TCC ARQ URB - Escola Montessoriana - BorboLETRA

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ESCOLA PÚBLICA APLICADA AO MÉTODO MONTESSORIANO NO PARQUE SANTA RITA

Centro Universitário de Goiás Uni-ANHANGUERA Discente: Andressa Gomes Ferreira Orientadora: Me. Ana Isabel Oliveira Ferreira


Espero que os estudos, análises, críticas e debates desse projeto, carinhosamente preocupado com a educação infantil, possa sensibilizar e inspirar você e todos que o lerem, assim como aconteceu comigo. A transformação do mundo está em nossas mãos.


Tr a b a l h o d e C o n c l u s ã o d e C u r s o apresentado ao Centro Universitário de Goiás - Uni-ANHANGUERA, sob orientação da Professora Mestre Ana Isabel de Oliveira Ferreira, como requisito parcial para obtenção do título de bacharela em Arquitetura e Urbanismo.

GOIÂNIA 06/2020



A Deus pela vida. Saúde, força e por trilhar meu caminho até aqui,

Durante a minha vida sempre tive um

colocando pessoas e situações necessárias para meu crescimento humano

grande apreço e empatia pelas crianças,

e intelectual.

seres ingênuos que carregam uma

Aos meus pais pela abdicação, compreensão e carinho de sempre, por

alegria pura e verdadeira.

acreditar, confiar e me impulsionar a vencer minhas metas.

Em respeito e compreensão à elas,

Às minhas irmãs e meus familiares, pela preocupação, zelo e torcida ao

dedico este projeto, sendo um objeto de

longo dos anos.

estudo sobre a Educação Infantil, visando

A Me. Ana Isabel, minha professora, orientadora e amiga que se tornou ao

um espaço propício, agradável e

longo dos anos. Pela paciência, dedicação, motivação e assistência total e

prazeroso, que capacite, prepare, acolha

sem fronteiras.

e instrua as crianças ao mundo.

A Instituição Uni-ANHANGUERA e todos os professores e professoras que

A todas vocês, crianças, sem distinção

me instruíram, sendo meus exemplos de profissionais e aumentando minha

alguma, dedico-vos para que o mundo

admiração pela docência.

esteja preparado para receber-lhes livres,

Aos meus amigos, todos eles. Meus amigos de curso por serem meu

intensos e perspicazes como devem ser.

alicerce diário, por me fazerem forte e feliz durante todo processo. E aos meus amigos da vida, obrigada pela abdicação de tempo, pelo apoio, pelas descontrações e por permanecerem sempre perto mesmo que distante. A todos, meus sinceros agradecimentos, estarão sempre em meu coração.



Há escolas que são

A educação sendo uma forma de socialização entre os indivíduos e o meio, baseada nas questões sociais, civis e culturais, reflete diretamente no corpo social em que habita, promovendo um progresso positivo à sociedade. A arquitetura em assistência ao processo e didática da educação, contribui com a percepção de um ambiente apropriado, fornecendo um espaço competente e harmonioso, que motive o uso do edifício e sobretudo, melhore a qualidade de vida dos usuários. O projeto tem como foco principal prestigiar a educação respeitando as crianças e proporcionando a elas um espaço competente que una qualidade e eficiência ao edifício escolar, para que o processo de educação seja de caráter espontâneo e natural. Bem como a interpretação do espaço público de lazer considerando a cidade como organismo vivo, onde os moradores conquistam espaços de qualidade para entretenimento e hábitos diários.

e

há escolas que são Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros

sempre

têm um Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o Escolas que são não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser



2.1 DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 2.2 DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM GOIÂNIA 2.3 EDUCAÇÃO INFANTIL (PROBLEMA X SOLUÇÃO)

10 11 12

2.4 MÉTODO PEDAGÓGICO: MONTESSORI

13

2.5 JUSTIFICATIVA

14

2.6 OBJETIVO

16

3.1 ESCOLA WAALSDORP 3.2 ESTUDIO MONTESSORI 3.3 ESCOLA MOOPI 3.4 ESTUDOS AMBIENTES INTERNOS 3.5 QUADRO DE APROVEITAMENTO

17 19 21 23 24

4.1 CONTEXTO DA CIDADE 4.2 LOCAL DE INTERVENÇÃO

25 26

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO ALVO 5.2 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA

38 38

5.3 CONCEITUAÇÃO E PARTIDO ARQUITETÔNICO 5.4 APROPRIAÇÕES INICIAIS DA ÁREA

46 47

5.5 MEMORIAL EXPLICATIVO E JUSTIFICATIVO 5.6 PLANTA SITUAÇÃO 5.7 IMPLANTAÇÃO

54 56 57


1. Apresentação do tema

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Alguns pesquisadores como Darcy Ribeiro, dizem que o

Montessori destaca que a criança aprende vivendo, e nem

grande problema da lotação das penitenciárias do Brasil ocorre em

sempre só ouvindo, com livre escolha, e não ‘presas’ à carteiras,

detrimento da educação encontrada na maioria das instituições de

defende a ideia de ambientes mais abertos e ricos em estímulos

ensino infantil, principalmente as públicas.

com cores, formas e objetos do dia a dia (ROHRS,2010).

A proposta de Escola de Ensino Infantil aplicado ao método

O método simples e eficaz que tem sido adotado por pais

montessoriano, tem como objetivo auxiliar no desenvolvimento da

e escolas para o desenvolvimento e aprendizado infantil, influencia

cidade, a começar pelas crianças, proporcionando a elas uma

diretamente na arquitetura da escola. O conjunto de salas de aula,

educação considerada hoje como ‘‘pedagogia alternativa’’¹, e que

pátios, brinquedos, refeitórios, banheiros e outros devem ser

têm-se destacado desde a sua criação em 1907 (ROHRS, 2010)

projetados respeitando o olhar de Maria Montessori.

apresentando avanços significativos no conhecimento infantil.

Buscando romper com o método tradicional e

A pedagogia escolhida para o projeto da escola de ensino

principalmente com os modelos encontrados na maioria das

infantil é o Método Montessoriano, criado por Maria Montessori,

escolas da cidade de Goiânia, o objetivo do projeto da Escola

engenheira, médica, pedagoga, escritora e defensora de uma

Montessoriana é proporcionar um lugar acolhedor, estimulante e

proposta de ensino a qual a criança aprende a partir de incentivo e

ideal para que crianças de 0 a 11 anos possam iniciar seus

vivências, reconhece sua capacidade e tem responsabilidade pelos

primeiros passos rumo ao conhecimento em um ambiente que

seus afazeres (ROHRS, 2010).

permita experiências lúdicas e didáticas.

¹Pedagogias alternativas: métodos de ensino infantil que priorizam o dom pessoal de cada criança, assim como o contato com a natureza, com a arte e com as pessoas.


PÁGINA: 10

2. Abordagem temática

2.1. DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Houve mudanças significativas na questão da educação no Brasil após a década de 1950, principalmente por conta do regime

A história de como se iniciou o processo de educação no Brasil está resumida na linha do tempo apresentada na figura 4:

autoritário que o país percorreu, a chamada Ditadura Militar. Durante o movimento, o crescimento do sistema educacional foi interrompido pois

Fig.4: Linha do tempo Início da educação no Brasil.

seu intuito era restritamente político (CARVALHO, 2019). Outro agravante da época, foi a aceleração nas construções dos prédios escolares de forma rápida e econômica, aumentando a

Educação por meio da fé católica com

quantidade de escolas sem aumentar a qualidade, pois não havia mão de

intuito de catequização dos índios, em paróquias, seminários ou casas dos

Educação vista como um progresso,

por tugueses, locais com pouco

começam a construir prédios escolares,

conforto.

separação em turmas, professora como centro e horários rígidos.

Defende que uma escola pública é direito de todos. Houve mudanças nos ambiente internos das escolas, preocupação com conforto ambiental e surgimento de outros ambientes.

Prédios escolares com características de arquitetura moderna e ideias de Anísio Teixeira (otimização de espaços), criação de diferentes ambientes educacionais como escola- parque e escola-classe.

Fonte: CARVALHO, Isabella. <https://germinai. wordpress.com/textos-classicos-sobreeducacao/linha -historica-da-arquitetura-escolar> Acesso em: 16/08/2019. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

obra qualificada, nem ambientes apropriados. Somente a partir da Constituição Federal de 1988 que a criança se beneficiou fora do conceito familiar, onde obteve além do direito de amparo, à educação pública por parte do governo (CAMPOS, ROSEMBERG e FERREIRA, 2001). Pela primeira vez na história, uma Constituição do Brasil faz referências a direitos específicos das crianças, que não sejam aqueles circunscritos ao âmbito do Direito da Família. Também pela primeira vez, um texto constitucional define claramente como o direito da criança de 0 a 6 anos de idade e dever do Estado, ‘‘o antendimento em creche e pré-escola’’ (Campos, Rosemberg e Ferreira , 2001. p.17).

Com isso, a criança que antes era de responsabilidade dos pais, passou também a ser do governo, tendo que oferecer no mínimo escolas de forma gratuita e que atendesse à população infantil.


2. Abordagem temática

2.2. DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO EM GOIANIA

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menores de seis anos no ambiente escolar. Depois de realizar um curso de capacitação específica aos professores, originou-se a primeira Proposta

Sendo a cidade de Goiânia considerada ainda como ‘‘nova’’ no Brasil,

Pedagógica para a Pré-escola². Em seguida, a Secretaria Municipal de

com apenas 85 anos de existência, e sendo a capital do estado de Goiás, Pinto

Educação (SME) iniciou as construções de edifícios educacionais na

(apud SILVA, 2009, p.59) relata que:

cidade, nomeados por: Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) e

Há ainda a evidência que a história da educação em Goiânia é uma história que aparece subsumida na história da educação no estado de Goiás, daí, talvez, a dispersão das fontes de pesquisa que, embora fartas, têm seu acesso dificultado em razão de estarem dispersas em vários órgãos públicos e privados. As fontes disponíveis para este estudo encontram-se no Arquivo Público do Estado de Goiás, no Instituto Histórico e Geográfico de Goiás (IHGG), na Universidade Católica de Goiás, no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sessão Goiás, no Museu Pedro Ludovico Teixeira. Há ainda o Instituto Cultural José Mendonça Telles que preserva um expressivo acervo de fontes para a escrita da história de Goiânia. Estou também assumindo, como fontes, algumas biografias e autobiografias, livros de memórias e livros de crônicas urbanas.

A jovialidade da cidade resulta em uma breve história também quanto a educação goiana. Visto que inicia o processo de educação pública infantil somente após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB lei n° 9.394/96), antes disso, o sistema de ensino infantil era oferecido por instituições privadas, ou de caráter filantrópico (BARBOSA, 2008).

Centro de Educação Infantil (CEIs) (BARBOSA, 2008), disponibilizando os direitos que a criança obteve conforme disposto no Art 53, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca): Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, visando o pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I- igualdade de condições para o acesso e permanência da escola; II- direito de ser respeitado por seus educadores; III- direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV- direito de organização e participação em entidades estudantis; V- direito à escola pública e gratuita próxima de sua residência; Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.

Ainda assim, a quantidade de instituições públicas que existem

Entre 1993 e 1994, surgiu um Grupo de Políticas Públicas Educacionais

atualmente na cidade para esta faixa etária, não atende a demanda das

que desejava criar uma nova classe para a educação inserindo as crianças

famílias necessitadas. Outro agravante são os problemas vistos na

²A primeira proposta destacou a importância do cooperativismo e o lúdico, e trabalhou com cinco áreas de conhecimento: língua portuguesa, matemática, ciências, artes e movimento corporal. (SESC, 2015).


2. Abordagem temática

precariedade dos edifícios quanto ao espaço, iluminação, objetos de uso como

PÁGINA: 12

mesmas necessidades que um adulto qualquer.

carteiras, mesas, equipamentos sanitários, parquinhos e outros. Sendo que todos

Enquanto a criança for tratada como um ser inferior aos adultos,

estes elementos afetam diretamente no desenvolvimento infantil, dificultando seu

haverá alto índice de desigualdade no âmbito sócio-educacional. Todas as

aprendizado dentro do ambiente de ensino.

pessoas têm a mesma necessidade de aprendizado diariamente, uns voltado à uma área, outros a outras áreas, porém todos, de forma geral,

2.3. EDUCAÇÃO INFANTIL: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?

crescem e desenvolvem-se dia após dia. O papel da sociedade é dispor à criança formas lúdicas de

Menciona Barbosa (2008, p.390) ‘‘a educação infantil sempre foi de

conhecimento, dar estímulo àquilo que ela tem curiosidade, ceder espaços

todos e nunca foi de ninguém’’. Sabe-se que a educação não está exclusivamente

confortáveis e adequados para o ensino diário, tratá-las como seres que

nas mãos da escola, não é somente a partir do que está escrito nos quadros

têm seus desejos, anseios e vontades , mas também dificuldades, medos e

negros, livros didáticos ou falas do professor que a criança aprende e alcança os

retração em certos assuntos; sem reprimí-las pelo o que devem ou não

conhecimentos máximos que a considera ‘‘inteligente’’. O pensamento de

fazer, mas pelo contrário, instigando em cada um o melhor de si para que

Brandão (1981, p.09) representa o problema vivenciado:

assim possa oferecer o melhor pro mundo de volta. Tudo é uma questão de

Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino não é a única prática e o professor prossional não é seu único praticante.

consciência atrelado à troca de gentilezas.

As crianças, principalmente as de classes mais baixas, sofrem com a

Falar da importância da educação para a comunidade as vezes

desigualdade social. Muitas vezes são consideradas como um problema para os

chega a ser redundante. Espera-se que todos compreendam que para o

pais, para a família e para a sociedade. Surgem as preocupações: onde e/ou com

desenvolvimento do país é extremamente necessário o conhecimento; não

quem deixar? O que dar? Como educar? E outros, são questionamentos

só a nível de pessoas alfabetizadas ou letradas, mas uma sociedade onde a

presenciados diariamente por pessoas que não as tratam como um ser que têm as

educação se baseia em ‘preparar as pessoas para a vida’.


PÁGINA: 13

2. Abordagem temática

Uma sociedade que investe em educação é uma sociedade inteligente,

Quando falamos da 'liberdade' da criança pequena, não nos referimos aos atos externos desordenados que as crianças, abandonadas a si mesmas, realizaram como evasão de uma atividade qualquer, mas damos a esta palavra 'liberdade' um sentido profundo: trata-se de 'libertar' a criança de obstáculos que impedem o desenvolvimento normal de sua vida.

porque ensinando as pessoas a pensarem, proporcionalmente cresce a economia, saúde, tecnologias; diminui a violência e a pobreza, e fortalece os laços entre os seres com eles mesmos e com a natureza. Deixa de ser uma disputa e passa a ser

Uma escola Montessoriana não coloca a criança em um lugar abaixo

uma equipe, onde cada um tem seu lugar e reconhece suas responsabilidades como fundamental para melhor qualidade de vida de todos.

dos professores ou qualquer outro adulto, a criança tem suas

Desse modo, a arquitetura tem uma grande influencia na educação e

responsabilidades naturais como qualquer outra pessoa, assim Maria

consequentemente na qualidade de vida da sociedade. Visto que, analisando o

Montessori utiliza de atividades de vida prática para que eles aprendam na

desempenho e conhecimento dos alunos, verifica-se que o ambiente de estudo

escola como lidar com a vida (ROHRS, 2010).

interfere nos resultados e avanços do estudo. Kowaltowski (2011, p.11) considera

Rompendo com o paradigma de cadernos, lápis e muita teoria, ela criou

que ‘‘o ambiente físico escolar deve ser analisado como resultado da expressão

métodos de ensino com materiais didáticos onde as crianças aprendem a

cultural de uma comunidade, por refletir e expressar aspectos que vão além da sua

partir do manuseio com as mãos, esses materiais foram divididos em cinco

materialidade.’’.

grupos4 (KOWALTOWSKI, 2011). Atualmente as escolas públicas de Goiânia tem seguido o método

2.4. MÉTODO PEDAGÓGICO: MONTESSORI:

tradicional, a seguir, um quadro comparativo básico (quadro 1): Quadro 1: Comparativo das linhas pedagógicas.

Como foi dito anteriormente, o método Montessori é uma pedagogia

modelo Prussiano sala de aula engessada professor como centro da sala aprender a partir de notas turma com mesma idade

considerada um estudo científico do desenvolvimento infantil feito por Maria Montessori. Seus princípios baseiam-se inicialmente em liberdade, a liberdade de escolha do que estudar, liberdade em sentar-se na sala de aula, liberdade em solicitar auxílio ao professor, liberdade em frequentar os agrupamentos de idades

Fonte: A contribuição do método montessoriano ao processo de ensinoaprendizagem na Educação Infantil, UFPI. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.

diferentes³. Essa liberdade, segundo Montessori (1965, p.57): ³A escola não é separada por turmas, mas por agrupamentos, geralmente com diferenças até três anos de idade, porém ainda assim, cada criança pode conhecer os outros agrupamentos e participar das atividades quando surgir curiosidade e necessidade.

educar para a paz sala com liberdade de movimento professor como um guia aprender por interesse próprio turma com idades variadas

4

Os cinco grupos são: atividades de vida prática, linguagem, matemática, ciências e questões sensoriais.


PÁGINA: 14

2. Abordagem temática

Assim, conclui-se que, o projeto da Escola Municipal de Ensino Infantil aplicado ao Método Montessoriano, deve refletir na forma que a Lembrando que Maria Montessori se deslocou para a pedagogia através do

criança vai usar, e quais sentimentos quer aguçar no ambiente de ensino.

corpo5, vale ressaltar a sua preocupação com os sentidos, os responsáveis pela interpretação pessoal ao ambiente que está inserido. Angotti (1994, p.24) revela que “a educação sensorial e motriz é proposta nesta fase, por encontrar-se a criança frente à grande sensibilidade ao desenvolvimento das habilidades motoras”. Montessori (2017), propõe o cuidado dos sentidos nos ambientes projetados, nas atividades exercidas, no layout, mobílias da escola, e outros, de forma que a criança consiga por si só realizar as atividades sem se sentir inferior aos adultos. Para Pallasmaa (1996, p.60) “o espaço arquitetônico é um espaço vivenciado, e não um mero espaço físico", sendo assim, o espaço deve ser pensado de acordo com a vivência. É necessário fazer um estudo aprofundado sobre a arquitetura dos sentidos para que o prédio projetado não seja um simples pátio rodeado por salas de aula

2.5. JUSTIFICATIVA Segundo o Instituto Mauro Borges de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (IMB), o estado de Goiás referiu no ano de 2018 uma média de 5,7% da população (aproximadamente 393 mil pessoas) considerada analfabeta, que não sabe ler nem escrever. Desta forma, Goiás se encontra em nono lugar dentre os estados do país com menores taxas de analfabetismo (gráfico 1), estando atrás ainda de todos os estados da região sul e sudeste do país, e ainda atrás do Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, que fazem parte da região centro oeste (juntamente com Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso). Gráfico 1: Classificação de analfabetismo no Brasil.

28°

enrijecidas como acontece na maioria das instituições de ensino público atualmente. Ao habitarmos os espaços nós transparecemos sensações, nesse sentido, Neves (2008, p.10) pontua que: a primeira impressão que fica não é um impacto meramente visual, e sim sensorial: a temperatura, o aroma, a umidade do ar, a intensidade da luz, os sons do ambiente, a resposta do piso aos nossos passos – todos esses elementos, e uma infinidade de situações – influenciam o modo como nos sentimos em determinado lugar. 5

Antes de cursar pedagogia, Montessori foi engenheira e médica. Após trabalhar na área da medicina com crianças com retardo mental (área psiquiatra) surgiu o desejo de continuar buscando melhorias para as crianças, e cursou pedagogia, produzindo a pedagogia Montessori.

18°

23°

Fonte: Pnad Contínua 2018 (módulo anual). Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.


2. Abordagem temática

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Mesmo que o estado não esteja em uma posição tão negativa quanto o estado de Alagoas (gráfico 1), nos estudos mais profundos realizados ainda pelo IMB, obteve-se valores significativos da questão da educação no município de Goiânia.

A partir de estudos feitos na cidade de Goiânia, e de acordo com o Anuário Estatístico de Goiânia feito em 2013 pela Secretaria Municipal de

Mais de 41% da população (gráfico 2) acima de 25 anos, uma idade

Desenvolvimento Urbano Sustentável (SEMDUS), foram encontrados estas

considerada ideal para se concluir o ensino superior, foram atribuídos como nível

122 instituições de ensino infantil identificado como Centro Municipal de

de ensino fundamental incompleto ou sem nenhuma instrução escolar. Diante

Educação Infantil (Cmei), no município.

disso, percebe-se o abandono que a educação vivenciou, ou talvez ainda vivencia, no município de Goiânia.

6

Os círculos na cor preta verificado na figura 5, representam os raios

que abrangem a área onde o equipamento consegue atender de forma eficaz a população necessitada. Consequentemente constata-se a carência LEGENDA: Ens. Fundamental completo Ens. Superior completo

assim como na região sudoeste da cidade (demarcado na cor preta), onde

Ens. Médio completo

se encontram muitos bairros de uso predominante habitação/moradia e de

Ens. Fundamental incompleto ou sem instrução

pessoas (em sua maioria) classe média baixa.

Gráfico 2: Grau de instrução de pessoas com 25 anos ou mais. Fonte: Pnad Contínua 2018 (módulo anual). Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

Não há como negar que houve uma evolução, mesmo que pequena, na área da educação infantil no decorrer dos anos, porém, a quantidade de instituições públicas, assim como suas qualidades tanto no âmbito de infraestrutura quanto da instrução pedagógica, vem deixando a desejar e afetando o crescimento econômico da cidade. 6

de instituições de ensino em algumas regiões da capital goianiense a;

A classificação dos raios de abrangência de equipamentos públicos foi encontrado no anexo VII, Índices Urbanísticos dos equipamentos comunitários, do Plano Diretor de Goiânia, 2007. p.159.

O Parque Santa Rita (em vermelho) é um dos bairros que se encontra nessa classificação e foi o escolhido para inserção do projeto.


2. Abordagem temática

Fig.05 Mapa com raios de abrangência dos Cmeis de Goiânia.

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2.6. OBJETIVO: Os objetivos deste projeto são muitos, que envolvem o contexto da educação, da economia e do bem estar dos habitantes de Goiânia. °Inserção de equipamentos educacionais nas regiões mais afastadas da parte central da cidade; °Adequação na quantidade de escolas para a população infantil da cidade. °Interferir na educação infantil através de métodos de ensino diferentes do tradicional; °Intervir no modo de ensino “aprisionado” e “impedido”, traçando novas formas de aprender.

LEGENDA: Raio abrangência Cmei 300m Quadras de Goiânia Fonte: Prefeitura de Goiânia. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

Parque Santa Rita Região Sudoeste

°Escolha do local onde há insuficiência do equipamento, facilitando aos pais e alunos a locomoção; °Adequação no método de vivência em um ambiente escolar que além de abrigar as crianças também estimule e instiga o desejo de voltar diariamente; °Projeto personalizado e pensado ergonomicamente para crianças; °Mostrar a importância de um projeto para cada usuário de acordo com o que será realizado ali. Quadro 2: Objetivos. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.


3. Referências projetuais

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3.1. ESCOLA WAALSDORP: O revestimento escolhido para a fachada da

Fig.06: Escola Montessoriana Waalsdorp

escola, compõe com a paisagem do entorno, o bairro apresenta construções de 1930 feitas por tijolinhos. A construção é delimitada a partir da vegetação pertencente no terreno, as árvores delimitam o espaço escolar construído, do espaço Objetivo: integração com o entorno e características dos ambientes internos.

escolar livre, usado como um pátio externo (ARCHDAILY, 2015). Fachada perfilada com material de tijolos em proporções diferentes que revela movimento.

Fig.07: Planta Térreo, disposição das salas.

LEGENDA:

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/759921/escola-montessoriana-waalsdorp-dezwarte-hond. Foto: Scagliola Brakkee. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

Salas Pátio Refeitório Salas interativas Baneheiros Biblioteca Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/759921/escola-montessoriana-waalsdorp-dezwarte-hond. Foto: Scagliola Brakkee. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

Utiliza-se de materiais que imitam materiais envelhecidos, e boa durabilidade, sem precisar de muitas manutenções, o que auxilia principalmente em construções públicas. Os ambientes internos da escola são bem iluminados através das grandes esquadrias de vidro que permitem entrada de luz natural. O pátio interno está no centro da escola e recebe essa iluminação que distribui aos outros ambientes, principalmente às salas de aula e refeitórios.


3. Referências projetuais

Fig.08: Vistas internas Escola Waalsdorp

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O hiato entre os pavimentos auxilia na circulação de ventos e deixa os ambientes mais dinâmicos permitindo permeabilidade visual. A disposição dos mobiliários da sala de aula é de forma nãotradicional, o formato das mesas, cadeiras, brinquedos e móveis são diferentes em toda a sala, não há um padrão; também são todos à altura das crianças. As esquadrias de vidro na parte interna servem para que não exista uma separação de turmas de uma forma nítida, facilitando a livre

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/759921/escola-montessoriana-waalsdorp-dezwarte-hond. Foto: Scagliola Brakkee. Modificado por: Andressa Gomes, 2019. Fig.09: Vistas internas Escola Waalsdorp

circulação entre os ambientes da escola. O parque é uma extensão da sala de aula, portanto não tem objetos tão diferentes da sala, se conecta com a paisagem natural e utiliza elementos simples do cotidiano. Fig.10. Playground Escola Waalsdorp

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/759921/escola-montessoriana-waalsdorp-dezwarte-hond. Foto: Scagliola Brakkee. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/759921/escola-montessoriana-waalsdorpde-zwarte-hond. Foto: Scagliola Brakkee. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.


3. Referências projetuais

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3.2. ESTÚDIO MONTESSORI: O projeto é separado por módulos

Fig.11: Colégio Montessori

(blocos de salas de aula) que vão construindo a partir da necessidade, e dispostos no terreno afetando o mínimo possível da topografia e das árvores existentes. Objetivo: forma atípica, contato direto com a natureza e versatilidade no fluxo.

LEGENDA:

A forma de círculo estimula o desenvolvimento e a liberdade de movimento por toda a escola.

Fig.12: Planta Térreo, disposição das salas.

Salas Pátio verde

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/922546/colegio-montessori-estudiotransversal. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

Refeitório Salasde atividades Setor serviço Fonte: https://www.archdaily.com. br/br/922546/colegio-montessoriestudio-transversal. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

As disposições dos blocos no terreno facilitam o contato com a natureza, um dos temas que Maria Montessori defende ser de extremamente relevante às escolas que adotam o seu método, simultaneamente, trabalha a identidade formal de círculo em todo o conjunto escolar.


3. Referências projetuais

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Fig.13: Vistas internas Colégio Montessori

As salas estão dispostas na parte superior da edificação e são divididas a partir dos mobiliários móveis, os corredores de circulação são cobertos

e também utilizados como salas de atividades

educacionais. As colunas são feitas com material metálico e seu formato lembra galhos de árvores, o que retorna o contato com o ambiente natural. O mesmo acontece com a forração com telha aparente e amadeirado. O pátio central na parte inferior é utilizado como área de recreação e Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/922546/colegio-montessori-estudio-transversal. Modificado por: Andressa Gomes, 2019. Fig.14: Vistas internas Colégio Montessori

atividades de educação ambiental, mas também traz conforto térmico. A topografia e as vegetações determinam tamanhos e locais onde serão inseridos os blocos que compõe o projeto escolar. Fig.15: Implantação Colégio

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/922546/colegio-montessori-estudio-transversal. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/922546/colegio-montessoriestudio-transversal. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.


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3. Referências projetuais

3.3. ESCOLA MOPI: Fig.16: Fachada externa Escola MOPI

O prédio escolar é dividido em quatro volumes, o que auxilia na circulação de ventos entre eles. Conectados por rampas e varandas de circulação, utiliza-se de meios níveis para facilitar a circulação de forma acessível, não apresenta escadas. As vistas maiores de cada volume Objetivo: materialidade e formas de fachada, cores e acessibilidade interna.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-1765/escola-mopi-mairenes-maispatalano. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

são voltados para o lado externo do terreno e revestido com vidros

translúcidos que permitem a incidência de luz natural, a noite eles refletem as cores vivas utilizadas no interior

Fig.17: Fachada principal, disposição dos elementos.

das salas educacionais tanto no piso quanto nas LEGENDA: Metal Vidro translúcido azul Vidro translúcido transparente Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-1765/escola-mopi-mairenes-maispatalano. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

paredes. A fachada possui painéis de cobre preso a uma estrutura de madeira laminada de eucalipto, a composição das cores lembra natureza: madeira e água, o que resulta uma composição elegante e leve.


3. Referências projetuais

Fig.18: Vistas internas MOPI

PÁGINA: 22

Os ambientes internos da escola recebem a luz natural que reflete no espaço através da pintura de material polido e de cores vivas no chão e paredes da escola, a ausência de barreiras físicas dá movimento livre dentro da escola a partir das rampas de acesso por todo o percurso entre blocos e pavimentos. Sistema estrutural interno é feito com colunas de concreto com alta resistência que suporta a ausência de algumas alvenarias em locais determinados.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-1765/escola-mopi-mairenes-mais-patalano. Modificado por: Andressa Gomes, 2019. Fig.19: Vistas internas MOPI

As vistas com maior incidência solar apresenta painéis com isolamento térmico e acústico em cor semelhante ao vidro. Fig.20: Escola MOPI

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-1765/escola-mopi-mairenes-mais-patalano. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-1765/escola-mopi-mairenesmais-patalano. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.


PÁGINA: 23

3. Referências projetuais

3.4. ESTUDO AMBIENTES INTERNOS

Objetivo: analisar como se caracteriza o ensino Montessori em Goiânia, os modelos de mobiliários, espaços de lazer e atividade, necessidades de cada ambiente e dimensões. Fig. 21: Ambientes espaçosos.

Fig. 22: Mobiliários à altura das crianças.

As salas de aula contém flexibil idade, ou seja, se adaptam à necessidade da atividade do momento ou do dia (fig. 21), as mesas, cadeiras,

Através de visitas nas escolas

estantes e todos os mobiliários

de Goiânia que aplicam o

da sala se adequam ao tamanho

Método Montessori, percebe-se

da criança (fig. 22).

a grande influência dos mobiliários em decorrência das atividades exercidas em cada

O contato com a natureza está Fonte: Escola Educare Montessori, Goiânia. Instagram: @educaremontessori. Disponível em: https://www. instagram.com/p/Bu4gJhbFCsh/. Acesso em 22/09/2019. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

setor dentro da escola. O método rompe com os

presente no ambiente externo mas também no interno (fig. 23), proporcionando qualidade do ar.

Fig. 23: Contato com a natureza.

Fig. 24: Setor de limpeza.

As atividades de vida prática

padrões de carteiras de estudo

ajusta-se à disposição, altura e

enfileirada, e trabalha formas

capacidade da criança (fig. 24),

diferentes na disposição e

já que é um dos pilares da

modelo dos mobiliários.

e du caçã o de Mo nte sso ri,

Segue estudos de duas escolas visitadas:

Fonte: Casa Escola Montessori, Goiânia. Instagram: @casaescolamontessori. Disponível em: https://www. instagram.com/casaescolamontessori/. Acesso em 22/09/2019. Modificado por: Andressa Gomes, 2019.

ensinar coisas que podem ser praticadas no cotidiano.


PÁGINA: 24

3. Referências projetuais

3.5. QUADRO DE APROVEITAMENTO

OBRA

Escola Waalsdorp

Estúdio Montessori

Escola MOPI

ASPECTO DE APROVEITAMENTO

OBJETIVOS

Material de qualidade quanto ao tempo

Minimizar a manutenção da edificação, materiais do tipo: pedra, cobre, aço corten e outros.

Hiatos, espaços vazados

Criar um diálogo entre os ambientes, além do auxílio na circulação de ventos e luz.

Forma articulada

Circulação de fácil acesso dentro da escola

Pátio central verde

A natureza como ponto central traz educação ambiental e faz purificação do ar.

Material e aspecto estrutural

Fazer alusão à natureza através das formas, cores, texturas e outros.

Cores vivas

Ambiente divertido, estimulador e atrativo.

Programa

Disposição de blocos separados, diferenciando os setores para cada atividade educativa.

Material translúcidos

Fig.: 25. Criança com atividade montessoriana. Fonte: Escola Educare Montessori, Goiânia. Instagram: @educaremontessori. Disponível em:https://www.instagram.com/p/Bu4gJhbFC s. Acesso em 22/09/2019.

Ambientes amplos

Permitir versatilidade nos espaços educativos utilizando mobiliários de fácil alternância.

Mobiliários

Adequar às medidas da criança, visando ergonomia do espaço ao usuário.

Casa Escola e Educare Montessori

Quadro: 3: Aproveitamento das referências projetuais. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.


4. Aspectos relativos à área de intervenção

4.1. CONTEXTO DA CIDADE Goiânia foi projetada para substituir a função de capital do estado, antes ocupado pela Cidade de Goiás, também conhecida como Goiás Velho, que foi fundada em 1727. Nesta época, o estado era comandado pela oligarquia Caiado, que não se preocupou em integrar o estado com o resto do país (DINIZ, 2007). Diante disso, após a Revolução de 1930, Pedro Ludovico Teixeira ocupou o cargo de interventor do estado de Goiás, sendo nomeado pelo presidente do Brasil, na época, Getúlio Vargas, já com a visão de mudança da capital do estado. Essa necessidade surgiu por inúmeros motivos, como realizar integração do estado com o restante do País, um espírito inovador de concepção urbanística moderna, desejo de “centralizar” a capital em relação ao estado e ao país, e outros (DIÁRIO OFICIAL, 1994). A região atual da cidade de Goiânia, antiga Campininha, contava com alguns atrativos que influenciaram diretamente para a decisão de escolha do local para futura inserção da nova capital como: abundância em água, topografia adequada (visto que a Cidade de Goiás apresenta uma topografia natural acidentada), bom clima e ser próximo à estrada de ferro (DIÁRIO OFICIAL, 1994). O projeto da cidade de Goiânia foi realizado pelo arquiteto Attílio Corrêa Lima, depois reformulado e executado pelo engenheiro Armando de Godoy. Sofreu influências de épocas e locais diferentes, que culminou em um polimorfismo no plano urbanístico, como o centro Cívico que remete à cidades medievais, onde Attílio faz alusão ao traçado de Versailles; a reformulação do Setor Sul feito por Godoy como modelo das Cidades Jardins de Ebenezer Howard; e ainda sofreu influência da arquitetura moderna por ter sido planejada na época que o país estava em processo de industrialização (RIBEIRO, 2010).

Fig. 26: Planejamento de Goiânia. Fonte: IBGE, 1942.

PÁGINA: 25


4.2 Local de intervenção

Com o estopim do crescimento imobiliário, entre os anos de 1950 a 1964, foram aprovados cerca de 183 novos loteamentos que não obedeciam as regras do planejamento de Attílio, e consequentemente não houve fiscalização quanto às adequações dos loteamentos, o que ocasionou uma desconfiguração do plano original (RIBEIRO, 2010).

4.2. HISTÓRICO DO BAIRRO As informações sobre o Parque Santa Rita obtidas através da biblioteca da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (SEPLANH), reconhece o bairro como a antiga Fazenda Santa Rita, estando este localizado na região sudoeste da cidade de Goiânia, um bairro

O crescimento imobiliário surgiu em decorrência do crescimento populacional que Goiânia sofreu, uma cidade projetada para um núcleo inicial de 50 mil habitantes (DINIZ, 2007) e que hoje resulta em aproximadamente 1,3 milhões de habitantes segundo dados do censo de 2010 do IBGE, ou seja, aproximadamente 27 vezes maior que o planejamento. Segue abaixo uma linha do tempo mostrando o crescimento populacional da cidade.

relativamente novo, que teve seu projeto realizado pela equipe Grupo Quatro no ano de 1986. Seu projeto urbano se caracteriza como um Conjunto Habitacional de Natureza Social, com base na Lei Municipal n° 5.726 de 1980, onde o principal foco do loteamento é abrigar pessoas, ou seja, um bairro com caráter residencial, dispondo de terrenos para inserção de edificações

Gráfico 3: Evolução da população de Goiânia.

geminadas ou não, comércios e Áreas Públicas Municipais para inserção

1.400.000 1.200.000

de equipamentos de necessidade da população local.

1.000.000

Além do projeto de parcelamento urbano, a gleba também recebeu

800.000 600.000

projetos complementares como o de paisagismo, feito por dois arquitetos.

400.000 200.000 0

PÁGINA: 26

O partido adotado para o parcelamento dos lotes, separou a população em 1930

1940

1950

1960

1964

1970

1980

1991

2000

2010

Fonte: IBGE e Diário Oficial. Elaborado por Andressa, 2019.

Sendo assim, a maioria dos loteamentos periféricos da cidade se formaram por conta própria, não seguindo o padrão planejado, o que aconteceu na maioria dos bairros da região Sudoeste de Goiânia.

agrupamentos diferentes, mas trabalhou com variações para romper com a homogeneidade das quadras.


4.2 Local de intervenção

PÁGINA: 27

indica algumas escolas encontradas na região, porém, não comportam a O bairro encontra-se adequado à quantidade de áreas destinadas à Áreas

quantidade de crianças que residem ali.

Públicas Municipais, todavia, a maioria dessas áreas ainda encontram-se vazias,

Os moradores entrevistados julgam ser um bairro bem periférico, e

ou seja, sem nenhuma edificação pública para suprir as necessidades da

que não atrai as pessoas que moram mais distantes, mas pautaram alguns

população local.

locais que trouxeram um crescimento e evolução para a região, seja por

Foram realizadas entrevistas com três moradores do bairro: Dona Nilva

abertura de novas vias, seja por destaque comercial ou lazer; tais como: o

Fernandes, Mariana Batista e Guilherme Borges, entre os dias 9 e 12 de setembro,

Bairro e Shopping Eldorado, o crescimento dos condomínios do bairro

para melhor compreensão do histórico e carências do bairro.

Moinho dos Ventos e a concepção do Parque Macambira Anicuns, ambos

Através da análise in loco da área de intervenção e com os moradores da região, verificou-se carência e/ou insuficiência de serviços públicos que deveriam ter no bairro, assim aconteceu com a questão da educação. A figura 27

trazem movimento à região sudoeste da cidade de Goiânia. Outros equipamentos locais que atendem a população local são: o Centro de Saúde da Família (CSF-Santa Rita) e a quadra poliesportiva.

Fig. 27: Vista aérea região sudoeste de Goiânia. Fonte: Google Earth, editado por Andressa Gomes, 2019.

CSF- Santa Rita Quadra Poliesportiva CMEI e EM

Bairro Moinho dos Ventos

Bairro Eldorado

EM- Escola Municipal

Área de intervenção

Parque Macambira


PÁGINA: 28

4.2 Local de intervenção

JARDIM ARITANA

Os bairros vizinhos ao Parque Santa Rita estão destacados na figura 28,

GLEBA

PARQUE SANTA RITA

VILA RIZZO

VILAGE SANTA RITA

são eles: Vila Rizzo, Jardim Aritana, Village Santa Rita, Chácara Vilage Santa Rita,

CHÁCARA VILAGE SANTA RITA

Residencial Village Santa Rita IV, Jardim Eli Forte, Residencial Solar Bougainville,

RESID. VILLAGE SANTA RITA IV

Residencial Katia, Residencial Rio Verde, Loteamento Alphaville Residencial e

JARDIM ELI FORTE

uma gleba ainda não parcelada. A região começou a crescer e ser urbanizada a partir de 1980, o que

LOT. ALPHAVILLE RESIDENCIAL

RESID. SOLAR BOUGAINVILLE

demonstra ser um setor relativamente novo. Tanto o bairro de estudo quando os seus vizinhos tem uso predominante residencial, tanto que alguns deles contam RESIDENCIAL KÁTIA

com áreas destinadas à condomínios residenciais, ainda assim há presença de comércios nas avenidas principais. Quanto ao traçado da malha urbana, encontra-se nos bairros Residencial Rio Verde, Loteamento Alphaville, Resid. Village Santa Rita, Jardim Eli Forte e parte do Parque Santa Rita, um traçado de forma ortogonal regular. A Vila Rizzo diferencia dos demais com um traçado não ortogonal e com vias que se

700

0 350

RESID. RIO VERDE

LEGENDA: Parque Santa Rita

1050

Fig. 28: Mapa de Bairros vizinhos. Fonte: Prefeitura de Goiânia. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.

Bairros vizinhos

encontram em um ponto. O Resid. Katia também foi parcelado de forma diferente, um traçado radial, onde as quadras vão ‘‘contornando’’ umas às outras. Os demais bairros e outra parte do Parque Santa Rita, predominam o traçado ortogonal não regular, onde as quadras tem medidas diferentes e são distribuídas de forma intercalada, o que influencia diretamente no fluxo e velocidade dos veículos que transitam no local.

1. não ortogonal

2. ortogonal não regular

3. ortogonal regular

4. radial

Fig. 29: Estilos de malhas urbanas dos bairros. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.


PÁGINA: 29

4.2 Local de intervenção

Os moradores relataram através de entrevistas, que o projeto inicial do bairro destinava algumas áreas para construções de casas geminadas, visando o maior aproveitamento do terreno para abrigar mais pessoas. As quadras mais adensadas apresentam esse tipo de construção que ocupa grande parte do terreno com edificações. O contraste entre a região 1, demarcada no mapa, e as outras quadras, ocorre por uma ocupação irregular próximo ao córrego e Área de Preservação Permanente (APP). Essa região ainda se encontra sem asfalto. Apesar disso, existem muitos terrenos a serem parcelados e futuramente receber construções, assim como algumas Áreas Públicas Municipais (APM) encontradas no bairro sem função atual.

Fig.30: Casas geminadas.

Fig.31: Área de posse.

0

OBS: Todas as imagens são acervo próprio.

200

300 100 Fig.32: Mapa adensamento. Fonte: Prefeitura de Goiânia. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

LEGENDA: Edificações Vazio Área de intervenção


PÁGINA: 30

4.2 Local de intervenção

A região de estudo tem um caráter propício a uso residencial, sendo que grande parte das edificações desse uso são construções de casas geminadas, como foi planejado no projeto do bairro. Nas avenidas encontram-se construções de punho religioso, misto e principalmente comercial. Há também duas escolas, uma pública pequena de ensino infantil, e uma escola de inglês infantil, ambas recebem crianças de vários outros bairros próximos.

Fig.33: Avenida predominante comércio.

Fig.34: Religioso.

Fig.35: Escola pública infantil.

0

OBS: Todas as imagens são acervo próprio.

200

300 100 Fig.36: Mapa de uso do solo. Fonte: Prefeitura de Goiânia. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

LEGENDA: Residencial Comercial Misto

Área de intervenção Educacional Religioso Construção


PÁGINA: 31

4.2 Local de intervenção

O Parque Santa Rita está classificado no Plano Diretor de Goiânia, como área de adensamento básico, que são regiões de baixa densidade mas que exercem funções sociais básicas de regiões adensadas, todavia, segue um controle de densidade, podendo duplicar o atual padrão de edificações encontrado em conformidade com a legislação (SEPLANH, 2017). Sendo assim, a altura máxima permitida para edificações nesta região são de até 9 metros. Mas atualmente só encontra edificações térreas e sobrados, e algumas em ainda em construção.

Fig.37: Edificações modelo sobrado.

Fig.38: Edificações em construção.

Fig.39: Edificações térreas simples.

0

OBS: Todas as imagens são acervo próprio.

200

300 100 Fig.40: Mapa de uso do solo. Fonte: Prefeitura de Goiânia. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

LEGENDA: Área de intervenção Térreo Sobrado


PÁGINA: 32

4.2 Local de intervenção

O sistema viário encontrado na região é classificado em: vias coletoras e vias locais. De acordo com o Plano Diretor de Goiânia (2007, p.12) ‘‘vias Coletoras recebem o tráfego das vias locais e o direciona para as vias de categoria superior, e vias Locais são as que promovem a distribuição do tráfego local e propiciam o acesso imediato aos lotes’’. As linhas de ônibus próximas são: 574 - Terminal Bandeiras/ Forteville e 706 - Terminal Parque Oeste/ Terminal Garavelo; ambos fazem ligação à bairros ainda da região sudoeste de Goiânia. O terreno do projeto, atualmente, interrompe a continuação da rua Sb1 que seria uma via de mão dupla, isso será alterado no projeto. Fig.41: Avenida Seringueiras.

Fig.42: Ponto de ônibus.

Fig.43: Avenida Americano do Brasil. 0

OBS: Todas as imagens são acervo próprio.

200

300 100 Fig.44: Mapa de sistema viário. Fonte: Prefeitura de Goiânia. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

LEGENDA: Área de intervenção Via coletora Via local

Pontos de ônibus Áreas verdes


PÁGINA: 33

4.2 Local de intervenção

Através do levantamento quanto a infraestrutura e mobiliários urbanos, concluiu-se que a região recebe pontos de iluminação pública quase que de forma homogênea, com exceção das quadras mais ao sul do bairro onde há poucas edificações e pouca iluminação. A região marcada em azul, refere-se à área de posse, onde não há nenhuma forma de iluminação pública e consequentemente não há rede de energia para uso privado, sendo assim, os moradores que apropriaram desta área, fazem ligação na rede elétrica de forma clandestina, os famosos ‘‘gatos’’. Essa região também não contém asfalto. As demais vias recebem asfalto em todo o percurso, ainda assim, as avenidas Americano do Brasil, e Eli Alves Forte, marcada no mapa na cor verde, atualmente revela um asfalto desgastado, com remendas e buracos. O Parque Santa Rita, assim como os bairros do entorno, não recebem tratamento de esgoto, somente abastecimento de água. Também não foi encontrado nenhuma placa de sinalização de trânsito como velocidade, sentido, endereço e outros; apresenta apenas duas faixas de pedestres, uma em frente o Centro de Saúde Familiar, e uma em frente a Escola.

0

200

300 100 Fig.45: Mapa de uso do solo. Fonte: Prefeitura de Goiânia. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

LEGENDA: Área de intervenção Poste iluminação Lixeiras

Asfalto desgastado Área de Posse


PÁGINA: 34

4.2 Local de intervenção

A região de estudo apresenta uma massa verde em volta do Córrego Capão Comprido. Esta é uma Área de Preservação Permanente (APP) e logo após temos edificações construídas na região denominada pelas informações da Prefeitura de Goiânia como Unidade de Conservação. A avenida Americano do Brasil é a que possui uma maior declividade por ‘‘cortar’’ essa APP e passar sob o córrego. As avenidas possuem ilhas centrais com vegetação, árvores de médio e grande porte, porém não fazem sombra necessária ao passeio dos pedestres (calçadas). As áreas destinadas às praças, e as praças construídas, possuem árvores com copas rarefeitas, ou seja, não causam um sombreamento tão atrativo à população para usufruir no período diurno.

0

200

300 100 Fig.46: Mapa de uso do solo. Fonte: Prefeitura de Goiânia. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

LEGENDA: Área de intervenção Árvores

Áreas verdes Curvas de níveis


PÁGINA: 35

4.2 Local de intervenção

O terreno escolhido para o projeto está

Fig. 48: Mapa de localização da área de intervenção.

cercado pelas vias: Av. Americano do Brasil, Av. Seringueira, rua Rita Caetano e rua Rv10, e conta

Av Seringueiras Av Seringueiras

com um conjunto de seis lotes, sendo quatro deles de propriedade privada, e os outros dois Áreas Públicas Municipais (APM). 1 particular 1.000m² 2 particular 1.000m² 3 particular 9.673m²

4 APM 2.500m² 5 3.299m² APM 6 particular 8.802m²

Fig. 47: Quadro relações dos lotes. Fonte: Mapa digital fácil, prefeitura de Goiânia. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.

O desnível da região é sentido ao córrego, onde o caimento do terreno sai de sul à norte. Em

rua Rita Caetano

um percurso de aproximadamente 250 metros de distância temos um desnível de 5 metros de altura,

Fonte: Prefeitura de Goiânia e Google Earth. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.

o que resulta em uma inclinação aproximada de 2 a

Curvas de níveis 1m

2,5% em todo o terreno.

Curvas de níveis 0,2m

Fig. 49: Corte AA da área. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.

Área de intervenção x Relação dos lotes

Asfalto Áreas verdes

30

0

Árvores Postes

15

45

Fig. 50: Corte BB da área. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.


PÁGINA: 36

4.2 Local de intervenção

A cidade de Goiânia apresenta clima tropical com temperatura média de 25°C, de acordo com os estudos climáticos apresentados pelo Climate. A figura 57 apresenta um estudo quanto ao sombreamento que as edificações causam no terreno de intervenção a partir do percurso do sol. Para tais fins, foi Fig. 51: Área de intervenção.

Fig. 52: Edificações rua RV10.

observado a sombra dos edifícios sobre o terreno ás 07 horas da manhã e ás 17 horas da tarde, nos meses de janeiro, julho e outubro. Como as edificações do bairro não ultrapassam o limite de 9 metros de altura, o terreno recebe bastante insolação, a sombra maior acontece na região sudeste. Fig. 57: Estudo de sombras e ventos

Fig. 53: Edificações Av Seringueiras.

Fig. 54: Área de intervenção.

Ventos Dominantes

Fig. 55: Rotatória Av Seringueiras.

Fig. 56: Av. Americano do Brasil.

Fonte: Todas as imagens dessa prancha são de acervo próprio. Agosto, 2019.

Fonte: Climatempo. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.


4.2 Local de intervenção

PÁGINA: 37

para altura das edificações até a laje de cobertura. Quanto ao seu uso educacional e comunitário, colhe informações Assegurado ao Plano Diretor de Goiânia (2007) como princípio norteador do projeto, obtêm-se no Capítulo V

da Estratégia de Desenvolvimento

Sóciocultural da cidade de Goiânia o artigo 46. (p.21): ‘‘A distribuição de equipamentos e serviços sociais deve respeitar as necessidades regionais e as prioridades definidas nos planos setoriais a partir da demanda, privilegiando as áreas de urbanização prioritária, com atenção para as Áreas Especiais de Interesse Social.’’

Diante disso, iniciou estudos sobre a área de intervenção, quanto a sua

do Ministério da Educação (MEC) através do documento: Parâmetros Básicos de Infra-estrutura para Instituições de Educação Infantil, publicado no ano de 2006 e Lei n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996, Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Além das documentações especificadas acima, o projeto se fundamenta em outras leis e normas básicas para qualquer projeto de arquitetura bem como construção de edifícios ou projetos urbanos como:

classificação quantitativa e qualitativa para a inserção do equipamento de

Plano Diretor de Goiânia;

educação. Sendo que a área escolhida trata-se de um conjunto de seis terrenos

Código de Obras e Edificações;

distintos, os quais dois são de uso público e os outros quatro de uso privado, será

NR 23 - Proteção Contra Incêndios;

necessário a solicitação de Desapropriação por utilidade pública de acordo com o

NBR 9050 - Norma de Acessibilidade Gratuita;

Decreto de Lei nº 3.365 de 21 de junho de 1941 que relata no artigo 2°: ‘‘Mediante declaração de utilidade pública, todos os bens poderão ser desapropriados pela União, pelos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios’’. Em seguida, deve-se realizar a fusão dos lotes para que sejam identificados como um terreno só, o processo recebe o nome de remembramento conferido na Lei nº. 4.526, de 20 de janeiro 1.972. Quanto à classificação do bairro como Área de Adensamento Básico, extrai da Lei Complementar nº 171, de 29 de maio de 2007, um limite de 9 metros


5. Aspectos relativos à proposta

PÁGINA: 38

Quando se trabalha com crianças não existe uma separação entre

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO ALVO Em Goiânia, a carência na educação tem aumentando para a faixa etária dos CMEI's (Centro Municipal de Educação Infantil), que é caracterizado por crianças de zero a seis anos. Em uma entrevista recente à TV Anhanguera, publicada dia 01 de outubro de 2019, o Secretário de Educação, Marcelo Costa, relatou que o déficit atual para CMEI é de aproximadamente 5 mil crianças, que estão cadastradas nas filas de espera. Decorrente a isso, o projeto visa diminuir este déficit, acolhendo crianças de 0 a 6 anos para Educação Infantil, e ainda expandindo para Escola Municipal, recebendo também crianças de 7 a 11 anos. Ou seja, a escola vai trabalhar com os

qual é o público-alvo, pois não há distinção nem diferenças quanto a elas, todas são crianças e estão em fase de desenvolvimento, amadurecimento e aprimoramento naquilo que ela já se destaca saber ou demonstra um interesse maior. Sendo assim, as diversidades quanto à classe social, gênero, natureza, etnia, família, estilo de vida e outras situações, não desfavorecem na desenvoltura e perspicácia de uma criança; muito pelo contrário, a junção de todas essas crianças com costumes diferentes, é o que propicia uma qualidade no processo de aprendizagem. 5.2 DEFINIÇÃO DO PROGRAMA

maiores picos de desenvolvimento das crianças, oferecendo Educação Infantil e Ensino Fundamental I. Além da disponibilização de novas vagas de emprego para

obrigatória pública é dividida entre duas etapas: Educação Infantil (de 0 a 6

a população, principalmente da região.

anos de idade) e Ensino Fundamental (entre 6 a 14 anos). Ainda assim, o

Gráfico 4: Desenvolvimento neural da primeira infância.

0

3

meses anos 6 9 1 2

Conforme o Ministério da Educação (MEC, 2013) a educação

Ensino Fundamental se divide entre: Fundamental I, que aborda do 1º ao 5º Linguagem

ano e geralmente com apenas um professor por turma; e o Fundamental II,

Percepção

que aborda do 6º ao 9º ano e geralmente com um professor para cada

Sentidos

disciplina cursada. Sendo Maria Montessori defensora da disposição de salas de aula

4

6

8

10

12

14

16

Fonte: educador360, gestão neurociência. Elaborado por Andressa Gomes, 2019.

separadas por agrupamentos, a relação entre turmas como: Berçário, Jardim, primeiro ano, segundo ano e por conseguinte, não tem tanta


5.2 Definição do programa

PÁGINA: 39

relevância no projeto, já que será composto por agrupamentos. O MEC (2006,

e ensina os alunos, mas os alunos em conjunto com a equipe docente

p.13) relata que:

formam projetos de estudos e os realiza aprendendo todos juntos (Escola a creche ou a pré-escola encontram-se inseridas num contexto sócio-histórico-cultural, que inclui a sociedade e toda sua ampla diversidade cultural, social e física. Assim, o edifício deve ser concebido para congregar as diferenças como forma de enriquecimento educacional e humano, além de respeito à diversidade.

No método, geralmente as turmas são divididas em agrupamento trienal (a cada três anos), mas ainda assim não existe um tempo fixo definido ao qual a criança é submetida a avançar de turma. Tudo depende do seu desenvolvimento e necessidade de ampliar os conhecimentos, espaços e pessoas no seu cotidiano. Este método de salas de aulas agrupadas garante uma educação não excludente, democrata e justa, aumentando a aceitação das diferenças entre as pessoas e sustentando um dos pilares da educação Montessoriana, o respeito mútuo e liberdade de expressão, assim intitulada por Montessori (1965, p.42): o método de observação há de fundamentar-se sobre uma só base: a liberdade de expressão que permite às crianças revelarnos suas qualidades e necessidades, que permaneceriam ocultas ou recalcadas num ambiente infenso à atividade espontânea.

A Escola da Ponte, em Portugal, adota uma pedagogia bastante similar desde o ano de 1976. O diretor da escola, José Pacheco, relata que neste mesmo

da Ponte). Em uma entrevista à Revista Nova Escola (2004), José Pacheco diz que: ‘‘lá não há séries, ciclos, turmas, anos, manuais, testes e aulas. Os alunos se agrupam de acordo com os interesses comuns para desenvolver projetos de pesquisa’’. O projeto tem dado tão certo que já tem influenciado ONG’s e outras escolas. Dessa maneira, confirma o método de Montessori, que agrupamentos com idades diferentes traz um desenvolvimento diversificado e fértil para crianças. Visando atender às necessidades dos moradores da região, o programa abrange um Centro de Educação Infantil e uma Escola Municipal, oferecendo aulas para formação pedagógica, sendo que partes desses ambientes, serão de uso comum da comunidade para atividades extraclasse, além de estar inserida em uma praça pública com equipamentos de lazer, entretenimento e descanso. A praça, bem como os ambientes extraclasse, serão detalhados posteriormente. Fig.: 58. Infográfico atividades do programa.

ano haviam 90 crianças e três professores na instituição, sendo assim, decidiram reunir todos eles para discutir temas do interesse das crianças. Assim perceberam que o ensino na escola não se dá apenas do educador que aprende, cria conteúdo

Fonte: Andressa Gomes, 2019.


5.2.1 Quadro síntese

Quadro 4: Quadro síntese parque. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

Quadro 5: Quadro síntese administrativo. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

PÁGINA: 40


5.2.1 Quadro síntese

PÁGINA: 41


5.2.1 Quadro síntese

Quadro 6: Quadro síntese educacional. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

PÁGINA: 42


5.2.2 Descrição dos ambientes

Quadro 7: Quadro síntese serviço. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

Quadro 8: Quadro síntese comunitário. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

PÁGINA: 43


5.2.2 Descrição dos ambientes

Quadro 9: Quadro descrições dos ambientes. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.

PÁGINA: 44


5.3.1 Interpretações e apropriações iniciais da área

PÁGINA: 45


5.3 Conceituação e partido arquitetônico

PÁGINA: 46

Em conformidade ao conceito da metamorfose da borboleta

5.3 CONCEITUAÇÃO E PARTIDO ARQUITETÔNICO

abordado no projeto, apresenta-se o partido, onde será implementando as O método montessoriano visa conhecimentos interiores, próprios e

seguintes diretrizes para o melhor cumprimento da ideia:

manuais que refletem diretamente no seu exterior, bem semelhante ao processo da borboleta: antes uma lagarta limitada ao meio terrestre, que demorava a se deslocar entre um lugar e outro, que por vezes desejou ser diferente, ser melhor e conhecer outras áreas do mundo; até que em um certo momento da vida, ela se

caminhos e acessos livres entre os agrupamentos, áreas verdes e lúdicas; salas de aula flexíveis sem um padrão único, modular e repetitivo;

encontra em um casulo, e sozinha vai crescendo, evoluindo, se conhecendo e

utilização de cores, materiais e formas distintas para estimular a

descobrindo que era muito mais do que apenas uma lagarta, era apenas o seu

criatividade e a curiosidade;

processo de desenvolvimento. Torna-se então uma borboleta, livre do seu casulo,

espaços “vazios” e livres de barreiras físicas muito grande;

livre para escolher entre a terra e o ar, e pronta para novas aventuras, novas descobertas e novos rumos. A borboleta é considerada um símbolo de transformação, a metamorfose, um ícone exemplar de que mesmo pequeno você consegue ser grande, a sua evolução depende de você e do meio em que você habita. Sendo assim, o conceito para o projeto provém da borboleta, bem como sua trajetória de vida, suas cores alegres, seu simbolismo de constante transformação e suas asas que a faz alcançar muito mais alto do que imaginava quando ainda era uma lagarta. Fig.: 59. Metamorfose da borboleta ovos

rompimento lagarta

Elaborado: Andressa Gomes, 2019.

crisálida

borboleta (fase adulta)

ambientes simples e informal, aconchegante e semelhante à um lar; conectar o setor público, praça e educação. Quadro 10: Partido do projeto. Elaborado por: Andressa Gomes, 2019.


PÁGINA: 47

5.4 Apropriações iniciais da área

5.4 APROPRIAÇÕES INICIAIS DA ÁREA Fig.: 60. Estudos de acessos.

Fig.: 61. Estudos de acessos.

110

0 55

Área de intervenção

110

0

m 165

Sentido rua SB1

Fig.: 62. Estudos de acessos.

55

Área de intervenção Acessos por retornos

Vias coletoras Ponto de ônibus

110

0

m 165

55

Área de intervenção Trajeto Nordeste

m 165

Trajeto Noroeste Trajeto Sudoeste

A primeira modificação quanto aos

A via que evidencia melhor desempenho

Através dos estudos de possíveis trajetos

acessos na área de intervenção é a continuação da

para ser o acesso principal da escola é a rua RV10,

para acessar a área de intervenção, foi escolhido a

rua SB1. No momento, ela é via de mão dupla,

sendo uma via local (com baixa aceleração) e

rua Rv10 como acesso principal à escola. Para isso

mas com pista de rolamento única na região

com melhor acesso, visto os dois retornos nas

será implantada uma baia de acesso para melhor

tangente ao terreno. Após o terreno, a via faz uma

ilhas centrais da Av. Seringueiras e rua SB1. Outro

funcionalidade da região. Bem como, foi escolhido

bifurcação e torna-se duas pistas separadas por

motivo é a proximidade com o ponto de ônibus da

uma outra área para acesso ao edifício com

ilha central (sentido nordeste a sudoeste). A figura

avenida Seringueiras.

ambientes para comunidade, para que não choque

60 já apresenta a rua como pista dupla.

os horários e quantidades de veículos em apenas uma rua de acesso.


PÁGINA: 48

5.4 Apropriações iniciais da área

5.4 APROPRIAÇÕES INICIAIS DA ÁREA A malha para circulação de pedestres foi

Fig.: 64. Estudos de acessos.

Fig.: 63. Estudos de acessos.

interligada a partir dos pontos principais e secundários de acesso de pedestres. Usando uma forma orgânica, esses acessos se encontram e abrem possibilidades a novas áreas e caminhos. A quantidade de caminhos ainda será repensada durante a setorização dos ambientes 110

0 55

Área de intervenção Acessos secundários

0

m 165

Acessos principais

110 55

Área de intervenção Inserir faixa de pedestre

m 165

Circulação pedestre

O mapa da figura 63 apresenta acessos

das pessoas. Por isso foi projetado para essa

primários e secundários de pedestres, visto que,

região, e para o acesso principal da escola na rua

os primários estão presentes nas vias menos

RV10, uma faixa de pedestres.

aceleradas, o que facilita a locomoção do pedestre.

As regiões com acesso secundário são assim caracterizadas por apresentar vias de fluxo

Assim como o acesso central da Av

mais intenso e ter alguma barreira que dificulte a

Seringueiras através da ilha central, pois existe

circulação do pedestre como: ilhas sem rampas,

hoje, uma rampa na própria ilha para a travessia

rotatórias e outros.

de acordo com a área de cada setor e de cada edifício, porém o seguimento de encontro e as formas do traçado, baseará neste estudo apresentado na figura 64. A praça englobará todo o projeto educacional e de apoio, fazendo uma conexão dos setores, e dando mais um espaço público de lazer para a comunidade, ela utilizando também dessas diretrizes ortogonais em seu traçado.


PÁGINA: 49

5.4 Apropriações inicias da área

5.4 APROPRIAÇÕES INICIAIS DA ÁREA muitas árvores e sombras, será

Fig.: 66. Estudos de setorização.

Fig.: 65. Sobreposição de estudos.

usada para ambiente de piquenique. O edifício da escola foi inserido mais próximo da rua SB para conectar com a região destinada ao uso da comunidade, já que sua entrada principal foi definida pelo melhor acesso de 110

0 55

160

0

m 165

80

Área de intervenção

Fluxos

Área de intervenção

Setor administrativo

Circulação pedestre

Acessos

Setor Educacional

Setor comunitário

m 240

Setor Serviço Setor praça

pedestres e veículos sendo a rua SB10, e da escola com a rua RV10 . A estruturação dos setores

Sobrepondo as leituras dos acessos de

A setorização dos ambientes foi estabelecida a partir do

no terreno (figura 66) pré dispõe os

pessoas e veículos com a proposta e definição dos

trânsito e fluxos de pessoas em cada via, bem como estudos

ambientes nos possíveis locais

caminhos da praça, temos a área destinada à

quanto à insolação predominante em cada fachada do terreno.

onde serão implantados.

edificação, a massa do edifício escolar e

Como a região das vias Av Americano do Brasil e Av

A praça que abraça os

extraclasse para a comunidade, assim como as

Seringueiras são as que recebem maior índice de insolação, a

edifícios educacionais, além de

áreas de circulação e áreas permeáveis.

proposta é que a maior área da praça se estenda por essa região,

trazer maior uso para comunidade

Após a sobreposição há uma leitura clara

onde serão locadas várias árvores de copa densa e frutíferas, para

quanto à lazer e entretenimento,

para definição do processo de setorização que

promover sombra e melhor qualidade quanto ao conforto térmico

também resulta em uma maior

inicia após escolher os acessos principais.

nos edifícios educacionais. Essa região noroeste da praça com

visibilidade ao equipamento.


PÁGINA: 50

5.4 Apropriações inicias da área

O fluxograma é um diagrama que representa os acessos e

Estacionamento carga e descarga

fluxos entre os ambientes, o percurso entre um ambiente ao outro de

Estacionamento veículo

uma maneira simples e em forma de organograma.

Estacionamento bicicletário Despensa

Estacionamento

Cozinha

Refeitório

Playground Lavatório

Pet place

DML

Academia

Sanitário feminino

Área piquenique

Sanitário masculino

Espaços de leitura

Vestiário

Biblioteca

Teatro de arena

Ateliê de artes 1 Ateliê de artes 2

Secretaria Coordenação Diretoria Sanitário Sala professores Sanitário

Laboratório de ciências Sanitário Arquivo

Laboratório informática Sanitário feminino Sanitário masculino Sanitário PCD unissex Setor esportivo da escola (quadras e piscina) Setor artístico da escola (teatro, salão de eventos)


PÁGINA: 51

5.4 Apropriações inicias da área

Sanitário 1 Agrupamento 1 Sanitário 1 Agrupamento 1 Pátio 1

Cozinha experimental Lavatório Escovatório

Refeitório 1 Ateliê 1 Sala de música 1

Agrupamento 2 Sanitário 2 Agrupamento 2

Laboratório de ciências Fazendinha 1

Sanitário 5 Agrupamento 5

Sanitário 6 Agrupamento 6

Sanitário 5 Agrupamento 5

Sanitário 2

Sanitário 6 Agrupamento 6

Sanitário 5 Agrupamento 5

Agrupamento 2 Sanitário 2

Sanitário 6 Agrupamento 6

Sanitário 5 Agrupamento 5

Cozinha experimental

Sanitário 6 Agrupamento 6

Sanitário 5 Agrupamento 5

Escovatório

Sanitário 6 Agrupamento 6

Sanitário 5 Agrupamento 5

Sanitário 2 Agrupamento 2

Pátio 2

Lavatório Refeitório 2 Ateliê 2

Sanitário feminino

Sala de música 2

Sanitário masculino

Laboratório de informática

Salão de eventos Teatro Biblioteca Parque

Quadra poliesportiva 1 Quadra poliesportiva 2 Quadra de areia Piscina menor Piscina maior

Fazendinha 2


5.4 Apropriações inicias da área

PÁGINA: 52

Para melhor circulação e concretização do programa completo, foi feito ainda a extração de Fig.: 67. Processo.

O processo formal do edifício surge a

pequenos blocos percorrendo o edifício de forma

partir do conceito da metamorfose. Para isso,

escalonada, para melhor inserção dos setores, bem

inicia-se o estudo da forma da borboleta, sendo

como garantir aberturas das janelas dos ambientes.

estruturada por quatro arcos, que são as duas

A primeira finalização do volume foi esta, com

asas da borboleta, onde cada asa é subdivida em

os recortes nos arcos para inserção dos pátios centrais.

dois arcos, um menor e um maior.

Depois das análises bioclimáticas, foi necessário

Foi feito o recorte transversal e

espelhar o edifício por causa das questões de

longitudinal para extrair dois desses arcos,

insolação, visto que alguns ambientes como a

sendo eles conectados no sentido diagonal.

biblioteca que tem a fachada em vidro e aço, estava ao

Após a separação dos arcos que

sentido nordeste e foi alterada para sentido sudeste

norteará o volume final do edifício, inicia-se a

onde há pouca irradiação do sol.

desconstrução do bloco, setorizando os

A proposta final da forma se baseia neste

ambientes tangente ao arco maior, e a circulação

volume, o pátio 1 ficou mais “fechado” pela segurança

do edifício pelo arco menor.

e qualidade de vida das crianças menores ainda há

A seguir, o recorte desses arcos para circulação de ventos, iluminação natural e utilização do conceito de pátio central na escola, Elaborado: Andressa Gomes, 2019.

onde o pátio é semi aberto.

presença de vegetação, iluminação natural e circulação Elaborado: Andressa Gomes, 2019.

de ventos, só que de forma reduzida. O pátio 2 ficou mais aberto, o fechamento deste pátio e da escola em si será com um painel vazado com materiais de polietileno translúcido e opaco e aço.


PÁGINA: 53

5.4 Apropriações inicias da área

A setorização dos ambientes foi distribuída de uma forma que não

Para obter a forma curva da escola, será utilizado como material

ficasse separado uma ala para cada atividade, mas que em todo o percurso do

principal o concreto pré fabricado na parte externa e moldado in loco no

edifício, pudesse encontrar usos diferentes, produzindo assim um edifício

interior, formando paredes tipo sanduíche que possibilite a passagem de

heterogêneo.

tubulações e fiações. Fig.: 70: Concreto moldado in loco.

Fig.: 68: Setorização edifício

N a s p a re d e s re t a s se r ã o utilizadas o tijolo comum com furos. Forração com gesso em todos os

LEGENDA:

ambientes.

Setor comunitário

Fechamento da cobertura com

Setor serviço Setor educacional

Fonte: Archdaily, 30 de maio de 2020.

telha Kalheta 49, que possibilita grandes

Fig.: 71: Telha fibrocimento kalheta.

vãos livres, ela é indicada para coberturas de galpões, clubes, escolas,

Elaborado por Andressa Gomes, 2020.

estacionamentos e residências, o que permite grande facilidade de montagem

Fig.: 69: Circulação

e alta durabilidade. LEGENDA: Acesso comunitário Acesso serviço

Fonte: Brasilit, 30 de maio de 2020. Fig.: 72: Estrutura metálica.

Estrutura do telhado em madeira tratada e envernizada. Os pilares serão em material

Acesso educacional

metálico, tratado e revestido em pintura Elaborado por Andressa Gomes, 2020.

que assemelha madeira. Fonte: Galeria da arquitetura, 30 de maio de 2020.


5.5 Memorial

PÁGINA: 54

maior circulação entre os ambientes do prédio, garantindo versatilidade na caminhabilidade entre os ambientes de forma fluida e ampla, sem passar por Sendo o foco do projeto proporcionar espaços de qualidade ao público infantil, a primeira questão definida foi a localização. A escolha do

longos e estreitos corredores entre salas de aula, também por fornecer espaços de convivência, lazer e atividades fora da sala.

local tem como justificativa principal a necessidade de um equipamento

Os dois pátios centrais determinam a organização dos demais ambientes

escolar para Educação Infantil que atenda a população local, promovendo

do edifício, visto que as salas de aula procuram ter uma vista clara e direta a ele.

educação, socialização e atividades culturais às crianças, partindo do ponto de

Eles são considerados como pontos focais da escola, já que podem ser vistos

vista que um ambiente harmônico, adequado e competente, cumpre seu papel

também por quem está fora do edifício, através dos elementos vazados de brises e

na eficiência de uma sala de aula aliado a qualidade de vida e desejo de

portões de acesso.

vivenciar o espaço contemplado.

As salas de aula são ambientes acessíveis, transitáveis, amplos e

Levando em consideração o texto de Rubem Alves, apresentado no

adaptáveis. Foram definidos por grandes vãos separados por algumas paredes

resumo do caderno, sobre as escolas gaiolas e as escolas asas, o projeto

médias, com altura de 1,30m e comprimento variando entre 1,5m a 2,5m. Essas

educacional conta com uma pedagogia alternativa ainda pouco incrementada

paredes não tem função estrutural nem tampouco limitação entre salas 1, 2 e 3;

nas instituições de ensino público na cidade de Goiânia. Porém já encontram-

mas servem como apoio para prateleiras e exposições de atividades. O que vai

se em instituições privadas, e cada vez mais, tem sido utilizada como forma de

delimitar o ambiente em si da sala de aula são seus mobiliários (todos móveis,

educação familiar entre pais e filhos, trata-se da Pedagogia Montessoriana.

com capacidade de alternar o layout da sala quando for necessário) e os materiais,

Como já apresentado anteriormente, a pedagogia Montessori através de seus ideais, se desenvolve a partir da liberdade e respeito entre o educador e o educando, onde o educando possui autonomia dentro do ambiente escolar.

instrumentos, e objetos de cada área da educação. O local das salas e demais ambientes foi definido a partir da faixa etária e facilidade de acesso aos que irão utilizar do ambiente. Por exemplo:

Dessa maneira, iniciou-se estudos quanto a forma do edifício escolar. O

- As salas de agrupamento 1, faixa etária de 1 a 3 anos, não tem visão para

primeiro argumento é quanto aos pátios centrais, que favorecem uma melhor e

o pátio, pois são ainda muito pequenos e dispersam com facilidade. Contam com


5.3.3 Setorização

PÁGINA: 55

banheiro próprio e adaptado às necessidades dos usuários como chuveiro,

conta com iluminação natural através dos janelões altos e circulação de ventos e

banheira, e os outros equipamentos a altura das crianças menores. Por não ter

luz também pelos corredores de acesso entre pátio 2, salas dos agrupamentos e

visibilidade direta com o pátio e área verde, conta com visão para o jardim de

quadra de esportes. Ao lado da quadra, encontra-se espaços de descanso com

inverno.

bancos e bebedouros, bem como salas de guarda de materiais esportivos e - As salas de agrupamento 2, faixa etária 3 a 6 anos, já conta com visão

sanitários feminino, masculino e PCD com vestiários.

para o pátio 1 que é semi aberto. São salas que limitam de uma forma mais

Os setores de menor uso escolar e maior uso comunitário e eventos

objetiva cada sala, pensando também na concentração das crianças, mas

esporádicos da escola, foram inseridos mais próximo ao portão de acesso

ainda existe modulação no layout e fácil mobilidade entre as salas.

secundário da escola (o acesso primário é a entrada de alunos, professores e

- As salas de agrupamento 3 e 4, faixa etária de 6 a 9 anos e 9 a 11 anos respectivamente, foram localizadas com visão para o pátio 2 que é maior e

pais). São esses ambientes: o teatro com coxia, palco e camarins, e o espaço para piscina.

mais aberto (em relação a sua cobertura), foram “divididas” através das

A cozinha e refeitório localizam-se na conexão entre os dois arcos do

paredes baixas e modulação dos mobiliários, apresenta iluminação natural

edifício, proporcionando uma facilidade quanto ao acesso das salas ao ambiente

através de janelas altas voltadas para parte externa do parque.

das refeições. O refeitório apresenta um espaço amplo e aberto com iluminação e

- As salas de atividades diversas como música, laboratório de

ventilação natural e vista aos pátios. A cozinha é subdivida entre lavatório, câmara

informática, laboratório de ciências, ateliê de artes e sala de múltiplo uso,

fria, despensa, entrada e saída de alimentos e a parte do preparo de alimentos.

foram distribuídas ao longo do edifício escolar, proporcionando ambientes

Ainda no refeitório, adequando-se ao método Montessori, há um espaço de

diferentes durante todo o percurso dentro da escola, rompendo a tradição de

lavatório experimental e cozinha experimental, onde as crianças tem atividades de

um longo corredor de salas de aula fechadas.

vida prática, auxiliando no processo de preparo dos alimentos, servir os colegas e

A quadra de esportes foi inserida na área coberta do edifício com

lavagem dos recipientes.

objetivo de maior utilização do equipamento, visto que as intempéries de sol,

Os ambientes de uso administrativo e coordenação estão localizados

chuva e outros, não influenciarão no espaço coberto. Ainda assim, a quadra

mais próximo da entrada principal da escola. São separados entre coordenação,


PÁGINA: 56

5.5 Memorial

direção, arquivos, sala de professores, cozinha e refeitório de funcionários,

5.6 PLANTA DE SITUAÇÃO

vestiário e banheiros para os usuários. A biblioteca tem dois acessos, um externo para a população que não utiliza da escola e outro interno para que os professores e alunos consigam utilizá-la sem ter que sair do edifício escolar. Ela é totalmente independente da

Q D11

escola pois tem seus ambientes de administração, locação e devolução,

Q D11

APP

QD 12C QC 9

2

APM

QC 10

APM

Q D11

estoque, banheiros e espaços para leitura.

Q 7A Q 12A

Em relação ao parque, os estacionamentos foram inseridos em dois

Q 12B

locais, sendo acessado pelas vias de maior fluxo, Av Seringueiras e rua Sb1,

Q C4

4

para melhor deslocamento e também por não causar a sensação de um parque para veículos, o que aconteceria se fosse feito em um único espaço. O espaço do teatro de arena foi locado na região mais baixa do terreno,

Q D8

Q2

Q9

A quadra poliesportiva foi inserida em sentido norte/sul, sendo a melhor forma para que não afete a visão dos jogares por conta do nascer e/ou pôr do sol. O parque infantil está mais ao centro do terreno junto com o edifício, para que a criança tenha mais liberdade para brincar, não sendo tão próximo às avenidas.

Q4

Q 10

APM

Q9

melhor visibilidade, não obstruindo também a visão do edifício escolar, já que implantação, o ‘‘palco’’ mais baixo do que a platéia.

Q1

Q 7C Q 12

visto que está próximo à duas avenidas importantes do bairro e traz uma o mesmo encontra-se locado em um nível mais alto que o teatro, e na sua

3

Q 7B

APM

APM Q8

Q6 Q5

Q4

Q7 Q3

Q 11

Q6


PÁGINA: 57

5.7 Implantação

5.7 IMPLANTAÇÃO

1 Planta de Implantação

0

8

16

24m


PÁGINA: 58

5.7.1 Planta Térreo

2 Planta Térreo Edifício

0

4

8

16m


PĂ GINA: 59

5.7.2 Cortes

3 Corte A

0

4

8

16m

4 Corte B

0

4

8

16m

5 Corte C

0

4

8

16m

6 Corte D

0

4

8

16m

7 Planta de Barrilete

0

4

8

16m


5.7.3 Fachadas

8 Fachada Frontal

0

4

8

16m

9 Fachada Lateral Direita

0

4

8

16m

10 Fachada Lateral Esquerda

0

4

8

16m

11 Fachada Posterior

0

4

8

16m

PĂ GINA: 60


PÁGINA: 61

5.7.4 Imagens do Projeto Academia

Acesso serviço

Pátio 2

Pátio 1

Acesso principal

Perspectiva - Vista Avenida seringueiras Acesso principal

Perspectiva - Vista rua RV 10

Pátio 1

Biblioteca

Pátio 2

Quadra espotiva

Estacionamento


5.7.4 Imagens do Projeto

Perspectiva - Entrada principal

Perspectiva - Acesso à biblioteca

PÁGINA: 62


PÁGINA: 63

5.7.4 Imagens do Projeto Setor administrativo

Pátio 1

Acesso à escola

Salas de aula

Lazer

Quadra de esportes

Salas de aula

Pátio 2

Pátio 2


Pร GINA: 64

5.7.4 Imagens do Projeto

Praรงa - Parque infantil

Praรงa - Teatro


PÁGINA: 65

6. Referências

ANGOTTI, Maristela. ARCHDAILY.

Livraria Pioneira Editora. São Paulo, 1994. . Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/759921/escola-montessoriana-waalsdorp-de-zwarte-hond>. Acesso em: 16 ago. 2019.

BARBOSA, Ivone. 2, p. 379-393, 19 dez. 2008. BRANDÃO, Carlos Rodrigues.

: reflexões sobre a história e as políticas da Educação Infantil em Goiás. Revista Inter Ação, v. 33, n.

Edição 33ª. São Paulo: editora Brasiliense, 1955.

BRASIL. Ministério da Educação. SEB, 2006. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/miolo_infraestr.pdf>. Acesso em: 25 set. 2019. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 17 de set. 2019. CAMPOS, M.; ROSEMBERG, F.; FERREIRA, I. CARVALHO, Isabella. arquitetura-escolar> Acesso em: 16/08/2019. DIÁRIO OFICIAL. DINIZ, Anamaria. Urbanismo da Universidade de Brasília, 2007.

. Brasília : MEC,

Disponível em: <http://www.planalto.gov.

. In:. A constituição de 1998 - Educação. 3. ed. SP: Cortez: Fundação Carlos Chagas, 2001. cap.1, p.17. Disponível em: <https://germinai.wordpress.com/textos-classicos-sobreeducacao/linha-historica-da-

. Prefeitura de Goiânia, nº: 1.316. Município de Goiânia, 23 de dez 1994. – Brasília, 2007. Dissertação (m) – Faculdade de Arquitetura e

GOMES, Rui Rocha. Instituto Mauro Borges. . Pnad Contínua Anual - Educação, Instituto Mauro Borges. Disponível em: <http://www.imb.go.gov.br/files/docs/releases/pnad-continua-educacao/pnad-continua-educacao-2018.pdf>. Acesso em: 24 ago. 2019.


PÁGINA: 66

6. Referências

G1 GO. por SILVIO TULIO. . Publicação: 01/10/2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/go goias/ noticia/2019/10/01/secretaria-de-educacao-antecipa-cadastro-e-passa-a-usar-cpf-da-crianca-para-matricula-em-cmeis-de-goiania.ghtml>. Acesso em: 15 nov. 2019. KOWALTOWSKI, Doris C.C.K.

. São Paulo: Oficina de textos, 2011.

MONTESSORI, Maria.

Tradução: Aury Azélio Brunetti. São Paulo: Livraria Editora Flamboyant.

NEVES, Juliana Duarte.

Rio de Janeiro: Mauad X, 2017.

PALLASMAA, Juhani.

Tradução técnica: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2011.

MARANGON, Cristiane. Revista Nova Escola. Publicação: 01 abr 2004. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/335/josepacheco-e-a-escola-da-ponte>. Acesso em: 15 nov. 2019. RIBEIRO, Maria Eliana Jubé. (Doutorado) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, 2010. ROHRS, Hermann.

Goiânia, 2010. Tese

Tradução: Danilo Di Manno de Almeida, Maria Leila Alves. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2010.

Secretaria Municipal de Educação . - SME/ Departamento de Administração Educacional - DAE - Março de 2013. Dis ponível em: <http://www.goiania.go.gov.br/shtml/seplam/anuario2013/_html/s_educacao.html>. Acesso em: 18 ago. 2019. Sesc. Departamento Nacional. SILVA, K. e FONTENELE, S. Campina Grande, Realize editora, 2012.

- Rio de Janeiro : Sesc, Departamento Nacional, 2015. . UFPI, Fórum Internacional de Pedagogia, Piauí.


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