Jornal Intervalo – NS Cianorte (edição nº 2)

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Jornal

Jornal do Núcleo Sindical de Cianorte da APP-Sindicato

SOMOS MULHERES SOMOS MUITAS Homenagem ao Dia Internacional da Mulher Pág. 2

Matéria completa sobre a Reforma da Previdência na pág. 3

Ano I - Nº 02

Intervalo MARÇO DE 2019


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Intervalo

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Intervalo

Março / 2019

Temos motivos para comemorar? O 8 de março foi instituído Dia Internacional da Mulher na década de 1960 e reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1977. A escolha da data está relacionada a diversos marcos históricos, entre eles o famoso incêndio em uma fábrica têxtil na cidade de Nova York, em 1857. Na ocasião, 125 operárias morreram carbonizadas, pois as portas estavam trancadas e não havia como sair. Depois de 162 anos, episódios de violência contra mulheres continuam se repetindo por todo o mundo, apesar

de todas as mudanças sociais, dos direitos conquistados e das leis que punem crimes contra mulheres. O Brasil é o quinto país com a maior taxa de feminicídios do mundo. Segundo o Instituto Patrícia Galvão, a cada dois minutos uma mulher registra agressão sob a Lei Maria da Penha; a cada nove minutos uma mulher é vítima de estupro; a cada dia, três mulheres são vítimas de feminicídio. Em 2017, mais de 1,1 mil brasileiras foram assassinadas por questões de gênero, um terço do registrado em toda a América Latina.

Março / 2019

Em um país com uma das maiores taxas de feminicídios do mundo, o Dia Internacional da Mulher deixou de ser de comemoração para tornar-se de luta e resistência “O maior desafio da mulher de hoje é ser ouvida. Nossa voz, quando não é calada, é desqualificada ou menosprezada. E mulher sem voz é medo”

Alessandra Rodrigues 42 anos, professora

FOTOS: MÔNICA CHAGAS

“Apesar de todas as conquistas que tivemos ao longo dos anos, ser mulher no século XXI ainda é um grande desafio. E talvez o maior deles seja conciliar os diversos papeis que desempenhamos em nosso dia a dia (mulher, mãe, amiga, profissional, esposa, amante, etc) sem culpas e ainda lutar por espaço e respeito de nossos pares”

Eliane Moreira, 39 anos, professora

Fontes: Jornal 8 de Março - APP Sindicato e Revista Mátria - CNTE

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Ainda assim, as mulheres são maioria e estão lutando cada vez mais por mais espaço em todas as esferas sociais. A Rede de Trabalhadoras da Educação, que reúne mulheres latino-americanas, constatou que 80% das filiações de organizações sindicais de trabalhadores em educação na América Latina correspondem a mulheres. No Brasil, elas

são 87% das pessoas que trabalham com educação. Para fortalecer ainda mais a participação das mulheres em espaços organizados, a APP Sindicato conta com a Secretaria da Mulher Trabalhadora e dos Direitos LGBT e com o Coletivo Feminista, que consideram a educação promotora de igualdade, respeito e democracia.

A Delegacia da Mulher de Cianorte fica na Rua Abolição, 538, e atende ocorrências de 6 cidades da região. Vítimas de agressão podem ir ao local de segunda a sexta-feira. Fora de expediente, as denúncias podem ser feitas pelos telefones 181 ou 190

Para entender (e temer) a

Reforma da Previdência

O debate sobre a Reforma da Previdência organizado pelo Núcleo Sindical de Cianorte da APP Sindicato reuniu aproximadamente 60 pessoas, entre professores(as), estudantes, funcionários(as) de escola e profissionais de outras áreas, no dia 15 de março, e foi transmitido ao vivo na página do Facebook da APP Cianorte. O palestrante foi o economista e supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PR), Sandro Silva, que explicou os detalhes da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 6/2019, apresentada à Câmara dos Deputados pelo Poder Executivo no dia 20 de fevereiro. O economista falou sobre a estrutura do sistema previdenciário brasileiro e sobre a polêmica do déficit, apresentando modelos de outros países e alternativas de arrecadação que refutam o argumento do rombo na Previdência Social. "Analisando friamente, a Refor-

ma vem para incentivar as pessoas a não contribuírem, porque não vai mais compensar. Na nova proposta, além da idade mínima o trabalhador terá que contribuir pelo menos por 20 anos para conseguir se aposentar. E com as mudanças aprovadas na Reforma Trabalhista dificilmente um trabalhador sem qualificação vai se manter no mercado trabalhando com carteira assinada por tanto tempo. Eu avalio que a Reforma vai causar vários problemas sociais, e aí vamos depender dos governos que teremos lá na frente". De acordo com Silva, as regras de transição também não beneficiam os trabalhadores na ativa e a maioria terá que atingir a nova idade mínima proposta para receber 100% do benefício. A tabela de pontuação, que soma idade e tempo de contribuição, aumenta com o passar dos anos e dificulta a aposentadoria integral, principalmente para mulheres. Confira abaixo.

Educador(a), ainda não é sindicalizado(a) à APP? Venha fazer parte deste grande coletivo em defesa dos nossos direitos. Já é sindicalizado(a)? Confira se seus dados estão corretos para receber a sua carteirinha em casa. Mais informações no site www.appsindicato.org.br.

Sandro também explicou como ficam as alíquotas de contribuição, o novo cálculo do valor da aposentadoria e outras questões que estão contempladas na PEC, como pensões, BPC, etc.

REGRAS ATUAIS POR IDADE

NOVA PROPOSTA POR TEMPO 30 anos

60 anos + 15 anos de contribuição

Em 2019, o tema da Campanha de Sindicalização traz um chamado à luta: “Quem nos defende é a APP!” e a grande novidade é o CARTÃO DO(A) SINDICALIZADO(A), que dará direito a uma série de convênios, além de garantir o acesso aos núcleos, casas e colônias do sindicato.

FOTOS: MÔNICA CHAGAS

sem idade mínima

35 anos

65 anos

62 anos

65 anos

+ 20 anos de contribuição, no mínimo, ou 40 anos para garantir o valor integral

*ou fator 86/96 (idade + tempo) para receber 100% do valor

PROFESSORES

PROFESSORES

POR IDADE

POR TEMPO

50 anos

25 anos

55 anos

com no mínimo 10 anos de trabalho na rede pública

de contribuição, atuando em sala de aula

30 anos

60 anos + 30 anos de contribuição *Não existe mais aposentadoria apenas por tempo de contribuição e a idade mínima aumenta a partir de 2024, de acordo com a expectativa de vida *A pontuação do fator 86/96 muda e passa a ser parâmetro para conseguir aposentar DESIGN: FREEPIK


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Este espaço é seu! Encaminhe seu texto para os e-mails monica.chagasf@gmail. com ou cianorte@app.com.br

ESPAÇO CULTURAL

CHARGE

O 8 de Março – Dia Internacional da Mulher é uma marca histórica. Representa a síntese da incansável luta das mulheres pelos seus direitos. Registra a presença das mulheres nos processos revolucionários de enfrentamento à sociedade capitalista e patriarcal. Ao longo dos tempos as mulheres têm buscado romper com a ideologia machista e patriarcal que tende a dicotomizar os papéis sociais de homens e mulheres. A vida das mulheres tem sido invadida por fatos que revelam sinais de tempestades e mudanças (como se constata na proposta de Reforma da Previdência com mudança na aposentadoria). Em tempos de crise, as mulheres são as primeiras vítimas. Estudos revelam que são, sempre, as mulheres o primeiro alvo das demissões, do trabalho informal, do trabalho precarizado e dos baixos salários. Os efeitos da crise sobre a vida das mulheres ganham contornos mais duros. A imposição da submissão e opressão do mundo machista reforça e justifica ações de violência contra a mulher no mundo do trabalho. Assim, os assédios moral e sexual tornam-se instrumentos mais eficazes de dominação e a violência atinge seu auge com o aumento crescente do número de estupros de mulheres e os feminicídios. Na educação, onde os(as) profissionais são maioria mulheres, os salários são os mais baixos do Poder Executivo e há três anos estão congelados. O governo do Estado vem descumprindo Lei Estadual da data-base e a Lei do Piso Nacional. Importante compreender que a categoria da educação, majoritariamente de mulheres, tem os salários mais baixos. O que revela que há uma causa estruturante e tem componentes da cultura machista. Por isso, a APP- Sindicato lançou a campanha salarial de 2019 no dia 8 de março para cobrar este direito e valorizar a luta das mulheres. Entretanto, o grito e a luta das mulheres continua a produzir ações cotidianas contra as muitas opressões e violências que sofrem. As Mulheres se fortalecem nos movimentos sociais, como na Marcha Mundial das Mulheres e na Rede Mulheres Negras, no Coletivo Feminista da APP e, organizadas, fazem a resistência. Somos Uma Só – resistência é a palavra de ordem. Assim, seguimos em marcha pela construção de um mundo possível com igualdade entre mulheres e homens movidos pela utopia da justiça e da solidariedade. Último texto escrito por Lirani Maria Franco, secretária da Mulher Trabalhadora e Direitos LGBTI da APP Sindicato, e publicado originalmente no Jornal 8 de Março, em edição especial ao Dia Internacional da Mulher. Lirani faleceu em 26 de fevereiro em decorrência de complicações de um procedimento cirúrgico.

A ilustração da capa e a charge desta edição foram produzidas por Kaio Gabriel R. Ramos, estudante de Cidade Gaúcha recém aprovado no curso de Artes Cênicas da Univerdidade Federal da Grande Dourados (UFGD)

EXPEDIENTE APP-Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná - Núcleo Sindical de Cianorte - Filiada à CUT e à CNTE. Avenida Europa, 259, Zona 6, Cidade / PR - CEP 87.205-060 - Tel.: (44) 3629-3471 | (44) 3820-0660 - Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira - 8h às 12h - 14h às 18h. Jornalista responsável: Mônica Chagas | Projeto Gráfico: Secretaria de Comunicação da Sede Estadual | Tiragem: 1 mil exemplares. Site: www.appsindicato.org.br | Fanpage: APP Sindicato Cianorte. Gestão Somos mais APP – Em defesa da Escola Pública (2017-2021)


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