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O FUTURO É DE QUEM INOVA, SE ARRISCA E SABE UTILIZAR OS DADOS

Busarello Aborda As Tend Ncias Em Inova O

E Sugere Algumas Atitudes Para As Empresas Se Adaptarem Ao Novo Varejo

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Romeo Busarello, profissional com mais de 40 anos de experiência nas áreas de Marketing, Comunicação, Ambientes Digitais e Relacionamento com o Cliente, foi um dos palestrantes da ExpoApras e trouxe muitas reflexões acerca da inovação. Entre as tendências citadas por ele, estão as áreas de trabalho no campo das ideias, dos dados e da criatividade. Segundo o profissional, esses conteúdos não podem ser aprendidos nas graduações ou especializações tradicionais, já que os cursos regulamentados pelo MEC só podem ensinar o que possui literatura disponível – o que não é uma realidade em novas áreas como Blockchain, Big Data, Chat GPT, entre outras. “Por isso, não façam cursos longos e estáticos, façam cursos rápidos e frequentes”, aconselhou.

Além disso, um líder que não aprende precisa parar de liderar. Por isso, é preciso compreender que no caminho da inovação, ou acertamos, ou aprendemos e que errar faz parte. Segundo o palestrante, hoje, não existe mais ex-aluno e é preciso ter sempre coração de estagiário.

Ele acrescenta que a experiência antiga não faz mais sentido nos dias de hoje. “Ou você é pontocom ou é pontofora. Não usem mapas antigos para caminhos novos. Quem não pensa o futuro, trabalha o presente usando ferramentas do passado”, destacou.

Ele contou que iniciou sua carreira em um supermercado em Santa Catarina, por isso sabe o quanto o setor trabalha. “Se eu posso dar uma dica para vocês é: reservem mais tempo da jornada para tendências, como por exemplo eventos como este da ExpoApras”.

Ele citou o caso de um mercado de bairro tradicional que se nega a inovar e a acreditar que o IFood vai dar certo. Porém, mesmo não sabendo, o app já está ameaçando o futuro do mercado dele ao utilizar dados para definir mix e ofertas baseadas no perfil do consumidor da região. “O Seu João, do mercadinho, abre a loja cedo, fecha tarde, executa todas as funções da sua loja, não confia em ninguém e não tem tempo para se atualizar e ampliar a sua rede”.

O IFood tem 2.500 lojas e isso vai se espalhar no Brasil todo. “É uma proxy matemática, nada mais é do que um ERP. Novos negócios estão surgindo para viabilizar diversas oportunidades”.

Modo De Pensar No Varejo Antigo

COMPRAR BEM + VENDER BEM

Modo De Pensar No Novo Varejo

Multicanais

CONQUISTAR CLIENTE + RETER CLIENTES + ENGAJAR CLIENTES + RECEITA RECORRENTE + ADICIONAR NOVAS VERTICAIS

“As empresas estão viciadas naquilo que elas sabem ganhar dinheiro. Os supermercadistas trabalham demais e se orgulham disso, mas assim falta tempo para levar os olhos para passear e aprender mais”, disse Busarello.

O palestrante fez um alerta para substituir a expressão “Pensar fora da caixa” por “Fazer fora da caixa”. Ele acrescenta que o sucesso não é mais substantivo, é verbo transitivo. “Não somos mais sucesso, estamos apenas sucessando”.

Para exemplificar, falou de uma rede do varejo que “sentou” em cima do sucesso e agora está ficando para trás.

Não existe mais vantagem competitiva sustentável, apenas transitória. Mesmo que você encontre uma vantagem, ela será momentânea, pois logo será copiada. Por isso, é preciso estar sempre pensando em novas vantagens.

Para instigar o público da palestra, Busarello fez os seguintes apontamentos:

Se quiser salvar o mês, feche um contrato.

Se quiser fechar o ano, corte custos.

Mas se quiser salvar a década, invista em inovação e em informação.

Segundo Busarello, era mais fácil antes e daqui para frente é preciso ter time que te ajude nisso. “Para isso, tem que saber dividir para multiplicar”, afirma.

Ele contou de uma análise de negócio que fez para uma empresa e constatou um potencial de saltar de R$ 3 milhões de faturamento para R$ 70 milhões. Eles se animaram com a possibilidade e ofereceram a ele um pagamento de R$ 250 mil. Ele recusou e fez contraproposta de ter um percentual da empresa. A oferta foi negada porque eles não queriam abrir mão de nenhuma parcela do negócio. “Essa é uma mentalidade de escassez e se você não aprende a dividir, não encontrará quem lhe ajude a multiplicar. Muitas vezes, a inovação não está no produto ou no modelo de negócio, mas no modelo de gestão. E a principal tecnologia do século 21 é justamente a tecnologia de gestão”.

Outro aprendizado é que os esforços, se agradece, já os resultados, se remunera. Além disso, uma equipe comercial barata é um negócio caro.

O que é melhor: pagar 1,5% de comissão para 100 corretores de imóveis, ou pagar 3% para três. “Tenha os melhores e os deixe ricos”, resumiu.

Neste processo, o empresário precisa sair do Ego System (Sistema onde você controla tudo) para o Eco System (sistema onde você não controla nada). “A inteligência do grupo é mais inteligente que o mais inteligente do grupo”, explica.

E montar esse grupo não é uma tarefa fácil hoje em dia. Um motivo é a falta de profissionais qualificados para as novas áreas de conhecimento. Outro motivo é que os poucos profissionais disponíveis no mercado escolhem onde querem trabalhar de acordo com seus valores.

“Hoje, não é o líder que entrevista um talento, é o talento que entrevista o líder, pois é ele quem vai decidir se vai querer trabalhar para mim ou não”. Quanto à escolha de um funcionário, atual- mente ela é feita baseada na proatividade e interesse dele, ao invés do capital intelectual”.

Depois de montada a equipe, o empresário precisa sair do C de controle e ir para o C de confiança, pois a curva de aprendizado das novas áreas é quase impossível de ser aprendida por quem está em cargo diretivo. “E são os assuntos que justamente não são ensinados no ensino convencional, por isso, é preciso ter confiança na equipe que contratou, afinal, performance é igual a talento menos interferência”.

Mais do que uma equipe interna, Busarello afirma que é preciso construir uma rede externa. Para isso, ele sugere fazer “Hora/Bar”, que é participar de eventos, congressos, seminários e sempre conversar com pessoas. “80% dos meus problemas são inéditos e a solução está na rica rede de relacionamentos que construí. Esse é o meu maior patrimônio profissional”, conta.

Somado a isso, Busarello sugere que os empresários destravem a mente para ganhar mais dinheiro. “Não tenha cabeça de margem. Tenha cabeça de Life Time Value, pois não basta entender de custo, precisamos entender de valor”.

Para seguir este caminho é necessário compreender o Dataísmo – em que “Tudo é dados e dados é tudo”. Neste cenário, os produtos estão se tornando avatares de serviço. A geladeira, por exemplo, se tornou um eletrodoméstico inteligente. Com o 5G, ela faz toda a leitura do que precisa ser comprado. A China está tão avançada em dados que primeiro eles entregam e depois eles vendem. Tudo isso pelo conhecimento que têm do consumidor.

Busarello afirma que mídia é receita, já o CRM é lucro. “Carinho antes, é interesse. Já depois, é relacionamento. E o CRM faz justamente a retenção de clientes. E quando se dispõe de dados, fica mais fácil gerar conteúdo, que culmina em vendas. “O conteúdo, hoje, é a nova publicidade. Não basta investir em mala direta ou panfleto como no passado, pois isso gera ineficiência”, explica.

E cada segmento tem que identificar qual o conteúdo mais importante para converter vendas. Alguns é um mapa, outros vídeos ou, até mesmo, uma impressora 3D. Busarello destaca que qualquer empresa é conteudista porque marketing é sobre contar histórias e vendas é sobre fazer perguntas.

E se o conteúdo é rei, o palestrante ressalta que o contexto é Deus. Para chegar neste nível, tem que entender a realidade de cada cliente. Assim, se trabalha com dados, vende mais e com eficiência maior.

Sobre o futuro do setor supermercadista, Busarello prevê que o negócio vai passar por APIs, onde será possível ganhar várias receitas em uma série de coisas que não são vistas hoje. Ele afirma que as empresas estão muito mais resilientes do que a economia e que temos, ainda, uma economia invisível. Um exemplo, é que temos 1,2 milhão de motoristas de aplicativos, que aparecem como desempregados na estatística, mas que geram renda e movimentam a economia.

Antes, o número de lojas era um ativo importante para avaliar varejo. Hoje, é a base proprietária de clientes. Um exemplo é a Droga Raia, que agora é só Raia, tudo para expandir e não ficar limitada a farmácia. Eles passaram a ser uma empresa de bem-estar e saúde e montaram um ecossistema de empresas por trás.

Busarello finaliza dizendo que é desesperador pensar no que vem pela frente, mas que está ansioso para ver tudo isso acontecer e que acredita que virão muitas oportunidades.

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