A10
SALVADOR
ARIVALDO SILVA
Durante boa parte do dia de ontem, uma fumaça escura e densa passou a fazer parte do ambiente no entorno do prédio da operadora telefônica Oi, na Avenida Antônio Carlos Magalhães, bairro do Itaigara. Um incêndio começou por volta das 10h e não foi controlado até o fechamento desta edição, apesar dos esforços dos bombeiros. Vidros das janelas foram quebrados para facilitar o trabalho, mas a fumaça só aumentava. Moradores do bairro procuraram informações sobre a falha nos serviços de telefonia causada pelo incidente, mas não obtiveram nenhuma resposta da operadora. O incidente comprometeu serviços de telefonia e internet oferecidos pela operadora na Bahia, Sergipe e gerou dificuldades de telefonia móvel em regiões de Pernambuco, Alagoas, Piauí e Maranhão. No portão principal do prédio, foi colocado o seguinte comunicado: “Desculpem-nos. Sistema fora do ar. Sem previsão de retorno. Em caso de dúvidas, ligar para 103 31 ou procurar as lojas do Campo da Pólvora ou Comércio”. A reportagem de A TARDE tentou falar com a Oi pelo telefone informado, sem obter sucesso. As chamas começaram no 2º andar do prédio de três pavimentos, vizinho ao Hotel Fiesta, provavelmente na sala de baterias, e se espalharam rapidamente. Cinco veículos do Corpo de Bombeiros e duas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram deslocados ao local. Após passarem mal por inalar fumaça tóxica, quatro bombeiros foram encaminhados ao Hospital Geral do Estado – e mais dois foram atendidos no local, com sinais de exaustão. De acordo com o coronel Nelson Vasconcelos, subcomandante do Grupamento de Bombeiros Militares, os trabalhos iriam continuar até que o foco do incêndio fosse localizado. “O fogo está concentrado no sistema de cabeamento. Precisamos encontrar o melhor acesso para combater e debelar as chamas”, afirmou o oficial.
SALVADOR QUARTA-FEIRA 22/12/2010
REGIÃO METROPOLITANA
PREJUÍZO Chamas no Itaigara causaram pane nos serviços de telefonia fixa, móvel e internet também em Sergipe, Alagoas, Piauí, Pernambuco e Maranhão
Fogo suspende serviço da Oi na Bahia e mais 5 estados Raul Spinassé / Ag. A TARDE
A fumaça de alto teor tóxico do incêndio no bairro do Itaigara levou quatro bombeiros a serem hospitalizados Margarida Neide / Ag. A TARDE
COLABOROU FÁBIO BITTENCOURT
AVISO
Atendendo a pedidos dos alunos e, em razão da pane da rede telefônica que afetou nosso sistema de matrículas na unidades do Rio Vermelho, prorrogamos os preços de lançamento dos cursos dessa semana até o dia 23/12/2010
O comércio de Eunápolis (a 643 km da capital), extremo sul da Bahia, ficou, desde as 10h de ontem, sem que as vendas com cartão de crédito e débito fossem feitas, o que gerou prejuízos ainda não calculados. Vendas só à vista, com cheques ou com nota promissória. Na cidade, onde a expectativa era de lucro até 15% maior nas vendas de fim de ano, em relação ao ano passado, muita reclamação. Segundo a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), mais de 50% das vendas são feitas com cartões de crédito e débito. Os bancos do Brasil e a Caixa Econômica Federal estavam com serviços quase que em sua totalidade paralisados, devido à queda no sistema, assim como casas lotéricas e estabelecimentos com caixas expressos, que atendem serviços diversos e recebem pagamentos de boletos bancários. “Perdi o dia de vendas e até entregas com caminhão ficaram prejudicadas”, reclamava o presidente da CDL, Samuel Fadini, dono de loja de autopeças.
Reginaldo Pereira / Ag. A TARDE
Gerente de loja de roupas, Luciana Alves, 33, negociava com os clientes a forma de pagamento: “É uma das épocas de maior movimento, e isso acontecer logo agora? Para nós é um terror”. A precavida dona de casa Marcília Lima, 45, conseguiu se safar: “Planejo tudo um dia antes para o que tiver de pagar e saco o dinheiro logo de manhã cedo. Só uso meu cartão para saque, mais nada”, ela assegurou.
Região sudoeste e Feira de Santana sentem efeitos da pane JUSCELINO SOUZA E GLAUCO WANDERLEY Vitória da Conquista e Feira de Santana
Nos shoppings, grandes filas com a queda de sistemas
Gerente Umbelino Neto (D), em Feira de Santana: perdas
Comércio varejista é prejudicado
Prejudicados
Ralph Fernandes, 53, morador do Itaigara, sentiu o cheiro de queimado no início da manhã e foi até a Oi saber quando voltaria a usar a internet e os telefones. “Fui muito afetado com a interrupção dos serviços”, reclamou Fernandes. O gerente do Hotel Fiesta Bahia, Carlos Pugliese, contabiliza prejuízos. “Não conseguimos confirmar várias reservas. Usamos outra operadora, mas com certeza teremos perdas por ficarmos impossibilitados de falar com nossos clientes. Essa falta de comunicação é um absurdo”, queixou-se Pugliese.
MÁRIO BITTENCOURT Eunápolis
Terror
Nota
Em nota, só divulgada no início da noite, a Oi informou que a “companhia ainda avalia a extensão da base de clientes afetada” e que “o restabelecimento dos serviços ocorrerá de forma gradual, com prioridade para serviços de emergência”. Uma fonte ligada aos Bombeiros, que não quis se identificar, afirmou que o prédio não dispõe de um sistema seguro de exaustão: “A fumaça ali não se dissipa porque eles não têm um exaustor, que é um item de segurança muito importante”. No início da noite, um caminhão chegou ao local levando um gerador de energia e um sistema de exaustão portátil, com o objetivo de dissipar a fumaça tóxica.
Prejuízo e reclamações no comércio de Eunápolis
JOÃO PEDRO PITOMBO
A pane na rede de telefonia da operadora Oi teve impacto direto nos sistemas de cartão de débito e crédito, que ficaram fora do ar em muitas lojas, bares e restaurantes de Salvador. Uma situação que gerou infortúnios e prejuízos na semana em que o comércio atinge pico de vendas impulsionado pelo Natal. Sem opção de pagar com o cartão, consumidores tiveram que recorrer aos caixas eletrônicos dos bancos para sacar dinheiro em espécie. Com a demanda, a extensão das filas acabou ficando acima do normal.
O presidente do Sindilojas, Paulo Motta, avaliou a situação como preocupante para o comércio varejista: “Dependemos da eficiência do sistema”. Sem ainda ter como
15%
é o percentual de crescimento nas vendas do comércio varejista neste período do ano, em relação a 2009, segundo a expectativa do Sindicato dos Lojistas da Bahia (Sindilojas)
Cursos de Carreira Jurídica
estimar o impacto nas vendas, o setor espera prejuízos, mesmo que pontuais. “As vendas se tornam problemáticas e o consumidor pode acabar desistindo da compra”, preocupa-se Motta. Além dos cartões, o sistema de telefonia também é utilizado em consultas para proteção ao crédito (SPC, Serasa etc), nos pagamento com cheque. “Muitos acabaram enfrentando o risco de vender confiando no cliente. Espero que a situação se normalize”, disse Motta.
Consumidores
O professor Antônio Barreto foi ao banco sacar dinheiro, após descobrir na livraria em
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que comprava o presente dos filhos que uma única bandeira de cartão operava. A também professora Tânia Lima estava com dinheiro para o presente da afilhada, mas a situação era exceção: “Normalmente, uso o cartão, mais prático e seguro”. A procuradora Larissa Menezes, 29, só soube que o cartão não operava em frente ao caixa. Resignada, deixou as compras – R$ 130 em livros – reservadas na loja. O engenheiro Victor Leal, 29, que foi comprar um micro-ondas, não teve a mesma paciência: desistiu e se contentou com um simples sanduíche na praça de alimentação.
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A pane no sistema da Oi, que atingiu mais de 450 mil usuários no sudoeste baiano, suspendeu serviços que dependem de telefonia fixa ou móvel e de internet em Guajeru (a 689 km da capital). Por causa do monopólio da Oi na cidade, os 10 mil moradores ficaram incomunicáveis. Guajeru ficou sem atividades essenciais, como atendimento nas áreas da saúde e segurança. “Mais de 40% dos moradores usam telefonia móvel, e ninguém conseguiu se comunicar”, disse o prefeito Jorge Ubirajá (PP). Em Vitória da Conquista (a 509 km da capital), a pane não alterou a rotina na Câmara de Dirigentes Lojistas do terceiro maior município do Estado, com 306 mil habitantes. De acordo com o gerente do órgão, Antônio Vilmar, embora com a lentidão da internet, o sistema de consulta dos 650 comerciantes cadastrados não foi atingido.
Feira de Santana
Vendedores parados e lojas fechadas em Feira de Santana (a 109 km da capital), a três dias do Natal, por falta de comunicação telefônica. Uma loja de uma das maiores redes do varejo da cidade colocou correntes na porta, pois era impossível atender. Segundo o gerente, Umbelino Neto, as vendas com cartão de crédito ou débito representam 80% do total: “O prejuízo por dia parado chega a R$ 8 mil por loja”, calcula. Segundo ele, nas tentativas de contato com a operadora Oi, a única resposta que recebeu foi que a rede estava em manutenção, sem previsão para retornar.