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GERENCIAMENTO DE ATIVOS

artigo

GERENCIAMENTO DE ATIVOS APLICADO À GESTÃO DE SOFTWARE Alessandro Barbosa Shirahige (ashirahige@aquarius.com.br), Engenheiro de Aplicações; Carlos Eduardo Gurgel Paiola (cpaiola@aquarius.com.br); Gerente de Contas; e Márcia Campos (mcampos@aquarius.com.br), Gerente Comercial, todos da Aquarius Software.

Quando falamos em gerenciamento de

dida que é cada vez mais utilizado para

tabilidade só dava importância aos ati-

ativos na área de automação indus-

controlar, supervisionar e gerenciar ope-

vos materiais, tangíveis; no entanto, re-

trial, fica evidente a intenção de cui-

rações e produção.

centemente, a discussão sobre ativos in-

dar e manter bens materiais da empre-

O termo “ativo” tem origem na ciência

tangíveis evoluiu de maneira significati-

sa, como equipamentos ou instrumentos

contábil, onde se atribui ao ativo o con-

va. Em 2007, com a finalidade de atua-

(sensores / atuadores). No entanto, den-

trole dos recursos e a capacidade de

lizar conceitos e adequar-se aos modos

tro desse contexto, é importante tam-

proporcionar benefícios futuros para a

atuais de produção, foi decretada a Lei

bém ressaltar como ativo o software, que

organização.

11.638/07 [Ref. 1] sobre elaboração e di-

ganha importância como um bem à me-

Antes do final do século passado, a con-

vulgação de demonstrações financeiras. Número 110  3


artigo

GERENCIAMENTO DE ATIVOS

Nessa lei, os ativos são separados em

ferramentas de software. Assim sendo,

tão de segurança da informação, basea-

ativos circulantes e ativos não-circulan-

torna-se natural estender o conceito de

da em três pilares básicos: confidenciali-

tes. Os ativos não-circulantes englobam

gerenciamento de ativos também para

dade, integridade e disponibilidade das

ativo realizável em longo prazo, investi-

o ativo intangível software, pois se sua

informações. Esta norma fornece um

mentos, imobilizado e intangível. Den-

perda ou falha acarreta prejuízos diretos

conjunto de recomendações que visam

tro desta última classificação, define-se

e indiretos, é imprescindível garantir sua

conscientizar e orientar os funcionários,

como ativo intangível os direitos que te-

preservação, integridade e atualização.

clientes, parceiros e fornecedores de tecnologia de informação para o uso segu-

nham por objeto bens incorpóreos desti-

ro do ambiente, tanto físico quanto o in-

Esse conceito também é discutido por

CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO ATIVO INTANGÍVEL SOFTWARE

autores como Johnson e Kaplan [Ref. 2],

Além do aspecto da continuidade opera-

informação.

que afirmam que o valor da entidade não

cional, é importante observar que custos

No entanto, o mesmo ainda não ocor-

se restringe à soma dos valores de seus

de desenvolvimento da aplicação, de im-

re de forma sistemática no ambiente in-

ativos tangíveis, mas inclui também os

plementação, de ajustes e de manuten-

dustrial. O gerenciamento de versão de

valores de ativos intangíveis: o surgi-

ção incidem sobre software e aplicati-

software é um tema mais comum na in-

mento de produtos inovadores, o conhe-

vos, além do tempo, da experiência e da

dústria alimentícia e farmacêutica, de-

cimento de processos de produção fle-

inteligência aplicados a estes. Ou seja,

vido a requisitos da norma FDA 21 CFR

xíveis e de alta qualidade, o talento e a

os programas de CLPs (Controladores

Part 11 [Ref. 7], que exige controle dos

moral dos empregados, a fidelidade dos

Lógicos Programáveis), os aplicativos de

programas e aplicativos de forma rígida.

clientes, a imagem dos produtos, rede de

supervisão e a documentação relativa a

Em outros setores da indústria, a bus-

distribuição eficiente, etc.

esses softwares reúnem conhecimento,

ca por soluções para backup e gerencia-

Nessa mesma tendência, o International

procedimentos e otimizações do proces-

mento de versões de software, em geral,

Accounting Standard Board (IASB) [Ref.

so produtivo.

visa evitar a repetição de problemas an-

3], organismo internacional de emissão

Assim, quando se observa o universo de

de padrões contábeis, estabelece que

software utilizado numa indústria, per-

ativos intangíveis são aqueles que não

cebe-se a importância desse conheci-

tem substância física, ou tem um valor

mento, que posto em execução e ajusta-

que não é convertido para aquelas subs-

do por experiência, deve ser reconhecido

tâncias físicas que estes possuem, a

como bem crítico da empresa e não pode

exemplo de um software, o qual não é ra-

simplesmente ser perdido. Pelo contrá-

zoavelmente mensurado em relação ao

rio, o software deve ser cuidado e con-

custo dos disquetes que o contém (EPS-

servado como qualquer outro ativo.

nados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade.

renciamento, distribuição e proteção da

teriores (paradas de produção, dificuldades por uso de versões antigas, etc.) ou é devida à percepção de que há falhas nos mecanismos empregados. Mas, seja para aplicar as normas exigidas pelo mercado, ou por necessidade do dia a dia da empresa, a tendência que se observa de controlar de maneira segura os softwares industriais é inexorável. Com a intenção de orientar as ações de

TEIN e MIRZA, 2004 [Ref. 4]). As empresas têm preocupação perma-

formatizado, com informações sobre ge-

segurança na área de tecnologia da au-

a manter sua produtividade. Porém, os

SISTEMAS PARA BACKUP E GERENCIAMENTO DE VERSÃO DE SOFTWARE INDUSTRIAL SÃO UMA TENDÊNCIA

equipamentos de produção, como con-

Na área de informática, sistemas para

troladores industriais, robôs e instru-

backup (cópia de segurança) e gerencia-

mentações inteligentes, utilizam cada

mento de versão de software são rotinei-

vez mais software em sua programação

ros e parte do dia a dia dos programado-

e configuração. Sistemas fundamentais

res. Sua utilização segue a normas como

• ISA 99.00.02 – Estabelecendo a segu-

para a operação, como IHMs (Interfaces

a ISO/IEC 27002 [Ref. 5], recente atuali-

rança de sistemas de manufatura e

Homem-Máquina) e supervisórios, são

zação da ISO/IEC 17799 [Ref. 6], de ges-

controle;

nente em conservar seus ativos, incluindo máquinas e equipamentos, de modo

4   InTech | www.isadistrito4.org

tomação, a ISA (International Society of Automation) criou uma série de normas, cada qual cobrindo um aspecto específico do tema “segurança de sistemas de manufatura e controle” [Ref. 8]. São elas: • ISA 99.00.01 – Escopo, conceitos, modelos e terminologia;


GERENCIAMENTO DE ATIVOS

• ISA 99.00.03 – Operando um progra-

os usuários de TI, os usuários da tecno-

ma de segurança de sistemas de ma-

logia de automação industrial já dis-

nufatura e controle;

põem de ferramentas para auxiliá-lo no

artigo

sa e na segurança operacional.

de segurança para sistemas de manu-

software: os Sistemas de Backup e Ge-

QUANDO O GERENCIAMENTO DO ATIVO SOFTWARE É NECESSÁRIO

fatura e controle.

renciamento de Versão de Softwares

Quando uma das situações abaixo ocor-

Industriais. Esses sistemas também

re, há indicação de que o gerenciamento

desenvolveu dois relatórios técnicos que

são conhecidos como CMS (do inglês,

do ativo software é necessário:

auxiliam na compreensão e execução

Change Management System, ou seja,

• Não havia backup atualizado dos pro-

das normas, identificando e avaliando

Sistema Gerenciador de Mudanças).

as tecnologias atualmente disponíveis e

Os CMSs funcionam como uma apólice

• A empresa já teve problemas para en-

como elas podem ser utilizadas nos sis-

de seguro, onde se faz um investimento

contrar um programa ou uma configu-

• ISA 99.00.04 – Requisitos específicos

Adicionalmente, o comitê responsável

temas de controle:

backup e gerenciamento de ativos de

gramas quando ocorreu uma falha;

para reduzir custos em caso de aciden-

ração quando precisava colocar um

• ISA TR 99.00.01 – Tecnologias para a

te. E o retorno sobre o investimento (em

equipamento em funcionamento;

proteção dos sistemas de manufatura

inglês, ROI – Return On Investiment) em

• A empresa percebeu um problema no

e controle;

um sistema desse tipo é extremamente

programa de configuração do equipa-

• ISA TR 99.00.02 – Integrando seguran-

rápido, pois, ao garantir disponibilidade

mento e, quando procurou o backup,

ça eletrônica ao ambiente dos siste-

de backup e identificar mudanças inde-

encontrou-o com o mesmo problema;

mas de manufatura e controle.

vidas, reduz tempos de parada, com im-

• O programa do controlador industrial

pacto direto na produtividade da empre-

foi modificado sem que a mudança te-

Com necessidades mais amplas do que

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GERENCIAMENTO DE ATIVOS

nha sido devidamente documentada; • Alguém esqueceu um ponto “forçado” no CLP e causou problemas posteriores; • Uma pessoa não autorizada ou não identificada fez uma modificação em um programa de configuração; • Perderam algumas alterações no programa de configuração porque outra

• Proteção, para evitar “furtos” e mu-

ga ou leitura) do controlador industrial.

danças indevidas – o que se traduz

Mesmo que os tradicionais agenda-

no controle de acesso;

dores realizassem o upload e, por con-

• Gerenciamento de mudanças – para

seqüência, obtivessem o backup do

permitir rastrear a autoria das altera-

aplicativo, isso ainda não seria o bas-

ções e quais foram essas alterações.

tante para obter-se uma cópia con-

A seguir, os três aspectos principais do sistema de backup e gerenciamento de

guração foi editada.

rio se este backup é diferente ou igual

versões de software são detalhados.

à versão anterior. Um CMS permi-

BACKUP

terior, não seja arquivado este novo

pessoa sobrescreveu o trabalho; • A versão errada do programa de confi-

fiável, pois nada indicaria ao usuá-

O primeiro aspecto tratado por um bom

te que, caso a versão seja igual à anbackup, evitando assim o armazenamento de informação desnecessária;

Qualquer dessas situações em uma

CMS é a cópia de segurança.

empresa indica que não existe pro-

É indiscutível que a falta de backup

cedimento de criação e controle de

tem custo direto (ex. nas paradas de

backups ou que tais criações e contro-

produção) ou indireto (ex. com aumen-

les são feitos de forma ineficaz. Para

to de horas trabalhadas para recuperar

estes casos, é fortemente indicado

a perda). No entanto, o aspecto mais

um sistema para backup e gerencia-

importante na perda de programas e

mento dos programas e aplicativos de

aplicativos é que equivale (ou até mes-

software.

mo supera) a perda de um equipamen-

Esse gerenciamento evita conseqüên-

to de campo, com custos e prazos asso-

cias trabalhosas e até mesmo caras,

ciados à sua reposição, além do tempo

como uma parada de produção prolon-

de parada da produção.

gada, e ainda horas adicionais de tra-

O que se pretende com um sistema

balho, refazendo ou revendo progra-

que permite backup automático para

mas, devido a dificuldades na compa-

softwares industriais é garantir que a ver-

ração destes. Com o uso dessa tecnolo-

são que é executada no controlador in-

gia, situações ainda mais graves tam-

dustrial ou no sistema supervisório este-

bém podem ser evitadas, como aciden-

sim, da necessidade de uma inteligên-

ja disponível em um repositório comum,

tes operacionais causados por uso de

cia adicional para resultar em confiabi-

com fácil acesso e sem criar a dúvida de

versões antigas do software do CLP,

lidade e robustez de informação.

qual seria a última versão validada.

por exemplo.

ASPECTOS ESPECÍFICOS DO GERENCIAMENTO DO ATIVO SOFTWARE O gerenciamento do software requer cuidados distintos de outros ativos: • Backup – para garantir que possa ser recuperado fácil e rapidamente em casos de falha de hardware ou outra ocorrência que leve à perda da versão em uso; 6   InTech | www.isadistrito4.org

além disso, se o novo backup do programa obtido for diferente, o sistema pode armazená-lo momentaneamente e notificar um responsável de que uma nova versão foi obtida. O responsável validará a mudança para manter o backup, afinal, a nova versão tanto pode estar correta, quanto pode ser indevida, por exemplo, trazendo um ponto que não deveria permanecer forçado. Embora o backup se relacione ao controle de acesso e ao gerenciamento de mudanças, que será explanado adiante, já se percebe que não se trata aqui apenas de agendamento e upload, mas

Para atingir este objetivo, os tradicio-

CONTROLE DE ACESSO

nais agendadores de tarefa dos siste-

Quando se fala em controle de aces-

mas operacionais podem até atender

so, pensa-se imediatamente em usu-

a necessidade de realizar os backups

ários, senhas e privilégios (Figura 1).

de sistemas supervisórios, mas estes

Estes são fundamentais e indispen-

não são suficientes para realizar os

sáveis, porém, para gerenciar progra-

backups dos programas de configura-

mas e aplicativos eficientemente, de-

ções dos controladores industriais. Isso

ve-se possuir recursos adicionais que

se deve ao fato de que é necessário ob-

permitam restringir o acesso de usuá-

ter o programa de configuração direta-

rios considerando a função específica

mente da CPU do controlador, ou seja,

a cada um. Por exemplo, um técnico de

é necessário fazer um upload (descar-

manutenção pode recuperar o progra-


GERENCIAMENTO DE ATIVOS

artigo

ma arquivado da sua área, mas não pode alterá-lo, enquanto

Outro aspecto importante em qualquer controle de versão é a

o administrador possui acesso para todas as operações pos-

documentação. Devem existir mecanismos que incentivem a

síveis sobre este programa. Pode-se ter também a necessi-

inclusão de comentários, informando o que e por que foi modi-

dade de aprovar ou validar mudanças. Tal procedimento é

ficado. Logicamente, obrigar um usuário a incluir um comen-

exigido na norma FDA 21 CFR Part 11.

tário não garante que este seja claro e completo, mas quando é possível identificar quem deixa de comentar adequadamente suas mudanças, pode-se também criar formas de motivá-lo a adotar o procedimento correto.

GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS O gerenciamento de mudanças visa manter todas as versões e alterações realizadas na empresa, com o registro histórico de quem fez cada modificação (Figuras 3 e 4). O histórico garante informações para diversos tipos de análise: gerenciais, FIGURA 1 - Controle de Acesso.

auditorias, freqüência de alterações em programas, etc.

Uma vez que o controle de acesso é realizado, pode-se obter algumas funcionalidades adicionais. Um ganho ao gerenciar acessos é evitar que duas pessoas alterem simultaneamente o mesmo programa, evitando que uma delas tenha seu trabalho sobrescrito. Para isso, quando alguém precisa modificar um software, o sistema reserva o respectivo projeto para o usuário solicitante e o bloqueia para os demais. Durante a modificação do projeto, os outros usuários poderão lê-lo, mas não editá-lo (Figura 2). FIGURA 3 - Exemplo de histórico de versões.

FIGURA 4 - Exemplo de histórico de versões via web.

A manutenção de versões intermediárias tem diversas aplicações. Durante o desenvolvimento de um programa, compaFIGURA 2 - Acesso bloqueado por outro usuário.

rar versões auxilia a identificar em que ponto um problema reNúmero 110  7


artigo

MEDIÇÃO DE NÍVELDE ATIVOS GERENCIAMENTO

cém-diagnosticado não ocorria, podendo reduzir drasticamente

Desta forma, o CMS não deve se limitar a um fabricante es-

o tempo gasto nesse diagnóstico e no restabelecimento da ope-

pecífico, mas sim abranger um número grande de fabrican-

ração desejada.

tes e tipos de equipamentos.

Na prática, em qualquer trabalho mais demorado, é interessante

Para garantir algum nível de controle para todos os

que o usuário possa salvar versões intermediárias do programa.

softwares industriais, criou-se a possibilidade de personalizar

Mas é importante diferenciar a última versão (aquela que está

o controle para os programas e aplicativos que não são supor-

sendo modificada) da versão corrente, que é a versão que está ro-

tados em modo nativo. Neste caso, o controle é mais eficiente,

dando efetivamente em campo. Por exemplo, o engenheiro pre-

ou menos, dependendo do grau de abertura para personaliza-

para a inclusão de um novo equipamento no processo, o progra-

ção oferecido pelo próprio CMS e dos padrões de abertura que

ma que está rodando no CLP somente será trocado após as mu-

programadores de cada equipamento oferecem.

danças no programa, testes e adaptações. Durante essa fase de

Nesse aspecto, ao escolher um CMS, é importante obser-

desenvolvimento, o engenheiro quer manter seus backups, mas

var o conjunto de programas e aplicativos existentes na em-

o programa validado para a produção é a versão corrente, ante-

presa, bem como considerar a possibilidade de inclusão de

rior à expansão. Nesse caso, a versão original e a modificada de-

novos softwares e definir qual o nível mínimo de controle

vem ser mantidas e, ao fazer o upload, a versão do CLP deverá

aceitável.

ser comparada à versão corrente, que não é a última versão.

ARQUITETURA CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES PARA O SISTEMA DE BACKUP E CONTROLE DE VERSÃO DE SOFTWARE

Uma arquitetura do tipo cliente/servidor é desejável nesta

Conceitualmente simples, o sistema de backup e controle de

arquitetura cliente/servidor para um software gerenciador

versão requer características que garantam abrangência e fle-

de mudanças. Pode-se notar a comunicação direta com os

xibilidade para que possa ser implementado com sucesso. Algu-

diversos programas atendidos pelo servidor, incluindo a co-

mas dessas características são detalhadas a seguir.

municação com os dispositivos de campo, como CLPs, IHMs

aplicação, pois garante que a informação mais recente fique disponível para todos. Na Figura 6 está um exemplo de

etc. Esta comunicação pode ser feita de forma manual ou

SUPORTE A DIFERENTES CLPS E SUPERVISÓRIOS

automática.

Os CMS encontram uma restrição relevante. Tipicamente as plantas industriais possuem uma grande diversidade de controladores industriais e supervisórios. E cada um destes possui um formato proprietário e níveis diferentes de recursos de acesso e de comparação de versão (Figura 5).

FIGURA 6 - Arquitetura cliente/servidor.

Quando existe conexão on-line com as aplicações gerenciadas, a partir do servidor ou de algum cliente da rede, pode-se realizar backup e comparação automáticos das aplicações, em períodos determinados pelo usuário, através de um agendador de tarefas (Figura 7), também conhecido FIGURA 5 - Árvore de projetos.

8   InTech | www.isadistrito4.org

como scheduler.


GERENCIAMENTO DE ATIVOS

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do sistema de gerenciamento e recupera a última versão existente para edição. Então, este se desconecta do servidor que, por sua vez, reserva a edição desse projeto para este usuário por um tempo pré-determinado, evitando assim que algum trabalho seja sobrescrito. O usuário do aplicativo terá esse tempo específico para carregar as devidas alterações no dispositivo remoto e, então, devolver a última versão do programa, liberando o acesso para a próxima necessidade de edição. Caso o programa não seja devolvido no tempo pré-determinado, o responsável poderá prorrogar o prazo, caso contrário, a reFIGURA 7 - Agendador de tarefas.

serva do programa será cancelada, exigindo que o usuário faça nova reserva, verificando se houve alteração por outro usuário

METODOLOGIA DE CONTROLE DE ACESSO

nesse intervalo.

Não basta ter um CMS, é necessário implementar uma metodo-

OUTRAS FUNÇÕES IMPORTANTES

logia de controle de acesso e treinar os usuários para que enten-

A possibilidade de criar telas com interface gráfica e com o tipo

dam a necessidade e os benefícios desse controle.

de árvore de projeto mais intuitivo pode ser um fator facilitador

O melhor método a ser implementado em uma empresa depen-

da aceitação do sistema, uma vez que não basta instalar um

de da realidade e dos costumes empresariais da mesma, sendo

bom produto para gerenciar mudanças, pois o verdadeiro con-

muito específico para cada caso. Em alguns ambientes, o aces-

trole vem da utilização ampla e adequada do sistema.

so direto ao controlador industrial é considerado uma operação

Uma vez implementado, o sistema deve fazer parte do cotidia-

emergencial válida e essa premissa tem que ser respeitada. Em outros casos, o controlador industrial não possui recursos que impeçam um acesso direto, como pela porta serial e, mesmo que tal procedimento não seja permitido, na prática será necessário verificar se isso ocorreu (através dos uploads programados).

no de cada usuário, sendo, portanto, extremamente desejável que possua uma interface de uso amigável, intuitiva. A interface deve proporcionar agilidade e diminuir a possibilidade de erros na operação do sistema. Na Figura 9 há um exemplo de tela baseada em HTML, que permite a fácil navegação dentro

Quando o gerenciador de mudanças tem acesso on-line aos

de cada área gerenciada, indicando os respectivos projetos ge-

controladores industriais e supervisórios da rede, o controle de

renciados: CLP, IHM, supervisório e documentação.

acesso é mais simples e eficiente (Figura 8).

FIGURA 9 – Exemplo de tela personalizada. FIGURA 8 - Arquitetura do gerenciador de mudanças on-line.

RELATÓRIOS

Mas existem situações em que o equipamento fica isolado, sem

Um aspecto a ser considerado no CMS é a oferta de relató-

acesso via rede. Neste caso, a solução típica é trabalhar off-line

rios prontos e parametrizáveis, pois quanto mais comple-

(Figura 6), onde o usuário faz acesso primeiramente ao servidor

tos forem, menor será a engenharia necessária e maior a Número 110  9


artigo

GERENCIAMENTO DE ATIVOS

FIGURA 10 - Relatório para auditoria.

agilidade para implantação do gerenciamento de ver-

relatório de comparação entre versões de um programa de CLP,

são. A lista de programas bloqueados, o histórico para

com um índice de diferenças entre as duas versões compara-

auditorias (Figura 10) e relação de acessos são al-

das, dividido em: lógica de ladder, configuração do controla-

guns exemplos de relatórios básicos. É importante que

dor, registros de entrada/saída e tabela de forces. As Figuras

haja flexibilidade para determinar filtros, períodos, etc.

12 e 13 mostram o detalhamento de ladder e tabela de forces,

A comparação entre versões do mesmo programa, abordada

respectivamente.

aqui anteriormente, também gera relatórios com diferentes níveis de detalhamento. Na Figura 11, temos um exemplo de

FIGURA 11 – Relatório de comparação entre versões de um programa de CLP.

10   InTech | www.isadistrito4.org

FIGURA 12 – Relatório de comparação da lógica de ladder entre versões de um programa de CLP.


GERENCIAMENTO DE ATIVOS

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racionais com maior controle e segurança. • Há uma tendência de diminuição na taxa de mudanças em programas. A redução do volume de mudanças significa redução direta de horas de trabalho com alterações, além da redução dos riscos inerentes a essas alterações. Essa tendência é decorrente de vários fatores: a) maior controle de acesso no que tange as permissões de usuário; isto leva o administrador do sistema a um melhor planejamento das permissões e privilégios, de acordo com a função de cada usuário; b) possibilidade de exigir que a mudança requeira aprovação de um supervisor; c) a identificação do autor das mudanças e necessidade de comentar cada alteração, com possibilidade de auditoria posFIGURA 13 - Comparação da tabela de forces entre versões de um CLP.

terior, inibem mudanças isoladas e conduzem a uma prá-

Em muitos casos, é possível até mesmo o detalhamento das

testá-las de forma mais planejada.

tica adequada de concentrar alterações, implementá-las e

linhas de uma lógica de ladder, permitindo analisar a inclu-

A utilização de um CMS resulta no controle sistemático e ro-

são, exclusão ou modificação na lógica entre duas versões

busto das práticas de manutenção e implantação de sistema

quaisquer, sejam do mesmo projeto ou de projetos distintos.

de automação industrial. Tal sistema confere ao cotidiano dos

Quando o CMS permite acionar comparações entre diferen-

usuários e responsáveis pela manutenção uma metodologia

tes projetos, este tipo de relatório também tem grande utili-

segura de uso de cada tecnologia existente em uma planta in-

dade para comparar programas similares, rodando em CLPs

dustrial. Mais do que uma tendência de mercado, essa tecno-

distintos, como os de máquinas iguais ou linhas de produção

logia é uma necessidade real!

semelhantes. REFERÊNCIAS

CONCLUSÃO A implementação de um CMS traz retornos significativos para as indústrias e variam de acordo com o perfil da empresa. Os ganhos mais comuns estão descritos a seguir. • Centralizando o backup e garantindo a freqüência e robustez da sua realização, em caso de falha em um equipamento ou sistema e existindo a necessidade de restauração de backup, o processo se torna mais rápido e seguro, com redução real do tempo de parada da planta ou área – o que geralmente afeta diretamente a produtividade; • A identificação de mudanças, sejam elas indevidas ou não, permite detectar situações que requerem interferência. É o caso de pontos que são sistematicamente forçados. A maior visibilidade obtida através do gerenciamento de versão permitirá que a empresa identifique a situação e aplique a solução correta. Neste caso, é possível que seja feita uma revisão do programa do CLP para adequá-lo às práticas ope-

1. Lei nº 11.638 de 28.12.2007. Publicada no D.O.U.: 28.12.2007 - Edição Extra 2. JOHNSON, H. T.; KAPLAN, R. S. (1993) - Contabilidade Gerencial - a restauração da relevância da contabilidade nas empresas. Rio de Janeiro, ed. Campus. 3.

International Accounting Standard Board (IASB) - FINANCIAL ACCOUNTING STANDARDS BOARD. Statement of Financial Standards nº 142: Goodwill and Other Intangible Assets. June, 2001.

4. EPSTEIN, Barry J.; MIRZA, Abbas Ali. WILEY IAS 2004: Interpretation and Application of International Accounting and Financial Reporting Standards. New York: John Wiley & Sons, 2004. 5. ISO/IEC 27002:2005. Código de Práticas para Gestão da Segurança da Informação. 6. ABNT NBR ISO/IEC 17799. Código de Práticas para Gestão da Segurança da Informação. 7. Federal Register - Rules and Regulations. Vol. 62, No. 54. March, 1997. “Department of Health and Human Services - Food and Drug Administration - 21 CFR Part 11”. 8. Guide to the ISA-99 Standards – Manufacturing and Control Systems Security - Rev.4 – November, 2005.

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