Programa municipal Ordem na Casa tem desafio de melhorar uma cidade degradada

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SALVADOR TERÇA-FEIRA 26/10/2010

SALVADOR REGIÃO METROPOLITANA

Editor-coordenador Cláudio Bandeira

TRÂNSITO Confira as condições de tráfego na cidade em tempo real www.atarde.com.br

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INFRAESTRUTURA Na metade do 2º mandato, prefeito aposta em choque de ordem para melhorar a situação da capital

Programa municipal Ordem na Casa tem desafio de melhorar uma cidade degradada ARIVALDO SILVA E HIEROS VASCONCELOS

O prefeito João Henrique Carneiro enviou carta a A TARDE ressaltando as ações promovidas pelo Programa Ordem na Casa, inaugurado no último dia 16. O objetivo do programa é fazer uma parceria entre o Município e a população para a conservação dos espaços públicos. (leia a carta abaixo) Contudo, o cenário encon-

trado pelas equipes de reportagem nas ruas da capital demonstra que o desafio que está posto ao poder municipal é de grande monta: praças e equipamentos públicos destruídos, lixo acumulado nas ruas, calçadas esburacadas, banheiros públicos insuficientes e maltratados são exemplos até mesmo em bairros nobres e turísticos. Reduto da boemia soteropolitana, o Rio Vermelho está tomado pelo lixo produzido e

Raul Spinassé / Ag. A TARDE

descartado por restaurantes de forma inadequada. No largo do tradicional Acarajé da Dinha, a Igreja de Santana está pichada com iniciais das facções criminosas Comando da Paz e Comando Vermelho. Na Praça da Sé, a fonte luminosa virou foco de mosquitos da dengue. Na Rua Jaime Sapolnik (Imbuí), próximo ao Conjunto Marback, o lixo se espalha, mesmo com cinco contêineres colocados pela prefeitura.

105 mil

reais são gastos mensalmente pela prefeitura para alugar e dar manutenção a 100 sanitários químicos, segundo a Limpurb – que guarda num depósito em Pirajá 400 desses equipamentos, mas sem condições de uso nem de recuperação

Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE

Segundo moradores, os recipientes não comportam a demanda de 48 prédios e 384 apartamentos. “Sempre acumula lixo. A coleta é feita, mas a quantidade é muito grande”, afirma o motorista Sérgio Ricardo Mendes, 40 anos.

Banheiros

Mesmo com a escassez de sanitários na cidade, a Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) gasta, mensalmente, R$ 105 mil para man-

ter 100 destes equipamentos – insuficientes para garantir uma ampla cobertura na cidade. Quem recebe o montante é a empresa Star Ambiental (R$ 35 por dia, pela locação e conservação de cada banheiro químico). Mas, de acordo com o presidente da Limpurb, Álvaro Silveira Filho, o pátio do órgão (Pirajá) abriga cerca de 400 sanitários químicos do Município sem condições de uso nem de recuperação.

Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE

SUJEIRA NA RUA DA ALEGRIA (BARRIS)

PASSEIO INSALUBRE EM SÃO MARCOS

CONTÊINERES NÃO DÃO CONTA NO MARBACK

Uma das vias mais tradicionais dos Barris, no Centro, onde se concentram escolas e faculdades, sofre com sacos de lixo espalhados pela calçada

Moradores de um dos bairros mais populosos nos arredores da Av. Paralela convivem com monturo de dejetos na calçada, com risco de provocar doenças

O conjunto habitacional entre a Boca do Rio e o Imbuí – com 48 prédios e 384 apartamentos – também enfrenta situação desfavorável na limpeza pública

Fonte pode ser foco da dengue Equipamento na Praça da Sé acumula água e pode favorecer a proliferação do mosquito nocivo

em frente ao fórum Parceria em prol de Salvador Abandono Não faz muito tempo que o Campo da Pólvora recebeu melhoramentos, mas já não é exemplo de urbanidade

João Henrique Carneiro Prefeito de Salvador

Raul Spinassé / Ag. A TARDE Raul Spinassé / Ag. A TARDE

PRAIA ENTREGUE AOS CÃES DE RUA Muitos animais circulam pelo bairro do Rio Vermelho, contribuindo para o aumento da sujeira, tanto na beira do mar como nas áreas no entorno da orla

Equipamentos irrecuperáveis Sanitários químicos, cerca de 400, estão sem condições de uso em depósito da Limpurb no bairro de Pirajá

Marco Aurélio Martins / Ag. A TARDE Rafael Martins / Ag. A TARDE

ORLA SEM BARRACAS, MAS DESORDENADA A promessa de fiscalização ostensiva para que só haja presença de comerciantes credenciados nas praias ainda não reverteu o excesso de vendedores nos finais de semana

O Programa Ordem na Casa, inaugurado no último dia 16, na Estação da Lapa, consiste numa nova visão de ordenamento de Salvador e de conscientização aos soteropolitanos sobre a necessidade de conservação dos espaços públicos. O objetivo é uma parceria entre o Poder Público municipal e a população, no sentido de cuidarmos juntos da cidade, que vem a ser a segunda casa de todos enquanto espaço de convivência social. Não tomamos atitudes que enfeiam ou sujam nossa casa, e é isso que queremos para a cidade. Neste projeto são promovidos mutirões com cerca de 500 colaboradores, entre as secretarias municipais de Transporte e Infraestrutura, Serviços Públicos, do Trabalho, Assistência Social e Direitos do Cidadão e a Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município. É realizado o ordenamento dos ambulantes; conserto de equipamentos públicos e ações de conscientização. Conjugar o caráter educativo, as ações formais de ordenamento e a capacidade de fiscalização é o modelo ideal para o município, prevendo ações pontuais em diversos locais da cidade, executando assim uma verdadeira “faxina em todos os sentidos” nos locais contemplados, tornando os pontos de grande fluxo em locais com aspectos mais harmônicos e com ações impactantes em termos de ordenamento do uso e da ocupação do solo. Não por acaso o local escolhido para o início foi a Estação da Lapa (fluxo de 400 mil pessoas/dia) e que enfrenta problemas, reconhecemos. Recentemente, inclusive, enviamos projeto ao Governo Federal solicitando obras no terminal. Enquanto estas obras estruturais não são concretizadas, e dentro das nossas notórias limitações orçamentárias, realizamos este mutirão no local. Mas este projeto só logrará êxito caso conte com o apoio da população. Não ao prefeito ou à instituição prefeitura. E, sim, um aceno positivo em

prol de Salvador. Atitudes que deem um basta a um círculo vicioso de depredação de equipamentos públicos que impactam nos serviços oferecidos à população. Por exemplo, são constantes as reclamações da falta de banheiros públicos e lixeiras. Pois contentores e caixas coletoras são constantemente danificados e queimados. A reposição de equipamentos de coleta representa gasto mensal de cerca de R$ 240 mil. Outro problema é o depósito de lixo em frente aos imóveis em horários inapropriados. No pátio da Limpurb, há mais de 500 banheiros químicos danificados, sem condição de uso ou de recuperação. Em seis meses, a Secretaria de Transporte e Infraestrutura (Setin) gastou R$ 620 mil somente para recuperar o que é destruído ou roubado: os vândalos picham, danificam abrigos de ônibus, roubam tapetes de grama, destroem ou furtam aparelhos de ginástica em praças, brinquedos infantis e metais. Nas passarelas de Salvador, diariamente as luminárias e lâmpadas são roubadas. A Secretaria de Serviços Públicos (Sesp) também informa que tem um custo mensal de conservação de cerca de R$ 450 mil, devido a furtos de fios de cobre e luminárias. Muitas vezes, ruas e avenidas ficam sem iluminação justamente porque os bandidos roubam os fios de cobre, que são derretidos. É um problema que também afeta bastante os monumentos da nossa cidade. O roubo dos bicos dos jatos de água da fonte luminosa do Campo Grande, por exemplo, representou um prejuízo de R$ 150 mil para os cofres municipais. Esses bicos vieram da Espanha e pesam, cada um, quatro quilos. Já os braços das estátuas da fonte da Piedade, arrancados por vândalos, resultou num prejuízo de R$ 15 mil. Recentemente, a Polícia Militar prendeu duas pessoas furtando peças de equipamentos públicos municipais. Infelizmente, além do trabalho de conscientização, faz-se necessária esta ação repressiva, e a população pode e deve denunciar casos de depredação ou furto de equipamentos públicos. Afinal, o maior lesado é o cidadão de Salvador.

Raul Spinassé / Ag. A TARDE Raul Spinassé / Ag. A TARDE

LAPA EXIGE AMPLA REESTRUTURAÇÃO A principal estação de transporte público da capital baiana, por onde transitam milhares de pessoas e veículos todos os dias, apresenta uma aguda deterioração

Buraco no caminho do mar A caminhada para descer à areia do Porto da Barra requer atenção na calçada malconservada

Raul Spinassé / Ag. A TARDE Iracema Chequer / Ag. A TARDE

TRENS DO SUBÚRBIO COM PROBLEMAS Sujeira nos vagões, greves constantes de servidores e insegurança nos trajetos são algumas das situações adversas para quem utiliza este sistema de transporte


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