NAD - Núcleo de Arte e Dança Paraisópolis | Monografia

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NAD núcleo de arte e dança paraisópolis


aos apaixonados. por pessoas, pela arte, pela vida – e todas as suas manifestações de amor.


NAD núcleo de arte e dança paraisópolis

fundação armando álvares penteado curso de arquitetura e urbanismo

são paulo - sp, brasil

caderno conceitual |

dez|2015

Leticia Couto de Nóbrega orientador: Luis Octavio de Faria e Silva


agradecimentos obrigada a todos que de alguma forma me ajudaram neste processo, com opiniões, dicas e abraços. ao meu orientador, Luis Octavio, por todo o estímulo, serenidade e por acreditar no meu trabalho. a Maria Teresa Fedeli e Monica Tarragó, que me deram suporte e receberam de braços abertos. aos meus professores e mestres, que se dedicam nessa arte linda que é ensinar. as meninas da faap, amigos e anjos da guarda, por todo o apoio de sempre. obrigada a essa energia maior, que alguns chamam de Deus. e ao seu André e dona Denise. pai, mãe, amo voces.


sumário

1 | TEMA E ÁREA favela: informalidade e potencial criativo 1.1 14 educar através da arte e da dança 1.2 16 2 | PARAISÓPOLIS introdução - dinâmicas existentes 2.1 20 breve histórico 2.2 28 3 | ACONTECE NA COMUNIDADE intervenções e obras 3.1 34 os artistas de Paraisópolis 3.2 42 4 | NÚCLEO DE ARTE E DANÇA levantamento fotográfico 4.1 54 intenções e intervenção 4.2 56 programa e atividades 4.3 62 arquitetura 4.4 68 5 | OBSERVAÇÕES FINAIS 111 6 | REFERÊNCIAS 115


apresentação

Localizado na recém inaugurada Avenida Hebe Camargo e ao lado do Parque Paraisópolis, o projeto cria um eixo cultural de acesso ao parque, democratizando também o espaço da cidade na sua cota zero. Incorporando atividades como dança, moda, artes visuais, artes manuais, literatura, cinema e culinária, o NAD procura potencializar a vida artística já latente na favela, estimulando o convívio entre os moradores e fomentando os seus talentos. A fim de oferecer novas oportunidades e perspectivas de vida para a comunidade, nasce o Núcleo de Arte e Dança.


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tema e área

vista aérea de Paraisópolis no Google Earth - 2015


1.1

favela: informalidade e potencial criativo

Favela. Este é o termo tradicionalmente utilizado para caracterizar ocupações precárias e irregulares no território das cidades. Nestes locais, também conhecidos como “cidades informais”, não há controle sobre o parcelamento do solo ou alguma lógica pré-estabelecida em relação as construções. Casas e barracos são levantados pelos próprios moradores, sem planejamento prévio, nos chamados “assentamentos espontâneos, com pouca ou nenhuma infraestrutura e serviços” (PREFEITURA DE SÃO PAULO, A Cidade Informal do Século XXI). Inacabada e em constante transformação, a cidade informal é carente de urbanização mas rica em urbanidade – contém um senso de coletividade notável e intrínseco, onde as soluções para os problemas de infraestrutura e a melhoria da qualidade de vida são buscadas de forma coletiva. Esta forte identidade existente nas favelas reflete inúmeros significados sociais e culturais, bem como uma informalidade e dinamismo muito próprios e peculiares. “(...) quando da urbanização, o importante a se preservar não deveria ser apenas a sua arquitetura, os barracos, nem seu urbanismo, as vielas, mas o próprio movimento das favelas, através de seus atores, os próprios favelados. Ou seja, o que deveria se pretender preservar é a participação ativa do habitante/cidadão na construção de seu próprio espaço/cidade, como ocorre em diferentes níveis nos espaços-movimento” (JACQUES, Estética da Ginga, pg. 150).

“A cidade, reconhecida como espaço privilegiado das relações humanas e como foro eminentemente democrático, permite que valores opostos coexistam e sejam confrontados, contradizendo os conceitos conservadores dos agrupamentos isolados. Esse papel privilegiado que a cidade assume – espaço de convivência democrática – está relacionado com a extensão de acesso às oportunidades a todos os seus habitantes”.

Em pesquisa recente do Instituto Data Favela¹, que analisou o perfil dos moradores de 63 favelas brasileiras, revelou-se que dois terços dos moradores destas ocupações não desejam sair da comunidade e, apesar de 30% já terem sofrido alguma forma de preconceito, 94% se consideram felizes, apenas um ponto percentual a menos do que a média nacional. A partir daí, entende-se que os projetos e intervenões em favelas “além de univeralizar o acesso à infraestrutura, aos serviços básicos, à eliminação de situações de risco, devem explorar a criação de identidades, de modo a fortalecer a noção de pertencimento da comunidade.“ (retirado do livro O Urbanismo nas Preexistências Territoriais e o Compartilhamento de Ideias, SEHAB e ETH Zurich, Prefeitura de São Paulo, pg. 26).

(SECRETARIA MUNICIPAL DE HABITAÇÃO, A Cidade Informal do Século XXI)

¹ Data Favela é o primeiro Instituto de pesquisa focado na realidade das favelas brasileiras que estuda o comportamento e o

consumo dos moradores destas comunidades, identificando oportunidades de negócios para empresas que desejam desenvolver suas atividades nestas áreas. A Pesquisa Data Favela foi realizada em 63 favelas durante os meses de Julho a Setembro de 2013.

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1.2

educar através da arte e da dança A conscientização corporal nos torna humanos na medida em que estreita os laços e entre espaço e tempo, som e silêncio, corpo e alma. A partir do conhecimento de nós mesmos, podemos passar a compreender melhor as pessoas a nossa volta, as cidades e as conexões entre elas. Deste modo, a educação através do movimento, da música, do desenho ou de qualquer outro tipo de manifestação artística abre os horizontes dos alunos para diversos campos do conhecimento como sociologia, psicologia, ou anatomia. Propor então que o método de ensino vá além do convencional, incorporando o ensino da arte como complemento, permite aflorar a expressão pessoal e emocional de cada um, potencializando o crescimento intelectual das pessoas. O ensino da dança para crianças estimula a concentração, a disciplina, a força, a autoconfiança, a postura, a noção de perspectiva e lateralidade e a percepção do espaço, através do movimento, dos deslocamentos e do ritmo. Ensinar dança nos anos iniciais da vida influencia diretamente na construção da personalidade e na maneira de se expressar enquanto ser humano. “A criança deve tomar consciência de que uma participação total do seu ser é indispensável, de que dançar não é só fazer gestos ritmados, individualmente ou em grupo, mas é também expressar alguma coisa que a engaje totalmente, portanto uma coisa grave; e a consequência dessa gravidade é a necessidade de um trabalho metódico, minucioso, contínuo” (PORCHER, Louis – pg. 167)

“A educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.” (DEWEY, John)

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Um núcleo de arte como o proposto pelo projeto tem o poder de conectar as pessoas de diferentes idades, regiões ou etnias e estimular seus sentidos e potenciais. Independente da classe social, nível de escolaridade ou qualquer outro parâmetro usado como comparativo, para o quesito artístico, todos somos artistas inatos e talentos em potencial. Viabilizando o acesso à educação artística e corporal através da democratização do espaço, nos tornamos mais humanos, capazes e pensantes.

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Paraisópolis

vista aérea de Paraisópolis - Argos Fotos


2.1

introdução - dinamicas existentes Na cidade de São Paulo, cerca de 30% da população – ou seja, aproximadamente 3 milhões de pessoas – vivem em alguma condição de precariedade urbana: favelas, cortiços ou loteamentos irregulares. No território de 1540km² da cidade paulistana, existem mais de 1500 áreas reconhecidas como favelas. Paraisópolis é uma de suas maiores, com 800.000m², 18.000 moradias e 60.000 habitantes, segundo o IBGE.² Segundo levantamentos do HABISP³ de 2012 em relação a infraestrutura urbana de Paraisópolis, a favela possui 64% de abastecimento de água e 60% de coleta de lixo. Para as redes oficiais de coleta de esgoto e energia elétrica, os percentuais de moradias contabilizavam 88% e 98,6% respectivamente.

Em relação ao potencial econômico, existem cerca de 3 mil estabelecimentos comerciais em Paraisópolis, o que facilita a vida dos moradores e beneficia também o seu entorno devido a prestação de serviços da comunidade para as regiões vizinhas. A estreita dependência entre as áreas contrastantes de Paraisópolis e do Morumbi se dá pela população economicamente ativa da área: de acordo com estimativas da própria União de Moradores de Paraisópolis, 78% dos moradores, de origem predominantemente nordestina, trabalham no Morumbi e áreas próximas. Assim, a ligação estabelecida entre oferta de mão de obra e postos de serviço facilita os deslocamentos entre os bairros, diminuindo mesmo que timidamente o movimento pendular da cidade.

² Dados Referentes ao Censo Demográfico de 2010. Importante observar que a favela tem uma dinâmica muito própria e está sempre em constante mutação – como há apropriações espaciais por parte dos próprios moradores sem planejamento prévio, estes dados são flutuantes. Foram adotados os valores de 2010 como ilustração geral da situação da favela, não necessariamente refletindo a realidade atual. 20

A partir de sua localização no distrito de Vila Andrade – região do Morumbi, zona sul da capital – podemos identificar o perfil contraditório do local. Localizado em meio a um bairro de classe alta, Paraisópolis contrasta com a realidade do seu entorno – com aproximadamente 750 habitantes por hectare, a favela destoa drasticamente da baixíssima densidade do bairro do Morumbi, que soma apenas 30 habitantes por hectare. O mapa de cheios e vazios da região retrata bem a zona de contrastes em que o projeto se encontra. A área de intervenção é ilustrada em laranja no mapa.

Habitantes por Hectare PARAISÓPOLIS 750

X

MORUMBI 30

Abastecimento de água

Coleta de esgoto

60%

88%

Coleta de lixo

Energia elétrica

60%

98,6%

levantamentos do HABISP³ em 2012 mapa de cheios e vazios da região – autoria própria

³ HABISP - Sistema de Informações para Habitação Social na Cidade de São Paulo. É um sistema de mapeamento dos assentamentos precários na cidade que armazena, organiza, processa e produz informações geográficas de suporte para os técnicos da Secretaria Municipal de Habitação na tomada de decisões. É uma importante ferramenta na condução da política municipal de habitação social de qualidade na cidade.

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O Complexo Paraisópolis é composto pelo conjunto de 3 ocupações informais: Paraisópolis propriamente dita, Porto Seguro e Colombo. Dividido em 7 áreas no total – Grotão, Grotinho, Antonico, Centro, Brejo e as regiões do Jardim Colombo e Porto Seguro, o complexo possui um plano diretor regional específico e toda a extensão do seu território é demarcada como Zona Especial de Interesse Social no Plano Diretor Estratégico da Cidade, o que significa que pode-se ocupar em projeção horizontal até 70% do terreno e em termos de aproveitamento, pode-se construir até 4 vezes o seu tamanho.

Em relação a sua morfologia, Paraisópolis é bastante acidentada. Esta condição influencia na tipologia dos assentamentos e na salubridade das moradias. Há locais determinados como zona de risco, principalmente ao redor do Córrego do Antonico, ainda não canalizado e com grande carência de urbanização. O outro córrego da região é o Córrego do Brejo, que possui 300 metros de comprimento. Este já possui suas obras de infraestrutura construídas.

3

1 2

3 ANTONICO CENTRO

BREJO

GROTÃO GROTINHO

mapa de zonamento - Prefeitura de São Paulo 22

regiões de Paraisópolis - imagem retirada do Google Maps e editada

1

Jardim Colombo

2

Porto Seguro

3

Paraisópolis

topografia - Gegran da Cidade de São Paulo

hidrografia - MMBB - reurbanização do Córrego do Antonico (edtado) 23


mobilidade Próxima a vias como Marginal Pinheiros, Giovanni Gronchi e Hebe Camarago, Paraisópolis tem acesso facilitado ao restante cidade, muito embora o metrô ainda não tenha chegado na região. Em relação aos modais existentes, há 7 linhas operantes de ônibus SPTrans que atendem a comunidade. Existem ainda projetos de expansão da rede metroviária para facilitar a mobilidade dos moradores:

Projeto da ampliação da Linha 4 do Metrô (Linha Amarela) - estações São Paulo - Morumbi e Vila Sonia a cerca de 3km de distância Projeto da nova Linha 17 do Metrô (Linha Ouro) - será implantada como sistema monotrilho (VLT) em duas estações na comunidade, Paraisópolis e Américo Maurano, passando pela favela na Avenida Hebe Camargo. Esta linha ligará a futura estação São Paulo - Morumbi (Linha 4 -Amarela) com a estação Jabaquara (Linha 1- Azul), conectando também com as Linhas 6 (Lilás) e 9 da CPTM. A conexão de Paraisópolis ao tecido urbano da cidade “formal” se dá através de dois eixos viários importantes, a Avenida Giovanni Gronchi e a recém implantada Avenida Hebe Camargo, também conhecida até então como Avenida Perimetral. Esta, com 1500 metros de extensão, liga o bairro do Morumbi ao Panamby. Outras conexões viárias importantes são a Avenida Dr. Flávio Américo Maurano, que liga Paraisópolis à Marginal Pinheiros e o viaduto recém construído que liga a Avenida Pascuale Gallupi, uma das principais da comunidade, à Rua Deputado Laércio Corte, no Panamby.

fonte: www.urbzy.com.br

hierarquia das vias fonte: Paraíso das Artes - Intervenção Urbana Córrego do Antonico

O relevo íngrime dificulta as locomoções, feitas na sua maioria a pé na comunidade. Ainda assim, as ruas de Paraisópolis são bastante movimentadas por carros e outros meios de transporte. Quanto às bicicletas, há o incentivo do uso na área por conta da implantação da nova ciclovia na Avenida Hebe Camargo, que será ligada as ciclovias da Marginal Pinheiros e Pirajussara. Entretando, o uso ainda é restrito, devido ao relevo acidentado da região. fonte: projeto para o Córrego do Antonico - MMBB

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pontos de intesse da região

Complexo Paraisópolis

Marginal Pinheiros

Aeroporto Congonhas

Complexo Paraisópolis

Giovanni Gronchi Parque Ibirapuera

Estádio Morumbi

Marginal Pinheiros

Escola de Música UTT

Conjuntos Habitacionais

Parque Paraisópolis Obras Concluídas

Parque Sanfona

Ponte do Morumbi

Estação de Triagem Palmeirinha

Avenida Hebe Camargo Projeto

Região do Morumbi

Conjuntos Habitacionais

Avenida Hebe Camargo

UBS

Parque Paraisópolis

AMA CAPS

Área de Intervenção


2.2

breve histórico Plano Diretor de São Paulo e implementação de ZEIS Regulamentação Fundiária

Fazenda do Morumbi

1921

Famílias japonesas grandes lotes em pequenas chácaras

1950

Primeiros barracos de madeira e ocupação do Jardim Colombo e Porto Seguro

1970

1922

1960

Parcelamento em 2.200 lotes de 500 m² dispostos em quadras de 100m x 200m com ruas com 10 m de largura pela União Mútua Companhia Construtora e Crédito Popular S.A

Implantação do bairro do Morumbi Oficialização das ruas pela Lei nº 7.180 (ARR 2514) Especulação imobiliária

1980 Intensificação da ocupação

Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras

2002 2004

2003 Decreto Municipal nº 42871/03 de 19/02/2003 Licitação das ZEIS pela HABI/SEHAB

1921

2014 Novo Plano Diretor de São Paulo

1954

1940

1968

2014

1994

1977

1980

2004

linhas do tempo: evolução sócio-espacial do Complexo Paraisópolis fonte das imagens: SEHAB - Secretaria Municipal de Habitação

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29


Apesar da dinâmica atual e sempre contínua de crescimento da favela, ainda no final dos anos 90 verificou-se mais um aumento populacional considerável devido principalmente à migração de moradores de favelas próximas extintas pela Prefeitura. Com isso as regiões do Grotão e Grotinho foram altamente adensadas. Com o tempo, o governo municipal começou a concentrar esforços em prol de melhorias para a região em questões de salubridade, acessibilidade e moradias. Desde de a gestão de Elisabete França como superintendente da SEHAB, muitas iniciativas valiosas começaram a ser contempladas em Paraisópolis, além de uma rede de instituições civis que atuam em projetos sociais e iniciativas artísticas na comunidade.

A região hoje ocupada pelo Complexo Paraisópolis fazia parte da antiga Fazenda do Morumbi, em 1921. A área foi parcelada em 2.200 lotes de 500 m² dispostos em quadras de 100m x 200m com ruas com 10 m de largura pela União Mútua Companhia Construtora e Crédito Popular S.A. e teve seu loteamento original aprovado no ano de 1922. “A infraestrutura do loteamento não foi completamente implantada e muitos dos que adquiriram esses lotes nunca tomaram posse efetiva, nem pagaram os tributos devidos. Ou seja, como foi verificado diversas vezes na história de São Paulo, empreendimentos – públicos ou privados – que não tiveram sua implementação concluída, acabaram tornando-se regiões ermas, abandonadas. Dessa forma, tornaram-se um convite para a ocupação informal.” (Portal da Prefeitura de São Paulo – História de Paraisópolis). O processo de ocupação dessa área começa por volta de 1950, segundo levantamentos da Prefeitura de São Paulo, principalmente por famílias japonesas, que transformaram os grandes lotes em pequenas chácaras, uma vez que a área estava abandonada e vulnerável às ocupações informais.

No ano de 2002 algumas iniciativas de regulamentação fundiária se iniciaram no local pelas empresas Bureau e Diagonal Urbana e, neste mesmo ano, foi aprovado o antigo Plano Diretor do Município de São Paulo, que instituiu as ZEIS4, influenciando diretamente as possibilidades territoriais. A implementação das ZEIS e licitação do projeto de urbanização do Complexo Paraisópolis acontece em 2003 quando é aprovado o Decreto Municipal 42871/03 de 19/02/2003, que autorizava a HABI/SEHAB executar e implementar o plano. O Plano de Urbanização define diretrizes para as intervenções urbanas e usos pretendidos, contemplando os índices urbanísticos e considerando áreas verdes e institucionais, bem como áreas destinadas a reassentamento de famílias. Em 2004 foram aprovados os Planos Regionais Estratégicos das Subprefeituras e, recentemente, o Novo Plano Diretor de São Paulo redesenhou as ZEIS de Paraisópolis e do município como um todo. É importante observar que o traçado viário da antiga Fazenda do Morumbi foi pensado como se o local fosse estritamente plano, criando superquadras de 100x200m. Devido à declividade da área e a dificuldade de ocupação do local, muitas vielas surgiram dentro das superquadras, criando a dinâmica singular e labiríntica característica das favelas.

Nos anos 60 eram vistas roças e criações de gados bovinos na região, com pouca presença de atividade comercial local. Com a implantação do bairro de alto padrão do Morumbi e a abertura de vias de acesso como a Avenida Giovanni Gronchi, a área tornou-se objeto de grande valorização e interesse econômico, o que intensificou a ocupação local juntamente com a especulação imobiliária. Nessa mesma década, as ruas locais foram oficializadas pela Lei 7.180 (ARR 2514) e foi elaborado o primeiro Plano de Desenvolvimento Integrado de Santo Amaro, propondo uma posterior urbanização por conta da declaração da área como de utilidade pública. Como o projeto não saiu do papel e o local ficou ocioso, em 1970 já começavam a surgir os primeiros barracos de madeira, ocasião que deu origem às ocupações vizinhas à Paraisópolis – Jardim Colombo e Porto Seguro. “Ainda nos anos 1970, ficou definido pelo poder público que a ocupação ficaria restrita à habitação unifamiliar e de uso misto, criando condições para implantação de um plano especial de ocupação a ser elaborado em 5 anos. Novamente as ações não se concretizaram e entre 1974 e 1980 intensificou-se o processo de ocupação da região. O crescimento do processo migratório acelerou-se ainda mais a partir de 1980. Entre as diversas causas, a facilidade de emprego pelo crescimento acentuado dessa região, principalmente com a demanda crescente de mão de obra para a construção civil.” (Portal da Prefeitura de São Paulo – História de Paraisópolis).

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ZEIS - Zonas Especiais de Interesse Social: regiões previstas no Plando Diretor Estratégico da cidade dedicadas a áreas ocupadas por população de baixa renda, abrangendo favelas, loteamentos precários e conjuntos habitacionais de interesse social. O conceito urbanístico deste instrumento legal é a flexibilização dos parâmetros de parcelamento e ocupação do solo (metragens de lotes, vias e recuos) a fim de possibilitar implantação e regularização desses assentamentos, garantindo seu caráter popular após a intervenção pública.

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acontece na comunidade

regiĂŁo do GrotĂŁo - acervo pessoal

3


3.1

intervenções e obras

No ano de 2006 o programa Nova Paraisópolis foi criado a fim de trazer melhorias para a comunidade carente de infraestruturas. Com isso algumas frentes de atuação foram determinadas visando a regularização fundiária, retirada de moradias das áreas de risco, obras de saneamento básico e drenagem, obras viárias, construção de equipamentos públicos para a comunidade e também de 4.000 novas unidades habitacionais. Segundo a União dos Moradores de Paraisópolis aproximadamente 80% das obras previstas já foram concluídas ou estão em andamento. Dessas obras, já estão prontas a Unidade Básica de Saúde (UBS), a unidade de Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e o Centro de Apoio Psicossocial (CAPS), localizados ao lado da área de intervenção na Avenida Hebe Camargo, também já finalizada. Para fins educacionais, foram entregues a Escola Técnica Estadual (ETEC) e o Centro Educacional Unificado (CEU). Neste sentido, o Núcleo de Arte e Dança (NAD) surge da necessidade de complementar a infraestrutura já existente e do desejo de atender a demanda artística da favela. O nome do projeto, identificado facilmente como NAD, procura seguir o padrão das obras já implantadas, estabelecendo uma identidade com o panorama geral.

à esquerda: mapa com as grandes áreas escolares - 4 escolas estaduais e 5 municipais à direita: áreas em projeto de urbanização para melhorias na infraestrutura fonte: Prefeitura da Cidade de São Paulo Projeto Caminho Escolar

área do Núcleo de Arte e Dança

área de intervenção do NAD

corte ilustrativo geral de Paraisópolis - eixo leste/oeste fonte: Eduardo Pizarro

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mapa de intervenções e obras em Paraisópolis fornecido por Maria Teresa Fedeli fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo

Canalização do Colombo

canalização do córrego de aproximadamente 300m de extensão na área do Jardim Colombo, parte integrante do Complexo Paraisópolis a obra ainda não foi licitada - haverá uma nova licitação com revisões no projeto fonte: site do escritóriio Leviski Arquitetos

Córrego Antonico projeto de drenagem e reubanização da área envoltória do Córrego do Antonico feito pelo escritório MMBB projeto não implantado - nova licitação será feita com as devidas revisões projetuais fonte: retirada do site do MMBB

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Ecoponto

CEU Paraisópolis

projetado para coletar resíduos sólidos destinados à reciclagem, a estação de triagem é de extrema importância para a conscientização da população local em relação ao lixo produzido pela comunidade, uma vez que os moradores podem fazer o descarte pessoalmente

projeto com mais de 10 mil m² de área construída no terreno de 25.400 m² tem capacidade para atender 2.800 alunos e elimina a necessidade do o terceiro turno em três Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs)

projeto de Daniel funcionamento

obra entregue em Dezembro de 2008 na região do Grotão

e

em

fonte: Prefeitura de São Paulo

fonte: retirada do Google

Escola de Música

CAPS, AMA e UBS

projetada pelo Urban-ThinkTank, a escola concebe uma destinação para a Orquestra Filarmônica de Paraisópolis, incorporando quadras esportivas e áreas sociais

equipamentos públicos de saúde localizados na Avenida Hebe Camargo e já entregues aos moradores de Paraisópolis

recebeu o prêmio Global Holcim Awards Silver 2012

_Centro de Apoio Psicossocial _Assistência Médica Ambulatorial _Unidade Básica de Saude

projeto ainda não implantado, localizado na região do Grotão]

Libeskind

fonte: retirada do Googl.e

fonte: Urban Thin Tank 38

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fonte: Prefeitura de São Paulo

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Parque Sanfona

fonte: retirada do Google

Pavilhão Social

localizado em área de risco de deslizamento, o projeto de contensão da encosta da Viela Passarinho pretende integrar as cinco sub-regiões de Paraisópolis: Antonico, Brejo, Centro, Grotão e Grotinho

espaço destinado a integração, reunião, eventos e atividades dos moradores e das ONGs existentes na comunidade

ainda não implantado

obra em andamento

Avenida Hebe Camargo

como projeto de expansão da malha viária do local, a Avenida Hebe Camargo, também conhecida como Avenida Perimetral liga Paraisópolis ao bairro vizinho do Morumbi

unidades habitacionais

possui 6 pistas com 1.540m de extensão

os conjuntos habitacionis localizados nas margens da Avenida Perimetral abrigam aproximadamente 1.000 famílias afetadas pelas remoções do novo projeto de reurbanização de Paraisópolis

obra concluída

obra entregue 41


3.2

os artistas de Paraisópolis

Paraisópolis possui uma vida cultural extremamente ativa. Através de diversos projetos e programas sociais, os moradores tem oportunidade de desenvolver seus talentos no campo das artes, moda, dança, culinária, literatura, entre outros. A intenção do Núcleo de Arte e Dança Paraisópolis aqui proposto, é reunir grande parte destas iniciativas em um mesmo conjunto, possibilitando o convívio entre os artistas, troca de informações e aprendizado.

agenda de lazer e cultura Paraisópolis

Barulho indescritível Muito lixo entre barracos Gente andando em vielas E ratos por buraco [...]. Paraisópolis não é só isso Esse é o lado que a sociedade vê Aqui também tem gente culta Poetas do bem, pode crer [...]. Por isso não me envergonho Quando confesso que moro aqui Se foi pra lutar pelos meus sonhos Que deixei em Jacaraci Jssara de Carvalho, a escritora de Paraisópolis

Retirado do livro CIDADE DO PARAÍSO, de Vagner de Alencar e Bruna Belazi

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atividades

Desvirada Cultural Ballet Paraisópolis atrações musicais e artísticas, recitação de poesia. Orquestra Filarmônica de Paraisópolis Semana Hip Hop Rádio Nova Paraisópolis exibição de documentários, saraus, show de música e Paraisópolis Inventando Moda apresentações de dança Skate Solidário e oficinas Mostra Cultural Mãos de Maria - cursos de culinária apresentações de dança e música, recitação de poesias, Judô com Tiago Camilo workshops ligados a artes plásticas e fotografia Rugby para Todos Semana de Paraisópolis oficinas educativas de culinária e artes, sessões de cinema, apresentações de teatro, música e dança. Paraisópolis das Artes projeto cultural que oferece um roteiro para visitação dos pontos turísticos de Paraisópolis como por exemplo a cada de garrafa PET e a Casa de Pedra Cine Clube Paraisópolis projeto que consiste em levar cinema gratuito aos moradores. Uma grade ampla de filmes geram discussões que abordam questões sociais e culturais no Brasil e no mundo, fortalecendo o senso crítico dos jovens da comunidade

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GAUDÍ BRASILEIRO Estevão Silva da Conceição e sua obra (Casa de Pedra) Fonte: Site do ESTADÃO - Folha de São Paulo

ARQUITETO DA GARRAFA PET Antenor Clodoaldo Alves Feitosa Casa construída com 22.457 garrafas

Fonte: Site da Revista Casa e Jardim - Notícias

Sem ao menos saber da existência do arquiteto catalão Antoni Gaudí, Estevão Silva da Conceição construiu sua casa com infindáveis objetos inusitados, pedras, louças, ladrilhos, entre outras peças. Depois de 30 anos de empenho, Estevão agora abre sua casa, conhecida como a “Casa de Pedra” para visitação e é conhecido como “Gaudí Brasileiro”.

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Outro arquiteto conhecido em Paraisópolis é Antenor Clodoaldo Alves Feitosa. Pedreiro de profissão, hoje aposentado, construiu sua casa de maneira peculiar - utilizou 22.457 garrafas PET na construção. “Eu quero ver alguém nesse mundo mostrar uma obra de arte dessas, com garrafas. Quero ver! Isso pra mim tem muito valor, pouco dinheiro não paga isso, não” (retirado do livro Cidade do Paraíso, DE ALENCAR, Vagner e BELAZI, Bruna - pg. 50). Antenor também acrescenta “Eles não podem derrubar isso aqui [...] Meu sonho é viver tranquilamente, sem ser incomodado, e independente. Eu gosto muito da independência. E, de preferência, aqui em Paraisópolis”.

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JOSEANE SILVA Artista plástica Fonte: Site do ESTADÃO - Folha de São Paulo

BERBELA Antonio Ednaldo da Silva Arte em sucata

Fonte: Site da UOL Viagens A ESCRITORA DE PARAISÓPOLIS Jussara Carvalho Fonte: Site do ESTADÃO - Folha de São Paulo

Joseane Silva e Jussara se destacam na comunidade por diferentes fins artísticos - Joseane é artista plástica e desempenha atividades de corte e costura e Jussara é conhecida como a escritora de Paraisópolis.

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Antonio Ednaldo da Silva, mais conhecido como Berbela, transforma sucata em obras de arte. Trabalha desde 2001 como soldador em sua oficina. Uma de suas obras mais conhecidas é a bicicleta que ornamentou para seu filho. Como não tinha condições de comprar uma nova, a ideia foi personalizar a que ele já tinha. Aos poucos a bicicleta começou a ganhar inúmeros adereços, como cornetas, uma televisão, ventilador, rádio e quase 2 mil lâmpadas coloridas. “Não estava fazendo nada de serviço. Peguei a bicicleta que ele tinha e fiz do mesmo jeito que ele viu lá. Cortei no meio. Arrumei uns canos d’água. Emendei e fiz uma bem grandona como ele queria” (retirado do livro Cidade do Paraíso, DE ALENCAR, Vagner e BELAZI, Bruna - pg. 159). 47


STYLING ALEX SANTOS Idealizador dd programa Paraisópolis Inventando Moda Fotos: Túlio Vital

Com o objetivo de promover a inclusão social, Alex Santos criou o programa Paraisópolis Inventando Moda, que promove a qualificação dos moradores em corte e costura, modelo e manequim, cabelo e maquiagem e criação. Embora o programa ainda não possua espaço para desenvolver suas atividades, Alex já conseguiu levar seu projeto até as passarelas da São Paulo Fashion Week e a intenção é continuar utilizando o poder da moda para descobrir novos talentos e gerar novas oportunidades. 48

MÃOS DE MARIA Curso de formação em culinária promovido pela AMP - Associação das Mulheres de Paraisópolis Fotos: Francisca Rodrigues

No quesito gastronômico, a Associação das Mulheres de Paraisópolis (AMP) oferece o curso de culinária especializado em doces e salgados que, apesar do nome, não atende apenas o público feminino. O curso conta com palestras e aulas práticas de capacitação e já formou mais de 400 alunos, dos quais muitos tornaram-se micro empreendedores montando seu próprio negócio na comunidade. 49


SKATE SOLIDÁRIO Início em 2011 Apoio da Nestlé Brasil, por intermédio do PIE Programa de Incentivo ao Esporte de São Paulo fonte: retirada do Google

A ONG promove oficinas de skate, música e pique-niques e aproxima os profissionais da área dos jovens amadores para a troca de experiências. O grupo ainda não tem local adequado para suas atividades – os encontros ocorriam no estacionamento do Hospital Albert Einstein antigamente. Hoje, são promovidos no eventos sociais no CEU Paraisópolis, com pistas de skate portáteis.

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BALLET PARAISÓPOLIS Aproximadamente 300 alunos Início em 2012 Aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura PROAC com apoio da TIM e Itaú Aprovado pela Lei Rouanet apoio do banco Itaú fonte: retirado do Google

O Ballet Paraisópolis é um projeto idealizado por Monica Tarragó e atende mais de 300 crianças da comunidade na faixa etária de 8 a 14 anos. Com duração de 8 anos, o programa pretende profissionalizar crianças da favela com a condição de estarem devidamente matriculadas no ensino fundamental e frequentar 100% das aulas. 51


4

o núcleo de arte e dança

ensaio do Ballet Paraisópolis - acervo pessoal


4.1

levantamento fotográfico

via local

esquina

terreno

Avenida Hebe Camargo conjuntos habitacionais

54

equipamentos públicos CAPS, AMA e UBS

terreno

Avenida Hebe Camargo e ciclovia

vista do canteiro de obras comércio na Avenida ponto de ônibus 55


4.2

intenções e intervenção

A proposta de intervenção no território surgiu da identificação de características e expectativas dos próprios moradores da comunidade. Através do projeto, pretende-se criar uma articulação entre o tecido urbano informal e o Parque Paraisópolis, a fim de oferecer áreas de convivência social como cenário da vida dinâmica e criativa da região. Assim, o projeto nasce do desejo da democratização do espaço, onde a criatividade e todos os tipos de expressão artística são bem vindos. Estimular o potencial criativo dos moradores através do convívio e das abertas possibilidades que o espaço público pode oferecer surge como ponto de partida para a construção do pensamento projetual. Faceando a recém inaugurada Avenida Hebe Camargo, o terreno escolhido marca a segregação das duas porções de bairro destoantes – Paraisópolis e Morumbi. Importante na paisagem, o projeto proposto concentra fins de serviços em um eixo cultural localizado em uma das entradas do Parque Paraisópolis, atuando como porta de entrada para o parque, até então sem projeto, abrançando-o. É importante ressaltar que, embora a proposta exceda os limites do lote, o presente trabalho não entra no mérito de desenhar o parque por completo. No entanto, algumas diretrizes são estipuladas para a futura consolidação do parque a fim de manter a totalidade da proposta.

“Os parques de bairro ou espaços similares são comumente considerados uma dádiva conferida a população carente das cidades. Vamos virar esse raciocínio do avesso e imaginar os parques urbanos como locais carentes que precisem da dádiva da vida e da aprovação conferida a eles. Isso está mais de acordo com a realidade, pois as pessoas dão utilidade aos parques e fazem deles um sucesso, ou então não os usam e os condenam ao fracasso” (JACOBS, Jane – Morte e Vida de Grandes Cidades”, pg. 97).

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diretrizes para o parque Através de desenho urbano, a potencial intervenção no Parque Paraisópolis deve promover a ligação das duas porções de bairro contrastantes do local – Paraisópolis e Morumbi. Com a abertura da rua localizada ao Sul do terreno do NAD, prevista no presente projeto, as conexões entre as duas áreas são realçadas, facilitando o dia a dia de ambas as porções. No presente projeto não há gradil, uma vez que as possibilidades para intervenção no parque e possível ligação com demais áreas de ZEIS indicadas ao longo da Avenida Perimetral ainda estão em aberto. Deve-se considerar as conexões diretas do parque com as ruas em seu perímetro, a fim de potencializar o acesso das pessoas ao seu interior. Eventuais guaritas de controle podem ser consideradas, a exemplo do Parque Ibirapuera, também inserido no tecido urbano da cidade. Baseadas nos princípios de uso dos parques descritos por Jane Jacobs em seu livro Morte e Vida de Grandes Cidades, as diretrizes para intervenções no parque devem estimular a diversidade de usos e atividades a fim de movimentá-lo em diferentes horas do dia por diferentes tipos de usuários. Segundo Jacobs, o número de olhos atentos a observar tanto calçadas quanto parques é um dos principais fatores que influenciam na segurança e sucesso destes locais. Os “olhos sobre a rua” são capazes de tornar a manutenção da paz relativamente simples, segundo a autora. Para ela, a animação e a variedade nas cidades atrai mais animação enquanto a apatia e a monotonia repelem a vida. Assim, estimular atividades diversas se torna crucial para a manutenção da vida ativa de um parque. Em seu livro, Jacobs exalta quatro elementos essenciais para projetos em parques, os quais servem de diretrizes no caso de estudo. São eles: complexidade, centralidade, insolação e delimitação espacial. Assim, as intervenções futuras na área devem contemplar esses quatro pontos para gerar o dinamismo pretendido para o local através de elementos como quadras de esportes, pistas de skate, locais para peças de teatro e música ou cinemas abertos, locais para aluguel e passeios de bicicleta, museus entre outras iniciativas.

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o vazio como protagonista

democratização do espaço e permeabilidade

Frequentemente ao se pensar o planejamento urbano, existe uma tendência em olhar a cidade através de suas construções. Eventualmente, exercitar enxergá-la pelo seus espaços vazios nos mostra a importância do espaço público e aberto no tecido urbano e, mais do que as próprias construções, a relação entre elas. Assim, “entender um conceito pelo seu contrário é fotografar a sua alma” (citação da peça “A Alma Imoral”), bem como no pensamento inverso sobre os parque urbanos de bairro de Jane Jacobs. Analisando as características sócio espaciais da região, nota-se claramente que Paraisópolis, justamente por ser uma ocupação informal e sem planejamento prévio, possui uma carência notável de espaços abertos e áreas de lazer. A partir disto, a construção do vazio torna-se evidentemente importante. Tomando esse pensamento como base, o projeto articula o vazio central como ponto de partida, criando um ambiente onde possa haver a apropriação do espaço pela população para os mais diversos fins.

“Muitas cidades hoje precisam de uma acupuntura porque deixaram de cuidar da sua identidade cultural. Um triste exemplo disso é o desaparecimento dos cinemas municipais. No passado os cinemas representaram para as pessoas o espaço mágico da fantasia, da música, da utopia, da realidade, do sonho, da esperança. E foram também um ponto de encontro fundamental para a cidade. Os cinemas influenciaram gerações inteiras, não só o aspecto cultural. Eram locais onde as pessoas se encontravam, discutiam, se divertiam e, frequentemente, levavam essas discussões para outros pontos da cidade. O cinema difundiu a moda, a literatura, a dança, a música, a história.” (LERNER, Jaime, pg.13).

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59


De forma que a maioria dos cinemas da cidade se encontram em shopping centers, estimular as projeções de cinemas abertos se torna essencial para a democratização do espaço e da cultura. Para isso, a permeabilidade no projeto é imprescindível. Neste cenário, a praça conectora entre a Avenida Hebe Camargo e o Parque Paraisópolis atua como protagonista no projeto juntamente com o vazio central, costurando os acessos e encerrando a unidade da cota zero. A abertura da esquina, através do aproveitamento da laje inclinada da platéia do teatro, induz o ponto principal de acesso e permeabilidade do NAD, evidenciando a circulação no projeto através da praça e do vazio, que se estende para o parque. Em função da permeabilidade, olhar uma escala mais urbana se faz necessário. Analisando as conexões locais em potencial do NAD com o seu entorno, notou-se a necessidade da abertura de uma via local ao lado do Núcleo, em sua fachada sul. Este eixo, que ligaria Paraisópolis a área residencial do Morumbi, serviria também de conexão para os moradores da comunidade por facilitar o acesso ao supermercado exitente na região. Com 20% de inclinação, a opção da abertura da via torna possível também a passagem de veículos motorizados. Nesta via local pretendese criar um acesso secundário ao NAD pelo seu segundo pavimento, onde são abrigados o ateliê de moda, a acessos e permeabilidade - vazio central + praça admnistração e sala de aula. 60

5

7

4 1

6 8 2

9

3 fonte: Google Earth 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Escola de Música - Urban Think Tank Parque Sanfona Pavilhão Social Palmeirinha área escolar unidades habitacionais CAPS, AMA e UBS área de ZEIS, destinada a educação Mercado Extra

projeto Parque Paraisópolis abertura da via proposta

Avenida Hebe Camargo


4.3

programa e atividades

O programa adotado surge com base nas reais necessidades dos moradores de Paraisópolis e nos programas sociais já existentes na comunidade. Voltado para as artes em geral, procura estimular a criatividade, disciplina e concentração da população predominantemente jovem de Paraisópolis, afastandoos da violência e demais questões prejudiciais para o crescimento e formação de caráter, infelizmente presentes nas favelas. Potencializando a vida artística já latente na comunidade, o Núcleo de Arte e Dança surge como um mecanismo integrador de gerações ao estimular o convívio e fomentar os talentos lá existentes, oferecendo novas oportunidades e perspectivas de vida para os moradores e atuando como ativador social. Em justificativa da escolha programática, entende-se que é fundamental a associação de programas habitacionais a equipamentos públicos sociais, visando melhorar o acesso das crianças e jovens aos serviços de educação e o acesso de jovens e adultos a postos de trabalho com melhor remuneração e possibilidades. Entretanto, a não inserção do programa habitacional no âmbito direto deste projeto se apoia em dois aspectos: a destinação prévia do terreno em questão e seu entorno pelo planejamento inicial da Prefeitura e o novo zoneamento pelo Nova Plano Diretor Estratégico, promulgado em 2014.

1

Do novo zoneamento aprovado pelo Novo Plano Diretor, em 2014:

Para o atendimento da demanda sempre presente de novos conjuntos habitacionais na região, são levadas em consideração as novas áreas dedicadas a ZEIS que foram implementadas no Novo PDE. Futuros reassentamentos de famílias localizadas em áreas de risco por exemplo, como ao longo da área especificada como não edificável do Córrego do Antonico, possuirão novos destinos nestas áreas demarcadas como ZEIS ilustradas em roxo no mapa a seguir.

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MAPA DE ZEIS Fornecido por Maria Teresa Fedeli Fonte: Prefeitura Municipal de São Paulo

Áreas sinalizadas em roxo representam as ZEIS-3 aprovadas pelo Plano Diretor de 2014 Área em preto - área de intervenção do Núcleo de Arte e Dança 63


As novas áreas de ZEIS – Zonas Especial de Interesse Social – com território de aproximadamente 122.000m² permitem a criação de aproximadamente 2.960 unidades habitacionais sem elevadores (considerando térreo+4 pavimentos) ou 7.624 unidades com elevador (térreo e com variações de 7 a 12 pavimentos de acordo com a área).

2

Da destinação prévia do terreno e seu entorno

O terreno escolhido para intervenção abriga o atual canteiro de obras da Prefeitura na comunidade e previa, no planejamento inicial da PMSP, a construção da nova Sede de Moradores de Paraisópolis. A área, entendida neste projeto como principal entrada para o parque pelos habitantes da comunidade, ampliou o programa inicial, até então não licitado, pelo seu potencial, alargando as possibilidades do terreno para comportar iniciativas artísticas além de sociais. Há terrenos demarcados ao longo da Avenida Hebe Camargo para fins educacionais também dentro das ZEIS que poderiam abrigar a demanda original e o próprio Parque Paraisópolis poderia comportar este tipo de demanda. Também foi levado em consideração a atual intalação da Sede dos Moradores se encontrar bem localizada em Paraisópolis – Rua Ernest Renan – e em boas condições, ao mesmo tempo que a carência na favela de um equipamento integrador como o proposto Núcleo de Arte e Dança. O entorno do terreno escolhido também já contempla programas de habitação social nos novos conjuntos projetados por Edison Elito, ilustrados no capítulo anterior.

Dividido em dois blocos – teatro, com capacidade para 600 pessoas e escola de artes – o projeto não pretende encerrar um programa previamente estabelecido e sim disponibilizar áreas de convívio que possam ser destinadas para os mais diversos fins. Assim, a divisão dos andares se dá pelas demandas da comunidade e os pés-direitos são variáveis de acordo com as atividades. A conexão entre os blocos é feita tanto pela cota zero quanto pela passarela treliçada, que liga o pavimento dos ateliês à área de exposições do teatro, em seus últimos pavimentos. Em determinadas ocasiões, a passarela pode funcionar como área técnica para eventuais apresentações e performances no vazio central. A cobertura metálica aparece também como uma conexão visual entre os blocos, dando unidade ao conjunto e protegendo a praça central. O primeiro andar do pavimento da escola inclui refeirório para os alunos onde podem ser feitos também os workshops e aulas de culinária fora dos horários de refeição. Este espaço, além de destinado para os alunos da escola, poderia ser aberto à todos nos fins de semana, gerando empregos e promovendo dinamismo na comunidade. Este andar disponibiliza também um audiovisual, com acervo de livros e filmes para ampliar o repertório dos moradores. O segundo pavimento contempla o ateliê de corte e costura, destinado para o programa da moda, modelo e manequim. Pretende-se que esta demanda possa ser ampliada, estimulando a produção dos figurinos e cenários para as apresentações de dança e teatro pelos próprios alunos e suas famílias. Neste andar encontra-se também e a área administrativa da escola e a sala de aula tradicional, que pode ser destinada para diversas demandas de cursos livres, aulas de história da arte, da moda e do cinema, anatomia para os alunos do ballet, entre outras diversas possibilidades em horários alternados. No andar de cima existem as salas de dança, com piso apropriado para o ballet – piso flutuante com linóleo – que podem ser usadas também para outros tipos de expressão corporal como dança de rua, jazz, teatro, entre outros e no último pavimento são encontrados os ateliês de arte. Os terraços do segundo e do quarto pavimento funcionam como ateliês em potencial e observatórios para o cinema aberto localizado no vazio central, com as projeções na empena cega do bloco do teatro. Na cota zero, uma sucessão de patamares vence o terreno íngrime, estabelecendo a praça na cota 770.

64

corte programático sem escala 65


piso flutuante Existem itens muito importantes a serem levados em consideração na concepção de salas de dança: proporções retangulares para noções de espacialidade, lateralidade e diagonais, espelhos (preferencialmente no sentido longitudinal da sala) para observação dos movimentos e autocorreção da execução da técnica, barras de apoio para exercícios e aprendizagem e tipo de piso influenciam diretamente no ensino da dança e no bom desempenho dos bailarinos. O tipo de piso indicado para dança é o piso flutuante, que foi adotado em todas as salas de dança do Núcleo de Arte e Dança Paraisópolis e também no teatro. O piso flutuante fica suspenso da laje de concreto e é construído a partir uma base de madeira apoiada sobre amortecedores de borracha. Sobre a base de madeira intercalada são colocadas pranchas de compensado e acima destas pranchas existe o linóleo, que é um piso emborrachado não-escorregadio para evitar quedas. Para o dimensionamento das vigas de madeira do compensado é importante considerar a quantidade de bailarinos que utilizarão o espaço e também a modalidade da dança – no ballet clássico por exemplo existem diversas séries de saltos que geram impacto tanto no piso quanto no corpo dos bailarinos. Assim, o piso ideal para este estilo de dança deve ter uma flexibilidade equilibrada – se for flexível demais induz um trabalho e desgaste muscular aumentado dos bailarinos e se for muito duro pode causar lesões, uma vez que as ondas de choque no impacto de saltos podem causar danos nas cartilagens dos bailarinos a longo prazo. É importante observar que há variações diante dos estilos de dança – para sapateado americano ou flamenco por exemplo, o indicado é não colocar o linóleo no piso, para que os sons dos sapatos seja ouvido com mais clareza.

66

Diagrama da estrutura de um piso flutuante Retirado do site do Centro Cubos de Cultura e Arte

67


4.4

arquitetura

estrutura

cobertura metálica

Partindo da arte como quesito de ligação de gerações e inclusão social, o NAD surge como mecanismo de ativação de talentos e canalização de energia criativa para todas as manifestações artísticas em potencial. Entende-se que a alteração proposta na paisagem da favela deve possuir identidade com a comunidade, a fim de que os moradores se apropriem e vivenciem o espaço do Núcleo. Ao mesmo tempo, propõe-se que o projeto em questão seja uma referência simbólica na favela, tanto visual quanto programática. Assim, o Núcleo de Arte e Dança incorpora as demandas artísticas de Paraisópolis concentrando estas iniciativas em um único conjunto referencial de diversas possibilidades. Para a implantação, optou-se por colocar o bloco do teatro ao norte e a escola atrás. Com isso, a via local com menor declividade na frente dos equipamentos públicos (recém inaugurada e ainda sem nome) é utilizada como serviço de carga e descarga do teatro, não interferindo no tráfego da Avenida Hebe Camargo. Em relação ao fluxo de pedestres, a abertura da esquina facilita o acesso ao NAD, marcando sua entrada principal. 2 BLOCOS

Uma vez que a escola é o bloco mais ativo, promoverá dinamismo no vazio central em função das idas e vindas dos alunos e professores. Para a estrutura adotou-se pilares de concreto e lajes nervuradas. Livre de vigas, a justificação da escolha se dá na liberdade em desencontrar os andares para criar os terraços e observatórios propostos.

68

arte e dança +

vazio central

Teatro

escada de emergência valorização da esquina

enquadramento da paisagem

elevadores do teatro

circulação vertical escola

caixa d’água

69


estudos para implantação - insolação e ventos + sombreamento

A materialidade do projeto surge a partir de dois aspectos - os estudos de insolação e ventilação e o desejo de criar identidade com a comunidade.

Assim, elementos como tijolos e cobogós cerâmicos aparecem nas fachadas, conversando com a linguagem geral das construções da favela. Para os brises verticias nas fachadas leste e oeste foi escolhida a madeira como material, em alusão aos primeiros barracos construídos em Paraisópolis. Em relação ao sombreamento, o Núcleo, por encontrar-se ao lado do parque, faceando a Avenida Perimetral (Hebe Camargo) não sofre influência de sombreamento das construções ao redor.

UBS

CAPS AMA

implantação - pavimento térreo áreas em cinza: áreas públicas áreas em laranja: semi-público áreas circuladas: controle de acesso 70

teatro

escola abertura da via lateral 71


vista geral 72

implantação

73


o projeto

1 2

4

3

5

6

7

1 2 3 4 5 6 7

camarim feminino camarim masculino depósito apoio geral - camarins abertos cisternas para reuso da água sala para ar condicionado central de energia

“Sem esses lugares a cidade perde a sua memória, seus pontos de encontro e sociabilidade, fica sem referência. (...) A reabertura de um cinema de rua simboliza a reversão de um processo de abandono do espaço público na cidade” (BONDUKI, Nabil).

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75


1 2 4

3 5

6 11 7 10

12

12 14

9

8

13

10

10

76

1 sala de reuniões 2 administrativo 3 acesso artistas e apoio do palco 4 depósito de lixo 5 doca 6 monta-carga 7 café 8 foyer 9 bilheteria 10 acesso 11 praça central - vazio 12 comércio (destinado aos programas do NAD) 13 recepção 14 cisternas para reuso da água

10

77


1 2

2

4 6 3

12

5

10 7

11 13

8

9

14

1 palco 2 coxia 3 monta-carga 4 proscênio 5 platéia 6 acesso artistas 7 canhão de luz 8 sala técnica 9 área social 10 refeitório 11 cozinha 12 sala de estudos 13 audiovisual - acervo 14 informática

79


5

1 2

5

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4

10

9

80

1 mezanino platéia 2 sanitário p.n.e 3 café 4 área social 5 terraço/observatório 6 ateliê moda 7 sala de aula 8 controle de acesso 9 depósito 10 administrativo 11 acesso secundário 12 terraço/ateliê aberto

81


1

2

2

2

2

3 4 6 5 7

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1 2 3 4 5 6 7

laje técnica salas de dança estar vestiário feminino infantil vestiário feminino juvenil sala de figurinos terraço

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1

2

2

2

2

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6

1 2 3 4 5 6

laje técnica mezanino/observatórios estar vestiário professores vestiário masculino sala de figurinos

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1 4 5

4

1

5 3 2

5 6

1 2 3 4 5 6

área de exposições exposições/mirante passarela de ligação terraço/observatório ateliês depósito

87


89


91


Avenida Hebe Camargo

conjuntos habitacionais existentes

93


Avenida Hebe Camargo

conjuntos habitacionais existentes

95


Avenida Hebe Camargo

96

Parque Paraisรณpolis

97


materialidade

materialidade

fachada oeste

abertural da visual e poteção solar com brises verticais de madeira

fachada norte

passarela de ligação em estrutura treliçada

praça do parque abertura do teatro

enquadramento da paisagem natural do Parque

guarda-corpo metálico

fechamento da circulação vertical em vidro temperado revestimento em tijolos cerâmicos 98

empena de concreto aberturas sutis para as visuais

Optou-se por não abrir demasiadamente a fachada norte a fim de dircionar o olhar para a abertura inteiriça coberta com brises da fachada leste. Ao lado, o estudo das aberturas. 99


materialidade

materialidade

fachada leste

fachada sul

passarela de ligação em estrutura treliçada

caixa d’água

observatórios para a projeção do cinema

proteção solar em brises verticais de madeira 100

abertura do teatro

empena em concreto

praça do parque

cobogós cerâmicos

cobertura metálica

caixa d’água

101


esquina aberta

permeabilidade pela valorização da esquina 103


vista geral do parque 105


observatรณrio - terraรงo

vista do segundo pavimento da escola

107


vistas internas do teatro

mezaninos da s ĂĄreas socias - acesso Ă platĂŠia 109


5

observações finais

mural sobre o Ballet Paraisópolis - acervo pessoal


O desenvolvimento do projeto chama atenção para a importância de olhar cada vez mais de perto as necessidades das favelas, tão presentes no cenário contemporâneo das cidades. Escolhendo Paraisópolis como área de estudo, o trabalho pontua questões como a importância da arte na educação, a democratização do espaço, a relevância do contexto sócio-espacial e a inclusão social. Este pontos levantados podem ser estendidos no entendimento de outras ocupações informais bem como da própria cidade dita formal, levando em consideração as devidas características e particularidades. Já considerada bairro por muitas pessoas, Paraisópolis infelizmente ainda possui muitas carências e precariedades. No entanto, nota-se um esforço de todas as partes em melhorar a condição existente – com um senso de coletividade expressivo, salta aos olhos a vida social e artística já presente na comunidade e as iniciativas, mesmo que ainda não concluídas, da Prefeitura e de arquitetos e urbanistas. A luta da comunidade é no sentido de minimizar as diferenças sociais e nesse sentido, além de promover melhorias na infraestrutura urbana em questões de drenagem, serviços de saúde e habitação, a criação de um eixo cultural como o NAD se torna particularmente importante – programas sociais de capacitação e educação artística são muito bem vindos em Paraisópolis. Explorando e aflorando seus talentos, os moradores tem oportunidades e condições para que com a sua arte – seja ela visual, manual, gestual, esportiva ou gastronômica – possam tirar seu sustento no futuro. Ir além do sistema tradicional de ensino abre os horizontes e também as possibilidades. Com muita carência de espaços verdes e áreas livres, a população acaba tendo poucas opções de lazer. Estimular a criatividade e ocupar os moradores com atividades inclusivas, artísticas e oportunas canaliza suas energias e se faz necessário para que todos, em qualquer lugar, seja ele “formal” ou não, tenham a possibilidade de livre expressão através da arte que for.

Que sejam sempre bem vindas em qualquer contexto todos os tipos de manifestações artísticas.

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referências

Fábrica de Cultua Grotão: Urban Think Tank - projeto da Escola de Música em Paraisópolis

6


de projeto HERZOG & DE MEURON - Laban Dance Center e Complexo Cultural Luz Disponível em: https://www.herzogdemeuron.com/index.html BRASIL ARQUITETURA - Praça das Artes Disponível em: http://brasilarquitetura.com/ EDUARDO DE ALMEIDA - Biblioteca Brasiliana Disponível em: https://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/pedro-taddei-e-francisco-spadoni URBAN THINK TANK - Escola de Música - Fábrica de cultura: Grotão, Disponível em: OMA - REM KOOLHAAS - Casa da Música do Porto Disponível em: http://oma.eu/ GRUPO SP - Sede do SEBRAE Nacional em Brasília Disponível em: http://www.gruposp.arq.br/?p=33

HECTOR VIGLIECCA - Projeto Paraisópolis http://www.vigliecca.com.br/ DILLER SCOFIDIO, FXFOWEL e RENFRO ARCHITECTS - Juilliard School of Arts Disponível em: http://www.archdaily.com/40448/the-julliard-school-diller-scofidio-renfro-architects NATIONAL BALLET SCHOOL OF CANADA Disponível em: http://www.nbs-enb.ca/Home

livros JACOBS, Jane – Morte e Vida das Grandes Cidades – São Paulo: Editora Martins Fontes, 2014 O livro, segundo a própria autora, é um ataque aos fundamentos do planejamento e da reurbanização ora vigentes. Pretende observar o dia-a-dia das cidades americanas, identificando as causas dos sucessos e fracassos dos equipamentos das cidades, propondo táticas para as problemáticas identificadas. FRANÇA, Elisabete; COSTA, Keila Prado (ed.) – O Urbanismo nas Preexistências Territoriais e o compartilhamento de Ideias – Secretaria Municipal de Habitação SEHAB & ETH Zuric, UCLA, Berlage Institute – São Paulo, 2012 FRANÇA, Elisabete; COSTA, Keila Prado (org.) – Plano Municipal de Habitação: do Plano ao Projeto: Novos Bairros e Habitação Social em São Paulo – Secretaria Municipal de Habitação – São Paulo, 2012 BARDA, Marisa; FRANÇA, Elisabete; (org.) – A Cidade Informal no Século XXI 3a ed. – Habi - Superintendência de Habitação Popular, 2011 DE ALENCAR, Vagner; BELAZI, Bruna - Cidade do Paraíso: Há Vida na Maior Favela de São Paulo – São Paulo: Primavera Editorial, 2013 JACQUES, Paola Berenstein – Estética da Ginga: A Arquitetura das Favelas atraés da Obra de Hélio Oiticica – Rio de Janeiro: Editora Casa da Palavra, 2002 LERNER, Jaime – Acupuntura Urbana – Rio de Janeiro: Record, 2003 DUARTE JR., João Francisco – Por que arte-educação? – São Paulo: Papirus Editora, 2004 PORCHER, Louis – Educação Artística: luxo ou necessidade? – São Paulo: Summus Editorial, 2a Edição

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outros GOOGLE - Google Maps e Google Earth JORNAL PARAISÓPOLIS: Espaço do Povo – Disponível em: http://jornal.paraisopolis.org/ PORTAL DA PREFEITURA DE SÃO PAULO – Secretaria Municipal de Habitação – Como surgiu Paraisópolis – Disponível em: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/desenvolvimento_urbano HABISP.PLUS/SEHAB – Secretaria Municipal de Habitação – Disponível em: http://www.habisp.inf.br/ DUTRA, Rubia – Paraíso das Artes Eixo Cultural Paraisópolis – Trabalho de graduação, 2014: Orientadora Elisabete França – Fundação Armando Álvares Penteado EVANGELISTI, Karen – Arquitetura – Corpos em Movimento – Ação – Trabalho de graduação, 2014: Orientadora Luciana Brasil – Univerdidade São Judas Tadeu SÃO PAULO CALLING – Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=THGxvQZDFGU MARIA FARINHA FILMES –Tarja Branca – Documentário sobre a importância do espírito lúdico na vida adulta

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