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J ORN AL
J AN ELA ABERTA
literatura, artes, software livre e economia solidária - ano 4 - número 8
mundo livre e solidário editorial redes cristian cobra economia solidária conto: moeda solidária da arte jemima murad software livre software livre e cultura guilherme rebecchi poema bucólico marcelo vargas poema ganesha-guarani djalma nery poema o diabo virou ermitão isaac soares de souza crônica da natureza humana igor salomão resenha literária maria, uma peça cinco histórias douglas pino tirinha os malvados andré dahmer janela aberta: incubadora de artistas melissa conde
um projeto do
distribuição gratuita
EXPEDIENTE
INFORMATIVOS
EDITORIAL
Editor Geral Cristian Cobra
Redes
Câmara Setorial do Livro e Leitura
O Jornal Janela Aberta se recria mais uma vez com esta nova edição. Com a efervescência de ideias que sacolejam o Instituto,
Capa Eduardo Rompa
nosso jornal literário também busca estabelecer novos laços na rede. Contamos agora com a participação de Helena Boschi na diagramação do jornal e participação no Conselho Editorial, junto com os novatos
Conselho Editorial Ivã Bochini Eduardo Biagioni Jemima Murad Cristian Cobra Helena Boschi Ricardo Gessner Alex Tomé Douglas Pino Wendy Palo Contato R: Conde do Pinhal 2340 São Carlos - Centro (1 6) 341 2-6461 Correio eletrônico
instituto@janelaaberta.art.br
Sítio www.janelaaberta.art.br Tiragem 1 .000 exemplares
Alex Tomé, escritor e cineasta e Ricardo Gesnner, nosso filósofo distracionista e Douglas Pino, autor de nossas resenhas literárias. Em homenagem ao Conto, a moeda solidária do Janela Aberta, nossa coluna Economia Solidária apresentará um pouco sobre esta e outras moedas sociais. Nossa coluna sobre Software Livre, de nosso jornal passa a utilizar apenas programas e fontes de caracteres livres. Espero que com esta edição continuemos a seguir, com criatividade, trilhas já abertas anteriormente. Traços identitários que compartilhamos pelas redes alternativas como as tecnologias livres, os princípios de Economia Solidária, de Sustentabilidade, e de compartilhamento, principalmente através da leitura literária, forma tão antiga e atual de compartlhamento de informação (objetivo das Resenhas Literárias de Douglas Pino, inclusive, que têm como foco a produção literária contemporânea). Outra forma de estar próximo destes temas
citados
é
participar do debate, e, porque não, decidir sobre suas aplicações, no Conselho Municipal de Cultura de São Carlos. Este “tem por objetivo
participe: www.culturasanca.wordpress.com. Termino falando novamente da rede, não como um espaço virtual, mas uma forma de organização. Diferente da estrutura centralizada das pirâmides e árvores, acreditamos em organizaões criativas, constituidas em sua autonomia, interligadas em redes, seja
As opiniões emitidas pelos textos aqui publicados não são necessariamente as mesmas de seus editores. Mesmo assim, são bem vindas todas as críticas e sugestões.
www.malvados.com.br
Poetas, escritores, literatos, bibliotecários e interessados nas ações e políticas públicas relacionadas ao Livro e a Leitura; estão todos convidados para participarem das reuniões da Câmara Setorial do Livro e Leitura do Conselho Municipal de Cultura de São Carlos. Mais informações:
JANELA ABERTA INCUBADORA DE ARTISTAS
Melissa Conde
Melissa Conde é artista plástica desde 1 995, formada pela UNESP-SP. Possui especialização em HQ pela Faculdade de Belas Artes San Jorge, Barcelona-Espanha, e Pós-Bacharelado em Artes Visuais pelo Instituto de Artes de Chicago, EUA. Atualmente mantém seu ateliê no Instituto cultural Janela Aberta, onde produz e expõe suas obras. Quer conhecer? Confira as fotos abaixo e venha fazer uma visita!
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Romance... aos pedaços..., O Sibi (Sistema Integrado de Bibliotecas do Município de São Carlos) iniciou o Romance... aos pedaços..., emails enviados todas as quintas-feiras com trechos significativos de diversos livros, tanto nacionais, como internacionais. Os emails também informam quantos exemplares daquele livro estão disponíveis nas bibliotecas municipais da cidade.
promover a participação democrática dos vários segmentos da Este é um instrumento da sociedade e está aberto a todos, conheça e
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Malvados André Dahmer
Guilherme Rebecchi, aborda a liberdade cultural no momento em que
sociedade que integram a ação cultural no Município de São Carlos”. O Jornal Janela Aberta não possui nenhum direito sobre os textos e imagens de terceiros nele veiculados.
TIRINHA
pelas proximidades, seja pelas diferenças. Continuamos assim, convidando a todos para compartilharmos ideias. Boa leitura!
Cristian Cobra é escritor e o editor geral deste jornal. Seus traba-
lhos encontram-se, entre outros, no livro de poemas Guerras Contidas (2007) e em seus blogues www. excamas. blogspot. com e
www.anarquismoagora.blogspot.com.
Barganha Book O SIBI realiza todo primeiro domingo do mês na Biblioteca Euclides da Cunha que fica na Antonio Almeida Leite, 535, Vila Prado, e todo último domingo do mês, na Biblioteca Amadeu Amaral, Av. São Carlos, o evento Barganha Book que consiste na troca de livros usados. Leve seus livros até a biblioteca e poderá trocar com o acervo reservado para troca e, com isso, ampliar o leque de leituras e renovar seu acervo pessoal de livros, trocando os já lidos por outros desconhecidos.
Ateliê da Mel Rua Conde do Pinhal, 2340 Sede Instituto Culural Janela Aberta www.flickr.com/photos/melport
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Maria, uma peça e cinco histórias, de Isaac Bábel A obra Maria, uma peça e cinco histórias, reúne alguns trabalhos de Isaac Bábel (1 894-1 941 ) em uma edição brasileira. O primeiro conto, Mamãe, Rimma e Alla, foi escrito em 1 91 6 e traz a história de uma família mergulhada em uma profunda tristeza, tal como podemos observar no trecho seguinte, um sonho da personagem Alla: “eu tive um sonho, Rimma – disse. Imagine você: uma cidadezinha esquisita, pequena, russa, incompreensível... O céu é cinza-pálido, está muito baixo e o horizonte parece muito próximo. O pó nas ruelas é cinza, fino, morto. Tudo está morto, Rimma. Não há qualquer ruído por perto, nem vivalma em parte alguma”. Este, podemos dizer, é o cenário sombrio de todo o livro. Em História do meu pombal, segundo conto dedicado a Máximo Górki, narra um episódio de sua própria infância, como judeu de Odessa, no ano de 1 904. Retrata de forma surpreendente as perseguições que sofria: “golpeou-me com toda a força da mão que apertava o pássaro [...] caí ao solo com o meu capote novo [...]. Estava deitado ao solo, e as entranhas da ave esmagada escorriam-me pela têmpora. Escorriam-me pelas faces, em zigue-zague, soltando borrifos e cegando-me. Uma tripa suave de pombo deslizava sobre minha testa, e eu fechei o derradeiro olho descoberto, a fim de não ver o mundo que se estendia na minha frente. O mundo era pequeno e terrível”. Os três últimos contos foram publicados em Cavalaria vermelha (1 926), livro que deu ao escritor notoriedade mundial. Polêmico, seus contos retratam a campanha russo-polonesa de 1 920-1 921 . Em Uma carta temos um pai que mata o próprio filho por considerá-lo traidor do regime ora imposto. O que torna esse fato mais aterrorizante é a forma que Isaac Bábel escolheu para narrá-lo – é o outro filho que conta para a mãe em carta: “nas linhas seguintes dessa carta, apresso-me a escrever sobre o pai, que matou meu irmão Fódor Timoféitch Kurdiúkov está fazendo um ano”. O quarto conto, A morte de Dolguchov, traduzido por Rubem Fonseca, retrata de forma desnuda a guerra: “sua barriga havia sido rasgada. As entranhas caíam sobre os joelhos, as batidas do coração eram visíveis”. O último conto, Meu primeiro ganso, também
traz a guerra como personagem central e uma de suas características mais marcantes, a fome: “que se enforque a mãe do Nosso Senhor – resmunguei irritado, dando um empurrão com o punho no peito da velha –, só me faltava dar explicações... E, ao me virar, vi um sabre largado ali perto. Um ganso de ar severo andava pelo quintal, limpando imperturbavelmente suas penas. Alcancei e derrubei o ganso no chão, sua cabeça estalou sob minha bota, estalou e sangrou. O pescoço branco ficou estendido sobre o esterco e as asas se fecharam por cima da ave morta. Que se enforque a mãe de Nosso Senhor! – disse eu, enfiando o sabre no ganso. – Asse-o para mim, dona”. Encerra a coletânea com a peça Maria (publicada em 1 935). Em oito quadros, Bábel mostra mais uma vez a sua força narrativa e crítica voraz contra o regime soviético. Sem nunca ter visto sua peça encenada, morre em circunstâncias misteriosas, em 1 941 , sob o jugo da polícia política.
Douglas Pino é supervisor editorial da Coleção UAB-UFSCar.
Biografia* Isaac Emanuilóvitch Bábel nasceu na Ucrânia, a 1 3 de julho de 1 894. Desde cedo familiarizou-se com as línguas e literaturas europeias, que somou a herança iídiche e russa. Passou a infância e adolescência em Odessa, ambiente que descreveria em seus Contos de Odessa. Em 1 91 5, transferiu-se para São Petersburgo e iniciou sua atividade literária apadrinhado por Máximo Górki. Em 1 91 7, após a Revolução de Outubro, alista-se no Exército Vermelho; desempenha tarefas burocráticas até ser designado para o fronte russo-polonês, onde acompanha as unidades de cavalaria cossaca. Essa experiência resultaria nos contos reunidos em Cavalaria vermelha (1 926). Devido às críticas a sociedade pós-revolucionária, atraiu a hostilidade do regime. Esse desencontro com o poder stalinista levou-o ao silêncio durante a década de 1 930 e, finalmente, à reclusão num campo de prisioneiros na Sibéria. Morre em circunstâncias desconhecidas, supostamente em março de 1 941 . *Dados retirados do site da editora Cosac & Naify
ECONOMIA SOLIDÁRIA
Conto, moeda solidária da arte
serviços que não são reconhecidos ou valorizados pela nossa socie-
Livres , sendo eles: LibreOffice, Gimp, Scribus, Firefox e fontes de caracteres livres.
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dade, especialmente os produtos e serviços artísticos. Participe dessa rede, aceite e use o Conto e outras moedas solidárias que já existem. Uma outra forma de economia existe, mais humana, mais justa. Compartilhe essa ideia!
Durante o ano passado, a equipe do Janela Aberta participou de um grupo de trabalho para criação de moedas sociais e outras iniciativas dentro de finanças solidárias, juntamente com a Jemima Murad é artista, mãe, diretora do DCE Livre da UFSCar, miINCOOP (Incubadora de Cooperativas Populares da UFSCar), o coleti- litante do Grupo de Mães Universitárias, cuida da frente de Econovo Massa Coletiva e a equipe organizadora do festival Contato. Den- mia Solidária do Instituto e ainda encontra fôlego para cursar tre outras coisas, foram frutos desse grupo a moeda Marciano e o Gestão e Análise Ambiental. Mais em: www. snvertigo. blogspot. com moeda Contato. Neste ano, 201 1 , o Instituto Cultural Janela Aberta SOFTWARE LIVRE colocará sua moeda social em circulação, o Conto. Moeda social ou solidária é uma moeda paralela criada e Software Livre e cultura administrada por seus próprios usuários, permitindo a explicitação da troca de produtos e serviços. Qual a vantagem do Conto, portanAo se falar de Software Livre ou Cultura é preciso expor o to? A moeda social não propõe um sistema econômico alternativo conceito entendido de liberdade. No meu entendimento, a liberdaao que usamos, mas complementar. Seu valor não está nela próde é o direito ao acesso, à mudança, opinião, divulgação, entre pria, mas no trabalho envolvido para produzir bens, serviços e saoutros, e com o mínimo possível de obrigações. No âmbito jurídiberes. Esta moeda não tem valor em si, como papel, até que se co, é a isenção de todas as restrições, exceto as prescritas pelos comece a trocar produtos e serviços. direitos legais de outrem. A principal vantagem da moeda social é o fortalecimento A Cultura, o conjunto de práticas, pensamentos, símboda rede de comercialização local, aumentando a riqueza que circula los, entre outros itens que podem caracterizar coletivamente as na comunidade, gerando trabalho e renda. Geralmente, essas moepessoas, é algo que só pode ser livre. Sendo livre, vale o esforço das aparecem da necessidade de um grupo de pessoas que não de sempre utilizar apenas programas com código-fonte aberto, os têm uma remuneração (ao menos justa) por uma habilidade especíchamados softwares livres (SL). É uma forma de manter a coerênfica. Serve assim como instrumento de descentralização de renda. cia entre o que se faz e o que se pensa. Além disso, outras pessoas de diferentes segmentos ou áreas, coAlém destas questões filosóficas, há o que mais vale pamo produtores e comerciantes, que apoiam essa ideia/grupo, comera a maioria das pessoas, o que importa, no final das contas. Para çam a fazer parte dessa rede, fazendo a moeda social circular e usuários-finais, é praticamente indiferente o uso. A parte visual ganhar força. muda um pouco e, por mais curioso que possa ser, eles sentem Mas como funciona o Conto? O Conto (C$) tem o mesmo mais dificuldade por estarem acostumadas ao design não muito valor de compra que o Real (R$). Sendo assim C$ 1 ,00 é igual a R$ lógico do Windows. Para profissionais, é importante ter o domínio 1 ,00. Como o intuito da moeda social é a circulação da riqueza losobre suas ferramentas de trabalho, ou seja, os programas que cal, e a não-acumulação de capital, nenhum estabelecimento partiprecisa usar para trabalhar. No caso de muitos usos específicos, é cipante e nem mesmo o Janela Aberta é obrigado a cambiar Contos comum se optar pelo uso de programas que não funcionam tão por Reais, pois é interessante que a moeda passe a ter cada vez bem quanto no Linux. E ainda há de se considerar que o uso de mais aceitação. O Conto será aceito por empresas, coletivos e indiSL exige menos recursos do computador, ou seja, você não precivíduos que participam dessa rede, sendo sua adesão à rede sempre sa ter um computador muito atualizado para poder usar as tecnolivre e consciente. logias, conceitos e designs mais recentes. E como obter Contos? Você pode prestar serviços ao Janela Então, sintam-se convidados à liberdade e ao uso de SL, Aberta e aceitar remuneração em moeda social. Esses serviços poseja pelos conhecidos Firefox, Linux, LibreOffice, GIMP, seja pelos dem ser uma habilidade ou conhecimento seu que o Janela Aberta muito úteis Launchy, Scribus, PDF-Shuffler. Para quem se apega eventualmente precise, podendo estes serem técnicos ou artísticos. ou prefere usar programas do Windows no Linux, experimente o A grande vantagem aqui, é que o Conto, como toda moeda social, WINE. Se não conhecem os programas citados, vale a pena conhereconhece o ser humano como centro das relações de troca. Por iscê-los. so o Conto contribui Esse jornal é 1 00% produzido com Softwares para o pagamento de
Rua 1 5 de novembro, 1 750
fone: 341 3-3800
RESENHA LITERÁRIA
Guilherme Rebecchi é produtor cultural da Musage. com. br e compositor. E-mail: guilherme. rk@gmail. com
fone: 3372-2574 gelo1 5@gelo1 5.com.br
www. cinesaocarlos. blogspot. com
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POEMA
PÁGINA ABERTA
Bucólico
prosa & verso
Quer publicar seus textos ou imagens no Jornal Janela Aberta?
Centauro,
Envie seu material pelo nosso correio eletrônico (instituto@janelaaberta.art.br) ou pelo nosso s ítio (www.janelaaberta.art.br). Os textos serão selecionados pelo nosso conselho editorial levando-se em conta critérios técnicos, temáticos e ideológicos, além do espaço disponível. Todo material selecionado será publicado na seção Página Aberta da próxima edição ou guardado para edições subsequentes.
quisera ser,
POEMA
O diabo virou ermitão
Ter o pensamento livre de qualquer mandante Poucos livros na estante:
Espalharam que o Diabo,
Horácio, Epicuro, Heine, Francis Jammes,
Depois de velho, se fez ermitão.
A Bíblia, o Alcorão, a Divina Comédia, Dom Quixote...
Foi morar nas montanhas do Afeganistão
O Diabo é das vésperas da inauguração do mundo
Deus ditou os Dez Mandamentos a Moisés
a balançar-me as ancas e pocotar livremente as patas pelas trilhas sinuosas dos campos, parques e praças da cidade, sob o sol das manhãs;
Esse eterno e odiado giramundo
Então foi o Diabo que ditou o Alcorão
É o pai da revolução humana
Mas quem mantém a Besta viva é a religião O reino dos céus é do chato, do otário e do cagão, do cagão Dizia o poeta Cazuza num rasgo de inspiração
O Diabo é o pai do rock Quem sabe se o levante que o baniu do céu Não levou Deus a criar a Morte,
Se tudo é verdade,
Que nos faz esquecer de viver
Por que continua a podre humanidade
Há uma grande melancolia no verbo Voltar,
A pôr a culpa de todos os males no Diabo?
Que na verdade ninguém consegue conjugar...
O Diabo sempre foi um anjo mal julgado
Galopar e trotar, cabeça erguida, pensamento distraído, olhos e ouvidos bem abertos, atentos às flores e a música dos sátiros, olfato e paladar aguçados ao viço do capim cheiroso;
Ninguém volta da Morte, que é eterna como o Diabo
Como viverá agora o antigo revolucionário
Eis aí o seu único pecado
Em algum lugar do mundo,
A inteligência humana é estreita
Do jardim da casa de campo onde se refugiou
Ninguém sacou que a palavra “DIABO” quer dizer
Com sua guitarra imaginária toca blues e rock´n´roll,
Liberdade, nunca poder...
Vive o Diabo, simples e tranqüilo,
Quem sacou o lance foi o baiano Raul Seixas
Com todos os sentimentos de paz,
O Diabo é o pai do rock
De ter feito pelo mundo
Enquanto Freud explica
O que nenhum homem faz:
O Diabo dá os toques
Se rebelar contra qualquer poder massacrante
Então, é everybody e rock...
Pastar à sombra das árvores, saciar minha sede nos regatos, e após o repasto, repousar o corpo cansado; mais tarde, contemplar a paisagem no crepúsculo, adormecer e sonhar aventuras com minha cabeça humana entorpecida, o corpo e a alma satisfeitos.
Isaac Soares de Souza é poeta e escritor. Publicou as biografias Raul Seixa, o Metamorfônico (1 995) e Zé Ramalho: o Profeta do Terceiro Milênio (2009). Publicou também vários poemas em jornais e revistas, tendo alguns destes musicados e gravados pela banda Hangar XVIII.
CRÔNICA
Da natureza humana Um dia desses, fiquei surpreso comigo mesmo. Era um dia chuvoso, meio da tarde, cheguei em casa. Levantei manualmente o portão automático e estava a descê-lo quando um rato cinza, de meia-idade, de aspecto selvagem, vindo de algum esgoto ou de um passeio
POEMA
Ganesha-Guarani
Aqueles pés me passeavam de leve, me roçavam a sola ébria. Mãos & coxas & costas. Pele passeando pele. Riso convocando riso. Em casa, no sofá - cúspide da casa 5 exatamente em câncer. Desfila comprido seu corpo seu cabelo (Berenice esconde-se na relva, só o rabinho a mostra no pescoço) Rabiscamos símbolos de carinho pelo corpo percorremos com amor a superfície alheia. Revezamo-nos em descobrir.
Marcelo Vargas é professor de Ciências Sociais na UFSCar, autor de vários artigos e livros nas áreas de Política Urbana e Sociologia Ambiental. É também poeta bissexto, tendo publicado duas coletâneas Incompleta (2008).
de poemas: Árvores e Antenas (1 984) e Toda
Alma Méry é um coletivo itinerante; paulista de origem, nortista de opção - prefere tapioca ao pãozinho; calor ao frio. Estuda o homem, a natureza, as ações e reações. Ainda vai provar que carona e
ecologicamente correto e entrou na varanda de casa e ficou acuado e contraído num canto, se escondendo da chuva. Por um instante tive misericórdia deste ser, tão doce aos meus olhos. Mas depois tive medo, pavor, fiquei estático uns dois segundos e lembrei de onde o rato vem, da sujeira em que ele circula e da possibilidade de ele transmitir doenças. Passei da compaixão por um animal indefeso e discriminado à normalidade e a defesa de minha sobrevivência. Queria mesmo é chutá-lo embora, mas não precisou pois ele obedeceu ao meu olhar e se retirou e entrou em outra casa e lá foi destroçado por um cachorro. E a enxurrada corria e o toró caía. Ainda bem que a Copa do Mundo já tinha acabado.
Agradecemos aos textos enviados por Ricardo Gessner e Eliezer Soares de Souza. Os materiais não selecionados, seja por motivos estéticos, temáticos ou por falta de espaço, serão sempre arquivados e poderão ser publicados em edições subsequentes. Agrademos as participações e pedimos que continuem enviando seus textos.
Igor Salomão é formado em Psicologia pela UFSCar, estuda teologia e tem paixão pela escrita.
AGORA COM NOVOS SABORES! CALABRESA, CARNE SECA E PALMITO PEÇA AGORA E PAGUE COM CARTÃO EM SUA CASA! página 4
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