidade de construir instalações adaptadas às necessidades reais de cada país e região facilitando desta forma, a toda a população, formas/ soluções bem-sucedidas. Foi também apresentado pelo seu criador e promotor Fernando Soria, o projeto “Espana se Mueve”. As preocupações com as novas tendências na área das instalações desportivas tornam-se inevitáveis, mas todos sabemos que a resolução dessas preocupações passa pelos gestores desportivos com as suas competências, habilidades e atitudes. As novas instalações só terão sucesso com um eficaz sistema de informação e de uma gestão profissional e inteligente desses espaços. A Apogesd deve dar contributos no sentido de preparar os seus sócios para as constantes mudanças de cenário neste campo, prepará-los para uma participação adequada no antes, no durante e no depois da construção do equipamento. Assim, as próximas acções devem trazer para a mesa a temática da gestão e construção de equipamentos desportivos. O gestor deve conhecer o planeamento estratégico, as políticas, os programas e as acções adequadas para cada tipologia de instalação desportiva. Só de lembrar, as vezes que já ouvi prometer a elaboração/actualização da Carta Desportiva Nacional e a sua efectiva não concretização, serve para ilustrar com um pequeno exemplo as nossas políticas desportivas. Pessoalmente considero que nos últimos anos, com sucessivos governos, não temos tido uma política desportiva governamental clara e com objectivos concretos a curto, médio e longo prazo, por isso devemos no âmbito das instalações desportivas, na Apogesd, reflectir e definir atuações ajustadas num cenário em que, muitas vezes:


Mensagem do Presidente da Direção da APOGESD Amadeu Portilha

- O maior problema não será a falta de instalações desportivas mas sim a falta de equipamentos desportivos corretamente dimensionados e sustentáveis (do ponto de vista económico, social, educativo, desportivo ambiental e cultural); - Somos confrontados com instalações muito formatadas (rigidez tipológica das instalações) nas práticas desportivas tradicionais, nem sempre de dimensão e valências adequadas à procura local e à evolução do desporto; - Falta planificação territorial dos equipamentos desportivos de acordo com as necessidades reais dos municípios e população local; - Temos instalações desportivas que tiveram elevado custo de construção e têm elevados custos de exploração; - Não se desenham equipamentos polivalentes, versáteis e sustentáveis; - Somos confrontados com ausência de concepção do espaço público urbano como suporte das actividades desportivas e gerador de redes de relações sociais. - Faltam instrumentos de gestão do território que em espaços fortemente urbanizados prevejam a possibilidade de utilização de passeios, parques, caminhos… para a actividade física do cidadão. - Não se garante um uso respeitador do meio natural; - Não se formulam estratégias e programas que utilizem de forma sustentável as condições naturais existentes. - São as autarquias os principais agentes investidores e responsáveis pela manutenção de infraestruturas desportivas do país; - Temos poucos especialistas (Equipas multidisciplinares) a acompanhar todas as fases de planeamento das infraestruturas desportivas. Termino insistindo, de forma particular, na necessidade absoluta dos municípios investirem na qualificação dos gestores e responsáveis políticos do sector do desporto para que conceitos fundamentais como planeamento, estratégia, sustentabilidade, percepção das necessidades efectivas dos cidadãos em matéria de desporto e claro, gestão, sejam aplicados de forma eficiente e eficaz.

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Congresso Nacional Olímpico 2014 | 03 de Março 2014 Olimpismo - Um espaço para todos

XIV Congresso Nacional da APOGESD

A APOGESD através do Vice-presidente Carlos Resende esteve presente no CONGRESSO NACIONAL OLÍMPICO 2014, no dia 3 de março, no painel “Olimpismo - Um espaço para todos”. Este painel teve a moderação de Carlos Resende (APOGESD) coadjuvado com a Margarida Dias Ferreira (COP), os prelectores foram o Professor Manuel Veloso da Federação Académica do Desporto Universitário (FADU), o Dr. Álvaro Sousa Carneiro da Fundação

INATEL, o Dr. César Silva da Federação Nacional de Karaté - Portugal e o Eng. Mário Almeida Presidente da Federação Portuguesa de Corfebol. O painel iniciou com os agradecimentos do Carlos Resende ao Comité Olímpico de Portugal pelo convite formulado à nossa associação e deambulou pelas dificuldades, necessidades e expectativas das organizações não olímpicas em questão e terminou com uma palavra de apreço à autarquia da Maia pela recente conquista de Cidade Europeia de Desporto 2014 e os desejos de enormes sucessos.


Entrevista com Filipe Costa Consultor de Projetos Especiais

desportiva? Comecei no ensino secundário a tentar juntar as áreas de gestão/administração com o desporto, através da secretaria de desporto da Associação de Estudantes da Escola Secundária da Marquesa de Alorna. Eram duas grandes paixões, e não me via no futuro a abdicar de uma delas. Quando chegou a hora de candidatar à Universidade e encontrei o curso da FMH e pensei que tinha sido criado propositadamente para mim.

Nome: Filipe Manuel Latas da Costa Idade: 26 anos Naturalidade: Benfica do Ribatejo, Concelho de Almeirim, Distrito de Santarém Habilitações literárias: Licenciado em Gestão do Desporto pela FMH - Julho 2011 Experiência profissional: - Consultor de projetos especiais – BSB Brunoro Sport Busines (Rio de Janeiro) De Abril/2012 a Fevereiro/2013 - Gestor – F.C. Comércio Tradicional De Junho/2009 a Dezembro 2011 - Monitor Desporto Aventura – Campo Aberto 1. Fale-nos um pouco sobre a sua experiência académica? No Ensino Secundário, estudei numa escola secundária pública, segui a área Económico-Social pois na minha região não havia a possibilidade de fazer o curso Técnico de Gestão do Desporto. Tive um aproveitamento médio. Ingressei no ensino superior em 2007. O curso de Gestão do Desporto foi a minha primeira escolha para acesso à Universidade, e felizmente entrei na primeira 1ª Fase. O meu percurso na Faculdade no “todo” posso dizer que foi regular, se analisarmos detalhadamente, vemos que tenho desempenhos muito melhores em disciplinas importantes para o curso, como Análise Financeira, Avaliação e Gestão de Projetos, Contabilidade, Gestão de Equipamentos Desportivos, Marketing. Hoje sei que poderia ter sido muito melhor, mas faz parte. 2. O que o levou a seguir um curso ligado à gestão

3. Como surgiu a oportunidade de colaborar num projeto ligado ao Mundial de Futebol no Brasil? Na verdade não posso dizer que a oportunidade tenha surgido, mas sim criada por mim. Com o aproximar do final da Licenciatura a preocupação com a entrada no mercado de trabalho fez-me procurar soluções. Acabei por decidir, em conjunto com a minha namorada, que o Brasil seria a melhor hipótese para os dois. Devido ao “ciclo virtuoso” do país tanto na área do Desporto como do Marketing. Fizemos uma pesquisa durante mais de um ano para nos prepararmos para o “projeto de vida”. Nessa pesquisa um dos pontos essenciais era a criação de uma rede de contatos que nos pudesse ajudar no país, e foi aí que encontrei Geraldo Campestrini, um dos maiores especialistas em Gestão Desportiva do Brasil. Curiosamente ele tinha feito mestrado em Gestão do Desporto na FMH, ele pediu informações minhas ao Professor Luis Cunha e combinamos conversar quando chegasse no Rio de Janeiro. Felizmente ele e a BSB Brunoro Sport Business acreditaram em mim e me deram a oportunidade de entrar no Projeto da Arena Castelão, o estádio de Fortaleza reformado para a Copa do Mundo de 2014. 4. Fale-nos um pouco sobre essa experiência (motivação, principais dificuldades, experiência, forma de trabalhar, ...)? O projeto principal em que colaborei foi a consultoria para a Arena Castelão. O consórcio que ganhou a obra ficou responsável pela gestão do espaço até 2018, no entanto, o consórcio não tinha “Know-how” de gestão de equipamentos desportivos. E foi aí que entrou a BSB, a empresa especializada em Sport Business foi contratado para criar um modelo e um plano de negócios para que o Consórcio pudesse ultrapassar esse desafio e principalmente para que a

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Entrevista com Filipe Costa Consultor de Projetos Especiais

Arena seja rentável, uma das maiores preocupações em torno da Copa do Mundo de 2014. Tive a oportunidade de viajar (sozinho) para Fortaleza, visitar as obras do estádio, reunir com o gestor da obra, com o antigo gestor do estádio, conhecer possíveis concorrentes, conhecer a realidade da cidade e do futebol da região. Participei também numa consultoria para a restruturação da SEEL Secretaria Estadual de Esporte e Lazer do Rio de Janeiro, incluindo os Jogos Estudantis do estado do Rio de Janeiro. E na consultoria desenvolvida para o IBRAVIN Instituto Brasileiro do Vinho, para a promoção do vinho brasileiro através do desporto, à imagem do que aconteceu com os vinhos da África do Sul na Copa de 2010. Na minha opinião não existe maior motivação do que fazer aquilo que se gosta e trabalhar na área que mais gostamos, e percebemos isso quando não nos sentimos a trabalhar. A maior dificuldade foi a adaptação à cidade. O Rio de Janeiro é um pouco “hostil” para quem chega sem conhecer nada nem ninguém. O choque cultural é gigantesco, e as condições de vida em relação ao seu custo dificulta muito as coisas. Aqui ou se gosta muito, ou se odeia. A experiência foi fantástica, conheci pessoas que me ensinaram muita coisa, que me fizer crescer muito enquanto profissional. Assim como a experiência no geral me enriqueceu de forma gigantesca enquanto pessoa. Gostava que toda a gente tivesse oportunidade de viver uma experiência semelhante à minha, viver numa realidade diferente, fora da nossa área de conforto faz-nos apreciar e dar mais valor ao que temos. A forma de trabalhar é menos formal que a nossa, por exemplo, o horário de trabalho é flexível pois o que interessa é que o trabalha seja apresentado nas datas estipuladas, isso aumenta a responsabilidade do profissional. A hierarquia não é tão rígida como ainda se sente em Portugal. No entanto esta diminuição do formalismo acaba por atrapalhar noutras questões como a pontualidade. 5. Como analisa o mercado ligado à gestão desportiva em Portugal? O mercado da gestão desportiva em Portugal teve um momento “divisor de águas” que foi a organização do Euro 2004. O sucesso do evento assim como os estádios topo de gama que ficaram como legado aumentou a exigência sobre os dirigentes. Infelizmente o ciclo que Portugal está a passar a nível

económico e financeiro cria dificuldades acrescidas na área do desporto e para a gestão ainda mais. Depois o fato de a opinião pública do nosso país ainda olhar com certa desconfiança para área, a “malta” do desporto ainda é vista como aqueles que querem levar uma vida leve. A realidade não é bem assim, e muitas vezes somos obrigados a fazer “omeletes sem ovos”. Mas acredito que na dificuldade é que está a oportunidade, e com escassez de recursos aumenta a necessidade desses serem administrados da melhor forma para que se consigam melhores resultados apesar das dificuldades. Os dirigentes, principalmente das modalidades chamadas amadoras, devem ter a humildade para reconhecer a necessidade de terem profissionais especializados que levarão a sua organização para um nível superior. De reconhecer que o presidente da organização pode ser o antigo atleta ou torcedor mais fervoroso, mas a gestão tem de ser feita por pessoas capacitadas para tal. 6. Como prevê o seu futuro? O cliché “o futuro a Deus pertence” parece um pouco fora de uso, no entanto acho que assenta muito bem nesta questão. A temporada aqui ainda vai a meio e acredito que devo ficar por cá pelo menos até às Olimpíadas de 2016. No entanto o que hoje é uma certeza absoluta amanhã não o é mais. 7. Quais as características necessárias a um gestor desportivo para conseguir oportunidades nesta área? Bom, essa é uma questão bastante complicada, porque não há uma receita para o sucesso. Mas acredito que é essencial para um profissional de qualquer setor ser interessado e ter gosto pela área. Assim como, ser humilde pois “não há nenhum tolo que nada tenha para ensinar nem nenhum sábio que nada tem para aprender”, estar atento a todas as novidades/ evoluções/tendências do mercado, ter a capacidade de sair da área de conforto para poder ter um outro ponto de vista, ser ambicioso sem perder a noção da realidade, pensar “fora da caixa”, não limitar de forma nenhuma as possibilidades pelos gostos. Podia escrever um livro com caraterísticas que acredito serem necessárias para um profissional, no entanto e infelizmente não é o suficiente para todos terem sucesso.

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Caraterização de uma instalação desportiva Varzim Lazer E.M.

Varzim Lazer E.M. Complexo de Piscinas e Ténis Municipais A Varzim Lazer (VL) é uma empresa municipal criada para gerir equipamentos desportivos e de lazer, propriedade do município, a fim de os colocar à disposição de toda a população, com o objectivo de lhe proporcionar uma prática física espontânea e/ou controlada. A sua actividade desenvolve-se desde o ténis à ginástica, passando por um conjunto vasto de modalidades sócio-desportivas, sem esquecer eventos de natureza cultural e social. Morada da sede: Rua do Varzim Sport Club, 97 – 4490-588 Póvoa de Varzim 252298690 / 964643245 geral@varzimlazer.com www.varzimlazer.com

www.globalsportdouro.com


Caraterização de uma instalação desportiva Varzim Lazer E.M.

Piscinas Municipais

Lotação máxima diária: 267 utentes

Principais Atividades: natação, musculação. aulas de grupo, escola de natação, aluguer de pistas, festas de aniversário e realização de eventos (campeonatos de natação). Piscina de 50 metros:

área de prática desportiva: 5m x 21m profundidade mínima: 1,30 m profundidade máxima: 2,22 m iluminação artificial: sim bancada com 384 lugares sentados Lotação máxima diária: 2100 utentes

Piscina Exterior: área de prática desportiva: 20,65m x 18,85m profundidade mínima: 1,20 m profundidade máxima: 1,80 m Lotação máxima diária: 778 utentes Chapinheiro: área de prática desportiva: 4 m de diâmetro profundidade: 0,40 m

Piscina de Aprendizagem:

área de prática desportiva: 16,7m x 8m profundidade mínima: 0,90m profundidade máxima: 1,10 m iluminação artificial: sim

Áreas secundárias: sala de musculação, sala de ginástica de academia, gabinetes administrativos, bar.


Caraterização de uma instalação desportiva Varzim Lazer E.M.

3 Campos de Ténis exteriores com as seguintes car-

Academia de Ténis Principais atividades: Ténis: e Squash 2 Campos de Ténis cobertos com as seguintes características: Área de prática desportiva: 36m x 18m Tipo de pavimento: relva sintética Iluminação artificial: sim

acterísticas: Área de prática desportiva: 35m x 17m Tipo de pavimento: betão poroso Iluminação artificial: sim Áreas secundárias: bar, salas de apoio.

2 Campos de Squash cobertos com as seguintes car-

acterísticas: Área de prática desportiva: 9,75m x 6,40m Tipo de pavimento: pavimento desportivo em madeira certificado e homologado – Haro Squash Iluminação artificial: sim

Pavilhão Municipal Principais atividades: andebol, basquetebol, voleibol, futsal, realização de eventos desportivos. Área de prática desportiva: 1600 m2 Bancada com 2500 lugares sentados Piso: pavimento desportivo em madeira certificado e homologado – Haro Berlin Áreas secundárias: estúdio de cycling, sala de musculação, salas de ginástica de academia, jacuzzi, banho turco, salas de imprensa, salas para formação, cabines de imprensa, gabinete médico, bares.

Membro Extraordinário do Comité Olímpico de Portugal


Eventos 2014

14º Seminário de Gestão do Desporto A Promofitness, organiza desde 2000 um Seminário de Gestão do Desporto que se realiza durante a Convenção Internacional da Promofitness, em 2014 o tema da 14ª edição será “O Desporto e sua Gestão em 2050” será um tema direccionado para a inovação e melhorias que poderão surgir no futuro, tal como em edições anteriores o Seminário da Promofitness tem como objectivo primordial criar um espaço anual de encontro, debate, formação e informação técnica, dirigida a todos os gestores do desporto, profissionais de educação física e desporto, estudantes e agentes desportivos do País, onde reúnem-se profissionais das mais diversas áreas do fenómeno desportivo, transmissão de conhecimentos e boas práticas no âmbito da Gestão e Direcção Desportiva, contribuições para a melhoria da actuação e prestação dos serviços públicos / privados e apresentações aos profissionais das novas tendências da gestão do desporto.

Jornadas Nacionais Comunicação de Marketing no Desporto “Atração e retenção de praticantes Desportivos” No próximo dia 8 de maio, a Escola Superior de Desporto de Rio Maior vai realizar as III Jornadas Nacionais de Comunicação de Marketing no Desporto. Dirigentes e especialistas das maiores federações desportivas nacionais apresentam e discutem as ações e iniciativas de prática desportiva e de comunicação de marketing para a atração e retenção de praticantes desportivos. Para mais informações, consulte o site www.esdrm.pt

Este espaço está disponível para promover os seus eventos. Caso esteja interessado, poderá enviar-nos as informações para o e-mail: apogesd@apogesd.pt


Crónica do mês A APOGESD e o Desenvolvimento do Desporto em Portugal

A APOGESD e o Desenvolvimento do Desporto em Portugal Os indicadores de desenvolvimento desportivo devem ser lidos paralelamente a outros indicadores do bem-estar da população como a produção do alto rendimento e de estrelas do desporto e na prática de desporto para todos. Pelo seu output a APOGESD também é um dos exemplos da acumulação de técnica e de ciência verificada no desporto em Portugal nos últimos 30 anos. Comecemos por contextualizar em termos simples a relevância do conceito de desenvolvimento económico. Na economia a diferença entre crescimento e desenvolvimento marcou o debate económico do século XX com os novos países anteriormente colonizados a contestarem as medidas usadas no Ocidente colonizador para medir a riqueza nacional. O debate começou pela dimensão do produto económico e do rendimento dos indicadores como o Produto Nacional Bruto e o Rendimento Nacional e depois pelo contributo de outras ciências, como a sociologia, realçou o bem-estar das famílias, das mulheres, dos jovens, da força de trabalho e dos idosos, e o impacto positivo no consumo de bens como a saúde, a educação, a habitação e o saneamento básico. Exemplo do debate entre crescimento e desenvolvimento foi um programa feito pela BBC que, no virar do ano 2000, contratou uma família inglesa para viver durante um certo período de tempo com as condições

de uma habitação de 1900, ou seja, de há 100 anos atrás. A família instalou-se e constatou que não tinha água canalizada, electricidade e saneamento básico e também não tinha máquinas, carros, televisão, produtos de limpeza ou o supermercado. Muitas coisas tinham de ser feitas pela própria família que para se alimentar cultivava vegetais e criava animais de capoeira. No princípio tudo foi novidade, a partir de certa altura a vida da família tornou-se insuportável e esta quebrou o contrato antes do momento acordado. A esta experiência temporal de 100 anos do desenvolvimento objectivo do bem-estar das famílias europeias existem imagens contemporâneas de famílias dos 5 continentes. Nas fotografias vê-se que enquanto na Europa as famílias possuem uma grande casa e tudo o que hoje é possível colocar dentro dela, no caso de África e da Ásia as casas são muito mais pequenas, feitas de materiais perecíveis, sem jardim e sem carro e cujos pertences são rudimentares e maioritariamente ligados à alimentação, por exemplo. Podemos fazer o exercício da BBC e comparar a prática desportiva das famílias portuguesas em 1974 e em 2014 e concluir que existem diferenças de bem-estar desportivo e de produção desportiva nacional. Antes de 74 tivemos o Eusébio e depois o Figo e o Ronaldo e várias gerações de jogadores que passaram pelos maiores clubes do mundo e temos excelentes treinadores. Temos muitas mais medalhas olímpicas no atletismo e as modalidades em geral geram mais resultados mundiais. Há mais clubes e empresas de desporto com uma produção nova e inovadora. Na década de 70 havia 2689 clubes federados a oferecer actividade desportiva regular a 136.281 praticantes e em 2010 houve 11.161 clubes a produzirem desporto para 518.968 praticantes. O financiamento público da administração central cresceu de 32.789.994 euros em 1990 para 59.095.744 euros em 2012. O financiamento da administração local cresceu mais passando de 89.406.203 euros, em 1990, para 287.148.000 euros, em 2012. Este crescimento é objectivo e é importante constatá-lo. Os resultados devem agora ser comparados com os resultados nacionais europeus para estabelecer a diferença com os outros países e populações europeias para verificarmos se o desenvolvimento desportivo verificado em Portugal foi suficiente.

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Crónica do mês A APOGESD e o Desenvolvimento do Desporto em Portugal

Tomemos os Jogos Olímpicos de Verão. Se observarmos a história europeia desde o início dos Jogos Olímpicos de Verão no fim do século XIX verificamos que Portugal, assim como, a Irlanda, a Espanha e a Grécia não acompanharam os níveis de produção europeus. A Espanha e a Grécia só dão um passo em frente na década de 80 do século XX contando actualmente com mais de 100 medalhas e a Irlanda teve uma prestação ao nível da melhor produtividade europeia nos Jogos de Londres em 2012. A Irlanda considerando que possui metade da população portuguesa já possui actualmente tantas medalhas como Portugal. Como se sabe, em Atenas Portugal ganhou 3 medalhas, em Pequim 2 medalhas e em Londres caiu de novo e alcançou 1 medalha, totalizando actualmente 25 medalhas. Ao longo dos últimos 100 anos distanciámo-nos da Europa e não acompanhámos os países que nos são mais próximos como a Irlanda, Espanha e Grécia. O argumento de que somos pequenos e pobres cai por terra com estes exemplos. A realidade desportiva nacional é clara no contexto europeu. Portugal podia ter melhores indicadores desportivos em muitos segmentos da sua actividade desportiva. Se se considerar que o desporto é um sector que essencialmente trabalha com pessoas então é possível sugerir que as pessoas, a população portuguesa, não beneficia tanto de desporto como beneficiam as populações dos outros países europeus. Chegados aqui a questão pertinente é: o que podemos fazer, o que podem as instituições desportivas portuguesas fazer, o que pode a APOGESD realizar para servir a população portuguesa e levá-la a beneficiar de desporto como fazem todos os outros países europeus no domínio do desporto. Sugiro que se olhe para dois vectores determinantes: O primeiro relaciona-se com a constatação do potencial de conhecimento desportivo criado e acumulado nas últimas décadas em Portugal e o desperdício que é, esse conhecimento fundamental, não conseguir ser aplicado com eficiência no desenvolvimento do desporto português. O segundo relaciona-se com a capacidade crítica de olhar o que faz a Europa e copiar bem copiado o que a Europa faz bem. Muitas vezes a Europa faz coisas e logo aparece alguém em Portugal a rejeitar o que

foi feito pela União Europeia. Este comportamento é erróneo porque impede Portugal de se aproximar do saber-fazer europeu. Desde há 20 anos a Europa tem um processo de desenvolvimento desportivo e recentemente como fez ao longo dos anos e décadas reavaliou os seus passos de 2011 a 2014 e redefiniu a sua actuação de política desportiva. O documento da União Europeia COM(2014) 22 final, de 24.1.2014, avaliou o trabalho realizado, os métodos de trabalho e elencou ensinamentos para o futuro. Nos métodos usa o trabalho de grupos de peritos e dialoga estruturadamente com os parceiros desportivos. Quanto ao futuro definiu as prioridades em 3 temas fulcrais: o desporto e a sociedade, a dimensão económica do desporto e a integridade do desporto; e redefiniu os métodos de trabalho e estruturas. O desporto em Portugal deveria olhar para os métodos de trabalho e as estruturas da União Europeia: no primeiro ponto, do documento já citado, são criados grupos de estratégia que a União Europeia teve 6 e agora diminui para 3 grupos com os temas acima referidos. Em segundo, as tarefas específicas de natureza técnica são tratadas ao nível de peritos. Em terceiro, existem plataformas de diálogo com os responsáveis dos grupos de estratégia e elementos convidados desses grupos. Em quarto, surgem várias reuniões de alto nível relacionadas com as presidências semestrais da União Europeia. Gerar um novo desenvolvimento desportivo em Portugal necessita de avaliações técnicas, exige especialistas integrados em grupos homogéneos e novos processos de trabalho integrando quer os melhores especialistas, quer líderes associativos. É difícil obter resultados óptimos desde a primeira fase, daí que a política para o desenvolvimento desportivo europeu resulta de ajustamentos continuados. A União Europeia começou por criar grupos de especialistas nas áreas do antidoping na recreação e no alto rendimento, integridade, transparência e boa gestão, transferências nos desportos colectivos, dupla formação, na qualificação dos técnicos, do desporto para todos, da conta satélite do desporto e da solidariedade. Actualmente devido às limitações de recursos restringiu-as estrategicamente para 3 grupos de trabalho com temas prioritários a sociedade, a

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Crónica do mês A APOGESD e o Desenvolvimento do Desporto em Portugal

economia e a integridade. Noutra perspectiva o Comité Olímpico de Portugal criou Comissões incluindo as áreas do Direito, Cultura, Mulheres, Educação Física, Desporto Para Todos, Treinadores, Economia e Fiscalidade, Ambiente e Medicina, para além de outros órgãos direccionados para as federações e as actividades olímpicas. A recente formulação de uma Sociedade Científica de Gestão do Desporto pode ser vista à luz da complexidade do desporto e da procura de soluções por parte dos gestores de desporto. A APOGESD poderia criar uma estrutura concisa como a da União Europeia articulando com outras instituições do desporto nacional para critérios de qualidade na elaboração da política desportiva visando o desenvolvimento desportivo. O documento da UE é uma estrutura de competências para a criação da política desportiva europeia que não substitui a política de cada um dos Estados nacionais. Independentemente dos membros dos governos, a União Europeia trabalha com especialistas alguns dos quais

são nomeados nacionalmente (observe-se a crítica no documento da União Europeia à qualidade destas nomeações nacionais), dialoga com as federações europeias, contratualiza projectos de investigação e ela própria convida investigadores que considera de alto nível. O espaço de intervenção da APOGESD é um território que pode ser melhorado seguindo para isso a experiência dos países e da União Europeia cujo sucesso desportivo mundial é inquestionável em toda a realidade do desporto moderno. Autor: Fernando Tenreiro


Livro do mês Tendências Contemporâneas da Gestão Desportiva

Tendências Contemporâneas da Gestão Desportiva é uma obra que reúne um surpreendente e, sobretudo, rico e diversificado número de contributos de vários especialistas. Uns mais perto do desporto e da sua gestão, outros só, aparentemente, mais distantes. O produto final é um conjunto de abordagens muito complementares apesar de partirem de olhares e prismas de observação diferenciados. Nas empresas e nas organizações também se atrai e desenvolve o talento, bem como se treina e se compete como no desporto. De igual modo, no desporto gerem-se custos, proveitos, usa-se o marketing e gere-se a comunicação, formam-se e optimizam-se recursos humanos, avalia-se o desempenho, gere-se, por vezes pouco, a mudança! É um pouco de tudo isto que este conjunto notável de autores nos traz. Num texto de leitura acessível e muito agradável. Uma obra para todos os que gostam, estudam ou trabalham na Gestão do Desporto.

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