ANO 56 • Nº 2881 • 20 de dezembro de 2011 a 3 de janeiro de 2012
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Como Maria, a Igreja acolhe Jesus e o oferece à cidade
Dom Odilo fez campanha para resgatar o valor cristão do Natal; em uma celebração do Advento, o cardeal disse que os padres são como Nossa Senhora ao ajudar a humanidade a acolher Jesus Cristo
Como criança pequenina e frágil deitada numa manjedoura, Deus se faz presente na vida das pessoas e das
comunidades que o acolhem com fé, esperança e amor. É Natal! Nasceu Jesus, o salvador do mundo. A Igreja o
acolhe! A Igreja o oferece à cidade dos homens, desejosa que, ao receber este dom, a cidade se transforme em cida-
de de Deus. Nossas paróquias são espaço de acolhimento e de encontro com Jesus, na Palavra, na Eucaristia, nos
Maior arquidiocese do país já tem 300 paróquias Luciney Martins/O SÃO PAULO
A Capela Santo Expedito e Sagrado Coração de Jesus, no Tucuruvi, zona norte da capital, deu origem à nova paróquia da Arquidiocese: a Paróquia Sagrado Coração de Jesus. Sua criação aconteceu dia 17, às 20h, sob a presidência de dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano e concelebração de dom Joaquim Justino Carreira, bispo auxiliar da Região Episcopal Santana, recém nomeado à Diocese de Guarulhos. Na mesma cerimônia, padre Luiz César Bombonato tomou posse como pároco. Página A5
Devoção popular e trabalho pastoral originam Paróquia Sagrado Coração de Jesus, na zona norte
Bispos enviam mensagens de Natal Páginas A6 e A7
Dom Fernando Legal Cardeal celebra em chega aos 80 anos Hospital da ZL Página A8
Imagens de presépios são abençoadas
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NESTA EDIÇÃO RETROSPECTIVA 2011 | JAN | FEV | MAR | ABR | MAI | JUN | JUL | AGO | SET | OUT | NOV | DEZ |
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Páginas B2 e B3
pobres, nos enfermos, nos encarcerados. Seus presépios encantam crianças, jovens, adultos e idosos e lembra-lhes
que o Natal é de Jesus e que com Jesus a cidade se ilumina não só por um dia, mas por todos os dias do ano.
AGENDA DE NATAL DE DOM ODILO Dia 21: às 15h, missa no Amparo Maternal (rua Loefgreen, 1.901, Vila Clementino Dia 22: às 15h, cumprimentos de Natal na Cúria Arquidiocesana (avenida Higienópolis, 890, Higienópolis) Dia 23: às 14h, coletiva de imprensa na Cúria Arquidiocesana, Higienópolis Dia 24: às 23h, concerto de Natal na Catedral da Sé Dia 25: às 00h, missa da noite no Natal do Senhor na Catedral da Sé; às 10h30, missa na Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto (rua Serra do Bom Japi, 1172, Tatuapé); às 15h missa com os moradores de rua na Igreja São Francisco (rua Riachuelo, 268, centro)
Thalita Kum realiza Natal solidário A Missão Thalita Kum atingiu cerca de 70 mil pessoas. As atividades aconteceram de 12 a 18, com missas em presídios, junto aos moradores de rua, na Cracolândia. No encerramento, dom Odilo Pedro Scherer, presidiu cele-
bração eucarística, às 16h, na Catedral da Sé. Dom Julio Endi Akamine, bispo auxiliar da Arquidiocese, presidiu missa no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, dia 15. Página B4
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Semanário da Arquidiocese de São Paulo
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O SÃO PAULO 20 de dezembro de 2011 a 3 de janeiro de 2012
Semanário da Arquidiocese de São Paulo, mantido pela Fundação Metropolitana Paulista Publicação Semanal – 20 de dezembro de 2011 a 3 de janeiro de 2012 www.osaopaulo.org.br
Fé e Vida
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FRASES “Nós podemos viver fora das prisões, mas viver numa prisão muito mais séria, que é a prisão interior; nós podemos ser libertados das prisões, mas se não formos libertados dos pecados não teremos a verdadeira liberdade. Que neste Natal vocês recebam de presente o próprio Jesus”.
“O grande ideal da minha vida foi a promoção e a formação de padres. Vocês são a nossa alegria e a gente fica feliz quando vocês estão se empenhando, às vezes com dificuldade, com luta, mas com muita vontade e amor à Igreja, à diocese”.
Dom Julio Endi Akamine, em missa no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros
Dom Fernando Legal, bispo emérito de São Miguel Paulista, ao completar 80 anos de vida
“É significativo que no final do ano recebamos o bispo e toda a comunidade católica, isso é muito importante porque dissemina, dentro do hospital, o significado verdadeiro do Natal, que muitas vezes fica apenas com o tom comercial”. Maridite Oliveira, diretora do Hospital São Mateus, sobre missa realizada no hospital
FÉ E CIDADANIA
VOCÊ PERGUNTA
Natal e Papai Noel
Pessoas não-cristãs podem celebrar o Natal?
PADRE ALFREDO J. GONÇALVES
Era dia de Natal. Luzes, sons e cores disputavam o espaço. Presentes e enfeites recheavam todas as ruas vizinhas. As lojas regurgitavam com a multidão irrequieta. Ouvia-se o murmurinho do comércio, mesclado com certo otimismo natalício. Tudo estava revestido de brilho e festa. Há tempo que a cidade se vestira de roupas novas para esse dia tão glorioso. Papai Noel caminhava de um lado para outro, alegre e incansável, como devem ser todos eles. Com suas roupas típicas e sua barba branca, sorria, brincava, tomava no colo as crianças, distribuía acenos aos adultos. Para todos tinha uma palavra, um gesto, um gracejo. A loja enchia-se de gente e de vozes; e as pessoas, de pacotes. Aquele ser entusiasta e celestial, solenemente vestido de vermelho e branco, atraia e divertia centenas de pais e filhos há mais de dez horas. O dia todo era aquele corre-corre. Não havia tempo sequer para almoçar direito ou ir ao banheiro. O trabalho era duro, exigente. Aliás, o vaivém frenético já vinha de algumas semanas. O homem escondido atrás daquelas roupas vistosas aproveitara a época dos empregos temporários e não perdera tempo.
Pusera-se logo a trabalhar em duas lojas ao mesmo tempo. Saía de casa com a noite ainda escura e retornava quando o sol já se escondera. Deu meia-noite e a loja encerrou o expediente. Então, de dentro daquele Papai Noel vistoso, saiu o Severino Silva Santos. Solitário, coberto quase de farrapos, com o corpo vergado de cansaço e a garganta enrouquecida, deslizou para a rua escura e deserta. Tinha os pés moídos e estava faminto. Lentamente, caminhou até o ponto de ônibus, onde devia tomar duas conduções para chegar até a sua casa. Morava no extremo sul da capital paulista. Já no seu bairro, passou por ruas sem luz e casas com janelas iluminadas. Por trás das cortinas, podia adivinhar um ambiente familiar, onde se celebrava a ceia natalina. Imaginava a distribuição de abraços calorosos, comida farta e presentes sedutores. No solo escuro da rua, o asfalto deu lugar ao chão batido. E finalmente Severino avistou a silhueta de seu barraco, apertado em meio a tantos outros. Só então notou que tinha as mãos vazias, e se perguntou, no mais íntimo, onde diabo arrumar alguma coisa para colocar nos sapatinhos do Zeca, da Lúcia, e do Beto! Os três filhos dormiam amontoados com a mãe na cama do casal, única da casa. E Severino não pode deixar de contrastar sua figura de Papai Noel com a realidade da própria família e com a imagem do Menino Jesus na manjedoura de Belém.
ESPAÇO ABERTO
A encarnação e a manifestação de Cristo
PADRE AUGUSTO CÉSAR PEREIRA
O Natal celebra o fato da manifestação do Filho de Deus, a segunda pessoa da Trindade encarnada em nossa humanidade. Encarnação tem a ver com carne. Ele recebeu a nossa carne, significa não só carne, mas se fez pessoa, se fez gente como nós. A encarnação não se dá no dia do nascimento. Ela acontece na concepção. É didático que o calendário da nossa Igreja comemore a encarnação do Filho de Deus no dia 25 de março. Essa data chama-se de anunciação, isto é, foi anunciada a encarnação de Jesus no seio de Maria. A encarnação acontece durante os nove meses da gestação. Também com Jesus. Nascer não é encarnar-se; é mostrar que alguém – de carne – apareceu entre nós. Na Liturgia, chamamos de manifestação. Jesus só poderia nascer depois de ser concebido e de ter passado por uma gestação normal: “... completaram-se os dias para o parto e Maria deu à luz o seu filho primogênito” (Lc 2,6). O nascimento é a manifestação de que Jesus percorreu o mesmo processo nosso da sua encarnação e nascimento pela gestação e o parto. Assumiu literalmente a condição humana. A festa do Natal é para comemorar o fato de Jesus se manifestar ao mundo pela primeira vez
como gente. O nascimento não é a única, nem a mais importante manifestação de Jesus. Deus que se havia manifestado das mais variadas maneiras desde o Antigo Testamento, decidiu inaugurar o Novo Testamento de acordo com a condição humana de iniciar a vida com o nascimento. Chegada a plenitude dos tempos, no momento oportuno, Deus libertador satisfaz a esperança dos pobres - os destinatários privilegiados da Boa Notícia - de que já estava ali o Salvador prometido, agora presente entre o povo (cf. Gl 4,4-5; Rm 16,25-27; Hb 1,1-4; Cl 1,15; Ef 1,9; cf. Mc 1,14-15 ). O próprio Jesus, quando se manifestou com o discurso na sinagoga de Nazaré, provou ao povo que a libertação dos pobres estava para começar; porque estavam acontecendo os indicadores do tempo messiânico profetizados por Isaías (cf. Is 40,1-11; 61,1-3; 35, 5 - 6; Lc 4,14-21; At 1,1-2). Se perdermos o significado dos termos, perdemos o sentido das manifestações de Deus: no clamor dos pobres, nos atos de caridade, na prática da justiça e da solidariedade. Natal é uma das formas de Jesus se manifestar. Outras formas atuais são na Igreja pelo testemunho das palavras e das ações de seus discípulos, missionários e dos profetas que interpretam os sinais dos tempos. A manifestação plena será a do Senhor em glória, poder e majestade para instalar “o novo céu e a nova terra”. Feliz Natal!
PADRE CIDO PEREIRA
A Rosana, de São Caetano do Sul, pergunta se é certo pessoas que não são cristãs, que não aceitam Jesus Cristo, celebrarem o nascimento dele de forma pagã. E eu vou bater um papo com ela. Sabe Rosana, não devemos nos preocupar com o fato de que pessoas sem a fé cristã ou mesmo cristãs de origem, mas não praticantes, celebrem o Natal comendo e bebendo sem fazer referência a Jesus. A festa, o comer e o beber alguma coisa em companhia da família e dos amigos constituem uma prática saudável neste tempo de individualismo, do cada um por si. Mesmo que aquele que dá sentido à festa do Natal não seja citado, existem laços
que precisam ser fortalecidos entre as pessoas que ali estão comendo, bebendo e trocando presentes entre si. O que não é certo, porém, Rosana, e não é certo mesmo, é pessoas que creem, que aceitam Jesus como Senhor e Mestre de sua vida, façam um Natal pagão. Isso revela que a fé dessas pessoas precisa crescer e amadurecer. Revela que, talvez por falta de uma evangelização mais profunda, essas pessoas não sabem o que fazer com a herança que receberam dos avós e dos pais. No fundo, no fundo, essas pessoas dizem ter fé como se tivessem algo guardado no fundo de um velho baú, algo que não usam, nem vivem. Ter fé é muito mais do que acreditar em alguma coisa. Ter fé é muito mais do que usar o nome de Deus em alguns momentos ou circunstâncias. Ter fé é muito mais do que proclamar num recenseamento que se é católico ou que se tem alguma religião.
Ter fé, Rosana, é buscar e viver uma profunda comunhão com Deus, deixar-se guiar por Deus, fazer de Deus a única segurança da vida. Eu sei, Rosana, que muitos vão celebrar o Natal, mas não o nascimento de Jesus. Vão aproveitar o dia com festa, vão se confraternizar com os amigos, vão fazer uma ceia com muita comida e bebida vão fazer troca de presentes. Tudo isso é válido. Mas nós cristãos, conforme nos ensina a Igreja, conforme nos pediu dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, vamos acolher o Cristo com alegria, vamos à missa, vamos orar em torno da mesa, vamos dar as boas vindas ao menino que chega para dizer que seu Pai é nosso Pai também, que seu Pai nos ama e não desiste de nós. Feliz Natal, Rosana e todos que leem estas linhas. Que a luz do Menino Deus ilumine nossa vida pessoal, familiar, comunitária, social.
ESPIRITUALIDADE
Natal, uma estrela do ex-Oriente FREI PATRÍCIO SCIADINI
O Natal movimenta a todos os que de verdade creem na vinda do Cristo para viver o Advento com maior empenho. O Natal movimenta também os comerciantes que estão preocupados com o que pode ser mais vendido, às vezes nem têm fé, mas sabem que o menino Jesus bem bonitinho, feito com arte, um presépio bem bonito, mesmos que venha da China, enche os olhos das crianças e vendem adoidado. O que vale na festa de Natal é vender, mas vender para mais lucrar e assim poder fazer um balanço positivo: “foi um ótimo Natal este ano, as vendas foram 10% maiores do que o ano passado”. O Natal toca também o coração de tantas pessoas boas que
sentem-se impelidas a sair do próprio egoísmo e a fazer o bem, visitar os velhos dos asilos, crianças de creches, preparar panelões de comida para os pobres sob os viadutos, cantar, tocar, dançar. Mas isso será que é o Natal? O Natal é sonho de liberdade, de amor e de vida. Os magos olharam anos e anos a fio para o céu até entrever a estrela que os guiasse lá aonde não havia venda e nem supermercado. Mas sim uma pequena gruta, onde havia um José atento, adorador, e uma Maria atenta ao filho pequenino e especialmente onde havia Cristo, estrela da nossa vida. O Oriente este ano está vivendo mudanças radicais, uma busca de liberdade, poderes ditatoriais que caem, sangue de mártires que se espalha e empapa a terra do deserto, transformando-a em terra fértil e em novos cristãos. O Natal acontece sempre que nasce uma criança. Uma estrela nova vem do “ex-Oriente”, essa palavra
é bíblica e devemos saber cultivá-la. O Oriente é o lugar onde surge o sol, onde a vida se manifesta e se revela. Como é belo o Natal. Era a festa quando eu era menino que mais gostava e sentia uma alegria imensa, também não tinha muitos pecados, agora com os pecados de quase sete dezenas de anos, o Natal me chama a uma aprofunda conversão, para que saiba viver esperando de pé a vinda do meu Senhor. Preparar-se para o Natal é voltar as costas a tudo o que é inútil, supérfluo, ao lucro imoderado e olhar ao nosso redor, cuidando da vida “pequenina das crianças”, que querem crescer, e cuidando da vida, pequenina, dos idosos “que querem nascer de novo para o céu”. Natal é nascimento na terra e nascimento no céu, é canto e contemplação. Pare, silencie, escute, é do Oriente, “do ex-Oriente”, que vem o canto “glória a Deus no mais alto do céu...” Feliz Natal!
PALAVRAS QUE NÃO PASSAM
Poemento de Natal
PADRE ZEZINHO
Das bandas da Palestina, vem uma história divina e de conteúdo profundo: um filho de carpinteiro acabou crucificado por conta do seu recado e das coisas que falou. Ele queria igualdade, mais respeito pelos pobres, queria o direito à vida, queria o mundo mais nobre, mais nobreza de princípios, não nobreza de dinheiro. Se ele é Deus não sei dizer; eu somente posso crer, mas quem conviveu com ele e ouviu o que ele falava saiu de lá convencido que tinha visto e vivido com alguém especial. Era muito mais que humano! Jesus era o nome dele! Não era filho de rei, nem de rico, nem de nobre, de fato, ele nasceu pobre, numa gruta em Belém. Dizem que a mãe era virgem,
eu não estava por perto; eu só posso acreditar! Humano eu sei que ele era, porém não era comum. Também não sei quem é Deus, e nem como é que Deus é; mas se veio para a Terra, para morar entre nós, algum motivo ele tinha! Desde os primeiros humanos, parece que não deu certo essa tal liberdade... Fez o homem muito esperto. Acha que sabe o que faz, mas sempre acaba sem paz. Homem é bicho tinhoso, é cabeçudo é teimoso, e mulher também o é. Gente quase ingovernável, confusa, de mente instável! Não sabe viver direito e não sabe conviver, e deve ser bem por isso que Deus veio aqui viver! Diz o grande e santo livro que ele veio nos salvar; assumiu a forma humana, a fim de nos libertar; chegou pra trazer mais luz e o nome dele é Jesus. Mas o homem que é tinhoso não gostou do que ele fez, não gostou do que ele disse e matou Jesus na cruz. Mas hoje nós celebra-
mos o dia do nascimento do filho do carpinteiro que se chamava Jesus. Existe quem não crê nele e nem crê na sua cruz; e muito menos aceita o poder da sua luz. Se ele é Deus ou se não é, isso eu não posso provar; eu só posso acreditar. Aposto que ele é do céu, e proclamo que ele é Deus, que assumiu a forma humana. O Deus que é santo e perfeito, nos mostrou que a humanidade, malgrado toda a maldade, um dia pode ter jeito! E eu vivo dessa esperança! O mundo inda vai ser bom, pois Deus passou por aqui! Parece que foi embora, mas ele não foi de vez; pois falou e garantiu que estaria bem presente, onde houvesse dois ou três pensando no que ele disse, pensando no que ele fez. É por isso que o Natal é assim tão importante. É dia de recordar que Deus não está distante; é dia do Deus presente, que se importa com a gente!...
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Fé e Vida
ENCONTRO COM O PASTOR
O SÃO PAULO 20 de dezembro de 2011 a 3 de janeiro de 2012
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EDITORIAL
Feliz Natal a toda a Arquidiocese de São Paulo: Ele está no meio de nós!
Revisão, ação de graças, compromisso
Reprodução
CARDEAL DOM ODILO PEDRO SCHERER ARCEBISPO METROPOLITANO DE SÃO PAULO
Desejo que a comemoração do nascimento de Jesus seja motivo de alegria e consolo para todos. “Deus tanto amou o mundo, que lhe enviou seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna!” (Jo 3,16). No Natal, o céu aproximou-se da Terra e o mundo está menos sozinho; Deus veio até nós com infinita ternura e manifestou-se a nós na figura de uma criança! Que sintam isso, de maneira especial, os pobres, as pessoas com deficiência, doentes, prisioneiros, humilhados e desiludidos da vida; alegrem-se os jovens, que buscam luzes para sua vida, e as crianças, capazes de se surpreender diante das maravilhas de Deus. Que sintam isso os pais, preocupados pelo bem dos filhos; os que se esforçam no desempenho de suas responsabilidades sociais e públicas. Que se alegrem também os que não creem: Ele veio ao encontro de todos e está no meio de nós! Na Novena de Natal deste ano, em nossa Arquidiocese, refletimos e rezamos sobre as paróquias, “comunidades de comunidades”; cada comunidade da Igreja tem a missão de ser uma expressão viva e alegre da presença e atuação de Jesus Cristo Salvador na cidade de São Paulo. O anúncio da Palavra de
Deus, a celebração da Eucaristia, a atenção a cada pessoa, a caridade pessoal e comunitária irradiam sua presença. Mas também cada família cristã é um núcleo de vida cristã, onde Jesus Salvador é acolhido e anunciado. Lembremos sempre que Jesus Cristo, o Salvador, nasceu para este mundo numa família; nela cresceu e se desenvolveu, humanamente. Encorajo, portanto, cada família a ser um lugar de acolhida de Cristo e de irradiação da sua presença para os outros e para a cidade. Num mundo que passa por tantos problemas, alegra-nos anunciar a Boa Nova, como o anjo na noite de Belém, há 2 mil anos: “Nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo, o Senhor!” (cf Lc 2,11). Faz bem pensar que a cada um de nós, como ao mundo inteiro, envolve a misteriosa ternura de Deus, que se inclina para nós e nos faz olhar para o alto, fazendo-nos sentir amados e menos sós neste mundo!
Alegro-me, de modo especial, porque muitas pessoas e famílias responderam ao nosso convite para recuperarmos o sentido cristão do Natal de Jesus. Muitos fizeram as Novenas do Natal em família; muitos fizeram um presépio em casa; houve muitas ações de solidariedade fraterna para com os doentes, pobres, prisioneiros... Muitos confessaram e rezaram mais intensamente durante o Advento... Mesmo em nossa cidade, já apareceram mais sinais do Natal de Jesus. Deus seja louvado! Agora celebramos mais uma vez esse mistério de amor! Ele está no meio de nós! Deus habita esta cidade! E não apenas hoje: Ele permanece conosco e caminha à nossa frente. Caminhemos com ele pela vida afora e seremos felizes. Feliz e santo Natal a todos! Deus esteja ao seu lado em todos os dias do ano novo! São Paulo, Natal de 2011
E aqui vai a última edição do jornal O SÃO PAULO do ano de 2011. Ela chega aos nossos fiéis e queridos leitores toda impregnada do espírito de Natal. Chega carregada de fé, esperança e amor. Esta edição é impregnada da fé que ilumina a Igreja de São Paulo, seus pastores, seus agentes de pastoral e todo o povo de Deus. Fé no Deus que é Amor, no Deus que se fez próximo de nós em Jesus Cristo, sacramento do Pai e que nos reúne na Igreja, sacramento do Cristo. O SÃO PAULO, em 2011, contou semanalmente como esta fé foi transmitida, ensinada, vivida e testemunhada na cidade de São Paulo pelos fiéis, pelos pastores, pelos discípulos missionários que atuam nos movimentos, associações e pastorais, e pelas paróquias, comunidades de comunidades, onde a vida da Igreja acontece. Agora, à luz que vem do Presépio, nós olhamos para traz, para rever o caminho percorrido à luz da fé. Esta edição é impregnada pela esperança cristã. Não podia ser diferente. Em tempos de crise, nada melhor que contemplar o mistério da encarnação em que Deus vem ao nosso encontro com sua luz capaz de iluminar todos os caminhos. “Se Deus está conosco, quem contra nós?” Jesus é a esperança que não decepciona. Na figura de um menino deitado numa manjedoura, ele nos ergue os braços para nos pedir colo ou para nos pegar no colo. Quer acolhida
em nosso coração. Quer nos acolher em seu coração. Viva a esperança! Esta edição quer estar impregnada pelo amor. Amor que é a definição de Deus. Amor que Deus tem por nós. Amor que temos por Deus. Amor que devemos ter uns pelos outros. Se esse amor é ainda só um projeto, não importa. É esse amor ensinado pelo menino na manjedoura que vai nos tornar fortes para derrubar as barreiras que dividem pessoas e povos, para construirmos pontes, para construir um novo céu e uma nova terra. Em 2011, graças a Deus, a Igreja em São Paulo, no Brasil e no mundo foi fiel à sua missão evangelizadora. O sucessor de Pedro conduziu e confirmou na fé os cordeiros de Cristo com serenidade, amor e firmeza. Os pastores da Igreja no Brasil caminharam em profunda comunhão anunciando o Evangelho, denunciando o erro, mostrando caminhos, defendendo a vida. A Igreja de São Paulo caminhou no processo de dar vez e voz aos leigos e de revitalizar a paróquia como comunidade de comunidades. Edição de Natal! Feliz Natal a todos! Última edição do ano: olhemos para trás para rever e agradecer. Olhemos para frente com a esperança que Jesus acende em nós. Feliz Ano Novo! A equipe de O SÃO PAULO deseja a todos a paz e o bem cuja fonte é o Senhor Jesus! Luciney Martins/O SÃO PAULO
PALAVRA DO PAPA
Maria, a Mãe da Esperança seu seio, leva a esperança do mundo através dos montes da história. Mas, a par da alegria que difundistes pelos séculos, com as palavras e com o cântico do vosso Magnificat, conhecíeis também as obscuras afirmações dos profetas sobre o sofrimento do servo de Deus neste mundo. Sobre PAPA BENTO 16 o nascimento no presépio de Belém brilhou o esplendor dos anjos que Bento 16 fecha a sua carta sobre traziam a boa nova aos pastores, a esperança cristã, dirigindo-se a mas, ao mesmo tempo, a pobreza de Maria como Mãe da Esperança. Deus neste mundo era demasiado Nada melhor, para uma edição que palpável. O velho Simeão falou-vos marca o fim de um ano e nos abre da espada que atravessaria o vosso para o início de outro, do que evocar coração (cf. Lc 2,35), do sinal de com o papa a proteção de Maria, a contradição que vosso Filho haveria Mãe da Esperança. Acompanhemos de ser neste mundo. Depois, quando iniciou a atividade pública de a oração do papa. Jesus, tivestes de vos pôr de lado, Santa Maria, vós pertencíeis para que pudesse crescer a nova àquelas almas humildes e grandes família, para cuja constituição ele de Israel que, como Simeão, espe- viera e que deveria desenvolver-se ravam “a consolação de Israel” (Lc com a contribuição daqueles que 2,25) e, como Ana, aguardavam a tivessem ouvido e observado a sua “libertação de Jerusalém” (Lc 2,38). palavra (cf. Lc 11,27s). Apesar de Vós vivíeis em íntimo contato com toda a grandeza e alegria do primeiro as Sagradas Escrituras de Israel, que início da atividade de Jesus, vós, já falavam da esperança, da promessa na Sinagoga de Nazaré, tivestes de feita a Abraão e à sua descendência experimentar a verdade da palavra (cf. Lc 1,55). Assim, compreende- sobre o “sinal de contradição” (cf. mos o santo temor que vos invadiu, Lc 4,28s). Assim, vistes o crescente quando o anjo do Senhor entrou nos poder da hostilidade e da rejeição vossos aposentos e vos disse que da- que se ia progressivamente afirríeis à luz àquele que era a esperan- mando à volta de Jesus até à hora ça de Israel e o esperado do mundo. da cruz, quando tivestes de ver Por meio de vós, através do vosso o Salvador do mundo, o herdeiro “sim”, a esperança dos milênios de David, o Filho de Deus morrer havia de se tornar realidade, entrar como um falido, exposto ao escárneste mundo e na sua história. Vós nio, entre os malfeitores. Acolhesvos inclinastes diante da grandeza tes então a palavra: “Mulher, eis dessa missão e dissestes “sim” . “Eis aí o teu filho” (Jo 19,26). Da cruz, a escrava do Senhor, faça-se em mim recebestes uma nova missão. A segundo a tua palavra” (Lc 1,38). partir da cruz, ficastes mãe de uma Quando, cheia de santa alegria, maneira nova: mãe de todos aqueatravessastes apressadamente os les que querem acreditar no vosso montes da Judéia para encontrar a filho Jesus e segui-lo. A espada vossa parente Isabel, tornastes-vos da dor trespassou o vosso coração. a imagem da futura Igreja, que no Tinha morrido a esperança? Ficou
o mundo definitivamente sem luz, a vida sem objetivo? Naquela hora, provavelmente, no vosso íntimo tereis ouvido novamente a palavra com que o anjo tinha respondido ao vosso temor no instante da anunciação: “Não temas, Maria!” (Lc 1,30). Quantas vezes o Senhor, o vosso Filho, dissera a mesma coisa aos seus discípulos: Não temais! Na noite do Gólgota, vós ouvistes outra vez esta palavra. Aos seus discípulos, antes da hora da traição, ele tinha dito: Tende confiança! Eu venci o mundo (Jo 16,33). “Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14,27). “Não temas, Maria!” Na hora de Nazaré, o anjo também vos tinha dito: “O seu reinado não terá fim” (Lc 1,33). Teria talvez terminado antes de começar? Não; junto da cruz, na base da palavra mesma de Jesus, vós vos tornastes mãe dos crentes. Nesta fé que, inclusive na escuridão do sábado santo, era certeza da esperança, caminhastes para a manhã de Páscoa. A alegria da ressurreição tocou o vosso coração e uniu-vos de um novo modo aos discípulos, destinados a tornar-se família de Jesus mediante a fé. Assim, vós estivestes no meio da comunidade dos crentes, que, nos dias após a ascensão, rezavam unanimemente pedindo o dom do Espírito Santo (cf. Act 1,14) e o receberam no dia de Pentecostes. O “reino” de Jesus era diferente daquele que os homens tinham podido imaginar. Este “reino” iniciava naquela hora e nunca mais teria fim. Assim, vós permaneceis no meio dos discípulos como a sua mãe, como mãe da esperança. Santa Maria, Mãe de Deus, Mãe nossa, ensinai-nos a crer, esperar e amar convosco. Indicai-nos o caminho para o seu reino! Estrela do mar, brilhai sobre nós e guiai-nos no nosso caminho!
LITURGIA E VIDA SOLENIDADE DA SANTA MÃE DE DEUS, MARIA – 1º DE JANEIRO DE 2012
A grande maravilha ANA FLORA ANDERSON e FREI GILBERTO GORGULHO
Começamos o novo ano de 2012 refletindo sobre a Mãe de Jesus e nossa Mãe, Maria. É nela que Deus realiza o mistério da encarnação. A Palavra Viva se fez homem e habitou entre nós! A primeira leitura (Números 6, 22-27) transmite uma das bênçãos mais bonitas da Bíblia. Deus manda que os sacerdotes da primeira aliança abençoem o povo suplicando que o próprio Deus faça brilhar sua face sobre o povo, compadecendo-se dele. E que Deus volte seu rosto para o povo, dando-lhe o dom da paz. No nascimento de Jesus, recebemos a plenitude dessa bênção. Na segunda leitura (Gálatas, 4, 4-7), São Paulo escreve que na plenitude dos tempos Deus enviou o
seu Filho, nascido de uma mulher. Para Paulo era importante dizer que Jesus nasceu sujeito à lei para que todos que eram filiados à lei, como ele mesmo, pudessem receber a filiação adotiva. Em Jesus, recebemos o Espírito que nos dá a graça de chamar Deus de Abba, Pai. O Evangelho de São Lucas (2, 16-21) narra a visita dos pastores a Belém para dar homenagem ao recém-nascido. Eles contam toda a revelação que receberam sobre o menino. O evangelista conta que a Mãe, Maria, guardou tudo no seu coração para meditar e refletir sobre este mistério. O Magnificat revela o sentido desta meditação: ele viu a minha pobreza e em mim ele fez maravilhas!
LEITURAS DA SEMANA SEGUNDA (2): 1Jo 2, 22-28; Jo 1, 19-28 – TERÇA (3): 1Jo 2,29 – 3,6; Jo 1, 29-34 QUARTA (4): 1Jo 3,7 – 10; Jo 1, 35 -42 – QUINTA (5): 1Jo 3,11 – 21; Jo 1, 43 - 51 SEXTA (6): 1Jo 5,5 – 13; Mc 1, 7-11 – SÁBADO (7): 1Jo 5,14 – 21; Jo 2, 1-11
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O SÃO PAULO 20 de dezembro de 2011 a 3 de janeiro de 2012
Igreja em ação
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PASTORAL FÉ E POLÍTICA
PASTORAL DOS MIGRANTES
PASTORAL AFRO
Uma Nova Terra?
Rompendo fronteiras com os migrantes
Natal da Pastoral AFRO
CARMEN CECÍLIA DE SOUZA AMARAL
Fazer política é serviço à coletividade, Política com “p” maiúsculo, busca do bem comum, defesa da dignidade da pessoa, respeito a direitos, instauração da paz e da justiça. Hoje, a sociedade descrê da política partidária, da atuação governamental, da ação nos conselhos; os movimentos sociais são desacreditados pela imprensa. Não
se modifica o quadro político, social, econômico, cultural. A melhora econômica favorece emprego e consumo, mas 20% da população estão na pobreza ou indigência. À frente, tarefa imensa, longa, com encruzilhadas: formar grupos sustentados pelo Evangelho: refletir– estudar - agir – avaliarrefletir. Entender o poder e as possibilidades de ação. Agir localmente, mobilizar e articular, usar redes sociais. Sim! Uma Nova Terra é possível! Carmen Cecília de Souza Amaral, coordenadora da Pastoral Fé e Política da Arquidiocese
PASTORAL DO MENOR
Construindo princípios e valores
SUELI CAMARGO
A Pastoral do Menor acredita que com gestos simples podemos transformar o mundo. Clamamos por uma sociedade eticamente saudável e mais feliz para os nossos pequeninos. O Menino de Nazaré está encarnado no menino e na menina de rua, nos abrigados sem família e nos dependentes químicos
sujeitos a todo tipo de humilhação e da “boa vontade” do Poder Público, em um país onde deveriam ser prioridade absoluta. Nossas crianças identificam-se com o Menino Deus que nasceu pobre, mas torna-se a esperança de um novo amanhã. Em 2012, os esforços da Pastoral do Menor continuarão voltados para realização do sonho de cada criança e adolescentes o Sonho de Deus. Feliz Natal! Sueli Camargo, coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese
PASTORAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
Primeiros passos
TUCA MUNHOZ
Este foi um ano muito promissor e com muitas realizações para a Pastoral das Pessoas com Deficiência. Dentre as realizações mais significativas e que redundaram em novas atividades e novos desafios, destacamos: o planejamento estratégico, o 5º Encontro Fraternidade
e Pessoas com Deficiência e, para um belo encerramento do ano, a Primeira Missa Acessível da Arquidiocese de São Paulo, presidida por dom Odilo Pedro Scherer. Essas realizações, entre outras, nos fortalecem para que contribuamos na edificação de uma Igreja inclusiva e de um país mais justo.Um bom, feliz e abençoado Natal para todos. Tuca Munhoz, coordenador da Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese
PASTORAL DA TERCEIRA IDADE
Protagonistas da própria história MARIA JOSÉ HILKNER E LYGIA ALLI
A pastoral tem como objetivo estimular as pessoas da 3ª Idade a ser protagonistas de sua própria história, conscientizando lhes da sua capacidade em adquirir novos conhecimentos e também de transmitir suas experiências, assim como buscar novos relacionamentos. Este ano, tivemos como ponto forte a celebração pascal e o curso
“Mente Brilhante”, de memorização. Nossa perspectiva para 2012 é dar continuidade a cursos que promovam melhor qualidade de vida à 3ª Idade, estimular a meditação de textos bíblicos e transmitir as orientações que recebemos dos bispos, através do nosso boletim informativo. Pretendemos também visitar grupos que se afastaram da coordenação da Arquidiocese e estimular a abertura de outros grupos. Maria José Hilkner e de Lygia Alli, coordenadoras da Pastoral da 3ª Idade Arquidiocesana
PADRE VALDIRAN SANTOS
Atenta ao apelo de Jesus: “Eu era migrante e me acolhestes” (Mt 25,35) e em comunhão com os pastores da Igreja, o Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) quer ser uma presença concreta e profética junto aos migrantes, vítimas da migração forçada, exploração e discriminação. A pastoral acredita no protagonismo desse povo migrante que, mesmo desprezado
como a família de Nazaré, se torna sinal de um mundo solidário. A pastoral põe na ordem do dia o tema da migração, para formação e informação da opinião pública, influencia em algumas instâncias dos poderes constituídos, a fim de mudar leis injustas e ajudar na criação de novas favoráveis aos migrantes. Faz-se solidária com os migrantes, valorizando sua cultura e religiosidade, ajudando-os a resgatar sua dignidade e sua autoestima. Padre Valdiran Santos, integrante do Serviço Pastoral dos Migrantes da Arquidiocese
na visita aos irmãos e às irmãs presas, na defesa da vida contra as injustiças e maus tratos. Temos como desafio para o ano que desponta o trabalho de Iniciação para a Vida Cristã em todas as unidades prisionais. Um trabalho que tem a Leitura Orante da Palavra de Deus como centro e iluminação da realidade, no desejo de despertar, em toda a pessoa presa, uma adesão consciente a Jesus Cristo e ao seu projeto. Feliz Natal! Padre Valdir João Silveira, assessor Nacional da Pastoral Carcerária
“A partir dos trabalhos deste ano, qual a perspectiva de atuação para 2012?” PASTORAL DA EDUCAÇÃO
Educação, grande desafio
LUIZ ANTONIO DE SOUZA AMARAL
Evangelizar professores, levar a CF para as escolas públicas, conscientizar famílias da sua responsabilidade pela qualidade no ensino, destacar a importância de acompanhar a vida escolar dos filhos, são ações pastorais que buscam vencer um imenso desafio: o sistema educacional que não cumpre seu papel e para tanto precisa de recursos muito bem geridos e aplicados.
Padre Luiz Fernando de Oliveira, assessor da Pastoral Afro da Arquidiocese
Menos presentes e mais Deus presente
Tempo de ação de graças
Neste tempo de festa, comemoramos as vitórias alcançadas neste ano que finda e miramos nas realizações almejadas para o ano que desperta. Em ação de graças, pela diminuição do sofrimento por meio de conquista de leis e projetos de integração social, na educação, no enfrentamento do conflito através de práticas restaurativas e de mediações de conflitos,
A ONU declarou o “Ano do Afrodescendente” para lembrar que em todas as realidades do mundo, a vida da população negra tem sido marcada por grandes conflitos, desastres naturais e desigualdades sociais. Por isso, neste tempo do Natal, ir ao encontro do Senhor que vem nos salvar é importante para que nosso povo possa
PASTORAL FAMILIAR
PASTORAL CARCERÁRIA
PADRE VALDIR JOÃO SILVEIRA
PADRE LUIZ FERNANDO DE OLIVEIRA
acreditar na fé, na esperança e na caridade do Menino Deus, que quer guiar o seu povo através dessa diversidade cultural. Os grupos afros querem neste Natal renovar as suas forças e ações para continuar a viver e acreditar num mundo sem preconceitos, sem discriminação e mais solidário. O nosso compromisso é continuar agindo em favor da população negra em novos espaços e conquistas Feliz Natal!
Em 2012, o cadastramento de professores participantes das paróquias os aproximará da Pastoral da Educação, favorecendo a formação de grupos paroquiais de educadores dispostos a fortalecer a evangelização nas escolas e a colaborar com a ação organizada da Igreja no Mundo da Educação. Que as luzes da noite santa abençoem os educadores para que não deixem faltar alegria e paz a serem repartidas com os irmãos e irmãs. Luiz Antonio de Souza Amaral, coordenador da Pastoral da Educação da Arquidiocese
ESTER E SÍLVIO DOS SANTOS
É tempo de renovação, tempo de esperança, tempo de certeza. Estamos no Natal. Natal do Menino Deus. Que em cada lar, as famílias tenham menos presentes, e mais Deus presente, que em cada família o Menino Jesus seja o motivo principal da festa, renovando em cada coração a fé e a espe-
rança no Salvador. Estamos felizes pelo trabalho realizado em 2011 na Pastoral Familiar e com muito entusiasmo para que em 2012 mais paróquias tenham a pastoral implantada, para alcançarmos o propósito de que em cada comunidade, em cada paróquia, exista uma Pastoral Familiar forte e vigorosa, levando a todos os lares de nossa Arquidiocese o Evangelho de Jesus. Ester e Sílvio dos Santos, coordenadores da Pastoral Familiar Arquidiocesana
ECUMENISMO
Priorizar diálogo ecumênico e inter-religioso
PADRE JOSÉ BIZON
A Casa da Reconciliação tem por vocação e missão o diálogo ecumênico e inter-religioso e a cada ano está se tornando mais conhecida e ponto de referência naquilo que lhe é próprio na sua programação. Ela é a “sede” da Comissão de Ecumenismo e de Diálogo Inter-religioso da Arquidiocese, do Movimento de Fraternidade de Igrejas Cristãs, das Comis-
sões Nacional de Diálogo Religioso: Católico Judaico, Católico Candomblé, Anglicano Católico Romano e é referência também para o Regional Sul 1. Nossa perspectiva para 2012 é que continue sendo referência na cidade de São Paulo e que continue recebendo apoio e incentivos necessários para continuar com a sua missão. Desejamos aos leitores e colaboradores do jornal O SÃO PAULO feliz Natal e abençoado 2012. Padre José Bizon, assessor da Comissão de Ecumenismo e Diálogo Religioso da Arquidiocese
PASTORAL DO DÍZIMO
Partilhar experiência e revitalizar a pastoral MARIA DO CARMO DE SOUZA
Dando prosseguimento aos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos desde 2001, no próximo ano, continuaremos vivendo o tema da atual Campanha: “Paróquia, torna-te o que tu és”, e o lema: “Dízimo: conversão e renovação de pessoas”. Conscientes de ser missionários, em março de
2012 lançaremos um DVD com a finalidade de partilhar experiências, propor ações para implantação ou revitalização da pastoral e indicar uma forma simples de administrá-la no âmbito paroquial. Anote: agosto – lançamento campanha 2012/2013; setembro – missa do envio dos agentes para a nova campanha; dezembro – avaliação dos trabalhos realizados. Maria do Carmo de Souza, coordenadora da Pastoral do Dízimo da Arquidiocese
ENSINO RELIGIOSO
COMIAR
PASTORAL OPERÁRIA
Chegou o Emanuel, Deus conosco
Os desejos do COMIAR para 2012
Objetivos da PO no próximo biênio
PADRE EDÍSIO CARVALHO DA SILVA
O amor incondicional de Deus para conosco é a nossa segurança e a nossa alegria. Pois “Deus amou tanto o mundo que enviou o seu filho único, para que este mundo seja salvo por ele” (Jo 3,16). Ele se apresenta como irmão, amigo, bondoso, misericordioso. Jesus, ungido com o poder do Espírito, nos chama para a
sua missão. “Conhecer a Jesus Cristo pela fé é a nossa alegria; Segui-lo é uma graça e transmitir este tesouro aos demais é uma tarefa que o Senhor nos confiou ao nos chamar e nos escolher”, como nos fala o Documento de Aparecida. Com ele, abraçamos o serviço da Nova Evangelização, na missão de viver e transmitir a fé. Partilhamos os votos e as esperanças de um feliz Natal e abençoado ano novo! Padre Edísio Carvalho da Silva, da Diretoria Arquidiocesana do Ensino Religioso
IRMÃ CAROLYN MORITZ
Estamos chegando ao tempo de Natal, quando pensamos em que fizemos e o que queremos para o ano que vem. O Conselho Missionário da Arquidiocese de São Paulo (COMIAR) começou 2011 com o apoio de dom Odilo para definir melhor nossa tarefa de animação missionária – não só missão em cada
canto de nossas vidas e cidade, mas também para conscientizar todo nosso povo sobre a missão “Ad Gentes”. Nosso desejo para 2012 é continuar e intensificar nossa caminhada missionária e que a luz que vem no Natal possa acender o ardor missionário em todos para que São Paulo seja uma lâmpada iluminando os cantos de escuridão, miséria e violência, que são tantos parte de nossas vidas hoje. Irmã Carolyn Moritz, integrante do Conselho Missionário da Arquidiocese (COMIAR)
PADRE MIGUEL PIPOLO
A Pastoral Operária batalha para fazer valer a máxima de João Paulo 2º: o trabalho é provavelmente a chave da questão social. Sua ferramenta essencial são os grupos de base, que se alicerçam no Evangelho e no Ensino Social da Igreja. Algumas de nossas prioridades para os próximos dois anos são: criação de pelo
menos um novo grupo de base em cada região episcopal e dioceses e ampliação dos existentes, com especial atenção à juventude; desenvolver consciência de classe e a organização no local de trabalho, na ação sindical classista, nos movimentos de desempregados e na economia popular solidária; tratar na CF 2012 o enfrentamento das doenças ocupacionais, a organização dos trabalhadores na saúde, e os acidentes de trabalho. Padre Miguel Pipolo, assessor da Pastoral Operária Metropolitana
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PJ realiza missa pela caminhada de 2011
Geral Arquidiocese ganha 300ª paróquia A Pastoral da Juventude Arquidiocesana se reuniu dia 18, no Centro Anchietanum, na Vila Madalena para agradecer pela caminhada pastoral de 2011. “Muito lindo ver tantos rostos jovens, que acreditam nesta utopia da Civilização do Amor e mais ainda, na sua prática buscam concretizá-la”, disse a jovem Elaine Lima.
Criada dia 17, Paróquia Sagrado Coração de Jesus já reúne cerca de 1.700 fiéis nas missas aos finais de semana Luciney Martins/O SÃO PAULO
KARLA MARIA REPORTAGEM NA ZONA NORTE
A Capela Santo Expedito e Sagrado Coração de Jesus, no Tucuruvi, zona norte da capital, deu origem à nova paróquia da Arquidiocese de São Paulo. Sua criação aconteceu dia 17, às 20h, sob a presidência de dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, e concelebração de dom Joaquim Justino Carreira, bispo auxiliar da Região Episcopal Santana, recém-nomeado à Diocese de Guarulhos. Também concelebrada por diversos padres da região, na cerimônia, padre Luiz César Bombonato, apresentador do programa ‘Padre César e você’, na 9 de julho das 18h às 18h30, tomou posse da paróquia “Quero dizer que com a mesma disposição que cheguei à Paróquia Nossa Senhora das Neves, estou disposto a formar outras comunidades, porque esta Paróquia do Sagrado Coração também irá gerar outras comunidades para a Igreja de São Paulo ”, disse o pároco que já estava à frente da então capela, ligada à matriz da Paróquia Nossa Senhora das Neves.
A Arquidiocese passa a contar com 300 paróquias. Para o que são e para o que servem? Em sua homilia dom Odilo lembra: “a paróquia não é essa igreja ou sua estrutura jurídica, paróquia, antes de tudo, são vocês: o povo batizado reunido em torno de Jesus Cristo, representado pelo padre”. Dom Odilo disse ainda que a paróquia deve ter três grandes missões: anunciar a Palavra de Deus; comunicar os dons da santidade de Deus ao mundo e testemunhar o amor de Deus, ser presença viva na cidade, no bairro “superando a violência, a droga, a vida desandada”, destacou. Segundo Aparecida Gaspar Maliato, membro da comunidade há 16 anos, a nova paróquia já vem cumprindo sua missão que foi alimentada pela devoção popular a Santo Expedito. “Nós começamos em uma garagem como Comunidade Sagrado Coração de Jesus e fazíamos as orações nas casas, tínhamos celebrações mensais e daí surgiu o senhor Renato [Tadeu Geraldes], que tinha a promessa de construir uma capela para Santo Expedito. Ele conversou com o padre César e então nos unimos”. Desde a década de 80, a
Paróquia no Parque Vitória chega a acolher 10 mil fiéis nos dias 19, Dia de Santo Expedito; padre Luiz Cézar toma posse no dia 18
Comunidade Sagrado Coração já realizava suas atividades no bairro Parque Vitória, já as atividades da Capela Sagrado Coração de Jesus e Santo Expedito completaram 10 anos e com a forte devoção popular a Santo Expedito, surgiu a necessidade da criação da paróquia. “Em 2005, a capela já tinha movimento para Luciney Martins/O SÃO PAULO
ser paróquia”, lembra padre Eduardo Rodrigues Coelho, que faz o uso de ordem na Paróquia Nossa Senhora das Neves, destacando que o movimento da capela aos finais de semana chegava a reunir cerca de 1.700 pessoas, e nos dias 19, cerca de 10 mil. “A devoção popular é muito forte e não tinha como o pa-
PADRE CIDO PEREIRA
Cáritas celebra ações de solidariedade em 2011 DANIEL GOMES REPORTAGEM NO CENTRO
Após um ano com mudança de diretoria, alterações de estatuto e de regimento interno, intensificação da acolhida a refugiados e participação em quatro campanhas emergenciais da solidariedade, a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo celebrou o sucesso das ações de 2011 com missa na quarta-feira, dia 14, em sua sede, no centro de São Paulo. Presidida pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e concelebrada pelos padres Ricardo Anacleto e Marcelo Matias Monge, este diretor da Cáritas Arquidiocesana, a missa teve a participação de funcionários e diretores da Cáritas, representantes do Comitê Nacional para Refugiados (Conare), SESC, Senac e Casa do Migrante – parceiros de projetos mantidos pela Cáritas – e agentes das pastorais da moradia, afro e operária. No começo da missa, dom Odilo lembrou que o Advento é um momento de olhar para o futuro com esperança e que o Natal celebra o amor de Deus,
que sempre se faz próximo aos que sofrem, sendo essa também a missão da Cáritas como organismo da Arquidiocese responsável por exercer a caridade junto àqueles em situação de sofrimento e necessidade. Na homilia, o cardeal salientou que Jesus enviou os discípulos em missão para serem sinais da presença do Reino de Deus no mundo, através das obras de misericórdia e apontou que a Cáritas deve ajudar a Igreja e a comunidade humana a realizar tais obras “que são sinais do Reino de Deus que chegou, que renovam a face da terra para superar os males, para superar o reino do maligno que escraviza, mata, violenta e que faz com que a dignidade humana seja pisoteada; Para que na comunidade humana a vida não seja só reconhecida, mas promovida e vivida bem por todos”. Em 2011, a Cáritas Arquidiocesana de São Paulo mobilizou os fiéis da Arquidiocese à solidariedade nas campanhas emergenciais para o Haiti, Região Serrana do Rio de Janeiro, Japão e África. “Os fiéis deram atenção ao apelo que a Igreja
fez e foram muito solidários naquilo que a Arquidiocese de São Paulo propôs”, lembrou padre Marcelo a O SÃO PAULO. Na avaliação do padre, que dirije a Cáritas Arquidiocesana há sete meses, neste ano foi possível dar continuidade aos projetos da diretoria anterior, atender às demandas que surgiram e prosseguir com os trabalhos do Centro de Acolhida para Refugiados, que auxilia os refugiados e solicitantes de refúgio em questões jurídicas e na adaptação social. Essas iniciativas continuarão no próximo ano e haverá novidades. “Para 2012, temos ainda nosso empenho com a Campanha da Fraternidade e a previsão de um curso de Doutrina Social da Igreja, pois queremos investir, sobretudo pela ocasião dos 50 anos do Concílio Vaticano 2º, nos documentos do concílio que dizem respeito à Doutrina Social da Igreja”, afirmou o padre. Ao final da missa, dom Odilo agradeceu a todos que se empenharam nas atividades da Cáritas Arquidiocesana neste ano e lhes estimulou a seguirem perseverantes no próximo ano.
A criação de novas paróquias é desejo também de dom Joaquim, que anunciou a necessidade de se criarem mais cinco na região episcopal. “É preciso para que o povo de Deus seja assistido e receba a santidade, o ensino e a caridade que Jesus quer manifestar através de nós batizados”.
Descanse em paz, cônego Antônio Hélio! DIRETOR DE O SÃO PAULO
Colaboradores e diretores da Cáritas Arquidiocesana participam de missa presidida por dom Odilo
dre César atender à Paróquia Nossa Senhora das Neves e aqui tinha necessidade de criar essa paróquia, isso é sinal que a Igreja está viva. Já temos em mente um terreno e o projeto para a construção de uma capela”, avisou o padre a O SÃO PAULO, convidando a reportagem para o lançamento da pedra fundamental.
Quem conversava com aquele padre magrinho, franzino, até meio tímido, jamais poderia imaginar o gigante que ele era. Atendia a todos com carinho, gaguejando até, num contínuo “quer dizer...”, desejoso de deixar tudo muito bem explicado. E que bondade no tratar os cordeiros de Jesus. Que bom confessor era ele. Que bom humor que ele tinha mesmo nas tribulações de sua vida, que foram tantas por sinal. Eu sou testemunha disso. Ele foi meu confessor. Quem conversava com aquele homem de Deus não podia imaginar que ele era bacharel em filosofia pela Universidade Católica Xaveriana, da Colômbia, e em teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção, que estudou Espiritualidade no Instituto Teresiano, em Roma, Psicanálise e Ciências Psíquicas no Centro Acadêmico de Psicanálise
de São Paulo. É... ele queria conhecer o coração e a alma das pessoas que o procuravam em busca de aconselhamento. É do cônego Antônio Hélio Augusto Ferreira que estou falando, do cônego Hélio, um grande sacerdote, um homem de Deus. Ele nasceu no dia 17 de fevereiro de 1944 em Piracaia (SP). Filho de Pedro Augusto Ferreira e de Maria Josefa Salas Ferreira, o segundo entre seis irmãos. No dia 23 de novembro de 1969, ele foi ordenado diácono e no dia 26 de setembro de 1970, recebeu a ordenação sacerdotal pela imposição das mãos de dom Agnello Rossi. Cônego Antonio Hélio foi reitor do Seminário Arquidiocesano de São Paulo. Cuidou com carinho da formação de muitos padres. Foi capelão do Mosteiro da Luz. Foi pároco nas paróquias de Santo Antonio da Barra Funda e de Nossa Senhora das Dores, na Casa Verde. Após muitos anos de serviço a Deus e à Igreja, cônego Luciney Martins/O SÃO PAULO
Hélio foi para a casa do Pai. O Senhor entendeu que era hora dele descansar dos problemas de saúde que o acompanharam por longos anos. Faleceu no Hospital das Clínicas na madrugada do dia 15. Dom Odilo Pedro Scherer celebrou missa de corpo presente na Paróquia Nossa Senhora do Brasil, onde ele tinha sido acolhido carinhosamente pelo seu ex-aluno, padre Roberto Miquelino. Ali, sempre generoso e fiel à sua vocação, celebrava, ouvia confissões, visitava os enfermos, assistia casamentos. Cônego Hélio descansa agora no céu. É o servo bom e fiel que agora repousa junto ao Senhor a quem serviu por 41 anos. Cônego Hélio foi para mim um irmão, um amigo, um confidente. Pela graça de Deus, eu assumi a Paróquia de Nossa Senhora das Dores, onde ele foi pastor dedicado. É mais um membro do clero arquidiocesano que ajudou a construir a bela história da Igreja na cidade. Arquivo pessoal
Dom Odilo preside missa de corpo presente e rito da última despedida do cônego Antônio Hélio (det.)
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Belém abre seus braços para Emanuel
DOM TARCÍSIO SCARAMUSSA
“Vamos até Belém e vejamos o que se realizou e o que o Senhor nos manifestou” (Lc 2,15). A prece do profeta Isaías foi ouvida: Os céus deixaram cair o orvalho das alturas e as nuvens fizeram chover a justiça: abriu-se a terra e germinou a salvação (cf. Is. 45,8). Belém abriu seus braços para o Emanuel. Deus está conosco, como sempre esteve junto à sua criatura, mas agora podemos reconhecê-lo mais do que nunca, pois se fez um de nós. Mas o mistério de Deus que se revela e se mantém oculto continua necessitando da mediação humana. O sim de Maria e de José anularam o não de Eva e de Adão. Enquanto os magos se surpreendem por não encontrar o recém-nascido no palácio de Herodes, e continuam a buscá-lo sob a guia frágil de uma estrela, os pastores o encontram de imediato, envolvidos pela luz e pela glória do Anjo do Senhor que lhes anuncia claramente que nasceu o Cristo-Senhor. O Natal nos convida a ir novamente até Belém, o lugar onde nasce o Salva-
dor. O Natal nos convida a continuar contemplando sua presença entre nós, Emanuel, sempre Deus conosco, fonte de constante alegria, luz e esperança. Na simplicidade, no meio dos pobres, no desprendimento total, Deus se faz um de nós e resgata a nossa dignidade de filhos e filhas muito amados. Sabemos, porém, que nem todas as luzes da cidade apontam para ele. Por isso, é ainda necessário o sim de Maria e de José, a busca dos magos, o convite dos pastores, a mediação missionária da Igreja. Por isso, o Natal nos convida a renovar mais uma vez nosso empenho missionário, nos compromete ainda mais com a renovação das paróquias para que, como comunidades de vida na fé, comprometidas com o Reino de Deus, anunciem e conduzam o povo até Jesus. Desejar assim um Feliz Natal é pedir novamente que os céus se abram, e que se derrame sobre cada pessoa e comunidade a vida de Deus, do Deus que vem a nós vestido de humanidade, para elevar-nos e nos fazer participar de sua divindade. É acreditar que esse acontecimento é atual em nossa vida! Que a contemplação da presença do Senhor entre nós, e do que ele continua realizando, traga muita paz para o seu Natal. Feliz Natal! Dom Tarcísio Scaramussa é bispo auxiliar na Região Episcopal Sé
Em Jesus, somos dignos filhos de Deus
DOM JOAQUIM JUSTINO CARREIRA
“Eterno esplendor de beleza divina, ó Cristo, vós sois luz, vida e perdão. Às nossas doenças trazeis o remédio, abris a porta para a salvação” (Hino de Natal). Feliz Natal, caríssimos leitores de O SÃO PAULO e de modo especial quero saudar os fiéis católicos e todo o povo da Região Episcopal Santana. A Festa do Natal nos anuncia que todos os seres humanos nascem para a felicidade e para a alegria. É verdade que também fazem parte da vida tristezas e dificuldades, porém, para aqueles que acreditam em Deus e colocam em prática a sua Palavra, tudo colabora para o bem, para o crescimento e para que sejamos ricos de obras de vida eterna – fazer tudo por amor verdadeiro, gratuito e constante. São Leão Magno, papa, no século 5º, falando sobre o significado do Natal, afirma: “Hoje, nasceu o nosso Salvador. Alegremo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade. Ninguém está excluído da participação nessa felicidade. Porque nosso Senhor, ven-
cedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida”. Portanto, neste Natal de 2011, tomemos consciência de nossa dignidade de filhos de Deus, pois, pelo nosso Batismo, nos tornamos templos do Espírito Santo. Não o expulsemos de nossa vida com más ações, mas procuremos viver os acontecimentos guiados pelos seus sete dons, fazendo a nossa parte, para que ninguém, ao nosso lado ou à nossa frente, fique sem receber a paz e o que for necessário para ter um Feliz Natal e se encontrar com Jesus, através de nós. Que o Ano Novo de 2012, que se inicia, nos encontre disponíveis para testemunhar a verdadeira fé, para dar as razões de nossa esperança, para sermos missionários evangelizadores; respondendo à mudança de época, com novo ardor, novos métodos e zelo crescente para que a ninguém falte o anúncio e o testemunho da verdadeira vida cristã. Bendigo a Deus pela missão na Arquidiocese e na Região Santana. Peço a Deus luz e sabedoria para a nova missão junto à Diocese de Guarulhos. Acompanhem-me com oração, por caridade, em minha nova missão. Dom Joaquim Justino Carreira é bispo nomeado para Guarulhos (SP)
Ele está no meio de nós
DOM MILTON KENAN JUNIOR
Para alguns pode parecer que a cada ano os cristãos repetem os mesmos ritos para relembrar um fato a primeira vista tão antigo, mas ao mesmo tempo tão novo: o nascimento do Emanuel, Deus conosco, Jesus de Nazaré, o Salvador! Na verdade, não vivemos de uma recordação. Por incrível que pareça, a cada ano revivemos o que ocorreu
no meio da noite, tornamo-nos contemporâneos, podemos aproximar-nos deste Menino na companhia dos pastores, alegrando-nos com José e Maria, sussurrando palavras cheias de emoção e alegria, pela chegada de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem! A alegria deste fato que se irradia pelos séculos e que nos alcança hoje, no início de um novo milênio, é o fato de que podemos ver a Deus! Deus tornou-se visível aos nossos olhos, ele nos revelou a sua face, ele deixou-nos penetrar no seu mistério insondável. Podemos, como os pastores e os magos do oriente, que retornaram exultantes
para suas casas, dizer a todos que nós vemos o Senhor! Podemos ver a face humana de Deus numa criança pequenina, recém-nascida, colocada sobre um presépio, que não tem para se aquecer senão algumas faixas e o hálito dos animais. Deus se fez um de nós! Mas, se grande alegria é poder ver o Senhor, não é menor a de poder ouvi-lo, pois “a Palavra eterna fez-se pequena; tão pequena que cabe numa manjedoura. Fez-se criança, para que a Palavra possa ser compreendida por nós.” (Bento 16, “Verbum Domini”, 12). Não só vê-lo, nem só ouvi-lo, mas podemos tocá-lo também. Podemos
aconchegá-lo na palma de nossas mãos, quando as estendemos para recebê-lo na Santa Eucaristia, “pão que é dado para a vida do mundo”. Podemos hoje reviver o Natal! “Não te angusties dizendo: “Por que nenhuma pessoa em Belém quis receber com afeto o Menino e sua mãe? Não te aflijas porque se receberes o pobre, recebes o Menino e sua mãe; e se de verdade acreditas nisso, andarás mais solícito em procurar o pobre que está nesta rua, e disputarás aos outros a ocasião de fazer o bem que puderes... não vos contenteis com dar umas moedas ou algo mais, mas dai esmolas em quantidade,
pois é exatamente assim que Deus vos dá tantas coisas. Não sejais mesquinhos à hora de dar, já que Deus é tão generoso em dar-vos. Não deis moedinhas por Deus, já que Deus vos dá o seu Filho. Dai esmolas para bem receber Cristo neste Natal. Irmãos, esse que vem é amigo da misericórdia; que ele vos encontre misericordiosos.” (São João de Ávila). A todos os leitores do jornal O SÃO PAULO, os meus votos de um Feliz Natal! Nós podemos ver, ouvir, tocar o Senhor! Ele está no meio de nós! Dom Milton Kenan Junior é bispo auxiliar na Região Episcopal Brasilândia
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Deus nasce frágil no menino de Belém
DOM JULIO ENDI AKAMINE
Talvez esse tenha sido um dos dias mais movimentados e corridos do ano. Tanta coisa tivemos que fazer! Presentes para embrulhar, as compras de última hora, pessoas para visitar, para telefonar, para mandar um e-mail. Queremos um Natal perfeito! Em meio a tanta agitação, é preciso fazer um momento de silêncio para poder acolher o mistério: “Deus revelou-nos sua bondade e seu amor pelos homens” (Tt 3,4). Atentemos bem para a forma da encarnação. Deus não ficou no seu mistério divino; ele saiu de sua luz inacessível e veio para as trevas humanas. Não permaneceu na sua onipotência eterna; ele penetrou na fragilidade da criatura. Não atraiu para dentro de si a humanidade; ele se deixou atrair para dentro da humanidade. Ele veio para o diferente dele. Certo dia, na plenitude dos tempos, Deus se aproximou de uma virgem toda pura, prometida a um homem justo da descendência de Davi. Bateu mansamente a sua porta, pediu para morar e viver na casa dos homens. E Maria disse sim; porque havia lugar para ele em sua vida. E o Verbo se fez carne no seio daquela virgem. E a vida divina começou a crescer neste mundo. E eis que numa noite completou-se o tempo. No silêncio da gruta, porque não havia lugar para ele na hospedaria dos homens, Deus nasceu. Aquele que ninguém jamais viu, aquele que todo universo não pode conter, mostrou-se, revelou-se, manifestou-se. Permanecendo o Deus que sempre fora, assumiu o homem que nem
sempre foi. Deus não assumiu uma humanidade abstrata. Ele assumiu o ser histórico de Jesus de Nazaré, um judeu de raça e de religião. Ele conheceu a fome, a sede, a saudade, as lágrimas pela morte do amigo, a alegria da amizade, a tristeza, o temor, as tentações e o pavor da morte. Tudo isso Deus assumiu em Jesus Cristo, nada lhe foi poupado. Assumiu tudo o que é autenticamente humano. Tudo isso está presente na figura frágil do menino nascido em Belém. O menino de Belém nos revela: a vida humana possui um sentido secreto e tão profundo que o próprio Deus quis assumi-la. Ele entra, toma parte, participa e nos mostra que vale a pena viver a vida como a experimentamos: monótona, anônima, trabalhosa, fiel na luta de sermos cada dia melhores. Vale a pena viver esta vida como a vivemos: exigentes na paciência, fortes em suportar as contradições e sábios para aprender delas. Tentemos, nesta noite e também durante nossa vida toda, ser bons e realmente irmãos uns dos outros. Assumamos nossa vida monótona, anônima, trabalhosa, cheia de dificuldades com alegria assim como Cristo a assumiu. Olhemos para nossas mães e para as nossas esposas com respeito e descubramos nelas, pelo menos hoje, um símbolo da Virgem Maria. Olhemos para nosso próximo e lembremo-nos que ele é um irmão de Cristo e nosso irmão. Nesta noite, abracemos nossos filhos, nossas crianças como se abraça o Filho que, hoje, Deus nos deu. O céu e a terra cantam a noite santa de Deus: glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade! Feliz Natal! Dom Julio Endi Akamine é bispo auxiliar na Região Episcopal Lapa
Sozinho! Não!
DOM TOMÉ FERREIRA DA SILVA
A pessoa humana padece de um mal humanamente incurável, uma solidão implacável que o atazana continuamente, sobretudo quando volta para si, que somente pode ser apaziguada por Deus. A solidão humana é expressão da saudade que a criatura sente do criador, do limite da finitude diante do infinito, do desejo da eternidade presente na alma mortal, da caducidade do contingente diante do necessário. É a solidão da consciência ao tomar posse de si mesma e constatar que não somos deuses. O nascimento de Jesus Cristo mostra à pessoa humana que ela não está só. Deus está conosco! A humanidade de Deus, em Jesus Cristo, restaura a pessoa humana, torna-a participante do seu mistério, curando-a da solidão original e inserindo-a na comunhão amorosa da Santíssima
Trindade. Você não está só! Acolha o amor divino em sua vida, ele gera comunhão e unidade! Curados por Deus, podemos curar! A solidariedade de Deus, em Jesus Cristo, é remédio para a solidão humana, para que nos tornemos solidários na caridade. Nestes dias, olhe ao seu redor, não deixe ninguém só neste Natal. Convide os que se encontram isolados para se alegrarem com você. Por exemplo, levando-os consigo para a recepção do Sacramento da Confissão, a missa de Natal, o momento de oração em família, para a sua ceia, almoço ou momento de confraternização. Jesus Cristo é nossa alegria, nossa paz! Alegremo-nos todos n’ele! Abraçando-o, invoco de Deus, em minhas humildes preces, as melhores bênçãos sobre sua pessoa, seus familiares e para os que lhe são caros: “O Senhor te abençoe e te guarde! O senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!” ( Nm 6, 24-26 ) Dom Tomé Ferreira da Silva é bispo auxiliar na Região Episcopal Ipiranga
Jesus nasce na Belém de Judá de ontem e na Belém da São Paulo de hoje
DOM EDMAR PERON
Em Belém de Judá nasceu-nos o Salvador. Nas estalagens e casas daquela pequena cidade não havia lugar para ele. Somente numa estrebaria houve como sua mãe acomodar-se, a fim de lhe dar à luz. Pequeno, revestido da fragilidade de recém-nascido, Jesus iniciou assim sua jornada humana para nos salvar. Esperado pelos justos
e anunciado pelos profetas, quem poderia indicar que o Salvador de toda a humanidade desse início a essa missão no silencioso e convincente apelo pela compaixão humana realizado por um bebê desprovido dos confortos necessários no momento de seu parto? Sim, na gélida manjedoura do estábulo de Belém, Deus, convencido que tem razões suficientes para acreditar em nós, começa sua missão de nos salvar apelando pelo socorro que somente braços e corações humanos poderiam lhe dar. Como Maria e José o acolheram, também nós acolhemos e festejamos o nascimento de Jesus.
Por meio do serviço generoso aos pequenos e marginalizados, nossa Igreja manifesta sua adesão a todas as pessoas de boa vontade que desejam fazer brilhar hoje a estrela de Belém. Das nossas maiores às menores de nossas comunidades, nós cristãos desejamos expressar nosso amor pelo Jesus Menino de ontem e de hoje. Nossas esperanças de um mundo mais humano e solidário são para nós força que nos impulsiona a amar esta nossa Belém; é nela que contemplamos o maravilhoso anúncio que “nasceu-nos hoje um Menino e um Filho nos foi dado”. Neste Natal, como não pensar
na Belém de hoje? Como não evocar pela mente e levar ao coração a Belém ao leste da cidade de São Paulo? É nos modelos atuais de tão clamorosa exclusão que somos levados a recordar a frieza e desconforto da manjedoura do Menino Jesus, as situações e lugares onde nasce e cresce sua população sem casa e sem abrigo, os habitantes de suas periferias e cortiços, suas crianças, seus meninos e meninas de rua, seus idosos, encarcerados e doentes. Nesta Belém maravilhosa e inquietante desta grande cidade, a frágil criança divina persiste e afirma: Deus continua acreditando em nós! Desconfiados de nós mesmos por
nos lembrarmos dos que entre nós matam, empobrecem e usurpam o direito de seus semelhantes, somos postos às voltas com os pensamentos de que não somos merecedores de tanta confiança e tanto amor. É exatamente neste momento em que tais temores surgem que Jesus, na pobre manjedoura de ontem e de hoje, nos ensina que amar não é esperar merecimentos; amar é manifestação da impagável salvação, tão cara e preciosa que só pode ser única: a gratuita arte de fazer erguer e ressuscitar em nós a força deste verdadeiro amor. Dom Edmar Peron é bispo auxiliar na Região Episcopal Belém
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Divulgada mensagem para o Dia Mundial da Paz 2012
Geral Cônego Trivinho celebra sacerdócio O texto da mensagem do papa Bento 16 para o Dia Mundial da Paz 2012, celebrado em 1º de janeiro, foi divulgado na sexta-feira, dia 16. A mensagem, que tem por tema “Educar os jovens para a justiça e a paz”, convida a humanidade a olhar com esperança para o futuro. Acesse a íntegra da mensagem em www.arquidiocesedesaopaulo.org.br.
Em missa de ação de graças, padre que conheceu 7 arcebispos de São Paulo, festeja 75 anos de ordenação ELVIRA FREITAS
PAULO se tivesse de começar
REPORTAGEM NA ZONA OESTE
tudo de novo escolheria o sacerdócio, ele foi rápido: “Sem dúvidas, faria tudo de novo. Eu só quero ser padre. Desde pequenininho eu construía capelinhas para brincar de celebrar missas”. E ele teve oportunidade, de fato, de ser padre, com história rica como legado de vida.
Começando pelo fato de se ter sido seminarista de dom Duarte Leopoldo e Silva, depois, ordenado padre por dom José Gaspar de Affonseca e Silva, que morreu num acidente aéreo, logo no início de seu arcebispado, quando ia para o Rio de Janeiro para a posse do arcebispo, que depois seria o cardeal dom Jaime de Barros
Câmara; conheceu também os cardeais dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, dom Agnelo Rossi, dom Paulo Evaristo Arns, dom Cláudio Hummes, chegando a dom Odilo. “Não só conheceu, mas colaborou estreitamente com serviços de confiança, como chanceler do arcebispado. Portanto, ele conhece muito da
Igreja de São Paulo e viveu vários momentos da Igreja, quando São Paulo ainda era uma pequena cidade e aqui havia poucas paróquias”. Na área que era a então Arquidiocese de São Paulo, no começo do século 20, eram umas 20 paróquias, hoje são, na área metropolitana, certamente, mais de mil, e onde também encontram
“Eu sempre disse: quero ser padre, padre, padre, sempre padre”, disse monsenhor Antônio Trivinho, durante a missa em ação de graças pelos seus 75 anos de sacerdócio, ocorrido dia 6 de dezembro de 1936 e celebrado domingo, dia 18, na Paróquia Santo Antônio da Barra Funda, zona oeste da Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO cidade. A missa foi presidida pelo arcebispo metropolitano, cardeal dom Odilo Scherer, e concelebrada pelos padres Roberto Gonçalves, pároco, e Thomas Fritsch. De fato, monsenhor Trivinho dedicou uma vida pela Igreja, tempo destacado por dom Odilo: “Quem deveria estar presidindo hoje é o senhor; teria tantas coisas para nos contar tantas experiências bonitas dos seus 75 anos de sacerdócio. Pensem que ele conhece a história da Arquidiocese durante um século. Ele conheceu os sete arcebispos de São Paulo”. Foi com emoção e a dificuldade própria da idade (em 10 de março, ele completou 100 anos) que monsenhor Trivinho falou de seu tempo de Seminário Menor de Pirapora (SP). Perguntado pela reportagem de O SÃO Monsenhor Trivinho corta o bolo dos 75 anos de sacerdócio e é carinhosamente abraçado por dom Odilo, arcebispo de São Paulo, dia18
umas 15 dioceses que foram pouco a pouco desmembradas da Arquidiocese de São Paulo. “Pois bem, monsenhor Trivinho, nós vamos colocar tudo isto no altar de Deus. Todo esse trabalho e toda sua dedicação de padre. Só Deus sabe quando isso foi e quanto bem o senhor fez nesses 75 anos de vida sacerdotal. Que tudo isso seja para o louvor de Deus”, disse do Odilo, refletindo, em seguida, sobre as leituras do domingo. No 4º Domingo do Advento, o Evangelho apresenta a figura da mãe do Salvador, quando Deus envia o Anjo Gabriel à Casa de Nazaré, a uma virgem chamada Maria. Depois do diálogo que se estabeleceu entre eles, Maria se coloca à disposição de Deus. “Cônego Trivinho também recebeu este chamado e se colocou ao serviço da Igreja; também nós, como Nossa Senhora, acolhamos o Evangelho”. Ao final da missa, a soprano Joana Matera presenteou monsenhor Trivinho com cinco peças sacras: “Ave Maria”, de Giulio Caccini; “Vergin, tutto amor”, de Francesco Durante; “Pietá, Signore”, de Alessandro Stradella; “Ave Maria”, de Franz Schubert; e “Panis Angelicus”, de Cesar Frank.
Padre Cido celebra 40 anos de sacerdócio Dom Fernando festeja 80 anos de vida KARLA MARIA REPORTAGEM NA ZONA NORTE
A goleada sofrida pelo Santos diante do Barcelona na decisão do Mundial de Clubes da FIFA, dia 18, não tirou o sorriso dos lábios do santista aniversariante, padre Antonio Aparecido Pereira, o padre Cido, afinal, na data foram celebrados seus 40 anos de sacerdócio. A festa aconteceu em torno do altar, mas ultrapassou as quatro linhas da Paróquia Nossa Senhora das Dores, na zona norte, onde é pároco desde 2006. Gente que marcou toda a caminhada de vida e de pastoral do padre Cido marcou presença na missa: a família mineira, membros das comunidades por onde passou, e profissionais dos meios de comunicação da Arquidiocese, onde atua ainda hoje. “Que alegria ver aqui tantos rostos de amigos e conhecidos que me ajudaram a viver esses 40 anos de sacerdócio”, disse o aniversariante que iniciou sua vida sacerdotal na Paróquia São João Evangelista, na Casa
Verde. De lá, partiu em agosto de 1972 para a Paróquia São Francisco de Paula e São Benedito, no Parque Peruche. A missa foi concelebrada por amigos padres, entre eles padre Hevérton Aparecido Ferreira, o padre Estevão. “Gostaria de dizer que é um privilégio conviver com você, um homem de palavras sábias, ágeis e sempre carregadas de alegria”. A alegria de padre Cido também foi destacada na homilia de padre Maurício Luchini, pároco na Paróquia São Luiz Gonzaga, na Vila Santa Maria. Para as leituras e oração dos fiéis, foram escolhidas respectivamente Cidinha Fernandes, apresentadora da 9 de julho, Elvira Freitas, chefe de redação do O SÃO PAULO e Izilda Aparecida Pereira, sua irmã, quem recebeu o primeiro pedaço de bolo, na festa que terminou com almoço e show do amigo: o cantor e compositor Silvio Brito, no salão paroquial. Padre Cido é mineiro de Carmo do Rio Claro, no sul de Minas Gerais. Nasceu em 30 de setembro de 1943; em 1956, Luciney Martins/O SÃO PAULO
Parentes e amigos acolhem padre Cido em missa de Ação de Graças
foi admitido no Seminário Menor Metropolitano de Aparecida; de 1959 a 1964, estudou no Seminário Metropolitano de São Roque. Em 1964, iniciou seus estudos de filosofia e teologia no Seminário Central do Ipiranga, revalidando seu currículo filosófico na Faculdade de Mogi das Cruzes (SP). De 1980 a 1982, a pedido de dom Paulo Evaristo Arns, então arcebispo metropolitano, padre Cido estuda em Roma, na Itália, no Centro Internacional para Estudo da Opinião Pública. De lá, voltou para o Brasil e iniciou seus estudos em jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, formando-se em 1985. Em 1982, padre Cido iniciou suas atividades no O SÃO PAULO, assumindo a direção do semanário em 2000. Em 1990, chega à 9 de julho, inicia o programa “Construindo Cidadania”, espaço de debate e denúncia de problemas sociais, políticos e direitos humanos, e depois o “Bom dia Povo de Deus”. Em 1991, assume a Paróquia do Menino Jesus, no Tucuruvi, permanecendo lá por 15 anos. Em 2010, é nomeado por dom Odilo Scherer, arcebispo metropolitano, vigário episcopal para a Pastoral da Comunicação, e em setembro recebe o título de cidadão paulistano da Câmara Municipal de São Paulo por sua atuação na cidade. O carinho do povo parece ser outro prêmio. “Desejo que o padre Cido tenha muita saúde, e dou parabéns por ele nunca ter deixado de ser padre. Ele, o meu padrinho, é alegre, é do jeito que eu gosto”, disse a afilhada Lívia Paula Leandra, 10 anos.
DANIEL GOMES REPORTAGEM NA ZONA LESTE
por dom José Maria Saracho, bispo emérito de Presidente Prudente e que foi auxiliar em São Miguel Paulista. “Se tivesse que falar das virtudes de dom Fernando, eu falaria que nosso irmão bispo foi sempre para nós um homem acolhedor, como foi Cristo. Um homem que deixou tudo pelo amor à Igreja. Um bispo devoto de Maria, um sacerdote irmão de todos os padres. Um homem que soube a todos momentos dialogar e mostrou sua dignidade”, apontou dom José, um dos concelebrantes da missa, assim como o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, dom Edmar Peron e dom Tarcísio Scaramussa, bispos auxiliares na Arquidiocese, e dom Manuel Parrado Carral, bispo de São Miguel Paulista. Após a comunhão, o bispo devoto de Maria recebeu pelas mãos de parentes a imagem de Nossa Senhora Aparecida e acolheu uma mensagem de agradecimento do clero da diocese e de dom Manuel. Como
presidente do Regional Sul 1 da CNBB, dom Odilo também saudou o aniversariante: “Dom Fernando, o senhor é um bispo legal”, brincou, complementando, “eu admiro o senhor pela sua serenidade, a sua calma em proceder diante das situações mais difíceis, admiro a sua confiança em Deus e em Nossa Senhora, e o seu serviço inteiramente doado ao povo de Deus”, manifestou o cardeal ao bispo que atualmente é referencial da Campanha da Fraternidade e do Ensino Religioso no regional. Ao final das homenagens, dom Fernando agradeceu o carinho recebido e deixou uma mensagem aos padres. “O grande ideal da minha vida foi a promoção e a formação de padres. Vocês são a nossa alegria e a gente fica feliz quando vocês estão se empenhando, às vezes com dificuldade, com luta, mas com muita vontade e amor à Igreja, à diocese”. No período em que esteve a frente da diocese, dom Fernando ordenou 70 padres e implantou três seminários.
A Diocese de São Miguel Paulista uniu-se em ação de graças no sábado, dia 17, pelos 80 anos de vida de dom Fernando Legal, bispo emérito diocesano, que festejou a data com missa por ele presidida no Santuário Eucarístico Nossa Senhora da Penha, na zona leste de São Paulo. “Uma palavra de referência para essa celebração é a palavra gratidão. Gratidão por tudo aquilo que sou e tenho, que é fruto da misericórdia e do amor de Deus. Agradeço a Deus por tudo que aconteceu de bom nesses 80 anos, a começar pela minha família, meus pais, de quem Deus se serviu para me colocar neste mundo. Depois, a todas as pessoas que fizeram parte da minha vida e da minha caminhada, sobretudo àqueles que me prepararam para o sacerdócio”, disse o aniversariante à reportagem do O SÃO PAULO. Paulistano, dom Fernando já dedicou 52 dos 80 anos vividos ao serviço da Igreja, uma vocação que segundo Luiz Luciney Martins/O SÃO PAULO Gonzaga Leal, seu irmão, começou antes mesmo de ser catequizado. “Ele de pequeno, lá em casa, brincava de fazer procissão com andor e eu e meu irmão íamos acompanhá-lo, isso bem antes de ele ter feito Catequese”, recorda-se. O empenho de dom Fernando à Igreja, especialmente no período em que esteve à frente da Diocese de São Miguel Paulista, entre 1989 e 2008 (antes foi bispo nas dioceses de Itapeva e Limeira), e sua devoção a Nossa Senhora foram destacados, na homilia, Dom Fernando Legal recebe imagem de Nossa Senhora Aparecida
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B1
Definida data da Jornada Mundial da Juventude 2013
Geral
O Pontifício Conselho para os Leigos anunciou na terça-feira, 13, que a Jornada Mundial da Juventude Rio-2013 será realizada de 23 e 28 de julho daquele ano, quando também é esperada a visita do papa Bento 16 ao evento. Ainda na última semana, foi anunciada a aprovação da logomarca do jornada, que será divulgada oportunamente.
DESTAQUE
PASTORAL
Com Maria, Igreja gesta Jesus Cristo Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto é referência na capital em evangelização de grávidas e puérperas Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
ELVIRA FREITAS REPORTAGEM NA ZONA LESTE
“Fizeste em mim ‘Grandes Coisas’/ como outrora em Maria de Nazaré./ Um filho irá nascer,/ do amor entre mim e meu marido./ Estou aqui, diante do presépio do Menino Jesus/ Para sentir o que Maria sentiu na santa noite de Natal...”. Assim começa a oração a Nossa Senhora do Bom Parto que dezenas de grávidas rezam todo mês, no dia 25, quando vão até sua igreja, localizada na rua Azevedo Soares, esquina com a rua Serra do Japi, no Tatuapé, zona leste da capital. Entra mês e sai mês, às 15h, a igreja fica cheia de devotas, que vão para a bênção das gestantes e puérperas. A tradição dura desde que foi erigida canonicamente a paróquia, em 1925. Tradição que levou a paróquia a publicar um livro com a novena para as grávidas, contendo ainda orações e orientações práticas: “Gravidez orante” é o título, e foi organizado por cônego César Gobbo, quando ainda era pároco da Bom Parto. E não poderia ser diferente, principalmente se tratando de gestantes católicas. São mulheres que desde o início da gravidez começam a pedir as bênçãos de Nossa Senhora
Nossa Senhora do Bom Parto, que está à esquerda do altar mor
do Bom Parto. “Minha mãe teve seis filhos e para cada um ela vinha pedir as bênçãos de Nossa Senhora. Hoje ela está com 90 anos. Eu estou com 64 e também vinha para receber a bênção. É a devoção que passa de mãe para filha. A tradição traz também mulheres que acabam de dar à luz e seus bebês. Vem gente de outros bairros e até de outras cidades”, conta Neide Macedo Casagrande, paroquiana de carteirinha, que arregaça as mangas e leva toda a família para a linha de frente, como o marido, José Antônio Casagrande. Numa paróquia como essa, cuja padroeira é aquela que dá à luz exatamente ao Menino Deus, as novenas em preparação do Natal também são motivo de encontro de famílias. Tanto que, este ano, foram feitos 800 livrinhos de orientação para os encontros e quase não deu. São cerca de 60 grupos, tendo cada um sua imagem de Nossa Senhora do Bom Parto. No primeiro dia da novena, realizado na igreja, as imagens foram abençoadas pelo pároco, padre Tarcísio Marques Mesquita, – à frente da paróquia desde julho de 2010 (na primeira gestão, foi de 1994 a 1997). As imagens percorrem as casas da região. No encerramento, nove se-
manas depois, às vésperas do Natal, elas retornarão à igreja. Ou seja, são pelo menos 60 famílias visitadas. Existe maneira mais eficaz de evangelizar do que levando a Mãe de Jesus, primeira discípula, até as famílias? Outra característica da paróquia é ter uma equipe de quase 30 leigas encarregadas de preparar o enxoval para as mães carentes. Elas promovem bingos e eventos para arrecadar recursos, destinados à compra das peças com as quais montam os enxovais. Em função disso, a paróquia só poderia ser destaque também em batizados. São cerca de 500 por ano, o que dá uma média de 40 batizados por mês. E com tanta criança para batizar, a paróquia investe em Catequese. Catequese de Batismo, de Primeira Eucaristia, de Crisma, Perseverança e até Catequese com adultos. Darcy Paz Marins, paroquiana há mais de 60 anos, enche o peito de orgulho para falar da Catequese. Ela começou na Cruzada Infantil, passou pelo grupo das Filhas de Maria e hoje coordena a Catequese que evangeliza também as crianças do Lar Sírio, abrigo de crianças carentes e abandonadas e aquelas que,
por algum motivo, foram separadas das famílias pelo Juizado de Menores. Tendo um foco grande na assistência social, a Nossa Senhora do Bom Parto foi responsável pela vinda ao mundo de um projeto que fez a diferença no bairro: o Lar Mãe do Divino Amor, criado por dom Luciano Mendes de Almeida, quando era bispo auxiliar de São Paulo na Região Belém. Quem relembra essa história é Joaquim Prata Carvalho e sua esposa, Fátima de Carvalho, ela voluntária no lar. Eles contam que o lar nasceu com seis crianças que estavam na Febem (hoje Fundação Casa). “Dom Luciano pediu que a igreja as assistisse. Com o tempo, o número de crianças foi aumentando e a prefeitura acabou doando o terreno onde foi construído o abrigo. Hoje, o abrigo está dividido em duas unidades, uma para meninas e outras para meninos [já adultos] com necessidades especiais. As duas unidades têm atendimento médico, psicológico, terapia ocupacional, fonoaudiólogos, fisioterapia e tudo mais que os abrigados necessitam”, conta Joaquim. O lar, que não está mais sob a responsabilidade da igreja, fica na rua Francisco Zicardi, 420, no Tatuapé.
Leigos da paróquia, ao lado de padre Tarcísio (centro), contam a história da Bom Parto, escrita pelas mãos dos sacerdotes e do povo
A história continua a ser escrita pelas mãos do povo DA REPORTAGEM
A Paróquia Nossa Senhora do Bom Parto iniciou-se com uma comunidade portuguesa, que depois se aliou a uma comunidade italiana, sendo uma das mais tradicionais de São Paulo, porque ia até São Miguel Paulista e abrangia todo o território da região. Sua ação pastoral foi vinculada à ONG do mesmo nome, que hoje tem sede junto à Cúria Regional do Belém. Muitas décadas atrás, no largo onde hoje está a igreja, existia uma entidade de assistência social chamada Nossa Senhora do Bom Parto, que já atendia a milhares de crianças carentes da zona
leste, em diversas iniciativas. “Quando dom Luciano [Mendes de Almeida] iniciou a Pastoral do Menor, ele viu que tinha essa entidade, naquela época meio inativa, e aproveitou toda a estrutura jurídica que já havia para reorganizá-la com o nome de Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, ou seja, o trabalho pioneiro do centro social se originou na paróquia”, conta padre Tarcísio. Como se vê, a Nossa Senhora do Bom Parto é uma comunidade de cristãos conscientes das necessidades dessa imensa cidade que é São Paulo. “Somos uma comunidade onde as pessoas se encontram, se respeitam,
se unem, se estabilizam e vencem o individualismo e barreiras de preconceitos, nos mais diversos ambientes, sejam familiares ou de trabalho. Em todas essas áreas, os leigos e leigas vão evangelizando”, destaca o pároco. E é um batalhão de evangelizadores atuando numa área imensa. O território paroquial reúne aproximadamente 60 mil pessoas, com fiéis cativos na faixa dos 3 mil participando das celebrações. Localizada no coração do Tatuapé, bairro que passa constantemente por transformações, sobretudo imobiliárias, a paróquia não apenas é referência, mas sofre também
as consequências da explosão populacional e de infraestrutura. A igreja, por exemplo, construída há 60 anos, foi projetada para o público daquela época. Hoje, o bairro passa por um ‘boom’ imobiliário, com condomínios de alto luxo. Pior: a igreja sofre a concorrência dos muitos shoppings centers, principalmente na briga pelos jovens. O grande desafio da paróquia, a ponto de ela ter definido como meta para 2012, em sua assembleia paroquial, é a evangelização da juventude. Por isso também, a paróquia está reformulando seu site e pretende recorrer às redes sociais (Orkut, Twitter, Facebook e outras). A Nossa Senho-
ra do Bom Parto até participou, junto com a região, do mapeamento do bairro, para identificar a situação dos jovens. É uma paróquia que tem por vocação ajudar paróquias. No projeto ‘Igrejas Irmãs’ – de ajuda a outras igrejas em São Paulo ou fora do Estado –, a Bom Parto é a que mais contribui financeiramente. Mas, antes de ajudar paróquias, ela quer ajudar o povo, pessoas com necessidades urgentes. “Qualquer apelo aqui é respondido positivamente e prontamente pelo povo. Se a gente fala que ‘o Haiti está precisando de dinheiro, a conta da Cáritas é tal’, pode ter certeza de que muita gente
vai depositar. Qualquer campanha que se faça, o pessoal se mobiliza para ajudar. Esse senso de solidariedade é muito forte aqui”, elogia padre Tarcísio. Por tudo que foi escrito aqui, dá para perceber que a história da paróquia não começou em 1908, com a construção da Capela Nossa Senhora do Parto, no largo, em frente ao templo atual, e parou nisso. Não. Ela continua sendo construída dia a dia por mãos visíveis e outras anônimas, comprovando o que deve ser uma paróquia: ‘comunidade de comunidades’. E muito mais: ‘Que Deus habita esta cidade’. (EF)
B2
RETROSPECTIVA 2011
O SÃO PAULO 20 de dezembro de 2011 a 3 de janeiro de 2012
JANEIRO
01 – Posse da presidente Dilma Rousseff e de governadores; 04 – Dom João Braz de Aviz, então arcebispo de Brasília, é nomeado pelo papa Bento 16, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica; 05 – O cardeal dom Odilo Pedro Scherer é nomeado pelo papa membro do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização; 11 – Início das chuvas que assolaram a Região Serrana do Rio de Janeiro; moradores contam com a solidariedade das dioceses de Petrópolis e Nova Friburgo e de toda a Igreja, com doações da Cáritas Brasileira; 19 – O arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, deixa hospital após internação de 19 dias para tratamento e retirada da vesícula; 23 – Elevação da Comunidade Santo Expedito a Paróquia São Paulo Apóstolo, na Região Santana; 25 – No aniversário de 457 anos da cidade, paulistanos festejam patrono São Paulo Apóstolo com missa na Catedral da Sé.
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DEZEMBRO
NOVEMBRO
OUTUBRO
02 – Governo do Estado, prefeitura municipal e Arquidiocese de São Paulo se unem para promover Natal Iluminado. Luzes são acesas na Catedral da Sé; 03 – Cônegos Martin Segú Girona, Celso Pedro e Laerte Vieira da Cunha celebram jubileu de ouro de ordenação sacerdotal; 07 – Fiéis, padres e bispos celebram com arcebispo metropolitano, cardeal Odilo Scherer, seus 35 anos de ordenação sacerdotal; 10 – Missa encerra comemoraçõesdos 100 anos de criação da Paróquia Nossa Senhora da Lapa; 10 – Comunidade Aliança de Misericórdia ordena dois padres e dois diáconos para o serviço da Igreja em São Paulo.
06 – Dia Nacional da Juventude reúne 400 jovens em oficinas temáticas, para refletir sobre relações de vida e mulher; 08 – Lançados em São Paulo projetos inéditos que acolhem mulheres que abortaram e que trabalham para impedir que outras cometam o aborto; 16 – Pastoral do Povo da Rua denuncia à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Câmara Municipal agressões da GCM; 18 – 220 novos conselheiros tutelares tomam posse; 26 deles tiveram o apoio da Arquidiocese; 20 – Dia do Leigo é comemorado com missa na Catedral da Sé de São Paulo e avaliação sobre Congresso de Leigos, dia 16; 24 – Abadia de Santa Maria, primeiro mosteiro beneditino a acolher mulheres na América Latina, completa 100 anos. 23 – Dom Joaquim Justino Carreira, bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal da Região Santana, é nomeado pelo papa Bento 16 para a Diocese de Guarulhos; 27 – Ação Adveniat, entidade que reúne o episcopado da Alemanha e que ajuda Igrejas no mundo, celebra 50 anos de ajuda ao Brasil, em missa em favela da Brasilândia.
04 – Arcebispo de São Paulo visita aldeias indígenas no sul da Bahia e abençoa capela dedicada a Nossa Senhora Aparecida e construída por paróquias da Arquidiocese; 04 – Congregações fazem encontro para abrir mês missionário em São Paulo; 05 – Capital da Bahia reúne entidades religiosas em Simpósio Teológico Internacional, para debater valor da família; 11 – Pastoral da Juventude leva 100 jovens à Brasilândia, na 1ª Missão Jovem Arquidiocesana.
B3
SETEMBRO
03 – Pastoral da Saúde faz congresso nacional e reúne 800 pessoas em São Paulo, nos dias 3 e 4 de setembro, para discutir Sistema Único de Saúde (SUS); 03 – Arquidiocese de São Paulo sedia Congresso de Educação Católica para discutir missão do educador; 18 – Símbolos da Jornada Mundial da Juventude chegam a São Paulo e jovens lotam Campo de Marte para recebê-los; 27 – Cruz e Ícone de Nossa Senhora peregrinam pelo Estado de São Paulo com acompanhamento maciço de jovens.
Retrospectiva por quê? Para quê? Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
FEVEREIRO
12 – Dom João Mamede Filho, ex-bispo auxiliar na Arquidiocese de São Paulo, toma posse como bispo da Diocese de Umuarama (PR); 15 – Cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, lança sua 1ª Carta Pastoral, “Paróquia, torna-te o que tu és”, que trata do destaque pastoral para o biênio 2011/2012 “Paróquia: Comunidade de Comunidades”; 26 – Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo elege nova diretoria, tendo como presidente Antonio Funari Filho.
MARÇO
É bom rever a caminhada pastoral da Igreja, registrada fielmente pelo nosso jornal O SÃO PAULO. E é o que fazemos nesta última edição do ano de 2011. A retrospectiva do que aconteceu e do que foi mostrado e comentado em texto e em fotos prova a vitalidade da Igreja e a sua fidelidade em viver o “ide e evangelizai” que Jesus deixou à Igreja como missão e razão de ser para sua existência. Para nós, da equipe de redação e de administração do jornal, a retrospectiva nos permite avaliar o trabalho feito, a fidelidade com que foi feito e se atingimos o objetivo do jornal de ser o espelho da vida pastoral da Igreja em São Paulo. Para os leitores, poucos ainda, mas fiéis, exigentes às vezes, às vezes nem tanto como gostaríamos, há a possibilidade de repassar mês a mês o ano que termina, para redescobrir nele a riqueza de sua Igreja, presente no mundo, na América Latina, no Brasil e na cidade de São Paulo, impregnando a vida pessoal e as estruturas, com o fermento do Evangelho de Jesus. Para aqueles que ainda não perceberam a riqueza do jornal da sua Igreja em São Paulo em cujas mãos, de repente, cair esta edição, esta retrospectiva quem sabe poderá abrir-lhes o coração a fazer de O SÃO PAULO o seu ponto de encontro com a sua Igreja, e a fazer da leitura dele, uma saborosa e rica experiência de fé, esperança e amor fraterno. Prezados irmãos bispos, padres, diáconos, seminaristas, religiosos, agentes de pastoral, irmãos e irmãs leigos, voltemos com um olhar atento, quem sabe até saudoso, para o ano que termina. Avaliemos a vida da Igreja. E como a Igreja somos nós, pensemos o que se fez, o que se disse, o anúncio feito, a fé vivida, a esperança que tudo iluminou, o amor que impregnou tudo, e disponhamo-nos a colocar mais fé, mais esperança, mais amor no ano que vai começar. Em tudo, em 2012, estará conosco, como esteve em 2011, como esteve sempre, o Senhor Jesus, aquele que é caminho, verdade e vida para o mundo, para a humanidade, para cada pessoa.
AGOSTO
1º - Clero de São Paulo participa de curso de aprofundamento Teológico pastoral, em Itaici (SP); 6 – Dom Sérgio Rocha toma posse em Brasília; 13 – Pastoral da Saúde realiza Encontro Arquidiocesano sobre “SUS, torna-te o que tu és”; 18 – Vicariato do Povo da Rua realiza ato em memória de massacres em São Paulo; 20 – Pastoral Familiar realiza congresso nacional em Belo Horizonte; 21 – Jornada Mundial da Juventude em Madri; Brasil é escolhido como sede para a edição de 2013; 23 – PUC-SP celebra 65 anos de história; 27 – Arte e Luz na Rua comemora 10 anos de ação com moradores em situação de rua; 28 – Morre dom Bruno Gamberine, arcebispo de Campinas; 28 – Viaduto em São Paulo recebe nome de dom Luciano de Almeida, ex-bispo auxiliar de SP e arcebispo emérito de Mariana (MG).
JULHO ABRIL
09 – Início da Quaresma e abertura da Campanha da Fraternidade 2011 com o tema “Fraternidade e a Vida no Planeta” e lema “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22); 11 – Tsunami atinge Japão, provoca explosões na usina nuclear de Fukushima, e causa pior estrago no país desde a 2º Guerra Mundial; 12 – Cáritas Arquidiocesana elege nova diretoria, tendo como diretor padre Marcelo Matias Monge; 13 – Monsenhor Antonio Trivinho festeja 100 anos de vida; 19 – Instalação do Seminário Missionário Arquidiocesano Internacional Redemptoris Mater “São Paulo Apóstolo”, destinado a formar padres missionários; 19 – Reabertura da sede própria do Seminário Propedêutico I, Santo Antônio de Sant´Ana Galvão, na zona leste de São Paulo; 20 – Delegados do Congresso de Leigos definem junto a agentes de pastoral, lideranças de entidades e associações projetos de ação missionária em SP, a partir das propostas apresentadas em 2010; 25 – Dom Murilo Krieger, ex-arcebispo de Florianópolis, assume como primaz do Brasil a Arquidiocese de São Salvador da Bahia, em lugar de dom Geraldo Majella Agnelo; 29 – Morre em São Paulo, aos 79 anos, José Alencar Gomes da Silva, exvice-presidente do Brasil (2003-2010), em decorrência de câncer; 29 – Arcebispos de São Paulo e do Rio de Janeiro, dom Odilo Pedro Scherer e dom Orani Tempesta, e seus auxiliares, reúnem-se em São Paulo para falar do trabalho pastoral nas duas metrópoles.
15 – Via Sacra da Pastoral do Menor leva 2,5 mil pessoas a caminhar pelas ruas de São Paulo refletindo sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2011; 16 – Papa Bento 16 comemora 84 anos de idade e completa seis anos de pontificado, dia 19; 22 – Na Sexta-Feira Santa, Vicariato da Pastoral do Povo da Rua realiza via sacra no centro da capital, com a participação de 300 pessoas; Data também foi marcada por encenações teatrais sobre a Paixão de Cristo em diversas paróquias da Arquidiocese; 24 – Páscoa, Domingo da Ressureição de Jesus Cristo, com missas presididas na Catedral da Sé pelos cardeais dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo, e dom Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo.
MAIO
1º – Papa João Paulo 2º é beatificado; 1º – 110º Romaria Arquidiocesana para o Santuário Nacional de Aparecida; 1º – Dom Angélico Sândalo Bernadino, bispo emérito de Blumenau, preside missa do trabalhador na Catedral da Sé; 13 – Dom Raymundo Damasceno é eleito presidente da CNBB; 13 – Dom Julio Akamine é nomeado bispo auxiliar de São Paulo; 13 - 49º Assembleia Geral da CNBB cria Comissão Episcopal para a Comunicação e para a Juventude; 14 – José Geraldo Furlan e Moisés da Silva são ordenados diáconos permanentes para a Arquidiocese de São Paulo; 15 – Depois de 40 anos como diácono permanente, Aury Maria Brunetti é ordenado padre; 22 – Irmã Dulce é beatificada em Salvador (BA).
JUNHO
4 – Arquidiocese realiza 1º Seminário da Caridade, Justiça e Paz; 9 – Dom Odilo Scherer é eleito presidente do Regional Sul 1; 12 - Pentecostes reúne 2 mil jovens na Sé; 14 – Processos da ditadura militar são repatriados e dom Paulo Evaristo Arns recebe homenagens; 23 – Pastoral Operária realiza Assembleia Nacional em São Paulo; 29 – Papa Bento 16 celebra 60 anos de sacerdócio.
1 a 3 - Pastorais Sociais do Regional Sul 1 debatem mudanças climáticas; 1 a 10 – Seminaristas da Arquidiocese realizam missão pela cidade; 7 – CNBB lança em São Paulo, texto base da CF-2012, com o tema Saúde Pública; 9 – Região Episcopal Lapa acolhe dom Julio Akamine; 9 – Arquidiocese inaugura novo website; 10 – 50 mil pessoas visitam a ExpoCatólica; 10 – Cenáculo da RCC leva 7 mil pessoas à Sé; 12 a 16 – 1º Seminário de Comunicação para Bispos do Brasil, no Rio de Janeiro (RJ); 17 – 5 mil pessoas participam da Romaria dos Mártires, na Prelazia de São Felix do Araguaia (MT); 17 a 22 - Padre José Renato Ferreira, diretor da rádio 9 de julho recebe prêmio “Microfone de Prata”, durante 7º Mutirão Brasileiro de Comunicação, no Rio de Janeiro.
B4
O SÃO PAULO 20 de dezembro de 2011 a 3 de janeiro de 2012
www.arquidiocesedesaopaulo.org.br
Papa Bento 16 visita complexo penitenciário em Roma
Geral Thalita Kum 2011 contempla 70 mil No domingo, dia 18, o papa Bento 16 visitou o Complexo Penitenciário de Rebibbia, na periferia de Roma. “Estou emocionado por essa amizade que sinto de todos vocês”, disse o sumo pontífice ao responder à pergunta de um detento. Cerca de 300 pessoas, entre detentos e funcionários, participaram do encontro na capela da penitenciária.
Missão da Aliança de Misericórdia leva Jesus aos presídios de São Paulo, aos moradores de rua e à Cracolândia Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
ELVIRA FREITAS REPORTAGEM NA ZONA OESTE E CENTRO
A Missão Thalita Kum de 2011, da Aliança de Misericórdia, tem balanço positivo e otimista de realizações. O evento, que começou dia 12, consta de missas em presídios, junto aos moradores de rua, na Cracolândia, e de mutirões de confissões nas ruas e em albergues, terminou no domingo, dia 18, com celebração eucarística na Catedral da Sé, às 16h, presidida pelo arcebispo metropolitano, cardeal dom Odilo Pedro Scherer. Após a missa, houve show com o DJ Cris, da Cristoteca, com o cantor Gil Monteiro e a Banda Arkanjos. Na homilia, dom Odilo destacou que o tempo de Natal é muito oportuno para se fazer missão, para se levar o anúncio da Boa Nova a todos. “Nesta missão Thalita Kum vocês fizeram isso. Agradeço a Deus e peço que a semente que vocês plantaram possa produzir muitos frutos, mesmo nos lugares onde Deus não é acolhido, ali ele também está”. De acordo com o arcebispo, aproximando-se do Natal, tempo do anúncio do anjo a Nossa Senhora, anúncio que Deus fez tantas vezes através dos profetas, a Missão Thalita Kum esteve de fato falando deste anúncio. “A missão da Igreja é revelar ao mundo o amor de Deus, o grande mistério do amor de Deus que se
Missão Thalita Kum 2011 celebra com detentos em presídios, com povo de rua, com crianças e promove adoração ao Santíssimo, de 12 a 18/12
manifestou em Jesus Cristo e que fala hoje a liturgia na carta de São Paulo. Esse mistério do Deus que se manifestou e que foi anunciada e acolhida não como palavras de Paulo, mas como palavras de Jesus Cristo. Esse mistério de Deus que nos encontra e que tantas pessoas desconhecem, nunca experimentaram, e às vezes
pensam até que é inimigo do homem”, disse. Dentro da Missão Thalita Kum, 30 detentos que estão no programa da Justiça Restaurativa participaram da missa no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros (CDP II), no dia 15, às 15h. A missa foi presidida pelo bispo auxiliar de São Paulo e vigário
Hospital de São Mateus celebra o Natal
episcopal na Região Lapa, dom Julio Endi Akamine, e concelebrada pelos padres Valdir João Silveira, assessor da Pastoral Carcerária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e Jorge Rocha Pierozan, assessor da Pastoral dos Nômades da CNBB. A Aliança de Misericórdia visita desde 2006 o CDP II, a Peni-
tenciária Feminina de Santana (PFS) e a Penitenciária Feminina da Capital (PFC) desde 2008, por aproximadamente 20 missionários, nos finais de semana. A missão nos presídios está sob a responsabilidade de Lucas Rechembak Zelli, coordenador da Pastoral Carcerária da Região Episcopal Sé, e de Eliana Rocha,
coordenadora da pastoral da Região Santana e secretária executiva estadual da Pastoral Carcerária. Participaram também da celebração 11 missionários da Missão Thalita Kum e 13 funcionários do CDP II, entre os quais o diretor da unidade, Guilherme Silveira Rodrigues. Ele destacou o trabalho que os missionários fazem nos presídios. “Estou aqui há 1 ano e 9 meses e já se percebe os benefícios dessas visitas. Estamos conseguindo desmistificar a unidade, que era tida como problemática; hoje temos disciplina e até a colaboração de muitos detentos”, disse. O CDP II, também conhecido como Cadeião de Pinheiros, tem capacidade para 512 presos, mas abriga atualmente 1.200. Na homilia, dom Julio abordou a situação de encarceramento em que vivem tantas pessoas, mas deixou uma mensagem de otimismo para todos, prometendo rezar por eles, principalmente neste Natal. “Nós podemos viver fora das prisões, mas viver numa prisão muito mais séria, que é a prisão interior; nós podemos ser libertados das prisões, mas se não formos libertados dos pecados não teremos a verdadeira liberdade. Que neste Natal vocês recebam de presente o próprio Jesus”, desejou dom Julio. (Colaborou Paula Leme)
Dom Odilo abençoa imagens de presépios Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO
KARLA MARIA REPORTAGEM NA ZONA LESTE
“É tempo de levar a boa nova, a mensagem de esperança, e vocês todos levem para suas casas, levem o sinal de alegria, isso é viver realmente o Natal”, disse dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, ao celebrar o Natal no Hospital Geral de São Mateus, dia 15, na zona leste. Dom Odilo, acompanhado por diversos padres da Região Episcopal Belém, inclusive de padre Luiz Fernando de
Oliveira, responsável pela capelania do hospital, falava aos pacientes, funcionários, médicos, enfermeiros, cuidadores, voluntários e membros da capelania do hospital. O cardeal destacou a necessidade de recuperar o sentido cristão do Natal nos presídios, em escolas, empresas e nos hospitais. “Estamos aqui reunidos e precisamos fazer a nossa parte, que é parte da evangelização, que não se perca a referência a Jesus”. Para a diretora técnica do Hospital São Mateus, a médica Maridite Oliveira, celebrar Luciney Martins/O SÃO PAULO
Dom Odilo abençoa funcionários do Hospital Geral de São Mateus
o Natal no hospital resgata seu verdadeiro sentido. “É significativo que no final do ano, recebamos o bispo e toda a comunidade católica, isso é muito importante porque dissemina, dentro do hospital, o significado verdadeiro do Natal, que muitas vezes fica apenas com o tom comercial”, disse a médica, destacando o trabalho da capelania que é ecumênica. Dona Maria Diogo Mendes, é uma dos cerca de 30 agentes da capelania católica e afirma que o espírito de Natal no hospital, acontece diariamente. “No Natal, as pessoas lembram do presente, mas aqui o importante é a presença e estamos junto com eles [doentes e funcionários], pelo menos duas vezes por semana”. De fato, no hospital é Natal todo dia, cerca de 10 crianças nascem diariamente. Fundado em 1991, o hospital possui um Centro de Parto Normal, referência na cidade no que diz respeito ao parto humanizado, que tem sido estimulado pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS). No Brasil, 32,4%, dos partos são cesarianas, no Estado de São Paulo, 48%. A OPAS aponta que 20% é a porcentagem aceitável. Em sua publicação “Parto Normal ou Cesária”, a bióloga Ana Cristina Duarte acredita que os números são resultado de uma questão cultural e econômica. “Os médicos ganham pouco com o parto normal, e o procedimento pode levar 12 horas”.
Em frente ao presbitério, dom Odilo abençoa imagens do Menino Jesus de fiéis adultos e crianças
DANIEL GOMES REPORTAGEM NO CENTRO
Fabíola Santos participa regularmente das missas na Catedral da Sé. No domingo, dia 18, teve um motivo a mais para ir à celebração eucarística, pois o cardeal dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, abençoou as imagens do Menino Jesus que serão colocadas em presépios no Natal, entre as quais a que foi levada por Letícia, 2 anos, filha de Fabíola. “A partir do nascimento da Letícia, começamos a montar o presépio e a árvore de Natal todos os anos. Ela participa da montagem e já sabe quem é o papai do céu e conversa com ele nas orações”, contou Fabíola a O SÃO PAULO. Assim como Fabíola, dezenas de fiéis foram à catedral com imagens do Menino Jesus
e as crianças que não levaram imagens receberam uma de presente do cardeal. “Se as crianças aprendem a fazer o presépio, o significado cristão do Natal vai para frente e é o que queremos alcançar novamente para que as elas aprendam que quem está no centro da festa do Natal é Jesus que nasceu. Por isso, nós celebramos o Natal com festa, com alegria, em homenagem a ele, recordando o mistério grande do amor de Deus que nele se manifestou”, disse dom Odilo após proferir a oração em que abençoou as imagens, a qual esclarecia que Deus não reprova as esculturas nem pinturas de santos ou as representações de Jesus. O arcebispo de São Paulo afirmou, na homilia, que a Liturgia do 4º Domingo do Advento aponta à proximidade do Natal, cujo centro é “o mistério da encarnação do verbo de
Deus que se faz carne e vem habitar no meio de nós”; nas orações dos fiéis, lembrou das iniciativas de preparação Natal, tais como as visitas a hospitais, presídios e casas; e após a comunhão, destacou que esta semana de preparação do Natal é um momento de silêncio e oração pessoal e também de confissões, para aqueles que ainda não se confessaram. Cícera Maria de Oliveira, leiga atuante no Apostolado da Oração na Região Brasilândia, há tempos vivencia intensamente a preparação do Natal, quando também monta presépios junto a seus sobrinhos-netos. Ela elogiou a iniciativa da benção das imagens do Menino Jesus. “Essa ideia foi ótima porque está encaminhando as crianças na fé. Muitas não vão à Igreja e é bom dar essa orientação para as crianças desde agora”, avaliou.