Centro de Apoio aos Institutos do Câncer - Gustavo Diegues

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FIAM - FAAM Centro Universitário

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CENTRO DE APOIO AOS INSTITUTOS DO CÂNCER Pinheiros 755

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Gustavo Francisco Diegues

São Paulo VV

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2017 VV VV



FIAM – FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

Gustavo Francisco Diegues

CENTRO DE APOIO AOS INSTITUTOS DO CÂNCER Pinheiros

São Paulo 2017



FIAM – FAAM CENTRO UNIVERSITÁRIO

Gustavo Francisco Diegues

CENTRO DE APOIO AOS INSTITUTOS DO CÂNCER Pinheiros

Trabalho Final de Graduação apresentado à banca examinadora da FIAM-FAAM Centro Universitário, como exigência parcial para a obtenção de título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob a orientação do Professor André Dias Dantas.

São Paulo 2017


DIEGUES, Gustavo Francisco – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, Pinheiros / Gustavo Francisco Diegues – São Paulo, 2017, 112 páginas.

Notas: 1. TFG 2. Centro de Apoio aos Institutos do Câncer 3. Pinheiros


Gustavo Francisco Diegues

CENTRO DE APOIO AOS INSTITUTOS DO CÂNCER Pinheiros

Trabalho Final de Graduação ao curso de Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do Professor André Dias Dantas. Defendido e aprovado em _____ de_________________ de 2017, pela banca examinadora constituída pelos professores:

_______________________________ André Dias Dantas FIAM- FAAM – Orientador

_______________________________ Nina Jamra Tsukumo FIAM- FAAM – Professor

_______________________________ Roberto Alves de Lima Montenegro Filho Convidado

São Paulo 2017



DEDICATÓRIA Uma vez eu tive um sonho, de que ninguém mais sofria com o câncer e ele nada mais era do que história. E quando abri os olhos, eu não acordei. Então me chame de ingênuo, mas eu acredito em utopias. Dedico inteiramente esse projeto a todos os pacientes de câncer e a seus familiares, que vivem momentos sombrios todos os dias. Eu gostaria, do fundo do coração, de que um lugar assim existisse para que vocês jamais esquecessem de aproveitar cada instante de suas vidas, para que vocês jamais se sentissem oprimidos ao tomar uma xícara de café pela manhã, e para que talvez vocês até pudessem esquecer o que estão vivendo por um momento e sentissem que estão em um lugar especial no universo.



AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a todos os professores que passaram pela minha vida acadêmica até aqui, desde o primário até o superior. Sem vocês eu nem poderia escrever essas palavras. Em especial, agradeço ao professor André Canton, com quem eu comecei a escrever essa monografia no 9° semestre. Agradeço a professora Olívia, cujos atendimentos tão atenciosos e dedicados no 10° semestre me deixavam extremamente empolgado e me fizeram concluir essa monografia tendo muito orgulho do trabalho que eu fiz. Agradeço ao professor Fabio Gallo que me orientou com a estrutura do projeto. E um agradecimento mais do que especial ao meu orientador André Dantas, que sempre acreditou na capacidade de seus orientandos e que sempre nos instigou a projetar o melhor que podemos por nós e pelos outros. Agradeço também às minhas amigas Bárbara Decnop, Gabriela Gomes e Laura Mancilha, que sempre entenderam os motivos pelas minhas ausências em eventos marcados e que sempre me deram todo o apoio de que precisei. O ombro amigo de vocês foi essencial. Agradeço também às amigas e amigos que a faculdade me proporcionou, Mércia Cantanhede, Natália Procópio, Patricia Fernandes, Samantha Palma, Sayuri Nakashima entre outros que eu jamais poderei esquecer e que sempre vão habitar as histórias desses 5 anos maravilhosos da minha vida. Agradeço a minha família sensacional, minha avó Maria, meus irmãos Diego e Murilo, entre outros, que desde o princípio me apoiaram ao entrar nessa louca empreitada que é a graduação em Arquitetura e Urbanismo. Agradeço, principalmente, a mãe sensacional que eu tenho e sem do qual eu nada seria. Andréa Francisco sempre me ensinou sobre integridade, paixão pela profissão, amor ao próximo, determinação e trabalho duro. Aprendi não com palavras, mas com atitudes, vendo seu exemplo de vida, da mulher guerreira e batalhadora que fez faculdade, teve dois empregos e ainda criou seus três filhos, dando tudo de si para garantir-lhes um futuro na vida. Palavras não são capazes de descrever o tamanho de minha admiração pela mulher estonteante que ela é, e o tamanho do orgulho que eu tenho em ser seu filho. Por fim, agradeço a Deus pela oportunidade de cursar esse curso, de ser quem eu sou, de ter tantas pessoas maravilhosas em minha vida, para quem eu pude escrever essas palavras e de ter saúde e sanidade para escreve-las, mesmo depois de 5 anos de arquitetura, e por continuar me propiciando o ar de meus pulmões e a força de meu corpo, para correr atrás de meus sonhos.



EPÍGRAFE

“Acredito que as coisas podem ser feitas de outra maneira, que a arquitetura pode mudar a vida das pessoas e que vale a pena tentar”.

Zaha Hadid.



LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Aumento da incidência de câncer no Brasil entre os anos de 2012, 2014 e 2016. ... 27 Figura 2: Número de Centros de Tratamento Oncológicos por Estado Brasileiro. .................. 28 Figura 3: N° de Habitantes (IBGE, 2010) x N° de Habitantes/ Centros de Tratamento. ......... 29 Figura 4: Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil homens, estimadas para o ano de 2016, segundo Unidade da Federação (todas as neoplasias malignas). .................................................................................................................................................. 30 Figura 5: Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil mulheres, estimadas para o ano de 2016, segundo Unidade da Federação (todas as neoplasias malignas). .................................................................................................................................................. 30 Figura 6: Casos Clínicos Malignos/ Centros de Tratamento. ................................................... 31 Figura 7: Valor absoluto de casos de Câncer entre 4 cidades do Estado de São Paulo (2008 – 2009). ........................................................................................................................................ 37 Figura 8: Geolocalização de hospitais públicos e particulares, dentro da cidade de São Paulo. .................................................................................................................................................. 38 Figura 9: Geolocalização de ambulatórios, dentro da cidade de São Paulo. ............................ 39 Figura 10: Geolocalização de especialidades, dentro da cidade de São Paulo. ........................ 40 Figura 11: Geolocalização de UBS, dentro da cidade de São Paulo. ....................................... 41 Figura 12: Localização dos principais hospitais e centros de tratamento na região do distrito de Pinheiros. ............................................................................................................................. 42 Figura 13: Mapa de transito da região das clínicas em dia útil, às 16h. ................................... 44 Figura 14: Região das Clínicas, com pontos de ônibus, estações de metrô e hospitais demarcados. .............................................................................................................................. 44 Figura 15: Mapa de entorno do terreno. ................................................................................... 45 Figura 16: Elevação Rua Teodoro Sampaio. ............................................................................ 46 Figura 17: Elevação Rua João Moura....................................................................................... 46 Figura 18: Uso do solo, região das Clínicas. ............................................................................ 47 Figura 19: Uso do solo do entorno do terreno. ......................................................................... 48 Figura 20: 3D do entorno imediato do terreno. ........................................................................ 49 Figura 21: Zoneamento da região de Pinheiros. ....................................................................... 51 Figura 22: Ilustração da área de influência do corredor de ônibus e estações de metrô. ......... 52


Figura 23: Características de aproveitamento construtivo das macroáreas e do Eixo de Estruturação da Transformação Urbana. .................................................................................. 52 Figura 24: Mapa dos eixos de Estruturação da Transformação Urbana de São Paulo e da região de Pinheiros. .................................................................................................................. 53 Figura 25: Ortofoto do Terreno do projeto, 2004. ................................................................... 58 Figura 26: Antigo Casarão da rua João Moura, 740. ............................................................... 59 Figura 27: Centro Maggie Manchester – Foster + Partners. Integração do edifício com o jardim circundante.................................................................................................................... 60 Figura 28: Estudo de volumetria e posicionamento das lâminas no projeto Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. .......................................................................................................... 61 Figura 29: Edifício Louveira - João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi.................... 62 Figura 30: Centro de Assessoria ao Câncer, EFFEKT. Uma das praças internas sendo apropriada para uma atividade de uso coletivo. ....................................................................... 63 Figura 31: Centro de Assessoria ao Câncer, EFFEKT. Integração de todas as áreas do projeto com as praças internas.............................................................................................................. 63 Figura 32: Vista da praça interna do Centro para a Saúde e Câncer do escritório Nord Architects, com interação entre os paviementos. ..................................................................... 64 Figura 33: Estudo de Volumetria do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer com análise da relação das praças internas e os demais pavimentos. ............................................................... 65 Figura 34: Diálogo do projeto Centro para a Saúde e Câncer do escritório Nord Architects com o entorno horizontalizado. ................................................................................................ 66 Figura 35: Vista do Pedestre da Rua Teodoro Sampaio, com enfoque no contraste de gabaritos do entorno. ............................................................................................................................... 66 Figura 36: Corte AA do projeto do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com enfoque na relação do gabarito do entorno com o projeto.......................................................................... 67 Figura 37: Conjunto Nacional – David Libeskind. Com enfoque no amplo embasamento e na lâmina residencial afastada do primeiro volume, criando um terraço de transição entre os dois blocos. ...................................................................................................................................... 67 Figura 38: Detalhe do antigo Casarão da Rua João Moura, 740.............................................. 68 Figura 39: Estudo da volumetria do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com enfoque no Térreo Inferior recuado e laje em balanço na cobertura do Térreo Superior. ..................... 69 Figura 40: Estudo da volumetria do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com enfoque no Térreo Inferior recuado e laje em balanço na cobertura do Térreo Superior. ..................... 69


Figura 41: Parâmetros de ocupação da ZC (Zonas Centralidade). ........................................... 70 Figura 42: Parâmetros de ocupação aplicados ao terreno......................................................... 71 Figura 43 e 44 Mascaramento com gráficos de temperatura das fachadas 56° (Nordeste) e 236° (Sudoeste) respectivamente. ............................................................................................ 72 Figura 45 e 46: Mascaramento com gráficos de temperatura das fachadas 146° (Sudeste) e 326° (Noroeste) respectivamente. ............................................................................................ 72 Figura 47: Croqui da planta da primeira volumetria. ............................................................... 73 Figura 48: Maquete eletrônica da primeira fase do projeto, relacionando o entorno e a edificação, com as praças. ........................................................................................................ 74 Figura 49: foto da maquete da primeira volumetria. ................................................................ 74 Figura 50: Croquis da tentativa de mudança da angulação dos quartos em planta, para alterar a fachada, na primeira volumetria. .............................................................................................. 75 Figura 51: Croquis da tentativa de mudança da angulação da lâmina dos dormitórios em planta, para alterar a fachada, na primeira volumetria. ............................................................ 75 Figura 52: croqui da planta da segunda volumetria. ................................................................. 76 Figura 53: foto da maquete da segunda volumetria. ................................................................. 76 Figura 54: 3d da segunda volumetria com enfoque nas vigas vierendeel suportando os pavimentos de dormitórios no vão de 30 metros. ..................................................................... 77 Figura 55: 3d da segunda volumetria com enfoque nas vigas vierendeel suportando os pavimentos de dormitórios no vão de 30 metros. ..................................................................... 77 Figura 56: Maquete da terceira volumetria do projeto, com o térreo desalinhado a projeção da lâmina. ...................................................................................................................................... 78 Figura 57: Maquete 3D da forma final com as duas lâminas separadas e os pavimentos térreos integrando o conjunto. .............................................................................................................. 79 Figura 58: Hiléa – Aflalo e Gasperini Arquitetos. Planta setorizada do pavimento tipo. ........ 81 Figura 59: Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Planta setorizada do pavimento tipo. .. 81 Figura 60: Centro de Tratamento ao Câncer – Foster + Partners. Planta setorizada do térreo. 82 Figura 61: Centro de Tratamento ao Câncer – Foster + Partners. Planta setorizada do mezanino................................................................................................................................... 83 Figura 62: Centro para a Saúde e Câncer do escritório Nord Architects. Planta setorizada do Pavimento Térreo. .................................................................................................................... 84 Figura 63: Centro para a Saúde e Câncer do escritório Nord Architects. Planta setorizada do 1° Pavimento. ........................................................................................................................... 84


Figura 64: Livsrum. Centro de Assessoria ao Câncer - EFFEKT. Planta Setorizada do Pavimento Térreo. .................................................................................................................... 85 Figura 65: Livsrum. Centro de Assessoria ao Câncer - EFFEKT. Diagramas da distribuição do programa e da cozinha funcionando como coração do projeto, que integra todas as áreas. 85 Figura 66: Arena Cultural do Hospital de Câncer de Barretos - SPBR Arquitetos. Setorização de parte do Pavimento Inferior................................................................................................. 86 Figura 67: Arena Cultural do Hospital de Câncer de Barretos - SPBR Arquitetos. Setorização de parte do 1° Pavimento. ........................................................................................................ 86 Figura 68:Planta setorizada do Térreo Inferior, cota 765 – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. ..................................................................................................................................... 87 Figura 69: Planta setorizada do Térreo Superior, cota 769 – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. ..................................................................................................................................... 88 Figura 70: Planta setorizada do Terraço, cota 773 – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. .................................................................................................................................................. 88 Figura 71: Planta setorizada do Térreo Inferior, cota 765 – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. ..................................................................................................................................... 89 Figura 72: Quadro de Áreas do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. ............................ 90 Figura 73: Unidades tipo dos dormitórios. Simples e PCR, respectivamente. ........................ 91 Figura 74: Balanceamento dos vãos da lâmina de dormitórios. .............................................. 92 Figura 75: Balanceamento dos vãos da lâmina de dormitórios com os pilares calculados. .... 93 Figura 76: Ampliação de parte da planta do Térreo Superior, para análise da modulação geral da estrutura nos pavimentos de uso comum............................................................................. 93 Figura 77: Estrutura do Térreo Inferior com muro de arrimo, núcleos de circulação vertical, pilares e vigas. .......................................................................................................................... 94 Figura 78: Estrutura do Térreo Superior com núcleos de circulação vertical, pilares, vigas e paredes estruturais do espaço ecumênico................................................................................. 94 Figura 79: Estrutura do Terraço com núcleos de circulação vertical e pórticos que fazem a transição da parede estrutural dos pavimentos tipo para os dois pilares nos pavimentos térreos. .................................................................................................................................................. 94 Figura 80: Estrutura do 1° Pavimento com núcleos de circulação vertical e paredes estruturais. .................................................................................................................................................. 95 Figura 81: Estrutura do 1° Pavimento com núcleos de circulação vertical e paredes estruturais. .................................................................................................................................................. 95


Figura 82: Estrutura total do edifício de seus pavimentos circuláveis. .................................... 96 Figura 83: Variação da secção dos pilares das lâminas de dormitórios. .................................. 96 Figura 84: Detalhe do pórtico de transição entre a parede estrutural dos pavimentos tipo, para os pilares quadrados dos pavimentos térreos. ........................................................................... 96 Figura 85: 3d estrutural do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, etapa em que haviam 8 pavimentos tipo. ....................................................................................................................... 97 Figura 86: Ampliação da estrutura dos pavimentos tipo do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer ....................................................................................................................................... 97 Figura 87: 3D estrutural do projeto, com enfoque na cobertura das lâminas. .......................... 98 Figura 88: 3D do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer e a relação dos materiais adotados. ................................................................................................................................... 99 Figura 89: Dimensões internas mínimas das cabines de elevadores para transporte de macas e de leitos. .................................................................................................................................. 100 Figura 90: Dimensionamento dos elevadores do modelo Schindler 5500 MR (com casa de máquinas) ............................................................................................................................... 100 Figura 91: Fachada da Rua João Moura do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com indicação dos tipos de fechamentos. ...................................................................................... 101 Figura 92: Fachada da Rua Teodoro Sampaio do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com indicação dos tipos de fechamentos. ............................................................................... 102 Figura 93: Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Planta Térreo Superior - Plano de massas do paisagismo. ............................................................................................................ 103



LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEM - Centro de Estudos da Metrópole CET - Companhia de Engenharia do Tráfego CONPRESP - Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo EBC - Empresa Brasil de Comunicação GRAAC - Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística ICESP - Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira INCA - Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva ITACI - Instituto de Tratamento do Câncer Infantil PDE - Plano Diretor Estratégico de São Paulo RCBP - Registros de Câncer de Base Populacional SUS - Sistema Único de Saúde TFD - Tratamento Fora de Domicílio UBS - Unidade Básica de Saúde WHO - World Health Organization



SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 23 1.

PANORAMA GERAL DO CÂNCER NO BRASIL E NO MUNDO ............................. 25

2.

O TRATAMENTO DE CÂNCER EM SÃO PAULO ..................................................... 35

3.

2.1.

TRANSPORTE PÚBLICO........................................................................................ 43

2.2.

DECLIVIDADE ........................................................................................................ 45

2.3.

USO DO SOLO ......................................................................................................... 47

2.4.

ZONEAMENTO ........................................................................................................ 49

CENTRO DE APOIO AOS INSTITUTOS DO CÂNCER .............................................. 55 3.1.

PARTIDO ARQUITETÔNICO ................................................................................ 58

3.1.1.

LEGISLAÇÃO .................................................................................................. 70

3.1.2.

INSOLAÇÃO .................................................................................................... 71

3.1.3.

EVOLUÇÃO DA FORMA ............................................................................... 73

3.2.

PROGRAMA ............................................................................................................. 80

3.2.1.

DORMITÓRIOS ................................................................................................ 80

3.2.2.

ESPAÇO CULTURAL ..................................................................................... 81

3.2.3.

GALERIA COMERCIAL ................................................................................. 87

3.3.

MEMORIAL DESCRITIVO .................................................................................... 91

3.3.1.

ESTRUTURA.................................................................................................... 91

3.3.2.

COBERTURA ................................................................................................... 98

3.3.3.

ELEVADORES .................................................................................................. 99

3.3.4.

FECHAMENTOS ............................................................................................. 101

3.3.5.

PAISAGISMO .................................................................................................. 103

3.3.6.

REDESENHO URBANO DAS CALÇADAS ................................................. 105

CONCLUSÃO ........................................................................................................................ 107 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 109



INTRODUÇÃO

O objetivo do projeto Centro de Apoio aos Institutos do Câncer é criar um refúgio em meio ao caos da cidade, para que pacientes de câncer e seus familiares possam ter um momento de paz e sossego durante essa etapa de suas vidas. No capítulo 1 será visto como a incidência dos casos de câncer vem aumentando progressivamente no Brasil e no mundo ao longo do tempo. Além disso, mostra que os estados brasileiros não oferecem iguais suportes a essa doença e que os centros de tratamento de câncer não possuem uma atmosfera acolhedora, fazendo com que os pacientes se sintam ainda mais oprimidos no ambiente hospitalar. As principais informações que serão apresentadas nesse capítulo, foram fornecidas pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e pelo 0DJJLH¶V&HQWHU . Será exposto no capítulo 2, que no estado de São Paulo os centros de tratamento ao câncer, não estão distribuídos proporcionalmente pelo território. Tanto no estado, quanto dentro da própria cidade de São Paulo, esses centros especializados se concentram em grandes polos, o que dificulta o acesso ao local pela população mais periférica. Ademais, será analisada a região de Pinheiros, esmiuçando aspectos como declividade, uso do solo e zoneamento, sendo grande parte das informações desse capítulo fornecidas pelo Geosampa, INCA e o Centro de Estudos da Metrópole (CEM). Por fim, no capítulo 3, serão apresentados os pormenores do projeto “Centro de Apoio aos Institutos do Câncer”, analisando de maneira detalhada questões do partido arquitetônico, como histórico do terreno, referências de projeto, vegetação, legislação, insolação, e evolução da forma. Além de apresentar o programa do projeto, com sua tabela de áreas e suas referências arquitetônicas e o memorial descritivo, que expõem decisões projetuais desde a escolha de seus materiais de vedação até a estrutura.



1. PANORAMA GERAL DO CÂNCER NO BRASIL E NO MUNDO



Uma das 10 principais patologias que mais matam indivíduos no mundo, e que, nos dias de hoje, demanda muitas pesquisas e investigações de diversas áreas, é o câncer. Entre os tipos de câncer com maior frequência, temos o número de cerca de 4,9 milhões de óbitos em 2015 (WHO1, 2017). “[...] é inquestionável que o câncer é um problema de saúde pública, especialmente entre os países em desenvolvimento, onde é esperado que, nas próximas décadas, o impacto do câncer na população corresponda a 80% dos mais de 20 milhões de casos novos estimados para 2025” (INCA, 2016). No Brasil, a estimativa para o biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 600 mil novos casos de câncer (INCA2, 2016). A incidência dos casos da doença tem aumentado progressivamente, como apontado na figura 1, com estimativas dadas pelo INCA para os anos de 2012, 2014 e 2016.

Incidência dos Casos de Câncer no Brasil 310000 300000 290000 280000 270000 260000 250000 240000 230000 2012

2014 Homens

2015 Mulheres

Figura 1: Aumento da incidência de câncer no Brasil entre os anos de 2012, 2014 e 2016. Fonte: INCA, 2012; 2014; 2016. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Esses dados representam uma média bienal do aumento da incidência de câncer em 20.115 novos casos entre as mulheres, onde a maior ocorrência é o câncer de mama feminina,

1 2

World Health Organization. O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. 27


com média de 25,6% dos casos e, entre homens, por mais que tenha ocorrido uma diminuição de 7.150 casos entre os anos de 2014 e 2016, apresenta média bienal do aumento de incidência de câncer em 18.665 novos casos, sendo que a maior ocorrência é o câncer de próstata com média de 27,4% dos casos (INCA, 2012; 2014; 2016). Isso significa um aumento da demanda do tratamento de câncer em todo o país, sendo que, muitas vezes, certas regiões e cidades do Brasil apresentam grande déficit no tratamento a essa doença. O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva aponta que “Existem atualmente 288 unidades e centros de assistência habilitados no tratamento do câncer. Todos os estados brasileiros têm pelo menos um hospital habilitado em oncologia, onde o paciente de câncer encontrará desde um exame até cirurgias mais complexas” (INCA, 2017). Apesar disso, os estados brasileiros possuem desigualdades entre si, quanto ao número desses centros de tratamento ao câncer (Figura 2), principalmente quando analisada a média do número de habitantes por centro de tratamento especializado (Figura 3). A exemplo, o estado do Pará, com 7.581.051 habitantes (IBGE, 2010), que possui apenas 2 hospitais especializados: o Hospital Ofir Loyola3, em Belém e o Figura 2: Número de Centros de Tratamento Oncológicos

Hospital Regional do Baixo Amazonas Dr.

por Estado Brasileiro.

Penna4,

Fonte: INCA, 2017. Produzido por: Gustavo Francisco

Waldemar

em

Santarém.

Diegues.

Enquanto o estado de São Paulo, com 41.262.199 habitantes (IBGE, 2010),

3 4

Cacon serviço de Oncologia Pediátrica. Unacon (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia) com serviço de Radioterapia.

28


possui 76 centros especializados de tratamento ao câncer, como: o Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, e o Instituto de Oncologia Pediátrica/ Grupo de Apoio ao Adolescente e a Criança com Câncer - GRAAC5 em São Paulo. Segundo esses dados, e ignorando a relação das especificações de cada caso clínico com o público alvo de cada hospital, o estado do Pará tem uma demanda de 3.790.526 habitantes por centro de tratamento oncológico, se tornando o estado com maior demanda por número de habitantes, enquanto São Paulo possui procura de 542.923,68 habitantes por centro oncológico, sendo o 11° estado com menor demanda, apesar de ter o maior número de habitantes e de centros de tratamento (Figura 3). N° de Habitantes (IBGE, 2010) x N° de Habitantes/ Centros de Tratamento 90.000.000 80.000.000 70.000.000 60.000.000 50.000.000 40.000.000 30.000.000 20.000.000 10.000.000

Número de Habitantes

Tocantins (TO)

Sergipe (SE)

São Paulo (SP)

Roraima (RR)

Santa Catarina (SC)

Rondônia (RO)

Rio Grande do Sul (RS)

Rio Grande do Norte (RN)

Piauí (PI)

Rio de Janeiro (RJ)

Paraná (PR)

Pernambuco (PE)

Pará (PA)

Paraíba (PB)

Minas Gerais (MG)

Mato Grosso do Sul (MS)

Maranhão (MA)

Mato Grosso (MT)

Goiás (GO)

Espírito Santo (ES)

Distrito Federal (DF)

Ceará (CE)

Bahia (BA)

Amapá (AP)

Amazonas (AM)

Acre (AC)

Alagoas (AL)

0

Média de Habitantes por Centro de Tratamento

Figura 3: N° de Habitantes (IBGE, 2010) x N° de Habitantes/ Centros de Tratamento. Fonte: IBGE, 2010. INCA, 2017. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

5

Unacon (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia) Exclusiva de Oncologia Pediátrica com Serviço de Radioterapia. 29


Além dessa análise geral do número de habitantes por centros de tratamento, percebe-se que a distribuição dos casos de câncer não acontece de forma homogênea entre os estados brasileiros (Figuras 4 e 5). Tanto entre as mulheres, quanto entre os homens, há uma maior ocorrência de casos nos estados do Sul, sudeste (com exceção de Minas Gerais, com taxa menos elevada) e o Mato Grosso do Sul.

Figura 4: Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil homens, estimadas para o ano de 2016, segundo Unidade da Federação (todas as neoplasias malignas). Fonte: INCA, 2016.

Figura 5: Representação espacial das taxas brutas de incidência por 100 mil mulheres, estimadas para o ano de 2016, segundo Unidade da Federação (todas as neoplasias malignas). Fonte: INCA, 2016.

30


Sendo assim, se a média for feita considerando apenas os casos de câncer malignos em relação à quantidade de centros de tratamento (Figura 6), também se percebe uma desigualdade entre os estados, que não necessariamente, ocorre de igual maneira a primeira análise feita (Figura 3), todavia acentua ainda mais esse agravante caso de disparidade entre a oferta e a procura do tratamento de câncer no território nacional.

Casos clínicos malignos/ Centros de Tratamento 6000 5000 4000 3000 2000 1000

Tocantins (TO)

Sergipe (SE)

São Paulo (SP)

Santa Catarina (SC)

Roraima (RR)

Rondônia (RO)

Rio Grande do Sul (RS)

Rio Grande do Norte (RN)

Rio de Janeiro (RJ)

Piauí (PI)

Pernambuco (PE)

Paraná (PR)

Paraíba (PB)

Pará (PA)

Minas Gerais (MG)

Mato Grosso do Sul (MS)

Maranhão (MA)

Mato Grosso (MT)

Goiás (GO)

Espírito Santo (ES)

Distrito Federal (DF)

Ceará (CE)

Bahia (BA)

Amazonas (AM)

Amapá (AP)

Alagoas (AL)

Acre (AC)

0

Casos clínicos malignos/ Centros de Tratamento

Figura 6: Casos Clínicos Malignos/ Centros de Tratamento. Fonte: INCA, 2016. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Analisa-se, com essas informações, que o estado do Amazonas, que possui apenas um Centro de Tratamento, possui a maior demanda, com 5.270 casos para o mesmo hospital, enquanto o estado de Santa Catarina, que não possui a menor demanda, tem apenas 1.662 casos para cada um de seus 17 hospitais. Além da distribuição desigual dos centros de tratamento, outro importante ponto para análise é a especificidade de cada hospital. O único centro de tratamento de câncer no Acre, por exemplo, Hospital da Fundação Hospitalar Estadual do Acre6, não possui serviços de 6

Unacon (Unidade de Alta Complexidade em Oncologia) com Serviço de Radioterapia. 31


quimioterapia, o que já, obrigatoriamente, faria com que parte de seus 870 casos clínicos não fossem tratados no próprio estado. “Cabe às secretarias estaduais e municipais de Saúde organizar o atendimento dos pacientes na rede assistencial, definindo para que hospitais os pacientes, que precisam entrar no sistema público de saúde por meio da Rede de Atenção Básica, deverão ser encaminhados” (INCA, 2017). Levando-se em conta a desigualdade da média de habitantes por centro de tratamento oncológico, da média do número de casos clínicos malignos por centros de tratamento, e os diversos tipos de câncer associados as diversas especialidades de cada hospital, é comum a inevitabilidade de pacientes de câncer terem de viajar em busca de procedimentos específicos. O próprio governo federal reconhece a necessidade de alguns pacientes se deslocarem para outras cidades, em busca de tratamento e para isso criou o programa Tratamento Fora de Domicílio (TFD), que oferece e custeia consultas, tratamentos, passagens de ida e volta, e hospedagem, quando necessário. Outra questão em relação ao deslocamento está ligada às grandes cidades, onde seus cidadãos passam, constantemente, pelo problema diário do trânsito. Segundo pesquisa feita pelo Ibope, que foi encomendada pela Rede Nossa São Paulo e divulgada pelo jornal O Estadão São Paulo, o tempo médio gasto para ir e vir do trabalho, hospital, colégio, entre outros varia de 3 horas e 6 minutos para automóveis e de 3 horas e 11 minutos para transporte público, fazendo com que os paulistanos cheguem a gastar até um mês e meio do ano apenas no trânsito. Essa demora no trânsito, além de “devorar” o tempo de vida das pessoas, principalmente daquelas cuja a saúde já se mostra prejudicada, pode acarretar problemas de saúde como: dores musculares, lombares ou cervicais; problemas de circulação sanguínea; dores de cabeça; estresse e problemas respiratórios a qualquer pessoa (DIAS, 2010). Esses problemas seriam mais intensos e graves se comparados a uma pessoa que já sofre com o câncer e tem que se deslocar todos os dias a um dos hospitais que fornecem o tratamento especializado. Se já não bastam as dores causadas pela doença, as dificuldades causadas pelos tratamentos, aliados ao desconforto dos transportes públicos e a distância que muitos pacientes ficam de seus familiares, ainda se soma a falta de humanização dos centros de tratamento de câncer, que em geral se mostram com caráter frio e impessoal causando sentimentos de opressão nos pacientes. Quando Margaret Keswick Jencks descobriu, em maio de 1993, que seu câncer de mama havia retornado e que só tinha poucos meses de vida, ela começou o tratamento contra o câncer 32


imediatamente e conseguiu viver durante 18 meses através de um experimento avançado de quimioterapia. Nesse meio tempo, seu médico pediu que ela escrevesse sobre como é o tratamento de câncer do ponto de vista de um paciente, para desenvolver uma nova abordagem sobre o assunto (0DJJLH¶V&HQWHU , 2017). Durante todo o tempo em que fez tratamento, Maggie voltou diversas vezes a sala de espera para sessões de quimioterapia, que ela acreditava “drenar suas energias”. ‡Em espaços tão negligenciados e impensados, escreveu, pacientes como ela eram deixados ao léu para "murchar" sob o brilho dessecante das luzes fluorescentes. Não seria melhor se houvesse espaços privativos, banhados por luz, para se esperar pela próxima série de testes, ou onde se pudesse contemplar, em silêncio, os resultados? Se a arquitetura pode desmoralizar os pacientes

-

"contribuindo

para

um

nervosismo

extremo",

como

observou Keswick Jencks - não poderia ela também se mostrar restauradora?· (Medina, 2014). Maggie e seu marido, o teórico historiador da arquitetura, Charles Jencks, acreditavam que se manter informado sobre o seu tratamento médico, além de estratégias de redução de estresse e suporte psicológico eram fundamentais para melhorar a cada dia e chegar a cura. Eles acreditavam que se manter em contato com pessoas que estivessem passando por situações semelhantes era muito importante, mas que os ambientes hospitalares eram muito opressores e não criavam uma atmosfera doméstica que permitisse tal interação (0DJJLH¶V&HQWHU , 2017). A partir disso surgiu a ideia da construção de um espaço onde as pessoas que estivessem passando por essa circunstância em suas vidas, pudessem interagir entre si, em um ambiente que lhes fosse agradável e lhes permitisse não "perder a alegria de viver com medo de morrer" como dizia Maggie (0DJJLH¶V&HQWHU , 2017). Margaret faleceu em junho de 1995, mas seu sonho ganhou vida no ano seguinte quando, sob o comando de seu marido, o primeiro Centro Maggie abriu as portas em Edimburgo (0DJJLH¶V&HQWHU , 2017). Atualmente existem vários Centros Maggie construídos na Europa, sendo muitos deles assinados por grandes arquitetos como Frank Gehry, Zaha Hadid, Norman Foster, entre outros. "Eu tenho experiência em primeira mão do sofrimento de um diagnóstico de câncer e compreendo o quão importante são os centros, como um retiro que oferece informação, refúgio e apoio.” - Norman Foster (Sbeghen, 2016).

33


34


2.

O TRATAMENTO DE CÂNCER EM SÃO PAULO

35


36


No Brasil, o Estado de São Paulo está na faixa de maior percentual de casos do país, junto com outras 6 unidades federativas (Figuras 4 e 5). Apesar disso, a incidência do câncer Valor Absoluto de Casos de Câncer em cidades do Estado de São Paulo (2008 - 2009)

não ocorre de maneira homogênea nas cidades de dentro do Estado, assim como há divergências na oferta de centros de tratamento a essa doença, de acordo com o exemplificado no capítulo 1. “Os Registros de Câncer de Base Populacional

(RCBP)

fornecem

informações sobre o impacto do câncer nas comunidades,

configurando-se

uma

condição necessária para o planejamento e a avaliação das ações de prevenção e controle de câncer” (INCA, 2016). Barretos

Jaú

Santos

São Paulo

Das 5 cidades com amostras tabulares

Figura 7: Valor absoluto de casos de Câncer entre 4 cidades

(Campinas aparece dividida em 2) do

do Estado de São Paulo (2008 – 2009).

RCBP, disponibilizadas pelo INCA, foi

Fonte: INCA, 2008 e 2009.

comparado o total de casos de câncer em

Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

4 desses municípios, com dados entre 2008 e 2009 (Figura 7), excluindo-se Campinas que, somente possui informações entre 2004 e 2005. Mesmo todas essas cidades apresentando hospitais de referência da rede SUS7, destacandose como polos de atração de pacientes vindos de diversos pontos do país – como é o caso do trabalhador rural Raimundo Soares de Sousa, de 63 anos, que, há cerca de dez anos, percorre mais de 3 mil quilômetros, entre Fortaleza (CE) e Jaú, para tratar sua leucemia (EBC8, 2013) 7

Sistema Único de Saúde. Empresa Brasil de Comunicação. É uma empresa pública federal, que dá efetividade ao princípio constitucional de complementaridade entre o sistema público, privado e estatal de comunicação (EBC, 2017). 8

37


– percebe-se que a maior ocorrência dos casos dessa patologia localiza-se na cidade de São Paulo, e não em Barretos, Jaú ou Santos. Analisando o panorama geral da cidade de São Paulo, nota-se que, por mais que presente em várias zonas da cidade, existe uma maior concentração de hospitais (Figura 8), ambulatórios (Figura 9), e Especialidades (Figura 10) nas regiões Central, Centro Sul, Sudeste e Oeste, ao contrário das UBS que se localizam, em predomínio, nas periferias do município (Figura 11).

Figura 8: Geolocalização de hospitais públicos e particulares, dentro da cidade de São Paulo. Fonte: CEM9, 2007. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

9

Centro de Estudos da Metrópole.

38


Figura 9: Geolocalização de ambulatórios, dentro da cidade de São Paulo. Fonte: CEM, 2007. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

39


Figura 10: Geolocalização de especialidades, dentro da cidade de São Paulo. Fonte: CEM, 2007. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

40


Figura 11: Geolocalização de UBS, dentro da cidade de São Paulo. Fonte: CEM, 2007. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

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Isso significa que, não são raras as vezes em que, para buscar tratamentos especializados, que não são oferecidos nas UBS’s, muitos dos cidadãos da metrópole têm de se submeter a grandes deslocamentos até esses locais específicos. Considerando que muitos equipamentos de saúde se encontram no centro, essa região fica melhor caracterizada para a presença de qualquer tipo de equipamento de apoio ligado a saúde e seus pacientes. Dois dos principais hospitais de tratamento do Câncer se localizam na região da subprefeitura de Pinheiros, entre os distritos de Pinheiros e Jardim Paulista, são eles: ICESP10 e ITACI11 (Figura 12). Essa área da cidade de São Paulo é muito valorizada, atualmente, devido a facilidade de acessos a diversos tipos de equipamentos, não só hospitais, mas também áreas de lazer, como é o caso da Avenida Paulista que se encontra nas proximidades.

Figura 12: Localização dos principais hospitais e centros de tratamento na região do distrito de Pinheiros. Fonte: Google Maps, 2017. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

10 11

Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira. Instituto de Tratamento do Câncer Infantil.

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2.1. TRANSPORTE PÚBLICO

Adotando-se 4 horas gastas por dia, para cada um dos 5 milhões de cidadãos da metrópole, que se deslocam de casa para o trabalho por percursos absurdos e condições de transporte precárias, tem-se a equivalência de 20 milhões de horas-homem por dia. Considerando-se que a vida inteira de trabalho de um homem soma 52.800 horas, o deslocamento diário desse contingente equivaleria a mais de 378 vidas consumidas a cada dia ou 102.060 vidas por ano (BUCCI, 2005). No caso da cidade de São Paulo, com 149.340 casos clínicos de câncer maligno (INCA, 2016), ou seja, que precisam de tratamento intensivo, os deslocamentos desses pacientes juntos equivaleriam a 597.360 horas-homem por dia, ou, aproximadamente, 155.313.600 horashomem por ano. Considerando-se que um ano, com 365 dias, possui 8.760 horas, e que cerca de 10,78 dos casos clínicos malignos morrem por ano, no estado de São Paulo, há cada 100.000 habitantes, o trânsito de uma grande metrópole “rouba” a vida de, aproximadamente, 17.730 pacientes que não viveriam mais do que um ano. Sendo assim, o número de óbito de pacientes oncológicos na cidade de São Paulo equivaleria a 17.746 e não apenas aos 16 computados. No dia 23 de maio de 2014, São Paulo bateu novos recordes de congestionamento: o sistema de monitoramento da Companhia de Engenharia do Tráfego (CET) registrou 334 km de lentidão na região da Marginal Tietê, indo desde a rodovia Castello Branco até a ponte Aricanduva. Esse número representa 39,6% de transito das vias monitoradas pela companhia, sendo que o normal é de 22,4% para o horário (REIS, 2014). Todo esse congestionamento só reforça o caráter fixo do município de São Paulo, uma cidade que desperdiça a vida dos cidadãos com longas horas de deslocamento. A região das Clínicas possui importantes vias, como a Rua Teodoro Sampaio e a Avenida Rebouças, que dependendo do horário, possuem fluxo intenso de veículos (Figura 13).

43


Figura 13: Mapa de transito da região das clínicas em dia útil, às 16h. Fonte: Google Maps, 2017.

Parte desse fluxo de veículos é constituído por transporte público coletivo. A região apresenta vários pontos de ônibus ao longo das vias, principalmente a Rua Teodoro Sampaio que possui alto fluxo de pedestres devido ao uso e ocupação do solo na região (Figura 14).

Figura 14: Região das Clínicas, com pontos de ônibus, estações de metrô e hospitais demarcados. Fonte: Google Maps, 2017. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

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Esse tipo de transporte facilita a locomoção na cidade, tendo em vista que, lenta e gradativamente, o transporte coletivo está sendo valorizado em detrimento dos automóveis de uso individual. Sendo assim, o acesso do terreno a um dos hospitais é muito mais rápido e fácil, levando-se em consideração a oferta de ônibus na região e a curta distância. Próximos aos institutos do câncer e outros hospitais, encontram-se as estações de metrô Sumaré e Clínicas, da Linha verde, que fazem conexão com outras linhas e dão acesso a vários pontos da cidade, facilitando a locomoção daqueles que vierem de localidades mais distante (Figura 15).

Figura 15: Mapa de entorno do terreno.

Fonte: Geosampa. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

2.2. DECLIVIDADE

Essa região das Clínicas é caracterizada pela alta declividade: a Rua Teodoro Sampaio, que faz a ligação viária entre a estação das Clínicas da linha Verde e a estação Faria Lima da linha Amarela, tem uma inclinação irregular, porém constante durante todo o seu trajeto (Figura 16).

45


Figura 16: Elevação Rua Teodoro Sampaio.

Fonte: Geosampa, 2017. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

A partir da localização do terreno, aproximadamente na cota 765 metros em relação ao nível do mar, qualquer pedestre que caminhe pela Rua Teodoro Sampaio, sentido Estação das Clínicas com o objetivo de chegar aos hospitais ICESP ou ITACI, percorreria aproximadamente 1 quilômetro de distância, variando a cota do solo em aproximadamente 50 metros de altura, já que esses hospitais se localizam próximos à cota de 815 metros. Essa caminhada, por mais que não represente um longo trajeto, pode se tornar extremamente cansativa, ou até impossível, para um paciente de câncer que esteja com seu condicionamento físico comprometido. Todavia, o caminho inverso seria facilitado por esse declive. Em relação as ruas transversais à Teodoro Sampaio, a inclinação é bem mais suave, as vezes se tornando quase imperceptível, assim como na Rua João Moura (Figura 17).

Figura 17: Elevação Rua João Moura.

Fonte: Geosampa, 2017. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

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2.3. USO DO SOLO

A região das Clínicas, por estar bem localizada, próxima inclusive da Avenida Paulista, apresenta grande predomínio de uso residencial, sendo em sua maioria de médio ou alto padrão (Figura 18).

Figura 18: Uso do solo, região das Clínicas. Fonte: Geosampa, 2017. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Possui um grande núcleo institucional, constituído pelo Hospital das Clínicas, Incor, ICESP, ITACI, entre outros além das faculdades da USP, que estão adjacentes aos hospitais. A área tem predominância de uso misto, onde residências e apartamentos dividem lugares com lojas, sobretudo próximos a grandes vias movimentadas. Com uma análise aprofundada do uso do solo (Figura 19) percebe-se que a região das Clínicas, principalmente a área imediata ao terreno, possui uma variação maior do que a analisada na figura 18, que consta apenas a predominância de uso por quadras. A Rua Teodoro Sampaio é marcada pela presença de um intenso comércio, sobretudo de instrumentos musicais,

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em edificações mais antigas e de gabarito baixo, aproximadamente térreo + 1, ou térreo + 2 pavimentos.

Figura 19: Uso do solo do entorno do terreno. Fonte: Geosampa, 2017. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

Esse gabarito baixo contrasta com as altas torres, na grande maioria habitacionais, que permeiam o miolo da quadra e tem acesso tanto pela Rua João Moura, como por vias paralelas a ela (Figura 20).

48


Figura 20: 3D do entorno imediato do terreno. Fonte: Google Maps, 2017. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

2.4. ZONEAMENTO

O terreno onde se situa o projeto Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, no cruzamento das Ruas Teodoro Sampaio e João Moura, está classificado pelo PDE12 como Zona Centralidade (ZC) (Figura 21). “As Zonas Centralidade são porções do território voltadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais ou de bairros, destinadas principalmente aos usos não residenciais, com densidades construtiva e demográfica médias, à manutenção das atividades comerciais e de serviços existentes e a promoção da qualificação dos espaços públicos” (Lei 16.402, 2016). Sendo alguns dos lotes da região de Pinheiros, zoneados como ZC, próximos à grandes equipamentos de saúde, constituindo-se alguns deles como hospitais especializados no tratamento ao câncer, e sendo localizados próximos a vias regionais, algumas classificadas como estruturação da transformação urbana, e a linhas e estações de trem e metrô, esses territórios tornam-se um ótimo lugar para construção de um espaço que seja útil para a

12

Plano Diretor Estratégico de São Paulo 49


população que mora e/ou frequenta a região, com áreas de lazer e comércio, mas não se excluindo por completo a possibilidade de novas moradias.

Algumas quadras dessa região estão englobadas dentro das Zonas Eixo de Estruturação da Transformação Urbana, que são responsáveis por articular a mobilidade e desenvolvimento urbano, tentando otimizar a infraestrutura existente, potencializando o aproveitamento do solo urbano ao longo da rede de transporte coletivo de média e alta capacidade, e assim integrando territorialmente as políticas públicas de transporte, habitação, emprego e equipamentos sociais (Gestão Urbana, 2017) (Figura 24).

50


Figura 21: Zoneamento da regiĂŁo de Pinheiros. Fonte: Lei 16.402, 2016. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

51


Quando uma quadra da Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana é englobada ou cortada pela faixa de 150 metros de um corredor de ônibus, ou pelo raio de 400 metros de uma estação de metrô, como ilustrado na figura 22, seu coeficiente de aproveitamento máximo do solo é alterado de 2 para 4, recebendo também a obrigação de construir a cota parte (Figura 23).

Figura 22: Ilustração da área de influência do corredor de ônibus e estações de metrô. Fonte: Gestão Urbana SP, 2017.

Figura 23: Características de aproveitamento construtivo das macroáreas e do Eixo de Estruturação da Transformação Urbana. Fonte: Gestão Urbana SP, 2017.

Por mais que o terreno do projeto se situe próximo ao corredor de ônibus da Avenida Rebouças, e de estações existentes e previstas da Linha Amarela, sua quadra não sofre alteração no seu coeficiente máximo de aproveitamento do solo, por não estar dentro dessa área de influência (Figura 24). 52


Figura 24: Mapa dos eixos de Estruturação da Transformação Urbana de São Paulo e da região de Pinheiros. Fonte: Lei 16.402, 2016. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

53


54


3. CENTRO DE APOIO AOS INSTITUTOS DO CÂNCER

55


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Com o aumento progressivo dos casos de câncer no Brasil, aliado com a disparidade em relação a distribuição dos centros de tratamento pelos estados brasileiros, quando comparados ao número de habitantes, e/ou número de incidências de casos dessa patologia, como apontado no capítulo 1, percebe-se que muitos pacientes necessitam fazer grandes viagens e deslocamentos, as vezes cruzando estados, para ter acesso ao tratamento dessa doença. Além disso, nota-se a concentração desses centros de tratamento especializados em apenas algumas cidades dos estados. Na caótica mancha cinza que São Paulo representa, áreas de lazer e de integração à natureza são cada vez mais escassas, principalmente em áreas mais urbanizadas como é o caso da região de Pinheiros. O distrito do Jardim Paulista é uma das áreas de São Paulo que aglomera alguns dos centros de tratamento especializados, como apontado no capítulo 2 que explana vários aspectos da região, como transporte, zoneamento, uso do solo, entre outros. Mesmo com a presença de certas áreas arborizadas, de um parque13 e uma praça14, projetados com áreas de estar e convívio para seus usuários, esses espaços não possuem grandes abrangências, que possam atender um público doente oriundo dos hospitais da região, como o ITACI15 e o ICESP16, que possuem uma necessidade do contato com áreas verdes e ar puro. Por esta razão que é proposto um Centro de Apoio aos Institutos do Câncer em Pinheiros, que ofereça um programa complementar a esses hospitais, voltado ao bem-estar físico, psicológico e mental desses pacientes, oferecendo abrigo e atividades de lazer em um ambiente projetado de acordo com suas necessidades.

13

Parque Zilda Natel. Praça Benedito Calixto. 15 Instituto de Tratamento do Câncer Infantil. 16 Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira. 14

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3.1. PARTIDO ARQUITETÔNICO

O terreno do projeto, que fica no cruzamento das Ruas Teodoro Sampaio e João Moura, na região de Pinheiros em São Paulo, já ganhou a atenção da mídia algumas vezes, em 2012. Parte desse terreno abrigava um antigo casarão situado em um trecho, originalmente denominado “Villa Cerqueira César”, resultante de um loteamento promovido pelo pai do escritor Oswald de Andrade no final do século XIX (PRESERVA SÃO PAULO, 2012) (Figura 25).

Figura 25: Ortofoto do Terreno do projeto, 2004. Fonte: Geosampa, 2004. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

“De arquitetura extremamente sofisticada e requintada, de grande arrojo para os padrões da época, com influências tanto de Frank Lloyd Wright 17, como da Bauhaus18 [...]” a mansão da Rua João Moura, 740 (Figura 26), foi vendida pelos 6 herdeiros da antiga dona, Thereza

17 18

Arquiteto estadunidense. Escola Alemã de Arquitetura.

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Passaro, para a construtora Helbor, juntamente com vários outros imóveis adjacentes de sua propriedade na esquina das Ruas João Moura e Teodoro Sampaio, totalizando uma área de 5 mil m², que era prevista para a construção de um empreendimento com 4 torres residenciais, que até a atualidade, não se iniciaram as obras (PRESERVA SÃO PAULO, 2012).

Figura 26: Antigo Casarão da rua João Moura, 740. Fonte: Douglas Nascimento. São Paulo Antiga, 2012.

Na madrugada de 27 para 28 de março de 2012, esse casarão foi demolido, contrariando a liminar judicial da 8ª Vara de Fazenda Pública da capital, emitida no dia 26 de março do mesmo ano, que determinava suspensão da derrubada do imóvel, até que o Conpresp19 avaliasse se ia abrir processo para salvaguarda da edificação (NASCIMENTO, 2012). O pedido de tombamento foi feito pela Associação Preserva São Paulo no dia 1° de março de 2012, que após demolição da casa, alegava lutar pela preservação da área verde do terreno da mansão (DANTAS, 2012). Apesar disso, ainda no ano de 2012, o Conpresp arquivou em definitivo o pedido de estudo de tombamento do local, onde os moradores pretendiam viabilizar um parque (GOUVÊA, 2012). Tendo em vista toda a luta por esse espaço verde na cidade, tão necessário, principalmente em Pinheiros, mais especificamente no distrito do Jardim Paulista, o partido arquitetônico visa preservar ao máximo, a vegetação existente e ocupar a menor área de projeção de construção possível na extensão do antigo casarão da João Moura. Sendo assim, a maior parte da ocupação do projeto, se dá na região do lote, que antes eram localizadas lojas e casas mais simples, criando nessa área livre, da antepassada mansão, uma 19

Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo.

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praça pública interna ao edifício, na cota 769, que possa ser usufruída por todos os moradores da região, além dos hóspedes e visitantes do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. O partido arquitetônico da valorização da natureza, nesse caso, tem dupla função. A primeira é a de proteger a vegetação preexistente no terreno, e a segunda é gerar o bem-estar das pessoas, propiciando qualidade de vida ao permitir essa interação constante entre as pessoas com o meio ambiente. A ideia é trazer ao máximo a vegetação e a natureza para dentro do edifício, sendo esse diálogo de forma direta, colocando paisagismo dentro de áreas construídas, ou indireta, através de grandes aberturas voltadas para o jardim. O Centro Maggie Manchester, no Reino Unido (Figura 27), projeto de 2016, criado pelo escritório Foster + Partners, é um exemplo dessa filosofia. Próximo à unidade oncológica do Hospital Christie, seus ambientes foram idealizados para integrar o jardim circundante com a área interna, permitindo que o tempo todo se tenha uma visão de áreas verdes e se receba luz natural, criando um espaço agradável para os pacientes com câncer (FOSTER + PARTNERS, 2016).

Figura 27: Centro Maggie Manchester – Foster + Partners. Integração do edifício com o jardim circundante. Fonte: Archdaily, 2016.

A relação da natureza com o espaço interno é tão marcante nesse projeto europeu, que algumas salas apresentam jardins com acessos e usos exclusivos desses ambientes, que são justificáveis por serem salas destinadas a uma interação social entre paciente e profissional da saúde com maior privacidade (FOSTER + PARTNERS, 2016). 60


Além disso, o centro de tratamento abriga uma estufa com vários espécimes de plantas (diálogo direto da edificação com o meio ambiente), e um jardim de paisagismo do estúdio Dan Pearson, que é visível através de qualquer janela do Centro (diálogo indireto) (SBEGHEN, 2016). Sendo assim, definiu-se no partido arquitetônico que haveriam duas formas de interação das pessoas com o meio ambiente. No diálogo direto, áreas verdes de lazer seriam implantadas no projeto nos pavimentos de uso coletivo, além de canteiros verdes nos dormitórios, para que mesmo nesse ambiente íntimo os hóspedes tivessem contato com a natureza. O diálogo indireto definiu-se ao se estabelecer que os ambientes do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer deveriam, sempre que possível, ser voltados para os jardins e áreas verdes do projeto, fazendo com que a visão prioritária ao se olhar pela janela, fosse sempre relacionada a natureza. Por isso as lâminas dos dormitórios do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer têm as principais aberturas voltadas para áreas verdes (Figura 28), assim como muitas das aberturas dos apartamentos do edifício Louveira de 1946 (Figura 29), dos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, estão voltadas para a natureza, sendo parte dela, uma praça criada entre as duas lâminas do conjunto.

Figura 28: Estudo de volumetria e posicionamento das lâminas no projeto Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

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Figura 29: Edifício Louveira - João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi. Fonte: Nelson Kon, 2016.

Para conseguir criar esse ambiente com um caráter mais íntimo, em uma área tão movimentada como a região de Pinheiros, adotou-se como partido a premissa de criar uma grande praça interna ao edifício. Com isso, as pessoas poderiam se isolar de toda a agitação que estivesse do lado de fora, mais ainda assim se conectar com a natureza em uma área externa. O projeto que auxiliou na definição desse partido de praça interna é o Livsrum - Centro de Assessoria ao Câncer de 2013, projetado pelo escritório EFFEKT, na Dinamarca. Esse local foi projetado em um único pavimento que “esconde” duas praças internas no meio de seu edifício. Essas áreas abertas são destinadas a atividades ao ar livre, individualmente ou em grupo (Figura 30), isolando as pessoas do mundo externo, mas integrando todas as áreas e funções da local (Figura 31).

62


Figura 30: Centro de Assessoria ao Câncer, EFFEKT. Uma das praças internas sendo apropriada para uma atividade de uso coletivo. Fonte: Archdaily, 2014.

Figura 31: Centro de Assessoria ao Câncer, EFFEKT. Integração de todas as áreas do projeto com as praças internas. Fonte: Archdaily, 2014. 63


Sendo assim, o Centro de Apoio aos Institutos do Câncer ganha mais força na justificativa da criação de uma praça interna, pois a mesma isola seus usuários dos barulhos e da agitação de fato existente na Rua Teodoro Sampaio, que é caracterizada pelo intenso fluxo de pessoas, devido ao seu uso predominantemente comercial, ao mesmo tempo que mantém as pessoas diretamente conectadas a uma área verde. Com o avanço do projeto, acabou-se criando duas praças internas ao invés de apenas uma (Figura 28). A primeira, no nível da Rua João Moura (cota 765), tem um caráter mais íntimo e privativo, sendo de uso quase que exclusivo dos pacientes dos hospitais ITACI e ICESP, assim como seus familiares, sendo eles hóspedes ou não. A segunda, com acesso direto pela Rua Teodoro Sampaio (cota 769), tem um caráter mais público, já que esse pavimento pode ser acessado por qualquer visitante ou morador da região. Assim como o Centro de Assessoria ao Câncer do EFFEKT, o projeto Centro para a Saúde e Câncer de 2011, do escritório Nord Architects também possui a característica marcante da praça interna. A diferença desses dois casos, é que o segundo possui um programa maior, o que se gerou a necessidade de haver mais de um pavimento, assim como o Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Com isso, o edifício do Nord Architects vem para complementar e amarrar todas as premissas do partido arquitetônico adotadas até então, pelo ponto de vista de uma edificação que não é apenas térrea (Figura 32). Esse projeto cria uma integração do Figura 32: Vista da praça interna do Centro para a Saúde e

pavimento superior com a abertura da

Câncer do escritório Nord Architects, com interação entre os

praça interna, fazendo com que todas as

pavimentos.

áreas do programa, mesmo que em

Fonte: Archdaily, 2013.

pavimentos distintos, se interajam.

Produzida por: Adam Mørk.

64


Por ser um terreno de esquina, o acesso ao Centro de Apoio aos Institutos do Câncer se dá através de duas vias perpendiculares entre si. A Rua João Moura, cuja maior testada do lote está voltada, não apresenta grande declividade, fazendo com que a transição entre o passeio público e o interior do lote seja feito, praticamente, em uma única cota. Já a Rua Teodoro Sampaio, apresenta grande declividade durante todo o seu trajeto, sendo que no trecho cujo terreno se localiza há uma variação de 4 metros de altura. Isso significa que, além de uma transposição possível através de dois distintos logradouros, esse acesso também é possível a partir de mais de um nível diferente, criando no projeto dois pavimentos térreos, que dialogam entre si através das aberturas das praça internas, cujas suas periferias funcionam como circulação horizontal, dando acesso a diversas áreas do programa ao mesmo tempo que criam uma interação visual entre os pavimentos (Figura 33).

Figura 33: Estudo de Volumetria do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer com análise da relação das praças internas e os demais pavimentos. Produzida por: Gustavo Francisco Diegues.

O projeto do Nord Architects dialoga com o entorno horizontalizado tendo como princípio a criação de um edifício com uma escala mais humanizada, ao invés de monumental, tendo em vista o desejo de causar uma sensação de aconchego nos visitantes do espaço (PEDROTTI, 2013) (Figura 34). Essa premissa também é adotada no Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, porém com algumas ressalvas. 65


Figura 34: Diálogo do projeto Centro para a Saúde e Câncer do escritório Nord Architects com o entorno horizontalizado. Fonte: Archdaily, 2013. Produzida por: Adam Mørk.

A entorno do terreno do projeto, na região de Pinheiros da cidade de São Paulo, é marcado pelo contraste entre prédios muito verticalizados, geralmente de uso misto ou apenas residencial, e construções mais horizontalizadas, predominantemente comercias. Para tentar criar um diálogo entre esses dois padrões adotou-se como partido que os pavimentos de uso comum, que inclusive possuem lojas, seriam de caráter horizontal, ganhando o gabarito de térreo + 1 pavimento (Térreo Inferior e Térreo Superior) e os dormitórios seriam lâminas mais verticalizadas, assim como os prédios residenciais do entorno.

Figura 35: Vista do Pedestre da Rua Teodoro Sampaio, com enfoque no contraste de gabaritos do entorno. Fonte: Gustavo Francisco Diegues.

66


Apesar disso, ainda se deseja criar uma escala mais humana para o projeto. Sendo assim, os pavimentos tipos das lâminas de dormitórios foram limitados em 6 andares, podendo então comportar um grande número de hóspedes, ao mesmo tempo que evita criar uma sensação de opressão e desconforto que um prédio muito verticalizado causaria (Figura 36).

Figura 36: Corte AA do projeto do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com enfoque na relação do gabarito do entorno com o projeto. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

O prédio do Conjunto Nacional, situado na Avenida Paulista na cidade de São Paulo, é um projeto do arquiteto David Libeskind datado de 1955. Esse conjunto possui um amplo embasamento

que ocupa todo o terreno e é marcado pelo uso de comércio e serviços, além

de uma lâmina residencial que é “descolada” do primeiro bloco criando um terraço de uso coletivo

que

faz

a

transição entre os dois volumes

(BRASIL,

2015) (Figura 37). Esse edifício foi a inspiração para a criação de dois tipos de volumes bem

definidos

e

diferentes entre si, no Figura 37: Conjunto Nacional – David Libeskind. Com enfoque no amplo

projeto do Centro de

embasamento e na lâmina residencial afastada do primeiro volume, criando

Apoio aos Institutos do

um terraço de transição entre os dois blocos.

Câncer. O embasamento

Fonte: Gustavo Francisco Diegues, 2017.

com dois pavimentos se 67


estende ocupando amplamente o terreno, sendo o térreo inferior recuado em relação a projeção do pavimento superior, criando uma marquise que abrigue as pessoas na chegada ao edifício, assim como no Conjunto Nacional. Outra importante retomada dos conceitos desse edifício foi não tentar alinhar a projeção das lâminas dos dormitórios com as extremidades do embasamento, fazendo com que os pavimentos térreos tivessem uma distribuição mais organizada do programa, que só foi possível graças a locação das circulações verticais em pontos estratégicos que não condiziam com as extremidades do volume. Para dar mais intimidade ao primeiro pavimento de dormitórios, criou-se um terraço na cobertura do volume do embasamento, assim como no projeto de Libeskind, que tem o uso voltado para os pacientes dos Institutos do Câncer e seus familiares, estando eles hospedados no local, ou não. Assim, o início do pavimento tipo foi erguido um andar a cima, evitando-se desta maneira com que os dormitórios tivessem acesso e visão a uma grande laje que até então não teria uso algum. Por fim, outro elemento muito importante para definição de decisões projetuais, que está presente no conjunto e dialoga com outros pontos do partido arquitetônico é a retomada de algumas características do antigo casarão da João Moura no novo edifício, que foram traduzidos nos dois pavimentos do embasamento, a laje

em

balanço

funcionando

como

beiral na cobertura do térreo superior, a diferença

entre

projeção

a do

pavimento superior com

a

área

construída no térreo inferior, entre outros (Figura 38 a 40). Figura 38: Detalhe do antigo Casarão da Rua João Moura, 740. Fonte: Douglas Nascimento. São Paulo Antiga, 2012.

68


Figura 39: Estudo da volumetria do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com enfoque no Térreo Inferior recuado e laje em balanço na cobertura do Térreo Superior. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 40: Estudo da volumetria do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com enfoque no Térreo Inferior recuado e laje em balanço na cobertura do Térreo Superior. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

69


3.1.1. LEGISLAÇÃO

O terreno do projeto encontra-se dentro da Macrozona Urbana da cidade de São Paulo, mais especificamente, na Macroárea de Qualificação da Urbanização Consolidada. O zoneamento da quadra onde o terreno está inserido é Zonas Centralidade (ZC), que são porções do território voltadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais, de subcentros regionais, ou de bairros, destinadas principalmente aos usos não residenciais, com densidades construtivas médias, com vista à manutenção das atividades comerciais e de serviços existentes e a promoção da qualificação dos espaços públicos (PDE, 2014).

Figura 41: Parâmetros de ocupação da ZC (Zonas Centralidade). Fonte: Prefeitura de São Paulo. Editado por: Gustavo Francisco Diegues. Na figura 41, tem-se as informações dos parâmetros de ocupação do solo para ZC, e dentro dessas informações, há algumas ressalvas. Os recuos laterais e de fundos, para edificações acima de 10 metros de altura, podem ser dispensados caso, de acordo com os incisos II e III do artigo 66 da lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo do Município de São Paulo, o lote vizinho apresente edificação colada na divisa do lote, que se aplica em parte no terreno, ou em terrenos que apresentem declividade e possuam área menor ou igual a 250m², o que não se aplica a esse terreno. Com isso, consegue-se aplicar essa legislação no terreno e obter os parâmetros de ocupação relativos a esse projeto nesse lote (Figura 27).

70


Área do Terreno (m²) C.A. mínimo C.A. básico C.A. máximo T.O. Gabarito Máximo Recuo Frontal Recuo Fundos e Lateral (até 10m de altura) Recuo Fundos e Lateral (acima de 10m de altura)

5.125,86 m² 0,3 1 2 0,7

1.537,76 5.125,86 10.251,72 3588,102 48 5 NA 3

m² m² m² m² m m

m

Figura 42: Parâmetros de ocupação aplicados ao terreno. Fonte: Prefeitura de São Paulo. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Pelo projeto ser destinado a pessoas que estão emocionalmente e fisicamente fragilizadas, atendendo a demanda de indivíduos que precisam de hospedagem durante o tratamento de câncer e criando um espaço humanizado com atmosfera doméstica e acolhedora, percebeu-se que não era justificável tentar atingir o C.A. máximo, tendo em vista de que a construção de um super empreendimento, iria afastar o resultado final de seu partido arquitetônico. Apesar disso, o C.A. alcançado com a construção do projeto chegou ao valor de 1,86, com área total de 9.457,49 m², altura de 38,10 m e T.O. equivalente de 0,55 com área de 2.786,84m². Acredita-se que apesar desses dados revelarem uma grande área construída, que não era prevista a princípio, o projeto conseguiu desenvolver os espaços pensando nas pessoas, de modo que, apesar de quase atingir o C.A. máximo, o Centro de Apoio aos Institutos do Câncer ainda assim tem um caráter acolhedor e não opressor pela monumentalidade.

3.1.2. INSOLAÇÃO

Para definir quais seriam as fachadas ideais para a implantação dos quartos, foi feito um estudo de insolação das quatro principais fachadas do terreno, colocando na carta solar um gráfico de temperatura interna do ambiente em relação a dia e mês do ano de acordo com a hora (Figura 28, 29, 30, 31)

71


Figura 43 e 44 Mascaramento com gráficos de temperatura das fachadas 56° (Nordeste) e 236° (Sudoeste) respectivamente. Fonte: SOL-AR. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 45 e 46: Mascaramento com gráficos de temperatura das fachadas 146° (Sudeste) e 326° (Noroeste) respectivamente. Fonte: SOL-AR. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Com isso percebeu-se que a pior fachada para implantação dos dormitórios era sudeste, com azimute de 146°, pois durante o inverno, cuja duração do dia é menor, essa fachada não recebe nem 2 horas de iluminação solar direta, e no período que recebe, a luz solar não é capaz de aquecer o ambiente. Outra fachada que não era ideal para a implantação dos dormitórios é a Sudoeste, com azimute de 236°, pois em nenhum dia do ano, essa fachada receberia iluminação solar direta no período da manhã, sendo que o sol da manhã é ideal para dormitórios, por ter uma luz purificadora de ar.

72


Com isso, adotou-se as fachadas Nordeste (azimute de 56°) e a fachada Noroeste (azimute de 326°), pois ambas recebem luz solar direta no período da manhã durante a maior parte do ano, principalmente no inverno, onde o aquecimento da temperatura interna através da luz solar é desejável.

3.1.3. EVOLUÇÃO DA FORMA

O projeto tinha como partido arquitetônico a criação de uma praça interna ao edifício que, a primeira estância, essa premissa foi traduzida com um edifício em forma de “S” que tangenciava alternadamente as faces externas e internas do lote (Figura 47).

Figura 47: Croqui da planta da primeira volumetria. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Essa forma permitia a criação de duas áreas verdes, sendo uma delas totalmente voltada para a Rua João Moura, que teria um caráter mais público, de uso geral para a população do bairro e outra mais privativa, com o uso direcionado aos hóspedes do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer (Figura 48).

73


Figura 48: Maquete eletrônica da primeira fase do projeto, relacionando o entorno e a edificação, com as praças. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Os dormitórios estavam distribuídos em duas lâminas. A primeira era localizada na face da Rua Teodoro Sampaio, onde a partir das sacadas dos quartos, os hóspedes teriam vista para a praça interna do edifício, criando um diálogo entre o íntimo e a área verde. E a segunda lâmina, em forma de “L”, estaria em contato direto com a praça destinada ao uso público. Esses dois blocos eram conectados por uma passarela, no nível do último pavimento de uso coletivo. (Figura 49).

Figura 49: foto da maquete da primeira volumetria. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

74


Depois dos estudos de insolação realizados, percebeu-se que as fachadas para os quais estavam voltados os quartos eram as menos indicadas para implantação desses cômodos. A princípio houveram tentativas de alterar a fachada dos quartos mudando a angulação dos quartos em planta, e a da lâmina como um todo, mas nenhuma das alternativas mostrou-se eficiente (Figura 50 e 51).

Figura 50: Croquis da tentativa de mudança da angulação dos quartos em planta, para alterar a fachada, na primeira volumetria. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 51: Croquis da tentativa de mudança da angulação da lâmina dos dormitórios em planta, para alterar a fachada, na primeira volumetria. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Como voltar os quartos para a Rua Teodoro Sampaio tornava-se uma opção inviável, devido à poluição sonora e visual provenientes da intensa movimentação dos pedestres e carros devido aos comércios existentes, a solução foi mudar drasticamente a posição das lâminas dentro do terreno (Figura 52).

75


ÁREA DE USO COLETIVO

ÁREA TÉCNICA

ALA ADULTA

ALA INFANTIL

Figura 52: croqui da planta da segunda volumetria. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Nesse caso, as duas lâminas foram aglutinadas, formando um único conjunto que se distinguia devido a angulação em planta entre a ala infantil e a ala adulta de dormitórios. O programa de uso coletivo continuava ocorrendo nos pavimentos inferiores, com apenas uma pequena alteração nas dimensões de sua forma (Figura 53).

Figura 53: foto da maquete da segunda volumetria. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Essa alternativa solucionava a questão das fachadas dos quartos, entretanto mostrava-se muito negativa em diversos aspectos. Como exemplo, a ala infantil estava toda apoiada em duas vigas vierendeel, que venciam um vão de 30 metros. Essa parte do edifício era implantada a vários metros de altura do chão, criando uma projeção da edificação sobre as árvores preexistentes no terreno, para que os usuários pudessem circular pelos pavimentos comuns do projeto no nível das copas arbóreas (Figura 54). 76


Figura 54: 3d da segunda volumetria com enfoque nas vigas vierendeel suportando os pavimentos de dormit처rios no v찾o de 30 metros. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 55: 3d da segunda volumetria com enfoque nas vigas vierendeel suportando os pavimentos de dormit처rios no v찾o de 30 metros. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

77


Essa solução arquitetônica se mostrou inviável por impedir o crescimento das árvores, já que elas passariam a ser sombreadas pelo conjunto e devido ao fato de que os 5 pavimentos de dormitório apoiados em um vão dessa magnitude, tornava a estrutura superdimensionada e inviável tanto arquitetonicamente, como financeiramente. Por fim, deu-se início à terceira do projeto, onde os blocos de dormitórios infantil e adulto foram novamente separados, recebendo uma formação em lâmina, e os pavimentos inferiores, destinados aos usos coletivos, expandiram-se amplamente para fora da projeção do edifício, ocupando mais homogeneamente parte do terreno e criando de fato uma praça interna. (Figura 56).

Figura 56: Maquete da terceira volumetria do projeto, com o térreo desalinhado a projeção da lâmina. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

A conexão entre as duas lâminas de dormitórios se deu de forma natural no nível dos pavimentos do térreo inferior e térreo superior, que se expandiram ainda mais, criando um único conjunto harmônico entre si, que “amarra” todo o projeto, criando duas praças internas (Figura 57).

78


Figura 57: Maquete 3D da forma final com as duas lâminas separadas e os pavimentos térreos integrando o conjunto. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Diferentemente das volumetrias desenvolvidas até então, as duas alas de dormitórios passaram a ter a mesma planta tipo. As lâminas foram postas perpendicularmente entre si, com os quartos voltados para as melhores fachadas possíveis, que além de receber insolação adequada ao uso, estavam ambas voltadas para as praças internas ao edifício, e isoladas dos ruídos provenientes das ruas adjacentes.

79


3.2. PROGRAMA

O Centro de Apoio aos Institutos do Câncer tem caráter único em relação ao tema e ao programa que oferece, sendo assim não há uma referência única que comporte todas as áreas oferecidas por esse projeto. Isso significa que o programa final foi estabelecido a partir da referência de diversos edifícios, com usos diferentes. Essas referências podem ser divididas em três partes, sendo elas: Dormitórios, espaço cultural, e galeria comercial.

3.2.1. DORMITÓRIOS

Essa área e voltada para pacientes e seus familiares, que precisam de estadia durante o tempo de tratamento nos hospitais de câncer na região (ICESP e ITACI), oferecendo-lhes abrigo pelo tempo necessário. A referência para essa parte do programa foi o residencial para idosos Hiléa, projeto de 2008 do escritório Aflalo e Gasperini Arquitetos. Uma pessoa idosa tem mais dificuldades de locomoção e precisa do suporte de uma enfermaria, caso haja alguma necessidade ou acidente no dormitório. Por essa razão que decidiu-se adotar a referência de um residencial de idosos, ao invés de um simples hotel. O pavimento tipo do Hiléa apresenta a proporção de 18 dormitórios para 2 enfermarias (Figura 58). Cada uma das 2 lâminas do projeto do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer apresenta então a proporção de 9 dormitórios para 1 enfermaria (Figura 59).

80


LEGENDA Íntimo Circulação Vertical Circulação Horizontal Serviço

63% 6% 12% 19%

Figura 58: Hiléa – Aflalo e Gasperini Arquitetos. Planta setorizada do pavimento tipo. Fonte: Aflalo e Gasperini Arquitetos, 2017. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 59: Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Planta setorizada do pavimento tipo. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

3.2.2. ESPAÇO CULTURAL

Essa parte do projeto oferece espaços voltados a atividades culturais, de lazer e estar, com biblioteca, salas de oficinas, sala de ginástica, sala de jogos, área expositiva, brinquedoteca, áreas verdes, áreas de estar, salas de terapia, entre outros. 81


O foco dessas áreas do programa é oferecer atividades saudáveis e qualidade de vida às pessoas que estão passando por tratamento de câncer e para seus familiares, estando eles hospedados no local, ou não. Essa é uma das partes mais importantes do projeto, por isso há mais referências relacionadas a ela do que aos dormitórios ou à galeria comercial. Além disso, é nessa parte do programa que os temas das referências mais se assemelham ao tema do projeto Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. O projeto do Centro Maggie Manchester do Norman Foster, no Reino Unido, de 2016 oferece cozinha de uso coletivo e amplas áreas de estar com sofás e mesas, onde os visitantes podem se sentar para terem conversas com os outros usuários do espaço, para tomar um chá, ou apenas aproveitar uma tarde calma e tranquila em um ambiente agradável (Figuras 60 e 61).

NORMAN FOSTER Lazer Jardim/ Terraço Circulação Vertical Serviço

40% 44% 3% 14%

Figura 60: Centro de Tratamento ao Câncer – Foster + Partners. Planta setorizada do térreo. Fonte: Archdaily, 2016. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

82


NORMAN FOSTER Lazer Jardim/ Terraço Circulação Vertical Serviço

40% 44% 3% 14%

Figura 61: Centro de Tratamento ao Câncer – Foster + Partners. Planta setorizada do mezanino. Fonte: Archdaily, 2016. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

O projeto Centro para a Saúde e Câncer do escritório Nord Architects (2011) oferece um amplo programa para atividade de lazer dos seus usuários, tais como salas de terapia, sala de aula culinária, salas de estar, biblioteca, entre outros (Figura 62 e 63).

83


LEGENDA Jardim/ Terraço Circulação Vertical Circulação Horizontal Serviço Lazer

25% 5% 21% 23% 26%

Figura 62: Centro para a Saúde e Câncer do escritório Nord Architects. Planta setorizada do Pavimento Térreo. Fonte: Archdaily, 2013. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

LEGENDA Jardim/ Terraço Circulação Vertical Circulação Horizontal Serviço Lazer

25% 5% 21% 23% 26%

Figura 63: Centro para a Saúde e Câncer do escritório Nord Architects. Planta setorizada do 1° Pavimento. Fonte: Archdaily, 2013. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

O projeto Livsrum - Centro de Assessoria ao Câncer, projeto de 2011 do escritório EFFEKT, na Dinamarca tem um programa de lazer bem diversificado, com espaços como sala de ginástica, biblioteca, sala de estar, cozinha de uso coletivo, que fica no centro da edificação assumindo caráter de coração do programa e do projeto, entre outros (Imagem 64 e 65).

84


LEGENDA Jardim/ Terraço

19%

Serviço

20%

Lazer

61%

Figura 64: Livsrum. Centro de Assessoria ao Câncer - EFFEKT. Planta Setorizada do Pavimento Térreo. Fonte: Archdaily, 2014. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 65: Livsrum. Centro de Assessoria ao Câncer - EFFEKT. Diagramas da distribuição do programa e da cozinha funcionando como coração do projeto, que integra todas as áreas. Fonte: Archdaily, 2014. Editado por: Gustavo Francisco Diegues.

Por fim, o projeto de 2014 da Arena Cultural do Hospital de Câncer de Barretos, do escritório SPBR Arquitetos é um dos poucos projetos nacionais que visa criar um espaço de lazer voltado prioritariamente ao público oriundo de um hospital que trata de câncer. Ele oferece áreas como como biblioteca, área expositiva, auditório, entre outros espaços (Figura 66 e 67).

85


2

LEGENDA 1 Lazer - Biblioteca 2 Lazer - Área Expositiva

18% 3%

Figura 66: Arena Cultural do Hospital de Câncer de Barretos - SPBR Arquitetos. Setorização de parte do Pavimento Inferior. Fonte: Arco web, 2017. Editada por: Gustavo Francisco Diegues.

1

LEGENDA 1 Lazer - Biblioteca 2 Lazer - Área Expositiva

18% 3%

Figura 67: Arena Cultural do Hospital de Câncer de Barretos - SPBR Arquitetos. Setorização de parte do 1° Pavimento. Fonte: Arco web, 2017. Editada por: Gustavo Francisco Diegues.

O projeto do escritório SPBR Arquitetos possui programa menos diversificado, porém mais amplo em área. Com isso, analisou-se apenas a proporção da biblioteca e da área expositiva em relação a área total da edificação, pois esses são os dois pontos de intersecção dos programas entre a Arena Cultural do Hospital de Câncer de Barretos e o Centro de Apoio aos Institutos do Câncer.

86


3.2.3. GALERIA COMERCIAL

A princípio, não estava previsto no programa a existência de uma galeria comercial, sendo que o motivo que resultou na implementação desse espaço foi o entorno imediato do terreno do projeto. A Rua Teodoro Sampaio, cujo Térreo Superior tem acesso direto pela cota 769, é atrativa na cidade devido ao caráter prioritariamente comercial, sobretudo em relação a instrumentos musicais. A galeria comercial está localizada no térreo superior, pavimento de caráter mais público, que abriga 14 lojas com metragem aproximada de 45 m², ocupando um módulo da estrutura de 7,0m por 5,80m, em geral.

Sendo assim, apresenta-se a seguir a setorização do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, cujo programa foi montado a partir da união de vários projetos de referência, pois o tema desse projeto mostra-se único em relação a tudo que existe até então, nenhum estudado visa comportar todas as áreas que são oferecidas no Centro de Apoio aos Institutos do Câncer (Figura 68 a 72).

Figura 68:Planta setorizada do Térreo Inferior, cota 765 – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

87


Figura 69: Planta setorizada do Térreo Superior, cota 769 – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 70: Planta setorizada do Terraço, cota 773 – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

88


Figura 71: Planta setorizada do Térreo Inferior, cota 765 – Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

CENTRO DE APOIO AOS INSTITUTOS DO CÂNCER QTDD

ÁREA

TOTAL

COMERCIAL

% 10,32%

LOJAS

14

43,61

610,54

5,46%

CAFETERIA

1

246,00

246,00

2,20%

RESTAURANTE

1

296,52

296,52

2,65%

SERVIÇOS

8,83%

RECEPÇÃO ADMINISTRAÇÃO ADMINISTRAÇÃO

1

24,65

24,65

0,22%

1

43,26

43,26

0,39%

DEPÓSITO

1

43,26

43,26

0,39%

ALMOXARIFADO

1

28,12

28,12

0,25%

VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS RECEPÇÃO

2

21,63

43,26

3

35,00

105,00

0,39% 0,94%

POSTO DE SEGURANÇA

1

8,00

8,00

0,07%

COZINHA RESTAURANTE

1

33,76

33,76

0,30%

COZINHA DOS HÓSPEDES

1

44,50

44,50

0,40%

VESTIÁRIO FUNCIONÁRIOS

2

21,93

43,86

0,39%

ALMOXARIFADO

1

27,26

27,26

0,24%

BANHEIRO COLETIVO 1

2

26,66

53,32

0,48%

BANHEIRO COLETIVO 2

4

15,12

60,48

0,54%

LAVANDERIA

1

59,33

59,33

0,53%

ENFERMARIA

1

28,65

28,65

0,26%

ENFERMARIA DORMITÓRIO

12

28,35

340,20

3,04%

89


LAZER

10,78%

SALA DE ESTAR

1

288,53

288,53

2,58%

BIBLIOTECA

1

184,20

184,20

1,65%

SALA DE GINÁSTICA

2

53,73

107,46

0,96%

SALA DE OFICINA

3

41,23

123,69

1,11%

SALA DE AULA CULINÁRIA

1

57,00

57,00

0,51%

SALA DE JOGOS

1

53,73

53,73

0,48%

BRINQUEDOTECA

1

53,73

53,73

0,48%

SALA DE TERAPIA INDIVIDUAL

4

23,11

92,44

0,83%

SALA DE TERAPIA EM GRUPO

1

39,63

39,63

0,35%

SALA MULTIMÍDIA

1

47,89

47,89

0,43%

ESPAÇO CINEMA

1

38,75

38,75

0,35%

SALÃO DE BELEZA E FÁBRICA DE PERUCAS

1

72,94

72,94

0,65%

ESPAÇO ECOMÊNICO

1

45,36

45,36

0,41%

ÍNTIMO

28,22%

QUARTO COMUM - INFANTIL

48

28,35

1.360,80

12,18%

QUARTO PCR - INFANTIL

6

36,00

216,00

1,93%

QUARTO COMUM - ADULTO

48

28,35

1.360,80

12,18%

QUARTO PCR - ADULTO

6

36,00

216,00

1,93%

JARDIM / TERRAÇO

12,28%

ESPAÇO DE EXERCÍCIOS AO AR LIVRE

1

140,95

140,95

1,26%

PLAYGROUND

1

183,30

183,30

1,64%

ESPAÇO DE DEBATES

1

129,10

129,10

1,16%

HORTA

1

118,91

118,91

1,06%

PRAÇA ÍNTIMA

1

250,80

250,80

2,24%

PRAÇA PÚBLICA

1

523,95

523,95

4,69%

ESPAÇO DE APRESENTAÇÕES

1

25,00

25,00

0,22%

CIRCULAÇÃO

29,57%

CIRCULAÇÃO VERTICAL

18

CIRCULAÇÃO HORIZONTAL

1

45,36

2.488,84 2.488,84

TOTAL Figura 72: Quadro de Áreas do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

90

816,48

11.176,25

7,31% 22,27% 100%


3.3. MEMORIAL DESCRITIVO

Vários aspectos foram pensados e idealizado para o desenvolvimento do projeto do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, desde a escolha de materiais de vedação até a estrutura. A seguir esses aspectos são melhor abordados.

3.3.1. ESTRUTURA

Devido ao porte do projeto, sua estrutura só seria viável se feita de concreto armado ou metálica. Tendo em vista que o partido arquitetônico do projeto é criar um clima acolhedor e que gere a sensação de “Lar Fora de Casa”, foi escolhido o concreto armado, que é mais comum de se encontrar em residências do que vigas e pilares metálicos. Para definir a modulação estrutural, primeiro teve que definir o tamanho dos dois tipos de dormitórios, simples e PCR (Figura 73).

Figura 73: Unidades tipo dos dormitórios. Simples e PCR, respectivamente.

91


Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

A partir da definição do tamanho de cada unidade de dormitório, foi possível estabelecer uma planta tipo da lâmina e calcular o balanceamento dos vão para descobrir a melhor localização dos pilares e a sua quantidade, com o intuito de otimizar a estrutura (Figura 74).

Figura 74: Balanceamento dos vãos da lâmina de dormitórios. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Com isso percebeu-se que criando um vão de 14 metros, onde a viga fosse engastada no núcleo rígido de circulação vertical, era possível colocar um quarto em balanço, de cada lado, sendo um deles, a unidade de dormitório PCR. A princípio, os pavimentos de dormitórios possuem pé-direito menor do que os pavimentos de uso comum, sendo assim, a viga longitudinal, precisaria ter 90 centímetros de altura, para suportar esses vãos e balanços, foi posicionada estrategicamente acima do vão das portas de entrada dos dormitórios e das sacadas, recebendo a função de verga, o que totalizava uma altura de piso a piso de 3,05 metros. No sentido transversal da lâmina a estrutura também foi calculada pensando em otimizar o tamanho da viga criando uma estrutura bi apoiada com balanço nas duas extremidades, sendo de um lado o corredor de circulação horizontal e do outro, a sacada do dormitório (Figura 74). Apesar disso, quando foi calculado o tamanho do pilar, percebeu-se que a secção desses dois apoios seria maior do que previsto até então, transformando dois pilares em uma única parede estrutural, onde se engastariam duas vigas em balanço (Figura 75).

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Figura 75: Balanceamento dos vãos da lâmina de dormitórios com os pilares calculados. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Sendo assim, a modulação dos térreos se daria a partir dessa estrutura oriunda dos pavimentos superiores. Porém, como nos pavimentos de uso comum, com 4 metros de pédireito, a viga não exercia função de verga, o vão de 14 metros foi fracionado em 2 vãos de 7 metros. E tentando otimizar mais uma vez a estrutura, definiu-se que em geral a modulação dos vãos do térreo variaria, sempre que possível entre 7 metros e 5,80 metros (Figura 76).

Figura 76: Ampliação de parte da planta do Térreo Superior, para análise da modulação geral da estrutura nos pavimentos de uso comum. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

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Sendo assim, é possível entender o funcionamento da estrutura e sua montagem no edifício com as imagens a seguir (Figuras 77 a 82).

Figura 77: Estrutura do Térreo Inferior com muro de arrimo, núcleos de circulação vertical, pilares e vigas. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 78: Estrutura do Térreo Superior com núcleos de circulação vertical, pilares, vigas e paredes estruturais do espaço ecumênico. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 79: Estrutura do Terraço com núcleos de circulação vertical e pórticos que fazem a transição da parede estrutural dos pavimentos tipo para os dois pilares nos pavimentos térreos. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

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Estrutura do Terraço com núcleos de circulação vertical, pórticos e vigas. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 80: Estrutura do 1° Pavimento com núcleos de circulação vertical e paredes estruturais. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 81: Estrutura do 1° Pavimento com núcleos de circulação vertical e paredes estruturais. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

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Figura 82: Estrutura total do edifício de seus pavimentos circuláveis. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

As paredes estruturais dos pavimentos tipo não eram compatíveis com a distribuição do programa e circulações dos pavimentos térreos, sendo assim, esses apoios sofrem uma variação de secção no pavimento do terraço através de um pórtico rígido (Figura 83 e 84).

Figura 83: Variação da secção dos pilares das lâminas de dormitórios. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Figura 84: Detalhe do pórtico de transição entre a parede estrutural dos pavimentos tipo, para os pilares quadrados dos pavimentos térreos. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

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As vigas de borda têm função dupla no projeto. A primeira é estrutural, pois sem elas ou as lajes onde elas se encontram apoiadas teriam que ser armadas no maior vão, fazendo com que ficassem muito espessas, ou teriam que ser lajes em balanço, o que desfaria o balanceamento da estrutura. A segunda função é estética, pois a viga de borda faz o arremate das vigas transversais na leitura da fachada (Figura 85).

Figura 85: 3d estrutural do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, etapa em que haviam 8 pavimentos tipo. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Além disso, as vigas de borda longitudinais dos pavimentos tipo são semi invertidas, para que além de fazerem o arremate das vigas transversais, como dito anteriormente, na sacada dos dormitórios funcionem como parede estrutural do canteiro verde e no corredor seja a base para fixação do cobogó e caixilhos (Figura 86).

Figura 86: Ampliação da estrutura dos pavimentos tipo do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

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3.3.2. COBERTURA

As coberturas das lâminas dos dormitórios não são de acesso geral do público. É um pavimento técnico destinado para locação da casa de máquinas dos elevadores e da caixa d’água. Para evitar que ficasse um volume na cobertura dessas lâminas, que não conversasse com o restante do projeto, foram tomada algumas medidas para criar uma unidade formal em todo o conjunto. As paredes estruturais sobem até a cobertura, junto com o núcleo de circulação vertical, para ancorar as vigas que seguraram os fechamentos (Figura 87).

Figura 87: 3D estrutural do projeto, com enfoque na cobertura das lâminas. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Para arremate da cobertura, subiu-se com a parede de vedação das laterais das lâminas até a altura das vigas, criando uma continuidade e integridade da unidade visual das empenas cegas. E o mesmo fechamento de brises horizontais brancos adotado no pavimento Térreo Superior, foi retomado na cobertura, para criar um diálogo dos materiais no projeto como um todo (Figura 88).

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Figura 88: 3D do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer e a relação dos materiais adotados. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

3.3.3. ELEVADORES

Pelo projeto se tratar de um espaço destinado a pacientes com câncer, o desgaste físico dessas pessoas pode gerar acidentes que necessitem transporta-las de maca do interior do edifício até o exterior, onde elas seriam encaminhadas a um pronto socorro. Sendo assim, os elevadores do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, precisam ter dimensões mínimas que permitam a locomoção de macas dentro da edificação. De acordo com a NBR 14712 de 2001, as cabines dos elevadores para transporte de macas, precisam ter dimensões internas mínimas de 1,20m de largura e 2,20m de comprimento, com largura mínima do vão livre da porta de 1,10m (Figura 89).

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Figura 89: Dimensões internas mínimas das cabines de elevadores para transporte de macas e de leitos. Fonte: Elevadores Alfabra, 2017.

Baseado nessas medidas, adotou-se para o projeto um tamanho comercial de elevador com casa de máquinas e contrapeso lateral, vendido pela empresa Atlas Schindler do modelo “Schindler 5500”. Essa empresa está presente em grandes instituições de saúde como Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Sírio Libanês, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, entre outros, e esse modelo de elevador é recomendado pela própria companhia para edifícios que sejam voltados a área hospitalar (Figura 90) (ATLAS SCHINDLER, 2017).

Figura 90: Dimensionamento dos elevadores do modelo Schindler 5500 MR (com casa de máquinas) Contrapeso lateral da empresa Atlas Schindler. Fonte: Atlas Schindler, 2017.

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Por mais que o projeto não tenha um programa especificamente de uso hospitalar, adotouse esse modelo pela preocupação com a capacidade do transporte de macas dentro do edifício e por transportar um grande número de pessoas.

3.3.4. FECHAMENTOS

O projeto recebe alguns tipos diferentes de fechamentos, de acordo com o uso, pavimento, ou características do volume onde está inserido.

3 1

2

1 4 Figura 91: Fachada da Rua João Moura do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com indicação dos tipos de fechamentos. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

O fechamento do tipo 1 é um brise horizontal branco, que aparece tanto na cobertura quanto no Térreo Superior, na cota 769. A decisão parece fechamento se deu mais por questões estéticas do que climáticas, visto que não havia necessidade de barrar a entrada de sol nessas fachadas desses pavimentos. O critério de escolha foi motivado pela tentativa de retomada de alguns elementos do antigo casão da Rua João Moura (Figuras 91 e 92). A antiga casa existente nesse terreno tinha um beiral projetado e as paredes externas da cor branca, então, para retomar essa memória visual, mas ao mesmo tempo sem barrar a visão de quem estiver dentro do edifício, adotou-se esse fechamento que traria a cor branca para a fachada, mas sem obstruí-la por completo. 101


1 6 3 5 1

Figura 92: Fachada da Rua Teodoro Sampaio do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, com indicação dos tipos de fechamentos. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

Esse fechamento foi retomado na cobertura, para criar um diálogo entre todo o conjunto de forma que unificasse toda a estética do projeto. Na Rua Teodoro Sampaio, esse brise horizontal apresenta aberturas com porta camarão, que liberam a visual das vitrines durante o horário comercial de funcionamento e que depois podem ser fechados para retomar a unidade visual da fachada. O fechamento de número 2 é um cobogó de madeira castanha, de malha quadriculada que permite a ventilação cruzada no pavimento tipo. Atrás do elemento vazado tem um fechamento em vidro, para que nos dias de chuva, o pavimento possa ser vedado, bloqueando assim a entrada de água no corredor. Foi escolhido madeira para o cobogó, por ser um material acolhedor, que evocaria um caráter mais doméstico ao ambiente. O fechamento de número 3 é uma parede de concreto aparente, não estrutural, que cria uma unidade formal com nessa empena cega. O fechamento de número 4 é uma pele de vidro com caixilharia de alumínio. O Térreo Inferior se abre visualmente para a rua, recepcionando as pessoas, por isso, não se adotou algo que bloqueasse a visão. A paginação com os vidros na horizontal foi adotada para realçar o caráter horizontal e longilíneo desse bloco do conjunto. O fechamento de número 5, são chapas metálicas dobradas de aço corten, que suprem dupla função. A primeira é de guarda corpo, para a sacada dos quartos e a segunda e a segunda é fazer o arremate do encontro da viga com a parede e laje, criando uma unidade formal benéfica

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e bem vinda ao conjunto. Acredita-se que a escolha do aço corten dialogo com os cobogós de madeira dos corredores. Por fim, o fechamento de número 6 é concreto aparente, assim como o de número 3, diferenciando-se apenas que esse funciona como parede estrutural, tento em vista que se trata das paredes externas do núcleo de circulação vertical.

3.3.5. PAISAGISMO

Não se tem a pretensão de determinar espécies de plantas para cada ambiente, tendo em vista que o projeto não chegou a tal nível de detalhamento. Entretanto, durante o desenvolvimento de todos os espaços internos, os externos também foram idealizados visando um objetivo que foi traduzido como um plano de massas do paisagismo e será exposto nesse tópico.

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Figura 93: Centro de Apoio aos Institutos do Câncer. Planta Térreo Superior - Plano de massas do paisagismo. Produzido por: Gustavo Francisco Diegues.

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As palmeiras são árvores muito expressivas quando vistas de longe, já que seu formato único se destaca entre as outras árvores e elas podem atingir grandes alturas. Quando postas em fileiras criam lindas colunatas, definindo paisagens, mas sem bloqueá-las (Abbud, 2006). Por esse motivo, no setor 1 no plano de massas é adotado esse tipo de vegetação na entrada do Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, pois sua forma singular vai atrair olhares e direcionar o público para a entrada da Rua João Moura. A aleia única não obstrui a visão do espaço e da forma a praça seca formada entre as entradas dessa rua. O setor 2 teve suas intensões baseadas no fato de que as edificações vizinhas com essa área do terreno são de gabarito baixo, cerca de térreo + 1 ou + 2 pavimentos. Sendo assim, a visão de quem estivesse andando pelo terraço do Centro de Apoio aos institutos do Câncer seria, basicamente, do telhado dos vizinhos. Por essa razão, adotou-se para essa região árvores de copas verticais, que costumam chegar até 9 metros de altura e quando enfileiradas formam grandes muros verdes que escondem vistas desinteressantes (Abbud, 2006). O setor 3 não prevê o plantio de nenhuma árvore a mais, apenas a preservação e manutenção das árvores já existentes. A preexistência dessas árvores no terreno foi adotada como partido estruturador da praça de caráter público na cota 769, pois elas fazem a divisão de usos entre a extensão do restaurante, sob o piso de madeira, que ganha um clima mais aconchegante devido à presença dessa massa arbórea, e a região que funciona como uma praça gramada de estar e circulação, onde as pessoas poderiam se sentar para tomar sol, ou até fazer um piquenique. Nessa mesma área existe um tablado de madeira que hora pode servir como palco para apresentações musicais ao vivo (evocando o caráter musical da Rua Teodoro Sampaio), ou servindo de espaço para exposição de grandes esculturas, que tanto poderiam ser contempladas do nível da praça, quanto do terraço. O setor 4 é previsto como uma praça interna com bastante cobertura vegetal para sombreamento do local, tendo em vista que essa praça na cota 765 é de uso do público proveniente dos institutos do câncer, e que muitos dos pacientes que estão passando por tratamentos médicos contra o câncer, não podem tomar luz do sol diretamente. O setor 5 é previsto com algumas árvores de pequeno e médio porte, apenas para fazer a distinção da entrada que se tem dessa região, que é mais íntima, da que se tem das demais entradas dessa via.

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Por fim, o setor 6, por estar do lado oposto do lote à Rua Teodoro Sampaio, essa área tem um caráter mais isolado, silencioso e privativo, por isso foi o local perfeito para implementação do espaço ecumênico. Ao subir o escadão, a pessoa se depara com um bosque de árvores heterogêneas de copa horizontal, espaçadas de maneira que suas folhagens apenas se toquem. Esse tipo de plantio desenha um agradável bosque com sombras entremeadas por áreas de luz, o que cria uma sensação de aconchego, sentimento pertinente ao espaço religioso (Abbud, 2006). A ideia é que ao terminar de subir as escadas, a pessoa possa optar em abdicar do caminho pavimentado, seguindo por entre as árvores até o espaço ecumênico. Recomenda-se para o plantio dessa área árvores frutíferas, ou com floração densa e colorida, o que causaria um efeito visual muito interessante. Podendo atrair pássaros para a região, o que evocaria outros dos 5 sentidos além da visão.

3.3.6. REDESENHO URBANO DAS CALÇADAS

Pensando que o projeto de um edifício se expande para além de suas paredes, passando pela divisa do lote e chegando no mínimo até o logradouro, percebesse a necessidade de extravasar fronteiras entre privado e público para criar um desenho urbano que de fato seja agradável a todos. Tendo isso em mente, foi feito o redesenho das calçadas no entorno do lote. Na Rua Teodoro Sampaio, marcada pelo grande fluxo de pessoas, a calçada foi alargada para 4,8m, medida considerada ideal pelo Mascaró (2005) para uma rua muito movimentada, com a presença de ponto de ônibus na calçada. Na rua João Moura, o pedestre foi afastado do logradouro com a implementação de canteiro verde com 2,5 metros de largura, que em determinado momento cede lugar a um bolsão para até 3 automóveis, que deve ser utilizado para o embarque e desembarque de pessoas que tenham dificuldade de locomoção, além de carga e descarga de itens.

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CONCLUSÃO

O tratamento do câncer, em muitos aspectos, é bastante debilitante e exaustivo para os pacientes dessa patologia e seus familiares. Os ambientes hospitalares, com espaços frios e impessoais, não passam uma atmosfera doméstica e acolhedora, que daria sensação de segurança aos seus usuários. Muitas vezes, alguns pacientes desenvolvem a iatrofobia, ou como é chamada no meio médico, a “Síndrome do Jaleco Branco”, onde o enfermo entra em um estado de ansiedade ao ir em hospitais, ou receber a visita de médicos, podendo levar até mesmo a uma crise de pânico (PRO DOCTOR, 2016). A distância do lar somada com horas passadas dentro de um ambiente hospitalar opressor, esgota física e mentalmente tanto os pacientes, como seus familiares. Algumas pessoas sentem falta da simples sensação de sentar a uma mesa no fim de tarde e poder tomar uma xícara de café em um local agradável. O Centro de Apoio aos Institutos do Câncer tem como cerne o ideal de atender essas necessidades, de criar um retiro de paz e tranquilidade, com intensa conexão com a natureza, onde as pessoas possam se sentir em casa, e possam conhecer outras pessoas que estão passando pela mesma situação que elas, porém sem a tensão do clima hospitalar. Além disso, como a cidade de São Paulo se configura como um polo para tratamentos de câncer dentro do próprio estado, e até do país, por possuir a maior quantidade de centros de tratamento, o projeto também pretende oferecer estadia de qualidade, pensada as necessidades desses pacientes, fazendo com que eles se sintam inseridos em uma atmosfera doméstica. Por mais que muito se fale sobre o câncer, não só na área da saúde, pouco se projeta para o bem-estar físico e mental desses pacientes. Percebe-se que muitos desses espaços de apoio às pessoas com câncer são ONGs que, em geral, ocorrem em casas alugadas que foram adaptadas, na medida do possível, para tentar atender essas necessidades. Os projetos voltados a essa temática ocorrem com maior frequência no Reino Unido com os Centros Maggie, que foi inspirado na visão de Maggie Keswick Jencks, uma mulher que em 1993 descobriu que seu câncer havia voltado e que tinha pouco tempo de vida. A pedido de seu médico, ela escreveu um relato do ponto de vista do paciente, contando como são as sensações de quem está passando por essa circunstância em relação ao ambiente hospitalar.

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Se o Brasil, como país em desenvolvimento está no índice de mais de 80% do impacto de câncer no mundo, estimados para os próximos anos (INCA, 2016), como pode um espaço como um Centro de Apoio aos Institutos do Câncer ser tão pouco explorado? Mais do que copiar países desenvolvidos, deve-se entender as necessidades brasileiras em relação a ocorrência dessa patologia e como o seu povo vive e lida com isso. A arquiteta Zaha Hadid, que chegou a projetar um dos Centros Maggie, diz que “A arquitetura pode mudar a vida das pessoas”, e é isso que esse projeto tenta fazer. Mudar a vida dessas pessoas, por elas e para elas. Maggie Jencks dizia que não se pode perder a alegria de viver pelo medo de morrer. Então a quem cabe mudar a vida das pessoas? A quem cabe trazer a alegria com um espaço acolhedor se não o arquiteto? Humildemente, esse projeto visa abrir espaço para a discussão desse tema, criando um modelo base de Centro de Apoio aos Institutos do Câncer, que possa servir de inspiração para novos projetos e quem sabe a implementação de um espaço como esse. Na tarde anterior a sua morte, Maggie sentou-se em seu jardim, ao lado de seu marido, contemplando a natureza sob a luz amena do sol e disse “Não temos sorte?”. E quanto a nós? Não temos sorte por estarmos vivos? Não temos sorte por viver o hoje? Não temos sorte por podermos projetar o amanhã? Não temos sorte?

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