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Jornal do Núcleo Sindical de Cianorte da APP-Sindicato
Ano I - Nº 03
Intervalo JUNHO DE 2019
MÔNICA CHAGAS
A LUTA PELA EDUCAÇÃO CONTINUA...
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Intervalo
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Junho/2019
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Junho/2019
POR QUE ESTAMOS NAS RUAS?
ICA CHAGAS
“Nós não temos nenhum anúncio de direitos importantes que conseguimos na greve de 2015. O governo tem que saber que a educação tem pressa e que não basta o discurso, precisamos de ações.
Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato, duranto ato realizado em 29 de abril, em Curitiba.
Junho de 2015
Abril de 2019
Termina a maior greve da história da rede estadual de educação, com 73 dias corridos e 49 dias letivos, divididos em dois períodos. A proposta do governo garante reposição da inflação até 2017.
Ratinho Jr sinaliza que não haverá reajuste para os servidores. Salários estão congelados há três anos e defasagem em relação à inflação chega a 16%.
Um mês depois do 29 de abril, ainda não há proposta de reposição salarial.
O professor Célio Spósito levou um tiro de bala de borracha no braço e precisou de atendimento médico. Para ele, o dia 29 de abril de 2015 jamais pode ser esquecido.
“O único barulho que você ouvia era de bomba e de tiro de bala de borracha, de gás, esse tipo de coisa”
FOTOS: MÔN
ICA CHAGAS
No final de abril, o governo federal anunciou o congelamento de 30% dos gastos das universidades. O ministro da Educação, Abraham Weintraub, associou o corte a baixo desempenho e “balbúrdia”. A medida afetou universidades e institutos federais e estaduais, que já tiveram cortes nas bolsas e no orçamento. As ruas despertaram contra Jair Bolsonaro e seu governo. No dia 15
Abril de 2019
Maio de 2019
MÔNICA CHAGAS
#TSUNAMIDAEDUCAÇÃO de maio, milhares de pessoas protestaram em mais de 200 cidades. Em Cianorte, professores(as) e funcionários(as) da APP-Sindicato se uniram a profissionais e estudantes da UEM e fizeram barulho na Praça Moraes de Barros. No dia 22 de maio, o governo decidiu reduzir em R$ 1,59 bilhão o bloqueio de recursos para a pasta. Ainda assim, R$ 5,4 bilhões continuarão contingenciados.
15 de maio de 2019
Maio de 2019
14 de junho de 2019
Protestos por todo o país Governo anuncia contingenciamento de R$ 7,4 bi na educação. Nas universidades, verba é reduzida em 30%.
MÔNICA CHAGAS
Mais de 200 feridos e desmonte da ParanáPrevidência.
denciário do funcionalismo estadual, foi aprovado por 31 votos a 20. A redação final também foi aprovada em sessão extraordinária e seguiu para a sanção do governador Beto Richa. Uma das maiores greves da rede estadual de educação do Paraná terminou pouco mais de um mês depois, com uma proposta de plano de reajuste salarial para os próximos três anos, que garantia a reposição da inflação até 2017.
FOTOS: MÔN
ciais e também pela não implementação da Reforma do Ensino Médio e pela não aprovação da Reforma da Previdência. Uma reunião entre líderes do governo e representantes do Fórum das Entidades Sindicais do Paraná (FES) definiu que haverá data-base e que os valores de reposição serão discutidos entre uma comissão formada por técnicos do poder Executivo, representantes dos(as) servidores(as) estaduais e deputados. Um mês e algumas reuniões depois, ainda não há definições.
VALTER CAMPANATO
JOKA MADRUGA / APP
29 de abril de 2015
tos d'água, spray de pimenta, balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral para dispersar os manifestantes. Mais de 200 pessoas ficaram feridas, inclusive professores de Cianorte que estavam acampados no local. Enquanto isso, dentro da Assembleia, o presidente da Casa, Ademar Traiano, se recusou a suspender a sessão e o projeto de lei 252/2015, que alterou o regime do fundo previ-
REPRODUÇÃO / APP
Desde então, a data-base não foi mais reajustada e a defasagem de reposição salarial dos(as) servidores(as) estaduais chega a 16%. Por isso, no dia 29 de abril de 2019, eles(as) voltaram às ruas para exigir o pagamento da data-base, que é um direito garantido em lei. Mais de 30 entidades sindicais participaram do ato. A pauta incluiu outras 20 reivindicações, como a implementação do piso mínimo regional, abertura de novos concursos para professores(as) e funcionários(as), ampliação do número de licenças espe-
O dia 29 de abril de 2015 ficou marcado por graves atos de violência policial contra professores(as), servidores(as) e estudantes que participavam de uma manifestação na sede do Governo do Estado, em Curitiba. Para impedir a ocupação da Assembleia Legislativa durante a votação do projeto de lei que desmantelou a ParanáPrevidência, o governo preparou um cerco com 1,2 mil policiais, que utilizaram ja-
AEN
JOKA MADRUGA / APP
Na UEM, 30 bolsas de pós-graduação são bloqueadas pela Capes e verba disponível para o 1º trimestre está zerada.
Há uma semana de novo protesto, governo Bolsonaro anuncia que vai repor 21% do valor que havia sido contingenciado do Ministério da Educação.
Contra a Reforma da Previdência e o fim da aposentadoria
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Intervalo
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Junho/2019 FOTOS: MÔNICA CHAGAS
Este espaço é seu! Encaminhe seu texto para os e-mails monica.chagasf@gmail. com ou cianorte@app.com.br
ESPAÇO CULTURAL
O Ensino Superior e os ataques inferiores Num tempo não muito distante, pais e mães vangloriavam-se da possibilidade de ter um(a) filho(a) na universidade. Era quase uma honraria poder ofertar aquilo que muitos não tiveram acesso: a tão sonhada formação superior. Havia quem pagava - com esforços - um cursinho preparatório para ver o(a) filho(a) conseguir uma vaga em uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Outros juntavam seu rico dinheirinho e enviavam mensalmente para arcar com as despesas de moradia, alimentação, das infindáveis fotocópias. O tempo passou, o acesso ao ensino superior passou por transformações. O sistema de entrada foi ampliado, bem como o incremento de políticas públicas para viabilizar a permanência. No entanto, algo que continua sendo mantido é a qualidade da formação ofertada nas universidades públicas, haja vista que se destacam na pesquisa científica e na qualidade do ensino e da extensão. Os índices não desmentem que mesmo com os problemas estruturais, a formação nas universidades públicas brasileiras ainda é salutar frente aos outros sistemas. Além do que foi exposto, a universidade pública ainda é responsável por ditar o rumo da inovação tecnológica que o país tanto precisa. Contudo, o modelo de Ensino Superior vigente no Brasil tem sofrido constantemente com os ataques ideológicos que tentam macular o conhecimento científico. Ao que parece, o movimento tornou-se mais enfático com movimentos sociais, de forte conotação política, que passaram a afirmar que as universidades, assim como as escolas públicas, são locais de doutrinação. Fica evidente a distorção que este tipo de acusação tenta inflar, objetivando desmerecer o conhecimento crítico. O quadro é alarmante, principalmente quando propalado por vozes que ocupam cargos governamentais de destaque, a exemplo do Ministro de Educação que afirmou em público que o Ensino Superior é local de balbúrdia. Não seria demasiado lembrar que um dirigente e/ou representante de determinado segmento deveria defendê-lo, antes de acusá-lo. Tão logo, seria de se esperar que após analisado um quadro não adequado em situação de ensino (se assim considerado), que o referido representante pudesse buscar alternativas para sanar o problema, ao invés de lançar ataques acusatórios. Também chama a atenção como o Ensino Superior, mesmo sendo dito espaço de balbúrdia, ainda representa algo significativo no consciente popular. E de fato é! Mas a afirmação é corroborada pela vexaminosa exposição feita por representantes políticos que dizem ter título de mestrado, doutorado, ou ainda, formação em centros universitários de excelência, todavia, não confirmam seus títulos. Ainda mais alarmante é quando observamos que a universidade tem seus pensadores e ícones questionados por quem sequer sentou num banco universitário. Como se manda a prudência: não é razoável falar daquilo que não conhecemos. Neste aspecto, é ainda pior quando um pensador brasileiro, ícone universalmente reconhecido em sua área, tem sua produção acadêmica e social deturpada de forma jocosa, a exemplo do que se tornou o nome de Paulo Freire frente aos ataques inferiores de quem desconhece o que é algo superior. Enfim, vivenciamos um contexto social em que a universidade pública, cerne de inovação e conhecimento, tem sido exposta como local impróprio nas falas e ataques em debates inferiores. A certeza é só uma: quem assim o faz desconhece o que é uma universidade e sua função social, mesmo querendo colocar em seu currículo que estudou numa Harvard. É muita coisa inferior querendo ditar o que é o Ensino Superior.
Alessandro Rocha é doutor em Educação e diretor do Câmpus Regional de Cianorte da UEM
O seminário de abertura do Programa de Formação 2019 da APP Cianorte, realizado no dia 24 de maio, contou com a presença do advogado Ludimar Rafanhim, que falou sobre a Reforma da Previdências e as implicações para os(as) trabalhadores(as). Segundo ele, três categorias serão as mais prejudicadas: professores(as), mulheres e trabalhadores(as) rurais. Aposentados(as) do regime geral e beneficiários(as) do BPC também terão muitas perdas, como o PIS/ Pasep, que deixará de ser pago a 23 milhões de brasileiros. “Estamos brigando para garantir direitos básicos conquistados na Constituição de 1988. Essa proposta não é uma reforma, é uma nova Previdência que está dentro de um contexto de desmonte do estado e das políticas públicas”, afirmou.
Este ano, a professora Edcarla Alves Pastor viveu uma experiência diferente no ato do dia 29 de abril. Pela primeira vez, ela foi acompanhada a Curitiba e viu o filho Otávio, de apenas 5 anos, participar da passeata e de toda a mobilização com energia e entusiasmo, mesmo depois de 8 horas de viagem. Para ela, consciência política se faz em casa desde cedo. “Para mim é muito importante levá-lo para participar e já começar a explicar os motivos de tudo isso”, afirmou a mãe, orgulhosa. No mês das mães, deixamos nosso MUITO OBRIGADO a ela e a todas as mães professoras que educam seus filhos na luta.
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