Jornal O SÃO PAULO

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Hanna Grabowska/Madrid JMJ 2011

EDIÇÃO ESPECIAL • 18 de setembro de 2011

“Ide e fazei discípulos entre todas as nações” (cf Mt 28,19)

Tema da JMJ Rio 2013

Primeiros passos da JMJ na Terra de Santa Cruz Pintura Primeira Missa 1861, de Victor Meirelles

Os jovens brasileiros recebem neste domingo, 18, a Cruz e o Ícone da Virgem Maria, símbolos da Jornada Mundial da Juventude, que em julho de 2013 acontecerá no Rio de Janeiro. Alguns traços do jovem brasileiro são mostrados nesta edição especial que registra o início da preparação para a jornada. A esperança simbolizada na cruz de Cristo impregna cada página. Confira e... Bote Fé! Da primeira missa celebrada no Brasil, aos dias atuais, a cruz é sempre convite ao seguimento de Jesus Cristo


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FÉ BOTE

18 de setembro de 2011

ESPECIAL

Hanna Grabowska/Madrid JMJ 2011

EDITORIAL

Ei, jovem! Bote fé! Ei, jovem! É muito bom ver você aí, vibrando, erguendo com sua turma esta imensa Cruz. Ela é o símbolo do amor, sabia? Sim, porque nela morreu um jovem como você, um jovem que, sendo Deus, se fez homem, igual a nós em tudo, menos no pecado. Ele veio ao mundo para que a minha, a sua, a nossa vida humana jamais se esvazie de sentido. Bote fé em Jesus, jovem! Jesus nos revelou os segredos de seu Pai, de nosso Pai que está nos céus. E veio para dizer que esse Pai, por amor, nos deu o Filho e que Pai e Filho derramam sobre nós seu Espírito de Amor. Acolher esse Deus no coração e Luciney Martins/O SÃO PAULO

na vida é estar perto da fonte do próprio amor. Jamais você terá sede de amor. Bote fé em Deus, jovem! Você, jovem, nós sabemos, tem mil sonhos, mil projetos, mil esperanças no coração. Aquele que morreu numa cruz como essa que você recebe neste domingo, em São Paulo, quer estar a seu lado e ajudá-lo a concretizar esses sonhos, projetos e esperanças. Bote fé nisso, jovem! Você se incomoda com a injustiça, com a desigualdade, com o mar de angústia e sofrimento, que afoga tantos por esse mundo afora. Há os que buscam saída nas drogas, na violência, no culto ao prazer. A única saída, porém, jovem, é o Cristo que diz a você hoje e sempre: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. Bote fé nisso, jovem! Sabe, essa Cruz que chega ao Brasil deverá ser erguida por braços jovens como os seus, em cada canto do país. Ela quer convocar você e todos os jovens do Brasil e do mundo para uma festa de fé, amor e esperança que vai acontecer no Rio de Janeiro, em 2013. Bote fé, jovem, e caminhemos com a Cruz pelas estradas do Brasil. Junto à Cruz, jovem, vai a jovem Maria. Linda como toda mulher, jjovem como você. É a primeira p jovem j comprometida com Jesus. É a mãe dele e nossa. Bote fé como ela! Bote fé com ela! E vamos que vamos! Há um mundo a transformar a partir de você, jovem!

Semanário da Arquidiocese de São Paulo, mantido pela Fundação Metropolitana Paulista

Edição Especial BOTE FÉ 18 de setembro de 2011 Diretor Responsável e Editor:Antônio Aparecido Pereira • Chefe de redação: Elvira Freitas • Reportagem: Daniel Gomes, Fernando Geronazzo e Karla Maria • Fotografia: Luciney Martins • Administração e assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: Atlântica Gráfica e Editora Ltda. • Redação e

Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3826-0133 e 3826-3049 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www. osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: osaopaulo@uol. com.br (redação) • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinatura) • Número atrasado: R$ 1,50 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura.

ENCONTRO COM O PASTOR

Jovens, acolhamos a visita de Jesus e sua Mãe! CARDEAL DOM ODILO O SCHERER ARCEBISPO OPOLITANO SÃO PAULO

Jovens, vamos juntos dar as boas-vindas à Cruz missionária e ao Ícone de Nossa Senhora, da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). A partir de hoje, esses sinais, entregues pelo Beato João Paulo 2º aos jovens, vão percorrer todas as dioceses do Brasil e também as capitais dos países do Cone Sul da América, até chegar ao Rio de Janeiro, em julho de 2013. Alegremo-nos todos! Na Cruz peregrina, acolhamos o próprio Jesus que vem ao nosso encontro e visita os jjovens e as comunidades do Brasil; no Ícone, acolhamos a visita cheia de graça de Nossa Senhora. Ela acompanha Jesus e não falta lá, onde os discípulos de Jesus estão

reunidos em seu nome! Bote Fé nesse encontro! A Igreja nos convida a acolher, na cruz, a visita de Jesus e do próprio Deus. Ele vem nos procurar. Como andava ao encontro das pessoas na Galiléia, Samaria e Judéia, assim Jesus agora vem ao nosso encontro. Milhões de jovens, no mundo inteiro, já acolheram o Cristo, através de sua cruz! Agora chegou a vez dos jovens brasileiros! Bote Fé em Jesus Cristo, Filho de Deus Salvador! A preparação da JMJ Rio-2013 é uma ocasião singular para renovar nossa fé cristã, para aprofundar as razões da nossa fé e o porquê somos cristãos! Somos discípulos missionários de Jesus Cristo, comprometidos com ele; com São Paulo, podemos dizer: “nós nos gloriamos na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo!”. Nele está a nossa salvação, vida e ressurreição! Bote Fé na Jornada Mundial da Juventude de 2013 no Rio de Janeiro! Desde o seu

anúncio, pelo papa Bento 16, em Madrid, ela está sendo uma bênção para a Igreja no Brasil! A passagem da Cruz pelas muitas cidades da Terra de Santa Cruz será ocasião para uma verdadeira missão popular, que terá o próprio Jesus como missionário! Bote Fé na juventude! A Igreja quer bem a vocês! O papa confia em vocês! E vocês estarão no centro da cena nesses próximos dois anos em todo o Brasil. Jesus quer bem a vocês e vem ao seu encontro! Vamos acolhê-lo com alegria e muita fé! O mundo inteiro estará com o olhar voltado para os jovens do Brasil! Bote Fé na Igreja e sua missão! O lema da JMJ Rio2013 – “Ide, pois, fazer discípulos meus todos os povos!” – escolhido pelo papa Bento 16, indica a missão de todos nós, também dos jovens! Não estaremos sozinhos: Jesus nos acompanha todos os dias, até o fim dos tempos! E sua Mãe, Nossa Senhora da Visitação, nos conforta e abençoa!


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BOTE

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Surpreso com este jornal, não é? E aí, amigo? Surpreso? “O SÃO PAULO”! Pois é, para você que nunca viu este jornal, ele é um jornal católico. E quer informar a você o que acontece na vida interna da Igreja e do relacionamento da Igreja com a sociedade, e do que acontece que merece atenção na cidade, no Brasil, no mundo. A gente quer também dialogar com você sobre Jesus Cristo e sua proposta para a vida das pessoas, da família, da sociedade, do mundo. Você está convidado a ser nosso leitor. Que tal? E você aí? Surpreso também, não é? Pois é, nós queremos dar um jeito novo, uma cara nova para o jornal O SÃO PAULO que você já conhece há muito tempo. Está na hora de a gente que é católico ter orgulho do nosso jornal, não é mesmo? Por isso, como você vê, queremos que ele fique desse tamanho. Facilita de a gente ler no metrô, no ônibus, na Igreja, enquanto a missa não começa, no sofá da nossa casa. A gente pode levá-lo na bolsa, junto com nossos livros de escola. Mostrar aos outros o que achou de interessante. Que tal?

É claro que essa mudança vai levar um pouco de tempo. Esta edição é apenas uma amostra do que queremos que seja o jornal. Até a mudança definitiva pode levar alguns meses. Enquanto isso, dá tempo para você dar sua opinião sobre como gostaria que fosse o jornal da sua Igreja Católica. Você vai ajudar a gente, não vai? Acesse osaopaulo@uol.com. br e fale conosco. Pode também discar (11) 3826-3049. E pode twittar também @jornalosaopaulo. Ajude a gente, tá? Enquanto isso, curta esse jornal feito especialmente para esta festa que nos convida a botar fé no Cristo e na caminhada que vai nos levar a um encontro com jovens de todo o mundo, no Rio de Janeiro. Encontro com o Cristo. Encontro com o papa. Encontro entre nós. Ah! Quero ver você e seus amigos abraçando a Cruz do Cristo e acolhendo o Ícone de Maria. Eles vão percorrer o Brasil inteiro para chamar todo mundo para a Jornada Mundial da Juventude, em julho de 2013. Falou com você, padre Cido Pereira, diretor do jornal.

Assine O SÃO PAULO LIGUE (11) 3666-9660

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FÉ BOTE

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ESPECIAL

JOVEM &

FAMÍLIA

‘Todos são chamados a serem sujeitos da mudança’ Obra Social Dom Bosco

Educação sexual deve estar vinculada aos valores morais e familiares ELVIRA FREITAS

Sexualidade responsável deve ser parte do projeto de vida

Qualquer ação educativa em sexualidade precisa desenvolver, desde a mais tenra idade, a condição de amorosidade pela pessoa humana, independentemente das instituições normativas, tais como o namoro ou o casamento. O Projeto Amores – uma parceria entre o curso de pós-graduação em educação sexual do Centro Universitário Salesiano (Unisal – Campus Pio XI) e o Centro Profissionalizante Dom Bosco, obra social salesiana do Alto da Lapa – tem

proposta que une educação sexual, valores morais e familiares. Ele envolve jovens de forma voluntária em oficinas sobre sexualidade e quer ser uma contribuição efetiva no processo de educação afetivo-sexual. A cada ano, cerca de 70 jovens participam dos encontros mensais discutindo corpo reprodutivo, corpo erótico, prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), relacionamento afetivo e projeto de vida. “Durante os últimos seis anos, tanto eu quanto o padre Ronaldo Zacharias [salesiano, doutor em Teologia Moral pela “Weston Jesuit School of Theology”, em Cambridge, EUA], que junto comigo coordena o curso de pós-graduação, temos visto com grata satisfação a eficácia de uma proposta educativa que procura ajudar o jovem a integrar a sua sexualidade no próprio projeto de vida. Tudo isso porque acreditamos nos

jovens! Tudo isso porque acreditamos no amor!”, aponta a terapeuta sexual e educadora Ana Cristina Canosa. É nesse cenário que a Igreja, como instituição, aparece como instrumento de auxílio importantíssimo para a família e, principalmente, para os jovens, pois tem a capacidade de mobilizar forças para essa ação. Mas é preciso que ela encontre uma linguagem cada vez mais atual para dialogar com a sociedade, com juventude e as famílias. “Nossas famílias precisam de auxílio para serem canal para os jovens. Nessa conjuntura, todos são vítimas, mas também chamados a serem sujeitos de uma mudança. Bote fé em Jesus Cristo; bote fé em você que é chamado a viver em comunidade, em família, na família de Deus”, propõe padre Estevão Ferreira, coordenador da Pastoral Familiar da Região Santana.


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ESPECIAL

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E a responsabilidade pela educação dos filhos, de quem é? Luciney Martins/O SÃO PAULO

Arquivo pessoal

Em famílias estruturadas, orientação a jovens leva à valorização da vida ELVIRA FREITAS

Fabrícia dos Santos Koch tinha 15 anos quando ficou grávida, e ainda cursava o ensino médio. O pai da criança também tinha 15 anos. Quando Henrique nasceu, Fabrícia teve de trancar a matrícula para cuidar do bebê, com a ajuda de sua mãe. A vida da família ficou de pernas para o ar. Hoje, Henrique tem 10 anos e Fabrícia ainda tenta organizar sua vida, trabalhando e fazendo faculdade. Foi a tal produção independe tão em moda nos dias de hoje? “Não, aconteceu por um descuido, falta de planejamento mesmo”, conta a estudante, para quem, apesar dos transtornos de uma gravidez na adolescência, o filho é muito querido e seu nascimento só foi possível graças ao apoio da família. O Brasil está cheio de histórias como a de Fabrícia, só que com final não tão feliz. Nem toda relação familiar é boa ou apoia os filhos grávidos e, pior, nem sempre os bebês nascem, já que muitas adolescentes acabam p praticando o aborto. É o caso de Marina Álvares. Ela tinha 13 anos quando ficou grávida e acabou provocando grande rebuliço na família, de classe média e moradora em bairro nobre da capital. A mãe era favorável ao aborto, “para não manchar a reputação da família”. O pai era contra, mas acabou convencido

Lilian Menezes, juíza Luciney Martins/O SÃO PAULO

A Família cristã deve opor-se ao aborto sempre

pela mulher e o aborto foi realizado. Quando saiu da clínica, Marina pulou do quinto andar do apartamento e teve morte instantânea. Aqui o nome é fictício, mas o fato é real e aconteceu em 2009. Já se tornou lugar comum falar que o adolescente vêm exercendo sua sexualidade cada vez mais cedo. Constatação importante, nesse sentido, é feita pela juíza Lilian Menezes, da Vara da Infância e Juventude do Fó-

rum Regional Pinheiros (SP): a família não sabe lidar com essa situação. Coincidência ou não, aconteceu, em Belo Horizonte (MG), no final de agosto, o 13º Congresso Nacional da Pastoral Familiar, tendo como tema: “Família, Pessoa e Sociedade”. O congresso refletiu a missão que a família é chamada a cumprir na sociedade do século 21, resgatando, através das relações interpessoais, o sentido de pertença e participação,

Padre Estevão Ferreira

por amor, e o auxílio na restauração da dignidade de toda criação, a partir da dignidade da pessoa humana. Para o coordenador da Pastoral Familiar da Região Santana, padre Estevão Ferreira, a família tem papel educador e formador e não pode abrir mão dessa missão. “Deve ser espelho da grande família que Deus quer formar conosco.” De fato, nos últimos 20 anos, como resultado de várias pressões de

novos modelos de sociedade, cada vez mais liberal, houve uma transferência da missão fundamental da família para a sociedade através das suas instituições. Os pais, cada vez mais sem tempo para os filhos, esperam que a escola prepare seus filhos para o convívio no mundo. Esse fato não quer dizer que a família tenha errado, mas que ela é a mais atingida por mudanças que alteraram o referencial para sua organização. A terapeuta sexual e educadora Ana Cristina Canosa compartilha com a opinião de padre Estevão. De acordo com ela, os temas relativos à autoestima, papéis sexuais, enamoramento, parceria conjugal são pouco discutidos entre os jovens e seus familiares e as instituições de ensino, são despreparadas para orientar uma reflexão que envolva as expressões do afeto e os projetos de vida. “Quando pensamos em comportamento sexual adolescente não é possível esquecer que grande parte da ‘crise do jovem’ é decorrente da crise do adulto. Se desejamos que eles se comprometam com a própria saúde e a do outro, bem como com o seu estado emocional, seria necessário que família e sociedade demonstrassem apreço e felicidade pelos compromissos que assumem vida afora. Mas, infelizmente, o descaso com que nós adultos tratamos nossos acordos não serve como modelo para que haja inspiração amorosa”, critica.

Idade da Iniciação Sexual Homens: entre 15 e 16 anos Mulheres: entre 14 e 15 anos 560 mil partos de adolescentes/ano Fonte: BEMFAM/IBGE


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JOVEM &

EDUCAÇÃO E TRABALHO

Dilema: seguir a vocação ou as tendências do mercado? Sempre é tempo de rever escolhas profissionais, dizem analistas DANIEL GOMES

A trajetória estudantil e profissional de Priscila Chaves, 28 anos, pode ser considerada um sucesso. Aluna de escola pública, Priscila formou-se em economia em uma universidade particular, especializou-se em finanças e hoje trabalha como analista financeira em uma multinacional. Para alcançar a condição atual, superou algumas barreiras, como a defasagem educacional. “Fiz cursinho pré-vestibular. Ajudou muito; o que eu não aprendi na escola, acabei aprendendo no cursinho. Sem outro tipo de preparação para o vestibular, eu não teria chance, a verdade é essa”. Durante a faculdade, participou de atividades de exten-

são universitária e fez estágio. Depois de graduada, novas dificuldades. “Exigiam experiência de quatro, cinco anos de mercado e outro problema foi não falar inglês”. Ela não se acomodou e, com a ajuda da família, investiu no aprendizado de idiomas. Deu certo: na seleção para o emprego atual, dialogou em inglês e espanhol com o examinador, e nas comunicações rotineiras do trabalho vale-se dos idiomas. A julgar pelas avaliações de Eduardo de Oliveira, diretor de operações do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE), Priscila acertou nas escolhas. “Aconselhamos

que o jovem se qualifique porque p q as oportunidades p virão. É importante que faça outras línguas, estude informática, conhecimentos gerais, que fique informado, se comunique bem e pratique a redação”. Tal qual Priscila, Aline de Araújo Bezerra, 17 anos, moradora de Heliópolis, na periferia da zona sul de São Paulo, não se acomoda. Estudante do ensino médio em colégio particular, também é aluna de administração em uma escola técnica estadual e pretende continuar a formação em nível superior. “Por enquanto, minha prio-

ridade é o estudo”, conta, já projetando o futuro. “Acho que após a universidade será bem mais fácil encontrar um emprego”, avalia. “Tenha consciência na hora de escolher uma profissão”, aconselha Priscila aos mais jovens. E complementa: “faça uma coisa que dê dinheiro primeiro, depois faça aquilo que quiser. A vida é longa demais e você pode realizar outros projetos paralelos”. Gilberto Alvarez Giusepone Junior, diretor do Cursinho da Poli, tem opinião diferente. “O mundo de hoje permite que uma

pessoa que termine o curso superior tenha uma gama de opções muito maior do que sua própria formação. Por isso, reforço a sugestão de que o primeiro curso deve ser sempre aquele de que o aluno gosta, e não o que ele acha que ‘dá dinheiro’”. Eduardo de Oliveira também avalia que o estudante deve graduar-se naquilo que gosta. “Em primeiro lugar, o sonho profissional. Faça o que gosta, porque não adianta olhar para aquilo que está em alta no mercado se você não tem vocação. É importante que você se identifique com aquilo que vai escolher”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Arquivo pessoal

Aline Bezerra, 17 anos Arquivo pessoal

Dicas do CIEE para estagiários Domine técnicas de comunicação; Esteja atualizado em conhecimentos gerais, informática e outros idiomas; Relacione-se bem com os colegas de empresa; Saiba trabalhar em equipe; Seja criativo e pró-ativo (provedor de soluções); Encare o estágio como uma real oportunidade de ingresso no mercado; Mostre suas habilidades: o mercado procura jovens talentosos e capacitados. O CIEE oferece cursos gratuitos para estudantes. Saiba como participar e veja mais dicas em www.ciee.org.br Para especialistas, o melhor é seguir a vocação profissional e não as tendências do mercado

Priscila Chaves, 28 anos


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Expansão da rede de ensino superior divide opiniões Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Especialistas em educação divergem da proposta do governo federal Haddad, ministro da Educação

DANIEL GOMES

“Acho que dá pra passar. Talvez eu precise fazer um cursinho, mas tenho vontade de estudar lá”. Danilo Aparecido Nascimento da Silva, 21 anos. ainda não terminou o ensino médio, mas já sonha com a possibilidade de cursar educação física no campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a ser construído até 2014, na zona leste de São Paulo. O novo campus é parte do plano de expansão da rede federal de ensino superior, promovido pelo governo federal, que prevê, até 2014, a criação de quatro novas unidades federais, 47 campi universitários e 208 unidades de institutos federais de educação profissional e tecnológica no país. “Queremos criar cursos que dialoguem com a necessidade da população local”, disse o ministro da Educação, Fernando Haddad, em 20 de agosto, quando do anúnciou a instalação do campus do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), na zona noroeste da cidade de São Paulo, que oferecerá cursos técnicos e superiores em engenharia e tecnologia. A iniciativa encontra apoio e contestações. ç “É preciso que a escola no ensino médio também ensine uma profissão. Por isso, o Cursinho da Poli encabeçou recentemente o

Padre Roberto, da ANEC

Danilo da Silva, em ação na Dom Bosco; jovem quer cursar universidade de educação física

Professor Gilberto, da Poli

movimento para criação do IFSP na região noroeste”, explica Gilberto Alvarez Giusepone Junior, diretor do cursinho pré-vestibular. Gilberto também enaltece o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), projeto de lei, já aprovado na Câmara dos Deputados, que visa ampliar a oferta de vagas na educação profissional brasileira. “Isso só vem a contribuir para

faculdade de educação física posso ser professor, aí vão melhorar as coisas pra mim”, diz o jovem, que já possui qualificações profissionalizantes em marcenaria, construção civil, sorveteria e informática básica, oferecidas pela Obra Social Dom Bosco, mantida pelos salesianos em Itaquera, onde Danilo é mestre de bateria da escola de samba mantida pela instituição.

formar mais universitários e técnicos das mais diversas especializações”. Opinião diferente sobre a expansão da rede federal de ensino superior tem o padre Roberto Duarte Rosalino, coordenador, em São Paulo, da Associação Nacional de Educação ç Católica do Brasil (Anec). “Às vezes são vitrines, em que se constroi um belo prédio, mas falta professor, infraestrutura. Se

a educação não for tratada na base, não adianta pegar quem já está educado e tentar melhorar um pouco as condições”, analisa. Danilo ainda não sabe se conseguirá ingressar na Unifesp, tampouco se a universidade oferecerá graduação em educação física, mas se mostra empolgado com o futuro. “Pra chegar ao diploma as barreiras serão difíceis, mas fazendo uma


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EDUCAÇÃO E TRABALHO

Cibele e Larissa: obstáculos diferentes para um sonho comum Fotos: Arquivo pessoal

Ensino básico de qualidade pode fazer a diferença no ingresso à universidade DANIEL GOMES

As universitárias Cibele Lima, 23 anos, e Larissa Fazzi, 18, serão profissionais da área da saúde. Cibele está no terceiro ano de enfermagem em uma faculdade particular e Larissa também paga pelos estudos de medicina na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, onde ingressou neste ano, após ser aprovada no vestibular da Fuvest, um dos mais concorridos do país. Larissa sempre contou com o apoio dos pais nos estudos: o ensino fundamental e médio, concluiu em colégio particular, e também fez cursos de idiomas e dois anos de cursinho pré-vestibular. “Os estudos fizeram a diferença na hora de conseguir passar em um bom vestibular e na faculdade da Santa Casa”, avalia. A trajetória de Cibele foi diferente. No ano seguinte à conclusão do ensino médio, em escola pública, começou

a faculdade de enfermagem, mas dois anos depois teve que interromper o curso. Passado um ano e meio, matriculou-se na mesma graduação em outra faculdade, que atualmente paga exclusivamente com o salário que recebe como assistente de database. “Analisando não só meu caso, mas de outros alunos da minha sala que também trabalham o dia inteiro, já chegamos esgotados para a aula, o raciocínio é diferente, o cansaço atrapalha”, comenta Cibele. Animada com os estudos, Larissa já começou a realizar iniciação científica e outras atividades complementares do curso, feito em período integral, e está otimista com o futuro profissional. “O mercado de medicina tem bastante área de atuação, mas algumas são muito concorridas. Minhas expectativas são boas e tenho muita perspectiva de crescimento”, prevê a futura médica. Já Cibele não projeta para si um cenário promissor após o término da faculdade. “Não possuo tantas expectativas tão rápido. O mercado exige experiência, e pessoas que como eu, trabalham fora da área escolhida em tempo integral para conseguir pagar a faculdade e suprir as necessidades, não possuem tempo disponível para, por exemplo, fazer estágios”, lamenta.

Formadas em realidades distintas, Cibele e Larissa serão profissionais da área da saúde em breve

Na opinião do professor Paulo César Pedrini, coordenador arquidiocesano da Pastoral Operária, casos como o das duas universitárias ilustram o impacto das desigualdades educacionais na formação profissional. “Nun-

ca haverá igualdade de oportunidades entre alguns que puderam somente estudar nas melhores escolas particulares e depois nas melhores universidades públicas, sem precisar trabalhar, o que o farão quando estiverem forma-

dos profissionalmente; com outros que não terão acesso à cultura, que estudarão na rede pública, que terão que trabalhar para ajudar no sustento da casa. Que igualdade de oportunidades é possível assim?”, polemiza.

Programa de formação profissional para jovens em SP Fonte: Secretaria Estadual do Emprego e Relações do Trabalho

Jovem Cidadão

Aprendiz Paulista

Time do Emprego

Foco: estudantes do 2° ano do ensino médio da rede pública da grande São Paulo, Santos e Piracicaba, com idade entre 16 e 21 anos.

Foco: vivência no mundo do trabalho para matriculados, de 14 a 24 anos, em cursos técnico-profissionalizantes no Centro de Educação Tecnológica Paula Souza. O aprendiz não é um estagiário e possui um contrato especial, em regime CLT, por tempo determinado. Saiba mais em www.empregasaopaulo.sp.gov.br

Foco: orientar e preparar trabalhadores desempregados e jovens entre 16 a 21 anos para a busca de um emprego compatível com seus interesses, habilidades e qualificação profissional.

Saiba mais em www.meuprimeirotrabalho.sp.gov.br

Saiba mais em www.timedoemprego.sp.gov.br


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Atualização permanente é a chave para manter-se no mercado Luciney Martins/O SÃO PAULO

Dicas do Ceat para o 1º emprego e recolocação profissional:

Empresas valorizam jovens profissionais atualizados e pró-ativos DANIEL GOMES

Arrumar o primeiro emprego, para os que não têm formação superior, ou conseguir recolocação no mercado de trabalho, para os já formados, nem sempre é uma tarefa fácil, seja pela oferta de oportunidades ou mesmo pelo desconhecimento de alguns comportamentos decisivos na hora do processo seletivo. Com 30 anos completados em abril, André Augusto da Silva, formado em jornalismo em uma universidade pública, foi recentemente dispensado do jornal que trabalhava e agora está a procura de uma nova oportunidade.

Atualizados têm maior chance de sucesso; na entrevista, detalhes fazem a diferença

“Arrumar vaga, dependendo da área, é complicado. Depende da demanda. Algumas profissões têm mão de obra excedente de profissionais, o que torna mais difícil a busca”, avalia o jornalista, que conseguiu o último emprego por indicação de um amigo de faculdade. Para padre Lício de Araú-

jo Vale, vice-presidente do Centro de Atendimento ao Trabalhador (Ceat), jovens já formados, como André, devem apostar na atualizaçção para p permanecerem p em evidência no mercado. “É fundamental que o profissional se mantenha atualizado, através de livros técnicos, pesquisas, cursos na área, mostrando interesse e dispo-

Pesquise informações sobre a empresa antes de ir ao processo seletivo; Atualize-se sobre assuntos gerais, através dos jornais, tevê, internet e revistas, para ser bem avaliado nos testes escritos; Esteja apresentável, com roupas limpas e discretas, e cabelo e unhas cortadas; Evite: piercing, tatuagem exposta, bermudas e decotes extravagantes; Esteja atento às informações fornecidas pelo entrevistador sobre a empresa e as condições da vaga oferecida, para não aceitar uma oportunidade incompatível; Seja objetivo no preenchimento da ficha de cadastro da empresa; Durante a entrevista, procure não olhar para o teto ‘pensando no que responder’; não gesticule muito e nem fique mudando de posição na cadeira a todo instante; Na entrevista individual: seja direto nas respostas, evite gírias e palavras de difícil entendimento, olhe nos olhos do entrevistador e controle os ‘ticos nervosos’.

nibilidade, visto que gosta e é competente no que faz”, opina. Já para os que ainda não são formados em nível superior, padre Lício aponta que o mercado tem aberto oportunidades em áreas operacionais como atendentes de balcão, farmácia ou lanchonete; vendedor de loja; operador de supermercado; repositor;

conferente; e auxiliar de carga e descarga. Para os que estão concluindo o ensino médio, as maiores ofertas de vagas são em telemarketing. “Esse mercado segue em crescente evolução. Porém, a exigência, na maioria das vezes, é que o jovem esteja cursando, no mínimo, o terceiro ano do 2º grau ou já o tenha concluído”, esclarece.

Professor opina sobre situação da rede estadual de ensino DANIEL GOMES

“O governo quer que nós, professores, mudemos o mundo com um giz, apagador e uma lousa”. O desabafo, de um professor da rede estadual de ensino, que pediu à reportagem de O SÃO PAULO sigilo de identidade, é acompanhado de críticas à política de progressão continuada (pela qual os alunos que não atingem o nível de conhecimento desejado ao invés de serem reprovados no final do ano letivo recebem acompanhamento contínuo complementar dos

professores) e à falta de estrutura das escolas. “Os estudantes não se sentem mais obrigados a estudar para poder passar de ano, sabem que passam mesmo sem saber nada”, critica. Os resultados da edição 2010 da prova Saresp (Sistema de avaliação de rendimento escolar no Estado de São Paulo), aplicada a alunos do ensino fundamental e médio, sustentam o argumento do professor: houve queda no desempenho dos concluintes do 9º ano do fundamental, bem como nos do 3º ano do médio.

O docente, que leciona em uma escola na zona noroeste da cidade, também falou à reportagem sobre a limitação de recursos pedagógicos. “Muitas atividades que temos que fazer e precisamos de material diferenciado, às vezes, precisamos contar com a colaboração dos alunos, não podemos exigir nada e sim contar com a boa vontade deles, pois também há muitos que não têm condição. Muitas vezes, tiramos cópias do próprio bolso, e essa infraestrutura precária nas escolas desestimula os alunos”, avalia. “Ul-

timamente, não é o aluno que tem que acompanhar o professor e sim o professor que tem que acompanhar o aluno”. Informada pela reportagem sobre os apontamentos do professor, a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Educação afirmou que, “não procede a informação de falta de recursos pedagógicos na escola”, onde só em 2011 foram distribuídos 30.340 Cadernos do Aluno na unidade. Da mesma forma, os livros didáticos disponibilizados pelo Ministério da

Educação, renovados a cada três anos, foram entregues em 2009 aos estudantes, e a escola possui uma reserva técnica dos itens. Quanto aos materiais de apoio, segundo a assessoria, o investimento na escola já chegou a 10 mil reais, e mensalmente é encaminhado cerca de mil reais para que adquira materiais de necessidade momentânea. Também através da assessoria de imprensa, a secretaria informou que já há estudos para o aperfeiçoamento da progressão continuada no ensino fundamental e médio.


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FÉ BOTE

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ESPECIAL

BOTE FÉ Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

SANT’ANA

CATEDRAL DA SÉ SÃO JUDAS

ARSENAL DA ESPERANÇA


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18 de setembro de 2011

ESPECIAL

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ITINERÁRIO DA CRUZ DA JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE E DO ÍCONE DE NOSSA SENHORA NA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Dia 18/9 (domingo) 21h: saída do Campo de Marte 22h: chegada à Catedral da Sé Dia 19/9 (segunda-feira) 8h às 19h: A Cruz e o Ícone de Nossa Senhora permanecerão na Catedral da Sé. Missas: às 9h, 12h, 15h e 18h. 19h: Saídas, em procissão, da praça da Sé até a Cracolândia, passando pela Favela do Moinho. Será rezado o terço, parando em cinco estações, onde serão contemplados os mistérios dolorosos. As meditações serão conduzidas por comunidades que trabalham com o povo da rua. 22h: Acolhida, com queima de fogos, da Cruz e do Ícone na Igreja Nossa Senhora da Boa Morte. Filme sobre a JMJ e sobre a Cruz no salão da igreja. 22h30: Missa de acolhida da Cruz. 0h30: Início da vigília com os Movimentos e Novas Comunidades.

BOA MORTE

IMACULADA CONCEIÇÃO

Dia 20/9 (terça-feira) 7h: A Cruz e o Ícone ficarão expostos para a veneração do povo. Estão sendo convidadas as escolas católicas a virem em peregrinação até a igreja durante toda a parte da manhã. 10h30: Missa presidida pelo padre Antonello. 12h: Benção da cidade com a Cruz da JMJ no marco zero, praça da Sé. 12h30: Apresentação musical na igreja da Boa Morte. 13h30: Despedida da Cruz e do Ícone, que partem em cortejo para o Santuário São Judas Tadeu (Jabaquara). 14h30: Chegada da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora, com queima de fogos, no Santuário São Judas Tadeu. 15h: Missa de acolhida da Cruz e do Ícone no Santuário São Judas. 17h: Missa com o Setor Imigrantes (Região Episcopal Ipiranga). 18h: Via-Sacra. 20h: Celebração Eucarística presidida pelo cardeal dom Odilo Scherer. 21h: Programa PHN, apresentado por Dunga, transmitido ao vivo pela TV Canção Nova. 22h: Vigília da Juventude durante toda a noite. Dia 21/09 (quarta-feira) 7h: Missa e saída da Cruz e do Ícone do Santuário São Judas. 8h30: Chegada da Cruz à Paróquia Imaculada Conceição (Ipiranga), com oração do ofício. 9h: Missa celebrada por dom Odilo Scherer. 10h30: Café. 10h45: Testemunhos da JMJ em Madri e apresentação da estrutura da JMJ. 11h30: Apresentação das homilias do papa na última JMJ 12h30: Almoço - Apresentação de atividades culturais. 13h30: Mesa redonda com teólogos: “A contextualização do jovem do Brasil”. 15h: Missa de Envio da Cruz, celebrado por dom Julio Endi Akamine (bispo auxiliar na Região Lapa).

16h: Envio da Cruz e saída para o Arsenal da Esperança. 17h: Chegada e acolhida da Cruz e do Ícone no Arsenal da Esperança, com a participação de Ernesto Olivero (Fundador do SERMIG). 18h: Início da leitura da Palavra de Deus. 20h: Saída do Arsenal e peregrinação pelas ruas do bairro com a Cruz e o Ícone. Em cada parada, haverá a leitura de um texto da Palavra de Deus por parte de uma escola, de uma universidade, de pessoas hospitalizadas, dos membros de uma paróquia. 23h: Retorno ao Arsenal e início da vigília noturna, com a presença de dom Edmar Peron (bispo auxiliar na Região Belém). Dia 22/9 (quinta-feira) 6h: Término da vigília no Arsenal com a celebração da missa presidida por dom Edmar e envio para a Paróquia de Sant’ana. 8h: Acolhida da Cruz e do Ícone na Paróquia de Sant’ana, pelos colégios e pela Pastoral da Juventude Regional, com cânticos, leituras, orações e reflexão. 9h30: Pastorais e grupos da paróquia rezam terço, leituras e reflexão. 10h30: Via Sacra, com os colégios. 12h: Celebração Eucarística. 14h: Vigília e adoração, com os colégios. 15h: Momento Mariano, com as crianças. 16h: Momento de Oração, com Arautos do Evangelho. 17h30: Celebração Eucarística, presidida por dom Joaquim Justino Carreira (bispo auxiliar na Região Santana), com a participação de padres e paróquias da região. 18h45: Terço, com grupos de Crisma de diversas paróquias. 19h30: Noite de Evangelização, com orações, músicas, dança, teatro (várias bandas e grupos de diversas paróquias). 22h30: Encerramento. Dia 23/09 (Sexta-feira): 7h: Missa e despedida da Cruz e do Ícone na Paróquia de Santana. Início da peregrinação pelas demais dioceses do Estado de São Paulo. Endereços das Paróquias e locais que receberão a Cruz e o Ícone Igreja Nossa Senhora da Boa Morte Rua do Carmo 202, Centro. Fone: 3101-6889. Santuário São Judas Tadeu Av. Jabaquara 2.682. Fone: 5072-9928. Paróquia Imaculada Conceição Av. Nazaré 993, Ipiranga. Fone: 2914-4066. Arsenal da Esperança Rua Dr. Almeida Lima 900, Brás. Fone: 2292-0977. Paróquia de Santana Rua Voluntários da Pátria 2.060, Santana. Fone: 2979-5558. Catedral da Sé Praça da Sé, s/nº Fone: 3107-6832


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JOVEM &

A POLÍTICA

Juventude quer nova Política Luciney Martins/O SÃO PAULO

Juventude aponta preocupação com cenário político brasileiro, milita em movimentos sociais e repudia corrupção que a afasta do sistema político partidário

PERFIL DO JOVEM ELEITOR BRASILEIRO EM 2011 Voto Facultativo 16 anos....................................................... 343.415 17 anos ...................................................1.307.455 PERFIL DO JOVEM ELEITOR BRASILEIRO EM 1992 16 anos ...................................................1.398.841 17 anos .................................................. 1.822.639 25 a 34 anos ..................................... 25.285.464 VOTO OBRIGATÓRIO 18 a 20 anos ........................................ 8.302.709 21 a 24 anos ..................................... 13.148.016 25 a 34 anos ..................................... 32.803.207 FILIAÇÃO PARTIDÁRIA NO BRASIL Toda população ............................. 13.880.058 Estado de São Paulo ....................... 2.761.408 Fonte: Tribunal Superior Eleitoral, de agosto de 2011

Cai número de jovens filiados a partidos; surgem alternativas à atuação política KARLA MARIA

“Tudo envolve política e sem dúvida ela é uma ferramenta de transformação”, afirmou Vanessa Ramos, 27 anos, militante e missionária do Conselho Indigenista Missionário, na Grande São

Paulo. Sua opinião diverge da de Gustavo da Silva, também 27 anos, operador de microfilmagem. “Não vejo a política como meio de transformar a sociedade, e acredito nisso por não aparecer nenhum político que traga alguma mudança ao país, e por ser também um assunto chato. Precisamos de caras novas e com credibilidade na política, pois ultimamente tudo parece um circo”, desabafou. Gustavo e Vanessa fazem parte dos 32.803.207 eleitores brasileiros, na faixa dos 27 a 35 anos. Ambos não são filiados a partidos políticos, uma tendência da juventude brasileira. Entre os jovens na

faixa etária em que o voto é facultativo (16 a 18 anos), dos 1.650.870 eleitores registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 3.555 jovens são filiados a partidos políticos, ou seja, cerca de 0,22%. O PP lidera em número de filiados, com 662 integrantes, em seguida vem o PT (632), o PMDB (545) e o PSDB (453). Para o cientista político da PUC-SP, Fernando Altemeyer Jr os jovens preferem participar ativamente da sociedade civil, mais que da organização partidária. “Pois ela [a organização partidária] está viciada pelo poder e por mecanismos de manutenção de privilégios. Muitos

partidos não têm ajudado a forjar a democracia de forma clara e transparente”, avaliou Altemeyer. Vanessa não ignora a dimensão partidária, mas questiona a atuação dos partidos, no atual momento histórico. “É difícil analisar com profundidade o papel dos partidos, ao realizar ações tímidas ou contrárias aos povos e às classes trabalhadoras”. Avaliando o cenário, Altemeyer aponta que “a velha e recorrente oligarquia, que muda de partido, mas não muda a prática corrupta e oportunista, afasta os jovens, que têm buscado alternativas para construir relações novas em favor de um outro mundo possível”.


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Cidadania alternativa em pauta Jovens não ignoram dimensão partidária, mas questionam atuação de políticos KARLA MARIA

Dados do Fórum Social Mundial (FSM) de 2009, realizado em Belém (PA), indicam que 64% dos 150 mil participantes tinham até 34 anos de idade, sendo

que 81% possuíam ensino que fortaleceram o avanço silândia, atuando vivamente superior completo ou em no meu processo de cons- em sua paróquia, acompanha curso. O evento que busca ciência”. A jovem articula a a política “de longe”, para e aponta políticas em defesa Assembleia Popular no Es- decidir seu voto consciende “um outro mundo possí- tado de São Paulo, “onde se temente. “Eu acompanho vel” sinaliza a vontade porque gosto de me Eu acompanho a porque gosto da juventude de atuar informar e saber o que acontece no mundo, na de modo alternativo ao de me informar e saber o economia. A informação sistema partidário. que acontece no mundo, na Esse tem sido o rumo é essencial nos dias de economia. A informação é de Gustavo e Vanessa. hoje, pra depois poderessencial nos dias de hoje,, Há 9 anos em movimos votar conscientemente”. mentos sociais, Vanessa pra depois podermos votar tar é bióloga, formada em Dois jovens, duas conscientemente escola pública e pelas formas de atuação, duas Comunidades Eclesiais de vive uma relação dialética e formas de cidadania. Uma Base de Heliópolis. Trabalha conjunta na caminhada de militante, outra menos; ambas em defesa dos povos indíge- luta junto às pastorais e mo- apartidárias. É a participação nas, adquirindo experiências vimentos sociais”, apontou política se redesenhando no no MST, Educafro e Unea- a jovem. Brasil. “A capacidade polifro. “Tive vivências junto ao Já Gustavo, que já percor- valente dos jovens em dizer MST e outros movimentos reu grupo de jovens na Bra- suas palavras, seus medos e

suas esperanças se exprime de formas variadas”disse Fernando Altemeyer Jr, cientista político. Munida das novas tecnologias, ideologias e de seus sonhos, a juventude brasileira aponta alternativas à política. Com nariz de palhaço e vassoura nas mãos, os jovens eleitores, entre 16 e 34 anos, manifestam-se nas ruas e nos computadores. “Há manifestações juvenis eclodindo em todos os níveis: pessoais, afetivos, coletivos, articuladas, individualizadas, virtuais, libertadoras e miméticas ou ainda até alienadas e fundamentalistas, a grande questão é se há intérpretes para compreender esta “música’”, conclui o cientista político.


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AS DROGAS

Juventude é vítima de mercado que movimenta 5 bilhões de dólares Luciney Martins/O SÃO PAULO

Brasil tem 870 mil usuários de cocaína; é o 2º maior mercado de drogas da América KARLA MARIA

Cocaína, crack, ecstasy, maconha, cigarro, álcool, anfetaminas, anabolizantes. Essas são algumas das drogas que hoje movimentam bilhões de dólares em todo o mundo. Só no Brasil, o tráfico de drogas movimenta cerca de 5 bilhões de dólares. Segundo Relatório Mundial sobre Drogas de 2008, o Brasil é o segundo maior mercado de drogas da América, com 870 mil usuários de cocaína, e seu consumo aumentou de 0,4% para 0,7% entre pessoas de 12 a 65 anos, no período entre 2001 e 2004, um aumento de 75%. Gustavo Machado Miranda, 31 anos, era um dos consumidores. Gremista, Gustavo é operador de produção em empresa automobilística na cidade de Gravataí (RS), iniciou o uso de drogas na adolescência, por volta dos 14 anos. “Tive uma discussão feia em casa com minha mãe por causa do meu padrasto. Como nasci e me criei numa das mais perigosas vilas de Porto Alegre (RS), na Vila Cruzeiro, acabei conhecendo muitos usuários e traficantes de drogas. Meu subterfúgio foi a droga...”, desabafou o jovem, há três anos “limpo”. “Sou um DQR [depen-

dente químico em recuperação] há 5 anos, fiz o curso da FEBRACT [Federação Brasileira de Comunidades Terapêuticas] e fui monitor de CT [Comunidade Terapêutica] por três anos. Tem sido uma tarefa difícil e diária, uma guerra comigo mesmo. Com muita oração e ajuda de amigos, dia após dia sigo, só por hoje batendo de frente com minhas dificuldades sem o uso de qualquer substância que mude o meu comportamento... estou limpo só por hoje, há três anos e algumas 24 horas”, afirmou Gustavo. Diariamente em São Paulo, jovens e adolescentes roubam para manter o vício e outros ainda para enganar a fome e o frio. Em resposta, a Prefeitura de São Paulo planeja adotar medida de internação compulsória, de usuários de drogas que vivem na cidade, projeto semelhante ao que já vem ocorrendo no Rio de Janeiro. O debate vem gerando polêmica e divide a opinião de especialistas, médicos, defensores de direitos humanos, advogados e lideranças de movimentos sociais. “Eu não acredito muito nessas manobras compulsórias, sou favorável à internação compulsória seletiva em casos extremos, com o psiquiatra do meu lado atestando que aquele menino precisa de uma internação compulsória”, disse Antonio Carlos Malheiros, desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. O desembargador Malheiros, que coordena a Vara da Infância e Juventude, afirma que se não tiver a avaliação de um profissional da saúde mental não autoriza a internação. “Não vou fazer como no Rio, lá puxaram

Excluídos das ruas de São Paulo buscam as drogas para suportar o frio e a fome

a rede com criança, com adolescente, com adulto, eu sou contra até porque nessa retirada em massa, nós não vamos ter onde abrigar”, disse o desembargador, que inicia, em breve, um posto de Justiça na Cracolândia, região central de São Paulo.

Gustavo também é contra a internação compulsória. “Estudei e estudo até hoje os aspectos da minha doença, por isso afirmo: não funciona! Fui usuário de crack e tive que passar por dois tratamentos, e neles recebi muito amor, carinho,

companheirismo, empatia e principalmente, muita oração”, afirmou o jovem que se recuperou em comunidade terapêutica a qual orienta o tratamento sobre o tripé: trabalho, oração e disciplina. (colaborou Daniel Gomes)


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A RELIGIÃO

Eles testemunham sua fé no meio do mundo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Igreja no Brasil vive um momento forte da espiritualidade juvenil FERNANDO GERONAZZO

A peregrinação da Cruz da JMJ no Brasil acontece em um momento intenso para a juventude católica no país. Nos últimos anos, são muitas as expressões eclesiais juvenis que surgiram. Essas muitas manifestações de fé da juventude na Igreja surgiram exatamente para corresponder ao anseio de jovens de diferentes realidades e contextos da sociedade. “Muitas vezes, os jovens não encontram espaço de respostas. Como envolver os jovens na caminhada da Igreja?”, indagou dom Tarcísio Scaramussa, bispo auxiliar

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Em sua vida cotidiana, jovens buscam viver fé, alimentada pela participação nas diferentes expressões juvenis da Igreja

de São Paulo e referencial do Setor Juventude Arquidiocesano (Sejusp). O tema religião está muito associado à busca de sentido na vida, questão muito presente justamente na ju-

ventude. “Estamos em um momento da vida de profundas escolhas sobre trabalho, estudo, namoro e, às vezes, em meio a todas essas preocupações, nos esquecemos de Deus”, destacou o jovem

Aristides Menezes Canuto, 20 anos. Ele, que é artista circense, destacou o desafio de testemunhar em meio a uma sociedade que muitas vezes considera a religião algo de pouca importância diante das muitas preocupações da vida. Diante desses desafios, cada vez mais os jovens se reúnem em grupos que incentivam a vivência da fé na vida cotidiana, no testemunho do dia-a-dia, associando os jovens por aqui que eles têm em comum. Assim são os inúmeros movimentos, pastorais, novas comunidades, associações e demais expressões que compõem o panorama atual da Juventude Católica no Brasil. De acordo com informações da Comissão Episcopal Pastoral para Juventude da Conferência Nacional dos bispos do Brasil (CNBB), atualmente existem 59 expressões juvenis, entre pastorais, movimentos, novas comunidades, congregações,

organismos e pastorais afins ligadas ao organismo, presentes nas mais diversas esferas da sociedade. Mas, nem sempre as pessoas compreendem o fato de pessoas em plena juventude priorizarem a religião em suas vidas. O bibliotecário Luiz Felipe Merenciano, 26 anos, membro dos movimentos Focolares e Universidades Renovadas, experimenta essa dificuldade todos os dias no trabalho e na universidade. “Dizem que religião é perda de tempo e que no fim das contas eu poderia estar fazendo muita coisa melhor”, relatou o jovem que procura, com o seu exemplo, mostrar “a importância que Deus tem na vida do homem”. “A religião é algo preponderante no meu dia a dia. O meu relacionamento com Deus é algo que prezo como primordial”, acrescentou Luiz, que afirmou que a Eucaristia, oração pessoal e devoção mariana estão presentes no seu cotidiano.


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AS NOVAS MÍDIAS

Interatividade é a marca do jo Conectada nas redes sociais, juventude católica mostra seu rosto FERNANDO GE

ções Sociais correspondem a uma realidade vivida intensamente pela juventude. Cada vez mais os jovens estão “conectados” às novas mídias ou redes sociais, como são chamadas as novas ferramentas de comunicação utilizadas pela sociedade. De acordo com o consultor e palestrante Sidnei Oliveira, autor do livro “Geração Y: O Nascimento de uma nova versão de líderes”, essa geração é formada por jovens completamente conectados, que possuem uma grande intimidade com as novas tecnologias de comunicação como internet, celulares, redes sociais etc. “Eles valorizam muito

possam usar todo seu potencial e que proporcionem retornos rápidos”, afirmou. As redes sociais definem todas as manifestações de interação de agora em diante. “Ter uma presença, um posicionamento em redes sociais tornou-se absolutamente indispensável para qualquer pessoa ou corporação que queira crescer no mercado”. Para Sidney, as novas tecnologias estão transformando completamente a linguagem com um novo conceito que é a conectividade. Para o relações públicas Anderson Bueno, as mídias sociais estão constantemente em seu dia a dia. “Quando ligo meu computador para

meus e-mails, quase automaticamente entro nos meus perfis e nos perfis da Pastoral da Juventude (PJ), da qual sou responsável nas mídias sociais. Essa ação é repetida pelo menos três vezes por dia”, conta. Jovens como Anderson também utilizam as novas mídias para realizar alguma atividade pastoral como é o caso da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de São Paulo, que tem perfis no Facebook e no Twitter, as duas principais redes sociais atuais. “Esse trabalho com a internet tem funcionado como uma espécie ‘turbo’ nas atividades pastorais, que ganham um braço extra para divulgação de atividades, conscientização e articulação, atingindo também jovens que nem sempre têm o hábito de frequentar a comunidade e os grupos de base, ou seja, evangelizando para além dos muros da Igreja”, diz. O bombeiro militar Douglas Arrais é também um desses jovens que está sempre conectado às novas mídias. Nas suas atividades pastorais,

muito presente. Há alguns anos, o jovem da Diocese de São Miguel Paulista começou a reunir profissionais de diferentes áreas para colocarem suas aptidões à disposição da comunidade, entre esses, profissionais da comunicação, dando uma nova cara ao encontro de jovens. “Com a difusão das novas mídias, tínhamos uma grande oportunidade de ir além com esse trabalho”, explica. Atualmente o trabalho desses jovens se concretiza em ações como o “Mix Católico”, que reúne as diferentes atividades organizadas pela juventude católica, oferecendo estrutura de divulgação de eventos. Há dois anos, os jovens do Mix Católico também desenvolvem um trabalho social no “Campus Party”, um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, realizado em São Paulo, levando mais de mil pessoas carentes que não têm acesso a essas tecnologias. As novas mídias também têm sido um espaço para a juventude manifestar seu interesse na transformação da

verdadeiras revoluções culturais, tecnológicas g e políticas. p “É ponto comum que o ser humano é um ser social, que nasceu para se relacionar com o outro e as mídias sociais têm auxiliado no sentido de aproximar pessoas que podem não estar próximas fisicamente, mas estão unidas pela rede mundial de computadores. Hoje é possível conversar ao vivo, interagir em tempo real, criar grupos, comunidades, promover eventos, fóruns, enfim, têm uma série de possibilidades de relacionamento e formas de difusão da informação”, destacou Anderson. No caso do jovem católico, o potencial é igualmente grande, “mas cabe a ele fazer um uso inteligente desses meios, fazendo com que não sejam apenas um ponto de encontro e de troca de informações virtual, mas que sejam ferramentas para uma ação cristã consciente, que esteja presente na vida do grupo de jovens, na comunidade em que participa e na sociedade”, enfatizou o jovem da PJ. (Com informações de Jovens Conectados)


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A INSERÇÃO SOCIAL

Por autonomia, indígenas buscam ensino superior Luciney Martins/O SÃO PAULO

Brasil tem 800 mil cidadãos indígenas, de 230 povos, com 180 línguas distintas Jovens indígenas que vivem na Grande São Paulo se reúnem para reafirmar identidade cultural

KARLA MARIA

“Os povos indígenas devem se esforçar para fortalecer as suas capacidades de controlar e gerenciar seus próprios assuntos”, apontou relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) de 2008, após visita de comissão às comunidades indígenas brasileiras. Alecksandro Cosme de Mesquita, indígena potiguara, 24 anos, parece concordar com o relatório. “A maioria dos índios

que estão cursando universidade na PUC-SP está procurando conhecimento para não deixar que o povo indígena seja enganado, porque muitas vezes outros lutam pelas causas indígenas e nós estamos adquirindo conhecimento para nós mesmos, para podermos lutar pelos nossos objetivos, nossos direitos e nossas terras”, afirmou o estudante no 6º semestre de tecnologia e

mídias digitais na universidade católica, bolsista do Projeto Pindorama. O projeto já concedeu bolsa integral a 140 jovens de 13 etnias diferentes, entre eles Alecksandro. “Estudar na PUC tem aberto muitas portas para mim, estou aproveitando bastante, atualmente faço estágio na área de educação à distância. Meu objetivo é conseguir levar a educação entre as tribos. Quero colocar

pontos digitais nas aldeias, para que elas possam trocar informações, conhecimentos”, disse o jovem. Criado em 2001, por meio de parceria entre a PUC-SP, a Pastoral Indigenista e comunidades indígenas que vivem na capital, o projeto já formou 42 jovens. “O maior desafio é fazer com que participem também de atividades extra-classe, que levam a uma formação mais engajada, pois

desejamos que cada um deles se torne uma futura liderança na sua comunidade”, disse Benedito Prezia, coordenador do projeto. No 1º semestre deste ano, dos 33 alunos que entraram no programa 78,8% tiveram um bom desempenho, sendo que quatro, tiveram a classificação excelente, ficando entre os melhores da classe. Para ter acesso à bolsa, todos os candidatos indígenas disputam 12 vagas entre si. A guarani Poty Poran, traduzida por Flor Bonita, formou-se em pedagogia na PUC, e hoje leciona na Escola Estadual Indígena Djekupé Amba Arandy, no Jaraguá, zona noroeste da capital. Alfabetiza e ensina história a cerca de 120 crianças, dividas em nove salas, de 1ª a 8ª série, para que não se perca a cultura e identidade indígena. “Há um bom grupo de jovens que está contribuindo com a comunidade como professores, dando aulas nas escolas das aldeias, inclusive no ensino bilíngue. Há, contudo, uma preocupação das lideranças mais idosas quanto ao futuro dos jovens, pois os mesmos vivem situações difíceis devido à absoluta falta de terra e de espaços que lhes garantam sobrevivência digna”, disse. Beatriz Catarina Maestri, missionária do Conselho Indigenista Missionário. Para ela, a juventude indígena tem avançado na participação em mobilizações se opondo a situações dramáticas de perseguição e criminalização. “Muitas lideranças já foram assassinadas nestes conflitos pela terra e é alto o índice de suicídio entre os jovens Kaiowá, fruto de toda essa desestruturação sócio-cultural provocada pelos invasores de suas terras”, conclui a missionária.


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Limitações não impedem protagonismo Luciney Martins/O SÃO PAULO

KARLA MARIA

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que 24,15% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Esse é o caso de Sandra Mara da Silva Oliveira. Portadora de paralisia cerebral grave, Sandra se locomove em cadeira de rodas e tem a fala e os membros superiores comprometidos. A limitação para ela é relativa, à medida que a vontade da jovem, de 33 anos, de viver e atuar na sociedade, com as novas mídias, é maior. Sinal disso é o blog que fez para sua comunidade, a Santo Elias, na Região Lapa (comunida-

desantoelias.blogspot.com). Mesmo dependendo integralmente de terceiros para executar tarefas, Sandra usa as novas mídias para publicar as atividades de sua comunidade, e para se comunicar com o mundo. Ex-estudante de jornalismo, Sandra busca na Associação Nosso Sonho, entidade filantrópica, mais qualidade de vida, capacitação e inclusão. “Esse projeto me favorece muito, porque através dele posso mostrar para as pessoas e para mim mesma, que posso trabalhar, independentemente das minhas condições físicas”, disse Sandra, se queixando da falta de políticas públicas

para a inclusão efetiva das pessoas com algum tipo de deficiência. Para Sandra Carabetti, orientadora pedagógica da Associação Nosso Sonho, Sandra se beneficiaria com equipamentos de tecnologia assistida – que a tornaria mais independente e consequentemente teria melhorias na qualidade de vida – como cadeira de rodas motorizada, prancha de comunicação eletrônica para se comunicar com mais agilidade. “Muito se tem falado sobre inclusão, deficiência, direitos, acessibilidade, mas cabe ao governo a criação e implementação de políticas públicas que norteiem as ações neste sen-

tido, porque, apesar de todos os esforços, ainda estamos longe de conseguir uma real inclusão do deficiente, seja na escola, na sociedade, no trabalho, no lazer”. E prova disso, são as dificuldades que Sandra enfrenta diariamente. “Para os deficientes cadeirantes mais independentes, até existe certa acessibilidade, porém para casos mais graves, como o meu, ainda não existe. Veja as ruas esburacadas, ônibus nem sempre adaptados e aqueles que o são, demoram a passar. Eu quero estudar e as faculdades não estão aptas para me receber, não posso continuar o meu curso de jornalismo porque não

Jovens reclamam das deficiências estruturais da cidade

há pessoas certas para me ajudar”. “Estarei lá no Campo de Marte”, conta empolgada a jovem que participa do Bote Fé.

ORGULHO DE SER, ESTAR, FICAR, VOLTAR, LEMBRAR, COMEMORAR. Nunca o passado esteve tão presente em nosso futuro.

www.pucsp.br/65anos


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BOTE FÉ

Peregrin Cruz da e do Ícon Nossa Se pelo país “Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção”. Foi com essas palavras que o Beato João Paulo 2º entregou aos jovens em Roma, no dia 22 de abril de 1984, aquela que ficaria conhecida como Cruz da Jornada, ou Cruz dos Jovens. Desde então, ela começou a peregrinar mundo afora, sempre levada pela juventude. Em 2003, jjunto com ela p passou a peregrinar também o Ícone de Nossa Senhora. Pela primeira vez, os dois símbolos máximos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) vão peregrinar pelo Brasil. Serão meses num itinerário que percorrerá todo o país e também passará pelos vizinhos do Cone Sul.

Ao longo desse trajeto, os jovens terão a oportunidade de reavivar a fé e de sentir o gostinho do que será a JMJ 2013, que acontecerá no Rio de Janeiro. A Cruz da JMJ e o Ícone de Nossa Senhora chegam hoje ao Brasil, sendo recebidos em São Paulo em uma grande festa, o Bote Fé. A partir daí, iniciam a peregrinação, que será concluída no Rio de Janeiro. A ideia é que os dois símbolos passem por todos os 17 regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Estão também previstas 19 grandes festas nas capitais brasileiras, todas com o nome “Bote Fé”. A partir p de hoje, j dia 18, a Cruz e o Ícone vão peregrinar, até o dia 30 de outubro, pelas sete províncias eclesiásticas do Regional Sul 1 da CNBB, que corresponde ao Estado de São Paulo – o mais populoso do país e o que tem o maior número de dioceses, 50. Na sequência,

A peregrinação dos símbolos da JMJ

os símbolos seguem para o Regional Leste 2, composto por Minas Gerais e Espírito Santo, onde ficarão ao longo de todo o mês de novembro. No mês seguinte, será a vez do Regional Nordeste 3, composto pelos estados da Bahia e Sergipe. A peregrinação seguirá ao longo de todo o ano de 2012. Em dezembro, a Cruz e o Ícone deixam o Brasil e visitam Paraguai, Uruguai, Chile e Argentina. Já em janeiro de 2013, retornam para concluir o itinerário no Sul do Brasil. A etapa final acontecerá no sul de Minas, no Vale do Paraíba (SP) e, finalmente, no Estado do Rio de Janeiro, onde os símbolos chegam em abril de 2013. Veja, j no q quadro a seguir, g quando a Cruz e o Ícone visitarão cada regional. Fique atento, pois o site Jovens Conectados divulgará os roteiros específicos da peregrinação dentro de cada regional à medida em que eles forem definidos. www.jovensconectados.org.br

ITINERÁRIO DA CRUZ DA JMJ E DO ÍCONE DE N. SENHORA REGIONAIS

ESTADOS INTEGRANTES

DATAS

2011 Sul 1

SP

18/09 a 31/10/2011

Leste 2

MG e ES

1 a 30/11/2011

Nordeste 3

BA e SE

1/12/2011 a 10/01/2012

2012 Nordeste 2

RN, PB, PE e AL

10/01 A 17/02/2012

Nordeste 1

CE

18/02 a 10/03/2012

Nordeste 4

PI

11 a 31/03/2012

Nordeste 5

MA

1 a 30/04/2012

Centro Oeste

DF, GO e TO

1/05 a 07/06/2012

Oeste 1

MS

8 a 30/06/2012

Oeste 2

MT

1 a 31/07/2012

Noroeste

AC, RO e Sul do AM

1 a 31/08/2012

Norte 1

AM e RR

1 a 30/09/2012

Norte 2

PA e AP

1 a 31/10/2012

Sul 3

RS

1 a 30/11/2012

(Cone Sul)

1 a 31/12/2012

2013 Sul 4

SC

1 a 31/01/2013

Sul 2

PR

1 a 28/02/2013

Leste 2

MG (Sul de Minas)

1 a 10/03/2013

Sul 1

SP (Vale do Paraíba)

10/03/2013 a 21/04/2013

Leste 1

Rio de Janeiro

Abril a Julho de 2013


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