HISTÓRICO
O Bosque dos Buritis, inicialmente denominado Parque dos Buritis, foi proposto no plano original de urbanização de Goiânia (1933-1938), de Attílio Corrêa Lima. No plano, Attílio posicionou a Praça Cívica como centro administrativo da cidade, afim de receber os prédios públicos administrativos federais, municipais e estaduais (COSTA,2016). A praça cívica é o núcleo central doplanoparaotraçadourbanodacidade, de onde convergem as principais avenidas como aAraguaia, Tocantins e a Goiás. Diniz (2007) explica que o plano foi condizente comsuaformaçãonoInstitutodeUrbanismo daUniversidadedeParis,recebendoinfluencias da arquitetura neocolonial integrada com alguns traços da arquitetura modernista.Ribeiro(2010,apudMOTA,2014O)destacatambémqueAttilio,adotouparaoprojeto o modelo de cidades-jardins de Howard, adequando o mesmo de acordo com as condiçõesdeclimaetopografiadacidade. No plano, Attílio delimitou áreas verdes e áreas para reservas ambientais que correspondiama14%da áreaurbanizada:
“[...] Embora só muito mais tarde poderá a administração transformar essas matas em parques, nem por isso poderá dispor delas para outros fins que não os previstos” (LIMA, 1937, p. 144).
A concepção do Parque dos Buritis, a oeste da Praça Cívica, foi proposta inicialmente com área de 40h (400.000 m²), afim depreservaraáreadanascented’águado CórregoBuritizal,ecriandoumlagorecreativo (MOTA, 2012). O estudo de concepção parao Parque dos Buritis (Figura 1) foi traçado nos moldes clássicos com caminhos, pequenos lagos, pontes e cascatas (DINIZ, 2007,p.140).
“O Buritizal, localizado na extremidade da Rua 26, será transformado em pequeno parque. Para isso será necessário drená-lo, conduzindo as águas para o talweg, em canal descoberto tirando partido deste para os efeitos de pequenos lagos decorativos. Este parque que denominado dos Buritis se estenderá por faixas ao longo do talweg e medirá 50 metros para cada lado deste, no mínimo, formando o que os americanos denominam de parkway”
(MONTEIRO, 1938, p.144 apud DINIZ, 2007).
Assim, ao propor as áreas verdes, CorreaLimaprocurouestabelecerumarelação entre a ocupação do solo e as dimensões da própria cidade, levando em conta as barreiras existentes: os cursos d’água. A escolha do sítio foi reforçada por ser mais plano e de fácil abastecimento de água para a construção da cidade. Além disso, um cinturão verde seria o delimitador de desenvolvimento e limites urbanos da cidade, visando orientar seu crescimento e ordenamentoterritorial(MOTA,2012p.3).
As primeiras intervenções no Parque dos Buritis começaram a ocorrer em 1940, com a valorização da área entre Goiânia e Campinas, vários loteamentos foram lançados. Assim, o parque deixou de ser um dos limites da área urbana e se mantendo apenas como áreaverde. Com o passar do tempo, o bosque sofreu várias modificações,perdendo consideráveispartes de sua área original que foram doadas a instituiçõesdeensinopeloGov.Estadual(Figura2), além da perda de várias espécies vegetais existentes, alterando assim as funções originaisdoparque(MOTA,2012).
AcriaçãodoSetorOestecontrariouoplano, que “[...] seria erguido somente após a década de 1950, através de concurso nacional” (FERREIRA JÚNIOR, 2007 apud MOTA,2012),comoDecreto-leinº574,de12 de maio de 1947 o projeto foi aprovado e o Parque dos Buritis perdeu cerca de 70% de sua área original, (AMMA, 2005) resultando nodesenho atual.
Na década de 60, a degradação da área do bosque foi alavancada pelo surgimento de novas apropriações, como a instalação de uma feira livre que, junto aos moradores despejavamlixoeateavamfogonoscapinzais do bosque nos períodos de seca (O Popular, 1977). De acordo com essa matéria, o Gov. Estadual teria doado mais uma área do Bosque para a construção de um colégio de freiras. Embora o colégio não tenhasidoconstruído,aáreafoidesmatada ecercada(Figura3).
Figura 4 - Imagem aérea da década de 1970 apresentando as ocupações do Bosque dos Buritis. Fonte: MOTA, 2012.
Figura 5 – Projeto do arquiteto Fernando Chacel para o Bosque dos Buritis, 1972. Fonte: MOTA, 2012.
Figura 6- Situação da área do Bosque dos Buritis em 1992. Fonte: MOTA, 2012.
Já nos anos 70, foram construídos no interiordoparqueasededaSuperintendência das Obras de Pavimentação Asfáltica da Capital (PAVICAP) e um edifício da COMURG, que funcionava como almoxarifado para os trabalhadores responsáveis pelalimpezadolocaleseusarredores(Figura4)(MOTA, 2012).
Nofimdadécadade1970,aadministração municipal propôs um projeto de paisagismoparaarecuperaçãodoBosquedos Buritis, idealizado por Fernando Chacel (Figura5).ApropostadeChacelpreservava alguns princípios de Correia Lima em relação a preservação da mata ciliar, além de incluir intervenções paisagísticas e urbanísticas que o parque necessitava para seu uso como espaço público. Foram propostos também caminhos internos e externos para caminhada, plantio de novas árvores, instalação de mobiliário urbano, tratamento do córrego e a criação de um parque infantil. (CHACEL, 1972 apud MOTA, 2012). Chacel considerava o edifício da Assembleia Legislativa um elemento estranho ao parque, o isolando com a proposta de instalação de alambrados. Paralelamente a esse projeto, O Instituto Municipal de Planejamento coordenava a construção de um novo equipamento no interior do bosque, chamado CasadaCultura(MOTA,2012).
A área destinada a Casa da Cultura
foidesmatadaeasestruturasforamlevantadas,porémelanuncafoiconstruída.Olocal passou a ser chamado pela imprensa como “buraco da cultura”, e acabou se tornando um local de marginalidade e despejo de lixo.
A proposta de Chacel também não foiimplantada,porémresultounoplantiode mais de 600 espécies de árvores, bancos, passarelas, o parque infantil e uma área de calçamento de aproximadamente 10.000 m²,sendo construído um lago no localdestinado a Casa da Cultura, aproveitando as váriasnascentesdeáguaexistentes.
O edifício da Superintendência de Pavimentação e Obras da Capital (PAVICAP), construído para receber o Hospital dos Funcionários, nunca foi implantado, foi desativado, e passou a receber um novo uso cultural, sendo instalado nele o Museu de Arte de Goiânia (MAG) e o Centro Livre deArtes(CLA).
Na década de 90, a administração municipal realizou diversas alterações no local. O córrego foi despoluído e foi instalado um jato d’água com alcance de 50 metros de altura no lago, passando a ser chamado Lago da Fonte. Foram criados dois novos lagos, novas mudas de árvores foramplantadas,opoliciamentofoireforçado e o prédio da COMURG foi demolido (Figura6).
Figura 7: Planta do Projeto de Intervenção do Bosque dos Buritis, 2008, sem escala. Fonte: MOTA, 2012.
Em 1994, o Bosque dos Buritis juntamente com o Bosque Botafogo, o Jardim Botânico, Cabeceira do Areião e Lago das Rosas foramtombadospeloDecretonº2.109de13 de setembro. No caso do Bosque dos Buritis, o tombamento significou a proibição da construção de novos edifícios. Em 1999, o Bosque dos Buritis foi eleito pela população como o lugar mais aprazível de Goiânia através do concurso promovido pela Secretaria de Turismo, o tornando o cartão postal da cidade (DIÁRIO DA MANHÃ, 1999 apud MOTA, 2012), titulo recebido novamente em 2005 por concurso promovido pelo Banco Itaú.
Em 2005, a AMMA (Agência Municipal do Meio Ambiente) desenvolveu o Plano de Manejo, um instrumento de gestão e planejamento e gestão para o bosque, estabelecendo diretrizes para promover a recuperaçãodasáreasdegradadaspelasatividades humanas,protegerasnascentesdocórrego dos Buritis, recuperar e conservar o ambiente,noquedizrespeito,aosolo,vegetaçãoe
água, facilitar e promover a pesquisa científica e o monitoramento da área como forma de se conhecer melhor os recursos naturais protegidos, incentivar projetos artísticos e culturais, possibilitar oportunidades para recreação e turismo e promover o encontro da população urbana, com a natureza (AMMA, 2005 apud MOTA, 2012).
Em2008,oBosquedosBuritisrecebeuaintervenção proposta pela administração municipal (Figura7), de acordo com o Plano de Manejo:
O objetivo do projeto estava centrado nas questões ambientais. Os edifícios tiveram suas fachadas reformadas, porém não houverammodificaçõesquedemonstrasseuma nova abordagem do poder público sobre o espaçopublicocomocenáriodemanifestações culturais (SERPA, 2007 apud MOTA, 2012). A intervenção também foi responsável pela reforma das calçadas, pela substituição do alambrado por uma mureta, a melhoria do paisagismo e a renovação de todoomobiliáriodo parque.
ENTORNO
Quando se trata do entorno do parque,percebemosqueobosquesetorna um divisor entre um local residencial (setor oeste) e o restante de seu entorno que possuiusospredominantementecomerciais.
Ao percorrer o trajeto do entorno do bosqueénotórioatentativadosprédiosresidenciais criarem uma espécie de caminho paraoparqueincentivandoosmoradoresa usufruírem do mesmo ao passo que a falta de pertencimento, barreiras físicas e até segurançado parquecriaumabarreiraque impede os moradores de se apropriarem do bosquedosBuritiscriando fortalezasresiden-
ciaiscomvistasprivilegiadasnaRua1. A Avenida Assis Chateaubriand juntamente com a Alameda dos Buritis formam barreiras de velocidade entre o bosque e a porçãocomercialquecircundaessasavenidas se tornando um local de difícil percurso apé.
Setratandodenúcleos,identificamos locais que formam um conjunto político, educacional, cultural/histórico que se conecta ao parque. A localização do parquefazomesmoumelementoconector entreessesnúcleosmasinfelizmenteapopulação usufruipouco.
Política Comércio Cultural Educacional Residencial EdifíciosAntigos
Água Vegetação MarcosHistóricos PontosRelevantes
viasarteriais viasexpressas
viascoletoras
Mapa das vías utilizadas por todas as linhas de ônibus que passa pela Praça Cívica, destacando a importância e dependência da praça no dia a dia de quem utiliza o transporte público.
PONTOS DE ÔNIBUS
O centro de Goiânia é uma região de extrema importância para a cidade, seja pela sua história, pelas atividades sociaiseeconômicasoupelasuarelevânciacomocentroadministrativodomunicípio. Entretanto, essa relevância também traz consigo uma série de desafios que afetamdiretamentea mobilidade urbana nacapitalgoiana.
A dependência do centro da cidadeparaalocomoçãoéumdosmaiores desafios enfrentados pelos moradores e visitantes de Goiânia. A Praça Cívica, em especial, é o ponto de convergência de diversas linhas de ônibus que fazem as ligações entre as regiões norte, sul, leste e oeste da cidade. Como resultado, essa região acaba sendo muito movimentada ecaóticadurantetodoodia.
Aotodo são42 linhasdeônibusque passadiariamentepelocentrodacidade.
002-CircularCentro
003-SantaCândida/CapãoRaso
004-Boqueirão/CampoComprido
006-CircularCentroCívico
007-CircularPraçaOswaldoCruz
008-CircularCarlosGomes
013-Centenário/CampoComprido
017-Portão/SantaRita
018-Pinheirinho/CampoComprido
019-CIC/Portão
023-VilaHauer/SantaRita
027-VilaTorres/Cabral
029-Cabral/RuiBarbosa
035-VilaFormosa/Cabral
042-VilaSandra/Rui Barbosa
164-CIC/PUC
167-Cabral/CIC
168-ÁguaVerde/CIC
169-Barigui/PUC
170-Portão/Campo Comprido
175-Pinhais/RuiBarbosa
180- VilaOsternack/CapãoRaso
187- CampoComprido/CapãoRaso
193- VilaIzabel/Capão Raso
225- BomRetiro/RuiBarbosa
257- JardimMercês/RuiBarbosa
261- Boqueirão/Cp.Comprido(Anti-horário)
262- Boqueirão/Cp.Comprido(Horário)
268- VilaVerde/RuiBarbosa
269- Hípica/RuiBarbosa
270- SantaQuitéria/RuiBarbosa
277- InterbairrosII
400- InterbairrosIV
401- Madrugueiros
405- Boqueirão
406- CircularSul
601- Pinheirinho/RuiBarbosa
602- CampoComprido/RuiBarbosa
603- VilaGuaíra/RuiBarbosa
919- Rui Barbosa/Praçado Japão
920- Rui Barbosa/CristoRei
BOSQUE
Ao adentrar no parque, percebemosqueeleéumrespiroemmeioàmovimentação, calor, permeabilidade e dinâmicadocentrodeumacidade.Dentrodo bosque a temperatura é mais amena, as perspectivas se tornam mais permeáveis pela presença da vegetação, água nos lagos, caminhos com paralelepípedos e o trajetoobrigaapassagemmaislentapelo pedestre.
O parque oferece uma estrutura propícia para a permanecia de longo tempo em atividades lúdicas e de apreciaçãodoespaço.
ATIVIDADES
OBosquedosBuritiséumaáreaverde extremamente bem localizada, cercada por prédios residenciais, que oferece um espaço amplo e gratuito para desfrutar do lazer ao ar livre. São diversas as possibilidades de atividades disponíveis, desde caminhadas e circuitos de bicicleta ao redor dos lagos, até momentos de relaxamento em um piquenique, meditando ou até mesmo tocandoalguminstrumentomusical.
Além disso, há a opção de utilizar a academia ao ar livre para praticar exercícios,levaroseupetparapassearousimplesmentecontemplarosmonumentosespalhados pelo terreno enquanto saboreia uma deliciosa pipoca. É um lugar perfeito para aproveitar um momento tranquilo em meio ànatureza,semprecisarseafastar muitoda cidade.
MAG CLA ORQUIDÁRIO
OMuseudeArte deGoiâniafoifundado em 1970 e conta com exposições permanentesetemporáriasalémdereceber eventos com palestras. O museu fica aberto todos os dias da semana em horáriocomercial.
No mesmo edifício do MAG também funciona o Centro Livre de Artes que possui cursos de instrumentos musicais, artes Artes Cênicas e Práticas Corporais, Artes Visuais e Oficina Integrada. O Centro Livre de Artes funciona nos turnos matutinoevespertino.
Em anexo há o Orquidário que funcionatambémemhoráriocomercial.
Esse edifício com as suas três instituiçõesselocalizamdentro doparquevoltado para rua 1. O fato de estar inserido no parque gera uma ambiência tranquila e propicia para aprendizado. O parque se conecta com o edifício através de suas aberturasesalasdeaulasvoltadasparao parque. Apesar da movimentação, notamos que a população não usufrui do bosquecomoparteintegrante doedifício.