ARQUIDIOCESE DE GOIÂNIA Paróquia Universitária São João Evangelista Domingo de Ramos, Ano A – Sábado, 12 de abril de 2014
Lectio Divina Mt 21,1-11 (Entrada de Jesus em Jerusalém) Lectio Jesus entra solenemente em Jerusalém e é aclamado pelo povo que se encontra na cidade. O relato que ouvimos nos indica o modo como ele é acolhido pela multidão e o ambiente que essa presença de Jesus gera: A numerosa multidão estendeu seus mantos no caminho, enquanto outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam no caminho. (v. 8) Quando Jesus entrou em Jerusalém, a cidade inteira ficou alvoroçada... (v.10) Retomemos juntos o texto de Mt 21,1-11. Antes de narrar o ingresso de Jesus em Jerusalém, ele se detém nas indicações sobre a preparação: Jesus faz recomendações bem justas sobre o modo como os discípulos devem proceder para que ele possa entrar na cidade. Jesus poderia ter entrado a pé, como tantas outras vezes o fez em outras cidades. Poderia ser cercado por pessoas, iniciar uma pregação no Templo, ou se colocar a debater alguma questão proposta pelos fariseus ou pelos saduceus, como fez outras vezes. Mas hoje não acontece assim. Há um tempo para tudo debaixo do sol! É chegada a hora do Messias, o Ungido do Senhor, ingressar na cidade para assumir o seu reinado. Jesus entra e o modo como entra é emblemático. Entra sobre um jumentinho, que é objeto de atenção em boa parte do início do texto. Diz Jesus aos discípulos: “Ide até o povoado ali na frente, e logo encontrareis uma jumenta amarrada e, com ela, um jumentinho. Desamarrai-os e trazei-os a mim!” (v. 2) E se alguém vos disser alguma coisa, direis: “O Senhor precisa deles, mas logo os mandará de volta”. (v. 3) O evangelista justifica que isso acontece para se cumprir profecias de Zacarias (Zc 9,9) e de Isaías (Is 62,11): “Dizei à Filha de Sião: Eis que o teu rei vem a ti, manso e montado num jumento, num jumentinho, num potro de jumenta”. (v.5) Por fim, mais uma referência aos dois animais: Trouxeram a jumenta e o jumentinho e puseram seus mantos em cima, e Jesus montou. (v. 7) Diante de tamanha insistência sobre a jumenta e sua cria, prepara-se pela via da novidade, a apresentação de um ingresso real, da entrada de um rei na cidade. É nessa condição que o povo reconhece Jesus e o aclama: Hosana ao filho de Davi! (v. 9a)
O rei de Israel entra em Jerusalém. Jesus entra no mundo, entra na história da humanidade e na nossa história. – Eis que entra o teu rei! O teu rei vem de modo único e particular (também hoje)! Depois, são tantos os ramos... e o peso, sobre o jumentinho, daquele que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1,29). Tantas roupas e folhas ao chão, o jumentinho as pisa, e sobre ele aquele cujo jugo é suave e o fardo é leve! (cf. Mt 11,30). Eis um rei que traz consigo um novo modo de enfrentar os exércitos inimigos, uma nova maneira de partir para a guerra, para o combate: sobre um jumentinho! O que isso indica? O que tem de peculiar? A Palavra de Deus se cumpre, manifesta na fragilidade e na despretensão o seu poder. Em vez da violência que vem do ódio, o perdão e, se necessário, morrer, mas não ferir. Cumpre-se a palavra da profecia e a multidão se sensibiliza com essa presença de Jesus, Rei pacífico. Todos o acolhem extraordinariamente, o aclamam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus! (v. 9) Um detalhe curioso sobre o comportamento dos discípulos: Jesus os orientou sobre o modo como deviam preparar tudo, e eles cumpriram perfeitamente o que o Mestre lhes havia indicado (cf. v. 6). Até aqui tudo bem, normalmente cumprem as indicações do Mestre; mas o fazem dessa vez sem qualquer pergunta ou discussão paralela... Meditatio Que capacidade rara, a dos discípulos, de realizar o que Jesus lhes havia ordenado, sem qualquer observação, sem uma interferência ou ruído! Eles não discutem, Pedro não toma a palavra para questionar, ninguém resiste ou faz comentários. Há um tempo para tudo debaixo do sol! Assim diz o Eclesiastes: Tempo para calar e tempo para falar (Ecl 3,7b) Antes, os discípulos ouviam e falavam, mas agora ouvem e cumprem o que Jesus diz. Esse modo de viver vai se tornar cada vez mais uma realidade na vida deles. Não se trata de um silêncio imposto, de uma decisão de nunca falar, mas se trata da ciência de que a Palavra se cumpre, a Palavra com o ‘P’ maiúsculo: a Palavra de Deus. Os desígnios divinos se realizam em favor da humanidade. – A Palavra se cumpre em seu favor, querido jovem, querida jovem, hoje! E também amanhã assim o será! A convivência com a Palavra de Deus povoa a memória e traz um afeto único ao coração: a certeza de uma presença divina que abraça, preenche, perdoa, restaura e conduz... Os primeiros discípulos, e também nós, discípulos de Jesus nesse tempo, ouvimos a Palavra: - no dia 08 de março, Primeiro domingo da Quaresma: A terceira tentação se dá sobre uma montanha muito alta. ‘Alturas’ que causam vertigens: poder e riqueza. Jesus é colocado diante do poder mundano: o diabo... mostrou-lhe todos os reinos do mundo e sua riqueza, e lhe disse: “Eu te darei tudo isso, se caíres de joelhos para me adorar”. (Mt 4,8.9)
Jesus vence o tentador! - no dia 15 de março, Segundo domingo da Quaresma:
Moisés e Elias aparecem... conversando com Jesus (Mt 17,3b) E Pedro se põe a falar sobre o projeto de construção das três tendas... Enquanto fala, aproxima-se a nuvem, da qual vem uma voz: “Este é o meu filho amado, nele está meu pleno agrado: escutai-o!” (Mt 17,5b) Essa manifestação de Deus em Jesus não amedronta, não assusta, não espanta, não fecha nem aprisiona. Ao contrário, liberta do medo de Deus! Traz luz e confiança. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: ‘Levantai-vos, não tenhais medo (Mt 17,7) - aos 22 de março, Terceiro domingo da Quaresma: (Após o diálogo com a Samaritana, chegam os discípulos...) Agora a questão não é de água, mas de alimento. E Jesus passa dos pães que os discípulos foram comprar a outro alimento: Eu tenho um alimento para comer, que vós não conheceis. O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra. (Jo 4,32.34) E, “subindo outro degrau” no diálogo, Jesus chega à colheita e envio dos discípulos. Eles são enviados aos campos já dourados, a colher... onde outros se cansaram... (cf. Jo 4,38). - ouvimos no dia 29 de março, Quarto domingo da Quaresma: (diante da pergunta dos vizinhos...) O cego que Jesus havia curado respondeu: O homem chamado Jesus fez barro, aplicou nos meus olhos e disse-me: ‘Vai a Siloé e lava-te’. Eu fui, laveime e comecei a ver. (Jo 9,11) Depois, ao ser encontrado por Jesus, é convidado a ver ainda mais longe, é chamado à visão da fé no enviado de Deus. Jesus lhe pergunta: ‘Tu crês no Filho do Homem?’ Ele respondeu: ‘Quem é, Senhor, para que eu creia nele?’ Jesus disse: ‘Tu o estás vendo; é aquele que está falando contigo’. Ele exclamou: ‘Eu creio, Senhor!’ E ajoelhou-se diante de Jesus. (Jo 9,35b-38) - aos 05 de abril, Quinto domingo da Quaresma: Ouvimos a palavra de Jo 11,5, em que se enfatiza o valor do relacionamento de Jesus e os três irmãos: Jesus tinha muito amor a Marta, a sua irmã Maria e a Lázaro.
Nós também ouvimos a Palavra! Ela ecoou em nós, trouxe uma presença amiga, forte, propondo mudança de atitudes, chamando à conversão, à presença do vitorioso sobre o demônio, convocando à escuta do Filho amado, à acolhida da água que jorra para a vida eterna, à vida na Luz do mundo, ao encontro com o Amigo e a multidão de amigos... Agora resta-nos confiar que ele, Jesus, tem paz – vida plena – em seu coração e é capaz de vencer a grande batalha que o espera sem ceder à violência, sem ferir qualquer pessoa, nem mesmo quem o agride, ou insulta. Vamos, vamos todos, vamos preparar tudo! Vamos estender os ramos e aclamá-lo rei de nossas vidas, rei da história!
O restaurador da paz entra no meio de nós. Ele é capaz de perdoar nossos pecados, ele tem poder para nos converter a ponto de se cumprir em nós a Palavra de Deus-Amor, e de nos fazer seus colaboradores e mensageiros, construindo um mundo de irmãos e irmãs. Oratio Repetir suavemente e várias vezes a súplica: - Jesus, tende piedade de mim, porque sou pecador(a). Confissão genérica dos pecados: Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos e palavras, atos e omissões. Por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos anjos e santos, e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus, Nosso Senhor. (Confissão e absolvição individuais) Contemplatio (Diante de Jesus eucarístico, apresentemos e ofereçamos-lhe a amizade de nossos amigos e amigas. Que também recebamos a comunhão com os amigos que Jesus compartilhar conosco).
Actio 1. Realizar um ato simples e significativo de perdão em favor de quem o(a) ofendeu; 2. Quem não estiver preparado para realizar um ato que indique o perdão, faça uma prece pedindo a bênção de Deus para quem o(a) ofendeu.