Jornal APUSM edição Junho 2017

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Publicação mensal da Associação dos Professores Universitários de Santa Maria

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anos

Santa Maria / RS / Brasil ANO 50 nº 05 Junho - 2017

Centros Universitários de Santa Maria

Entre os melhores

Foto https://www.youtube.com/watch?v=WPy_pCV5boA

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Associação:

Jurídicas:

Você e a Reforma da Previdência Página

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Celebrando a imigração Italiana em SM Página

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História:

Revisando a fundação da cidade Página

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Junho 2017

Editorial

A programação social da APUSM

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APUSM nasceu no dia 14 de novembro de 1967, como uma associação que pretendia defender os interesses dos professores da Universidade Federal de Santa Maria e congregá-los através de eventos sociais, esportivos e culturais”. No histórico de nossa Associação, o professor Tabajara Costa escreveu nos 45 anos de fundação este parágrafo. Eventos sociais são uma forma de congregar os associados e no dia 10 de junho de 2017, junto com a Associação Italiana de Santa Maria, realizamos um jantar típico italiano com participação efetiva de associados e descendentes de italianos. Tivemos a presença do Cônsul Honorário da Itá-

lia em Santa Maria, o Dr. Oscar José Carlesso, que na sua fala relembrou detalhes da vinda dos italianos para a região de Santa Maria, e que neste mês se comemora os 140 anos da imigração italiana. Este evento social foi brilhantemente organizado e os convidados puderam desfrutar de excelente ambiente, boa comida e ótima música para dançar. Lembro que no mês de agosto teremos a festa de queijos e vinhos e em setembro a semana Farroupilha. Caro associado, programe a sua participação e diversão junto à “APUSM para todos”. Paulo Roberto Magnago - presidente

Contatos com a Associação Para dúvidas ou outras informações sobre a APUSM, entre em contato conosco: Telefones: (55) 3221 4856 / (55) 3223 1975 / (55) 3026 4856 E-mails: Secretaria: apusm@apusm.com.br

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Novos associados ALEXANDRE JOSÉ KRUL (IFF) ANA CARLA HOLLEG POWACSUK (UFSM) ANDRE DA ROSA ULGUIM (UFSM) CARLISE PORTO SCHNEIDER RUDNICKI (UFSM) CARMEN REGINA PIZZARRO MENEGUELLO LAIS MARA CAETANO DA SILVA (UFSM) MARCO ANTONIO BONITO (UNIPAMPA) MARCOS PIPPI DE MEDEIROS (UNIFRA) MURILO CERVI (UFSM) ALENCAR JUNIOR ZANON (UFSM) CARLA ROSANE DA COSTA SCCOTT (IFF) DAVID LORENZI JUNIOR (UFSM) GITANE FUKE (UFSM)

GIULIANO DEMARCO (UFSM) JONAS ROBERTO TIBOLA (UFSM) JOSE PAULO FAGUNDES (FACULDADES IDEAU) JOSE VALENTIN BAGESTON (UFSM) LIZANDRO CARLOS CALEGARI (UFSM) MARCIA JULIANA DIAS DE AGUIAR (IFF) MARIANA BENDER GOMES (UFSM) NAGLEZI DE MENEZES LOVATTO (UFSM) RAFAEL SANCHES VENTURINI (IFF) ROBERTO BEGNIS HAUSEN (UFSM) SIMONE TEREZINHA ZANON (FADISMA) TABATA CASSENOTE MENDONÇA (FAMES)

Novo horário de expediente Com objetivo de proporcionar um maior conforto ao associado, mudou o horário da Associação dos Professores Universitários de Santa Maria. A partir do dia 19 de junho, segunda-feira, o expediente administrativo da APUSM será das 8 horas até às 18 horas, sem fechar ao meio dia.

Associação dos Professores Universitários de Santa Maria Fundada em 14/11/1967 Av. Nossa Senhora das Dores, 791 CEP: 97050-531 - Santa Maria/RS Fone/Fax: (55)3223 1975 ou (55) 32214856 - www.apusm.com.br E-mail: apusm@apusm.com.br DIRETORIA EXECUTIVA Presidente: Paulo Roberto Magnago Vice-presidente: Eduardo Rizzatti 1º Vice-presidente: Martha Adaime 1º Secretário: Luis Fernando Sangoi 2º Secretário: Oni Lacerda da Silva 1º Tesoureiro: Ivan Henrique Vey 2º Tesoureiro: Cleber Biazus CONSELHO DE CURADORES Titulares Waldir Pires da Rosa Sirlei Dalla Lana Etevaldo Porto Suplentes José Maria Pereira João Delazzana Julio Cesar Farret JORNAL DA APUSM Fundado em 30/03/1971. Supervisão Geral Quintino Corrêa de Oliveira Gaspar Miotto Jornalista Responsável Ricardo Ritzel / MTB: 12773 Fone: (55) 3221-4856 Ramal 25 jornal@apusm.com.br Diagramação Rodrigo de Oliveira Fortes Revisão Prof. Leila Ritzel Tiragem 3.000 exemplares O Jornal da APUSM aceita a colaboração da Comunidade Universitária Distribuição gratuita e dirigido aos associados

Acompanhe as notícias pela página da APUSM ou pelo facebook. Para receber nossas notícias por e-mail, mantenha o seu cadastro atualizado. * Caso queira atualizá-lo ou mandar alguma sugestão envie um e-mail para: jornal@apusm.com.br


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Educação

Três caminhos para a UFSM

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rês chapas disputam o comando administrativo dos 6 campi e 43 polos de ensino à distância da Universidade Federal de Santa Maria e seu significativo orçamento anual de R$ 1,1 bilhão de Reais, maior que de seu próprio município sede, Santa Maria, que alcança somente o número de R$ 690 milhões. A chapa 1 é encabeçada pelo atual reitor, Paulo Burmann, segui-

do de seu vice, Luciano Schuch. O ex-vice-reitor na gestão passada, Dalvan Reinert, desta vez busca o cargo máximo da instituição liderando a chapa 2, que tem Pedro Brum Santos como vice. A chapa 3 é composta por Helenise Sangoi Antunes, tendo como vice, Laura Regina da Fonseca. O encerramento da campanha será no dia 26 de junho. Em 27 de junho, a eleição acontece nos polos

de Ensino à Distância (EaD). No dia 28 de junho, a votação será realizada nos prédios da UFSM. Pelo calendário eleitoral, a divulgação da chapa vencedora ocorrerá dia 4 de julho. Ao todo são 35 mil votantes, incluindo estudantes, professores e funcionários que estão aptos a depositar nas urnas o seu desejo de quem vai ser o próximo reitor da UFSM. Porém, para assumir o cargo, o nome escolhido pela co-

munidade universitária santa-mariense ainda deverá passar pela concordância do governo federal, através da apresentação de uma Lista Tríplice. Tradicionalmente, os nomes indicados pelas urnas, aqui em Santa Maria, sempre foram confirmados para o cargo, em Brasília. A posse da chapa vencedora está marcada para dezembro, quando encerra a atual gestão.


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Crônicas

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Celina Fleig Mayer*

Recuos e avanços

casamento é uma espécie de sociedade “mista” em que seus componentes precisam fazer concessões.. Quando as coisas – essa palavrinha é muito abrangente, então diremos, quando a relação não vai muito bem, é preciso marcar uma reunião. Geralmente as pessoas chamam isso de “discutir a relação”, mas não é bem isso, até porque já começar com discussão pode levar a rupturas. Reunião é melhor, e ela, para um casal, pode surgir “do nada”, de uma paisagem, de um gramado cheio de orvalho, qualquer acontecimento. Aliás, fatos novos sempre ensejam uma “reunião”, sejam eles proporcionados por amigos, parentes ou entre o casal. Nasceu o filho, a mulher anda tresnoitada e resmungona? Reunião presidida pelo excelentíssimo “sócio” que está de cabeça fria. E, especialmente, deve se mostrar cheio de compreensão e amor para dar. Isso rende juros e “correção” de comportamento. Dia desses recebi um emeil de um amigo que dizia nos invejar, marido e eu, porque íamos para a praia, por uns dez dias, quase mensalmente. Menos, lógico, naqueles meses bem frios, porque o piso dos apartamentos de praia dá uma sensação térmica além da realidade. Aí ficamos aqui sobre o piso de madeira, aconchegados junto a lareira. Mas, voltando à “santa inveja” do amigo, que ele é uma pessoa muito legal, se explicava que a Madalena dele não gostava de praia. Desde o começo dos tempos, isto é, da longa união de mais de 30 anos. Faltou um acordo inicial para resolver essa pendenga,tipo: “Como assim, Madá? Que é que tem de ruim na praia? Vai ver que nunca gostaste por causa da companhia, vindo comigo vai ser diferente. Prometo! A gente fica lá, longe desse calorão, guarda-sol armado

junto ao mar, aquela brisa”...Acredito que agora, já é um tanto tarde, a mulher não terá vontade de exibir curvas passadas e perdidas, por pior que seja o verão na sua cidade. Não vai se deixar convencer. Essa reunião nem deve acontecer mais, vai falta de quorum... Tão acostumada ela a ser do contra que, na ocasião de comemorarem com os ex-colegas do marido, o “aniver século” de formatura do antigo ginásio, na cidade onde ele estudou, o cara chegou sem sua Madalena. Todo mundo compareceu acompanhado da antiga ou da atual consorte. E aí? Perguntavam. Estás viúvo? Ele explicou que a Madá não gosta de viajar... Constatei, então, o quanto um casamento pode amofinar uma pessoa, abafar até, se ela não tenta um acordo em tempo hábil, bem no início das primeiras “manifestações” contrárias da outra parte. Esse amigo devia vir alegando suas vontades, negociando as preferências para caberem nos contras da parte da mulher. Cedendo aqui, avançando ali. Fico imaginando como deve ser a “função” de mesa e cama, (ou o inverso), desse casal. Ele amanhece “todo-todo”, e ela vai ficando uma “arara”, só repetindo: “para com isso, homem!” No mínimo, a Madalena é daquelas mulheres que sofre de dor de cabeça persistente... Um autor, numa crônica inspirada, escreveu uma frase genial: “Os casamentos longos acontecem muito mais pelos recuos do que pelos avanços... Pelo jeito, a mulher do meu amigo tem se aproveitado muito dos recuos dele. E, enquanto os dois vêm avançando em idade, ela vai aumentando seu território. Não sei o que é que vai sobrar, no fim de contas, para o pobre... *celmayer@terra.com.br

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Máximo José Trevisan*

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A parábola dos macacos

uem já não viveu a experiência de propor algo novo, e alguém por perto observar: ´Não quero atirar um balde de água fria, mas?...´ Se perguntamos o porquê do balde de água fria, logo vem a explicação: as coisas sempre foram assim! Não adianta querer mudar! Admiramos aqueles para quem um balde de água fria é muito pouco para botar tudo a perder, para criar fácil desânimo ou para quebrar a iniciativa e mandar tudo ao beleléu! Uma parábola, aqui resumida, lembra o sempre foi assim e, portanto, não é agora que vai mudar! Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula com uma escada ao centro e um cacho de bananas no topo. Quando um macaco tentava subir a escada para pegar as bananas, os outros recebiam um jato de água fria. Então, se um dos macacos inventava de procurar a escada, os outros caíam em cima dele, batendo feio. Resultado: nenhum macaco do grupo subiu mais na escada. Os cientistas trocaram um dos cinco macacos. O novo integrante do grupo, não sabendo da situação vigente, partiu para pegar as bananas, subindo a escada. Não deu outra: os outros macacos “mais velhos” partiram pra cima dele, batendo-lhe firme. Os cientistas continuaram a experiência: trocaram outro macaco por um novo que desconhecia o grupo. Esse também procurou alcançar as bananas, tentando subir a escada, mas levou pau! Um terceiro macaco foi substituído, um quarto, um quinto. A parábola termina com uma conclusão: mesmo que nenhum dos macacos restantes tivesse recebido o jato de água fria, continuava comportando-se como os primeiros.

Se fosse possível perguntar a algum deles por que batia em quem tentava subir a escada, certamente responderia: “Não sei, as coisas sempre foram assim!” Claro que a parábola não tem relação com os humanos... Afinal, sempre nos consideramos diferentes, agimos racional e lucidamente, costumamos avaliar a realidade com isenção e prudência, não batemos em quem toma iniciativa de subir a escada em busca do seu sonho... Um amigo, ao ouvir a parábola dos macacos, relacionou-a com Santa Maria. Quem já tomou a iniciativa de fazer alguma coisa, de ir atrás do próprio sonho ou do sonho da comunidade onde nasceu e vive, já percebeu que subir escada apresenta risco, gera inveja, ciúme, pode contrariar interesses. Propostas, então, são bombardeadas, às vezes até antes mesmo de serem conhecidas, estudadas e avaliadas. E isso não acontece só com adultos ou com idosos. Jovens que não receberam “nenhum jato de água”, isto é, nunca tiveram a experiência da dor, ainda assim batem feio nos outros porque as coisas sempre foram assim, se é de um partido não vai dar colher de chá ao outro, se é de uma ala, que se dane a outra, se é.... Em todo caso, mesmo que alguns não percebam qualquer relação com a realidade atual no Brasil, no Rio Grande do Sul ou em Santa Maria, ainda assim a parábola dos macacos é instigante, ao mostrar que “subir escada” atrás de sonhos não é missão fácil, não só na vida pessoal como também na vida em comunidade. *maximotrevisan@uol.com.br - advogado, professor, membro da ASL.


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Educação

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Entre os melhores do Brasil

rês instituições santa-marienses estão entre os melhores centros universitários do Brasil, conforme ranking divulgado pelo Ministério da Educação: UFSM, Centro Universitário Franciscano e Instituto Federal Farroupilha. A lista foi publicada no site do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) neste mês de junho e é referente ao ano 2015. Conforme avaliação, a faixa de IGC das três instituições de Santa Maria foi de 4, em uma média de 0 a 5. Ou seja, nota excelente como indicador educacional. Conforme a reitora da Unifra, Iraní Rupolo, esta qualificação reflete o esforço do trabalho cotidiano. “Penso que esta classificação resulta do projeto de educação superior e de seu desenvolvimento na prática, por todos que compõem a equipe, gestores, professores, técnico-administrativos e os estudantes. Manifesta a conquista colaborativa da comunidade acadêmica. Nossa cidade e o Rio Grande

Confira os conceitos das instituições de Santa Maria: UFSM: 4 Unifra: 4 IF Farroupilha: 4 Ulbra: 3 Fames: 3 Fapas: 3 Fadisma: 3 Fisma: 3

do Sul têm que se orgulhar destas avaliações”. Os conceitos do IGC, que vão de 1 a 5, servem para avaliar as instituições. Aquelas com notas entre 4 e 5 são consideradas excelentes, de acordo com o critério do MEC. As instituições com conceito 3 são consideradas satisfatórias. As instituições que não alcançam a nota 3 são consideradas insatis-

fatórias para os padrões do MEC e podem sofrer punições. Um dos fatores considerados pelo IGC é a média dos CPCs (Conceito Preliminar de Curso) do último triênio, que se refere aos cursos de graduação e é calculado no ano seguinte à realização do Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes). Outro componente da avaliação é a mé-

dia dos conceitos atribuídos pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) a programas de pós-graduação stricto sensu na última avaliação trienal. A distribuição dos estudantes entre os diferentes níveis de ensino, graduação ou pós-graduação stricto sensu também é considerada para determinar a nota da instituição.


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Jurídicas

Reforma da Previdência – Pensando em aposentadoria?

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eforma da previdência: é fundamental ampliar o conhecimento sobre o assunto e não requerer a aposentadoria de maneira precipitada. Diante da crise política decorrente da delação de Joesley Batista, o governo precisou amenizar a pressão que exercia pela aprovação da reforma da previdência. Ainda há tempo, portanto, para ampliar o debate e buscar corrigir distorções sérias, sustentadas em falácias, que servem ao interesse de quem busca impingir ainda mais sofrimento à classe trabalhadora, já tão espoliada através dos impostos cobrados, sem receber a devida contraprestação em serviços do estado. Muitas coisas estão sendo ditas de maneira incompleta para justificar as duras alterações propostas, como, por exemplo, que o fundo previdenciário não paga apenas as aposentadorias, mas também se encarrega das questões de assistência social, como seguro desemprego, licença maternidade, saúde, etc. Mas, não se menciona que o mesmo fundo recebe, além das contribuições dos trabalhadores, também valores de contribuições incidentes sobre lucros das empresas, arrecadação de loterias, importações, etc. Na mesma linha, se problematiza que os servidores públicos recebem proventos equivalentes aos que recebiam na ativa, como se isso não fosse correto, mas deixam de destacar que, desde 2003, os servidores aposentados passaram a sofrer a tributação previdenciária sobre seus proventos de aposentadoria, voltan-

do, portanto, a contribuir vitaliciamente ao regime de previdência. Ainda, se deixa de referir que fundo previdenciário dos servidores públicos federais deveria receber a contrapartida do empregador (governo federal), e que isto nunca ocorreu, não tendo sido possível obter os frutos do investimento desses valores em benefício do mesmo fundo. Aliás, nem mesmo o valor das contribuições dos trabalhadores tem sido investido em benefício deles, mas sim utilizado pelo governo para o pagamento de despesas correntes! Pior que isto, deixam de contar com os valores altíssimos devidos por grandes empresas, os quais, se tivessem sido adimplidos e investidos, estariam gerando retorno ao fundo previdenciário. Não há dúvida de que precisam ser feitos ajustes na previdência, mas os primeiros ajustes deveriam ser aqueles relacionados à cobrança dos grandes devedores, à correta arrecadação da contraprestação dos governos às contribuições dos seus funcionários, ao correto e adequa-

do investimento de todos os valores vertidos ao fundo, à efetiva fiscalização das destinações dos valores arrecadados. É necessário, pois, ampliar o conhecimento sobre o assunto, para qualificar o debate com a classe política, para que não seja o povo a pagar a conta dos desmandos e desvios dos corruptos, que infelizmente gerenciam os valores que deveriam ser bem guardados para financiar a aposentadoria de quem efetivamente trabalha. Em especial, se recomenda aos trabalhadores que não se precipitem em requerer a aposentadoria, pois ainda haverá tempo até a aprovação das mudanças e, enquanto estas não forem efetivadas por lei, estarão mantidas as regras vigentes e será preservado o direito adquirido daqueles que tiverem preenchido os requisitos das regras atualmente vigentes. Flavio Alexandre Acosta Ramos, advogado inscrito na OAB/RS sob o nº 53.623. Wagner Advogados Associados.

O advogado e sócio do escritório Wagner Advogados Associados, Flávio Ramos, realiza todas as quintas-feiras pela manhã, das 10h ao meio-dia, orientações jurídicas aos associados da Associação dos Professores Universitários de Santa Maria (APUSM). Ramos é especializado nos assuntos relacionados a questões funcionais do servidor público como: carreira, vínculos do professor ao serviço público, entre outros. O escritório atua nesta área há cerca de 30 anos. Neste ano o escritório também está atendendo aos professores associados que possuem vínculos com instituições particulares. Assuntos relativos ao regime geral da previdência - INSS destes associados podem ser esclarecidos pelos advogados. Para isso, basta que o associado utilize este serviço nas quintas-feiras.


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Artigos

A virtude da mitezza e Bobbio Noli Brum de Lima – fundador da APUSM

Mitezza: doçura, suavidade.

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homem, dada sua espontânea curiosidade, promove o avanço contínuo do saber. O filósofo, por sua vez, às vezes exacerba a curiosidade. Tanto é assim que se poderia defini-lo como alguém que não se contenta nem mesmo com respostas tidas como definitivas. Para ele, toda resposta é provisória. Por isso, está sempre revendo conceitos, como os de ética, cidadania, política, felicidade, etc. já propostos por filósofos que viveram quatro séculos antes de Cristo, como Sócrates (470-399), Platão (427-348) e Aristóteles (384322). Este último, em sua “Ética a Nicômaco” analisa detidamente os conceitos de ética, política, cidadania e o natural desejo de felicidade. Depois deles, todos os filósofos que tratam dos mesmos assuntos, visitam os Mestres. Mas o cientista, tendo resolvido um problema – descoberto uma fórmula, por exemplo – segue em frente. Um físico, para ser bom físico, não precisa saber nada a respeito de Newton ou de Einstein, nem as circunstâncias nas quais eles fizeram suas descobertas. Mas o filósofo, jamais será um bom filósofo se não conhecer a História da Filosofia! Com a ajuda do parágrafo acima, tento justificar minha tendência a sempre rever conceitos. Não paro de me admirar com a mundo e as sociedades, em geral, e com a sociedade brasileira, em par-

ticular. Minha admiração – e estupefação – chegou à culminância com o escândalo do “Mensalão”, vejam só! Mas não é que depois veio a Lava-jato, muito maior? E agora temos as gravações feitas por um dos corruptores que tinha acesso à residência oficial do Presidente da República, inclusive depois das 11 horas da noite, com codinome previamente definido???!!! Decididamente, preciso rever alguns conceitos, como os de corrupção, violência, política, poder, democracia, Estado de Direito, etc. Uma de minhas primeiras dúvidas, de adolescente, diz respeito aos dinossauros! Depois concluí que eles tiveram a força mas não a capacidade de aprender; tiveram o poder, mas não o de se adaptar aos novos tempos. Mas os mamíferos, por sua grande capacidade de adaptação, sobreviveram. E nós, mamíferos brasileiros, o que estamos aprendendo com as terríveis revelações dos últimos tempos? Teremos a capacidade de promover as necessárias mudanças para uma vida mais pacífica e produtiva? Acredito que sim, pois penso que nosso povo é muito melhor do que nossas elites atuais! Disso, não tenho dúvida nenhuma. Veja-se a violência, como a que foi praticada nessa noite, em Manchester. Como consequência, além dos mortos, feridos e demais danos, começam a surgir propostas de maior vigilância e policiamento. Mas há, também, um alerta: não podemos, por causa do terrorismo, abrir mão de nenhuma

de nossas liberdades fundamentais, como a de ir e vir. Mas não é exatamente isso que tem ocorrido no Brasil, há várias décadas? Quando eu morava no Rio, nos anos 90, li uma extensa reportagem a respeito de bares noturnos tradicionais que estavam fechando suas portas antes da meia-noite – alguns definitivamente – porque, antes dessa hora, os clientes se mandavam. Mas hoje, no Rio de Janeiro, não dá para sair de casa nem de dia! (ontem, por exemplo, uma senhora foi assaltada em frente à sua casa, no Leblon). Mas onde foi parar a nossa liberdade de ir e vir? E como entender a expressão: “Cordialidade brasileira”? Falando nisso, como está a situação aí em Porto Alegre, Santa Maria, Salvador? Parece que a violência também faz parte de nossa natureza! Senão, vejam esta afirmação de Freud: “o primeiro homem que, em vez de atirar uma pedra em alguém, insultou-o, inventou a civilização”. (Note-se que ele não nega a existência de outras características humanas, como a generosidade e a doçura, por exemplo). Como cada um de nós pode constatar, a violência acontece em todos os lugares onde vivem os homens. Inclusive, nos mais refinados, ditos de nível superior, como as Universidades. Quanta pedrada verbal – filosófica, sociológica e psicológica – dita com sorriso nos lábios, ar superior e fina ironia, tive de ouvir (e engolir) em meus anos de magistério! Isso que, ao menos na minha avaliação, penso não ter sido um chefe perseguidor, mau

Invernos João Marcos Adede y Castro

É muito comum a discussão, em conversas entre amigos e nas redes sociais, sobre gostar ou não gostar do inverno. Mas, sem sobra de dúvida, esse é um tempo que vai, que volta, que se repete... Só que, sabemos, o inverno é muito mais que uma estação que vem logo após o outono, pois sua característica, no sul do país, é de frio intenso, com a criação de inúmeros problemas de saúde para a população e sofrimento para as pessoas mais pobres. Posso falar com propriedade sobre o que é passar frio. Como diria Vitor Ramil, em “Joquim”, “não tem coisa mais triste que um homem morrendo de frio”. Esse ano o frio veio acompa-

nhado de enorme quantidade de chuvas, com mortes, sofrimento, deslizamentos de encostas, gente desabrigada, numa repetição sem fim de uma crônica anunciada. Como nós nunca fazemos a lição de casa, corremos a socorrer essa gente desgraçada que morre, passa fome, frio, crianças chorando, ido-

Foto Marco Fank

sos doentes, um horror. Quando é que vamos tomar medidas de precaução, de cuidado antecipado, de soluções racionais e definitivas? Será que desejamos isso mesmo, ou seja, não resolver os problemas para que depois possamos exercitar nossa “solidariedade”? Criamos o

professor, nem mau colega. Daí a necessidade de uma organização social e política onde cada um venha a ser respeitado, justamente, por sua natureza humana: de zoon politikon. E daí a necessidade da Justiça. Vejam este caso: A JBS comprou, sem desembolsar um único tostão, com dinheiro do BNDES, a juros baixíssimos ou sem juros, uma grande empresa norte-americana de abate de frangos, a Pilgrim’s Pride Company. Com isso, a JBS e o nosso BNDES garantiram empregos a centenas de trabalhadores americanos! Mas, pergunto eu, e os desempregados brasileiros? Por outro lado, a quem pertence esse dinheiro que foi emprestado à JBS? Ao povo ou ao governo de plantão? E por que ele foi emprestado? Por solidariedade aos americanos ou por causa dos bons olhos dos Batistas e sólida argumentação? Ou por outros motivos? Mas, pensando na defesa dos brasileiros pobres e oprimidos e na necessária solidariedade, como estão nossas escolas e hospitais? E quantas mortes acontecem, no Brasil, por falta de tratamento adequado? Existiria violência maior ao povo brasileiro do que desviar nosso dinheiro para um povo distante e rico e para uma riquíssima família brasileira que mora na Quinta Avenida, em Nova York? Diante desse fato, qual deveria ser o tamanho da nossa indignação? (Acabei ficando nervoso. Continuarei amanhã, se Deus quiser).

problema ou não fazemos nada para reduzi-lo para que possamos mostrar como somos bons e camaradas? Sabemos que a pobreza sempre existiu no mundo, pelos mais diversos motivos, sendo muitas vezes difícil para as autoridades debelá-la ou pelo menos reduzi-la, mas as moradias em beira de rios e encostas de montanhas deveriam ser evitadas com a disponibilização de locais seguros, para que não precisássemos chorar depois. Não sou economista, mas acho que as medidas de precaução são geralmente muito mais baratas que os remédios posteriores à tragédia. Proteger as pessoas pobres das catástrofes é medida de humanidade. Porque, sem dúvida, o inverno sempre será inverno e as chuvas não estão sob nosso controle.


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Associação

Celebrando a Itália Fotos Erick Cauduro

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Jantar Italiano, um dos mais tradicionais eventos sociais da APUSM, aconteceu na fria noite do último dia 10 de junho, sempre em parceria com a Associação Italiana de Santa Maria. Neste ano, enquanto a típica gastronomia esquentava o ambiente e os acordes da Banda Santa Maria davam o tom da festa, associados, amigos e convidados desfrutaram de boas conversas na festa organizada por Martha Adaime, Carmem Meneguello, Lair Magnago e Micheline Naisinger.

Presidente da APUSM Professor Paulo Magnago

Agente Consular da Itália Oscar José Carlesso

Angela Nascimento, Dalvan Reinert, Elbio Gonçalves, Elma Zago Gonçalves, Lisiane Zago Gonçalves, Pedro Brum, Claudio Antonio Esteves e Carla Simone Glienke

José Carlos Segalla e Cida Becker, Paulo Burmann e Elaine Burmann, Cristiane Moreira Lazzari e Rafael Lazzari, Mariangela Recchia e Claudio Recchia Corrêa

Dilson Cecchin e Sonia Cecchin, Martha Adaime e Nilson Alves

Máximo Trevisan e Eonice Trevisan, Agente Consular da Itália Oscar José Carlesso e esposa, Carmem Meneguello

Andre Pizzolato, Morgana Pizzolato, Flávio Strazzabosco, Celso da Silva, Benildo Frizzo, Sonia Frizzo, Ronaldo Hoffman, Ana Callil, Sérgio Caro, Marta Caro, Sandra Sallet, Noemi Boer

Zuleica Martins, Noeli Rodrigues, Marne Silveira, Eloisa Baccin, Vilma Benchimol, Renata Dias, Mariane Dias


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História

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A Fundação de Santa Maria

Eduardo Rolim

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ossa região vem sendo local de assentamentos humanos desde tempos imemoriais. Pesquisas efetuadas por professores da UFSM demonstraram a existência de sítios arqueológicos de populações ameríndias nessa região. O homem branco chegou por aqui muito depois. As primeiras notícias datam de 1634, quando o padre jesuíta Adriano Formoso estabeleceu uma redução que denominou S. Cosme e S. Damião. Segundo descrições existentes nos documentos da coleção De Angelis, compilados por Jaime Cortesão , o local corresponderia ao Campestre do Menino Deus, pois o padre Francisco de Avendaño, cura da redução de S.Luiz, em documento datado de 1698, refere o achado de tijolos, paredes e esteios da antiga casa do padre Adriano, justamente naquele local, fechado por montanhas por todos os lados e tendo o rio Vacacaí Mirim na sua única entrada. Ali foi estabelecida uma invernada depois de ingentes trabalhos de desmatamento realizado por 15 índios comandados por Lorenzo Abayebi(“gran Baquero”)e que 30 anos antes havia aberto uma picada na serra (subida do perau) para o manejo das boiadas existentes nas planícies gaúchas, que ficou conhecida como Estrada Real das Vacarias do Mar. Essa invernada, destinada ao descanso das tropas que subiam a serra para alimentação das populações dos 7 Povos, pertencia a uma estância de propriedade da redução de S. Luiz, que atingia vasto território, indo desde o sopé da Serra Geral (Monte Grande) até Caçapava, nas nascentes do Vacacaí Grande, englobando territórios que hoje pertencem aos municípios de S. Gabriel, São Sepé e Santa Maria. Essas estâncias se destinavam a juntar o gado chucro que vagava nas pradarias gaúchas e uruguaias desde a retirada dos primeiros jesuítas, em 1638-39, acossados pelos bandeirantes que aqui vinham prear os índios reduzidos para levá-los para S. Paulo como mão de obra escrava. Nessa invernada de S. Luiz, os índios construíram três galpões e um oratório. Muito provável que daí se originasse o nome de Oratório de Santa Maria, conhecido dos viajantes que por aqui passavam, muito antes da chegado dos portugueses. O rio Vacacaí Mirim servia de divisa entre as estâncias pertencentes aos povos de S. Luiz e S. Miguel, existindo documentos das disputas que se originavam dessa vizinhança. Com a expulsão dos jesuítas, todas essas pradarias começaram a ser povoadas por portugueses, ávidos das riquezas oriundas da exploração dos imensos rebanhos vacuns e cavalares ainda existentes. A Coroa portuguesa começou a doar sesmarias aos súditos que se propusessem a fixar residência permanente e defendê-las das investidas espanholas. Em 1789, o Rincão de Santa Maria é concedido em sesmaria a Francisco Antônio Henriques de Amorim (13.068 ha.), residente na Freguesia de Nossa Senhora da Cachoeira, onde era sesmeiro desde 1780. Nunca desfrutou sua nova sesmaria e logo a vendeu ao Padre Ambrósio José de Freitas. Em 1791 o Pe. Ambrósio recebeu permissão para confessar no oratório de sua estância, cuja sede ficava na região ao sul do cerro do Cardoso (ou do Abraham), nas margens do atual Arroio Can-

Detalhe do mapa do Engenheiro Chagas Santos (o primeiro mapa da região). Em destaque aparecem o Cerro Corcovado, onde fica hoje o Monumento dos Ferroviários; o Cerrito, que caracteriza Santa Maria e o Cerro do Cardoso, que ficava perto da Estância do Padre Ambrósio. cela. Entrementes, a região era toda dividida em sesmarias, entregues aos primeiros moradores: Antonio Dias Gonçalves (nas Tronqueiras), Rosa Maria de Souza (a oeste do Passo D’Areia), Antonio da Costa Pavão (no Banhado de Sta. Catarina), Inácio Veloso da Fontoura (na Restinga Seca), Policarpo José Soares de Lima (no Arroio do Só), somente para citar alguns dos inúmeros moradores da região. Alguns anos mais tarde, em julho de 1797, chega a esta região a Partida da 2ª Subdivisão da Comissão Demarcadora dos limites entre terras de Portugal e Espanha. Acampa em terras da estância do Padre Ambrósio, na crista da coxilha onde hoje se assenta o centro da cidade: Praça Saldanha Marinho e Rua do Acampamento. Até inícios de 1798 foram chegando os demais componentes da Comissão Demarcadora, entre os quais o Pe. Euzébio de Magalhães Rangel e Silva, que, como capelão, logo instalou o altar móvel na capelinha construída junto ao acampamento. Já no dia 17/02/1798 foi registrado o primeiro batizado: a criança recebeu o nome de Florisbela. Faziam parte da Comissão acampada o Dr. José de Saldanha, astrônomo, Francisco das Chagas Santos, engenheiro, que elaborou o primeiro mapa da região, onde localiza as estâncias existentes e suas respectivas sedes. O acampamento da comissão está perfeitamente localizado, com 5 galpões, 2 no sentido leste-oeste em terreno onde se encontra a Praça S.Marinho e 3 no sentido norte-sul, sobre o traçado da atual Rua do Acampamento. Em torno desse núcleo inicial, foram construindo seus ranchos os militares acompanhados de suas esposas e os comerciantes que forneciam a tropa. Cresceu rápida a novel povoação, atraindo para seu derredor os moradores da região e os recém-chegados. As primeiras ruas foram se delineando, todas chegando ao núcleo do acampamento. A Pacífica, que demandava o Passo D’Areia, origem da Rua Dr. Bozano. A São Paulo que logo ficou conhecida como Rua do Acampamento. Com a conquista das Missões – epopéia da qual participou Manoel dos Santos Pedroso Fº (Maneco Pedroso), morador nesta região, na estância do Sarandi, hoje pertencente ao Campo de Instrução do Exército – a Comissão Demarcadora foi deslocada para cima

da serra, com a missão de ocupar os territórios incorporados à Província de São Pedro do Rio Grande. Após a retirada da Comissão, o rancherio foi ocupado pela população que, nessa época já ascendia a umas 400 pessoas. Logo também chegaram índios missioneiros que se estabeleceram na Aldeia dos Índios, região hoje ocupada pela Praça Roque Gonzalez, Hospital de Caridade e imediações, entre as duas sangas: a que nasce perto da Rua do Acampamento, no trajeto paralelo à Rua Tuiuti e a outra que nasce nos fundos do Hospital de Caridade, mais próximo do Colégio Centenário. O caminho que passava pelo centro da Aldeia e ligava com a Rua do Acampamento é hoje a Rua Pinheiro Machado e sua extensão originou a Av. Presidente Vargas Até então, nada do que aqui se fez teve caráter de permanência, tanto que o Pe. Ambrósio passou a reivindicar a desocupação de suas terras. Nesse momento, porém, surge um homem com a determinação de dar continuidade ao núcleo urbano nascente. Opondo-se ao desejo do Pe. Ambrósio, o Capitão Manoel Carneiro da Silva e Fontoura – comandante do Distrito Militar do Vacacaí, criado logo após a dissolução da Guarda Portuguesa do Passo dos Ferreiros, em 17/02/1802 – requereu licença para erguer um oratório público no Acampamento de Santa Maria. A licença foi concedida e o Pe. Ambrósio, descontente, retirou-se para S. Borja onde assumiu o vicariato. O Cap. Carneiro da Fontoura tornou-se o líder natural, não só por ser a pessoa mais importante, mas porque teve, desde o início, a determinação de dar as condições de desenvolvimento para a povoação. A 17/02/1804 o Acampamento de Santa Maria é elevado à categoria de Oratório, primeira etapa da oficialização da nova povoação. A13/05/1804 dá-se o primeiro batizado. Em 1805 são feitas as primeiras concessões de terrenos públicos, sempre sob informações prestadas pelo Cap. Carneiro da Fontoura. Em 10/08/1807, por iniciativa do mesmo líder comunitário, foi instalada a primeira olaria, no local conhecido como Alto da Eira, atual Benjamim Constant, imediações do Colégio Coração de Maria. Em 29/02/1808, o Cap. Carneiro da Fontoura contrata (e provavelmente custeia) a construção da primeira cape-

la de Santa Maria, dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Em 28 de maio desse ano, recebem terrenos, no centro da nova povoação, várias pessoas importantes, entre elas o Cap. Carneiro da Fontoura que recebeu o terreno de esquina onde hoje existe o prédio da União dos Viajantes. Francisca Margarida da Fontoura, sua esposa, recebeu o terreno onde hoje está o Clube Comercial. O nome de Santa Maria da Boca do Monte aparece pela primeira vez em documento oficial do ano de 1809. O nome surgiu da composição do antigo oratório jesuítico com a denominação indígena da antiga picada que dava acesso a São Martinho. Os índios chamavam essa picada de “caá-yuru” (boca do mato). Os espanhóis que primeiro aqui chegaram adotaram o mesmo nome: em espanhol – Boca do Monte. Os portugueses, que vieram 150 anos depois, continuaram a usar a denominação já consagrada. Em 28/07/1810 o Oratório de Santa Maria é elevado à Capela e, em 27/07/1812 à Capela Curada sempre atendendo requerimentos do Cap. Carneiro da Fontoura. Nessa época Santa Maria já contava com uma população de 800 habitantes. Manoel Carneiro da Silva e Fontoura morou em Santa Maria durante 19 anos e esteve ligado a todos os fatos importantes que consolidaram a povoação. Era homem de muitas posses. Nos arredores de Santa Maria possuía uma área considerável, que abrangia terrenos que constituíam a Chácara do Ipê, no final da Rua do Acampamento (Colégio Centenário, Sulbra, antiga Rodoviária). Tinha três léguas de sesmaria no Pau Fincado; Seis léguas quadradas de campo no Durasnal de Santiago e mais terras em São Martinho. Como militar percorreu todos os postos do Exército, sendo reformado como Brigadeiro e promovido, depois, a Marechal. Representou o Rio Grande do Sul na embaixada popular ao Príncipe D.Pedro, tendo falado em nome da província no episódio do Fico. Possuía as Ordens de Cristo e do Cruzeiro e as medalhas das Campanhas do Sul. Em 25/11/1841, requereu ao Imperador o título de “Barão de Santa Maria da Boca do Monte”, que foi negado e isso lhe causou grande mágoa. Quatro meses depois, a 23/04/1842, morria em Porto Alegre. Foi o maior nome nos primeiros anos de existência de Santa Maria e o maior responsável pela sua sobrevivência e evolução como cidade. No requerimento ao imperador ele justificou sua pretensão dizendo-se o fundador da cidade. Durante os anos que aqui residiu esteve sempre à frente dos interesses da população, lutou pela sua continuidade e contribuiu, fortemente, para o seu desenvolvimento. Na capela que construiu, situada onde hoje se encontra a herma do Cel. Niederauer, deixou sepultada sua primeira esposa. Anos depois, ao final do século XIX, ao ser demolida essa capela, o material de sua construção serviu para edificar as bases do nosso Teatro 13 de Maio. O Marechal MANUEL CARNEIRO DA SILVA E FONTOURA se constituiu no primeiro cidadão de Santa Maria e deve ser considerado seu verdadeiro FUNDADOR. *Eduardo Rolim é médico em Santa Maria e colaborador do Jornal da APUSM


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Fotografia

“Manhã de sábado, Calçadão, 1981” Luiz Gonzaga Binato de Almeida – Arquiteto e professor universitário aposentado

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ecém aqui radicado, projetei o Calçadão desta cidade. Consciente de tocar em ponto sensível do usuário da eterna “Primeira Quadra”, procurei consagrar a tradição: passeio, comércio e encontro de pessoas. Inaugurada em maio de 1979, a obra sofreu degradação contínua. Em inícios deste século, um novo projeto destruiu o que havia do original. Nada restou. Agora, do primeiro Calçadão, só em fotos ou na memória dos que o conheceram. Deformações e descasos à parte, nosso maltratado Calçadão persiste como vívido espaço democrático. Não vê cor, credo, partido ou categoria. Para tal o concebi e, nisso, permanece. Há quase quatro décadas. Essa fotografia, de 1981, registra um especial encontro no Calçadão que projetei (obra ainda nova, com no máximo dois anos). Era manhã de sábado (alvoroça-se o Calçadão em tais manhãs). Celebridades, próximas à Galeria do Comércio: Cláudio Cardoso (“Claudinho”), Iberê Camargo, sua esposa Maria Coussirat Camargo, Edmundo Cardoso e Gaspar Miotto. Iberê Camargo, ícone da arte brasileira, filho dos ferroviários Adelino e Doralice, estudou em Santa Maria. Dos doze aos treze anos, foi aluno na Escola de Artes e Ofícios, da Cooperativa. Hospedava-se na casa de Francisca Badke Pedroni, sua avó pelo lado materno. A residência, muito desfigurada, ainda existe. Fica na rua Visconde Ferreira Pinto 961 e 963, bairro Itararé. O acervo do artista

dio da aludida Escola. Mariza Carpes, artista amiga de Iberê, intermediou meu pedido para esse ex-aluno declarar seu amor pelo edifício ameaçado. De pronto, ele firmou mensagem. Do próprio punho. Lacônica. Contundente. Satisfeito, recebi o precioso trunfo. Imprimi cópias e logo as distribuí, durante o 4.º Encontro Estadual de Faculdades de Arquitetura, sobre Patrimônio, cá ocorrido em 1987. O mote principal do evento era a dita salvaguarda. Iberê sempre Fotografia: analógica , Santa Maria, 1981, autoria Ceurevisitava esta terra Fernandes, P&B, 13 x 18 cm, acervo da fotógrafa ra. Com o amigo Edmundo Cardoinclui desenhos de interiores desta so, quase irmão, a quem chamava morada. “Cozinha da Vó Chiqui- de “Edo”, revia gentes e cenários nha”, de 1941, é um dos títulos. da meninice. Mesmo a ama, “Dona Na referida Escola, Iberê re- Currucha” (Maria Olivia de Olicebeu iniciação em desenho com veira), continuou alvo dos seus mios professores Frederico Lobe mos, aqui. (1927) e Salvador Parlagrecco Quanto à Maria Coussirat Ca(1928). Como testemunho, mui- margo, também artista, protegeu to posterior, da breve passagem a produção, a vida e o nome do pela Artes e Ofícios, pintou seu marido. Viúva em 1994, detentora autógrafo, ainda legível, em uma de um legado magnífico, lidera, a parede da antiga capela dessa Es- partir do ano seguinte, o germinar cola. Funciona ali, agora, uma ca- da Fundação que perpetua e demofeteria, a Dom Pierre (O sagrado cratiza a obra de Iberê. Para essa deu lugar ao profano.). entidade, doa sua coleção, comAinda lembro o apoio dessa su- posta por mais de 5.000 obras de midade à campanha, à qual eu me arte, além de documentos. Coube integrara, pela salvaguarda do pré- o projeto da sede da Fundação a

Álvaro Siza Vieira, expoente da arquitetura contemporânea portuguesa. O fato insere Porto Alegre no circuito internacional de trabalhos desse consagrado luso. (O projeto recebeu o “Leão de Ouro”, na 8.ª Bienal de Arquitetura de Veneza, em setembro de 2002.). Tantos gestos de lucidez, dedicação e desapego enobrecem a esposa do artista, a qual faleceu em 25 de fevereiro de 2014. Também fotografados, o polifacético intelectual Edmundo Cardoso e seu filho Cláudio constituem marcas indeléveis no quotidiano de Santa Maria. O Calçadão, sem “Claudinho”, seria o mesmo? Popular, atencioso, sempre com novidades e a entabular conversas, denota educação de berço. Um “gentil homem” (tem a quem puxar). A foto mostra, ainda que de costas, o jornalista e professor Gaspar Miotto. Sua esposa, Ceura Fernandes, é presença por detrás da câmara. Registrou a cena. Sou grato a ambos pelo convite para colaborar com o A Razão. Primeiro, contribuí através de artigos; depois, na coluna “Imagens da História”. Sem restrição ou censura, por quase um decênio, redigi textos-legendas sobre fotos referentes à memória, sobretudo de Santa Maria. Aprofundei, assim, meus saberes sobre esta urbe. Na dinâmica das cidades, mudam as pessoas, as tecnologias, os hábitos. Certos territórios, todavia, permanecem constantes em seu uso. É o caso do nosso Calçadão, onde sinto tanto prazer ao encontrar amigos. Basta um cumprimento, um alô fugidio, às vezes um espichado diálogo, para me sentir vivo. Animado. Pulsante.


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Memória

Falecem dois fundadores da APUSM Fotos arquivo pessoal Gaspar Miotto-APUSM

quia Santo Antônio do Patronato, em Santa Maria. oi há 50 anos, em meados Em 1983 mudo ano de 1967, que um grudou-se para Ronpo de professores da UFSM dônia, onde em começou a reunir-se com a finaliPorto Velho foi dade de criar uma associação para pároco e professor congregar a categoria dos docende Filosofia no Setes universitários. Depois de váminário Arquidiorias reuniões, o grupo estabeleceu cesano. E em Arios parâmetros e em novembro quemes participou de 1967 a APUSM – Associação da construção de dos Professores Universitários de um Centro de ForSanta Maria, foi criada e hoje é mação. uma das principais entidades do A partir de seu segmento no Brasil. 2010 começou a E neste grupo estavam os proafastar-se das atifessores de Filosofia João Baptisvidades pastorais ta Quaini e José Joaquim Pilon. e se dedicou à oraReligiosos palotinos, que por terem frequentado importantes uni- Além de professores de Filosofia, os palotinos João Baptista Quaini e José Joaquim Pilon ção, leitura e aos versidades europeias, lecionavam frequentaram conceituadas universidades europeias, lecionaram na UFSM e também são trabalhos no sífundadores da APUSM tio. Escreveu vána UFSM. rios livros sobre a No dia 16 de maio, depois de Amazônia, a Vida um período de 28 dias na UTI do Senhora Conquistadora, de San- Maria Marconatto, é o primeiHospital de Caridade de Santa ta Maria, e reitor da Casa Geral e ro de uma família de 12 irmãos. Pessoal e a Esperança. Em 2014 enviou carta ao provincial, seu Maria, João Quaini veio a falecer, vice geral da Sociedade do Apos- Seus pais eram agricultores. aos 86 anos. Poucos dias depois, tolado Católico (SAC), em Roma, Em 1942 foi para o Seminá- superior, comentando sua saúde no dia 21 de maio, em Campo na Itália. Também foi pároco em rio em Vale Vêneto, onde fez os frágil e que estava se dedicando Grande/MS, faVale Vêneto e estudos primários e ginasiais. De à oração, leitura e escrita. Em leceu seu colega diretor espiritu- 1950 a 1957 cursou Filosofia e 2016 esteve em Santa Maria para de Filosofia e de al dos Semina- Teologia no antigo Seminário Pa- lançar seu último livro, A Espesacerdócio, José ristas Maiores lotino de São João do Polêsine. rança. Numa de suas caminhadas Joaquim Pilon, Diocesanos de Foi ordenado padre em 1956. Em pela montanhas e florestas da quando faltavam Santa Maria, 1958 fez pós graduação na área região, sentiu fortes dores que o apenas alguns Uruguaiana e da Filosofia, na Pontifícia Uni- impediram de caminhar. Depois dias para comCachoeira do versidade Católica – PUC-RS. de um período de recuperação no pletar 89 anos. Depois, em 1964 e 1965, estudou Patronato, foi morar em Campo Sul. O padre João Por muitos Pastoral Catequética no Instituto Grande/MS. No início deste ano começou a ter complicações carBaptista Quaini anos, foi capelão Católico, em Paris. veio de uma faSua vida dividiu-se entre ati- díacas e infecção pulmonar. Após dos Irmãos Mavários dias de mília de agriculristas, das Irmãs vidades religiointernação, veio tores e de proCarmelitas e das sas e o magisa falecer no dia funda vivência Irmãs de Maria tério. De 1958 a 21, no Hospital cristã. Nasceu de Shoenstatt. 1963 foi profesdo Coração, em em Pejuçara, no Escreveu livros sor de História Campo Grannoroeste do Ese artigos, espe- da Filosofia no de/MS. O seu tado. Ainda me- José Joaquim Pilon cialmente sobre Colégio Máxisepultamento nino, ingressou a vida e obra mo Palotino em ocorreu no Jano Seminário de São Vicente Santa Maria, pezigo da Família Rainha dos Apóstolos, em Vale Pallotti e sobre a história dos pa- ríodo em que foi Palotina, no CeVêneto, distrito de São João do dres palotinos no Brasil. também reitor mitério MuniPolêsine, para fazer os estudos Segundo seus colegas, padre deste colégio. cipal de Fátima secundários. Em 1951 fez o novi- Quaini sempre acreditou no dom Em 1966 fundo Sul/MS. ciado na cidade de Augusto Pes- da vida e lutou a favor dela. En- dou o Instituto Em novemtana e no ano seguinte mudou-se frentou um acidente vascular cere- Diocesano de João Baptista Quaini bro deste ano a para Roma, onde cursou Filosofia bral (AVC), tromboses e embolia Pastoral CateAPUSM comna Pontifícia Universidade Gre- pulmonar e extraiu um tumor do quética (IDPC), goriana. cérebro. Agora, quando tentava onde foi seu diretor e professor pleta 50 anos de existência. Na Em 1954, viajou para Fribur- uma terceira cirurgia, não resistiu. até 1974. De 1966 a 1969 foi pro- oportunidade, deverá ser prestago, na Suíça, onde estudou Teolo- Foi sepultado no dia 17 de maio, fessor na Faculdade Imaculada da homenagem ao grupo de progia e concluiu o doutorado em Fi- no Cemitério dos Padres e Irmãos Conceição (FIC) e na UFSM. De fessores fundadores da entidade. losofia. Durante 18 anos, o padre Palotinos, em Vale Vêneto. 1969 a 1974 foi Reitor Provincial João Quaini e José Pilon recetrabalhou no Instituto Diocesano O padre José Joaquim Pilon da Província Nossa Senhora Con- berão, então, juntamente com os de Pastoral Catequética (IDPC). nasceu no dia 12 de junho de quistadora dos padre palotinos. demais, a justa homenagem por Tornou-se reitor provincial, mais 1928, em Arroio Grande, Santa Foi também pároco na igreja San- terem participado da fundação da alto cargo da Província Nossa Maria. Filho de Antônio Pilon e ta Catarina, no Itararé, e na Paró- nossa Associação. Professor Gaspar Miotto

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Artigo

Assistência a idosos

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m meio a meritórias iniciativas que visam o resgate da cidadania de pessoas idosas, diversas (se não inúmeras) entidades têm envidado esforços e desenvolvido ações no sentido de alcançar esse justo objetivo no âmbito de uma finalidade igualmente justa. E, note-se: uma vez assumidas e fundamentadas em necessidades devidamente comprovadas e viabilizadas através de procedimentos válidos, e adequadamente instrumentalizados, sua implantação – sejam quais forem as dimensões e as características assumidas, tenderá resultar em ações efetivas e, por conseguinte, capazes de atingir efetivamente os alvos visados com base nessas necessidades. Daí o êxito de inúmeras iniciativas que, embora modestas – ou caracterizadas como “projeto piloto”, tem demonstrado sua eficácia, gerando novas expectativas e realimentando esperanças de numerosos grupos de integrantes da denominada Terceira Idade... Desnecessário se faz mencionar os nomes dessas meritórias entidades, uma vez que tendem a rein-

ventar-se e investir em novos paradigmas, primando pelos princípios sobre os quais tenham estabelecidos os seus fundamentos e práticas com estes condizentes. Voltando ao foco, ou seja, às ações destinadas aos integrantes da Terceira Idade, convém se atente para um viés nem sempre perceptível (ou acessível) a determinada camada dessa população – alvo, geralmente localizada em comunidades de caráter urbano rural, onde, via de regra, os agentes dessas ações são integrantes de uma entidade ou credo pré-existente – sendo que estes se incumbem de “salvar os idosos da extinção”, fazendo-o de modo generalista, sem critérios definidos ou, ao menos, claramente estabelecidos. Com efeito, ao desconhecer os fundamentos reais de sua atuação, a iniciativa desses agentes tende a pecar por inadequações e/ou excessos que podem culminar em tratamento que priorize a quantidade em detrimento da qualidade, e os “pesquisadores” tendam a alimentar a expectativa de reunir um número maior de cabeças nesse rebanho... Nessas situações, tão logo uma

determinada “equipe” entreviste um (a) idoso (a), é deixado um aviso ao um “segundo convocado” à nova abordagem... Nessas situações, tende a ser “nomeado” um parente do último entrevistado... E não é considerado o perfil vivencial do (a) idoso (a) pré-convocado... Se o “velho” – ou a “velha” é uma pessoa saudável ou financeiramente auto-suficiente; se a sua situação social é auto - sustentável; se seu nível educacional lhe permite participar do processo – na condição de informante confiável... O que interessa é o roteiro pré- estabelecido por esse grupo auto- intitulado sapiente e onisciente, não importando fatores externos aos seus (pré) conceitos, nem considerações não previstas no roteiro pré- elaborado... A propósito, posso ventilar uma dessas “montagens”, ou seja, uma entrevista considerada exitosa por antecedência. O sujeito (“convocado”) fora o “Dr. X” (nome fictício de um idoso detentor de invejável formação pós - acadêmica) – possuidor de credenciais ditas privilegiadas no nível de pós- doutorado. Uma vez interrogado se pratica-

Eloisa Antunes Maciel*

va exercícios físicos com a devida freqüência – e a necessária precaução, Dr. X evidenciou – propositalmente – uma de suas habituais esquisitices... E prontamente respondeu: – Claro, minha gente! Se abaixo ali, entorto ali... Encolho aqui, espicho ali... Vergo pra frente, caio pra trás... (Puxa! A esta altura, os membros do grupo se entreolhavam estupefatos)... E, como a complementar essa cena esquisita, Dr. X fez questão de falar sozinho enquanto percebia que o grupo se retirava sem agradecer a participação dele... E sem marcar um novo encontro com um velho parente seu... Ao retirar-se, um dos membros do grupo fez um comentário preconceituoso e descabido: “Velho louco! Deve ser analfabeto de pai e mãe”... De fato, ninguém do grupo tomou conhecimento da verdadeira identidade – e da notável qualificação- do sábio conhecido apenas como Dr. X... Ótimo para ele. Não mais foi importunado por esse tipo de pseudo-pesquisadores... *Professora aposentada da UFSM.


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Cinema

SMVC: 11 e 1/2 doses de memória

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Fotos: Jaiana Garcia e José Luiz Zasso

fronteira se presta muito ao drama, e é pouco explorada tanto no cinema quanto na literatura”, sentenciou o escritor Tailor Diniz na pré-estreia de “A Superfície da Sombra”, longa-metragem baseado em um livro homônimo seu exibido no encerramento do Santa Maria Vídeo e Cinema na noite desta quinta-feira (26) na Associação dos Professores Universitários de Santa Maria (APUSM). Nascido em Júlio de Castilhos, o jornalista, escritor e roteirista Tailor Diniz lembrou que a fronteira sempre o fascinou. “É uma realidade que nós aqui, que estamos perto da fronteira, pouco conhecemos, e em outros lugares do Brasil menos ainda”. Diferente da obra de outros autores como Aldyr Garcia Schlee que nasceram na fronteira, Tailor salienta que a visão dele e do personagem Toni (Leonardo Machado, Antônio no livro) é um olhar de fora: “é uma narrativa a partir de um olhar de alguém que se

Após a exibição de A Superfície da Sombra, o bate-papo seguiu entre o escritor e roteirista Tailor Diniz e o público que assistiu ao filme.

sente um estrangeiro na fronteira”. Sobre o processo de adaptação do livro para o cinema, Tailor foi chamado a acompanhar tanto roteiro quanto a finalização da obra. “Foi uma generosidade do Paulo Nascimento

(diretor do filme), isso é bem pouco comum”. Roteirista de curtas premiados (Terra Prometida, ganhador, em 2006, do prêmio de Melhor Filme nos festivais de cinema de Gramado e Brasilia, e Rolex de Ouro, também

baseado em um conto seu, ganhador em 2007 do prêmio de Melhor Filme na mostra gaúcha do Festival de Cinema de Gramado) e também de curtas para a televisão (na série Histórias Extraoridinárias, da RBS TV), Tailor Diniz lembrou que esse foi o filme com que informalmente mais se envolveu. “Minha contribuição direta foi apenas em uma cena, mas o Paulo estava sempre me consultando”. Após a exibição de A Superfície da Sombra, o bate-papo seguiu entre o escritor e o público que assistiu ao filme. Com direção de Paulo Nascimento, o longa é produzido pela Accorde Filmes e entrará em cartaz no segundo semestre nos cinemas. A exibição no SMVC foi a segunda exibição pública do filme e o lançamento em Santa Maria. A primeira exibição aconteceu em abril na fronteira Brasil/Uruguai, nas cidades de Chuí/Chuy. Trata-se da primeira produção falada totalmente em portunhol.

Edição de 2018 já tem data e homenageados Durante a noite também foram anunciados os homenageados nacional e local do 12º SMVC. Leonardo Machado, ator gaúcho que tem no currículo diversas novelas, séries e filmes, e Cândice Lorenzoni, atriz, diretora e professora. O tema do festival de 2018 será “os intérpretes e suas ideias”. Leonardo mandou um vídeo agradecendo a homenagem. “Estou extremamente honrado. Hoje não pude estar aí, mas ano que vem estaremos juntos”. Cândice se limitou a dizer “obrigada” com a voz embargada de emoção.

Na APUSM foram anunciados os homenageados nacional e local do 12º SMVC. Leonardo Machado, ator gaúcho que tem no currículo diversas séries e filmes, e Cândice Lorenzoni, atriz, diretora e professora.

Quatro dias de retrospectiva, muitas histórias recontadas, revistas e projetadas para o futuro. A intenção da edição 11 e ½ foi cumprida: resgatar memórias – pessoais, coletivas, afetivas – e preparar o ambiente para a 12ª edição, ano que vem. Edição que já tem data para acontecer. O anúncio foi feito na noite desta quinta (25) durante o encerramento do festival, na Associação dos Professores Universitários de Santa Maria (Apusm). Será na última semana de junho e as inscrições

dos filmes poderão ser feitas em março e abril. “Foi uma edição especial, cheia de dificuldades e improvisos, mas não nos convencemos de que ela não deveria acontecer. Não foi o evento que sonhamos, na praça, nos bairros, no teatro, com oficinas, prêmios, realizados, cineclubistas, mas transformamos as dificuldades em oportunidades e SMVC aconteceu”, afirmou um dos coordenadores do festival, Luciano do Monte Ribas.

Troféu Vento Norte para Os Melhores da Retrospectiva Local e Nacional Nas duas primeiras noites de exibições dos melhores curtas-metragens das 11 edições passadas da Mostra Santa Maria e Região e Nacional, o público pôde votar e escolher os destaques. O filme “A Escola do Mundo”, de Pedro Rocha, exibido em 2003, foi o escolhido da mostra local, e a animação vencedores de 2007 “O Jumento Santo e a Cidade que se Acabou Antes de Começar”, dos pernambucanos William Paiva e Leonardo Domingues, na nacional. Ambos mandaram vídeos e agradeceram o prêmio. “O SMVC é importante para uma geração inteira de realizadores. Bom saber que o festival está voltando com

força”, disse Pedro. “10 anos depois é muito legal saber do acolhimento ao meu filme”, agradeceu William. Noite de Surpresas O encerramento não foi só de surpresas para o público, mas também para o próprio festival. O coordenador Luiz Alberto Cassol recebeu da jornalista, escritora e pesquisadora Marilice Daronco uma cópia do cartaz do 1º Festival Regional do Filme Super-8, realizado em 1975, em Santa Maria, com produções de vários estados brasileiros. Uma relíquia que foi encontrada pelo pesquisador Antônio Leão da Silva Neto, no Rio de Janeiro, durante a pesquisa de mestrado da jornalista. “Foi enquanto fazíamos a parte de Santa Maria para o livro dele sobre super-8 no Brasil. Remexendo arquivos, ele encontrou. É uma imagem fundamental do amor que todos nós temos pelo cinema”, disse emocionada. O artista Afonso Azevedo também entregou um pórtico feito em couro representando duas colunas gregas com o nome do festival. “Lá em 1960 eu fazia meus próprios filmes. Meu pai alugava um projetor, a tela era um lençol e eu cobrava os ingressos. A minha ligação com o cinema é muito forte”, salientou. Texto: Jaiana Garcia


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Artes Visuais

C

Dialogando com a sensibilidade

om o intuito de divulgar à comunidade acadêmica e externa o que se tem produzido no curso de Artes Visuais da UFSM e de dialogar com as expectativas locais e globais, está instalada no Centro de Convenções a exposição “Artes Visuais, Pesquisas e Sensibilidades”, sob a curadoria da professora Rosa Maria Blanca. A mostra fica aberta à visitação até o dia 30 de junho. A exposição conta com 24 obras assinadas por 21 artistas, entre eles docentes dos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Artes Visuais da UFSM. Também compõem a mostra trabalhos de discentes e egressos da Universidade que receberam prêmios ou menções em eventos específicos – obras que atualmente integram o acervo do Museu de Arte de Santa Maria (Masm). A exposição apresenta obras que vão desde uma linguagem mais tradicional, como desenho, pintura e escultura, até criações que exploram linguagens próprias da arte contemporânea, como fotografia, objeto, videoarte e instalação. De acordo com a curadora, a exposição pretende mostrar o conhecimento produzido no curso de Artes Visuais, dentro do eixo do projeto político-pedagógico da UFSM, ou seja, dentro do eixo ensino, pesquisa e extensão. Os trabalhos artísticos que estão expostos são um reflexo das produções realizadas junto aos grupos e laboratórios de Pesquisa do curso.

a nossa cultura e Sobre o títua nossa comunilo da exposição, Serviço O que: Exposição “Artes Vidade”, observa a Rosa explica que suais, Pesquisas e Sensibicuradora. o termo sensibililidades” Nesse contexdades “vem lemQuando: Até o dia 30 de juto, a professora brar que os afetos nho, das 9h às 17h acrescenta que o e os processos Onde: Centro de Convenespaço do Centro de subjetivação ções da UFSM – Campus de Convenções fazem parte da Sede – Camobi complementa a nossa área de coQuanto: Entrada franca exposição, princinhecimento”. A palmente o foyer exposição mostra através das suas propostas que e o mezanino que favorecem os “sem a sensibilidade não é pos- trabalhos de Arte Contemporânea. sível nos constituirmos como ar- Para Rosa, a “Arte Contemporâtistas e muito menos transformar nea não se fecha no formato ou se

constringe na obra, os trabalhos se expandem no espaço expográfico”. Nesse sentido, o Centro de Convenções revela-se um lugar propício e privilegiado para esse tipo de proposta artística. A exposição “Artes Visuais, Pesquisas e Sensibilidades” fica aberta à visitação no Centro de Convenções até o dia 30 de junho. As visitas podem ser realizadas de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h, com entrada franca. Para visitas guiadas ou de grupos, é preciso realizar agendamento prévio junto à Assessoria de Comunicação do Gabinete do Reitor, pelo e-mail ascomgabinete@ufsm.br ou pelo telefone (55) 3220-8700. Fonte: Assessoria de Comunicação do Gabinete do Reitor.


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Literatura Professor Aguinaldo Severino

As livrarias da “Rua do Odéon”

É

prio Joyce). Bloomsday, o glorio“Rua do Odéon” foi so Bloomsday deste publicado originalmente 16 de junho de 2017. em 1960, cinco anos após Gosto sempre de tentar o suicídio de Adrienne marcar a data com alguma Monnier. Ela em vida macitação literária em homenifestou o desejo que os nagem a James Joyce ou a textos nele reunidos, anteseu “Ulysses”. Neste ano riormente publicados em escolhi este delicioso livrijornais ou apenas distribunho de Adrienne Monnier. ídos aos amigos, fossem No final de 1915 ela publicados em livro. abriu uma livraria (que O leitor encontra quatambém funcionava como tro conjuntos de textos. O biblioteca de empréstimos para assinantes), a lendá- Sylvia e Adrienne na lendária livraria, em foto datada primeiro, “Os amigos dos de 1937 de Giselle Freund livros”, tem a ver com sua ria “La Maison des Amis vocação para livreira e a des Livres”. Manteve a lifundação da livraria, são textos escritos entre 1918 vraria até meados de 1951. Por ela passaram quase e 1939. O segundo conjunto, “Rua do Odéon” reune todos os escritores, compositores, poetas, jornalistextos esparsos sobre o exercício do ofício de livreira, tas, pensadores, filósofos, intelectuais mais imporescritos entre 1926 e 1954. O terceiro conjunto reúne tantes da primeira metade do século XX, franceses artigos que ela pretendia incluir em uma obra sem lie não franceses. gação com sua vida de livreira, são textos sobre suas Entusiasta dos livros e da literatura ela não apenas viagens a Londres e a Itália, ainda na juventude, e sovendia e emprestava livros de poetas e escritores, sobre sua formação acadêmica. O livro inclui também bretudo os modernos, referência da primeira metade relatos de contemporâneos dela, alguns produzidos do século XX, como editava aqueles que lhe pareciam ainda no início de sua carreira, de 1919, outros já posinovadores e/ou importantes. Ela também editou reteriores a sua morte, obviamente elegíacos. vistas literárias, como a Le Navire d’Argent e La GaFalar dos frequentadores da livraria de Adrienne zette des Amis des Livres. Monnier ou das pessoas que são citadas no livro é faAdrienne Monnier auxiliou Sylvia Beach, amerizer um censo daquilo que de melhor a Europa produziu cana radicada em Paris, a fundar uma livraria igualna primeira metade do século XX. Ela trata de Fargue mente icônica de Paris, a Shakespeare and Company, a Valéry, de Léautaud a Rilke, de Beckett a Heminem 1919. Nos anos 1920 essas duas livrarias (a La gway, de Benjamin a Joyce, de Prévert a Cocteau, de Maison des Amis des Livres e a Shakespeare and Dujardin a Gide, de Aragon a Breton, de Apollinaire Company) ocupavam a rue de l’Odéon, no Quartier a Claudel, de Larbaud a Poulenc, de Reverdy a Perse. Latin, à margem esquerda do rio Sena), posteriormenQue mulher industriosa. Viva Monnier. Viva Beate a Shakespeare and Company mudou-se para a rue ch. Viva Joyce. Viva o Bloomsday. de la Bûcherie, no mesmo bairro. “Rua do Odéon”, Adrienne Monnier, tradução de Elas duas se envolveram com o projeto de edição Júlio Castañon Guimarães, Belo Horizonte: editora do Ulysses. Sylvia Beach com a edição original, em Autêntica, 1a. edição (2017) 239 págs [edição origiinglês, em 1922. Monnier com a tradução francesa, nal: Rue de l’Odéon (Paris: Les éditions Albin Mipublicada em 1929, feita por Auguste Morel (com a chel) 1960, 1968, 2009 assistência de Stuart Gilbert, Valery Larbaud e o pró-


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Meio Ambiente

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Ideias para mudar o mundo

falta de água, desmatamentos, mudanças climáticas, aumento populacional… diante deste cenário, a sociedade cada vez mais têm se preocupado com o futuro do nosso planeta. E isto vem impactando em todos os projetos recentes, preocupados em trazer soluções de reusos de materiais, iluminação natural e utilização de recursos naturais de forma mais consciente. O principal objetivo é a utilização de materiais disponíveis no próprio local da construção confeccionados de maneira artesanal ou semi-artesanal e que usam, na maioria das vezes, materiais como madeira, palha prensada na forma de blocos, fibras vegetais, adobe, terra, pedra… Alguns exemplos de construções modernas que seguem o conceito de construção ecológica podem ser vistas na Alemanha, EUA e México. Aqui no Brasil, a prática ainda é pouco difundida e sofre certo preconceito, embora tenha sido largamente empregada em cidades históricas que tem várias casas feitas de adobe. Os tijolos de adobe são um dos materiais construtivos mais antigos do mundo. Sua composição consiste em uma mistura de água, terra e fibras orgânicas dispostos em formas para secagem ao sol. O material oferece vantagens como baixo consumo

energético na fabricação e um excelente isolante térmico. Hoje contamos com diversas opções de materiais e acabamentos que permitem uma fachada muito mais arrojada que antigamente além de maior durabilidade, embora as cidades históricas não deixem negar que estes materiais já são bastante resistentes. Outro exemplo vem do norte-americano, Brian Liloia e grupo de amigos, que construíram com as pró-

prias mãos a COB House, uma casa utilizando apenas produtos ecológicos e de baixo custo. A construção levou 9 meses e custou 8 mil reais. Em sua composição, foram utilizados

barro, madeira, pedras, areia e fibra. Utilizando a técnica da construção com COB, Brian conseguiu construir uma casa simples, mas confortável e sustentável. O Cob é um material de construção divulgado recentemente pelos movimentos de sustentabilidade e construção natural, ele é composto por argila, areia e palha, similar ao adobe. A mistura é a prova de fogo e altamente resistente a abalos sísmicos. Seu custo é quase nulo e é geralmente usado para fazer um tipo de arquitetura mais artística e escultural, por conta de sua fácil manipulação. As paredes feitas com Cob devem ser grossas e servem como massa térmica, fazendo com que a casa se mantenha quente no inverno e fresca no verão, além de funcionar bem com variações de temperatura mais curtas, fazendo a casa ficar fria de dia e quente a noite. Algumas casa feitas com Cob em Devon, uma das regiões mais úmidas da Inglaterra, sobrevivem e estão em uso a séculos.

O Cob pode ser composto conforme abaixo: Mistura de barro com fibras vegetais sovados. Terra-palha ou somente palha prensada na forma de blocos. Barro, cal, cimento e fibra vegetal misturados. Super-adobe, mistura tipo adobe em sacos de polipropileno.

Atendimento ao Associado em Porto Alegre Nos atendimentos médicos prestados em Porto Alegre e grande Porto Alegre o associado, que tem plano de saúde através da APUSM, fica responsável pelo pagamento “a posteori” de um fator moderador de 10% (dez porcento) do total da fatura. Esse percentual (10%) é cobrado, também, sobre consultas e exames.


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Saúde

Aspirina: risco grave para idosos Foto: Reprodução

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uso diário de aspirina por pessoas com mais de 75 anos está relacionado a um risco maior de sangramento grave ou fatal, de acordo com um novo estudo publicado pela revista científica “The Lancet”. De acordo com os autores da pesquisa, embora o uso do medicamento por curtos prazos depois de um AVC (acidente vascular cerebral) ou ataque cardíaco proporcione claros benefícios, para os pacientes acima dos 75 anos que tomam aspirina diariamente deveriam ser prescritos fármacos inibidores da bomba de prótons – ou seja, medicamentos para azia, a exemplo do omeprazol. Nos Estados Unidos e na Europa, de acordo com os autores do estudo, cerca de 50% das pessoas com mais de 75 anos utilizam aspirina ou outras drogas parecidas para evitar ataques cardíacos ou AVC. Esse tipo de tratamento é recomendado a esses pacientes para o resto da vida, como prevenção secundária. A recomendação para o tratamento de longo prazo com aspirina se baseia em testes feitos com pacientes com menos de 75 anos, que foram estudados ao longo de períodos de dois a quatro anos. Estudos anteriores, porém, já haviam relacionado esses tratamentos a ocorrências de sangramento no trato gastrointestinal superior. Embora já se soubesse que os riscos de sangramento crescem com a idade, havia dados insuficientes para estimar o aumento da severidade do problema com o envelhecimento. “O novo estudo permite com-

Pacientes acima de 75 anos também tomam o medicamento para evitar AVC e ataque cardíaco

preender muito mais claramente o quanto aumenta o risco, a severidade e as consequências dos sangramentos”, ressalta o autor principal do estudo, Peter Rothwell, da Universidade de Oxford (Reino Unido). “Estudos anteriores mostraram que há um claro benefício no tratamento de curto prazo com aspirina após ataques do coração ou AVC. Mas nossa descoberta levanta questões sobre o equilíbrio entre riscos e benefícios no uso a longo prazo por pessoas com mais de 75 anos”. Testes O estudo acompanhou 3.166 pacientes que sofreram AVC ou ataque cardíaco e que receberam tratamento com drogas como a aspirina. Metade deles tinham mais de 75 anos no início do estudo. Ao longo de dez anos de pesqui-

sas, um total de 314 pacientes recorreram a hospitais após sangramento. O risco de sangramento – especialmente grave e fatal – cresceu conforme a idade. Para pacientes com menos de 65 anos que tomam aspirina diariamente, a taxa anual de sangramento que exigiu atendimento hospitalar foi de 1,5%. Entre os pacientes de 75 a 84 anos, a taxa cresceu para 3,5%, chegando a 5% entre os pacientes com mais de 85 anos. O risco de sangramento grave ou fatal também aumentou com a idade. Para pacientes com menos de 65, a taxa anual desse tipo de sangramento foi menor que 0,5%. Entre os pacientes de 75 a 84 anos, a taxa aumentou para 1,5%. Para os pacientes com mais de 85 anos, a taxa se aproximou de 2,5%.

Segundo os autores do estudo, embora os riscos de ataque cardíaco e AVC também cresçam com a idade, os resultados mostraram que, para os pacientes com mais de 75 anos, o sangramento do trato gastrointestinal superior como resultado da terapia com aspirina é perigoso, caso não seja feito em conjunto com a prescrição de um inibidor de bomba de prótons. O uso conjunto desses medicamentos contra a azia, segundo os autores, pode reduzir o sangramento do trato gastrointestinal superior de 70% a 90% em pacientes que estão recebendo tratamento de longo prazo com aspirina. No entanto, a prescrição dos inibidores de bomba de prótons não são rotina. Entre os pacientes que participaram do estudo, só um terço recebia esse tipo de droga.


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Saúde

A

Implantes sem corte, sem dor, mas com dentes imediatos

Implantodontia é a especialidade da odontologia responsável por tratar pacientes com necessidades estéticas e funcionais que perderam desde um dente por trauma, fratura, doenças periodontal ou endodôntica, e, principalmente para amparar aqueles pacientes com múltiplas perdas dentárias. Também conhecidos como inválidos orais, estes, por serem usuários de próteses totais há muitos anos e terem como consequência o colapso das estruturas da face, necessitam de tratamentos mais complexos e prolongados, desde as reconstruções ósseas, passando pela instalação dos implantes, até a reabilitação com a prótese dentária. Os implantes dentários funcionam como uma raiz dental artificial que irá substituir a raiz do dente perdido. Feito de titânio na forma de parafuso, ele será cirurgicamente instalado pelo implantodontista no osso mandibular ou maxilar do paciente, sob anestesia local. Após a análise cuidadosa do caso e, havendo indicação precisa, pode-se colocar um dente provisório imediatamente depois da instalação do implante, o que conhecemos como “CARGA IMEDIATA”. Caso a carga imediata não seja possível, o paciente aguarda um período de 4 a 6 meses para que possa ocorrer o que chamamos de osteointegração, que é a formação de tecido ósseo no entorno do implante, tornando-o imóvel e estável, pronto para receber as cargas mastigatórias. Qualquer pessoa pode receber um implante dentário, desde que sejam observados e avaliados alguns critérios de saúde e quanti-

irá passar. Além desses benefícios, um maior conforto no pós-operatório do paciente e uma redução em mais da metade do tempo cirúrgico são outras vantagens desta técnica. Uma análise prévia do paciente precisa ser muito bem feita para que a técnica tenha perfeita indicação e sucesso, sendo o profissional devidamente qualificado e credenciado a um sistema de cirurgia guiada. Com o advento desta técnica, acabou-se encorajando muitas pessoas a dispensarem as próteses móveis, e tornou-se possível o tratamento para os pacientes que tinham medo de se submeterem a uma cirurgia de implante dentário convencional, uma vez que, não há nenhum tipo de corte. dade óssea, realizados através de exames laboratoriais e tomográficos solicitados pelo implantodontista. Em casos de pacientes jovens é necessário verificar o estágio de crescimento, para definir o melhor momento para receber o implante. Hoje em dia com o avanço tecnológico das empresas ligadas a implantodontia e da evolução nas técnicas cirurgias, o implantodontista tem a possibilidade de CIRURGIAS GUIADAS. Através de uma tomografia computadorizada da arcada dentária do paciente, o dentista, com a ajuda de um software no computador, realiza a instalação dos implantes virtualmente na arcada do paciente. Após todo esse planejamento minucioso e a aprovação do tratamento junto ao paciente, os arquivos salvos do planejamento são enviados online para a empresa responsável. O

guia cirúrgico confeccionado será utilizado na cirurgia de instalação dos implantes exatamente como ele planejou no computador, o que permite que o implantodontista realize a cirurgia SEM NENHUM TIPO DE INCISÃO NA GENGIVA E PONTOS. São feitos apenas pequenos orifícios, por onde o implante

Autores: Dra. Caroline Bortolas de Carvalho Especialista em Cirurgia Bucomaxilofacial Especialista em Implantodontia CRO-RS 13.728 Dr. Eduardo Bortolas de Carvalho Especialista em Prótese Dentária Mestre em Implantodontia CRO-RS 14.809

Atenção Associado: Prazo para exclusão de plano de saúde é até dia 20 do mês Associados APUSM tem até o dia 20 de cada mês para solicitarem a exclusão de Plano de Saúde sem cobranças no mês seguinte. Mais informações pelo telefones (55) 3221 4856 ou pelo e-mail apusm@apusm.com.br


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Esporte

Você quer jogar torneios de xadrez?

promover e incentivar a congregação de enxadristas de Santa Maria e região, leva e divulga o nome da Associação além das fronteiras do Rio Grande do Sul”. O presidente do SMXC, Jorge Boabaid, enfatizou que a maioria dos torneios programados para este ano serão realizados na modalidade de Xadrez Rápido ou Blitz, mas que já está em andamento um projeto de organizar pelo menos uma competição de Xadrez Clássico até

o final do ano. “Todos os torneios terão divulgação com antecedência pelo site da APUSM e página do Santa Maria Xadrez Clube no

Datas

Confira abaixo as datas de torneios de xadrez que serão realizados no decorrer deste ano de 2017 no auditório da Associação dos Professores Universitários de Santa Maria (APUSM). A programação foi divulgada esta semana pelo Santa Maria Xadrez Clube (SMXC), depois de reunião com a nova diretoria da APUSM. Na ocasião, o atual presidente da Associação, Paulo Magnago, reiterou o apoio e o incentivo da instituição á este esporte em sua gestão e prontamente confirmou as reservas do auditório nas datas solicitadas pelo SMXC, assim como toda a infraestrutura necessária para realizações de competições enxadrísticas. O ex-diretor da Associação e atual membro do Conselho Deliberativo da APUSM, Valdir Pires da Rosa, ressaltou o sucesso da parceria APUSM-SMXC, “que além de

Facebook”, concluiu. Para aqueles que ainda não conhecem as modalidades deste esporte, no Xadrez Blitz, cada jogador possui 3 minutos com acréscimo de 2 segundos por jogada para vencer o oponente; no Xadrez Rápido, cada partida tem 15 minutos com acréscimo de 5 segundos por lance para cada enxadrista; e no Xadrez Clássico, 60 minutos com 15 segundos de acréscimo para cada um dos participantes. Ou seja, é mais “pensado”, como se diz na gíria do meio.

24 de junho de 2017 – Torneio Cidade de Santa Maria 22 de julho de 2017 – Torneio da Amizade 19 de agosto de 2017 – Torneio de Inverno 16 de setembro de 2017 – Torneio Farroupilha 14 de outubro de 2017 – Torneio Mês do Professor 18 de novembro de 2017 – Torneio APUSM 50 anos 9 de dezembro de 2017 – Torneio de Verão


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Convêniados: Saúde Agafarma Telefone: (55) 3222.6509 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte). Fisioterapeuta Marcelo de Carvalho Pozza Telefone: (55) 99989.3099 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte) Reni Farmácias Telefone: 0800 510 1933 / (55) 3223.1930 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte) Delínea – Pilates e Atividades Físicas Telefone: (55) 3317.0493 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte) Centro Clínico Camobi Telefone: (55) 3226.6571 10% a 20% de desconto para associados e familiares Laura Weber – Fisioterapia, RPG e Pilates Telefone: (55) 99608.0048 *Desc. 10% para associados APUSM (consulte) Consultório Psicológico de Juliana Martins Telefone: (55) 99114.9919 *Desc. 30% de desconto nas consultas e atendimentos Andréa Machado - Psicóloga Telefone: (55) 99133.9633 *Desc. 50% de desconto nas consultas e atendimentos Mariane Noal Moro: Pilates e massagem Telefone: (55) 3025.2216 Descontos de 5 a 15% para associados. Psicólogos - Diego Gomes e Volnei Telefone: (55) 99673.8293 / 99953.3693 Consulte descontos para associados. Colchão Inteligente Telefone: (55) 3317.2442 Descontos especiais para associados. Dr. Luciano Ceron – Dentista Telefone: (55) 3225.3123 10% de desconto. Stefani Brondani – Nutricionista Telefone: (55) 99948.3060 10% de desconto. Dentista - Alessandra Camponogara Telefone: (55) 99992.1378 Consulte descontos para associados. Nova Derme – Farmácia de manipulação Telefone: (55) 3026-7340 *Desc. 15% para associados APUSM. Perfil Odontologia Telefone: (55) 3025.1005 *Desc. 5 a 15% para associados APUSM

Diego Gonçalo Gomes - Psicólogo Telefone: (55) 99167.7797 Descontos para associados. Clínica Kowalski Odontologia Telefone: (55) 3026.2962 *Desc. especiais para associados APUSM Andréa HOME CARE – Psicóloga Telefone: (55) 99133.9633 50% de desconto. Bruna Scherer Lorenzoni – Fisioterapeuta Telefone: (55) 99913.1842 10% de desconto. Fernando S. Molon – Psicólogo Telefone: (55) 99913.1842 30% de desconto. Mariéle Pasetto - Psicóloga Telefone: (55) 99910.7454 *Desc. especiais para associados APUSM SOMMOS Odontologia Telefone: (55) 3219.3276 20% de desconto para associados. EKOAUDIO Aparelhos Auditivos Telefone: (55) 3028.3815 Desconto para associados.

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Automotivo Superauto Telefone: (55) 3027.7974 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte) Minami Motors de Santa Maria Telefone: (55) 2101.1300 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte) Citroen - De France Telefone: (55) 3223.1001 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte) Concessionária Hunday Telefone: (55) 3027.9700 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte) Lavagem Zero Grau Fone: (55)99998.2050 / 99902.4477 10% de desconto para associados APUSM Unidas – Aluguel de carros Telefone: (55) 99641.8888 10% de desconto.

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Gaiger Telefone: (55) 3026.0022 Descontos de 20% nas compras à vista e 10% no crediário.

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Holiday Inn - Porto Alegre/RS Telefone: (51) 3378.2727 *Desc. especiais para associados APUSM

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Escolas de idiomas Up-Escola de Idiomas Telefone: (55) 3025.6217 *Desc. 10% de descontos em qualquer de seus cursos Curso de Inglês CNA Telefone: (55) 3028.0050 *Desc. especiais para associados APUSM (consulte) Wizard Escola de Idiomas Telefone: (55) 3222.2293 Descontos de 20% para associados da APUSM KNN Idiomas Telefone: (55) 3223.0058 Descontos de 30% nas mensalidades

Comidas Empório dos Cupcakes Telefone: (55) 99663.8366 Descontos de 5 a 10% para associados. River’s Grill e Restaurante Telefone: (55) 3347.2019 *Desc. de 10% para associados APUSM Santo Garden - Restaurante Telefone: (55) 3027.7898 Descontos 10% para associados. Eleven Burger Telefone: (55) 99124.0288 Descontos 10% para associados. Food Truck Telefone: (55) 99685.0508 Descontos 30% para associados.

Hotel Jandaia - Santana do Livramento/RS Fone: (55) 3242.2288 *Desc. especiais para associados APUSM Hotel Continental Santa Maria - SM Telefone: (55) 3028.7070 *Desc. especiais para associados APUSM


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