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CUCA
Carta do Técnico
Conquistamos uma das Libertadores mais difíceis de toda a história da competição. Para chegar ao título, tivemos que superar inúmeros obstáculos, que começaram a surgir já na fase de grupos.
Em nossa chave, estavam o São Paulo, uma equipe argentina, o Arsenal de Sarandi, campeão do Torneio Clausura de 2012, e o tricampeão boliviano, que joga na altitude de La Paz. Fizemos grande campanha e conseguimos o primeiro lugar geral. Nas Oitavas de Final , enfrentamos novamente o São Paulo, e nos classificamos com autoridade, vencendo no Morumbi e goleando no Independência. Na etapa seguinte, as Quartas de Final, eliminamos o bom time do Tijuana, campeão mexicano. Na Semifinal, tivemos como adversário a excelente equipe do Newell’s Old Boys, atual campeã argentina. Já na decisão, vencemos o tradicional Olimpia, chamado de “Rei das Copas”, que buscava a sua quarta conquista na competição. Foram batalhas entre gigantes do futebol sul-americano, jornadas memoráveis em que a emoção esteve sempre à flor da pele. E não posso, aqui, deixar de ressaltar a importância da torcida do Galo, que promoveu grandes espetáculos tanto dentro como fora de Belo Horizonte. Formamos um grupo no qual a amizade foi o nosso grande elo, com profissionais que se respeitaram durante toda a campanha e deram o seu melhor em prol de um único objetivo, que era a conquista da América. Esse foi o nosso grande diferencial na Libertadores, a união do elenco. Afirmo, sem medo de errar, que o título foi mais do que merecido, seja pela seriedade e competência da nossa diretoria, pelo grande trabalho que realizamos dentro de campo ou pela garra da nossa torcida. É um orgulho e uma satisfação enorme ser o treinador da equipe que levou o Atlético a alcançar a maior glória de toda sua história. Agradeço muito a Deus e a Nossa Senhora a alegria que eles me proporcionaram.
Eu respirei esta Libertadores 24 horas por dia. Se morrer hoje, eu morro feliz e realizado. Deus escreveu certinho: eu vim ganhar aqui.” Cuca
Foto: LĂŠo Pinheiro/Futura Press
Os primeiros seis passos O Carnaval de 2013, para os atleticanos, foi diferente. Aguardávamos com grande expectativa a noite da Quarta-feira de Cinzas. Em 13 de fevereiro, o Galo estrearia na sua quinta Copa Libertadores da América, a mais importante competição do nosso continente. Havia motivos de sobra para acreditarmos no sucesso alvinegro. O futebol empolgante do Atlético no Campeonato Brasileiro de 2012 favoreceu a convocação de seus jogadores à Seleção Brasileira e a eleição de meio time como destaques individuais (incluindo o craque Ronaldinho Gaúcho e a revelação Bernard). Por conta de certa instabilidade nos resultados, deixamos de nos sagrar campeões, mas ninguém jogou bola na temporada brasileira como a nossa equipe. Alguns reforços foram contratados para 2013. Entre eles, Diego Tardelli, ídolo repatriado – a “cereja do bolo”, nas palavras do presidente Alexandre Kalil – que somaria ainda mais talento ao ataque atleticano. Outros cinco concorrentes dividiam a atenção da imprensa nacional. Eram eles Corínthians (campeão da Copa Libertadores 2012), Fluminense (campeão brasileiro), Palmeiras (vencedor da Copa do Brasil), Grêmio (3º colocado no Campeonato Brasileiro) e São Paulo (4º lugar no Campeonato Brasileiro e vencedor da Copa Sul-Americana). O Atlético, vice-campeão brasileiro, disputara a Copa Libertadores em 1972, 1978, 1981 e 2000. Pelo Grupo 3, enfrentaria o Arsenal (campeão do Torneio Clausura da Argentina), o Strongest (tricampeão boliviano) e o São Paulo (já três vezes vencedor da competição). Mineiramente, o Galo cumpriu bem sua aventura. Em sintonia perfeita com a Massa, bateu recordes, quebrou tabus, recebeu homenagens, chamou para si os holofotes estrangeiros. Dono da melhor campanha entre todos os participantes da Libertadores, classificou-se às Oitavas de Final com duas rodadas de antecedência, nos 3.660 metros de altitude de La Paz.
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Fase de Grupos
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Tínhamos a grata certeza: o Galo que nos encantou em 2012 estava de volta.”
Foto: Bruno Cantini
Foto: Bruno Cantini
26
Fase de Grupos
Que mais falar do segundo tempo? Bem, aos 16 minutos, Pierre recebeu de Benedetto um pontapé no rosto. Aos 28, Jô quase ampliou o placar, de cabeça. Aos 34, os torcedores atleticanos gritavam “Olé!” durante nossa troca de passes. Bernard saiu, aos 40, para a entrada de Luan, e teve seu nome cantado nas arquibancadas. Gilberto Silva, em campo desde os 37, esbanjou talento na defesa. Mas o acontecimento principal da segunda etapa, após os gols de Bernard, não foi nada bonito. Por pouco, mas muito pouco, não foi determinado o fim da carreira de Ronaldinho Gaúcho. Numa voadora que a imprensa inglesa definiu como ‘entrada brutal’ e ‘lance de horror’, o camisa 6 do Arsenal, Braghieri, atingiu com os dois pés a canela direita do craque brasileiro. A perna chegou a se dobrar, e sofreria fratura caso a chuteira de R10 permanecesse fixa na grama. Para o bem do futebol, Ronaldo conseguiu tirar o pé do chão. Braghieri nem sequer recebeu cartão amarelo pela irresponsabilidade. Mas o árbitro marcou pênalti para o Galo, uma vez que a agressão foi dentro da área argentina. Passavam 41 minutos. Ronaldinho cobrou forte, no travessão. Teria sido nosso sexto gol. Aos 46, Ronaldo continuava firme. Carregou a bola até a entrada da área e passou-a a Luan. O atacante mandou uma bomba com endereço certo. E a bola lá ia entrando, não fosse o zagueiro estraga-prazeres tirá-la em cima da linha. Teria sido nosso sétimo gol. Interessante observar que Avellaneda (cidade onde fica Sarandí) é vizinha a Lanús, onde o Galo enfrentou a equipe da casa e grossa pancadaria na primeira partida das finais da Copa Conmebol de 1997. Na ocasião, em 6 de novembro, vencemos o Lanús por 4 a 1. Mais uma vez a história atleticana seria escrita naquele pedaço da Argentina.
Ficha Técnica
Numa voadora que a imprensa inglesa definiu como ‘entrada brutal’ e ‘lance de horror’, o camisa 6 do Arsenal, Braghieri, atingiu com os dois pés a canela direita do craque brasileiro.”
Arsenal Campestrini; Martín Nervo, Lisandro López, Braghieri e Víctor Cuesta; Carbonero, Iván Marcone, Jorge Ortíz (Casais) e Aguirre (Martín Rolle); Julio Furch e Darío Benedetto (Celiz). Técnico: Gustavo Alfaro Atlético Victor, Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Júnior César; Pierre (Gilberto Silva) e Leandro Donizete; Bernard (Luan), Ronaldinho e Diego Tardelli (Richarlyson); Jô. Técnico: Cuca
Estádio: El Viaducto, em Sarandí (ARG)
Árbitro: Martin Vazquez (URU)
Data: 26 de fevereiro de 2013
Assistentes: Miguel A. Nievas (URU) e Carlos Changalas (URU)
Gols: Furch, 1min/1ºT; Bernard, 7min/1ºT; Tardelli, 28min/1ºT; Jô, 35min/1ºT; Aguirre, 40min/1ºT; Bernard, 8 e 13min/2ºT
Cartão amarelo: Júnior César (ATL) Público: 12.000 (estimado)
Foto: Mauro Alfieri / Pasi贸n Libertadores
Foto: Bruno Cantini
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A noite era alvinegra. A Massa tinha esta certeza e ela se confirmou.�
Foto: Bruno Cantini
AtlĂŠtico
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Arsenal (ARG)
Foto: Bruno Cantini
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Foto: Bruno Cantini
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A melhor campanha, o ataque mais produtivo (16 gols), o futebol mais vistoso, uma campanha impecável até o momento. É nesta passada que vai o Atlético Mineiro no torneio continental, vencendo o Arsenal de Sarandí novamente por 5 a 2, agora no Independência, onde o time se comporta praticamente de forma imbatível.” Site oficial da FIFA
S達o Paulo
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AtlĂŠtico
Foto: Leandro Martins/Futura Press
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AtlĂŠtico
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Tijuana (MEX)
Foto: Bruno Cantini
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Foto: Carlos Roberto/Hoje em Dia/Futura Press
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Foi desesperador! Na hora do pênalti, estava aquele bate-boca com a arbitragem, na altura da marca do pênalti, e o Alecsandro chegou para mim e falou: ‘Se concentra na batida que você vai pegar. Deixa que a gente briga e discute aqui, se concentra no que você vai fazer’. A partir do momento em que ele falou, caminhei até o gol, me concentrei, conversei com Deus e, no fim, felizmente foi da melhor forma possível.” Victor, entrevista para o site Globoesporte.com
AtlĂŠtico
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Newell’s Old Boys (ARG)
Foto: Bruno Cantini
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Victor vem se transformando num mito alvinegro – tal como Kafunga e João Leite, goleiros titulares por anos e anos.�
Foto: Bruno Cantini
AtlĂŠtico
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Olimpia (PAR)
Foto: Bruno Cantini
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Bernard, da direita, tornou a levantar a bola na área. O mesmo Leo Silva saltou alto e a cabeceou. Ele mirou o canto esquerdo de Martín. A bola descreveu uma linda curva, e enquanto ela se moveu ninguém respirou. Foi sofrido, foi merecido. Foi mágico. O gol de Leo Silva, no cantinho, fez toda uma cidade, todo um povo misturar choro e riso.” Fotos: Evaristo SA/STF/AFP ImageForum
Fotos: Bruno Cantini
Fotos: Bruno Cantini
Fotos: Bruno Cantini
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Com galhardia, categoria e, acima de tudo, amor à camisa, o Galo conquistou o título mais importante da sua história. Parabéns, Galão 2013!” Dadá, campeão brasileiro pelo Atlético em 1971