Centro Universitário 7 de Setembro Trabalho final de graduação
CORDEL HOSTEL
Valorização da cultura cearense no bairro Jacarecanga
Larissa Araujo Conegundes
Larissa Araujo Conegundes
CORDEL HOSTEL
Valorização da cultura cearense no bairro Jacarecanga
Trabalho de conclusão de curso em Arquitetura e Urbanismo apresentado ao Centro Universitário 7 de Setembro, UNI7, como requisito para a obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Professor Doutor Jober José de Souza Pinto.
Fortaleza 2020
Larissa Araujo Conegundes
CORDEL HOSTEL
Valorização da cultura cearense no bairro Jacarecanga BANCA EXAMINADORA
Dr. JOBER JOSÉ DE SOUZA PINTO (ORIENTADOR)
IGOR LIMA RIBEIRO (CONVIDADO INTERNO)
MILENA RIBEIRO BEZERRA (CONVIDADA EXTERNA)
Fortaleza 2020
Mais uma importante fase se encerra, depois de 6 anos muitas alegrias e choros, e nada disso seria possível sem a ajuda de Deus em primeiro lugar, a razão de tudo e pelo qual não teria escolhido essa profissão nem conseguido chegar até aqui.
Deus foi tão bom que colocou em meu caminho uma família maravilhosa, pela qual sou grata eternamente, meus pais, José e Marizeth, e meu irmão Lucas, que entre alegrias, noites mal dormidas, mal humor e conquistas estiveram ao meu lado, me amando incondicionamente, me confortando e oferecendo ajuda ou apenas um copo de café. Também um agradecimento especial e merecido ao meus amigos da célula,se eu citar cada um dá outro livro, que aguentam cada chá de sumiço meu e me recebem de volta sempre com o mesmo carinho, amo vocês de todo meu coração. Meu amigo futuro designer Júlio, por estar sempre disponível, me ajudar e comer muita pizza, e ser o autor da capa deste trabalho.E agradecer meu amigo da TI Rasmus, que mesmo na dinamarca me ajuda, obrigada pelas conversas e por me ajudar no desespero com um computador para rodar todos os programas e fazer esse trabalho possível. Uma lembrança especial também a minha amiga Gabriela Ellen, por seu amor incondicional, todas as
AGRA DECI MEN TOs broncas e carinhos, todas as risadas e momentos juntas, por sempre acreditar em mim. Um agradecimento aqueles que desde o inicio dessa jornada chamada faculdade estiveram presente, ou foram cativando ao longo do caminho, Bárvara Texeira, Edvar Rocha, Glecyslane Coelho, Hélady Maria, Thaline Lima e Yuri Milhomens, por cada momento junto, trabalhos e noites viradas, ver a evolução de vocês e o tão sonhado diploma alegra meu coração. Luana e Nathália, por participarem também de todas as loucuras e serem ao roomates e apoio durante essa caminhada, sou grata por tudo. Por fim e não menos importante um agradecimento ao todos os professores, coordenadores e funcionários da UNI7, que diviriram momentos únicos e conhecimento, em especial ao Dr. Jober, que não sou orientou esse trabalho mas que me ensinou muito ao longo desses anos. e alunos que não citei o nome, mas que também contribuiram ao longo do curso.
lista de ilus tra ções Mapas
Mapa 1: Intervenções turismo Fortaleza 2040.Produzido pela autora.Fonte: Plano Fortaleza 2040. Pág:27 Mapa 2:alojamento de estudante. Produzido pela autora. Fonte: Google maps. Pág:43
Mapa 3 bens tombados e em processo.Produzido pela autora. Fonte: Anuário do Ceará 2019 – 2020. Pág:52 Mapa 4: pontos de interesse turístico. Produzido pela autora. Fonte: Google Maps. Pág:58 Mapa 5: Serviços gastronômicos. Produzido pela autora. Fonte: Google Maps. Pág:59
Mapa 6: Meio hoteleiro e extra hoteleiro. Produzido pela autora. Fonte: Google Maps e Trivago. Pág:60 Mapa 7: Equip. Educação. Produzido pela autora. Fonte: Google Maps. Pág:61 Mapa 8: Vias. Produzido pela autora. Fonte: Google Maps. Pág:62
Mapa 9: Mobilidade Fortaleza. Produzido pela autora. Fonte: VAMO App, Bicicletar e Prefeitura de Fortaleza. Pág:63
Mapa 10: Mobilidade. Produzido pela autora. Fonte: Google Maps e Prefeitura de Fortaleza. Pág:63 Mapa 11: Crimes. Fonte: WikiCrimes. Pág:64
Mapa 12: Densidade de crimes. Fonte: WikiCrimes. Pág:64
Tabelas
Tabela 1: Classificação interesse sócio econômico em turismo cultural. Produzido pela autora. Fonte: Sebrae. Pág:28
Tabela 2: Percepções consumidor turismo cultural. Produzido pela autora. Fonte: Sebrae. Pág:29 Tabela 3: Tipologias de albergues.Produzido por autora. Fontes: Luiza Fanhoni. Pág:37
Tabela 4: Classificação 3 local albergues Fortaleza.Produzido por autora. Fontes: hostelworld, Booking e Kayak. Pág:41 Tabela 5: Problemas e potencialidades. Produzido pela autora. Pág: 65 tabela 6 programa de necessidades. Produzido pela autora. Pág:84
Gráficos
Gráfico 1: Faixa etária. Produzido pela autora. Fonte Sebrae. Pág:29 Gráfico 2: Ocupação. Produzido pela autora.
Fonte Sebrae. Pág:29
Gráfico 3: Grau de escolaridade. Produzido pela autora. Fonte: Sebrae. Pág:30
Gráfico 4: Estado civil. Produzido pela autora.
Fonte: Sebrae. Pág:30
Gráfico 5: Motivos de escolher hoste. Produzido pela autora. brae. Pág:30
Fonte: Se-
Gráfico 6: Frequência de hospedagem hostel. Produzido pela autora. te: Sebrae. Pág:30
Fon-
Gráfico 7: Áreas edificadas. Produzido pela autora. Fonte: Fortaleza em Mapas. Pág:71
Figuras
Fig.1:Área destinada ao Parque Urbano. Fonte: Rufinoni, 2013. Pág:53
Fig.2:Perímetro do projeto urbano. Em destaque sítio industrial e em vermelho primeira etapa.Fonte: Rufinoni, 2013. Pág:54 Fig.3:Parque Urbano de Bagnoli. Fonte: Rufinoni, 2013. Pág:55
Fig. 4 e 5:Perspectivas do Parque Urbano de Bagnoli. Fonte: Rufinoni, 2013. Pág:55 Fig.6: Mapas diagnóstico. Produzido pela autora. Pág:68
Fig.7: Localização e condicionante. Produzido pela autora. Pág:69
Fig.8:Carta solar fachada norte. Gerado pela autora. Fonte: Aplicativo Sol-ar. Pág:70 Fig.9:Carta solar fachada leste. Gerado pela autora. Fonte: Aplicativo Sol-ar. Pág:70
Fig.10:Carta solar fachada oeste. Gerado pela autora. Fonte: Aplicativo Sol-ar. Pág:70 Fig.11:Carta solar fachada sul. Gerado pela autora. Fonte: Aplicativo
Sol-ar. Pág:70
Fig. 12: Uso do solo. Produzido pela autora. Pág:71
Fig.13: Implantação com pavimento térreo. Arquivo cedido pela Prefeitura de Fortaleza. Pág:73
Fig.14: Implantação com segundo pavimento. Arquivo cedido pela Prefeitura de Fortaleza. Pág:73 Fig 15: Coluna. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza. Pág:76
Fig 16 Detalhes interior. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza. Pág:76 Fig 17 Piscina. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza. Pág:76 Fig 18 Escadaria. Secretaria de Cultura de Fortaleza. Pág:77
Fig 19 Tijoleiras brancas e adornos fachada. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza. Pág:77 Fig 20 Fachada em processo de pintura. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza. Pág:77 Fig.21: Coberta. Fonte: Autora. Pág:78 Fig.22: Entrada. Fonte: Autora. Pág:78
Fig.23: vista afastada. fonte: Ateliê Jean Nouvel. Pág:79
Fig.24: Luz sob fachada. fonte: Ateliê Jean Nouvel. Pág:79 Fig.25: fachada noite. fonte: Nelson Kon. Pág:80 Fig.26: fachada dia. fonte: Nelson Kon. Pág:81
Fig.27: edifício novo e antigo. Fonte: Nelson Kon. Pág:81 Fig.28: Passarela. Fonte: Nelson Kon. Pág:81
Fig.29: Implantação original. fonte: Archdaily. Pág:82 Fig.30: Demolições. fonte: Archdaily. Pág:82
Fig.31: Nova edificação e entradas de iluminação. fonte: Archdaily. Pág:83 Fig.32: Pátio interno. fonte: René de wit. Pág:83
Fig.33: Fachada com edificações antigas e nova. fonte: René de wit. Pág:83 Fig.34: Implantação inicial. Produzido pela autora. Pág:85
Fig.35 a 37: Exemplo casarão no Jacarecanga com muro baixo. fonte: Fortaleza em fotos. Pág:86 Fig.38:Volumetria inicial. Produzido pela autora. Pág:87
figura 39 Fluxos e acessos. Produzido pela autora. Pág:88-89
Fig.40: Planta construir e demolir. Produzido pela autora. Pág:90 Fig.41: Recepção. Produzido pela autora. Pág:91
Fig.42: vista externa. Produzido pela autora. Pág:91 Fig.43: Cozinha. Produzido pela autora. Pág: 92
Fig.44: Unidade quarto individual. fonte: Fortaleza em fotos. Pág:93
Fig.45: Imagens internas. fonte: Fortaleza em fotos. Pág:94
Fig.46: Projeto com entorno. Produzido pela autora. Pág:96-97
RE SU MO Fortaleza, cidade que apresenta vocação natural ao turismo, devido as praias e cultura diversa, é esse setor o responsável por movimentar parte da economia local. Devido isso, o turismo vem sendo abordado inclusive em Plano Diretor pelos governantes, englobando vários bairros da cidade. Dentre os bairros que compõe a cidade, o bairro Jacarecanga apresenta um grande valor histórico para a Fortaleza. Hoje o Bairro é um misto de construções de diferentes épocas, que narram diversos períodos e foi palco de acontecimentos da cidade. Neste trabalho se apresenta a história de uma construção em particular, o palacete onde residia o ex-prefeito de Fortaleza Acrísio Moreira e sua família, onde é proposto um projeto, a nível de ante-projeto, de um hostel e residência universitária. Palavras chaves: Jacarecanga, Palacete, Turismo.
AB STRACT Fortaleza, a city that has a natural vocation for tourism, due to it beaches and culture diversity, this sector is responsible for moving part of the local economy. Because of this, tourism has been addressed in a Master Plan by government officials, encompassing several neighborhoods in the city. Among the neighborhoods that make up the city, the Jacarecanga neighborhood has great historical value for Fortaleza. Today the neighborhood is a mix of buildings from different eras, which narrate different periods of it history and was the scene of events in the city. This work presents the history of a particular building, the mansion where former mayor of Fortaleza Acrísio Moreira and his family resided, where a project is proposed, at a pre-project level, of a hostel and university residence. Keywords: Jacarecanga, Mansion, Tourism.
SU MÁ RIO
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CAPÍTULO 01 Apresentação
1.1 Introdução 1.2 problemática e justificativa 1.3 objetivo 1.3.1objetivos específicos 1.4 metodologia
18 19 19 19
45
CAPÍTULO 04 Jacarecanga
4.1 História de Fortaleza 4.2 História do Bairro 4.3 Estudo de caso
46 47 53
99
CAPÍTULO 07 Considerações finais 7.1 Consideralçoes finais 7.2 Referências bibliográficas 7.3 Anexos
100 102 108
21
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CAPÍTULO 02 Turismo
CAPÍTULO 03 Hospedagem
2.1 Surgimento do turismo e sua importância 2.2 Turismo cultural no cenário internacional 2.3 Turismo cultural no cenário nacional 2.4 Turismo em Fortaleza 2.5 Os turistas
3.1 Evolução da hotelaria 3.2 O que é um hostel? 3.3 Hostel no mundo e no Brasil 3.4 Meio hoteleiro e extra hoteleiro em Fortaleza 3.5 A hospedagem universitária
22 23 24 25 28
57
34 35 37 39 42
67
CAPÍTULO 05 Diagnóstico
CAPÍTULO 06 O projeto
5.1 O entorno 56 5.1.1 Atrativo turístico 5.1..2 Meio hoteleiro e extra hoteleiro 5.1.3 Estudantes 5.2 Mobilidade 61 5.3 Problemas e potencialidades 65
6.1 Terreno 6.2 História da Casa do Acrísio 6.3 Projetos de referência 5.3.1 Museo Reina Sofía 5.3.2 Museu Rodin 5.3.3 Stayokay Hostel 6.4 Proposta 6.4.1 Programa de necessi dades 6.4.2 Implantação e volume tria 6.4.3 Hostel 6.4.4. Residência 6.4.4.1 Quartos 6.4.5 Fachadas
68 72 78
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c a p í t u l o 1
INTRODUÇÃO O Jacarecanga é um dos poucos bairros com um número de bens patrimoniais materiais concentrados tão vasto, ele passou a ter uma configuração residencial e elitista por volta de 1910, quando a população mais rica e influente da cidade passou a habitar o bairro para sair do Centro, que tinha uma configuração mais comercial, pois possuía um boa localização e apesar de possui também uma configuração industrial também tinha características residenciais. Devido esse fluxo de novos moradores por lá foram construídos vários casarões, em sua maioria com materiais trazidos do exterior para acabamentos, já que isso representava status na época e possuíam capital para isso. Porém entre os anos 40 e 50 depois de crise, o crescimento da cidade passou para leste, região da aldeota, e com isso maior parte dessas pessoas migraram para outros bairros e os casarões, as fábricas e o bairro passaram por um declínio, hoje em dia o bairro não tem mais todos os casarões de antigamente e fábricas foram encerradas, mas ainda preserva alguns bens e outros em risco, mas ainda sim em 2012 foi considerado pela SECULTFOR um bem de relevância cultural, além de estar incluído em ações de reformas de imóveis de interesse cultural no Plano Fortaleza 2040, que pretende promover o turismo e valorizar a cultura na capital cearense.
PROBLEMÁTICA E
JUSTIFICATIVA Após estudar o Jacarecanga na disciplina de projeto urbanístico pude aprofundar os conhecimentos sobre ele e fui me interessando sobre o as necessidades e potencialidades do local, assim como outras disciplinas de patrimônio e restauro e patrimônio e turismo me despertaram curiosidade e desejo de aprofundamentos dos temas. A proposta de um albergue nesse bairro surge também de uma experiência pessoal como viajante e propõe ser um suporte para o turismo, para um público jovem de viajantes, que vem crescendo, mas que não têm suas demandas totalmente atendidas por que a cidade ainda dispõe de mais hotéis de alto padrão e preços menos acessíveis a esse público em específico. além das intervenções no bairro que visam minimizar os problemas com a proteção e preservação dos bens materiais e imateriais e proporcionar o aumento de uma outra modalidade de turismo na cidade não totalmente relacionada ao turismo de praia e sol, negócios e eventos, mas patrimonial/ Cultural, devido a importância que o turismo tem na movimentação da economia da capital cearense e no valor patrimonial que possui o bairro a cidade, sua história e o estado de conservação e proteção dos bens materiais e imateriais, O turismo no ano de 2015 impactou em 10,5% do PIB do Ceará, a iniciativa privada também investe no turismo e fez que desde os anos 2000 a oferta hoteleira venha crescendo e mesmo com um período de crise entre 2008 e 2014 não fez com que tivesse retração. Apesar da cidade ainda não possuir uma estrutura satisfatória para atender a demanda turística, sendo os serviços urbanos básicos insuficientes, problemas com a segurança pública, baixa qualidade dos transportes públicos e outros. Fortaleza é uma cidade reconhecida no turismo nacional, mas possui pouco reconhecimento no âmbito internacional, com menos de 9% dos turistas 20
que visitam a capital sendo estrangeiros. Levando em consideração que o turismo cultural é o terceiro em preferência dos turistas segundo pesquisa requisitada pelo ministério do turismo e baseado também no Fortaleza 2040, que propõe investimento para áreas próximas ao bairro, e criação de roteiros que valorizem o turismo cultural, incluir o Jacarecanga nessa categoria representaria um passo ao aumento do turismo nacional e internacional na capital, que possui pontos fortes como a localização geográfica, oferta hoteleira crescente, estrutura de receptivo entre outros, mas que devem continuar melhorando pela competitividade da área.
OBJETIVO
O objetivo geral deste trabalho é propor um projeto de um hostel e residência universitária, em um casarão do bairro Jacarecanga, conhecido como casa do Acrísio.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Analisar o casarão, objeto de estudo deste trabalho, para uma compreensão ampla da sua importância e possibilidades de intervenções no contexto do bairro. 2. Definir o programa de necessidades, baseado na análise dos dados a serem coletados e projetos de referência. 3. Elaborar um projeto arquitetônico, a nível de anteprojeto, de uso misto, baseado na valorização da cultura cearense e do patrimônio material do bairro, levando em conta as necessidades do público de turistas e estudantes e mudanças culturais e da paisagem ao longo dos anos.
METODOLOGIA
Para a realização deste trabalho primeiramente se pretende compor um referencial teórico, proporcionando um nível de conhecimento sobre turismo, conhecimento da influência do turismo sobre o patrimônio, economia e a demanda de alojamento para um público jovem de viajantes e estudantes. Através da leitura e análise de artigos, livros, estudos e casos similares. Para compor o diagnóstico serão realizadas visitas ao bairro Jacarecanga para levantamento de dados, levantamentos fotográficos. Para compor a parte projetual serão realizadas análises de estudo de caso e referências projetuais para então propor um programa de necessidades e o projeto arquitetônico de um hostel.
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c a p í t u l o 2
O SURGIMENTO DO TURISMO E SUA IMPORTÂNCIA
A história do Turismo como hoje conhecemos está muito ligado à expansão e popularização dos meios de transporte, devido a necessidade do homem de se deslocar, muito associado a comércio e religião. Até por volta do século XVII não se associam essas viagens com finalidade de turismo e lazer, pois não fazia parte da cultura e necessidades da época naquela sociedade. Mas, as primeiras descobertas de Portugal, seguidas pela dos espanhóis, franceses, ingleses e holandeses, serviram de pontapé inicial para uma globalização. Assim transformando o mundo na época, que foi uma das razões da popularização das viagens, e junto com a Revolução industrial foram marcos do turismo atual. “Foi a partir de uma espécie de ritual educativo a que a aristocracia britânica chamava o ‘Grand Tour’ que surgiram os termos ‘turismo’ e ‘turista’. Mas o grande crescimento do turismo fica a dever-se, sobretudo, à Revolução Industrial, com as suas implicações nos costumes laborais, no uso do território e com a aplicação dos motores a vapor aos transportes, em particular aos comboios e barcos”. (MILHEIRO,MELO,2005, p.114)
Então, o que até o momento eram viagens associadas ao tempo grande de deslocamento de um local ao destino, sem oferta de hospedagens como conhecemos hoje e quase sempre ligadas a fins comerciais, religiosos, políticos e outros, passaram por transformações devido a mudanças que ocorreram da própria sociedade. Porém, essas viagens ainda eram muito restritas, os turistas eram um público específico: homens ingleses, aristocratas, educados para a carreira política que iam com destino a Europa para uma educação cultural, que durava de 2 a 3 anos. Com isso, segundo Milheiro e Melo (2005, p.116), os viajantes foram pela primeira vez associados ao turismo de lazer e com o prazer de buscar conhecimento de novas culturas, novos países e tradições. No contexto da Revolução Francesa e as Guerras Napoleônicas, que mexeram com a economia mundial, houve uma queda nesse tipo de viagem.
“Quando a paz regressou à Europa, as viagens recomeçaram, mas já não eram uma exclusividade da aristocracia. A burguesia abastada começou também a viajar: o motivo destes novos turistas não era, exclusivamente, o enriquecimento cultural mas, antes, o desejo de escapar dos rigores do Inverno para o Sul da Europa e fugir do calor do Verão para a frescura do Interior”. (MILHEIRO, MELO, 2005, p.116)
As inovações tecnológicas impactaram na economia, na política e na sociedade e, com isso, foram surgindo novos destinos. As comunicações e os meios de transporte melhoraram e o tempo de deslocamento foi reduzido, levando a um aumento do fluxo de turistas. Como resposta ao crescimento da demanda as cidades passaram a oferecer hospedagens e novas atrações, uma estrutura básica, ajudando assim na economia local. Com a recessão econômica de 1939 e a instabilidade política causada pela II Guerra Mundial,
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essa expansão do turismo foi congelada. Voltou a se expandir novamente na década de 50 com a melhora da economia americana e europeia, que junto com as conquistas das leis trabalhistas, como redução da jornada de trabalho e férias remuneradas, que estabeleceram a cultura do ócio, firmaram o turismo como prática de lazer, esse período é considerado o “boom” turístico. E, segundo a líder comunitária do setor de aviação e viagens no Fórum Econômico Mundial, Mirashi (2017) desde a crise econômica global o turismo continua se expandindo e em maior velocidade em países emergentes,uma tendência que deve continuar. A expansão turística passou a ser um movimentador mais expressivo da economia ao passar dos anos, segundo o escritor sênior Fleming (2018), a contribuição de viagem e turismo no PIB global foi de 7,61 trilhões de dólares, equivalente a 10,2% do PIB em 2016 e até 2027 tem a previsão de crescer para 11,51 trilhões de dólares. Para que essa indústria permaneça competitiva é necessária a criação e a conservação de uma ou mais atrações locais, oferecendo toda uma rede de infraestrutura para receber o turista, seja a hospedagem, a gastronomia, o transporte, a capacitação dos profissionais e outros, que geram empregos diretos e indiretos. Também de acordo como autor (2018) até 2027 é estimado que cerca de 138 milhões de pessoas vão trabalhar no setor turístico, representando 4% dos empregos mundial. Fatores esses que fizeram o turismo se tornar estratégia de desenvolvimento central de alguns países.
TURISMO CULTURAL NO CENÁRIO INTERNACIONAL
Variados são os motivos que levam uma pessoa a viajar, mas independente da motivação da viagem, seja educacional, negócios, saúde, compras ou outros, o fato é que o turismo tem uma grande importância a nível mundial e só vem crescendo independentemente do cenário econômico mundial. Dentre essas motivações, conforme o portal de notícias Europa Press (2017), em primeiro lugar a nível mundial está o turismo cultural, seguido de gastronomia, compras e esportes. E, de acordo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, UNESCO, o turismo cultural é responsável por 40% das receitas do turismo mundial e é um dos que cresce mais rapidamente em comparação com outros tipos dentro do mercado turístico. Atualmente, a UNESCO, em parceria com a National Geografic, apoiam o turismo cultural na união europeia, com quatro tipos diferentes de rotas para agradar diferentes públicos. No total são 34 sítios de interesse distribuídos entres as quatro rotas e uma rota de turismo cultural pelo sul asiático, com o objetivo de promover um turismo mais sustentável, sendo este inserido nos 17 objetivos para desenvolvimento sustentável (ODS) na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). 25
Existem variados conceitos para o que seria considerado um turismo cultural. Conforme Pires (2004, p.36), em seu artigo “As inter-relações turismo, meio ambiente e cultura”, o turismo cultural engloba tudo relacionado a viagens onde o turista conhece a vida da comunidade local, sendo ele uma importante ferramenta para promover as relações culturais e cooperação internacional. “A OMT (1985), ciente da forte interacção entre turismo e cultura, propõe duas definições, uma maWis ampla e outra mais restrita, sobre o turismo cultural. A mais ampla define turismo cultural como ‘...toda a viagem que pela sua natureza satisfaz a necessidade de diversidade, de ampliação de conhecimento, que todo o ser humano traz em si’. A mais restrita compreende a ‘viagem por motivos unicamente culturais ou educativos’”. (Apud Pires, 2004, p.35)
Mas, independente do tipo de turismo, todos trazem uma gama de pontos positivos, como ofertas de empregos, aproximação com outras culturas, podendo até criar laços mais profundos com os pontos turísticos e outros, contudo, se não for bem planejado e cuidado, podem degradar o ambiente, descaracterizar o estilo de vida local, aumentar a poluição, elevar os preços e entre outros. O que podemos observar, em relação a Europa principalmente, é que os países dão muita importância para os bens materiais e sua preservação, um exemplo foi a recente tragédia que aconteceu na Catedral de Notre-Dame, que de acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Turismo, EMBRATUR, Leônidas Oliveira (2019), recebe 13 milhões de pessoas por ano e que poderia ser reconstruída somente com o dinheiro que vem do próprio turismo, mas no primeiro dia após o incêndio, num gesto de solidariedade, o saldo de doações de empresas e pessoas para a reconstrução já era de 2,6 bilhões.
TURISMO CULTURAL NO CENÁRIO NACIONAL No cenário nacional segundo o Ministério do turismo, conforme citado em reportagem do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, IPHAN, por Chiozzini (2006), o turismo cultural é o terceiro lugar nas motivações das pessoas que viajam pelo Brasil, perdendo somente para o Ecoturismo e o turismo de aventura. Isso devido a vasta oferta de cenários naturais e diversificados que se encontram aqui. Apesar disso, ainda se nota um certo desinteresse político em relação aos bens materiais e sua preservação. Ainda conforme Leônidas Oliveira (2019), após oitos meses do incêndio no museu do Rio de Janeiro foram contabilizados 1,1 milhão de reais em doações para a reconstrução do edifício, sendo ele considerado o principal museu de história natural antropológica da américa latina, dentre esse dinheiro apenas 15 mil reais eram oriundos de empresas e 90% eram de pessoas físicas, sendo os maiores doadores o governo da Alemanha, 800 mil reais, e consulado da Inglaterra, que doou 150 mil reais, cenário bem diferente do ocorrido com a catedral de Notre-Dame. Como citado no Relatório de competitividade de viagem e turismo do World Economic Forum, WEFORUM (2019 p.22-24), o Brasil é o 32° na lista 26
mundial de países competitivos turisticamente, caindo 5 posições da última pesquisa de 2017, ocupando a quarta posição dos países da América, atrás dos Estados unidos, Canadá e México. Essa queda de competitividade se deu por uma piora em aspectos que no último relatório eram vantagens do País, como os recursos naturais caindo de 2° para 12° lugar, caindo uma posição em cultura, ocupando em 2019 a 10° posição, em infraestrutura caiu de 39° para 59° posição e a segurança que chamou atenção nos relatórios passados também caiu de 106° para 124° lugar. Mas também conforme WEFORUM (2019, p. 22-24) para tentar balancear e contornar a situação, para experimentar seu total potencial, o Brasil precisa priorizar a viagem e turismo, e segundo eles estamos caminhando para uma melhora em outros aspectos melhorando a abertura internacional subindo de 96ª para 89ª e questões relacionadas a visto de 108ª para 81ª posição, ainda que isso não tire o peso das quedas em outros aspectos já citados. Entretanto, ainda manteve bons aspectos como ter vários lugares na lista da UNESCO, tanto naturais como bens e paisagens, 7ª e 19ª posição, respectivamente, além de ser a maior economia e nação esportiva da América do sul, tendo um número de eventos de associação internacional (14°) e de estádios (6°) significativos. Também desenvolveu o setor de transporte aéreo (13°) e especial o de transporte aéreo doméstico (6°), que não impressionou os estudiosos, já que 90% da verba vai para o setor. De acordo com Neves (2016), em reportagem a revista Super Interessante, um dos pontos que pesa também em relação ao recebimento de turistas estrangeiros está na falta de preparo dos prestadores de serviço, que muitas vezes não se comunicam em inglês e a sinalização monoglota, estão entre os fatores de recebermos poucos visitantes. Porém, não se resume somente a isso, mais de um fator contribui para que o cenário não seja favorável, entretanto, a EMBRATUR vem trabalhando na propaganda do país no cenário internacional, em feiras e outras oportunidades que encontram de fazer a promoção e atrair mais visitantes, já que dos turistas que chegam aqui, a maioria, em torno de 96%, tem a intenção de voltar, devido a hospitalidade e outros fatores.
TURISMO EM FORTALEZA
Na capital cearense o cenário é em parte similar ao que acontece no cenário nacional, como a falta de preparo dos prestadores de serviços, a estrutura dos serviços da cidade, problemas com segurança pública, entre outros fatores, mas ainda assim, Fortaleza, de acordo com portal de notícias G1 (2016), é a única cidade do Ceará com o ranking nível A, máximo, em potencial turístico segundo pesquisa do ministério do turismo, de 2016. Segundo pesquisa liberada pela Folha de S. Paulo(2016), a cidade está em quinta posição no ranking de cidades brasileiras que mais recebem turistas. E no Plano Fortaleza 2040 no anexo 5, voltado para o turismo, estão previstas uma série de medidas que já foram ou irão ser tomadas até o ano de 2040 para aumentar o potencial turístico da cidade tanto no turismo nacional como no internacional. Segundo Nascimento (2018) o secretário de Turismo, Arialdo Pinho, no site do Diário do Nordeste, o setor turístico representava 10,5% do Produto interno Bruto (PIB) do estado em 2015 e cresceu para 12% em 2018, tendo uma meta de em 10 anos dobrar para representar 24% do PIB estadual, muito devido ao HUB aéreo e surgimento de novas rotas aéreas internacionais. E conforme a Secretaria de Turismo de Fortaleza, SETFOR, em 2014 o turismo 27
gerou uma renda que ultrapassou os 10,8 milhões de reais, representando 19,85% do PIB de Fortaleza. Tanto o governo como o setor privado investem nesse setor na cidade, sejam melhorando a infraestrutura, sejam projetos que valorizem áreas turísticas como Av. Beira Mar e Praia de Iracema, sejam abrindo negócios ligados ao ramo turístico ou outros. Esses investimentos também refletem na rede hoteleira, que apesar de ter passado por crise entre 2008 e 2014 continuou crescendo, aumentando a taxa de ocupação hoteleira de 56,2% em 2006 para 73,2% em 2015. A capital está muito ligada ao turismo de sol e praia, devido sua vocação natural e litorânea, mas também investiu muito em torno ao turismo de negócios, eventos e aventuras e no reconhecimento como pólo de moda e confecção, além de atrativos como oferta hoteleira, centro de eventos, complexo turístico Beach Park e outros, tornando-se referência a nível nacional, mas tendo menos reconhecimento a nível internacional. Entretanto, segundo o Fortaleza 2040 (2016, p.35) se pretende como meta aumentar o número de chegadas de turistas nacionais 5% ao ano e chegada de turistas internacionais 3% ao ano, e manter a permanência média dos turistas em 10 dias. Além de inserir no cenário turístico a Parangaba, a Messejana, a Sabiaguaba e a Leste-Oeste/ Barra do Ceará, também propõe diversificar a motivação da viagem em 6 segmentos: Sol e praia, negócios e eventos, esportes e aventura (que já são destaque), saúde, náutico e melhor idade e entre outras medidas. O Fortaleza 2040 (2016,p.13), levando em consideração que a tendência do turismo contemporâneo é a experiência do turista, irá contemplar o eixo turístico convencional e alternativo e o direcionamento das políticas públicas para um turismo que leve ao desenvolvimento social também na escala humana. “Há necessidade do Poder Público atuar para garantir a sustentabilidade do principal atrativo da cidade: a praia. Tanto no que se refere à balneabilidade, quanto permitindo o lazer tranquilo de banhistas residentes e turistas ordenando o uso do litoral. E também no aproveitamento do patrimônio cultural da cidade, em especial, do bairro Centro. É preciso reordenação espacial e articulação entre trade turístico e poder público para valorizar os atrativos do Centro Histórico nos roteiros turísticos com política de requalificação, recuperação de edifícios que compõem o patrimônio cultural. Patrimônio que é excelente atrativo turístico e em Fortaleza um dos desafios é valorizá-lo e direcioná-lo para o lazer e o turismo com a reestruturação do Centro Histórico, reordenamento do uso e criação de roteiros turísticos que incluam os prédios tombados em roteiros que levem ao Centro de Arte e Cultura Dragão do Mar, imponente patrimônio moderno, que impacta pela originalidade, magnitude e beleza. E também à Praia de Iracema, reduto histórico de Fortaleza, dando visibilidade ao patrimônio cultural que se encontra desprestigiado. O que requer dar condição de circulação e segurança às visitas ao local”. (Plano Fortaleza 2040, 2016,p.9)
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Essa citação é um trecho que traz uma visão mais geral do que o Governo pretende realizar em Fortaleza durante esse período, porém no Fortaleza 2040 essas questões são mais minuciosamente explicadas. Mas a fim de tornar a compreensão melhor, produzi um mapa com as algumas das áreas que serão ou foram contempladas de alguma forma pelo plano. O critério de seleção das áreas mostradas se deu pela proximidade com o bairro de intervenção desse trabalho e por ser a maior concentração de propostas na cidade.
Mapa 1: Intervenções turismo Fortaleza 2040.Produzido pela autora; Fonte: Plano Fortaleza 2040.
Legenda:
Áreas intervenções Javcarecanga
Além do mostrado no mapa acima há outras áreas de intervenção, porém ficam mais afastadas e não estão conectadas a esta área fisicamente. Tendo em vista também que para o turista, principalmente internacional, podem haver dificuldades em se deslocar em transporte público ou não se sentirem à vontade em andar de bicicleta no trânsito, já que não há muitos km de ciclovia ou ciclofaixas pela cidade.
a
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OS TURISTAS De acordo com Martins (2019), em estudos divulgados no fórum Panrotas, existem hoje 102,5 milhões de viajantes no Brasil e para 14% dos brasileiros viajar é um sonho, que perde somente para os sonhos de possuir casa própria, estabilidade financeira e realização profissional. Dentre as pessoas que realizam o sonho de viajar se pode separá-las de acordo com grupos, para então se traçar perfis e formar uma base dos anseios e necessidades que esses grupos possuem, facilitando assim a compreensão e o melhor planejamento em estratégias para alcançar o maior número de pessoas e movimentar a indústria do turismo, ajudando no aumento da competitividade. Como citado no Plano Fortaleza 2040 (2016, p.13) e por Mirashi (2017) a busca dos viajantes está nas novas experiências e segundo a fundadora e diretora do WEFORUM, April Rinne (2015) mais pessoas estão viajando por diversos motivos e de várias formas, ainda que o turismo tradicional também continue a crescer, há também um aumento significativo das viagens independentes e organizadas pelo próprio viajante, mas quem seriam eles e quais os motivos de isso está ocorrendo? Conforme os dados retirados da pesquisa “o perfil do turista e dos segmentos de oferta” realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, Sebrae, em parceria com a Confederação Nacional do Turismo (2015), apresenta um resumo sobre o perfil dos turistas brasileiros, os que como já visto são os que mais viajam pelo Brasil.
Tabela 1: Classificação interesse sócio econômico em turismo cultural. Produzido pela autora.
Dentre eles na classificação por interesse sócio econômico as classes que se interessam por turismo cultural são: Homens e mulheres das classes B1 e B2, de 35 a 50 anos, casados e com filhos, Homens e mulheres das classes B1 e B2, de 25 a 32 anos, solteiros e sem filhos, Homens e mulheres com mais de 55 anos e Jovens de 16 a 22 anos. Entretanto o turismo cultural não é o único que leva esses grupos a viajarem, nem exclui outros, ou seja, se pode fazer uma mesma viagem com mais de um objetivo.
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Tabela 2: Percepções consumidor turismo cultural. Produzido pela autora.
Nessa mesma pesquisa são apresentadas as principais necessidades e percepções dos quais homens e mulheres das classes B1 e B2, de 25 a 32 anos, solteiros e sem filhos: As viagens são uma forma de renovação e interação com diferentes culturas. Para jovens de 16 a 22 anos: viajar é o momento para se divertir e conhecer outras pessoas, valorizam as informações precisas, fáceis de acessar e com linguagem objetiva e indicações na internet e amigos, além de se disporem a dar dicas sobre os lugares e contarem as experiências que tiveram. Faixa etária
Com base nesse filtro das informações podemos eleger quais tipos de hospedagem se tornam ideais para atender melhor cada tipo de público e conforme outra pesquisa realizada pelo Sebrae (2015) “Hostel: perfil dos turistas”, realizado no Rio de Janeiro com turistas nacionais e internacionais, o maior público que se hospeda em hostel é jovem, entre 18 e 24 anos (33,3%). Dos hóspedes, mais da metade possui ensino superior completo (55,6%) e ensino médio completo (40,2%). Em relação à ocupação dos hóspedes são maioria estudantes (31,0%), seguidos de funcionário de empresa privada (27,5%) e funcionário público (18,0%). A grande parte dos hóspedes (80,7%) são solteiros, seguido por casados (13,1%).
Gráfico 01: Faixa etária. Produzido pela autora fonte: SEBRAE
Ocupação
Gráfico 02: Ocupação. Produzido pela autora fonte: SEBRAE
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Grau de escolaridade
Gráfico 03: Grau de escolaridade. Produzido pela autora fonte: SEBRAE
Estado civil
Gráfico 04: Estado civil. Produzido pela autora fonte: SEBRAE
Dentre os entrevistados 26,8% usam sempre Hostel para se hospedarem, 18,6% usam frequentemente, 15,4% usam ocasionalmente, 14,1% utilizam algumas vezes e 22,5% usam raramente. E entre os fatores que levam ao turista optar por escolher o hostel como forma de hospedagem o preço representou o principal para 46,6% dos hóspedes, a infraestrutura para 15,4%, a localização próxima a pontos turísticos para 12,7% e a localização próxima a bares e restaurantes para 11,4%. A principal forma de conhecer e eleger o hostel foi através da internet (58,8%) e indicação de amigos e parentes (36,9%).
Motivos de escolher hostel
Gráfico 05: Motivos de escolher hostel. Produzido pela autora fonte: SEBRAE
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Frequência hospedagem em hostel
Gráfico 06: Frequência de hospedagem hostel. Produzido pela autora fonte: SEBRAE
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EVOLUÇÃO DA HOTELARIA O aumento da demanda por um local para dormir e comer, quando as viagens passaram a ser mais frequentes e para abranger um público maior de pessoas, foi o pontapé inicial para o surgimento da hotelaria na grécia antiga, ainda que inicialmente fosse um serviço precário, já que antes as pessoas que viajavam costumavam se hospedar em casa de parentes e igrejas. Porém, muito mudou em relação ao serviço que era oferecido, desde a forma de pagamento até a forma de reservar um local, o que antes era pago por meio de escambo hoje pode ser feito completamente online. Inicialmente, pela Europa, as hospedagens eram chamadas inn1 e foi após a revolução industrial e com melhorias nos serviços oferecidos que se passou a usar o termo hotel. Com a Revolução industrial permitiu com que mais pessoas passassem a ter acesso a viagens, então a hotelaria passou a se adaptar aos novos diferentes públicos. Desde então foram surgindo outros meios de ofertas de hospedagens, classificados como meios extra hoteleiros, como os hostels, conhecidos também como albergue, as pousadas, o Airbnb2, o couchsurfing3, entre outros, tudo de acordo com preferência de diferentes públicos alvos. Segundo Barlera e Garcia (2018), no artigo “Origens da hotelaria”, publicado na Revista Turismo, o primeiro hotel planejado foi o Ritz, localizado em Paris, construído por César Ritz em 1870, tendo como inovações o banheiro privativo, uniformização dos empregados e outros. De acordo com as autoras (2018), foi a partir do século XIX que os serviços passaram a ter mais qualidade, maior conforto e privacidade e ter funcionários específicos para diversas funções como as camareiras, os recepcionistas e outros. O avanço da hotelaria foi freado com a primeira guerra mundial, voltando a crescer após esse período. Também cresceu inclusive durante a segunda guerra mundial, época que a indústria bélica estava em alta, os Estados Unidos da América forneciam armas para países europeus envolvidos na guerra, e parte dos americanos convocados para guerra se deslocavam para fazer negócios na Europa (COLUNISTA PORTAL EDUCAÇÃO,2013). Houve nesse período um crescimento maior em números de estabelecimentos hoteleiros que em questão da qualidade dos serviços, já que se faltavam mão de obra qualificada. Outra recessão da indústria ocorreu nos Estados Unidos da América durante a grande depressão de 1930, onde um número expressivo de estabelecimentos foram fechados, porém se recuperou na década de 50.
1
Derivação da palavra de innhouse ou estalagem em português. É classificação das hospedagens que eram restaurantes ou lojas que ofereciam quartos com e área de refeição compartilhados para viajantes.
2
Aplicativo que oferece aluguel de propriedades privadas, que vão desde quartos a apartamentos completos.
3
Aplicativo onde pessoas oferecem o “sofá” de suas casas para receber turistas, sem remuneração em dinheiro.
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A evolução dessa indústria está muito ligada com os avanços do meios de comunicação (SYLLOS,2016), além também do avanço dos meios de transporte, como citado anteriormente. A propaganda estava ligada com a distribuição da hotelaria, independente qual que seja a tipologia de hospedagem, até hoje muitas hospedagens gastam parte do capital para investir nos canais de comunicação (SYLLOS, 2016). Inicialmente tinham uma propaganda feita no famoso boca-a-boca por pessoas que moravam próximo e o alojamento era fechado diretamente no balcão e com panfletos e pôsteres em locais públicos. Depois foram feitas por agências de viagens, que indicavam ou fechavam pacotes com um alojamento específico em troca de uma comissão. Então a propaganda evoluiu para o telefone e depois o fax, quando a reserva já poderia ser feita a distância. Atualmente é feita em grande parte através da internet, em parte também em mais de um canal de comunicação, que por meio dos comentários substituiu o boca-a-boca e até excluem a necessidade de se contactar por telefone com os proprietários do lugar para reserva e pagamento. No início os hotéis se localizavam no caminho de uma cidade a outra, em locais estratégicos para aqueles que viajavam de carruagem e também contavam com um lugar para se deixar o veículo. Entretanto foram surgindo as estradas e meios de transporte mais velozes e muito dos hotéis se viram obrigados a fechar já que não conseguiam mais tantos clientes, pois esses chegavam ao seu destino mais rápido. Foi então que passaram a abrir hotéis próximos a estações de trem e locais de grande movimentação, se adaptando à nova demanda, assim como na região portuária. Segundo o Chief Marketing Officer,CMO, da Costa do Sauípe, Gustavo Syllos (2016) no artigo “Da Grécia ao Airbnb: a evolução da hotelaria no mundo”, publicado no anuário do Panrotas “O surgimento das mídias sociais, sites de compartilhamento de opiniões e reservas veio para facilitar a vida do internauta em um ambiente com cada vez mais ofertas e para complicar a vida dos hotéis, que precisam ter um batalhão de gente se quiser ocupar seu espaço no mundo virtual e conseguir manter algum posicionamento. Em média, um hotel de cidade alimenta cerca de cinco sistemas (com linguagens e formatos diferentes) quando precisa atualizar suas tarifas e disponibilidade... O que piora ainda mais a situação é que em um espaço de apenas três anos o que eram ferramentas on-line de inspiração, busca, comparação de preços, reserva e compartilhamento de opiniões agora basicamente fazem a mesma coisa!”
O QUE É UM HOSTEL? “Hostel, denominação internacional de albergue, é um meio de hospedagem constituído por quartos coletivos que contam com camas ou beliches, dispondo na maioria das vezes também de cozinhas e banheiros coletivos separados em razão do sexo (masculino/feminino). Espalhados por todo o mundo,
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o público-alvo de um hostel se resume a pessoas de várias idades que se interessam em conhecer novas pessoas, por um ambiente que gere integração, entretenimento e novas experiências”. (SEBRAE, 2015)
Ao decorrer do trabalho ambos termos (hostel e albergue) serão utilizados, porém o termo hostel será o mais utilizado. O hostel é considerado um meio extra hoteleiro e tem como premissa ser um espaço de interação social entre os próprios hóspedes e entre os hóspedes com os moradores e a cultura do local visitado. O contato cultural e a hospitalidade mais próxima do hóspede são fatores que diferenciam o conceito do surgimento dos albergues para o dos hóteis. Além dos preços mais atrativos, já que em sua maioria apenas oferecem opções de quartos e banheiros compartilhados, diferente de hoteis que oferecem maior privacidade aos hóspedes. Ainda que algumas literaturas considerem os albergues: “como apenas uma opção simplória e econômica aos hotéis convencionais, oferecendo acomodações com um mínimo de conforto, higiene e segurança a pessoas em viagens com baixo orçamento financeiro. Na verdade, os hostels vão muito além de proporcionar acomodação a baixo custo e há, atualmente, opções de alto custo, considerados hostels boutiques, que oferecem acomodações com alto padrão e refinamento tanto em sua estrutura física como em seus serviços.” ( BAHLS e PEREIRA,2017, p.62)
Atualmente os albergues vem sendo cada vez mais desassociados com a imagem de hospedagem de baixa qualidade, sujos e opção de alojamento para que não tem como arcar com as despesas de um bom hotel conforme Corrêa (2014,p.3), em seu artigo “hostel e melhor idade: a inserção do público idoso em albergues”. E vem ganhando força como tipologia de maior interação, espaço descontraído, com ar jovial e hospitalidade, e espaço de diferentes experiências. São procurados em maior parte pelos mochileiros (CORRÊA, 2014,p.23), classificação de tipo de turista que viajam com o necessário em uma mochila e com orçamento de baixo custo. Porém esse não é o público exclusivo, com os avanços os públicos estão cada vez mais expandindo em idade e classes sociais, que buscam acima de tudo a experiência ao se hospedar nesses locais e não somente pelos preços mais baixos (CORRÊA, 2014,p.3). Há dentro do ramo de hostels variadas tipologias:
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Tabela 3: Tipologias de albergues.Produzido por autora; Fonte: Luiza Fanhoni.
HOSTEL NO MUNDO E NO BRASIL O primeiro registro de um albergue criado para o propósito de ser somente a hospedagem é em Altena, Alemanha, em 1912. Variação essa do modelo de albergues precário da antiga Grécia que antes eram casas ou mosteiros, que abrigava a função de hospedagem conforme a necessidade. Aberto por Richard Schirrmann para abrigar estudantes durantes viagens de campo, num contexto que levava em conta o estilo de vida dos jovens alemãs pós revolução industrial (BAHLS, 2018, p.12). Depois se espalhou e chegou a América nos Estados Unidos e Canadá por volta de 1920. Em 1932, foi criada a Federação Internacional de Albergues da Juventude, hoje presente em mais de 60 países e que espalha o conceito de turismo econômico e acessível a todas as idades(CORRÊA,2014,p.12) No Brasil teve uma chegada mais recente, em torno de 54 anos após seu primeiro registro, durante o período do regime militar. O primeiro hostel aberto foi no Rio de Janeiro na década de 60 (CORRÊA, 2014, p.13; BAHLS,2018, p.31). A Residência Ramos, nomeada em referência ao bairro que se situava, foi construída por Joaquim e Ione Trotta e funcionou até 1973 (CORRÊA, 2014, p.13). Hospedou muitos estudantes brasileiros e mochileiros e estudantes vindo de países como Uruguai, Chile, Alemanha, Suíça e Inglaterra. Porém atualmente São Paulo é detentora do título de cidade com mais hostels nacionalmente (BAHLS e PEREIRA, 2017, P.63). O início dos albergues no país também está ligado com a diferença sócio econômica da população. Com a criação da Federação Brasileira dos Albergues da Juventude, FBAJ, em 1971 o Brasil passou a integrar o cenário do movimento de hostel mundial. Tendo como marco o convite realizado pela Federação Internacional de Albergues da Juventude para a participação do casal fundador do primeiro albergue brasileiro na conferência internacional de albergues da juventude. 39
“Os albergues da juventude no Brasil, devido a seu caráter social e educativo, assim como no exterior, começam a ocupar edifícios de valor universal antes abandonados, dando novos significados e reutilizando, agindo assim na conservação, do patrimônio histórico edificado, como é o caso da Casa do Estudante do Rio de Janeiro, em 1974”.(BAHLS, 2018, p.33)
Porém devido a intensificação das perseguições políticas a diversos grupos como movimentos estudantis e artistas fez com que o avanço dos hostels no Brasil sofressem uma estagnada. Tornando a crescer novamente em seguida e passando pela sua fase de maior crescimento na década de 80, onde a filosofia alberguista era difundida e aplicada em todos albergues. “O início dos anos 90 foram fundamentais para a consolidação do movimento alberguista no Brasil, principalmente em razão da modernização decorrente do avanço dos meios de comunicação eletrônicos. A rede de albergues experimentou também uma modernização em sua estrutura, uma matriz de procedimentos foi elaborada no intuito de controlar a qualidade dos albergues”. (BAHLS, 2018 p.34)
Entretanto na metade dos anos 90 os hostels voltam a enfrentar dificuldades com a caída de usuários e de novos estabelecimentos devido ao aumento dos preços dos serviço causados pela implantação do Plano Real. Voltando a se recuperar quando surgem novas tipologias dentro do ramo de albergue como o hostel boutique. A FBAJ ajuda a estabelecer parâmetros de qualidades aos serviços oferecidos pelos hostels, que tiveram aqui um avanço significativos a partir dos anos 90 justamente com toda a indústria de hotéis. Com isso, as hospedagens se tornaram mais competitivas entre si e quem ganha com isso são os turistas que optam por esse tipo de alojamento. Órgãos como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, SEBRAE, que também oferece diversas ferramentas e informações para aqueles que pretendem abrir um negócio no ramo de albergues, para que esses ofereçam a melhor qualidade e sejam negócios lucrativos. A hotelaria no Brasil foi baseada primeiramente no modelo europeu, época essa que foram incentivadas a abertura de hotéis 5 estrelas, através de incentivos fiscais e facilidades de financiamento. Com o surgimento da EMBRATUR continuou a crescer a hotelaria no Brasil e a abrir para o mercado internacional (GOMES, 2014, p.22). Depois de crise na indústria, principalmente por possuir uma vasta quantidade de hotéis de luxo, restringindo o público, e depois de muitos hotéis cassinos fecharem com a proibição dos jogos de azar no país foi que passou a se basear no modelo norte americano. Modelo esse que não se baseia em atender somente a nobreza, mas a ser mais capitalista e de negócios, e oferecer qualidade a todos que pudessem pagar independente de classe ou outros. O início de seu crescimento no Brasil se deu no século XIX, associada a chegada do primeiro navio Byron, com um grupo de turistas trazidos pela Agência do Thomas Cook, no Rio de Janeiro (BAHLS, 2018, p.28). Mas foi após a II Guerra Mundial que passou a ser mais acelerado e pôde chegar ao nível de qualidade e competitividade das redes hoteleiras internacionais. 40
No prefácio do livro “Hotel: planejamento e projeto” o presidente da Associação Brasileira da Indústria de hotéis, ABIH, Enrico Fontes (2013, P13): “No Brasil, as cadeias hoteleiras internacionais começaram a desembarcar ainda na década de 1970, mas o grande impulso foi a partir do Plano Real, de 1994, que trouxe estabilidade econômica ao país, o qual se tornou mais seguro para receber investimentos de porte. As grandes redes serviram de parâmetro para a hotelaria nacional”.
MEIO HOTELEIRO E EXTRA HOTELEIRO EM FORTALEZA O crescimento da hotelaria da cidade está ligado também com a oferta turística e Fortaleza possui naturalmente uma vocação ao turismo devido ao sua condição natural, conforme plano Fortaleza 2040 (2016, p.5). O turismo vem ganhando força, principalmente a nível nacional, com isso a necessidade de estrutura para receber turistas cresce, inclusive a necessidade de alojamentos. A hospedagem na cidade registra crescimento e o turismo passa a ter mais relevância na economia, mais investimentos são feitos pelas iniciativas privadas e a oferta de leitos cresce mesmo quando passou por crise entre 2008 e 2014 (Plano Fortaleza 2040, 2016, p.5). Segundo noticiado no Diário do nordeste (2019), a Secretaria de Turismo do Estado, SETUR, a ocupação da rede hoteleira de Fortaleza obteve índice de 84,87% em janeiro de 2019. E conforme citado no portal de notícias Mercado & eventos Ribeiro (2018), o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), apresentou uma taxa de ocupação de 73,29% de janeiro a julho de 2018. O setor segue otimista pelo crescimento ao longo do ano. Segundo secretário Régis Medeiros (2019), da Secretaria de Turismo de Fortaleza, SETFOR, estão sendo realizadas obras pela prefeitura que irão contribuir para isso, como a requalificação da Avenida Beira Mar, o Polo Gastronômico da Varjota e Praia de Iracema, essa onde serão propostas isenções de impostos para as empresas se instalarem no local. O meio extra hoteleiro em Fortaleza ainda causa polêmica, principalmente as hospedagens oferecidas em aplicativo como airbnb e booking, de aluguéis de casas e apartamentos. Isso tanto entre o meio hoteleiro, que considera a concorrência injusta, em maior parte por que não pagam impostos, tanto os vizinhos em condomínios que ficam com receio pela segurança. Conforme a notícia do Diário do Nordeste (2016) “Airbnb gera impacto na rede hoteleira da Capital”, já se falam em tentar aprovar lei que regulamentaria o aplicativo Airbnb. Assim como afirma que devido a crise atual “[...] os turistas que visitam a Capital, para reduzir os custos da viagem, têm procurado outras opções de hospedagem, como os aluguéis de casas, flats ou apartamentos por temporada”(DIÁRIO DO NORDESTE, 2016), ficando a ocupação da rede hoteleira em torno 85% quando no mesmo período do ano anterior em quase 100%. 41
Em Fortaleza a oferta de hospedagem meio extra hoteleiro segundo o consultado no site do Airbnb, outubro 2019, são mais de 300 lugares oferecidos, desde quartos em casas compartilhadas a apartamentos inteiros. Além de outros na mesma tipologia oferecidos no Booking, Decolar, kayak e outros. O Airbnb também oferece 14 experiências criadas pelo anfitriões para aproximar o hóspede e ser um diferencial durante a estadia em Fortaleza. Segundo Silva (2017), na notícia no Panrotas “Caldas Novas e Fortaleza têm destaque global no Airbnb”, Fortaleza ficou em 9º lugar no ranking de tendência de crescimento. No site do Couchsurfing existem 10.543 anfitriões, sendo 1.741 anfitriões abertos a receberem hóspedes no mês outubro de 2019, entretanto esse em específico não cobra para hospedar pessoas. Na capital cearense, segundo os sites hostelworld, Booking e Kayak, em outubro de 2019, há um total de 19 albergues, localizados em sua maioria nas regiões da Praia de Iracema e Centro. A classificação da tipologia da hospedagem a seguir foi feita com base nas classificações descritas anteriormente. Foram feitas através da leitura das descrições fornecidas nos citados sites, assim como comentário de hóspedes, além das fotos disponibilizadas por eles. As notas dadas para as hospedagens seguem os critérios definidos por cada site. A relação dos albergues tem a intenção de compreender melhor o cenário e a ocupação desse meio extra hoteleiro na cidade.
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Tabela 4: Classificação e local albergues Fortaleza.Produzido por autora; Fontes: hostelworld, Booking e Kayak.
A HOSPEDAGEM UNIVERSITÁRIA A gênese do turismo moderno e da hotelaria está ligada com a busca por conhecimento e estudos, o Grand Tour. Ainda hoje pessoas migram de cidade ou países para buscar melhores oportunidades e estudar nas melhores instituições. No Brasil o que facilitou esse êxodo entre cidades foi o exame nacional do ensino médio, ENEM, e o Sistema de Seleção Unificada, SISU, como os meios para o ingresso em instituições de ensino superior públicas e como meio de conseguir financiamentos estudantis em instituições particulares. Com isso segundo o portal de notícias O Globo (2019), a pesquisadora da Universidade de São Paulo, Denise Leyi Li, constatou que entre os anos de 2006 e 2014 “o Sisu de fato levou a um aumento no número de estudantes que conseguiram ingressar numa universidade de outro Estado por causa do sistema”. Segundo Moreno e Reis (2013), para o portal G1, na edição de 2013 do SISU “Mais de 15 mil jovens brasileiros aprovados [...] vão estudar em 2013 em universidades públicas de estados diferentes ao de sua origem.” representando 13% dos candidatos. Segundo o G1 Ceará (2018) no ano passado no Ceará a UFC foi a segunda mais procurada no SISU, sendo que “(...) 91,9% das inscrições foram de candidatos residentes no Ceará.” Após o ingresso em uma universidade é então que começa uma das dificuldades enfrentadas pelos estudantes, a procura por um local para morar durante o período de estudos. Em Fortaleza há algumas opções de alojamentos privados, somando 4, e públicos, somam 15. A Casa do Estudante do Ceará, alojamento público, construída no ano 1934, que abriga 117 estudantes de ensino médio a universitários. Segundo Fretiras(2017), para o portal G1 Ceará se “compartilha quartos, banheiros, lavanderias, quadra de esportes, biblioteca, sala de estudos, auditório e refeitório. Em cada quarto mora uma dupla, e só é permitido dividir este espaço com pessoas do mesmo gênero”. E o alojamento público e exclusivo para alunos matriculados na Universidade Federal do Ceará, que segundo a própria UFC são 14, sendo 9 delas masculinas, 4 femininas e uma mista, com capacidade total de 256 pessoas. Ambas dão auxílio para a alimentação dos estudantes que se hospedam no local. Anúncios compartilhados em redes sociais também oferecem quartos individuais ou compartilhados, em apartamentos privados e mobiliados para aluguel para estudantes de outros estados ou de cidades do interior do Ceará, tanto para homens como para mulheres. Segundo Pimenta (2016,p.26): “Assim como no resto do país, o mercado imobiliário fortalezense não explora o nicho de prédios voltados para moradia estudantil. Essa demanda de estudantes universitários “forasteiros” que chega à Fortaleza não encontra opções residenciais especialmente projetadas para atender suas necessidades, com boa localização e infraestrutura adequada.”
Também segundo Pimenta (2016, p.26) os estudantes possuem pouco tempo entre a divulgação dos resultados, a matrícula e o início das aulas, que causa a passagem por alguns locais antes de encontrarem o alojamento ideal, sendo as opções mais comuns em Fortaleza: pensionatos, repúblicas, quitinetes, morar sozinho e também albergues, sendo este utilizados nos primeiros dias na nova cidade até encontrar um local fixo. 44
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HISTÓRIA DE FORTALEZA
“[...] é hoje considerada um dos pólos turísticos mais procurados no Brasil, por brasileiros e estrangeiros. O visitante que vem a Fortaleza não imagina que a ‘loura desposada do sol’ que evoluiu em todos os sentidos, atraindo não só turistas como também outros investimentos para a cidade e para o Estado do Ceará, em seus primórdios, parecia ter poucas possibilidades de crescimento”. (Araripe, 2007, p.69)
A atual capital cearense se tornou cidade somente em 1823 e chamava-se Cidade de Fortaleza de Nova Bragança. Tendo mudado de nome algumas vezes e subindo de categoria até chegar se chamar Fortaleza e tornar-se a capital do estado. Durante a primeira metade do século XIX o estado do Ceará passou por um grande crescimento no cultivo do algodão, foi então que enfim a cidade passou também a possuir uma maior importância que as outras cidades como Aquiraz. “A produção do algodão cresceu consideravelmente por toda a primeira metade do século XIX, chegando à segunda metade, por volta de 1860, a ser um dos principais fornecedores de algodão para a Europa, haja vista que os Estados Unidos, até então um dos maiores fornecedores de algodão para o mundo europeu, estava no conflito da Guerra da Sucessão, e escoava o produto pelo porto de Fortaleza, embora em precárias condições de funcionamento.[...] Então, Fortaleza, lugar de escoamento da produção algodoeira, se firmou como centro urbano, como a capital do Estado do Ceará, o centro do poder, e o Ceará passou a fazer parte da economia nacional.” (Araripe, 2007,p.70)
Mesmo gozando de certos privilégios de localização para o plantio de algodão e ter tido um crescimento na produção, até meados do século XIX ainda possuía muitos aspectos negativos, mas que foram sendo superados aos poucos e continuou crescendo em importância e em estrutura.
“[...] dificuldades primordiais que impediam o seu crescimento: terreno arenoso, falta de um rio e cais, praias com águas violentas que dificultava o desembarque, falta de transportes, ruas e praças descalças, a precariedade sanitária, os surtos epidêmicos e, fechando o quadro das dificuldades, o flagelo das secas que açoitava a região. Seu povo, entretanto, tinha, caracteristicamente, uma alma alegre, o que talvez tenha ajudado na superação das dificuldades presentes no dia-a-dia. [..] a partir de 1866, Fortaleza apontou como um grande eixo de exportação de algodão e com os melhores preços no mercado internacional, possibilitando à cidade ser o centro aglutinador do algodão, bem como do açúcar, do couro e do café. Fortaleza, então, ganhou mais importância e hegemonia político-econômica sobre as demais cidades, tudo isso facilitado pela estrada de ferro Fortaleza-Baturité,[...]”(Araripe, 2007, p.71)
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Desse tempo até os dias atuais a capital veio se desenvolvendo, tanto fisicamente com a chegada de marcos de civilidade como o colégio do Liceu em 1845, canalização da água em 1867, plano urbanístico de Adolfo Herbster seguindo o criado por Silva Paulet em 1875, e entre muitos outros. Como também criou uma identidade própria com o passar dos anos, algumas características, comidas e tradições que permanecem até os dias atuais e outros que felizmente ou infelizmente se perderam ao longo do tempo e com a própria mudança de mentalidade da sociedade.
Foi tempos após a abolição da escravidão que o município era governado por Guilherme Rocha, que se preocupava com a estética da cidade. Devido isso obras como remodelação de praças foram feitas. Após isso veio o governo de Idelfonso Albano, que continuou a pensar na cidade, trouxe ainda mais modernidade e civilidade para o município, nascendo muitas instituições de cultura e lazer na época. Tudo isso foi proporcionando uma mudança social e de pensamentos políticos, que afetaram a forma de vida que se encontrava a sociedade.
HISTÓRIA DO BAIRRO
“[...] proveniente de estudos nas academias de Direito e Medicina, carreiras que surgiram no Brasil por essa época, e dos contatos com o mundo ocidental, surgiram mais idéias e valores - positivismo, pragmatismo e racionalismo científico - que bateram de frente com a centralização do regime imperial. [...]Em meio ao contexto geral dos acontecimentos ainda havia que se pensar na problemática da seca, [...] e, por conseguinte, da migração dos flagelados da seca para a Sede do Estado. Esse cenário da cidade de Fortaleza tentava entrar em sintonia com o restante da sociedade brasileira que, também, crescia a passos largos, em busca de se tornar um país civilizado, com tudo o que o termo sugere,[...] Ao verificar esse panorama da cidade de Fortaleza, há de se observar um aumento global no crescimento e desenvolvimento da cidade em todos os aspectos, embora nem sempre a contento dos seus habitantes e em meio a muitos conflitos, o que com certeza trouxe mais mudanças e também melhorias para o lugar. Foi em meio a esse cenário, e movido por ele, que surgiu a procura por moradias mais afastadas. Assim nasceu o bairro do Jacarecanga,[...]”(Araripe, 2007. p.74)
Jacarecanga é uma palavra de origem indígena, que significa cabeça de jacaré, seu nome está ligado a forma do morro que se localizava perto do lago que existia ali. A história do bairro está intrinsecamente ligada à história da capital cearense. Movimentos políticos, contexto social, “[...]quando as elites econômicas e intelectuais começam a se deslocar em decorrência da chegada de retirantes da seca [...].” (Araripe, 2007, p.76) e vários outros aspectos contribuíram para o surgimento do bairro em 1912. “Antigamente era um grande sítio que pertencia ao coronel Guilherme Rocha, então intendente (prefeito) de Fortaleza. Naquela época, o Bairro começava na linha do trem e ia da praia até a avenida
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Duque de Caxias. Por esse sítio passava o riacho Jacarecanga, que em frente ao Morro do Ouro se alargava e formava a Lagoa Jacarecanga, utilizada para passeios de barco movidos a vela.”(Araripe, 2007,p.77)
Na época foi “[...] considerado pelos fortalezenses como um lugar de veraneio, um território de chácaras verdes, sombreadas por árvores frutíferas, próximas de um riacho buliçoso (que leva até hoje o nome do Bairro) e não distantes do mar.” (Leitão, 2015, p.16). Todavia foi por volta dos anos 20 e 30 que o bairro se tornou mais popular, surgiram fábricas e foram construídos os famosos casarões. Mas “A história do bairro Jacarecanga é marcada não só pela estrutura arquitetônica das suas casas, mas, especialmente, pela elite política, econômica e social da cidade.” (Araripe, 2007, p.77). Foram moradores como o ex prefeito Acrísio moreira, Filomeno gomes, Virgílio Távora e outros que participavam da manutenção da vida do Jacarecanga, seja investindo na construção dos casarões, matriculando os seus filhos nos melhores colégios da época ou simplesmente interagindo com a vizinhança.
“[...] o fato de a parte da Cidade ser da primeira metade do século XX, abrigando algumas instituições das mais significativas da história de Fortaleza, bem como pelo conjunto das pessoas que ali moraram, que deram, por muito tempo, uma configuração para que o lugar fosse considerado o bairro chic da Cidade, não só pelas belas casas, como também pelo nível social dos seus moradores em aspectos políticos, econômicos, educacionais.” (Araripe,2007, p.11)
Segundo Araripe (2007, p.76) foi após a seca de 1915 e com a recuperação da economia do Estado e das classes mais abastadas, que já não se contentavam mais em residir no Centro tomado pelo comércio, que houve uma maior migração do Centro para o Jacarecanga para se distanciar da classe trabalhadora, mantendo mais próximas somentes as relações de trabalho. Entretanto o bairro também passou a abrigar uma boa parte dos trabalhadores das fábricas que lá funcionavam, como a fábrica de tecidos São José, a Brasil Oiticica e outros. Estas foram significativas, pois de acordo com leitão (2015, p.22) essas indústrias foram o principal estímulo para o surgimento das vilas operárias, fundamentais para o crescimento do local e para compor a dinâmica do bairro como um todo, a mistura de classes, o variado uso do solo e afins. “A região atravessará a Colônia (como território de genocídio indígena), o Império (como repositório de milhares de cadáveres cearenses vitimados pela varíola) e a República (como um bairro industrial, ao mesmo tempo, operário e pequeno burguês) refletindo, em todos esses períodos, os paradoxos e os dilemas de Fortaleza. Talvez a imagem mais contraditória de Jacarecanga seja a de um conjunto arquitetônico elegante construído sobre uma “montanha” de ossos humanos” (LEITÃO, 2015,p.20)
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No período da república que a paisagem do bairro se transformou de maneira mais expressiva, os vazios foram ganhando vida, grandes casas foram construídas com materiais importados. Isso devido ao grande poder aquisitivo de parte dos novos moradores, já que as imponentes construções também faziam parte dos status sociais daquela época. Segundo Araripe (2007, p.77) “[...] as casas construídas na cidade procuravam entrar em sintonia com os estilos arquitetônicos mais consagrados à época [...] de acordo com os padrões de civilidade projetados pela modernização européia dos centros mais avançados.” Isso não foi uma exclusividade do bairro, mas Fortaleza como um todo passou a abrir cinemas, teatros e clubes, passando por um “embelezamento” das ruas e praças ao estilo belle époque, mas sem dúvida em relação a propriedades privadas o bairro ganhou destaque com as grandes casas.
Uma local de valor para o bairro, mas também para a cidade, é praça Gustavo Barroso ou conhecida como praça do Liceu. Segundo Araripe (2007, p.112) é lugar de frequência quase que diária, tanto para os moradores do bairro como “gente de fora”. Que de acordo com as observações da autora (2007,p 109-113)cada dia da semana e da rotina tem suas peculiaridades moldadas pelo costume de seus frequentadores. Ela também foi palco de protestos e greves, estudantis e operárias, de encontros românticos e de boas conversas, guarda muita história e permanece criando outras mais. Quando as famílias de prestígio da capital se mudaram para a região, algumas instituições de ensino se instalaram nas proximidades para atender a demanda de educação. Algumas dessas instituições permanecem em funcionamento, como o Instituto Bom Pastor e o Liceu do Ceará. Para atender uma parcela de moradores do bairro, principalmente os estudantes, havia uma linha de ônibus especial criada que circulava pelo Liceu e terminava nas vilas dos operários. Muitas crianças que estudavam nas escolas por onde a condução de madeira da empresa do Oscar Pedreira passava utilizavam ela regularmente, atualmente já não está mais em circulação. Mas, assim como estabelecimentos, pessoas e costumes que já não estão mais presentes, permanece nas lembranças e podem ser transmitidas a outros. “Por volta de 1992, houve um movimento de alguns moradores dali para formarem uma associação que se chamou Fundação-Sociedade dos Amigos do Jacarecanga,entidade não governamental, com o intuito de discutir seus principais problemas. A preocupação era com a memória do bairro e o senso de cidadania. [...] A perspectiva era que fizéssemos um grande movimento para trazer mais pessoas preocupadas com a preservação do patrimônio cultural do Bairro, no que diz respeito ao patrimônio arquitetônico e todas as manifestações culturais, que estão na dança, no pastoreio, no carnaval.” (Araripe, 2007, p.18)
Apesar dos esforços da Associação parte do patrimônio do bairro foi se perdendo. Houve uma outra tentativa de prosseguir com a associação no ano de 2004 quando segundo Araripe (2007, p.18), ela e outra pessoa foram convidados para retomar as atividades com perspectiva de movimentar as pessoas mais engajadas do bairro e preocupadas com a preservação do patrimônio arquitetônico e todas as manifestações culturais,como a dança, o pastoreio e o carnaval. Algumas das perdas foram a demolição e abando
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no de alguns antigos casarões, que tanto traziam beleza e características identitárias para a região e memórias de moradores que já faleceram e que não deixaram nenhum tipo de registro dos costumes mais antigos do bairro em seu auge. “As casas [...] se tornaram, então, símbolo de representação social dos seus moradores e trouxeram novas formas de sociabilidade: o gosto pela vida privada; modelo burguês de família como forma de proteção ao medo das ruas centrais pela intensificação do movimento, greves e a população menos privilegiada ou favorecida na escala social. Foram construídos, dessa forma, em pouco tempo vários palacetes, entre a Praça da Lagoinha e a Praça Fernandes Vieira, que tinham como núcleo de referência e difusão a Fernandes Vieira, mais conhecida como Praça do Liceu, e se espalhavam até as margens de um riacho, formando o arrebalde de Jacarecanga. Em sua maioria, as casas tinham nomes de identificação exterior, e em muitas delas aparecia a palavra villa, tal qual aparecia na de Alfredo Salgado, comerciante rico, denominada “Itapuca Villa”. Algumas traziam suas denominações no alto dos portões, em francês ou latim, como a de Francisco Salgado, em uma das esquinas da praça, que trazia escrito em seu portão Festina Lente. Os estilos eram variados: umas imitavam chalés; outras com torreões pontiagudos; outras, ainda, em estilo art nouveau. Formavam um conjunto que, pela variedade e beleza, se destacava de outros bairros da cidade.” (Araripe, 2007,p.78)
Segundo uma das entrevistas feita por Araripe (2007, p.158), Eleonor Lóssio conta, além de como eram as casas e costumes, sobre a lagoa que existia onde hoje é a Francisco Sá. “O riacho Jacarecanga, que atravessava bucolicamente a avenida Francisco Sá nas primeiras décadas do século XX, será aos poucos esquecido, em função das novas necessidades do Bairro.” (Leitão, 2015, p.54). Algumas pessoas também citam a boa relação do bairro com o mar, a escola de aprendizes marinheiros, o corpo de bombeiros e vários outros. “E o Jacarecanga ainda era bafejado pelo mar, tão próximo, ao lado da Igreja dos Navegantes e da Escola de Aprendizes Marinheiros. Muitas vezes fui com minha avó e bisavó a missas na igrejinha ao lado do trilho, e depois descíamos até o mar, antes de voltarmos para a vila, caminhando calmamente e sem qualquer tipo de cuidado ou preocupação.” (Jaime Leitão apud LEITAO, 2015,p.75)
São memórias e costumes, como sentar na calçada para conversar com amigos, o vendedores de porta em porta, que devido a insegurança e mudanças na sociedade como um todo, passaram a ocorrer com menos frequência ou simplesmente não existem mais. “O seu desenvolvimento e apogeu, entretanto, ocorreram por volta dos anos 1920, 30, 40 até 50, quando os seus moradores começaram a migrar para o outro lado da cidade.”(Araripe, 2007,p.76) Após o auge e popularidade do 52
bairro, uma crise fez com que algumas fábricas fechassem e o regime militar proporcionou momentos de tensões políticas. Enquanto isso outro bairro passou a chamar atenção e a se desenvolver. A Aldeota e todo o lado leste da cidade passou a experimentar desse crescimento. De acordo com Leitão (2015, p.64) “O bairro que nascia era cobiçado por muitos fortalezenses e, especialmente, por grande parte das famílias de classe média e alta oriundas de Jacarecanga.” Com isso partes dos moradores que residiam no Jacarecanga passaram a migrar e morar na Aldeota, iniciando assim o declínio do bairro. “Jacarecanga era, por natureza, um bairro de vilas, de ruas sem saída, de espaços afeitos ao encontro e à troca. O mais interessante naquelas vilas era a integração física entre as casas, que conduzia ao compartilhamento dos cotidianos daquelas famílias. Os muros comuns não permitiam o isolamento, a rua sem saída, povoada o dia inteiro por crianças (e não por carros!), servia de espaço aos vários eventos coletivos.”(LEITÃO, 2015, p.32)
Mesmo que o tempo áureo do Jacarecanga tenha passado ainda é nítido o carinho e noção de pertencimento e identidade que ele traz para seus atuais moradores e pessoas que tiveram a oportunidade de passar um período morando na área. Mesmo que tenha mudado sua paisagem e alguns costumes, parte destes elementos ainda estão preservados. Ainda há pessoas icônicas vivendo por ali, há bens materiais tombados e em processo de tombamento. Alguns dos antigos casarões e edificações passaram a ter novos usos, que não seu uso inicial de moradia, passando a abrigar comércio ou serviços.
“Hoje, casas antigas se misturam com modernos prédios de apartamentos; órgãos públicos ou privados ocupam algumas das antigas casas, outras ainda continuam com seus proprietários. São o novo e velho que, a todo o momento, se cruzam, em um movimento próprio da vida e da cidade que cresce de acordo com os interesses econômicos, políticos,culturais, mas, também, afetivos.”(Araripe, 2007,p.83)
Está previsto no Plano Fortaleza 2040 o desejo de restaurar algumas edificações, porém o documento não especifica quais edificações serão alvo dessas restaurações nem estipula um prazo concreto. Uma das edificações que atualmente está em processo de tombamento é a casa do ex prefeito Acrísio Moreira. A casa fica localizada em um terreno de aproximadamente 4.000m2 na rua São Paulo, nº 1889, próxima da vila operária do philomeno gomes. Após seu falecimento a família não voltou a morar na casa, tempos depois ela foi alugada, restaurada e passou a abrigar a divisão de anti sequestro, mas depois foi novamente esvaziada e hoje está sem utilidade e seu processo não tem prazo para ser concluído.
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Legenda: Mapa 3: bens tombados e em processo.Produzido pela autora. Fonte: Anuário do Ceará 2019 - 2020
Através desse mapa podemos perceber a concentração de bens tombados e em processo de tombamento na região do bairro Centro e adjacências. Atualmente são em torno de 50 bens tombados em caráter provisório e 32 tombados a nível municipal. O bairro Jacarecanga e a Praia de Iracema são declarados bens de relevante interesse cultural. Somam 7 os bens tombados na pela União, que são localizados na capital e 25 tombados na esfera estadual. Além dos apontados pelo portal O Povo (2018) “Dez patrimônios históricos de Fortaleza destruídos intencionalmente” que existiam antes de serem demolidos. A reportagem foi por volta do mesmo período do incêndio do Museu Nacional, que chamou a atenção sobre o descuido com o patrimônio histórico no Brasil. Foram citados: A Vila Vicentina, em 2016; o Bangalô da Escola Nossa Senhora da Assunção, em 2013; a Casa do banqueiro João Gentil, em 1958; o Centro Artístico Cearense, 2000, entre outros. Apesar de não poder afirmar como seria o cenário atual da cidade se não houvesse acontecido essas perdas e outros bens em processo de tombamento já tivessem sido analisados. 54
ESTUDO DE CASO O projeto de reutilização do antigo sítio industrial desativado de bagnoli, em nápoles, apresenta algumas similaridades com o bairro Jacarecanga. Podemos citar a presença de áreas residenciais habitadas por trabalhadores da fábrica, também o encerramento das atividades das mesmas apesar de terem possuído grande importância. Além também de que ambas possuem a proximidade com a região litorânea. Segundo Rufinoni (2013,p.253) O projeto tinha intenção de aproveitar essa oportunidade de intervenção para promover a cidade no circuito turístico e de intercâmbios internacionais.
1.
Parque e praia
2.
áreas residenciais e comerciais
3.
áreas residenciais e do setor terciário
4.
setor terciário
5.
áreas residenciais e de produção
6.
setor terciário e de produção
7.
habitações existentes
8. equipamentos 9.
parque do esporte
Fig.1 :Área destinada ao Parque Urbano. Fonte: Rufinoni, 2013.
Também segundo a autora (2013,p.253) a maior parte da área de 4,7km² de intervenção é ocupada pelas estruturas industriais das fábricas de siderúrgica (Ilva-Italsider - 1910) e de cimento amianto (Eternit). As atividades industriais naquela região datam a segunda metade do século XIX e se intensificou no século seguinte, devido a incentivos feitos através da legislação para a ocupação da área. Além da presença do porto ter sido outro fator responsável por ter contribuído para a instalação das indústrias no local, pois facilitava a chegada de matéria prima e o escoamento do produto final.
A maior empresa siderúrgica foi a Ilva-italsider, que teve seu auge nos anos 60, porém logo na década seguinte veio a entrar em declínio por conta da concorrência japonesa. Segundo Rufinoni (2013,p.254) nessa mesma época o Plano Diretor de Nápoles tinham planos sobre destinar parte das áreas ocupadas pelas fábricas para implementação de áreas verde e empreendimentos turísticos, para explorar a potencialidade litorânea.
Entretanto esses planos não foram colocados em prática, pois ainda tentaram reerguer a atividade da siderúrgica, porém não foi bem sucedida, levando ao encerramento definitivo das atividades entre os anos de 1898 e 1991, juntamente com a crise de outras atividades industriais naquela área. (RUFINONI, 2013,p.254). Ainda pouco antes de fecharem, outras possibilidades foram cogitadas para a uti-
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lização da área, foram elas: um parque científico e tecnológico ou o aproveitamento da área para fins turísticos. Entretanto os moradores não aprovaram a ideia por medo do processo de gentrificação. Foi em 1994 que efetivamente foi criado o plano que se iniciou a implementação. O plano, segundo a autora (p.254), determinava que se fossem feitas a despoluição dos terrenos, para que se criasse um território de baixa densidade onde atividades ligadas à pesquisas se integrariam com atividades ligadas ao turismo, recuperação da areia para atividades balneárias, porto turístico e novas áreas residenciais e de atividades terciárias. A desocupação do terreno e o início do processo de despoluição ocorreram em 1999, restando apenas 16 estruturas consideradas de interesse arqueológico ou arquitetônico, porém de acordo com Rufinoni (2013,p.255) não são claros todos os critérios que fizeram parte dessas escolhas, exceto pela de se tratar de uma atividade muito poluente as estruturas deveriam ser seguras para a utilização. Foi apenas depois de escolhidos que foi definido diretrizes para as estruturas selecionadas, por que eram importantes, quais poderão ser seus usos e outros, também baseados em diretrizes do Plano Diretor. Rufinoni (2013,p.257) afirma que é um problema a forma que foram inseridos as novas funções, pois a análise é feita isolada, não considera um diálogo com as atividades já existentes e tem promovido o processo de gentrificação, com a chegada de grandes investimentos e aumento dos preços dos imóveis. Representando um descuido por parte dos profissionais que estavam envolvidos nas tomadas de decisões tão importantes, não levando em consideração as pessoas que moram na região, ressaltando que muitas delas trabalhavam ou tinham algum vínculo com as fábricas. Fig2.:Perímetro do projeto urbano. Em destaque sítio industrial e em vermelho primeira etapa.Fonte: Rufinoni, 2013.
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Como o projeto abrange uma área muito grande, o projeto se dividiu em etapas separadas, a primeira parte foi a revitalização do Cais Norte, finalizada em 2005, em atual implantação está o Parque Urbano Bagnoli, projeto realizado pela Insula arquitetura e engenharia, que ganhou um concurso de projeto. Também está dividido em etapas.(RUFINONI.2013 p.258). O projeto vencedor em uma análise superficial, já que não estão de fácil acesso informações mais detalhadas, parece que procura respeitar mais o entorno, busca intervir de forma mais criteriosa, valorizando o diálogo entre as estruturas antigas e as futuras. Para acompanhar os processos ao longa da implementação foi criada em 2002 a Bagnoli Futura, Sociedade de Transformação Urbana.
Fig 3.:Parque Urbano de Bagnoli. Fonte: Rufinoni, 2013.
Fig 4 e 5.:Perspectivas do Parque Urbano de Bagnoli. Fonte: Rufinoni, 2013.
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O ENTORNO Com o objetivo de compreender melhor as dinâmicas, as necessidades do bairro em estudo, suas características e seus problemas e potencialidades, a fim de propor um projeto arquitetônico e urbanístico que dialogue com seu entorno e traga um projeto com características que convidem ao uso, foram estudados os aspectos mostrados a seguir em forma de mapas. Para chegar na escolha de alguns deles foram analisados nos sites de hospedagem Booking. com, Kayak e Hostelworld, estabelecendo os aspectos mais relevantes para os usuários de albergues, já que os mesmos possuem avaliações para classificar o hostel, que geram as notas de cada estabelecimento, e informações relevantes que estão presentes na maioria das descrições ou comentários. São elas a localização, o acesso a partir do aeroporto ou rodoviária, as comodidades e atividades próxima do local, como alimentação, compras, entretenimento e entre outros (principalmente dadas a partir do tempo que se caminha a pé). “uma localização próxima a atrações turísticas, ao centro histórico, com comércio nas proximidades e fácil acesso aos meios de transporte público tende a ser valorizada. De acordo com o perfil turístico de cada cidade, o hostel possuirá diferentes atrativos em seu entorno[...]” (FIGUEIREDO,2018,p.34) são eles: praia/ cachoeira, metrô, mercado, centro cultural/teatro/museu, aeroporto/estação de trem, parque, centro comercial, monumentos/arquitetura, centro histórico, estádio de futebol/arena multiuso e casas noturnas/bares.
ATRATIVO TURÍSTICO
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Dentre os citados por Figueiredo (2018p.34) o bairro possui todos os elementos atrativos no entorno, exceto cachoeiras, arena multiuso/estádio de futebol e aeroporto/trem. Além do patrimonial o turista geralmente procura também alimentação e outras atividades de lazer, podem variar desde atividades ao ar livre, compras e visita à museus. No mapa acima se observa a concentração novamente no bairro próximo ao estudado, mas alguns desses como centro cultural, praças, praia e o Centro Fashion se localizam dentro do próprio bairro. Mas que ainda tem potencial para abrigar mais atividades de interesse turístico. Geralmente os albergues estão ligados a usos de alimentação, no mapa acima se pode analisar os restaurantes, cafeterias, lanchonetes e bares nas proximidades. Dentro do bairro há 4 bares, uma praça de alimentação no Centro Fashion e alguns restaurantes espalhados e apenas uma cafeteria que se localiza também dentro do Centro Fashion. Sendo todos em sua maioria localizados nos bairros próximos. Porém há também a ofertas de comidas por meios de carrinhos e barraquinhas que ficam na praça.
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MEIO HOTELEIRO E EXTRA HOTELEIRO
Por ser intenção deste trabalho propor um hostel, foi analisada a oferta hoteleira e extra hoteleira no bairro e regiões próximas, com base também na tabela já apresentada anteriormente com os hostel de Fortaleza. Esse mapa permite concluir que há uma concentração na região da Praia de Iracema e centro e que no Jacarecanga (em destaque) há apenas um hotel, que é do próprio Centro Fashion e não há nenhum equipamento do meio extra hoteleiro.
ESTUDANTES Foi notada, através do mapa de equipamentos de educação, uma concentração destes nas proximidades, em sua maioria particulares. Há também muitas escolas no bairro, duas universidades e uma biblioteca dentro do próprio bairro. além de vias arteriais que dão acesso até a UFC. Um alojamento que possa ser alugado por períodos maiores nessa localidade, já que nessa área não existe4, irá diminuir o tempo de deslocamento dos estudantes até algumas das instituições de ensino ou bibliotecas, além de oferecer opções culturais e de lazer, serviços e comércios no bairro e proximidades.
4 Ver Mapa de alojamentos estudantis 62
MOBILIDADE
Segundo divulgado pelo Ministério do turismo (2010, p.127): “[...]
a competitividade de um destino turístico dependerá do aproveitamento do sistema de transporte e locomoção oferecidos para os turistas e da possibilidade de acesso aos atrativos e às formas de transporte que por si só já desenvolvem a intenção de visita do turista”. Sendo classificado como transporte, pelo Ministério do Turismo (2010, p.28) a disponibilidade de transporte para o turista da sua origem até o destino e dentro do destino, incluindo aviões, táxis, trens e outros meios. Outra análise feita foram os meios de transportes e vias. Com relação às vias há uma via paisagística que passa pelo bairro, pois passa por toda a orla e um trecho do bairro chega até a praia, não há vias comerciais. A via expressa José Jatahy corta parte do bairro de norte a sul e se 63
transforma em R. Jacinto matos, outra via também corta o bairro no mesmo sentido a Av. Filomeno Gomes, porém essa é classificada como arterial. Três vias arteriais cortam o bairro no sentido leste a oeste, a Av. Presidente Castelo Branco, Av. Francisco Sá e R. Carneiro da Cunha e há uma via arterial que corta o Bairro nesse sentido que é a Av. Tenente Lisboa. Essas vias proporcionam uma integração com os outros bairros e um grande fluxo de veículos, já que essas vias comportam um maior número de carros e possuem uma maior velocidade. As outras vias são classificadas como locais, sendo as quadras bastante irregulares, que o que pode comprometer a conectividade e possivelmente comprometer a locomoção feita a pé no bairro, porém devem ser analisadas outros dados como iluminação, condição das calçadas e outros para fazer essa alegação.
Dentro do bairro não há paradas do metrô ou Bicicletar, porém esses ficam próximos dele. As ciclofaixas, ciclovias e ciclorrotas são o que mais chegam ao bairro, mas também não entram para dentro do bairro. Os pontos do VAMO, os veículos elétricos compartilhados em Fortaleza também não estão presentes no bairro, porém não se encontram muito próximos. Os turistas que chegam na cidade chegam em parte pelo aeroporto e rodoviárias, para chegar até o bairro as maneiras mais fáceis seriam Carros, alugados ou através de aplicativos de motoristas particulares, ou ônibus. Já que como se visualiza metrô, VLT, bicicleta não são meios tão viáveis, se o turista chega por esses locais.
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Neste mapa mais aproximado da área estão presentes os bens tombados e em processo de tombamento mais próximos e as paradas de ônibus. As paradas se localizam nas vias arteriais e na via expressa, não havendo circulação de ônibus nas vias locais que adentram ao bairro. Entretanto os pontos de interesse históricos ficam próximos às paradas de ônibus, alguns estão próximos também a pontos do bicicletar, mas não à ciclofaixas, ciclorrotas e ciclovias.
Em relação a caminhabilidade, segundo o Relatório final da Campanha 2019 calçadas do brasil “Caminhabilidade (do inglês, walkability) é uma 65
medida quantitativa e qualitativa para medir o quão convidativa uma rua, praça, ou qualquer espaço público pode ser para pedestres, cadeirantes e outras pessoas com deficiência. [...] Em geral, uma área agradável para caminhar oferece certas condições e características comuns: calçadas largas e em boas condições, bancos, boa iluminação, rotas fáceis, comércio interessante, prédios e serviços, com alguma cobertura vegetal ou marquises para dar proteção contra a chuva ou o excesso de calor. Também podemos incluir a qualidade do ar que se respira, o nível de ruído urbano e, claro, a segurança. Avaliar a caminhabilidade de uma rua, um bairro, ou de uma cidade é o primeiro passo para transformar esse lugar.”(Mobilize, 2019, p.7). Quem primeiro propôs a medição da caminhabilidade Chris Bradshaw (1993) define ela como “[...] uma qualidade de local, que está sendo corroída por dia em todo o mundo” Também no relatório da Mobilize (2019,p.68-69) Fortaleza é pioneira na área de inovações na mobilidade urbana sustentável, sendo a única capital brasileira com um plano municipal de caminhabilidade, pretendendo ser em 20 anos entre as 100 cidades mais caminháveis, teve no relatório um indicador ruim na mapas e placas de orientações para pedestres, considerado ruim para uma cidade turística, também pontual mal em oferta de mobiliário urbano e segurança, fatores fundamentais para estímulo à caminhada, além de baixa oferta de arborização, considerando também o clima.
Mapa 11: Crimes. Fonte: WikiCrimes.
Mapa 12: Densidade de crimes. Fonte: WikiCrimes.
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De acordo com o wikiCrimes (2019), onde os usuários alimentam o sistema, e mostra os locais de criminalidades e informações sobre o ocorrido, o mapa do bairro jacarecanga apresenta em áreas próximas do terreno elegido alguns casos de roubos, furtos e violência. Entretanto a densidade de crimes está classificada em sua maioria como baixa. Segundo o Walkscore, que ainda não possui suas funcionalidades completas no Brasil, mas que dá algumas informações quantitativas sobre a caminhabilidade, a rua São Paulo possui uma nota 89, bastante caminhável, seguindo os critérios compras, parques, cultura e entretenimento, escolas, comida e bebida, mercados e serviços, sendo avaliados a distância a partir do terreno escolhido. Porém o aplicativo não mede questões como calçadas irregulares, iluminação pública, área de descanso, segurança, entre outros, sendo estes segundo a material disponibilizado pela Mobilize (2019) as necessidades básicas do pedestres, que influenciam na escolha do modo de se deslocar das pessoas.
PROBLEMAS E POTENCIALIDADES
O bairro possui características potenciais como a presença de construções antigas, tanto das fábricas, como casarões que podem receber novos usos públicos e ajudar na preservação dos bens materiais e imateriais, com potencial turístico. Além da proximidade com bens naturais, com potencial paisagístico e turístico e sua proximidade com o bairro Centro, que além de histórico é um local comercial. Porém existe um certo nível de descaso com os bens patrimoniais e os recursos hídricos, além de vazios urbanos decorrentes de abandono de edificações, o que ajuda a gerar uma sensação de insegurança, geralmente são cercados por muros, invadidos para usuários de drogas ou afins, causando uma menor caminhabilidade no bairro. Se houver a valorização do bairro com o interesse pelo cultural e patrimonial, a implantação de um hotel ou hostel na região seria interessante assim como algum equipamento de serviços gastronômicos.
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O TERRENO
Figura.6: Mapas diagnósticos. Produzido pela autora.
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Para se eleger o terreno, dentro ou às margens do bairro previamente estabelecido como interesse, para abrigar o projeto foram levados em consideração os mapas anteriores, fazendo uma sobreposição deles. O local então deveria cumprir requisitos como ser próximo a mais patrimônios materiais, paradas de ônibus e quesitos relacionados à mobilidade e acessos, além de ser uma edificação que se encontra atualmente sem uso e que poder comportar o programa de necessidades de um hostel e residência universitária. O espaço escolhido para o projeto se localiza no bairro Jacarecanga, na rua São Paulo, número 1889, próximo ao riacho Jacarecanga e a avenida Filomeno Gomes. Tal escolha é justificada pela importância patrimonial do bairro e da própria casa. Além disso também se localiza próximo a outros bens patrimoniais e ao bairro Centro e está inserido próximo aos locais de investimento do plano Fortaleza 2040 no eixo turismo . Além dele também será utilizado o terreno situado na avenida Francisco Sá, que se encontra nos fundos do terreno da rua São Paulo, que hoje se encontra em construção, será considerado como um terreno disponível. Tal decisão foi tomada após os esboços iniciais do projeto utilizando apenas o espaço que abriga a casa do ex-prefeito. Com isso então passa a ter duas frentes, para a rua São Paulo e para a avenida Francisco Sá, servindo como meio de conexão com a avenida de maior movimento, onde se encontram vários outros edifícios de valor histórico.
Figura.7: Localização e condicionante. Produziso pela autora.
A insolação, como pode-se analisar na carta solar de Fortaleza, a fachada ao leste e ao norte recebem o sol da manhã praticamente o ano todo, a fachada ao oeste e ao sul recebem a luz do sol na maior parte pela tarde ao longo do ano. Mas o prédio ao lado oeste, assim como a arborização, promove sombra e conforto térmico à edificação. O vento tem direção predominante entre leste e sudeste. 71
Fig.8: Carta solar fachada Norte. Gerada pela autora. fonte: Aplicativo Sol-ar
Fig.9: Carta solar fachada Leste. Gerada pela autora. fonte: Aplicativo Sol-ar
Fig.10: Carta solar fachada Oeste. Gerada pela autora. fonte: Aplicativo Sol-ar
Fig.11: Carta solar fachada Sul. Gerada pela autora. fonte: Aplicativo Sol-ar
O Jacarecanga faz parte da Regional I e é classificada em sua maioria como Zona de ocupação preferencial 1 , o faixa de praia é classificado como Zona de Preservação Ambiental da Faixa de Praia e um trecho como Zona da Orla - Trecho II, importante informação para que o projeto se enquadre em relação à altura, recuos, taxa de permeabilidades e outros. O Segundo o Fortaleza em Mapas (2015) o bairro é em sua maioria residencial e em segundo aparece o uso comercial. Por ser um bairro antigo também de acordo 72
com os dados disponíveis no Fortaleza em Mapas (2015) o bairro é bem suprido em infraestrutura sendo o abastecimento de água, a coleta de lixo, a energia elétrica e o esgotamento sanitário todos de 80 - 100% presentes. Áreas edificadas
Gráfico 07: Áreas edificadasl. Produzido pela autora fonte: Fortaleza em Mapas
O mapa de uso do solo, um raio de pouco mais de 300m, mostra a área residencial como maioria, na cor cinza. No entorno da casa o uso do solo é bastante diverso, o que ajuda a promover o caminhar. Também existem alguns terrenos vazios, que podem ser terrenos em potencial para uso em um plano urbanístico, já que vazios geram sensação de insegurança e podem ser focos de doenças.
Fig 12: Uso do solo. Produzido por autora.
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A HISTÓRIA DA CASA DO ACRÍSIO O local escolhido para abrigar o projeto objeto deste estudo é a propriedade onde morou o ex prefeito de Fortaleza Acrísio Moreira. A edificação construída na década de 1950, passou por uma reforma e segundo Araripe (2018, p.63) “desde o ano de 2006 até o final do ano 2017 a edificação encontrou-se alugada pelo Governo do Estado do Ceará pela Polícia CivilUnidade Antissequestro, mas até o presente momento ano de 2018 - ele está abandonado.” A construção da casa se deu durante o primeiro mandado de Acrísio, de 1847 a 1950, sua família morou lá até pouco antes do seu falecimento no início de 2004, depois desse acontecimento ninguém voltou a habitar a residência (Bastos, 2018, p.63).O palacete se tornou um ícone do bairro, tanto pelo sua imponência como pelo seus moradores. “O local escolhido foi estratégico, bairro Jacarecanga, lugar onde morava a elite cearense e maior parte dos políticos da época,e também onde situava a casa e a fábrica de tecidos da família de sua esposa. Então foi designado um enorme terreno de aproximadamente 4.000m2 para abrigar a construção na Rua São Paulo, n°1889, local de bastante evidência no bairro na época.” (BASTOS, 2018, p.29)
Através das plantas baixas e registros fotográficos se percebe que o casarão rodeado por muros altos possui dois pavimentos, além de contar com uma lavanderia em anexo, um caramanchão e uma edícula de apoio, que fica próxima a piscina. Uma aparência estética com influências europeias, além de que conforme relatos das visitas de Bastos à casa: “Apresenta traços de inspirações neoclássicas, uso de materiais nobres (madeira, mármore e granito); linhas ortogonais, formas regulares, geométricas e simétricas; pórticos colunados; frontões triangulares; valorização da intimidade e do conforto; exuberância decorativa; influência greco-romana e construção (...)o guarda-corpo de ferro com presença de desenho floral, uso de gesso decorativo em todas as quinas do teto e ao redor dos lustres, ornamentação contornando externamente todas as esquadrias e alvenarias que são articuladas com cunhal em argamassa, remetendo a uma tijoleira branca,presente em todas as quinas da casa.” (BASTOS, 2018, p.61)
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Fig 13.: implantação com pavimento térreo. Arquivo cedido pela Prefeitura de Fortaleza.
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Fig. 14: implantação com segundo pavimento. Arquivo cedido pela Prefeitura de Forteleza.
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Não foi possível entrar e fazer um registro fotográfico mais recente da edificação, então para este trabalho será levado em consideração o estado da conservação em registros fotográficos e o levantamento disponíveis, além de declarações de pessoas que já estiveram na casa. Um desses relatos foi de Araripe (2007, p.184) na época em que passou pelas reformas para abrigar a divisão antissequestro: “Numa mistura de estilos, a casa me pareceu mais um templo romano do que uma casa residencial. Fiquei surpresa com a suntuosidade. Sempre olhei do alto e passando pela frente da casa, que não dá para ver nada por causa dos muros altos. (...) Uma grande área, entre área coberta e área livre, muito espaço para jardim, embora agora esteja apenas na areia batida, mas ainda estão arrumando. (...) Como na maioria das casas daquela época, na entrada principal há uma escada; é uma bela fachada e na lateral esquerda há uma grande puxada com muitas colunas, trabalhadas no topo e no chão, formando um terraço em baixo e outro no andar de cima,(...) Logo após o terraço, há uma grande piscina, em azulejos brancos, mas agora muito suja, que acredito devia ter uma água linda quando estava sendo utilizada. Após a piscina, tem uma capela, agora não mais com essa função, pois está sendo ocupada com colchões, cadeiras e outros materiais, certamente, da polícia.(...), tem a piscina, a capela, muito espaço para jardim, espaço para jogar, correr, plantar ... Dona Leda Cordeiro - ainda vou falar dela - me contou que no terreno dessa casa de Acrísio, havia muitas fruteiras,(...) Entrei na casa pela lateral do terraço. Tudo muito amplo, claro: piso preto-e-branco no terraço, uma cozinha em azulejos brancos, uma dispensa, uma copa, duas salas muito grandes, creio que uma sala de jantar e outra de visitas, com piso em mármore, lustres grandes de cristal, e, na sala de jantar, uma linda escadaria em mármore que dá para o segundo andar, onde ficam os quartos. Estava muito envolvida em olhar para tudo e já ia subir para ver a parte de cima, os quartos, os banheiros com banheiras, que não dei conta de que chegou alguém da polícia. Entre preocupado e assustado, me perguntou o que eu estava fazendo ali. Bem, expliquei direitinho sobre a pesquisa, mas isso não o satisfez, pois, segundo ele, eu não poderia estar ali; o delegado não iria gostar dessa minha estada. Para minha decepção, não me permitiu subir.” (Araripe, 2007)
Ela possui em sua planta 5 quartos, biblioteca, garagem, depósito, cozinha, 4 banheiros e outros, totalizando cerca de 965m² de área útil. As seguintes fotos, do processo da reforma, exemplificam alguns aspectos que foram citados:
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Fig 17 Piscina. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza.
Fig 16 Detalhes interior. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza.
Fig 15: Coluna. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza.
Fig 20 Fachada em processo de pintura. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza.
Fig 19 Tijoleiras brancas e adornos fachada. Fonte: Secretaria de Cultura de Fortaleza.
Fig 18 Escadaria. Secretaria de Cultura de Fortaleza
PROJETOS DE REFERÊNCIA Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid - Ateliê Jean Nouvel. A expansão do museu Reina Sofía, localizado em Madrid, é uma intervenção feita pelo ateliê do arquiteto francês Jean Nouvel. O museu identificou a necessidade de expandir e através de um concurso de projetos realizou a ampliação. Então a partir disso as edificações novas e antigas passaram a conversar e interligar-se através de um pátio triangular, que ganha uma forma mais concreta ou limitada, também devido à grande coberta. A coberta é um elemento que traz grande parte da identidade do local, possuindo grande destaque, por sua forma, cor e material. Os aspectos da coberta que mais chamam a atenção, que são aspectos inspiradores para o projeto na casa do Acrísio, são a proximidade com a edificação antiga, a materialidade e a forma de projetar a experiência do usuário, ou seja, as tomadas de decisões projetuais que se beneficia das edificações e a luz natural, revelando várias formas de experimentar o espaço. Em relação a proximidade da coberta com as edificações, o mais interessante está que mesmo sendo uma estrutura mais imponente, por diversos motivos, ainda consegue estabelecer um diálogo com o antigo, mesmo sem tocá-lo, mas por quase o fazê-lo. Em alguns ângulos essa estrutura pesada também parece repousar sobre parte da edificação antiga e faz até parecer, mesmo tendo uma espessura grande, que é leve.
Fig.21: Coberta. fonte: Autora.
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Fig.22: Entrada fonte: Autora.
Já sua materialidade, que está ligada à sua coloração e ao efeito de reflexo, causado pelo material adotado na cobertura. Sua cor vermelha chama atenção, mas ao mesmo tempo dialoga também com os edifícios próximos. Esses dois pontos são o que ajudam a criar diferentes sensações aos transeuntes. O espaço de praça pública criado possui uma teatralidade pela luz natural, devido às aberturas da coberta e relação de escalas das edificações e também da coberta. São as aberturas na coberta que trazem o ambiente externo a esse espaço mais interno, que muda durante o dia por causa do sol, e cria espaços molhados e secos com a chuva, ou seja, está em constante mudança. Já os reflexos mudam em relação ao local que se encontra a pessoa, mais distante ou mais próximo da coberta, já que nesse projeto todas as edificações possuem terraço, tornando a coberta uma obra de arte para além das expostas. “[...]uma ala de tijolo vermelho, brilhante o suficiente para refletir a fachada do museu e as árvores. Uma asa sob a qual descobrimos o céu em reflexos e transparências; uma asa unificadora que não toca o museu, mas para pelo menos um metro antes para liberar um raio luminoso; uma asa cuja parte inferior corresponde exatamente ao entablamento do penúltimo andar do museu. Para crescer, o museu criou uma asa: uma asa leve da cor dos telhados; uma ala amistosa e protetora que sinaliza ao visitante que está de olho nele. ” Jean Nouvel.
Fig.23: vista afastada. fonte: Ateliê Jean Nouvel.
Fig.24: Luz sob fachada. fonte: Ateliê Jean Nouvel.
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Museu Rodin, Bahia - Escritório Brasil Arquitetura O local escolhido para abrigar a filial do Museu Rodin no Brasil foi uma edificação de importância histórica, que segundo a equipe responsável pelo projeto, do escritório Brasil Arquitetura, fazia parte das séries de exigências (apud ARCHDAILY, 2019). Foi feito o restauro do Palacete existente, com alterações internas para adequação a sua nova função e para que pudesse abrigar todo o programa de necessidades foi criado um anexo. Como referência projetual para a intervenção na casa do Acrísio as particularidades desse projeto que foram fontes de inspiração são o novo elemento no próprio palacete e a passarela de conexão entre o palacete e o novo anexo. O novo volume (ver figura x) que se encaixa e repousa em uma área do palacete não causa um contraste grande com o edifício mais antigo, devido a forma e a escolha dos materiais. Porém não faz a intervenção se mascarar com a antiga, a fim de parecer que faz parte do palacete desde sua construção, atingindo um equilíbrio entre ambas.
Fig.25: fachada noite. fonte: Nelson Kon 82
A passarela continua com a mesmas características de equilíbrio de materiais, é feita de concreto protendido e não possui pilares de apoio, dando a sensação de continuidade do espaço, não bloqueando as vistas do entorno e de continuidade entre as edificações, já que liga os dois edifícios. “Dois edifícios, dois momentos históricos que conversam num jardim centenário, definem um espaço cultural que se pretende ponto de encontro e área de convívio, um espaço de agregação de valor e de vida.” (Brasil Arquitetura apud ARCHDAILY, 2019)
Fig.27: edificio novo e antigo. fonte: Nelson Kon
Fig.26: fachada dia. fonte: Nelson Kon
Fig.28: Passarela. fonte: Nelson Kon 83
Stayokay Hostel, Soest - Escritório Personal Architecture. O Stayokay hostel, na Holanda, originalmente servia como uma escola e casa para os professores. Neste projeto a implantação do anexo e a escolha de materiais para as fachadas são os aspectos que serão referências projetuais.
Fig.29: Implantação original. fonte: Archdaily.
A configuração original dificultava a entrada de iluminação natural e gerava ambientes mais escuros e também com pouca ventilação. Então os arquitetos optaram pela demolição de algumas edificações que compunham a escola, para a criação de um pátio, que permitisse a entrada de iluminação, melhora da ventilação e a construção de um novo edifício, que dialoga com os antigos. “Estruturas de três diferentes eras do último século, juntos com um novo restaurante se combinam em uma forma quadrada que envolve o pátio.” (ARCHDAILY, 2012).
Fig.30: Demolições. fonte: Archdaily.
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Fig.32: Pátio i
Essas novas formas envolvem as edificações antigas, criando novos caminhos, além uma interessante conexão entre os edifícios. Esses novos caminhos também representam novas formas de se perceber e valorizar as edificações antigas, já que essa nova configuração permite ao transeunte se localizar em novas áreas, que antes não possuíam uma visão a outra edificação pois eram bloqueadas ou por simplesmente não serem locais de passagem. Ou seja, a escolha da localização de implementação do anexo foi pensada de forma de melhorar problemas existentes e também envolver o antigo além da própria a experiência dos usuários.
Fig.31: Nova edificação e entradas de iluminação. fonte: Archdaily.
Os prédios diferem entre si em vários aspectos como o método construtivo, tamanho, material e aparência. Porém que são ligados entre si, formando uma unidade através dos materiais usados no novo espaço. Já que o arquiteto quis reforçar a sensação de unidade usando madeiras verticais em todos os edifícios, exceto nos prédios antigos. (ARCHDAILY, 2012)
interno. fonte: René de wit.
Fig.33: Fachada com edificações antigas e nova. fonte: René de wit.
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PROPOSTA Programa de necessidades
tabela 06 programa de necessidades. Produzido pela autora.
Baseado nos projetos de referências e nos estudos apresentados no diagnóstico o programa de necessidade do hostel e da residência universitária é o apresentado na tabela a seguir, bem como suas respectivas áreas. Sendo os espaços destinados ao lazer compartilhadas entre os usuários do hostel e do alojamento. Com o programa de necessidades preliminar definido iniciou-se o esboço das formas e a inserção no espaço da casa.
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Implantação e volumetria Os desenhos partiram do princípio de ser possível que apenas as edificações existentes não acomodavam o programa total e com esse exercício constatou-se a real necessidade de um edifício em anexo. O resultado do desenho em planta e a sua volumetria mostrada a seguir serviram de pontapé para o projeto final. As decisões projetuais que resultaram na escolha da implantação e da forma do anexo partiram da ideia de respeitar o valor do patrimônio. Sendo assim optou-se por não obstruir a fachada voltada para a rua São Paulo, onde se localiza a entrada principal do palacete. Assim como a escolha do estilo arquitetônico não ser uma mera cópia do estilo do qual foi construída a casa, mas se utilizar de formas e de materiais que não se sobreponham a edificação existente, deixando claro que se trata de um prédio construído posteriormente. Tendo em vista essas primícias o lado oeste foi o elegido para alocar o anexo.
Fig.34: Implantação inicial. Produzido pela autora.
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Fig.35 e 36: Exemplo casarão no Jacarecanga com muro baixo. fonte: Fortaleza em fotos.
Com base em relatos e fotos antigas dos casarões dessa época como descrito por Amarílio Proença Moraes, morador da rua São Paulo, entrevistado por Araripe (2007, p.137):“Você está vendo os muros da nossa casa são altos, mas antigamente os muros das casas eram baixos, as pessoas se sentavam na calçada para conversar todos os dias, a calçada era lugar de encontro.” Levam a crer que o muro alto que hoje esconde a edificação era inicialmente um muro baixo, por isso se elegeu diminuir a altura do muro que fica na rua São Paulo, dando visibilidade maior à casa.
Fig.37: exemplo casarão no Jacarecanga com muro baixo. fonte: Fortaleza em fotos.
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O resultado da volumetria inicial mostrado a seguir, onde as partes pintadas em rosa representam a edificação existente, nela optou-se por abrigar o programa de necessidades do hostel. As partes em cinza representam o anexo, que comporta o programa de necessidades da residência universitária, onde a altura é a mesma do palacete e há um pilotis na parte dos fundos.
Fig.38:Volumetria inicial. Produzido pela autora.
Dessa forma inicial e com o acréscimo do segundo terreno o volume que se localizava ao oeste da casa foi transferido para o novo terreno, acrescentado um pilotis, que permite um visual de parte da edificação existente desde a Francisco Sá. Após isso as duas partes foram conectadas em apenas um andar por uma passarela, para então ter esse espaço conectado e compartilhado com os locais de uso comum. O espaço de onde foi realocado esse volume passou a abrigar um edifício que se aproxima através da coberta e tem uma altura menor que do palacete, onde abriga uma área administrativa, recepção e salão multiuso. A implantação e volumetria finais são apresentados a seguir. 89
figura 39 Diagrama volumetria. Produzido pela autora
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figura 40 Fluxos e acessos. Produzido pela autora
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figura 41 Implantação. Produzido pela autora
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Hostel Como citado anteriormente o espaço do palacete passa a ser utilizado como hostel. Para se adequar à nova função algumas paredes foram demolidas e outras acrescentadas, ou para otimizar o fluxo ou para criar espaços necessários para devido funcionamento na rotina do empreendimento. O empreendimento com essas alterações e se propõe a ser classificado como historic e homely hostel, permitindo o melhor uso e contato a realidade histórica e valorizando a cultura local para atrair turistas. Possui para os hóspedes ambientes de estar, quartos compartilhados com banheiros privativos, sendo um adaptado para pessoas com mobilidade reduzida, área de piscina, bar, sala de jogos, cozinha compartilhada e área de refeição. Além de área para funcionários, recepção com maleiro, depósitos de materiais de limpeza e depósitos para dar suporte às necessidades do hostel, como colchões extras ou outros. Os quartos coletivos são compostos de camas beliches com cortinas indivi duais para privacidade do hóspede e tomadas para cada cama, além de armários para guardar pertences e malas.
Fig.40: Planta construir e demolir. fProduzido pela autora
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Fig.41: Recepção.Produzido pela autora.
Fig.42: vista externa.Produzido pela autora.
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Fig.41: Recepção.Produzido pela autora.
Fig.41: Recepção.Produzido pela autora.
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Residência universitária A residência universitária com o anexo propõe a ser um ambiente com as áreas de lazer comuns com o hostel, proporcionando um ambiente propício aos hóspedes e moradores para experiências de trocas culturais, além de dar uso a áreas que poderiam ser subutilizadas se somente dependessem da sazonalidade do meio extra hoteleiro. As edificações possuem o térreo em pilotis, presentes na fachada do palacete e também comuns na arquitetura residencial multifamiliar cearense (Duarte Junior, Romeu, 2018, p.25) no projeto permite a criação de espaços de transição entre a área de hostel e a destinada aos estudantes e a não obstrução visual completa do palacete, principalmente desde a avenida Francisco Sá. Por ser uma residência voltada ao público estudantil, espaços para estudos individuais e coletivos foram projetados para dar suporte a essa atividade na rotina, além de uma área de academia. Para dar suporte aos quartos individuais, que serão mostrados melhor mais a frente, todos os andares possuem uma cozinha e refeitório compartilhados, sendo a cozinha com duas áreas de trabalho (Cooktop, geladeira, forno e pia), cada uma unidade de trabalho atendendo 5 quartos por andar. Também para uso dos moradores dos quartos individuais há dois banheiros coletivos por andar, que podem ser divididos por sexo ou a cada 5 unidades individuais, ambos banheiros são composto por 3 box de chuveiros com vestiário, 3 box de aparelhos sanitários e um box com chuveiro e aparelho sanitário para pessoas com mobilidade reduzida. Para fornecer melhor iluminação natural e ventilação, consequentemente redução de custos e benefícios ambientais, a edificação possui “rasgos” nas lajes nervuradas de cada andar na parte central, que devido a coberta permitem que a entrada iluminação zenital nos andares, além de esquadrias localizadas em áreas comuns que permitem a ventilação cruzada e também iluminação natural.
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Quartos As unidades de quartos se dividem em individuais e duplos. Os quartos individuais possuem 10,2m² com varanda e possuem duas variações, uma com cama aérea com escrivaninha embaixo e um guarda-roupa e outra com cama comum, guarda roupa e escrivaninha dobrável, que se adaptam a pessoa com mobilidade reduzida.
Fig.44: Unidade quarto individual. fonte: Fortaleza em fotos.
Fig.43: Cozinha. Produzido pela autora.
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As unidades de quartos duplos possuem 22,2m² com varanda, banheiro e cozinha privativos e uma cama aérea com escrivaninha e guarda roupa na parte de baixo para cada estudante.
Fig.45: Quarto Duplo.Produzido pela Autora.
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Fachadas As fachadas do palacete não foram alteradas no projeto e se considerou que foi realizado, na reforma feita pela unidade de antissequestro que, um trabalho de prospecção da cor e que a cor encontrada foi um tom de rosa pelas fotos de referências, com detalhes em branco assim como esquadrias brancas. Para as fachadas do anexo 01, que fica ao lado oeste da casa, optou-se por deixar a materialidade aparente, esquadrias de madeira e vidro e na fachada norte um cobogó, além de possuir um telhado invertido aparente. Para o anexo 02, que se localiza aos fundos da casa e no terreno de frente a avenida Francisco Sá, para proporcionar conforto térmico e dar privacidade aos moradores foram usados brises de madeira móveis nas varandas das unidades de quartos duplos. As áreas comuns possuem em lados opostos da edificação um grande brise de madeira e cobogós, que auxiliam na ventilação cruzada e entrada de iluminação natural. Nas unidades de quartos individuais optou-se por uma tela de aço patinável, conhecido também por Corten, que permite ao usuário ter uma visão do ambiente externo, mas que bloqueia a visão da área externa para a interna, mas permite o controle maior da incidência solar no ambiente além de conferir privacidade.
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Fig.46: Projeto com entorno. Produzido pela autora.
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c a p í t u l o 7
consi dera ções finais A valorização e proteção do patrimônio são importantes, independente do período e se é um bem material ou imaterial. E ainda que não haja uma única solução dentro do tema, já que não se limita a somente uma área de conhecimento, há muito o que ser explorado na arquitetura. Com isso o projeto visou valorizar o patrimônio e a história da cidade através da troca cultural e convivência, proporcionado por um novo uso de uma edificação de valor histórico, porém que ainda está em processo de tombamento. Além de poder contruibuir para a economia local e ser suporte para estudantes. O principal desafio foi encontrar documentos que abordassem o tema de hostel, sendo tratado como um meio extra hoteleiro.Mas no Brasil ainda não existem classificação oficial para o albuergue, poucos estudos são mais aprofundados e a sua maioria também são voltados para o turismo, sendo poucos analizados em função de projeto.
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Bibliografia ARARIPE, Fátima Maria Alencar. Jacarecanga: Patrimônio e memória da cidade de Fortaleza, Fortaleza, 2007. BAHLS, Álvaro Augusto Dealcides Silveira Moutinho; PEREIRA, Yára Christina Cesário. Hostel: o estado da arte e considerações para futuras pesquisas. Caderno virtual de turismo, [S. l.], p. -, 22 ago. 2017. Disponível em: http://ivt.coppe.ufrj.br/caderno/index.php/caderno/article/viewFile/1142/536. Acesso em: 10 set. 2019. BAHLS, Álvaro Augusto Dealcides Silveira Moutinho ,HOSTEL: UMA PROPOSTA CONCEITUAL, 2018, Disponível em: https://www.univali.br/pos/mestrado/mestrado-academico-em-turismo-e-hotelaria/e-book-ppgth/Documents/HOSTEL%20UMA%20PROPOSTA%20CONCEITUAL.pdf Acesso em: set 2019 BARLERA, Christiane; GARCIA, Larissa Martins. Origens da Hotelaria. Revista Turismo, [S. l.], p. -, 6 dez. 2016. Disponível em: https://www.revistaturismo.com. br/artigos/origemhotelaria.html. Acesso em: 3 set. 2019. BRADSHAW, Chris. Creating -- And Using -- A Rating System For Neighborhood Walkability Towards An Agenda For “Local Heroes”. Disponível em: https://www.cooperative-individualism.org/bradshaw-chris_creating-and-using-a-rating-system-for-neighborhood-walkability-1993.htm. Acesso em: nov 2019 Brasil. Ministério do Turismo. Segmentação do turismo e o mercado. p.28,127/ Ministério do Turismo, Secretaria Nacional de Políticas de Turismo, Departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico, Coordenação Geral de Segmentação. – Brasília: Ministério do Turismo, 2010. CARDOSO, Luiza. 8 TIPOS DE HOSTELS PARA VISITAR: DESIGN, PARTY, ECO…. Blog Olhos de Turista, 5 out. 2017. Disponível em: https://olhosdeturista.com.br/tipos-de-hostels/. Acesso em: set. 2019. CHIOZZINI, Daniel. Turismo cultural e educação patrimonial mais próximos. IPHAN.2006. Disponível em: http://www.labjor.unicamp.br/patrimonio/materia.php?id=147. Acesso em: ago. 2019. CNTUR (Basília, DF). Confederação Nacional do Turismo; SEBRAE (Basília, DF). Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa. Perfil do turista e do segmento de oferta. CNTUR, SEBRAE, Brasília, ano 2015, fev. 2015. Disponível em: http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/E4EE72775D0F632A83257A0C00757D41/$File/NT00047646.pdf. Acesso em: ago. 2019. COLUNISTA, Portal da educação. Processo de Evolução Histórica da Hotelaria. Portal da educação. Disponível em: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/turismo-e-hotelaria/processo-de-evolucao-historica-da-hotelaria/25736. Acesso em: set. 2019. CORRÊA, Raphaela. “hostel e melhor idade: a inserção do público idoso em albergues”. 2014. p.3;12;13;23;31. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/1/1029/1/324%20-%20Beatriz%20Gomes.pdf. Acesso em: out 2019 DIÁRIO DO NORDESTE (CE). Artistas lutam pela valorização de suas criações: A exploração comercial e os trabalhos vendidos a baixo custo por quem não tem tanta técnica prejudicam os criadores. Diário do Nordeste, [S. l.], 25 ago. 2012. Região, p. . Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/ regiao/artistas-lutam-pela-valorizacao-de-suas-criacoes-1.596098. Acesso em: 1 nov. 2019. DUARTE JUNIOR, Romeu. Breve história da arquitetura cearense [ recurso eletrônico]. Romeu Duarte Júnior - 1. ed. Fortaleza [CE] Demócrito Rocha, 2018 EUROPAPRESS. El turismo gastronómico, tercera motivación para visitar un destino. EUROPAPRESS, Brasília, ano 2017, 6 jul. 2017. Disponível em: https://www.europapress.es/turismo/mundo/noticia-turismo-gastronomico-tercera-motivacion-visitar-destino-20170706135110.html. Acesso em: ago. 2019. NEVES, Betina. Por que ninguém viaja para o Brasil?: Enquanto o turismo cresce no mundo, o Brasil inteiro recebe menos visitantes que Miami. Onde estamos errando?. Superinteressante, 4 jun. 2016. Disponível em: https://super.abril.com.br/sociedade/por-que-ninguem-viaja-para-o-brasil/.
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128
Ane xos
RUA
20,96
11,15
Calçada
15,77
3,25
31,14
48,38
6,20
11,65 2,75
3,57
06
04
4,19
16,83
4,19
3,00
03 06
5,00
11,80
Calçada
01
PLANTA DE SITUAÇÃO ESC.:
1/1000
02
PLANTA DE IMPLANTAÇÃO ESC.:
RUA
1/350
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO Aluna:
LARISSA ARAUJO CONEGUNDES Orientador
DR. JOBER PINTO DATA:
ASSUNTO:
PLANTA DE SITUAÇÃO PLANTA DE IMPLANTAÇÃO
FORMATO A A2
01 08
FOLHA:
15.06.2020
02
01
PLANTA CONTRUIR/DEMOLIR 1° PAV. ESC.:
1/300
PLANTA CONTRUIR/DEMOLIR 2° PAV. ESC.:
1/200
CONSTRUIR DEMOLIR MANTER
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO Aluna:
LARISSA ARAUJO CONEGUNDES Orientador
DR. JOBER PINTO DATA:
ASSUNTO:
PLANTA CONTRUIR/DEMOLIR 1° PAV. PLANTA CONTRUIR/DEMOLIR 2° PAV.
FORMATO A A2
02 08
FOLHA:
15.06.2020
19,87
1,33
RAMPA I=8%
11,93
18,57
,59
3,87
1,90
1,80
,50
2,50
1,50
4,82
3,00
RECEPÇÃO A=52M²
BAR A=25M²
6,14
4,63
,65
3,69
8,00
4,03
3,00
2,00
RECEPÇÃO A=28M² 3,50 3,00
MALEIRO A=4,8M² 2,15
2,00 ESCRITÓRIO A=5,7M²
1,37 13,63
3,80 WC A=3,1M²
7,49
DEPÓSITO A=4,7M² 3,47
7,44
ESTAR A=18,5M²
3,90
COPA A=4,3M²
5,04
5,53 12,05
WC A=3,1M²
WC A=4,2M²
WC A=4,2M²
11,78
1,20
2,42
,15
2,27
2,35
10,80
1,00
CIRCULAÇÃO A=4,5M² ,80
3,66
,85 1,61
CIRCULAÇÃO A=38M² 3,85
,40
,60
ESTAR/TV A=25M²
SALÃO MULTIUSO A=38,1M²
,80
A=2,5M²
4,90
3,87
1,60
4,20
5,00
1,88
CIRCULAÇÃO
CIRCULAÇÃO A=7,6M²
1,19
1,50
4,95
2,00
1,00
1,86
QUARTO 01 A=23,5M²
5,98
4,80
WC A=6,3M² 3,18
WC A=4,5M² 1,28
WC A=4,5M²
2,42
1,25
3,70
,82
DEPÓSITO A=5,2M²
1,05 3,51
1,20
13,15
,95
1,04
,80 ,10
2,65
1,96
3,19
10,90
VARANDA A=53,4M² COZINHA A=38M²
7,06 7,64
MEZANINO
4,05
2,66
FUNCIONÁRIOS A=8,7M²
A=23M²
3,71
3,85
ESCRIT[ORIO A=6,2M²
8,39
10,35
7,84
JANTAR A=10,8M²
3,51
PLANTA MEZANINO ESC.:
1/75
5,80
2,08
02
2,20
SALA DE JOGOS A=53M²
JARDIM A=15,1M²
8,33
JARDIM BICICLETÁRIO A=20,4M²
10,78
1,10
10,96
4,06
PILOTIS A=383,5M² 3,75
6,30
PROJEÇÃO MEZANINO 17,00 1,67
,28
2,09
,28
1,67
Pergolado a=37,8m²
12,00 4,61
13,85 10,28
WC A=3,5M²
2,28
WC A=3,5M²
10,28
7,77
11,10
9,55
5,50
7,63
6,00
49,48
5,98
2,66
7,78
LAVANDERIA A= 20,9M²
7,43
21,16
11,02
06
04
1,26
2,11
4,02
03
15,84
16,56
13,67
JARDIM BICICLETÁRIO A=23,2M²
PILOTIS A=392,5M²
3,01
5,15
3,75
06
16,56
17,00
JARDIM A=15,1M²
PROJEÇÃO EDIFICAÇÃO
3,01
1,10
03
TELHA SANDUíCHE I=15%
PLANTA ANEXO 1 - COBERTA ESC.:
1/100
10,96
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO
21,59
9,39
Aluna:
LARISSA ARAUJO CONEGUNDES Orientador
DR. JOBER PINTO
01
PLANTA PAV. TERREO ESC.:
1/300
ASSUNTO:
PLANTA MEZANINO
PLANTA PAV. TÉRREO PLANTA ANEXO 1 - COBERTA
FORMATO A A2
DATA:
03 08
FOLHA:
15.06.2020
48,98
,15 2,25 ,15 2,25 ,15 2,25 ,15 2,25 ,15 2,25 ,15
6,31
3,75
3,80
1,31
3,79
1,31
3,95
1,30
3,80
1,46
,80
4,99
1,60
,90 1,16
1,30
QUARTO A=22,2M²
QUARTO A=22,2M²
,80
QUARTO 03 A=23,6M²
QUARTO A=22,2M²
3,56
3,50
3,65
4,60
3,00 ,58
4,85
QUARTO A=22,2M² 3,80
1,00
6,15
WC A=8,6M²
21,62
5,25
2,56
18,45
2,40
20,33
17,00
2,41
1,50
,80,61 2,00
QUARTO A=22,2M²
QUARTO A=22,2M²
QUARTO A=22,2M²
QUARTO A=22,2M²
1,90
3,50
3,65
2,25
3,36
VARANDA A=88M²
QUARTO 02 A=39,2M²
WC A=16,7M²
10,96
VARANDA A=15,4M²
1,50
7,38
,80
3,90
QUARTO 04 A=23,5M² CIRCULAÇÃO A=29,5M²
WC A=6,3M²
06
04
DML A=4,1M²
QUARTO 06 A018,4M²
11,02
VARANDA A=23,1M² QUARTO 05 A=26,5M² WC A=9,5M²
QUARTO A=22,2M²
WC A=8,9M²
QUARTO A=22,2M²
14,59
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
SALA DE ESTUDO INDIVIDUAL A=51,5M²
3,56
QUARTO A=10,2M²
1,18
4,00
1,00
2,00
1,06
QUARTO A=22,2M²
2,00
2,40
10,72 2,40
1,10 1,10
16,22
1,62
1,10
1,64
COZINHA E REFEITÓRIO A=51M²
14,92
5,09
4,16
WC A=21,7M²
QUARTO A=22,2M²
ACADEMIA A=71,6M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
3,23
3,71
4,16
ESTAR A=47,7M² WC A=21,7M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M² 12,80
1,81
,15
7,21
QUARTO A=22,2M² 6,28
QUARTO A=22,2M²
3,56
5,20
1,80
03 06
2,00
7,55
06
SALA DE ESTUDO COLETIVO A=26,8M²
5,34
3,00
13,27
16,07
,99
1,60
43,57
2,20
04
,90
,80
,74
LAVANDERIA A=19M²
ESTAR A= 59,5M²
2,21
,70
2,82
1,80
2,30
1,20 DML A=2,16
3,86
FUNCIONÁRIOS A=6M²
,26
03 06
WC A=21,7M²
01
PLANTA PAV. 01 ESC.:
WC A=21,7M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
QUARTO A=10,2M²
02
1/300
PLANTA PAV. TIPO ESC.:
1/200
COZINHA E REFEITÓRIO A=51M²
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO Aluna:
LARISSA ARAUJO CONEGUNDES Orientador
DR. JOBER PINTO DATA:
ASSUNTO:
PLANTA PAV. 01 PLANTA PAV. TIPO
FORMATO A A2
04 08
FOLHA:
15.06.2020
,15
,80
2,25
1,00
1,08
4,70
Telha fibrocimento translúcida i=30%
3,50
,40
,95
Projeção mesa dobravél
QUARTO INDIVIDUAL A=10,2m²
06
04
Laje impermeável i=2%
QUARTO INDIVIDUAL A-10,2m² Projeção cama
Telha fibrocimento i=30%
1,00
,75
,18
,15
Projeção prateleira
,15 ,10
Telha fibrocimento i=30%
1,45
,15
PLANTA QUARTO INDIVIDUAL ESC.:
03
1/30
PLANTA QUARTO INDIVIDUAL PNE ESC.:
1/30
Laje impermeável i=2%
1,19
03
02
,80
3,06
06
04
,75
1,00
1,72
Telha fibrocimento translúcida i=30%
QUARTO INDIVIDUAL ESC.:
1/30
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO Aluna:
01
PLANTA COBERTA ANEXO 2 ESC.:
LARISSA ARAUJO CONEGUNDES Orientador
DR. JOBER PINTO
1/200
DATA:
ASSUNTO:
PLANTA COBERTA ANEXO 02 PLANTA QUARTO INDIVIDUAL
FORMATO A A2
PLANTA QUARTO INDIVIDUAL PNE
05 08
FOLHA:
15.06.2020
,15
4,19
2,57
1,00
,20
1,30
3,04
1,45
,90
1,51
,20
2,56
3,80
,15
6,08
1,07
2,41
,61
3,08
3,56
1,39
16,99
,16
,6 0
1,88
,60
CORTE 01 ESC.:
1/100
,20 ,76
,80
03
3,79
,15
1,46
3,08
3,06
,16
1/30
3,08
ESC.:
3,06
PLANTA QUARTO DUPLO
ESC.:
3,08
1/100
,10
,80
CORTE 02
,75
04 ,90
,95
1,87
6,12
2,50
,70
3,06
,18
,80
2,00
1,19
3,06
,18
,20
01
,18
,20
5,56
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO Aluna:
LARISSA ARAUJO CONEGUNDES Orientador
02
QUARTO DUPLO ESC.:
1/30
DR. JOBER PINTO DATA:
ASSUNTO:
PLANTA QUARTO DUPLO CORTE 01
FORMATO A A2
06 08
FOLHA:
CORTE 02 15.06.2020
TELA AÇO PATINÁVEL
BRISE MADEIRA MÓVEL
9,68
3,24
4,75
2,90
,70
,34
2,54
2,90
,70 2,00
1,30
1,00
CONCRETO
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
6,02
6,12
Arch. Giuseppe Conte
PINTURA DE ACORDO COM PROSPECÇÃO
COBOGÓ
FACHADA NORTE ESC.:
1/200
TELA METÁLICA
,88 ,88 9,60 9,60
1,001,20 2,04 1,20 2,04 1,20 2,00
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
6,12 6,11
Arch. Giuseppe Conte
04
16,80
16,80
COBOGÓ
,20 ,22
10,68 10,68
CONCRETO
6,12 6,12
01
FACHADA SUL ESC.:
1/200
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO Aluna:
LARISSA ARAUJO CONEGUNDES Orientador
DR. JOBER PINTO ASSUNTO:
DATA:
FACHADA SUL FACHADA NORTE
FORMATO A A2
07 08
FOLHA:
15.06.2020
TELA AÇO PATIN]AVEL
CONCRETO
BRISE FIXO MADEIRA
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
,68
4,35
6,12
Arch. Giuseppe Conte
11,32
1,59
2,05
6,28
16,80
PINTURA DE ACORDO COM PROSPECÇÃO
01
FACHADA LESTE ESC.:
1/200
CONCRETO
COBOGÓ
BRISE MÓVEL MADEIRA
TELA AÇO PATINÁVEL
1,66
Arch. Giuseppe Conte
Arch. Giuseppe Conte
3,00
1,00
1,00
TRELIÇA METÁLICA
02
FACHADA OESTE ESC.:
1/200
CENTRO UNIVERSITÁRIO 7 DE SETEMBRO Aluna:
LARISSA ARAUJO CONEGUNDES Orientador
DR. JOBER PINTO DATA:
ASSUNTO:
FACHADA LESTE FACHADA OESTE
FORMATO A A2
08 08
FOLHA:
15.06.2020