A ROCHA Portugal Boletim 2014

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BOLETIM

2014

Conservação e Esperança 2

Um pouco de História

5 maneiras de fazer A ROCHA...

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Parte do mesmo corpo

A ROCHA onde vivo

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ÍNDICE Editorial

Conservação e Esperança ......................................................................................3 A ROCHA

Uma organização para servir ................................................................................ 4 A ROCHA

Uma palavra da Direção ..........................................................................................5 A ROCHA

Um pouco de História ............................................................................................. 6 Centro de Estudos

Voluntariado: uma oportunidade .......................................................................... 8 Conservação e Ciência

Estudar para conhecer .......................................................................................... 9 Educação Ambiental

Para pequenos e grandes .................................................................................... 10 Educação Ambiental

O sonho de crescer .............................................................................................. 11 Envolva-se

5 maneiras de fazer a ROCHA melhor ................................................................ 12 Comunidade

Uma história na primeira pessoa ........................................................................ 14 Comunidades Cristãs

Parte do mesmo corpo ........................................................................................ 15 Comunidades Cristãs

A ecologia na Bíblia ............................................................................................... 16 Dicas

Para um melhor ambiente ...................................................................................17 Projetos Locais

Guia para uma ação local .................................................................................... 18 Projetos Locais

A ROCHA onde vivo ............................................................................................... 19 Comunicação e Desenvolvimento

Mais do que cosmética ........................................................................................ 20 A Rocha Life

Observar aves para todos ................................................................................... 21 Intervenção

Pela Ria de Alvor .................................................................................................... 22 Relatório Financeiro 2013

Resultados positivos ............................................................................................ 23

A ROCHA Portugal

Cruzinha, Apartado 41 8501-903 Mexilhoeira Grande Portugal telefone (+351) 282 968 380 email portugal@arocha.org web www.arocha.pt

donativos (nib) 0010 0000 49848750001 52

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Direção

Tiago Branco João Duarte Patrícia Castro Manuel Rainho Ruben Heleno Miguel Rodrigues Conceição Santos

Mesa A.G. Pedro Marques Helena Rogério

Conselho Fiscal Filipe Reinaldo Jorge Mourato Paulo Cardoso


EDITORIAL

CONSERVAÇÃO E ESPERANÇA FAZER O TRABALHO de conservação da natureza, acabando por perceber que não conseguimos resolver todos os problemas sozinhos pode proporciona-nos graus de dispensável frustração mas também um senso de necessária humildade. Começa por ser uma perceção que nos inquieta e nos move a fazer mais, mas precisamos ter a perspetiva correta sobre esse sentimento para nos permitirmos fazer o nosso trabalho adequadamente. A verdade é que, enquanto indivíduos, não conseguimos fazer tudo o que é necessário para contribuir para um planeta mais sustentável, em coexistência com as outras pessoas e com as restantes espécies que partilham o planeta connosco. É suposto que esse esforço seja concertado, que seja feito em grupo, em família, em comunidade, com os cidadãos do mesmo país e, em última instância, com os outros habitantes deste planeta. Esta noção de cooperação já faz parte de vários setores da nossa sociedade, mas o que ainda é pouco entendido é que os esforços humanos, combinados, ainda podem ser limitados para fazer face a tanto que temos pela frente. Há já quem anuncie o ponto de não retorno como uma inevitabilidade ou até uma realidade. Quem trabalha com A ROCHA por todo o mundo conseguem sentir esta frustração latente, presente na nossa sociedade, mas ao mesmo tempo sente a humildade. Começa por ser uma incapacidade em resolver todos os problemas, mas que nos ajuda a ver o potencial de outros nos ajudarem onde nós não conseguimos. Confiamos que Deus vai abrir os olhos dos que ainda não entendem a necessidade de agir.

As nossas ações são demonstração das convicções e cumprem a missão de cuidar do planeta, que foi entregue ao nosso cuidado pelo Criador. Muitas vidas dependem diretamente do que fazemos com este planeta e da forma sábia como usamos os seus recursos sem o destruir. Mesmo enfrentando as profecias dos que anunciam o fim do mundo como o conhecemos, acreditamos que ainda temos um contributo a dar, uma palavra a dizer, uma ação para mudar que dê esperança àqueles que estão a perdê-la.

Andorinha-da-serra Gonçalo Elias

Temos, cada um, ao mesmo tempo, uma dádiva e uma responsabilidade. A beleza extraordinária à nossa volta é também a fonte dos recursos que suportam a nossa vida. Precisamos cuidar e gerir melhor a natureza para que todos tenham o suficiente para uma vida digna, para que a natureza mantenha os ciclos que renovam os recursos à nossa disposição, para conseguirmos preservar a sua diversidade e beleza. É altura de agirmos. E desta vez gostávamos de contar consigo também! Não é possível fazermos tudo sozinhos! João Duarte Diretor Executivo

JOÃO D UARTE Diretor Executivo O João é o Diretor Executivo desde 2013. Antes, já fez parte da Direção e participou com trabalho voluntário no Centro e na área da Comunicação. O seu primeiro contacto com A ROCHA foi em 1990 ainda enquanto estudante de Engenharia Agrícola. O seu compromisso com a conservação da natureza firmou-se quando trabalhou em ciências dos solos como pedologista, na classificação e cartografia de solos. Encara o trabalho com A ROCHA como uma oportunidade de articular a fé cristã de uma forma prática no dia-a-dia e o cuidado da criação como um desafio a ser vivido todos os dias.

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A ROCHA

UMA ORGANIZAÇÃO PARA SERVIR A ROCHA CHEGA a 2014 depois de ter passados por momentos históricos, mas também por alguns mais difíceis que nos levaram a cuidar melhor como a organização funciona. Depois de uma reestruturação, feita em 2009, temos A ROCHA adequada ao trabalho que fazemos e mais bem preparada para enfrentar os desafios seguintes.

Não paramos de sonhar e queremos partilhar este sonho consigo.

O CENTRO A maior parte do nosso trabalho científico, de educação ambiental continua a passar pelo nosso Centro de Estudos e de Interpretação Ambiental, na Cruzinha, onde temos uma comunidade formada por membros da equipa e voluntários. É um bom ponto de partida para entender o trabalho que fazemos, mas também um excelente lugar nos afastarmos da rotina diária, descansar e apreciar a beleza à volta.

N O RESTO DO PAÍS No entanto, nos últimos anos, temos desenvolvido algum trabalho para além do

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Centro, como forma de chegarmos à pessoas que não nos conhecem ou que não têm oportunidade de nos visitar. Com a ajuda de quem já nos acompanha voluntariamente, queremos crescer no coração de comunidades, queremos ajudar cada um a estar consciente dos desafios que enfrentamos e a desempenhar o seu papel na proteção do ambiente, como cidadão responsável. Isso pode ser feito independentemente da idade, do género, da situação profissional ou de professar uma fé. Também acreditamos que isso é melhor feito quando é feito em conjunto no seio de uma comunidade, que a mudança é mais duradora quando a comunidade se junta para a fazer acontecer.

SERVIR JUNTOS Temos a consciência das nossas limitações mas também do caminho que pode ser feito a começar já hoje. Não paramos de sonhar e queremos partilhar este sonho consigo. Queremos que faça parte desta mudança. Vamos juntar-nos?


A ROCHA

UMA PALAVRA DA DIREÇÃO O ANO DE 2014 MARCA o fim de um ciclo para A ROCHA Portugal. Os últimos anos foram marcados por um exercício muito intencional de mudança e reorganização de uma estrutura que se mantinha ainda desde a criação da associação na década de 80. Foi criada uma nova estrutura organizacional munida de novos estatutos e de um novo regulamento interno. A direção e a estrutura executiva foram renovadas. Foram também desenvolvidas novas ferramentas de gestão, capazes de assegurar a transparência e o rigor indispensáveis à participação em projetos financiados e à prestação adequada de contas perante doadores e parceiros. Paralelamente, foram criadas as bases legais para a criação de novas áreas de atividade que permitam a geração de novas fontes de receitas.

uma missão como esta nem sempre é fácil e exige uma grande humildade e constante reavaliação. Não se trata apenas de subsistir em termos financeiros para continuar a poder travar as mesmas lutas de sempre contra a destruição – inexorável – do ambiente. Proclamar o amor de Deus implica perceber e viver tudo, mesmo tudo, numa dimensão do Reino, conforme os ensinos de Jesus.

Na última fase deste exigente processo de renovação, concentrámo-nos nas criação de novas plataformas e ferramentas de comunicação que, esperamos, nos deixarão muito mais próximos de todos vós.

É esta a razão da existência d’A ROCHA e a nossa principal motivação para tudo o que fazemos, seja o trabalho em conservação e investigação científica, a educação ambiental, a luta pela proteção de habitats, os contributos para uma teologia do ambiente, ou simplesmente as vidas envolvidas em comunidade no nosso centro.

Acreditamos que agora estão criadas as condições para que possamos cumprir ainda melhor a nossa missão de proclamar o amor de Deus por toda a Criação através de projetos de estudo e conservação do ambiente, da educação e de cooperar com as comunidades, promovendo uma visão integral, sustentável e redimida da vida em sociedade. Para uma associação ambiental, ser fiel a

A nossa missão desafia-nos a olhar e compreender tanto os grandes desafios atuais da humanidade, como os nossos próprios desafios – sejam eles profissionais, institucionais, associativos, particulares ou pessoais – à luz do que a nossa fé proclama - o amor ao Deus Criador e o amor e cuidado ao próximo.

A nossa missão desafia-nos a compreender tanto os grandes desafios atuais da humanidade, como os nossos próprios desafios.

Se partilha dos nossos valores, se acredita na nossa visão, então envolva-se e caminhe connosco! A ROCHA quer caminhar consigo – palavra de Direção! Tiago Branco Presidente da Direção

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A ROCHA

UM POUCO DE HISTÓRIA A ROCHA começou conceptualmente na cabeça do Peter e Miranda Harris, quando ele era pároco de uma igreja anglicana, no norte de Inglaterra. Os primeiros passos práticos já foram tomados em Portugal, mais propriamente no Algarve, em 1983, com a chegada dos Harris. Os primeiros trabalhos concentraram-se em recolher dados de campo em várias zonas do Algarve, para determinar quais as mais ricas em termos de avifauna, como indicadores de qualidade ambiental das mesmas. Os trabalhos de campo começaram a revelar a qualidade ambiental da Ria de Alvor e foi aí que foi decidido assentar o trabalho. Simultaneamente fez-se prospeção no mercado imobiliário para encontrar uma casa adequada a tornar-se o Centro deste trabalho. A casa também foi encontrada e adquirida, apesar de algumas peripécias, de forma fantástica, bem no coração da Ria de Alvor. Mas ainda foram necessárias obras de melhorias e adaptações para que uma grande casa de férias se pudesse transformar numa casa preparada para receber cientistas e grupos escolares. O Centro abriu ao público na primavera de 1987, numa casa conhecida localmente como Cruzinha.

O Centro abriu ao público na primavera de 1987, numa casa conhecida localmente como Cruzinha. Por essa altura Mark Bolton, um recém-licenciado em zoologia da Universidade de Cambridge, já se tinha juntado à equipa e os traba-

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lhos científicos tiveram um impulso. A formação em anilhagem científica de aves e os trabalhos de campo para o Atlas das Aves Invernantes do Barlavento Algarvio, estavam a decorrer a bom ritmo. Ao longo dos anos diferentes pessoas foram-se juntando à equipa. Algumas por períodos pequenos de semanas a meses, outras por anos. Assumindo que seremos injustos ao não nomear todas as pessoas envolvidas, não podemos deixar de referir Colin Jackson, um grande entusiasta e impulsionador da anilhagem n’A ROCHA. Will Simonson que alargou o âmbito da investigação para a botânica, com trabalhos muito relevantes na altura e que anos mais tarde se mostrariam cruciais para a proteção ambiental da Ria de Alvor. Adrian Gardiner, que nunca fez parte da equipa oficial mas em que as suas muitas visitas e o seu compromisso com o estudo das aves e dos insetos, em particular das traças, expandiu também a área de trabalho científico que fazemos. Por último não podemos deixar de referir Rosário Pereira, uma recémlicenciada em biologia marinha, que foi a primeira portuguesa a juntar-se à equipa oficial em 1990 e deu início às primeiras ações de educação ambiental com os alunos das escolas locais. O desenvolvimento de contactos com portugueses com vista a que estes assumissem a liderança formal do trabalho d’A ROCHA, começou muito antes mas só em 1993 foram dados passos muito

concretos. Em janeiro de 1993 é registada A ROCHA – Associação Cristã de Estudo e Defesa do Ambiente. Desde o início que o objetivo era iniciar um trabalho e passá-lo a uma liderança portuguesa, madura e capaz de dar continuidade ao projeto e a família Harris regressa-

ria ao Reino Unido para continuar o seu ministério pastoral. Afinal Deus tinha outros planos… O lançamento, no mercado britânico, em 1992 do livro Under the Bright Wings por Peter Harris, que contava a história dos primeiros anos d’A ROCHA, da visão, dos seus objetivos, da postura da igreja perante as questões ambientais entre outros tópicos, fez com que muitas pessoas, de vários pontos do globo, entrassem em contacto


com o autor manifestando o seu desejo de ver A ROCHA implantar -se nos seus países. Ainda em 1993, uma consulta internacional que juntou vários contactos a nível internacional, decorreu no Reino Unido, para decidir qual seria o futuro d’A ROCHA. A consulta confirmou que era o momento de A ROCHA se internacionalizar. O casal Harris não iria voltar ao Reino Unido e o seu papel seria o de trabalhar na implantação da organização noutros países, tendo para isso que sair de Portugal.

Em 1995, depois da saída do casal Harris, Mark Bolton, entretanto casado com a Jane, substituíramnos na liderança do trabalho no Centro. Os dois dirigiram o trabalho do Centro até finais de 1999, tendo atingido níveis de excelência, tanto no trabalho científico como educacional. Durante os meses de janeiro a agosto de 2000, George e Jan Reiss assumiram a liderança interina da Cruzinha, enquanto a Direção

Em setembro de 2000, Marcial e Paula Felgueiras foram os primeiros portugueses a assumir a liderança. procurava novos diretores para o Centro, que desta vez se pretendia que fossem portugueses. Em setembro de 2000, Marcial e Paula Felgueiras foram os primeiros portugueses a assumir a liderança. Inicialmente sobre todas as áreas de trabalho, e a partir de 2001, sendo assistidos na área científica e de relações públicas pelo casal Will e Rachel Simonson. O trabalho científico ganhou estrutura e internacionalizou-se ainda mais enquanto a educação ambiental atingiu um nível de profissionalismo e maturidade, fruto de vários anos de investimento e da dedicação das várias pessoas envolvidas no mesmo, nomeadamente o Filipe Jorge e posteriormente a Isabel Soares. Os atentados ambientais que aconteceram na Ria de Alvor em 2006 e depois a crise económicofinanceira que assolou o mundo a partir de 2008 foram dois momentos difíceis, mas aproveitámos a oportunidade para reestruturar A ROCHA, equipando-a de uma estrutura mais adequada aos novos desafios. Procurámos crescer também noutros pontos do país, a par do desenvolvimento do trabalho no Centro e no Algarve. Foi criado o cargo de Diretor Nacional, assumido por Tiago Branco. A ROCHA desenvolveu a sua capacidade de intervenção e de colaboração com outras organizações ambientalistas nacionais. Fruto das constrições

orçamentais e da oportunidade várias vezes confirmada junto de visitantes nossos foi iniciado um departamento dedicado ao ecoturismo, promovendo visitas guiadas de observação de aves. Durante os anos de 2006 a 2013 A ROCHA esteve pela primeira vez envolvida em processos judiciais, relacionados com os atentados ambientais. Em particular, liderou uma plataforma de organizações ambientais que lutou pelo restabelecimento de habitats protegidos e das áreas de espécies protegidas, destruídos na Ria de Alvor. O processo judicial administrativo veio a determinar a reposição dos habitats destruídos e das espécies removidas, uma decisão inédita no direito ambiental em Portugal. Atualmente A ROCHA está a participar numa outra plataforma de organizações ambientalistas pela preservação da Lagoa dos Salgados e áreas vizinhas, com uma participação na ação legal que ainda decorre.

A ROCHA no mundo A nível internacional A ROCHA está presente formalmente em 20 países dos cinco continentes, todas as organizações nacionais com o mesmo nome, numa homenagem às origens portuguesas da organização e à cultura de relacionamentos e cuidado uns com os outros. Aconselhamos a consulta do site A ROCHA Internacional (arocha.org) para saber mais informação sobre o trabalho desenvolvido no resto do mundo. Foto: Benjo Cowburn

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CENTRO DE ESTUDOS

VOLUNTARIADO: UMA OPORTUNIDADE

A nossa identidade está indelevelmente marcada pelo que outros contribuíram para a nossa vida. Somos o que somos porque muitas pessoas voluntária e sacrificialmente deram de si mesmas para nos ajudar a chegar mais longe, sem receberem nada em troca, muitas vezes nem um simples obrigado. Seriamos muito menos sem a sua dádiva. A ROCHA recebe voluntários desde o seu início. Não há qualquer dúvida que devemos muito da nossa capacidade produtiva, desde ciência, artes, educação e serviço, aos contributos dessas pessoas. Muitos voluntários veem nessa oportunidade um enriquecimento curricular e profissional e recebemos regularmente candidaturas, principalmente de fora de Portugal. Vêm por um período mínimo de duas semanas até um ano, e quando vêm de longe, ficam alojados no nosso Centro. Um voluntário trás consigo uma cultura, um país, uma perspetiva sobre a vida, as suas experiências e capacidade de trabalho e uma história pessoal que a todos enriquece. Quando um voluntário entra na nossa equipa acrescenta-nos diversidade e recebe o mesmo de volta.

A experiência de voluntariado é acima de tudo uma oportunidade de aprender: conhecer os outros e a si próprio, aprender ou ensinar novas técnicas e acrescentar à sua experiência de trabalho. É também uma oportunidade de serviço à sociedade e o que não falta são oportunidades. Os voluntários d’A ROCHA ajudam nos trabalhos de campo, registam dados de trabalhos de investigação no computador, ajudam no cuidado do jardim, na preparação de materiais para a educação ambiental, pintam paredes, reparam coisas que se partem, cozinham, lavam a loiça e entre outras tarefas. Divertem-se enquanto aprendem, ajudam, partilham, conhecem, crescem e ajudam a crescer.

O que A ROCHA cresceu deve-o muito às centenas de voluntários que teve ao longo dos anos.

A ROCHA tem dado esta oportunidade a muitos jovens que cresceram como ambientalistas ou investigadores ambientais, mas não nos esquecemos que o que A ROCHA cresceu, produziu e o conhecimento ambiental que acumulou nestes anos, deve-o muito às centenas de voluntários que teve ao longo dos anos. A todos muito obrigado! Marcial Felgueiras Diretor de Operações

M ARCIAL FELGUEIRAS Diretor de Operações O Marcial coordena todas as operações de conservação da natureza, que A ROCHA desenvolve, e ainda as atividades do Centro de Estudos, na Cruzinha, desde setembro de 2000. O seu primeiro contacto foi numa visita ao Centro em 1987 e cuidar do ambiente e das pessoas que dele fazem uso tornou-se uma missão de vida. Começou a trabalhar oficialmente para A ROCHA em 1992, sob a liderança dos fundadores, Peter e Miranda Harris, logo que concluiu o curso em Engenharia Agrícola. Tem o mestrado em Engenharia Agronómica e está a fazer Doutoramento em Gestão Interdisciplinar da Paisagem.

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CONSERVAÇÃO E CIÊNCIA

ESTUDAR PARA CONHECER A investigação científica e a monitorização foram desde sempre os grandes pilares do trabalho de conservação que A ROCHA faz. Ao longo dos anos desenvolvemos um conjunto de procedimentos científicos que conduziram a um vasto registo biológico. A informação compilada deu-nos um conhecimento único dos locais estudados.

Envolver e encorajar as comunidades locais a participarem no esforço de conservação.

Aliamos a investigação científica à educação ambiental, criando uma interface entre as duas que nos permite tornar a ciência mais acessível a todos. Desta forma o nosso trabalho científico assenta numa visão mais alargada e inclusiva ao envolver e encorajar as comunidades locais a participarem no esforço de conservação. A existência de um Centro de Estudos – a Cruzinha – aberto durante todo o ano e uma equipa residente que pode oferecer hospitalidade, supervisão e formação é um outro ponto forte no trabalho desenvolvido.

Além disso, contamos ainda com o conhecimento científico disponível na comunidade mais alargada de pessoas que acompanham e apoiam o trabalho que fazemos, seja o apoio de cientistas em Portugal ou noutros países, como o Reino Unido, onde A ROCHA tem firmado estas ligações com a comunidade científica.

Alma-de-mestre

Para nós este trabalho está na base do que fazemos porque é essencial para conhecer, gerir e preservar as espécies e habitats das zonas onde fazemos trabalho, mas é impossível separar isso da esperança que o nosso contributo junto com os contributos de outros nos permita cuidar da criação e honrar a responsabilidade que nos foi conferida pelo Criador. Paula Banza Diretora do Departamento Conservação e Ciência

P AULA B ANZA Diretora da Ciência e Conservação A Paula coordena o trabalho de Conservação e Ciência desde 2011, mas tem estado muito envolvida como Educadora Ambiental e na gestão partilhada do Centro de Estudos – Cruzinha – no Algarve, desde 2000. A sua ligação com A ROCHA recua ao estabelecimento da Cruzinha como Centro de Estudos. Ela gosta da conjugação entre a ciência, a conservação e a educação ambiental no seu trabalho e de fazê-lo numa comunidade. É professora de Biologia e Geologia, com Mestrado em Biologia da Conservação e tem em curso um Doutoramento em Biologia.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

PARA PEQUENOS E GRANDES A ROCHA tem desenvolvido o seu programa de Educação Ambiental, para chegar todas as pessoas independentemente da sua idade, nacionalidade. Desde 1991 que procuramos promover uma consciência ambiental que imprima mudanças nas atitudes e comportamentos e se reflita em novos hábitos de vida mais sustentáveis e amigos do ambiente.

identificação de espécies animais e vegetais, os ecossistemas, as energias alternativas, a agricultura biológica, a reciclagem e a compostagem.

O foco principal do nosso trabalho são a comunidade educativa regional e as muitas pessoas de outras nacionalidades que visitam ou vivem no Algarve. Todos os anos recebemos a visita de cerca de 1000 estudantes e professores e de outros 1500 visitantes adultos, maioritariamente estrangeiros. Em parceria ou individualmente, nós temos levado a cabo atividades planeadas de acordo com os conteúdos programáticos de cada grau de escolaridade. Temos sempre o objetivo de complementar o que é aprendido na sala de aula, proporcionando experiências onde os alunos adquiram conhecimentos e técnicas novas. Também queremos aproximar os professores e educadores da comunidade científica, ajudando-os nas abordagens, metodologias e divulgação dos seus projetos científicos, despertando-os para as possíveis aplicações científicas com os seus alunos e sensibilizando-os para a importância das saídas de campo na sua componente lúdica, relacional e educacional. A ROCHA tem o seu Centro de Interpretação aberto todo o ano, disponibilizando atividades que estão direcionadas desde o jardim de infância à universidade e que nos auxiliam a compreender coisas como: a importância das migrações, da preservação e conservação dos habitats utilizados pelas aves migratórias e o papel da Ria de Alvor neste processo, as relações entre espécies, a

Nestes anos já criámos muitas parcerias, algumas das quais ainda ativas, como as que temos com os Agrupamentos de Escolas de Lagos e Portimão, os municípios locais, a Administração da Rede Hidrográfica do Algarve, o Centro de Formação Rui Grácio e a Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica, entre outros. Estas parcerias são essenciais, criando uma rede de cooperação, onde a educação ambiental chega a um público mais alargado. Sonhamos continuar a despertar o interesse nas pessoas, para que ao conhecerem o que os rodeia, aprendam a respeitar, estimar e cuidar de um património natural único, precioso e necessário.

Temos sempre o objetivo de complementar o que é aprendido na sala de aula.

Isabel Soares Diretora do Departamento Educação Ambiental

ISABEL SOARES Diretora de Educação Ambiental A Isabel coordena o programa de educação ambiental desde 2001, tendo antes começado por trabalhar como assistente de diretor em 1998. A sua ligação com A ROCHA começou em 1987 depois de uma visita ao nosso centro, na Cruzinha. Ela gosta particularmente de viver e trabalhar em comunidade, do contacto com os outros e com novas culturas. Estudou Engenharia Agrícola na Universidade de Évora e lecionou durante dois anos matemática e ciências no 2º e 3º ciclos.

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O SONHO DE CRESCER Melhorar a Educação Ambiental que fazemos é um processo contínuo no nosso trabalho, mas em algumas ocasiões os saltos de qualidade podem ser grandes! É isso que esperamos quando conseguirmos ter o nosso novo Centro de Interpretação Ambiental. Estamos a dar passos concretos para que esse dia com que sonhamos chegue. O nosso sonho é podermos disponibilizar um Centro de Interpretação de qualidade para a região de Portimão e Lagos, onde a educação ambiental prestada às comunidades da região e às pessoas que nos visitam seja ainda melhor.

O nosso sonho é podermos disponibilizar um Centro de Interpretação de qualidade para a região de Portimão e Lagos. lupas óticas, microscópios e kits de análise para alargar o seu conhecimento sobre o que os rodeia, tomando contacto com exemplos concretos do que procuramos conhecer e proteger. Queremos ter uma sala de conferência e de projeção onde possamos organizar conferências, seminários e ações de formação para professores, monitores e alunos. Queremos ter uma biblioteca, videoteca, computadores ligados à internet, disponibilizando um bom acervo para consulta e preparação de projetos escolares. Será um espaço multiusos ao serviço da região.

flickr.com/photos/schepers/

Queremos que cheguem à sala de exposições e fiquem impressionadas com a biodiversidade da Ria de Alvor ou com o efeito que o nosso estilo de vida tem no planeta, por meio de exposições permanentes, sazonais ou temáticas. Queremos receber as pessoas para fazerem oficinas de fabrico de sabão caseiro, de reciclagem, de fornos solares ou compotas e doces regionais. Queremos organizar sessões de laboratório para turmas inteiras onde possam usar Sempre procuraremos dar uma experiência fora de portas, complementando a sala de aula, em contacto com a Ria de Alvor, observando no local as espécies e ecossistemas que valorizam ambientalmente esta região, mas o Centro de Interpretação será uma melhoria para recebermos bem as pessoas que nos visitam, ajudando-nos na divulgação e no ensino das ciência do ambiente. Será uma alternativa viável para as vezes em que a meteorologia não permita a saída de campo e um bom complemento para muitas escolas que não dispõem de equipamentos semelhantes. O novo Centro será uma grande a ajuda para disponibilizar a cada visitante várias formas de descobrir e aprender sobre o ambiente, os valores naturais na região e sobre como pode participar na sua proteção. Estamos a trabalhar para realizar este projeto e para com ele servirmos melhor quem visite a Ria de Alvor e A ROCHA.

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ENVOLVA-SE

5 MANEIRAS DE FAZER A ROCHA MELHOR 1. Ser membro A ROCHA tem crescido muito pelos contributos de pessoas que procuram entender as implicações da sua fé na vida das pessoas e do planeta que nos suporta. Essas são oportunidades de ouvir a experiência e o conselho, de aprendermos juntos e de servir, procurando um caminho de uso sustentável para um planeta com recursos limitados e com uma população crescente e cada vez mais ávida. Como associação, queremos que este caminho seja feito lado a lado, com pessoas diferentes na sua experiência, formação, cultura, ideias mas unidos no entendimento de que Deus nos deu esta responsabilidade do cuidado pela criação. Temos mantido laços informais com pessoas que se identificam com o trabalho que fazemos, mas neste momento queremos convidar cada um a reconhecer o valor do seu contributo e a considerar ser membro d’A

ROCHA. Queremos procurar quem se interessa pelo nosso trabalho com o desafio de ser membro, de participar nas perguntas que fazemos, no desafios que abraçamos e no que decidimos e construímos. É de pessoas assim que somos feitos.

Q UEM PODE SER MEMBRO? Os nossos estatutos indicam que “são membros da associação as pessoas, singulares ou coletivas, que partilhem da sua visão, e que estejam de acordo e subscrevam a sua missão, os seus valores, os seus fins e objetivos, e cujo ingresso seja aprovado pela Direção.”

O QUE ESPERAMOS DE SI? Como membro da nossa associação, gostaríamos de ter a sua participação ativa nas atividades que lhe são abertas pelos estatutos. Para se tornar membro pedimos que faça a sua inscrição e o pagamento de uma quota anual de 30€. Com a concretização desse compromisso está também a participar no nosso programa dos Amigos d’A ROCHA, com alguns benefícios associados.

O QUE PRECISA FAZER? Só precisa entrar em contacto connosco para podermos formalizar esta ligação consigo.

2. Ser amigo T ODOS PRECISAMOS DE AMIGOS

Cruzinha

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A ROCHA tem construído muitas amizades… Temos visto pessoas, às vezes famílias, a chegar e a partir, deixando memórias do companheirismo e da partilha. Para além do descanso e convivência que encontram na Cruzinha, é o cuidado pela natureza que as move a estar connosco, ajudando voluntariamente nas diversas atividades realizadas.

Quanto à Terra sabemos, agora mais do que nunca, que precisa de bons e fiéis amigos. Vivemos atualmente uma crise ambiental profunda: destruição sem paralelo da sua biodiversidade e uso insustentável dos seus recursos limitados. E os amigos? Esses precisam da Terra e de organizações como A ROCHA, para que o nosso habitar seja sustentável nesta “rocha” da qual todos dependemos.

A MIGOS D’A ROCHA Esta é uma amizade que cuida, que guarda e que se quer também como parte importante da resposta de uma geração aos maiores desafios que se lhe colocam, de modo a garantir a todos um mundo melhor. A sua participação como Amigo d’A ROCHA inicia um compromisso de parte a parte. Contribui para um fortalecimento dos laços que nos unem em torno da cuidado do ambiente e o seu donativo ajudará


a conseguirmos fazer melhor o nosso trabalho. Mais detalhes de como podemos desenvolver a nossa relação em www.arocha.pt/pt/envolva-se/ser-amigo/

Alguns projetos necessitam particularmente de voluntários que vivam perto, noutros recebemos voluntários de outros países. Vários dos nossos voluntários aproveitam as experiências de maior duração, normalmente associadas a programas de intercâmbio como o Serviço de Voluntariado Europeu e outras oportunidades que permitem alguma compensação financeira. A ROCHA conta internacionalmente com um número cada vez maior de centros de estudos, e todos recebem visitas. Algumas pessoas usam o centro como base para o seu próprio trabalho de campo, enquanto outros vêm para conhecer melhor o nosso trabalho. Procura emprego? A maioria dos membros das equipas A ROCHA foram inicialmente voluntários – uma boa forma de conhecer A ROCHA e de entendermos onde melhor consegue trabalhar.

Pôr-de-sol na Ria de Alvor © Dan Tay

Se pensa que as suas aptidões podem ser úteis para o trabalho que fazemos, por favor, contactenos!

3. Ser voluntário

4. Dar

Fazer trabalho voluntário é uma oportunidade de contribuir de forma desinteressada, mas mesmo assim permite ganhar experiência profissional que pode ser útil aquando da candidatura a um emprego.

O seu donativo será aplicado no desenvolvimento do trabalho d'A ROCHA Portugal!

Aqui acolhemos vários tipos de voluntários, normalmente de curto ou médio prazo, desde alguns dias a algumas semanas ou meses. Recebemos voluntários com formação e capacidades variadas, mas com disponibilidade para nos ajudar na execução de tarefas, desde as mais científicas ou técnicas, como preparar amostras, anilhar aves, fazer a monitorização de espécies ou a introdução de dados, até às mais simples e recorrentes, como manutenção de equipamentos e instalações ou cozinha.

• Cheque emitido a favor de A ROCHA • Numerário no nosso escritório Comunique-nos o donativo que pretende fazer em www.arocha.pt/pt/envolva-se/dar/

B ENEFÍCIOS FISCAIS Para podermos emitir o documento comprovativo do seu donativo para juntar à sua declaração de rendimentos, agradecemos que nos indique os seus dados de identificação (nome completo e NIF). Os donativos são deduzidos ao abrigo do mecenato ambiental (EBF art.º. 62º e 63º).

5. Receber Subscreva a nossa newsletter para receber as últimas notícias sobre o trabalho que A ROCHA está a fazer, comodamente no seu email. Escolhemos algumas notícias do que mais interessantes aconteceu ao longo do mês para se manter atualizado. Também pode acompanhar-nos através dos perfis que temos nas redes sociais. Siga a nossa atividade para acompanhar mais regularmente as nossas novidades. Assine em www.arocha.pt/pt/envolva-se/receber/

Com o seu apoio será possível desenvolver atividades que nos vão ajudar a conhecer melhor espécies e habitats que ainda precisam do nosso cuidado e mas também a passar este conhecimento e valor a pessoas que querem aprender como cuidar melhor do planeta em que vivem, para nele fazerem uma diferença. O seu contributo conta muito!

COMO? Para nos ajudar a ir mais longe no que fazemos pode fazer o seu donativo por • Transferência bancária para o NIB (BPI) 001000004984875000152

Melro-azul © P. Ham

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COMUNIDADE

UMA HISTÓRIA NA PRIMEIRA PESSOA avistar uma borboleta noturna de cor creme e com padrões prateados nas asas. Uns caranguejos tão engraçados quanto esquisitos correm na areia húmida do estuário. Até na realidade cruel da morte de uma pega-azul juvenil a história pode ser encontrada. Mas a maior parte do tempo, histórias extraordinárias estão a ser contadas durante atividades normais do dia-a-dia: enquanto se cortam as cenouras para o jantar, quando duas pessoas ficam na cozinha a lavar a loiça, durante uma daquelas refeições longas e tipicamente portuguesa, sentados à volta da mesa para comer, brincar e rir. Nestes momentos, coisas banais tornam-se realmente interessantes. Sentimos bem as diferenças, mas também encontramos com que nos identificar. Numa comunidade como esta, cada pessoa é uma coleção de histórias. Construídas pela sua experiência pessoal e formaEu gosto mesmo de histórias. Para mim não há nada melhor do que uma história bem contada. E a Cruzinha é uma excelente fonte para novo material. Com uma coleção de pessoas de todo o mundo, as histórias estão por todo o lado. Às vezes em sítios de cortar a respiração, durante o trabalho de campo, enquanto apanhamos almas-de-mestre numa falésia durante a noite, com a luz brilhante da Lua a refletir no mar escuro e o som das ondas revoltas a embaterem nas rochas. Outras vezes encontramo-las durante uma das celebrações, quando a casa está cheia de gente desconhecida e me reconheço subitamente nas experiências partilhadas por um completo estranho. Muitas vezes as histórias que encontro estão relacionadas com a natureza. Algo que parece inevitável quando estamos num centro de estudos ambientais… Se vives com pessoas que fazem observação de aves é impossível não ser afetado pelo seu entusiasmo sobre a Felosa-listada que acabaram de ver no jardim atrás de casa. Já para não falar que a beleza natural está por todo o lado. Na velha oliveira consigo

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Numa comunidade como esta, cada pessoa é uma coleção de histórias.

das pelos outros com quem se cruzam. Algumas destas histórias podem parecer insignificantes demais para serem contadas, por serem vulgares, simples demais para chamar a atenção de alguém. Mas numa comunidade diversa como esta, o normal pode tornar-se revelador e inspirador. Quando ditas na altura ou lugar certo, estas histórias tornam-se preciosas e cheias de significado para mim, tal como a pessoas que as partilhou comigo. Esther Brouwer Voluntária


COMUNIDADES CRISTÃS

PARTE DO MESMO CORPO TODOS NÓS vivemos em comunidades. A saúde de cada comunidade vai depender da coesão do grupo enquanto vive, trabalha, se diverte e participa na vida em comunidade. As igrejas são o corpo de Cristo em cada comunidade local. Acreditamos que as comunidades cristãs desempenham um papel fundamental na transformação das nossas comunidades mais alargadas, quer espiritualmente quer em questões práticas. A ROCHA Portugal tem uma visão de ver a igreja portuguesa a viver o evangelho e a ser ativa na missão divina que incluí a partilha da nossa fé com outros e estar envolvido no cuidado da criação. Sonhamos com comunidades que compreendem a importância da investigação científica, da educação ambiental e projetos de conservação baseados na comunidade. Desejamos apoiar a igreja local com recursos para a educação ambiental e teológica, num trabalho desenvolvido em parceria. O desafio que recebemos de Deus para cuidarmos da Terra (na Bíblia, livro de Genesis 1:28) ainda é o nosso desafio para hoje. Comunidades cristãs são o local perfeito para continuar este desafio e procurar caminhos para levar a cabo esta tarefa juntos. Imaginamos que cada igreja tome a sua comunidade local como o local para começar a mudar a forma como olhamos para a Terra e como a tratamos e o que nos motiva a fazê-lo. Como vamos conseguir fazer tudo isto? Conseguimos mesmo influenciar a nossa comunidade local? Conseguimos fazer uma diferença? E em nossas casas? De que maneiras podemos envolver as nossas famílias? Queremos trabalhar de mãos dadas com comunidades cristãs para que as respostas às perguntas difíceis que estamos a enfrentar hoje relacionadas com o ambiente sejam perguntadas e trabalhadas em conjunto. Ninguém deve ter de fazer a sua caminhada de fé sozinho, nem a resposta para o cuidado da criação será encontrada individualmente. A igreja funciona melhor quando funciona em unidade, como o Corpo de Jesus Cristo.

© John Busby

Estamos a criar uma série materiais de estudos bíblicos para pequenos grupos (de todas as idades), seminários, mas também pacotes de recursos que deem às comunidades ideias práticas de como viver de forma amiga do ambiente. Temos algumas pessoas disponíveis para falar com comunidades cristãs sobre como cuidar da criação de Deus, apoiados na teologia e na ciência. Juntos conseguimos construir comunidades que sejam mais fortes, mais saudáveis e mais sustentáveis. Connie Main Duarte Diretora de Comunidades Cristãs

CONNIE M AIN D UARTE Diretora de Comunidades Cristãs A Connie procura envolver as igrejas no diálogo sobre o cuidado da criação. Conheceu A ROCHA, por meio de amigos que começaram a trabalhar no Centro. A sua paixão pela criação de Deus amadureceu, até fazer parte da sua vida e sentir a necessidade de a partilhar com outros. Em 2010 integrou a Direção até assumir as funções atuais em 2013. A melhor parte de trabalhar com A ROCHA é a de ajudar outros a compreender como integrar a sua fé em todas as áreas da sua vida… incluindo o cuidado pelo ambiente. A Connie tem um bacharelato em Estudos Interculturais, licenciatura em Gestão de Empresas e um mestrado em Liderança e Gestão.

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COMUNIDADES CRISTÃS

A ECOLOGIA NA BÍBLIA EKKLESIA, LOGOS E ECOLOGIA (igreja, palavra e ecologia) combinam-se num projeto inovador e necessário que visa a sensibilização dos cidadãos em geral e a mobilização das comunidades cristãs para a problemática da crise ambiental a partir de uma revisitação dos valores fundadores da nossa identidade comum. Este roadshow tem estado presente em várias cidades portuguesas, tendo no centro uma exposição multimédia e interativa combinando a sabedoria revelado em textos bíblicos com a ecologia. Devem os cristãos preocuparem-se com questões ecológicas? Será que a nossa fé cristã nos deve levar ao cuidado do nosso planeta? Há esperança? Que pensam outras organizações ambientais sobre o envolvimento dos cristãos e das igrejas nestes assuntos? Estas são algumas das

perguntas que podemos levantar e cujas respostas se vão encontrando ao longo da exposição. O mote “Planeta azul, Palavra viva, Igreja verde” é complementado por uma série de iniciativas de animação bíblica, cultural e de educação ambiental para visitantes, grupos, famílias e comunidades cristãs.

Eklogia é o resultado de uma parceria entre A ROCHA e a Sociedade Bíblica. Estas iniciativas promovem o debate e a reflexão sobre o tema, assim como um olhar renovado e uma nova atitude para com a natureza.

V ERA RAINHO Coordenadora da exposição Eklogia A Vera é responsável pela Coordenação Executiva do Eklogia desde 2010, mas iniciou o seu trabalho voluntário em 2009. A conexão entre o cuidado ambiental e a sua fé passou a ser entendida e assumida de forma mais convicta e intencional nos últimos anos, resultado da experiência vivida n'A ROCHA e no Eklogia. A possibilidade de desenvolver relacionamentos com pessoas comprometidas com o próximo e, consequentemente, com o meio ambiente, tem sido para ela inspirador e desafiante.

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DICAS

PARA UM MELHOR AMBIENTE COZINHA

P ASSEIO EM FAMÍLIA

Tape os tachos e panelas quando está a cozinhar, sem tampa o gasto de energia é quatro vezes maior. Baixe o lume depois de atingir a fervura pois esta mantém-se mesmo com o lume no mínimo.

Leve a sua família para passeios ao ar livre. Aprenda a apreciar a natureza, as aves, os insetos, as plantas. Leve um guia de campo e registe o que vê. Ensine os seus filhos a respeitar a natureza.

T RABALHO Sempre que possível utilize transportes públicos para ir para o trabalho ou partilhe o carro com colegas. Leve uma caneca para o trabalho e não utilize os copos de plásticos para beber café ou chá. Reutilize o papel sempre que possível.

IGREJA flickr.com/photos/diliana/

COMPRAS Faça uma lista das compras que quer com antecedência. Assim evita comprar aquilo que não planeou e não precisa. Habitue-se a ler as etiquetas para saber onde os produtos foram produzidos. Estará a estimular a produção de alimentos que tiveram menos consumo de energia para o seu transporte.

JARDIM OU VARANDA

Evite o uso de copos e pratos descartáveis para poupar tempo de lavagem. Se não os usar estará a consumir menos plástico e produzir menos resíduos. Aproveite a lavagem da louça para uma conversa.

E M VIAGEM Verifique regularmente se os pneus do seu carro estão devidamente cheios e se o carro está bem afinado. Um carro em boas condições gasta muito menos combustível.

Informe-se sobre as plantas que está a plantar para evitar espécies exóticas, especialmente se forem invasoras. Estas plantas propagam-se com facilidade e competem com plantas típicas da nossa região ou país (autóctones).

flickr.com/photos/diliana/

Regue as plantas do seu jardim ao fim do dia ou início da manhã, quando a temperatura é mais baixa, pois evita perda de água por evaporação.

Sempre que possível compense a sua produção de dióxido de carbono. A ROCHA tem um parceiro em www.climatestewards.co.uk para o efeito. Consiste numa quantia especifica que permitirá a aplicação de medidas de compensação do dióxido de carbono emitido para a atmosfera, por exemplo, através da plantação de árvores. flickr.com/photos/52421717@N00/

A trepadeira “bons-dias” é invasora

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PROJETOS LOCAIS

GUIA PARA UMA AÇÃO LOCAL PENSAR COMO A ROCHA pode contribuir numa comunidade para um melhor ambiente, pode começar por uma reavaliação simples do que estou eu a fazer para essa diferença. Estas são algumas ideias que pode usar onde vive.

1. COMEÇAR EM CASA

Um caminho novo se foi abrindo, na sociedade e na academia, na igreja e na vida de muitos.

Parece óbvio, mas quando temos falta de tempo, podemos fazer ajustes dentro de casa que dão um bom contributo para reduzirmos o nosso impacto no ambiente e passarmos a apreciar mais a natureza que temos à nossa volta. Podemos separar o lixo, reduzir o consumo de água, eletricidade e gás, podemos passar menos tempo em frente a um ecrã e mais tempo a passear ao ar livre, a apreciar as plantas e animais que partilham o planeta connosco, quem sabe até aprender mais sobre eles. Podemos dar mais algumas dicas se quiserem.

2. M ELHORAR LOCALMENTE É fácil encontrar muitas oportunidades para nos envolvermos, à nossa família, vizinhos e amigos no cuidado ambiental. Viu uma fuga de água na rua? Um terreno público está cheio de lixo? Uma árvore grande e antiga está em perigo? Uma zona verde está constantemente suja por cães? Existem formas de poder dar o seu contributo nestas e noutras situações e tornar mais agradável a zona onde mora ou trabalha.

3. JUNTAR COM OUTROS Na sociedade em que vivemos, cada um cuida de si e é pouco comum envolvermos outros na nossa vida. Mas abrir um pouco a porta pode ajudar-nos a encontrar novos amigos com quem podemos partilhar interesses comuns, como a proteção do ambiente. Podemos dar um passeio num parque junto com vizinhos, organi-

zar a limpeza de uma mata com amigos e acabar a fazer um piquenique ou partilhar com outros as formas de alertar as autoridades para atentados ambientais. Não são só formas de aproveitar a natureza e contribuir para a sua conservação, são oportunidades de as fazermos juntos e começarmos a desenvolver a comunidade a que pertencemos.

4. V IRAR PARA A COMUNIDADE Uma boa parte do trabalho já está a ser feito quando fazemos muitas das atividades informalmente com a nossa família ou amigos. Mas conseguimos conceber que à nossa volta, todos os dias, nos cruzamos com outras pessoas que têm interesses semelhantes mas não conseguem ainda integrar isso no seu modo de vida? Com um pouco de ousadia podemos abrir a outros as atividades que fazemos, podemos convidá-los a juntarem-se a nós em passeios agradáveis na natureza, ou numa tarefa que ajude a tornar a vizinhança mais limpa e agradável de usufruir. Porque não divulgar uma iniciativa com amigos e pedir a eles que a divulguem também? Se correr mal, acaba por ser uma atividade em família ou entre amigos, mas se correr bem está a incluir outros e, quem sabe, começar um grupo local com A ROCHA!

5. R ECEBER APOIO A ROCHA, por todo o mundo, tem tido muitas iniciativas que começaram num bairro, entre amigos e vizinhos, e nós queremos muito ajudar pessoas a terem impacto local, a fazerem uma diferença onde vivem e trabalham. Se acha que precisa de alguma orientação sobre como pode contribuir e ajudar os outros a interessarem-se, nós podemos apoiar. Entre em contacto connosco!

JÚLIO R EIS Coordenador do grupo local em Alcobaça O Júlio é pioneiro de um grupo local d’A ROCHA Portugal, onde procura envolver a sua comunidade num estilo de vida mais consciente e cuidadoso com o ambiente. Tomou contacto com A ROCHA em 1992, quando conheceu os seus fundadores, Miranda e Peter Harris. Em 1993 visitou o centro da Cruzinha e acabou por lá passar a lua-de-mel! Desde então A ROCHA tem sido uma paixão. É o webmaster para A ROCHA Internacional desde 2000 (voluntário até 2002). Motiva-o a redescoberta da fé cristã em combinação com o cuidado com a natureza.

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PROJETOS LOCAIS

A ROCHA ONDE VIVO No grupo local em Alcobaça temos feito trabalho bastante variado. A nossa região tem várias paisagens bem distintas, desde o mar à serra dos Candeeiros, com algumas zonas de grande valor ecológico que deviam ser preservadas. Quem sabe, um dia? Entretanto, procuramos desenvolver algumas atividades para quem nesta zona tenha gosto pela natureza e queira fazer alguma coisa pelos espaços de que gostamos.

Já fizemos recolhas de lixo. É uma atividade muito fácil de implementar convidando alguns amigos, até porque as Juntas de Freguesia ou a Câmara sempre colaboram, fornecendo sacos. Toda a gente se diverte, passamos uma manhã diferente, e deixamos uma praia ou uma mata mais limpa, bonita e agradável de usar. As plantas da nossa terra devem ser mais valorizadas! Por isso, o ano passado começámos um viveiro de plantas para fomentar a utilização de plantas autócto-

nes. Basta algum espaço, alguma terra e vasos feitos com garrafões de plástico. Apanhar as sementes é fácil, basta ir a uma mata, mas é importante fazer uma identificação correta das espécies para escolher as que são típicas da nossa região. Agora que as plantas já cresceram, vamos plantá-las em locais públicos, para todos as poderem apreciar. Mas Alcobaça também tem algumas árvores antigas e bonitas, mas que não são valorizadas nem se encontram protegidas. Então, escrevemos para o ICNF propondo que fossem consideradas Arvoredo de Interesse Público. Já conseguimos a proteção de uma árvore, e temos mais de uma dúzia em apreciação. É fácil, basta enviar email com a descrição da árvore e a localização, mas nós geralmente dizemos também porque achamos que devem ser protegidas: pela idade, pelo tamanho ou outra razão. Entretanto também pedimos também à Câmara Municipal que crie um estatuto de Arvoredo de Interesse Municipal. Uma coisa que sempre faz falta na conservação da natureza são dados de base que nos ajudem a estudar o queremos proteger. Por isso, colaboramos com o Censo de Aves Comuns da SPEA e com o projeto INVADER de mapeamento de plantas invasoras da Universidade de Coimbra. Recomendamos este vivamente: é fácil colaborar, seja pelo computador ou com um smartphone Android.

As plantas da nossa terra devem ser mais valorizadas!

Como dinamizador do grupo tento desenvolver atividades ambientais que me deem gosto fazer. O que me motiva pessoalmente neste trabalho é gostar da natureza, achar que tem tudo se integra com a minha fé cristã, o lado social do trabalho em grupo e a minha família, que alinha sempre nestas atividades! O nosso grupo tem dado passos pequenos, mas seguros… e vamos continuar! Júlio Reis Coordenador do Grupo Local em Alcobaça

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COMUNICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

MAIS DO QUE COSMÉTICA Lançámos recentemente o nosso novo site e renovámos a nossa newsletter. O momento em que se carrega num botão, e o trabalho de toda a equipa passa a estar à disposição de todos, envolve sentimentos de alegria, gratificação, alívio e de responsabilidade. Não queremos que seja uma simples operação de cosmética, antes queremos que estas ferramentas nos ajudem a comunicar melhor. Temos razões para o fazer e nem sempre as aproveitamos. De fato, mais do que terminar um projeto, esse momento é o começo de um caminho de interação e diálogo com quem nos apoia, com quem segue o nosso trabalho ou com quem nos está a contactar pela primeira vez. É a nossa oportunidade de explicarmos o trabalho que fazemos e o que nos motiva a fazê-lo. É a nossa oportunidade de convidar outros a juntarem-se na defesa da natureza enquanto procuramos garantir um futuro sustentável para as pessoas e para o planeta. Gostamos do trabalho que fazemos mas isso tem mais impacto quando outros sabem, conhecem o valor do que está a ser feito, se juntam, com as suas ideias e capacidades, e reforçam o número dos alimentam as mesmas motivações. Enfrentamos muitos desafios, onde habitats e espécies valiosas e raras correm o

risco de desaparecerem se não conseguimos juntar as forças a amigos e parceiros. Precisamos dar a saber dessas situações e das oportunidades para unirmos em defesa de um planeta que não é nosso mas está ao nosso cuidado.

Novo site

Mas também pensamos no futuro e nas possibilidades de um trabalho frutífero. São sonhos que não podem ser abafados. Têm de ser partilhados. Estes sonhos são alimentados da esperança, de que se fizermos o nosso melhor no que está ao nosso alcance, confiamos que Deus nos ajudará a encontrar as oportunidades para que outros se juntem a nós, e também eles participem no cumprimento desses sonhos. Não será surpresa olharmos para trás e verificarmos que os resultados são muito mais do que a soma do que conseguiríamos fazer sozinhos. Podemos ter boas ferramentas, mas é o que fazemos com elas que conta. João Duarte Diretor Executivo

N UNO A LEXANDRE Webmaster O Nuno é o nosso webmaster desde o início de 2012. Juntou-se à nossa equipa com o objetivo de renovar as nossas interfaces de comunicação e de assegurar todo o suporte de serviços tecnológicos. Estuda Engenharia Informática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e conjuga os estudos com o trabalho com A ROCHA. Sentiu-se identificado com o cuidado com a natureza e com o uso ponderado dos recursos naturais, e considera um verdadeiro privilégio poder contribuir profissionalmente no trabalho cheio de significado d’A ROCHA.

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A ROCHA LIFE

OBSERVAR AVES PARA TODOS A OBSERVAÇÃO DE AVES é um negócio em crescimento em Portugal e A ROCHA está a acompanhar a procura com uma oferta variada e de qualidade. Há uns anos atrás, tínhamos alguns amigos e conhecidos a pedirem para os guiarmos em passeios, especialmente para fazer observação de aves. Vimos na prestação desses serviços uma boa forma de complementar e diversificar as fontes de receitas, uma vez que a crise económica refletia-se numa redução dos donativos que recebíamos. Começámos por criar o departamento de EcoServices que desenvolveu os primeiros serviços de ecoturismo. O sucesso destes programas, levounos a avançar com a criação de uma empresa – A Rocha Life – que nos permite ter uma ação mais adequada ao mercado e considerar outras oportunidade de negócio.

Dunas de Alvor © Guillaume Réthoré

Esperamos em breve fortalecermo-nos no setor da animação turística e poder dar passos concretos nas áreas de investigação e desenvolvimento, formação e consultoria. Até lá estamos a procurar fazer o nosso caminho de forma sólida, oferecen-

Cotovia-de-poupa © Charlie Sargent

do uma boa qualidade do serviço e promovendo a preservação do ambiente, valores alinhados com A ROCHA.

O BSERVAÇÃO DE AVES Neste momento, para observação de aves, temos três programas: Aves! Aves! Aves! – uma semana intensa de observação de aves onde conseguimos observar cerca de 120 espécies – Aves e descontração! – um semana um pouco menos intensa onde há espaço para aproveitar um pouco do Algarve – e os dias, ou meio-dia, de observação, com um destino diferente para cada dia da semana. A única coisa que podemos prometer é que em qualquer um dos programas as pessoas têm desfrutado cada viagem, visto aves belíssimas, muitas delas pela primeira vez nas suas vidas e saem clientes, e amigos, sempre satisfeitos com a experiência. Marcial Felgueiras Diretor de Operações

G UILLAUME R ÉTHORÉ A ROCHA Life O Gui visitou A ROCHA pela primeira vez como voluntário do Serviço Voluntário Europeu em 2007. Em seis meses revelou qualidades extraordinárias na observação de aves, que o levaram a envolver-se em diversos trabalhos de monitorização e a obter a credencial para anilhagem científica de aves. Depois de uma passagem pelos Estados Unidos e França, regressou a Portugal para participar no desenvolvimento do departamento “EcoServices”, dedicado à organização de eventos de Turismo de Natureza. Tem licenciatura em Biologia e Mestrado em Recuperação de Ecossistemas, com especialidade em zonas húmidas. É um excelente guia de natureza, de acordo com a grande maioria dos clientes.

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INTERVENÇÃO

PELA RIA DE ALVOR

A nossa motivação o trabalho de "intervenção", como normalmente é designado, não tem apenas a ver com os valores naturais ameaçados ou com a importância ecológica dos habitats ou espécies em questão. Outros valores estão envolvidos, não menos importantes. Quando uma zona protegida se torna alvo da cobiça dos construtores e de promotores imobiliários, valores como a sustentabilidade, o planeamento territorial a longo prazo, o serviço às populações, a transparência, a verdade e, muitas vezes, a legalidade são também sacrificados nestes processos. Por isso, quando defendemos e lutamos pela manutenção do estado de conservação de algum local, na verdade, estamos a lutar por muito mais do que a biodiversidade, lutamos por valores de verdade e de justiça. A Ria de Alvor, pela sua grande beleza natural e pelo facto de ser uma das poucas zonas ainda não urbanizadas na costa do barlavento algarvio é desde há muitos anos alvo de grande especulação. Nos últimos anos, temos empenhado uma enorme quantidade de trabalho e esforço para que a Ria de Alvor seja um exemplo de como é possível desenvolver um local, respeitando o ordenamento do território nas zonas protegidas e preservando a enorme riqueza ambiental, que serve não só as populações, mas também todos os

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serviços que ali se instalem. Tem sido uma batalha extremamente árdua e desgastante, mas temos conseguido vitórias muito importantes não só para a Ria de Alvor, mas também para o direito ambiental em Portugal. Sabemos bem que esta luta – pela Ria de Alvor e por muitos outros sítios – na verdade, nunca acabará, mas o nosso papel é apenas sermos fiéis aos valores da nossa missão: uma visão integral, sustentável e redimida da vida em sociedade. . Tiago Branco Coordenador da Campanha da Ria de Alvor © Guillaume Réthoré

Desde que A ROCHA começou e estabelecemos o nosso centro de estudos e comunidade na Ria de Alvor, que o cuidado e a proteção de locais importantes em termos de biodiversidade é uma das nossas prioridades.

SALGADOS Ao longo do último ano, A ROCHA foi convidada a associarse a outras ONGA, nossas parceiras, na luta pela preservação da Lagoa dos Salgados e das áreas naturais adjacentes. Este é mais um exemplo de uma zona onde procuram sacrificar a sua enorme beleza e importância ecológica para os promotores obterem dividendos rápidos e fáceis. Também nesta nova frente somos motivados pelo desejo de contribuir para o alargamento de horizontes no planeamento territorial, junto do poder local e regional, e de ajudar na descoberta de um novo paradigma de desenvolvimento que não repita os erros que, no passado e recentemente, destruíram o litoral algarvio.


RELATÓRIO FINANCEIRO 2013

RESULTADOS POSITIVOS Terminar o ano com resultado positivo, nos dias que correm é motivo para celebrar, mas sabemos que não podemos descurar o cuidado com que fazemos a gestão dos fundos que temos se queremos levar a cabo os nossos objetivos.

Custos Amortizações 1%

Outros 8%

Financiamento 0%

Mercadorias 11%

CONTAS O ano de 2013 encerrou com um resultado líquido de 6 845,98 €. É um resultado obtido em circunstâncias especiais, depois de termos assegurado o financiamento completo das obras que tínhamos planeadas para o Centro. Isso permitiu fazer a renovação das partes mais necessitadas do edifício sem sacrificar as áreas mais importantes da nossa atividade.

Pessoal 34% Serviços externos 46%

No ano de 2013, gerimos cerca de 150 000 €. A maior fatia deste orçamento foi consumida pela contratação de serviços externos (46%) – onde se inclui as obras de renovação do Centro – e pelos custos com pessoal (34%). No que respeita às receitas, a prestação de serviços (29%), que inclui as receitas de alojamento, e os subsídios e donativos (29%) foram ultrapassados por outras fontes (41%) pela atribuição do valor para investimento nas obras de renovação.

Receitas Juros 0% Outros 41%

No entanto, o desafio de manter de forma sustentável a atividade que A ROCHA desenvolve, e a própria organização, continua a ser tão premente como era. Estes resultados positivos são trabalhados continuamente, preparados com bastante tempo de antecedência, para darem frutos nos anos seguintes.

A GRADECIMENTO É com gratidão profunda que reconhecemos o investimento que muitos têm feito, até sacrificialmente, para garantir que A ROCHA continua a ter os meios necessários para fazer o seu trabalho. Também não podemos ignorar que muito do apoio que nos chega é provisão de Deus, que orienta muitos corações a serem generosos connosco.

Vendas 1% Serviços 29%

Subsídios 29%

cebendo que fazemos muito com recursos que não são nossos, que estes simplesmente são colocados à nossa disposição para os usarmos com sabedoria. Se quiser saber mais sobre as necessidades que temos e sobre formas como pode ajudar-nos financeiramente teremos todo o gosto em lhe fazer chegar mais informação e falar consigo.

Procuramos honrar quem nos apoia com uma gestão cuidadosa desses recursos e perseguindo a excelência no que fazemos. Procuramos cultivar humildade per-

Faça parte do que fazemos! Sem o seu apoio muitas dos nossos projetos e atividades não seriam possíveis. O seu donativo ajuda-nos a fazer melhor o nosso trabalho! A ROCHA NIB 0010 0000 49848750001 52

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A NOSSA MISSÃO Somos uma organização de âmbito nacional, dedicada à proclamação do amor de Deus por toda a Criação através de projetos de estudo e conservação do ambiente, da educação e cooperação com as comunidades, e da promoção de uma visão integral, sustentável e redimida da vida em sociedade.

A NOSSA VISÃO Ecossistemas restaurados e comunidades por todo o mundo reconhecendo a relevância da fé cristã para a ação ambiental.

OS NOSSOS VALORES C RISTÃO Somos uma organização de inspiração cristã, cuja motivação fundamental da sua existência e atividade deriva da sua fé num Deus vivo, que criou o mundo e o confiou ao cuidado do Homem.

© L. Harland

C ONSERVAÇÃO Somos uma organização dedicada ao estudo e à conservação da natureza, contribuindo para a restauração do mundo natural e para a educação das comunidades.

C OMUNIDADE Somos uma organização que reconhece a centralidade das relações humanas redimidas por Cristo em todos os aspetos da sua atividade. Como resultado desta compreensão, a organização procura estabelecer compromissos de longo prazo para com as comunidades locais, privilegiando em todas as suas atividades a experiência e perspetiva comunitárias.

T RANSCULTURAL Somos uma organização que tem um carácter intercultural, procurando mobilizar experiências provenientes de diferentes contextos culturais.

C OOPERAÇÃO Somos uma organização que, numa afirmação de interdependência, procura a cooperação com outras pessoas e organizações que partilham os mesmos objetivos, indepen-

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© Dave Bookless


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