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ARQUIDIOCESE DE GOIÂNIA Paróquia Universitária São João Evangelista 3º Domingo da Quaresma, Ano A – Sábado, 22 de março de 2014

Lectio Divina Jo 4,5-42 (Jesus na Samaria) A convivência com Jesus nos faz passar continuamente de uma compreensão a outra, de uma busca a outra, de uma certeza a uma nova certeza. A palavra ‘conversão’ exprime bem essa dinâmica. O incrível é que a proposta de Jesus tem como ponto de partida o que desejamos, procuramos, conhecemos, nos propomos... Ele se abaixa até nós! Depois Jesus nos atrai para o quanto ele deseja, procura, conhece, propondo-nos sua vida, sua alegria, sua Cruz, sua vitória, sua sede, sua fome... A conversão é uma escada que se sobe degrau por degrau, uma “escada santa”! A Palavra de Deus nos conduz ao próximo passo, à próxima ascensão possível. O evangelho que acabamos de ouvir apresenta três encontros: Jesus e a Samaritana, Jesus e os discípulos que voltam das compras, Jesus e os habitantes da cidade. O encontro pessoal com Jesus inaugura um tempo em sua companhia. E então, assumindo-nos, lá onde ele nos encontra, inicia a renovação de nossa inteira existência. Lectio Vamos aos três encontros do evangelho! 1º encontro: Jesus e a Samaritana O texto se inicia com uma cena impactante num lugar especial, junto a um poço. Duas personagens somente e um diálogo intenso. Jesus, com sede, pede e oferece água a uma mulher samaritana que sempre tem sede. Isso ocorre junto ao poço de Jacó, numa cidade chamada Sicar, na Samaria. Jesus está voltando da Judeia e se dirige à Galileia, passando pela Samaria. A viagem se prolonga, os discípulos vão comprar comida. Jesus, cansado da viagem, sentou-se junto à fonte. Era por volta do meio-dia. (v.6) Jesus se aproxima por sua própria fragilidade – não a fraqueza do pecado –, mas a debilidade da condição humana. Ele está cansado e com sede. Vai além de si e começa a conversar com uma mulher, samaritana, que chega para pegar água no poço, e lhe diz: Dá-me de beber! (v.7)

Jesus passa da condição de sedento à de fonte:


Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: ‘Dá-me de beber’, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva (v. 10) Todo o que beber desta água, terá sede de novo; mas quem beber da água que eu darei, nunca mais terá sede, porque a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna (v.14) A mulher, encontrada em sua sede, responde e inicia seu caminho de conversão: Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água (v.15) Outra sede, e o encontro se aprofunda: Jesus se aproxima do drama existencial da mulher e do povo samaritano. O marido que ela diz ter, não o tem; o conhecimento e a comunhão dos samaritanos com Deus devem ser restabelecidos! Mas vem a hora, e é agora, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Estes são os adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito, e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade. (vv. 23.24) Mais um encontro: do conhecimento da promessa da vinda do Messias ao encontro com ele: Jesus lhe disse: ‘Sou eu, que falo contigo’. (v. 26) Nossas sedes nos revelam o lugar da manifestação de Jesus – Palavra de Deus que se aproxima e aceita dialogar conosco sobre essas nossas buscas. Quando somos atraídos pela proposta de Jesus-Palavra-deDeus-conosco, abre-se uma proposta que nos encanta e desafia. Daí em diante, aquela busca primeira se torna relativa, a ponto de, por vezes, nos distrairmos e a relativizarmos. A mulher samaritana, por exemplo, se esquece da bilha lá no poço. Já não tem mais sede?! Deixou a bilha e foi em missão à cidade, dizendo às pessoas: ‘Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz’. Não será ele o Cristo? (v. 29) 2º encontro: Jesus e os discípulos Agora a questão não é de água, mas de alimento. E Jesus passa dos pães que os discípulos foram comprar a outro alimento: Eu tenho um alimento para comer, que vós não conheceis (v. 32) O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e levar a termo a sua obra. (v. 34) E, do alimento, subindo outro ‘degrau’, chega à colheita e envio dos discípulos. Eles são enviados aos campos já dourados, a colher... onde outros se cansaram... (cf. v.38). Jesus convida os discípulos à saciedade com a visão dos campos prontos para a colheita, os envia à missão, que supera os limites das aparências e das convenções socioculturais. 3º encontro: Jesus e os habitantes da cidade Os habitantes da cidade também sobem seus degraus. Aceitam o anúncio da mulher, rompem com a rotina, o cotidiano, a indiferença, e vão a Jesus. Depois, encontrados por Jesus que aceita ficar com eles por dois dias, são chamados à fé e aderem:


Pois nós mesmos ouvimos e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo (v.42) Meditatio O encontro de Jesus com uma mulher me remete à narração do Gênesis, onde se narra o encontro entre o primeiro homem e a primeira mulher (cf. Gn 2,18-24). Desde então a humanidade, querida por Deus em seu duplo gênero, homem e mulher, é palco do drama de encontros e desencontros. Logo cedo, em muitos casos já na adolescência, homem e mulher passam da sede dos bens à sede do encontro entre si. Não são somente dois que desejam, mas dois que se desejam. Assim se abre o caminho para o encontro entre homem e mulher, entre jovens, moça e rapaz, dispostos a iniciar um diálogo de amor, de compromisso com a felicidade recíproca. Dois que se casam, por exemplo, falam da sede do encontro, da acolhida, da doação mútua. O matrimônio também fala da sede de Deus pela humanidade e da sede que a humanidade tem de Deus. Fato tão real que na vida cristã o matrimônio é sinal sacramental do encontro entre Deus e a humanidade, entre Cristo e sua Igreja. O Senhor vem ao encontro de todos nós e, se lhe abrimos o coração e lhe falamos dos nossos sonhos e anseios, mesmo de nossos projetos de estar com a pessoa certa, certamente nos abrirá o seu coração e nos falará também de sua sede. É aí que o Senhor nos fala, junto à nossa sede, à nossa espera. E aí nos diz: “Segue-me! Vem e vê!”. Ele diz a você e a mim: “Vinde a mim, vós que procurais”! Qual o fruto de um encontro de coração aberto com Cristo? ‒ Uma aliança de amor. Uma aliança que, da parte de Cristo, está marcada em suas mãos, em seus pés, em seu lado aberto. Uma aliança de amor inequívoco e fiel. Essa aliança-encontro o(a) fará viver por amor a ele e aos que ele ama: a Igreja, a comunidade, os pobres, os que são abandonados... O Crucificado-Ressuscitado tem sede de cada um de nós, num matrimôniocomunhão de vida que sacia e reorienta todas as outras buscas em nossas vidas. Em Cristo, temos tudo: os pais, os irmãos, os amigos, o(a) namorado(a), o encontro, a presença e a companhia, a posse e a entrega, o casamento, a união com Deus. Agora é só aceitar e colocar a aliança da fé e do amor no coração, no dedo da mão como um sinal... (Entrega das alianças) Oratio (Sl 41) R. A minh’alma tem sede de Deus. A minh’alma tem sede de Deus, / e deseja o Deus vivo. Quando terei a alegria de ver / a face de Deus? Peregrino e feliz caminhando / para a casa de Deus, Entre gritos, louvor e alegria / da multidão jubilosa. Enviai vossa luz, vossa verdade: / elas serão o meu guia; Que me levem ao vosso monte santo, / até a vossa morada!


Então irei aos altares do Senhor, / Deus da minha alegria. Vosso louvor cantarei, ao som da harpa, / meu Senhor e meu Deus!

Contemplatio (Acolhida, no silêncio do coração, daquela comunicação de Deus a você durante o encontro com a Palavra.)

Actio Propostas: 1. Apresentar com coragem suas sedes (busca, necessidade, anseio...) a Jesus, num momento de oração. Ouvi-lo, iniciando um diálogo que o(a) levará mais e mais ao encontro dele e do Seu projeto de vida; 2. Atender o(a) irmão(ã) que tem sede ou fome. Ir ao encontro de suas necessidades de modo bem concreto.


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