Continuum_1

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䘀 攀 瘀 攀 爀 攀 椀 爀 漀   ㈀ ㄀ 㜀


䔀   搀   椀   琀   漀   爀   椀   愀   氀 䌀 漀 渀 琀 椀 渀 甀 甀 洀     甀 洀愀   爀 攀 瘀 椀 猀 琀 愀   挀 爀  琀 椀 挀 愀   椀 渀 猀 攀 爀 椀 搀 愀   渀 愀   琀 攀 洀 琀 椀 挀 愀   瀀 爀 漀 最 爀 愀 洀 琀 椀 挀 愀   搀 漀   挀 甀 爀 猀 漀   搀 攀   䴀攀 猀 琀 爀 愀 搀 漀   攀 洀  䄀 爀 焀 甀 椀 琀 攀 琀 甀 爀 愀   倀 愀 椀 猀 愀 最 椀 猀 琀 愀   搀 愀   唀 渀 椀 瘀 攀 爀 猀 椀 搀 愀 搀 攀   搀 攀   준 瘀 漀 爀 愀 Ⰰ   挀 漀 渀 琀 攀 洀瀀 氀 愀 搀 愀   渀 愀   甀 渀 椀 搀 愀 搀 攀   挀 甀 爀 爀 椀 挀 甀 氀 愀 爀   搀 攀   䔀 猀 琀 甀 搀 漀 猀   嘀 椀 猀 甀 愀 椀 猀 ⸀   䔀 猀 琀 愀   ㄀ ꨀ   攀 搀 椀   漀   琀 攀 洀  挀 漀 洀漀   琀 攀 洀愀   ∀ 倀 愀 椀 猀 愀 ⴀ 最 攀 洀  攀   䘀 甀 渀   漀 ∀ Ⰰ   攀   挀 漀 洀漀   瀀 爀 椀 渀 挀 椀 瀀 愀 氀   漀 戀 樀 攀 琀 椀 瘀 漀   攀 渀 琀 攀 渀 搀 攀 爀   漀   瀀 漀 渀 琀 漀   瘀 椀 猀 琀 愀   挀 爀  琀 椀 挀 漀   搀 攀   甀 洀⼀ 愀   攀 猀 琀 甀 搀 愀 渀 琀 攀   搀 攀   愀 爀 焀 甀 椀 琀 攀 琀 甀 爀 愀   瀀 愀 椀 猀 愀 最 椀 猀 琀 愀   猀 漀 戀 爀 攀   搀 攀 琀 攀 爀 洀椀 渀 愀 搀 愀 猀   椀 渀 琀 攀 爀 瘀 攀 渀   攀 猀   渀 愀   瀀 愀 椀 猀 愀 最 攀 洀⸀   䄀 猀   椀 渀 琀 攀 爀 瘀 攀 渀   攀 猀   愀   焀 甀 攀   渀 漀 猀   爀 攀 昀 攀 爀 椀 洀漀 猀   渀  漀   琀  洀  甀 洀愀   攀 猀 挀 愀 氀 愀  砀 愀 Ⰰ   瀀 漀 搀 攀 渀 搀 漀   椀 爀   搀 攀 猀 搀 攀   漀   瀀 攀 焀 甀 攀 渀 漀   樀 愀 爀 搀 椀 洀  搀 攀    瀀 漀 挀 愀   ⠀ 匀 椀 氀 瘀 愀 Ⰰ   ㈀ ㄀ 㜀 Ⰰ   瀀 ⸀ 㔀 ⤀ Ⰰ   愀   甀 洀愀   洀愀 琀 愀 Ⰰ   挀 漀 洀漀      漀   攀 砀 攀 洀瀀 氀 漀   搀 漀 猀   䨀 愀 爀 搀 椀 渀 猀   搀 攀   刀 椀 挀 愀 爀 搀 漀   䈀 爀 攀 渀 渀 愀 渀 搀   漀 渀 搀 攀   漀   攀 搀 椀 昀  挀 椀 漀   瀀 爀 椀 渀 挀 椀 瀀 愀 氀      挀 椀 爀 挀 甀 渀 搀 愀 搀 漀   瀀 漀 爀   甀 洀愀   洀愀 猀 猀 愀   愀 爀 戀  爀 攀 愀   搀 攀   戀 攀 氀 攀 稀 愀   椀 渀 挀 漀 洀瀀 愀 爀  瘀 攀 氀   琀 爀 愀 稀 攀 渀 搀 漀 Ⰰ   愀 漀   渀 切 挀 氀 攀 漀   甀 爀 戀 愀 渀 漀   搀 愀   挀 椀 搀 愀 搀 攀 Ⰰ   甀 洀  愀 爀   戀 甀 挀  氀 椀 挀 漀   焀 甀 攀   琀 爀 愀 渀 猀 洀椀 琀 攀   挀 愀 氀 洀愀   攀   瀀 甀 爀 攀 稀 愀   ⠀ 匀 愀 渀 琀 漀 猀 Ⰰ   ㈀ ㄀ 㜀 Ⰰ   瀀 ⸀ ㄀ 㔀 ⤀   Ⰰ   挀 栀 攀 最 愀 渀 搀 漀   愀 琀       攀 猀 挀 愀 氀 愀   搀 攀   甀 洀愀   刀 攀 猀 攀 爀 瘀 愀   一 愀 ⴀ 琀 甀 爀 愀 氀   ⠀ 匀 漀 甀 猀 愀 Ⰰ   ㈀ ㄀ 㜀 Ⰰ   瀀 ⸀ ㄀ 㠀 ⤀ Ⰰ   攀 砀 瀀 漀 渀 搀 漀   琀 漀 搀 漀   漀   瀀 漀 琀 攀 渀 挀 椀 愀 氀   搀 愀   搀 椀 瘀 攀 爀 猀 椀 搀 愀 搀 攀   搀 愀 猀   瀀 愀 椀 猀 愀 最 攀 渀 猀 ⸀   䄀   䌀 漀 渀 瘀 攀 渀   漀   䔀 甀 爀 漀 瀀 攀 椀 愀   搀 愀   倀 愀 椀 猀 愀 最 攀 洀  爀 攀 昀 攀 爀 攀   焀 甀 攀   愀   瀀 愀 椀 猀 愀 最 攀 洀     漀   爀 攀 猀 甀 氀 琀 愀 搀 漀   搀 愀   愀   漀   搀 愀   瀀 攀 猀 猀 漀 愀   栀 甀 洀愀 渀 愀   猀 漀 戀 爀 攀   漀   愀 洀戀 椀 攀 渀 琀 攀 Ⰰ   甀 洀愀   椀 洀瀀 漀 爀 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O Jardim Histórico do Palácio dos Marqueses de Fronteira, uma Visão Paisagista Ana Sofia Silva

1665

Palácio, jardim de buxos, tanque dos Cavaleiros e jardim de Vénus com árvores de sombra: os ingredientes do jardim português. Fonte: Cartografia de Filipe Folque.

O Jardim Fronteira inspira-se nos temas clássicos do renascimento de modo a glorificar a cultura portuguesa. A história dos Jardins de Fronteira tem-se desenvolvido ao longo de cerca de trezentos e quarenta anos. Apesar da data inicial da sua construção não ser exata, considera-se que tenha ocorrido entre 1665 e 1669, a mando de D. João Mascarenhas, Conde da Torre. A sua conclusão está datada em 1674. Estes jardins, designados Jardins dos Vice-Reis, surgem com o propósito da glorificação da raça e cultura portuguesa, após as estadias e conquistas na Índia, e celebram a restauração de Portugal, face às invasões espanholas (Castel-Branco, 2008). Os Jardins de Fronteira, com cerca de seis hectares, estão inseridos na Quinta de Fronteira. Esta é constituída por um palácio, vários jardins, uma capela, uma mata de vegetação autóctone, um terreno de vinhas, horta e pomares. Ao contrário das outras quintas portuguesas, o Palácio Fronteira, envolveu dentro dos seus muros a única mata original de Monsanto.

O palácio e o parterre principal visto da Galeria dos Reis. Fonte: Autora.

O Traçado Primordial A zona de Benfica, devido à sua posição geológica, substrato basáltico, mostrou-se após o terramoto de 1755, um local mais seguro para viver, comparativamente à zona da Baixa, onde a família Mascarenhas tinha a sua residência oficial. Os Mascarenhas que já possuíam na zona de Benfica o seu pavilhão de caça, após o terramoto mudam-se para lá definitivamente e estabelecem aí a sua residência permanente até aos dias de hoje. A escolha de Benfica para a residência oficial da família Mascarenhas e, consequentemente, a opção da localização dos jardins, tornou-se mais apelativa não só devido à elevada fertilidade dos solos, mas também à natureza geológica das formações, que são representadas pelo complexo basáltico assente sobre um sistema sedimentar de pedra calcária, o que permite que 5


quando a água se infiltra fique aí reservada, criando nascentes naturais. Ou seja, num contexto da manutenção de um jardim mediterrâneo, a água é um elemento crucial para a sua durabilidade. A opção da localização desta ‘’villa suburbana’’ estabelece também um paralelo com a Roma clássica. Os antigos heróis da Roma Antiga, que tinham passado as suas vidas a defender o império, retiravam-se para os arredores das grandes cidades. O mesmo sucedeu com D. João Mascarenhas, que recebeu o título de Marquês de Fronteira do Rei, como recompensa pela sua bravura, liderança e dedicação à causa da restauração portuguesa. As diretrizes da construção deste palácio estão diretamente relacionadas com a restauração da monarquia portuguesa e com a relação de amizade entre D. João de Mascarenhas e o príncipe regente D. Pedro, irmão do Rei D. Afonso VI.

Parede da Galeria dos Reis vista do parterre. Fonte: Autora.

No jantar inaugural do palácio, que foi dedicado ao regente, sucedeu uma singularidade. Quando o banquete terminou, de forma a evitar que alguém utilizasse novamente a loiça onde o rei comera, as loiças foram atiradas pela janela. Esta porcelana oriunda da China e do Japão, ficou reduzida a cacos e serviu para decorar as fontes e as grutas dos jardins do palácio. A junção destes cacos de porcelana, mais vidros, conchas e pedras, em desenhos barrocos, cobrem as paredes e as abóbadas dos jardins e são designados de embrechados. O Jardim Fronteira expressa a aventura vivida pelos portugueses no período dos Descobrimentos, onde estão perpetuados nestes jardins as relações militares, científicas e comerciais feitas com o Oriente. Estes jardins são o produto da canonização das ligações de Portugal com o resto do mundo e representam a expressão artística mais duradoura do encontro de culturas, da abertura dos oceanos, do avanço das ciências náuticas e da epopeia dos portugueses. É o resultado da compilação de uma sucessão de estilos, onde o vocabulário clássico, a arte islâmica e o traçado Renascentistas foram entrelaçados criando um magnífico jardim português.

Casa do Fresco e Lago dos Ss com repuxos em funcionamento. Fonte: Autora.

Lago dos Ss, visto de cima com repuxos em funcionamento. Fonte: Autora.

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A zona exterior do Palácio dos Marqueses de Fronteira é constituída por três áreas: o parterre principal (este), ao gosto italiano; o Jardim de Vénus (sul), mais pequeno e moderno; e a oeste o Lago dos Ss e a Casa de Fresco. O parterre principal, com 65,30 m de comprimento por 57,50 m de largura, é composto por buxos em tabuleiros geométricos e assimétricos, que são o reflexo de verdadeiras esculturas de material vegetal, formando percursos, travessas e pequenos largos, com doze estátuas mitológicas e com tanques ortogonais. É constituído a norte e a poente por uma balaustrada de mármore e a sul e a nascente por paredes de azulejos, que formam doze quadrados, representando os doze meses do ano. A meio deste jardim, num dos tanques ortogonais, está exposto em mármore a esfera armilar encimada pelas armas dos Mascarenhas, com a coroa do Marquês, que ocupa no jardim um ponto fulcral, pois encontra-se no cruzamento dos dois principais eixos do parterre. O parterre tem como fundo o lago dos Cavaleiros (tanque dos Cavaleiros), que servia como depósito final das águas que iam sendo distribuídas ao longo dos vários patamares dos jardins. É encimado pela célebre Galeria dos Reis, que é constituída pelos bustos em mármore de todos os reis de Portugal. O lago dos Cavaleiros, quadrangular com 50 m de comprimento por 19 m de largura, com uma balaustrada em mármore de Carrara, tem de cada lado uma imponente escadaria de dois lances. Esta dá acesso a um elegante torreão, que conduz à Galeria dos Reis. O fundo deste lago é constituído por uma alta parede, forrada por doze painéis de azulejo, com três grutas e mais dois painéis laterais,


apresentado um repuxo ao centro. Este lago serve como um espelho de água, estabelecendo com a parede vertical de azulejos, um diálogo admirável. Este lago visto do terraço sobranceiro, reflete a imagem perfeita da parede de azulejos, do pavilhão e da balaustrada que encimam. A Galeria dos Reis sobre o tanque, na época da sua construção, permitia visualizar não só o parterre, como também os campos exteriores ao palácio que cobriam as paisagens (Neves, 1941). A Casa do Fresco, forrada a azulejos, no exterior e interiormente, com jogos de água, está ligada ao Lago dos Ss. Apresenta um traçado com base no estilo renascentista, mas já introduz certas adaptações que enunciam o barroco, que surgem consoante as exigências do local. O lago tem em volta dois bancos, corridos em semicírculo, e que apresentam na frente e nas costas, azulejos com assuntos marítimos (Neves, 1941). Em toda a propriedade de Fronteira a água é utilizada com engenho e arte. Como já referido anteriormente, a água é captada de fontes que nascem dentro da propriedade e assim o palácio e jardins são totalmente independentes de um fornecimento exterior de água.

Vista do parterre principal. Fonte: Autora

Existem ao longo dos jardins vários pontos de água, que se incluem nas três categorias do renascimento: As fontes verticais, desligadas de qualquer outro elemento e com uma taça na base, como são exemplo as cinco fontes do parterre principal e a fonte de Vénus (no jardim de cima do parterre); as fontes adossadas a uma parede e decoradas com baixos-relevos, como a fonte da Carranquinha; e os repuxos integrados num elemento arquitetónico, que surgem em três lugares especiais, na Gruta de Hipocrene, na Casa de Fresco e na zona exterior da Casa de Fresco (Castel-Branco, 2008). É possível afirmar que o local onde se insere o palácio, impregna uma sensação de resistência que ultrapassa a vida humana individual e tranquiliza o seu habitante quanto à persistência do local, como entidade destinta mesmo que o mundo à sua volta se transforme. As Diretrizes do Restauro nos Jardins Fronteira Para a intervenção deste lugar, com o objetivo de o restaurar, foram considerados vários aspetos, que irão ser referidos futuramente e tem como ponto de partida a visão da Professora Cristina Castel-Branco sobre o restauro nos Jardins Fronteira. É a Fundação das Casas de Fronteira e Alorna que é responsável pela gestão deste espaço e é com algumas das diretrizes da Professora Cristina Castel-Branco que tem vindo, ao longo dos últimos anos, a proceder ao restauro das áreas exteriores ao palácio. Os Jardins Fronteira são, no ponto de vista da Professora, Jardins Renascentistas apesar de terem sido contruídos tardiamente, pois apresentam uma consonântica com a simbologia clássica, introduzida durante o renascimento nos jardins italianos. Foi mantida esta temática nos jardins barrocos do séc. XVII. A mitologia grega passou a ser uma rica fonte de inspiração, a partir do renascimento, para a decoração dos jardins (Castel-Branco, 2008). Os dois principais temas que dominam a simbologia dos Jardins Fronteira são a história de Portugal e a mitologia clássica, encontrando-se a primeira em locais chave e a segunda espalhada ao longo do jardim. Nos Jardins Fronteira, os temas gregos e romanos desempenham um papel essencial na disposição e no simbolismo dos jardins. Isto é, ao nível da mitologia clássica, para além do notório paralelismo com o momento político vivido em Portugal, que outro interesse teria esta lição para a decoração dos jardins? Nas palavras da Professora, para além da realização estética representada por cada estátua, o seu tema oferecia várias hipóteses para longas conversas filosóficas ao longo dos passeios pelos jardins. A mensagem geral vai mais no sentido da

Aproximação da esfera armilar encimada pelas armas dos Mascarenhas, com a coroa do Marquês. Fonte: Autora

O palácio e o parterre principal visto da Galeria dos Reis. Fonte: Autora.

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Vista da Galeria dos Reis. Fonte: Autora.

Aproximação de uma estátua do jardim. Fonte: Autora.

filosofia grega, em harmonia com a natureza e o respeito pela força poderosa dos deuses (Castel-Branco, 2008). Fronteira, para além desta referência mitológica, foi construído para celebrar a restauração da independência de Portugal em relação a Espanha e também para relembrar os pontos mais altos da contribuição portuguesa para a história mundial, entre os quais está um século de investigação, que levou à descoberta do caminho marítimo para o Oriente e à consequente construção do império português. Ou seja, o Jardim Fronteira inspira-se nos temas clássicos do renascimento de modo a glorificar a cultura portuguesa. Nas palavras da Professora é fundamental, antes de se dar uma nova forma ou restaurar um local, entender o que pretendia o seu inventor quando elaborou o seu traçado. Dito isto, é considerado essencial para a análise que sejam focadas as ideias prevalentes na época que levaram à criação de determinadas expressões técnicas. Certas mensagens que se podem descobrir através da descodificação dos símbolos e da análise do traçado e do momento histórico em que foram construídos (Castel-Branco, 2008). Ou seja, é na opinião da Professora que antes do restaurar é preciso considerar estas mensagens, que constituem uma parte importante no traçado original do jardim. Este tipo de estudo permite não apenas descobrir pontos de vistas favoritos, de onde o jardim pode ser apreciado em todo o seu esplendor, mas também ajuda a estabelecer prioridades na maneira de o ver e apreciar. Desta forma, não se está apenas a restaurar um jardim, está-se também a recrear um ambiente profícuo a um estado de espírito. As vistas dos jardins para os campos circundantes faziam parte do traçado original, segundo os princípios italianos. Porém, ao longo dos últimos anos, a cidade fora dos limites do palácio tem vindo a crescer e os extensos campos foram substituídos por áreas extramente urbanizadas, provocando um impacto visual colossal. A Professora, de modo a mitigar este problema propõe que sejam utilizadas cortinas de vegetação para criar barreiras visuais, diminuindo o impacto visual com os edifícios envolventes. Assim sendo, foram plantadas árvores nos limites do espaço para fazerem cortina (Castel-Branco, 2008). Abaixo do parterre principal, existe um espaço quase plano, indicado no mapa de 1880 com a designação de pomar e horta, que foi a pedido do 12º Marquês de Fronteira Dr. Fernando Mascarenhas, a criação de um laranjal e uma horta ornamentais, com ciprestes e tanques, que ficou ao encargo da Professora Cristina Castel-Branco e da equipa ACB Arquitetura Paisagista. Há cerca de 25 anos foram feitas intervenções de fundo que eram inevitáveis mas que não estão à vista. Foram recuperadas peças que no ponto de vista de quem gere o espaço, apresentavam obrigatoriedade, como exemplo um enorme muro de suporte que ameaçava a ruína do terraço de Vénus para o parterre principal. Este muro foi desmontado, drenado e refeito. Procedeu-se também ao restauro das estátuas, que tinham as feições escondidas devido aos líquenes pretos e cinzentos. Atualmente o maior problema que o jardim apresenta é devido à escassez de água. Até 2004 havia água em abundância todos os dias do ano. Porém, nos últimos 12 anos a água tem vindo a escassear. Esta água que no passado garantia a rega de todo o jardim, agora precisa de suporte externo (CastelBranco, 2008).

Lago dos Cavaleiros. Fonte: Autora.

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Restauração vs Recuperação Ao estudarmos o caso das intervenções/propostas associadas ao Jardim Fronteira, é percetível que se tem vindo a perder ao longo dos tempos, algumas das suas características peculiares.


É verdade que, nos últimos anos, a paisagem adjacente ao Palácio dos Marqueses de Fronteira se alterou drasticamente com a alteração dos campos agrícolas para áreas intensamente urbanizadas. Porém, quando se propõe a utilização de cortinas de vegetação para amenizar este problema, isto resulta na perda de perspetivas que faziam parte do traçado inicial do jardim. A reforçar isto, a própria vegetação a implantar precisa de “tempo” para se desenvolver. Ao implantar-se uma cortina de vegetação não é possível criar uma envolvência natural do espaço, resultando na descaraterização da natureza do jardim, pois põe em confronto a vegetação com séculos de existência, com a vegetação primaveril. O Jardim do Laranjal, que foi uma intervenção recente e que tem como elemento primordial a água, tal como no restante jardim, ficou um pouco aquém do seu impacto desejado, pois atualmente os lagos encontram-se vazios. Para além disso, o próprio desenho do Jardim do Laranjal não consegue encontrar uma harmonia com o restante ‘’Jardim Histórico’’, não só pela sua materialização, como também pela sua hodiernidade no desenho. Existe também uma menção ao facto de ser importante a «restauração» das estátuas, e outras estruturas, por causa dos líquenes que detinham, mas questiono-me será esta a opção mais acertada? Sendo o tempo um fator fulcral na evolução e caracterização de um jardim, esta evolução ocorre a todos os níveis e o facto de as estátuas estarem cobertas por estes seres vivos é a prova da antiguidade que este jardim possui. Recordo a hipótese colocada pela Professora Aurora Carapinha numa aula de Estética da Paisagem, que lhe tinha sido transmitido pelo Professor Gonçalo Ribeiro Telles, sobre a possível origem do Jardim Inglês do século XVIII, e que dizia que muito provavelmente este jardim tinha tido como primórdios o Jardim Renascentista Italiano. Quando os mestres paisagistas ingleses se deslocaram a Itália para visualizar o Jardim Renascentista, já passado muitos anos desde a sua construção, e muitos desses jardins encontravam-se ao abandono. Ou seja, quando os mestres ingleses visualizaram o Jardim Renascentista, depararam-se com as ruinas dos edifícios abandonados que estavam cobertos com a vegetação, sem aparente geometria, que tinha evoluído e se apoderado dessas estruturas. Quero dizer com isto, que um ‘’Jardim Histórico’’ está inerente a toda uma série de interações que marcam a sua evolução e unicidades, e que são essas características que devem ser valorizadas quando se intervém na recuperação de um espaço desta natureza.

Detalhe fotográfico. Fonte: Autora.

Interior da Casa do Fresco. Fonte: Autora.

Um ‘’Jardim Histórico’’ não deve ser restaurado, mas sim preservado, conservado, e recuperado, pois não se pode retirar a singularidade do tempo no jardim. É importante saber manter as identidades, conscientes de que sendo uma construção do século XVII, temos que conseguir em pleno século XXI, encontrar um equilíbrio entre as suas características históricas e as necessidades do século que vivemos atualmente. Porque o jardim, na sua essência, resulta de uma idealização e transfiguração da Natureza por ação do ser humano (Carapinha, 1995). Ou seja, o jardim é o espelho da paisagem onde se encontra inserido, num contexto espacial e temporal especifico. Como tal, quando propomos alguma alteração é preciso ter em atenção esses contextos, para que não se perca a verdadeira essência do jardim. O termo “Jardim Histórico” é usado atualmente quando se intervém em jardins, cuja sua origem remonta a culturas e tempos que não vivenciamos e que marcaram um período histórico e artístico que pretendemos valorizar e preservar. É fundamental que haja uma preservação, conservação e gestão correta dos

Detalhe, parterre principal. Fonte: Autora.

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“Jardins Históricos”, pois estes são testemunhos históricos, artísticos e sociais de uma determinada época e quando são mal geridos, a sua essência pode ser perdida para sempre.

Vista do parterre principal. Fonte: Autora.

Parterre principal. Fonte: Autora.

Reforçando o que já foi referido anteriormente, é importante dar ênfase também ao facto de um jardim ter sempre subjacente a si as quatro dimensões, a sua espacialidade a três dimensões e a quarta o fator ‘’tempo’’. ”O tempo, esse grande escultor” (Yourcenar, 1983), isto é, a própria evolução de um jardim é fundamental para a sua existência, pois o elemento principal de um jardim é a matéria viva, que se desenvolve e evolui. Talvez seja a partir desta necessidade de intervir sobre os ‘‘Jardins Históricos’’, que surge o conflito entre a palavra ‘’restauração’’ e a palavra ‘’recuperação’’. Para percebermos este antagonismo, podemos começar por desenvolver estes dois conceitos, que apesar de inicialmente apresentarem alguma semelhança, ostentam ideais muito distintos no que toca a recuperação dos “Jardins Históricos”. A palavra “restauração”, do verbo “restaurar”, é de acordo com o dicionário da língua portuguesa entendida como «repor no estado primitivo», ou seja, em termos paisagistas voltar ao estado inicial. Pelo contrário, a palavra “recuperação”, que provém do verbo “recuperar”, significa “reaver (o perdido) ”, ou até mesmo “continuar depois de uma interrupção”. Muito provavelmente a utilização da palavra ‘’restauração’’ surge com o facto de haver uma tendência para a procura de uma ‘’cristalização’’ no tempo, no que toca às intervenções sobre os ‘’Jardins Históricos’’. Isto é, existem tentativas de intervenções que têm como diretrizes a recriação conforme a época em que foi pensado e executado, replicando na contemporaneidade uma ambiência que configura as épocas passadas. Mas será este o ideal mais correto, no que toca as intervenções em “Jardins Históricos”? Se sim, é facto que ao estarmos a recriar uma época passada, desvalorizamos por completo a quarta essência da definição do jardim, a sua temporalidade. Não será então mais correto que a “recuperação’’ de um jardim consiga evocar a sua história e evolução, mas adequando-se às necessidades do homem no século XXI? Sem sombra de dúvida que os “Jardins Históricos” são testemunhos de uma época, mas cada jardim não deixa de ser uma entidade por si mesmo, com o seu tempo próprio que faz parte da sua natureza, e quando se pretende intervir sobre um jardim desta natureza é preciso ter presente que um ‘’Jardim Histórico’’ é um lugar de excelência, onde a natureza e a cultura se cruzam, e que a sua ‘’recuperação’’ deve ser feita de acordo com esses ideais - saber intervir sobre um ‘’Jardim Histórico’’ conseguindo memorar os seus primórdios, mas adaptando-se à época contemporânea, nunca esquecendo a espacialidade e a temporalidade como fatores fulcrais da sua caracterização. Bibliografia Carapinha, A. d. (1995). Da essência do Jardim Português. Castel-Branco, C. (2008). Os Jardins dos Vice-Reis – Fronteira. Lisboa: Edições Asa e Cristina Castel-Branco. Neves, J. C. (1941). Jardins e Palácio dos Marqueses de Fronteira . Yourcenar, M. (1983). O Tempo esse grande escultor. Lisboa: Difel.

Galeria dos Reis. Fonte: Autora.

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Corredor Verde de Monsanto Bárbara Franco

Mapa do Parque de Monsanto. Fonte: C. M. Lisboa.

1936

As funções das estruturas ecológicas são inúmeras e incalculáveis. Desde as funções estéticas, ecológicas, sanitárias ou de bem-estar, a dimensão funcional de qualquer rede de espaços verde é maior que a soma dos benefícios de cada espaço. O corredor verde foi um projeto idealizado há 36 anos pelo arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Telles. O percurso que une o Parque Eduardo vii a Monsanto tem 2,5km e ocupa 51 hectares. Conta com duas pontes ciclo-pedonais, jardins, parque hortícola, searas, dois miradouros, três quiosques com esplanada, parque juvenil, skate parque e dois parques de manutenção física. Constituição O corredor verde de Monsanto é constituído por uma ligação de elementos verdes estruturantes da cidade de Lisboa que, articulados, formam uma ligação com o Parque Florestal de Monsanto. De Sul para Norte, o corredor verde é constituído pela Avenida da Liberdade, pelo Parque Eduardo VII, o Jardim Amália Rodrigues, uma ponte ciclo-pedonal sobre a rua Marquês de Fronteira, um hectare de prado “bio diverso” de sequeiro, junto ao Palácio da Justiça, um parque de skates, duas áreas de manutenção (exercício físico com auxílio de equipamentos), miradouros, outra ponte ciclo-pedonal “Gonçalo Ribeiro Telles”, os Jardins da Amnistia Internacional, um parque hortícola, o Parque de Recreio Infantojuvenil e o Parque Urbano da Quinta José Pinto. Estrutura Ecológica | Função Ecológica

Trilho no parque Florestal de Monsanto. Fonte: http://irunabroad.com/

“Este Corredor configura uma peça fundamental da Estrutura Ecológica, uma matriz formada e articulada por sistemas e subsistemas: o Sistema de Mobilidade, o Sistema de Circulação da Água e do Ar, o Sistema de Transição Fluvial-Estuarino e o Sistema de Unidades Ecológicas Estruturantes, onde se destacam os Subsistemas Parque Periférico, Zona Ribeirinha, Corredor Verde de Chelas, Corredor do Vale de Alcântara e o próprio Corredor Verde de Monsanto”. Todos estes espaços valem por si e têm funções específicas, cuja importância pode variar com o contexto. No caso da Avenida da Liberdade: essencialmente, este “mini - corredor” tem a função sanitária de garantir que os valores de dióxido de carbono produzidos pelo tráfego constante não são prejudiciais 11


à saúde e, não menos importante, de garantir a absorção das águas pluviais para que não provoquem o alagamento na zona mais baixa da cidade. Em geral, todo o corredor tem uma forte funcionalidade ecológica associada, quer estejamos a falar da renovação mineral do solo, da purificação do ar citadino, da permeabilidade que só a vegetação consegue assegurar tão bem, da questão estética ou física de prazer associado ao “estar” no campo, dentro da cidade. Mas será que estas funções estão a ser cumpridas? “A definição da Estrutura Ecológica da paisagem de um determinado território reconhece os sistemas ecológicos fundamentais e orientadores de uma implementação sustentável da estrutura edificada de forma a promover a biodiversidade em ambiente urbano. A definição de uma Rede de Corredores Verdes com base na Estrutura Ecológica proporciona um instrumento eficaz de requalificação ambiental de territórios desestruturados, com especial ênfase nas áreas urbanas, constituindo igualmente uma excelente base para a definição de uma Estrutura Ecológica Urbana (Ferreira, 2010)”. Parque Eduardo VII visto do Parque Amália Rodrigues. Fonte: http://magazine.guiadacidade.pt/content/2014/09/2011-07-26_-03_resize-750x420.jpg

Aplicação | Função sanitária e de bem – estar Partindo deste pressuposto, seria interessante compreender se efetivamente a cidade tem beneficiado com a implementação deste, até agora único, corredor verde. Estudos relevam que nos últimos 30 anos a qualidade do ar na cidade de Lisboa tem melhorado significativamente; Monsanto é apontado como o “pulmão” da cidade enquanto a Avenida da Liberdade ocupa o estatuto de avenida mais poluída da cidade de Lisboa (Serafim, 2016). Mas será que o trabalho se pode dar por concluído? Lisboa continua a ter um único corredor verde estruturante, com uma pobre articulação ecológica a outras centralidades ecológicas da cidade - como o Jardim do Campo Grande. A zona mais poluída de Lisboa localiza-se numa das extremidades deste corredor verde. As cheias continuam a ser um problema real e dramático, ano após ano. O que falta para que se crie uma estrutura ecológica capaz de responder aos problemas da cidade? A cidade vive também destas estruturas “verdes” e corredores ecológicos. É indiscutível que cada um dos elementos que constituem o corredor verde de Monsanto têm um papel na dinâmica quotidiana da população lisboeta.

Parque Amália; vista aérea. Fonte: http://images.turismoenportugal.org/jardim-amalia-rodrigues-lisboa.jpg

Função estética Não nos podemos esquecer da dimensão estética que nos assalta quando percorremos os trilhos do Parque de Monsanto, ou da deslumbrante “janela” que o Parque Amália oferece para o rio Tejo. Percorrer a Avenida da Liberdade no outono – pisando todas as folhas possíveis pelo caminho – ou olhar a cidade e o céu na Primavera que o Parque Eduardo VII oferece tem um valor incomensurável e devolve às pessoas o seu lugar na Natureza. Também esta função estética é fundamental para a saúde pública e não pode ser esquecida. Conclusão O trabalho a fazer na requalificação urbano-ecológica da cidade de Lisboa não está terminado e não vai sequer a meio. Apesar de começarem a haver esforços que apontam no sentido de uma aproximação a este estado ecológico e sanitário de valorização do utente e peão (tome-se por exemplo o caso da recente Requalificação do Eixo Central) devemos manter a consciência de que há ainda muito por fazer. Em suma, para a implementação de uma correta e sustentável estrutura verde na cidade de Lisboa é necessário que as entidades responsáveis continuem sensíveis a estas funções e atentas às necessidades urbanas.

Vista do Parque de Monsanto para o Rio Tejo. Fonte: http://passear.com/wp-content/uploads/2015/01/abertura1.jpg

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Inhotim. Parque, galeria de arte contemporânea, museu ou jardim botânico? Ângela Coelho

Uma das áreas de descanso com vista para o lago. Fonte: Autora.

1984

O Instituto nasceu para ser interpretado de acordo com seus interesses e expectativas pessoais.

Não tente definir Inhotim. O instituto nasceu para ser interpretado de acordo com seus interesses e expectativas pessoais. Não existem significados concretos por aqui. Um lugar onde o tempo passa mais rápido do que gostaríamos. O Instituto Inhotim foi idealizado pelo empresário Bernardo Paz, em meados da década de 80. Em 1984, o local recebeu a visita do renomado paisagista, Roberto Burle Marx, que apresentou algumas sugestões e colaborações para os jardins. Desde então, o projeto paisagístico cresceu e passou por várias modificações. A propriedade particular foi se transformando com o tempo. Começava a nascer um grande espaço cultural, com a construção das primeiras edificações destinadas a receber obras de arte contemporânea. Ganhava vida também o rico acervo botânico, consolidado a partir de 2005 com o resgate e a introdução de coleções botânicas de diferentes partes do Brasil e com foco nas espécies nativas. Acredita-se que a maior coleção de palmeiras do mundo esteja aqui, com cerca de 1500 unidades. Em 2011, o Instituto foi reconhecido como Jardim Botânico. O acervo artístico do Inhotim compreende cerca de 500 obras de mais de 100 artistas de 30 diferentes nacionalidades. A maioria dessas obras estão em exposição permanente. Com foco na arte contemporânea, o acervo abrange esculturas, instalações, pinturas, desenhos, fotografias, filmes e vídeos que chocam, encantam e estimulam a participação do visitante.

Vista externa do restaurante Oiticica, diálogo da arquitetura e a paisagem. Fonte: Autora.

Embora eu não me atreva a definir, os coordenadores do Instituto estabeleceram que aquela imensa área verde, de quase 100 hectares, é um complexo museológico, constituído por uma sequência não linear de pavilhões, em meio 13


a um parque ambiental. Caminhar por sua enorme área, que ostenta uma das maiores coleções de espécies vivas, entre todos os jardins botânicos do Brasil, é uma experiência única. A todo instante, somos surpreendidos por belas e intrigantes situações.

Vista através da obra de arte de Hélio Oiticica, Invenção da cor - penetrável Magic Square # 5. Fonte: Autora.

A coexistência de espaços abertos e fechados, promove uma experiência singular de fruição da arte. Mais de 20 galerias abrigam obras, sendo elas intercaladas pelos jardins. Todos os caminhos remetem à perfeita conexão entre arte e acervo botânico. Ao caminhar pelo Instituto, entre uma galeria e outra, você é levado a uma linguagem paisagística singular. Lagos, árvores, plantas rasteiras, flores e espécies pouco conhecidas em jardins tradicionais buscam oferecer uma nova forma ao visitante, de encarar a biodiversidade e as obras de arte, cuidadosamente colocadas ao longo dos caminhos, e quantos caminhos! Não há ordem para um caminhar a ser seguido, o que permite cada pessoa seguir em seu próprio ritmo. Um espaço democrático, onde crianças, jovens, adultos e idosos desfrutam a cultura do seu próprio modo. E quando precisar parar para descansar, aproveite os enormes bancos esculpidos diretamente em troncos de árvores. A boa arte impõe mudanças, duvido que o visitante saia ileso da experiência vivenciada. No Inhotim, é impossível não se impressionar com os jardins, interagir com algumas obras, rir com outras, pensar na imensidão do lugar, no bom que é ser bem tratado, no cuidado existente com os detalhes, como as luminárias ou, os bancos inseridos na paisagem e, ao final, perceber a transformação de seu estado de espírito por meio desta experiência.

Interação de visitantes e a obra de arte de Edgard de Souza, Sem título em bronze. Fonte: Autora.

Obra de Dan Graham, Bisected Triangle - Interior Curve, diálogo entre obra de arte e paisagem. Fonte: Autora.

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Por mais que você leia ou veja vídeos sobre Inhotim, dificilmente terá noção precisa do mergulho artístico que o Instituto proporciona. O estreito diálogo entre os dois acervos, arte e botânica, proporciona ao público em geral um lugar convidativo à produção de conhecimento e ao desenvolvimento humano em todas as suas dimensões. Diante disso, torna-se difícil uma definição unanime a respeito do que, e de qual seja a função de Inhotim! Sendo parque, ou galeria de arte contemporânea, ou museu ou jardim botânico, o lugar, continuará a emocionar pessoas com as obras de arte, a reconectá-las com a natureza, a contribuir com estudos sobre a flora, além de incentivar o aprendizado a centenas de crianças, jovens e adultos.


Os Jardins de Ricardo Brennand Amanda Santos

1990

Portal de entrada do Instituto. Fonte: http:www.trioturturismo.com.br_pprd154560418021producttour-das-artes---oficina-e-institutobrennand.jpg

Impressiona aquele que ali chega, é tudo muito grande e espaçoso e de arquitetura incomparável. A arte já começa na entrada. Ricardo Brennand nasceu no ano de 1927, no município do Cabo, em Pernambuco, sendo originário de uma família inglesa. Formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Pernambuco. Durante muitos anos, Ricardo Brennand se dedicou ao ramo de negócios que a sua família desenvolvera: as indústrias de vidro, aço, cimento, porcelana e açúcar. Mas, como hobby, ele colecionava uma grande quantidade de armas, adquirindo-as em todos os lugares visitados, através de leilões, museus, ou mesmo de coleções particulares. Em 1990, o empresário vendeu as fábricas de cerâmica que possuía juntamente com a família, utilizou parte dos recursos para fundar o Instituto Ricardo Brennand (IRB), uma sociedade sem fins lucrativos, presidida pelo próprio empresário. Através de um projeto pessoal que associou muita coragem, Ricardo Brennand criava um polo turístico cultural, local, nacional e global de valor inestimável com obras de arte de todo mundo e um mostra das obras de arte de Francisco Brennand, familiar de Ricardo e renomado no Brasil e no mundo com obras em cerâmica e pinturas provocativas.

Praça Burle Marx, projetado pelo próprio paisagista no ano de 1992, um pouco antes de falecer. Fonte: http://www.luizberto.com/wp-content/brenand.jpg

O Instituto Ricardo Brennand está sediado em um complexo de edifícios, inspirado no estilo Tudor, com área construída de 77.000 metros quadrados. É uma construção contemporânea, combinada com alguns elementos decorativos originais, tais como uma ponte levadiça, relevos de brasões e um altar em estilo gótico, e se divide em 3 regiões: O Castelo, a Biblioteca e a Pinacoteca Impressiona aquele que ali chega, é tudo muito grande e espaçoso e de arquitetura incomparável. A arte já começa na entrada. Brennand possui uma das mais completas coleções de documentação histórica 15


e iconográfica relacionada à ocupação holandesa da região Nordeste do Brasil. O destaque principal desse núcleo é a maior coleção mundial de pinturas de Frans Post, o primeiro pintor de paisagens do continente americano. O instituto possui 15 óleos de Post, o que equivale a 10% de toda a sua produção pictórica. Frans Post foi um dos primeiros paisagistas do Novo Mundo e o Instituto orgulha-se de possuir a maior coleção de suas obras, formada por 15 quadros representativos de todas as fases de seu trabalho. Em torno do Brasil Holandês, está sendo constituída uma grande biblioteca e uma coleção de documentos, mapas e objetos relativos ao período. Estas coleções foram organizadas por Bia Corrêa do Lago, autora de amplo estudo sobre Frans Post e curadora desta primeira exposição do acervo do Instituto, tornada possível graças ao apoio do Ministério da Cultura.- Ricardo Brennand

Reserva remanescente de mata atlântica no IRB Fonte: http:www.feedvaibrasil.com.br201608lugares-que-nem-parecem-o-brasil.html.jpg

Ao falar em paisagem é importante enfatizar o jardim, que encanta a todos que o visitam, estabelecido as voltas de uma reserva remanescente de mata atlãntica no local, o instituto é circundado em uma massa arborea de beleza inigualavel, trazendo ao clima urbano da cidade, um ar bucólico e calmo. Há ainda no espaço, projetos como: a “Praça Burle Marx”, um jardim com mais de 2.000 metros quadrados, projetado pelo próprio paisagista no ano de 1992, um pouco antes de falecer. Nesse projeto realizado por Burle Marx constavam o desenho de um espelho d’água, as bases para as esculturas de Brennand, constantes no Parque, um mural, além de indicações de cada vegetação que deveria ser plantada no local. Roberto Burle Marx já havia feito outros projetos para a família Brennand: em 1938 realizou um jardim para o pai de Brennand, local ainda existente, transformado atualmente em um bosque, sob os cuidados de um dos irmãos do artista. Segundo depoimento de Brennand, Burle Marx, sempre que ia à Oficina, dizia que gostaria de desenhar alguma coisa para o espaço, tanto foi que realizou o projeto para o Parque.

Parte do jardim Burle Marx. Fonte: Tais Luso de Carvalho.

Essa área posteriormente foi ampliada até o terreno anexo. A construção presente nesse terreno, que era usada para o depósito de parte do barro utilizado para a realização dos revestimentos e obras, foi adaptada, criando um novo espaço a “Accademia” . Pontos favoráveis: • Criação de um espaço multicultural para a região metropolitana; • Recuperação de uma área que poderia estar em ruinas; • Preservação ambiental de fauna e flora com a manutenção da Mata atlântica, cerca de 18.000 hectares, num parque ecológico que circunda o local; • Uma das mais completas coleções de documentação histórica e iconográfica relacionada à ocupação holandesa da região Nordeste Brasileira. •Abriga um dos maiores acervos de armas brancas do mundo, com mais de 3 000 peças; • Programa educativo voltado aos alunos de escolas publicas e privadas, com relação a historia do estado de Pernambuco; • Recuperação do Rio Capibaribe em volta do Espaço;

Accademia ao fundo do jardim. Fonte: http:www.brennand.com.br

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Pontos desfavoráveis: • Mudança de vegetação no próprio espaço, o qual foram colocadas diversas espécies arbóreas e não arbóreas que não são típicas da região como: Palmeiras, coqueirais, gramíneas entre outras; • Distância da Cidade até o local cerca de 14 km, com dificuldades em pegar ônibus e/ou outros meios de locomoção para uma área mais isolada;


• A disposição de várias obras artísticas como esculturas no Jardim, por vezes toma o foco da paisagem, como consequência atrapalha o visitante perceber a vegetação, de modo a ofuscar a real beleza da área externa; • Apesar de ser um sitio de grande importância para a cidade de Recife, não há grande incentivo turístico por parte dos governantes, para que ocorra com frequência passeios guiados, eventos, palestras, exposições etc… limitandose de certa forma a visitas de exposição. Em termos de estética e valorização do espaço o IRB é um exemplo de requinte, pois sua transformação de fabrica abandonada a um museu de artes com a historia de Pernambuco, esculturas trazidas de vários locais do mundo, todo tipo de arte e requinte, remete de forma satisfatória a um dos pontos turísticos de maior importância da Capital do estado. Agradando o mais diverso público.

Entrada da Pinacoteca. Fonte: https://lilapompe.files.wordpress.com/2013/11/027.jpg

Coleção de estatuas na parte externa do espaço Fonte: Matheus Araújo

Visão noturna do Instituto Fonte: Bosquinho Lacerda

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Costa Vicentina e o Parque Natural do Sudoeste Alentejano Francisco Sousa

Praia de Machados. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

1995

A Costa Vicentina e o Parque Natural do Sudoeste Alentejano é a maior extensão de costa portuguesa protegida ambientalmente. Aqui a natureza preservada tem um caráter forte, selvagem, com paisagens de tirar o fôlego. Enquadramento O Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina representa uma importante faixa da costa litoral portuguesa. Estende-se ao longo de 110km, desde a ribeira da Junqueira, em São Torpes, Concelho de Sines, até à praia de Burgau, no Concelho de Vila do Bispo. É uma área rica em paisagens e habitats naturais e semi-naturais, destacando-se as arribas e falésias, abruptas e recortadas, as praias quase desertas, intercalando areais extensos com praias “secretas” entre as rochas, as pequenas ilhas e recifes, como a Ilha do Pessegueiro e o recife de coral na Carrapateira, os sistemas dunares, charnecas, sapais, estepes salgadas, vales encaixados e barrancos, o estuário do Rio Mira, o Cabo Sardão, o promontório de Sagres e Cabo de São Vicente. As únicas condições climatéricas, geológicas e geográficas do parque permitem o desenvolvimento de vegetação de influência mediterrânica, norte-atlântica e africana, num total de 750 espécies, das quais 100 são endémicas e 12 não existem em mais nenhuma parte do mundo. Em relação à população residente, não sendo uma área muito densa, com cerca de 24 mil habitantes, destaca-se pela quantidade de turistas que recebe todos os anos, chegando a atingir os 2.8 milhões de visitantes. E é no turismo que a aposta se tem prendido com maior força nos últimos anos, apesar do carácter histórico de pesca, agricultura e pecuária que demarcavam as aldeias e vilas englobadas na zona do parque.

Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

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O projecto de ordenamento, valorização e recuperação da área do parque, está a ser levado a cargo pela Sociedade POLIS Litoral Sudoeste. É na POLIS que recai a responsabilidade de executar e coordenar o que se estabeleceu no Plano de Ordenamento da Orla Costeira Litoral Sudoeste e no próprio Plano de


Ordenamento do parque. A intervenção conta com uma parte que actualmente já se encontra concluída, outra que está em curso e ainda outras intervenções que estão previstas e à espera de financiamento. A área do parque encontra-se, apesar do trabalho realizado pela Sociedade POLIS, ameaçada pela construção de estufas e exploração de eucaliptos, tal como pela implantação de relva, em empreendimentos turísticos junto à linha costeira, e ainda pela expansão do importante porto de Sines, que diminui a qualidade do ar e da água e põe em risco os ecossistemas aí existentes. A Função A intervenção da POLIS Litoral Sudoeste, divide-se em três principais áreas de influência: - A valorização do património cultural e paisagístico – abrangendo a protecção dos sistemas dunares e arribas, a requalificação ambiental e reabilitação do património, tal como, a reposição das condições de ambiente natural pela recuperação e protecção dos sistemas costeiros. - A qualificação territorial de suporte às actividades económicas tradicionais – que incluí a qualificação e valorização da actividade piscatória, dos espaços balneares e dos pequenos aglomerados costeiros.

Bordeira, Aljezur. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

- A diversificação da vivência do território potenciando os recursos endógenos – que se foca nas estruturas de suporte a actividades turísticas de relação com a natureza, na promoção de mobilidade sustentável, em equipamentos de divulgação cultural e científica e em marketing territorial. A Paisagem O projecto do Parque Natural, incluí diferentes escalas de intervenção, num continuo de coerência e valorização do meio ambiente da paisagem da costa vicentina. Algumas intervenções abrangem a dimensão de uma aldeia ou vila, como são os exemplos de Vila Nova de Milfontes e da Zambujeira do Mar, outras incluem ecossistemas e paisagens inteiras, como nos casos da Lagoa da Sancha ou da Lagoa de Santo André, e outras apenas a nível de áreas balneares, focando-se no pormenor, como zonas de acesso pedonal ou infra-estruturas de apoio a surfistas. Os seguintes projectos destacam-se pela importância que tiveram dentro do parque natural, sendo exemplos da capacidade de resposta aos problemas que se encontravam e da valorização que trouxeram para uma já tão importante zona do país. Porto Covo Na aldeia de Porto Covo a intervenção deu-se a vários níveis, desde a requalificação do portinho de Porto Covo, à recuperação da vegetação das arribas e limitação dos acessos viários e até às intervenções nas várias praias que aí se podem encontrar. Os percursos pedonais, atravessam as arribas, cobertas de vegetação natural de diferentes cores e texturas, ora aproximando-se, ora fugindo dos limites escarpados que caiem no mar profundo, ou num curto areal abandonado e cativante, excluindo o acesso viário que as punha em risco, e terminando em zonas de miradouro, que orientam a vista para o horizonte sem fim, renovadas e delimitadas para protecção da vegetação ao pisoteio. As praias da Samouqueira, de Porto Covinho e Praia Grande, foram também alvo de renovação, principalmente pela instalação de infraestruturas de apoio balnear, integradas na paisagem, como acessos às praias, estacionamentos e até mesmo a concessão balnear, nos casos da Praia Grande e da Praia da Samouqueira, não lhes retirando o carácter expectante e de grandiosidade,

Odeceixe. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

Estrutura de Apoio a Surfistas. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

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que apresentam junto às altas e recortadas encostas das arribas. Cabo Sardão O projecto do Cabo Sardão e da sua área envolvente, estende-se ao longo de 6km. Foca-se de um modo geral, na requalificação paisagística e ecológica da vegetação em toda a área envolvente, tal como, na ligação de uma rede pedonal e viária que leva ao Cabo Sardão, e de um modo particular, em pontos de estacionamento, de recepção e protecção junto ao cabo, mas também de outros pontos de apoio, de estadia e de informação, ao longo dos percursos pedonais. Destaca-se ainda a criação de um percurso de educação ambiental, importante na forma como estabelece a ligação a ambientes diferentes da paisagem, com início no Cabo Sardão, e no pano de inquietude azul do mar, estendendo-se para o interior, mais contido e verde, que com o apoio de elementos como painéis e mesas informativos e educativos, promove e sensibiliza para o património cultural e natural presente no troço costeiro. Arriba de Porto Covo. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

Cabo Sardão. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

Praia do Malhão. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

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Praia do Malhão A praia do Malhão, famosa pela sua qualidade a nível de areal, pelo mar agitado e propício a actividades desportivas como o surf, e pela liberdade que permitia a quem a procurava, era também conhecida pelo seu acesso limitado e difícil. A praia, selvagem na forma como se encontrava, mas não na forma como era procurada e vivida. A intervenção ofereceu ao local e aos visitantes, não só, uma renovada acessibilidade, quer para peões como para veículos, mas também, uma forma diferente de viver a paisagem, sem a invadir e destruir. Extensos passadiços de madeira estendem-se, em percursos de apreciação e interpretação, por arribas e dunas que se encontram num meio ambiente quase relinquo, elevados e sem nunca lhes tocar, para protecção da paisagem, e que fazem também a transição entre o patamar superior, onde está o novo estacionamento de grandes dimensões, e o nível do mar, onde se encontra o extenso areal da praia, superfície para rochas pontuais que vão dando diferentes texturas ao chão ou que se vão apresentando como esculturas da natureza. Praias de Carriagem e Arrifana Estas duas praias, consideradas como as praias perfeitas pela Financial Times, contrastam essencialmente, na dimensão da intervenção a que foram submetidas. A Praia de Carriagem, desenhando-se intricada numa paisagem bela e sem aparente acção antrópica, teve uma intervenção mínima, com a realocação do estacionamento, para ressalvar uma ainda maior ligação ao natural, e a construção de escadas de acesso à praia, inócuas apesar da sua rigidez. A Praia da Arrifana, por oposição, teve uma forte intervenção, subdivida em três zonas, a de acesso à praia, a da área entre a praia e a fortaleza e a zona da fortaleza. Na área de acesso à praia, efectuou-se uma estabilização da arriba, tal como, o reperfilamento do acesso viário e do estacionamento. A zona que leva à fortaleza teve intervenção semelhante, focando-se na circulação viária e na estabilização da arriba. A área envolvente da fortaleza, teve por base a valorização da mesma e requalificação dos muros e das áreas de acesso público. A fortaleza abre a porta da paisagem da arriba, como uma varanda para o extenso oceano que se estende até onde a vista alcança. Ecovia e Ciclovias A implantação da ecovia e das diversas ciclovias, encontra-se actualmente ainda apenas prevista, mas tem como objectivo percorrer toda a extensão do Parque Natural do Litoral Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, criando uma rede de percursos cicláveis, coerente, atractiva, segura e confortável, articulando aglomerados urbanos, praias e outros pontos de interesse do parque natural. A


ecovia aproveita ciclovias, percursos pedonais e vias de circulação reduzida já existentes e de elevado valor paisagístico, interligando praias, arribas, dunas, falésias, áreas marinhas e áreas de interior. As ciclovias, com carácter mais urbano, fazem a ligação a pontos de interesse mais distantes da ecovia, dando uma opção diferente e ecológica aos outros meios de transporte que percorrem as estradas adjacentes. Considerações Finais Intervir na paisagem, principalmente numa tão marcada e recortada, como a costa vicentina e o sudoeste alentejano, é uma tarefa que, mais do que criar novos espaços e novas paisagens, deve respeitar o lugar e o carácter natural que lhe é inerente. Neste sentido, a continuidade oferecida pelo Parque Natural e pela sociedade POLIS que gere a sua intervenção, é de extrema importância, para que não se perca o carácter histórico e paisagístico da zona. A costa selvagem, não o deixará de ser, se a intervenção respeitar os limites físicos e ecológicos que esta impõe, oferecendo a quem a usava e usará, a segurança e o conforto que até então não existia. E é possibilitando um acesso mais facilitado e, acima de tudo, planeado, que se consegue proteger um conjunto de ecossistemas e habitats, que se encontravam e risco, pela utilização “livre” e anárquica. Neste âmbito, as propostas até agora levadas a cargo, tendo em conta que em tantos projectos é comum existiram alguns erros, têm sido bem-sucedidas, esperando que as que ainda estão por concluir, mantenham esta linha de “continuum” na paisagem do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina.

Praia da Carriagem. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

Representação da Ciclovia. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

Praia da Arrifana. Fonte: http://www.polislitoralsudoeste.pt/

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Telhados Verdes Em Nova Iorque João Miguel Azoia

Telhados Verdes. Fonte: Envec Brasil.

2000

Nova Iorque está coberta de telhados planos, a integração dos telhados verdes pode vir a solucionar o problema da “Ilha de Calor Urbana”. Nova Iorque é uma cidade exemplo em muitos aspetos, tanto positivos como negativos. Forte poder económico, pontos icónicos conhecidos a nível mundial e a presença de um dos maiores parques urbanos do mundo, que contrastam com uma grande discrepância socioeconómica entre as diferentes classes sociais e a presença de uma construção urbana desenfreada ao ponto de não existir planeamento e reserva de áreas para espaços verdes. Ilha de calor urbano Essa falta de planeamento gerou uma “Ilha de Calor Urbano” que, devido às imensas áreas superficiais de betão, as temperaturas sobem, em certos pontos da cidade, aos 48ºC. Os impactos destas “Ilhas de Calor Urbano” variam desde: - Impactos económicos, com o aumento do consumo de energia dos eletrodomésticos com foco na refrigeração (frigoríficos, ar condicionado); - Impactos ambientais, diretamente ligados ao anterior. Ao aumentar o consumo da energia, aumenta também a libertação de gases como o dióxido de carbono, monóxido de carbono nas centrais elétricas; - Impactos na área da saúde pessoal, que graças ao desconforto térmico no sistema respiratório e vascular, aumentam a probabilidade de ataques cardíacos; - Impactos climáticos, com o aumento da temperatura e a direta diminuição da pressão do ar, o mais fresco nas zonas rurais substitui o ar mais quente da cidade. Consequentemente, o ar quente ascende na atmosfera, criando trovoadas e chuvas antrópicas que ocorrem fora dos períodos em que são expectáveis; Chicago City Hall. Fonte: http://el-batey.blogspot.pt/2014_06_08_archive.html

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Assim, e tendo em vista a resolução destes problemas associados à existência de “Ilhas de calor urbano”, procuraram-se encontrar soluções, sendo uma delas a construção de telhados verdes na cidade.


Telhados verdes? Mas porquê telhados verdes e não mais áreas verdes, ao nível do solo? Será que os telhados verdes refrescam mesmo o ar? Nova Iorque é reconhecida pelo seu edificado em grande escala e, também, pelo seu valor económico. É a capital financeira de uma das maiores, para não dizer a maior, superpotências mundiais, os Estados Unidos da América, sendo a valorização da sua área bastante significativa. Estes preços elevados têm obrigado cada vez mais a cidade a construir em altura. Esta tornou-se também a razão pela qual o uso de árvores de arruamento e de um maior número de parques urbanos tem vindo a estagnar, pois o seu custo elevado torna-se pouco aprazível. Desta forma, e tendo em conta que 19% de Nova Iorque está coberta de telhados planos, a integração dos telhados verdes pode vir a solucionar o problema da “Ilha de Calor Urbana”, ocupando apenas espaço já previamente ocupado por estes edifícios. Telhados verdes Passemos então a definição de “Telhados Verdes”. Tal como o nome indica, estes não são mais do que sistemas vegetativos localizados nos telhados, que se podem dividir entre extensivos e intensivos, consoante a quantidade de substrato usada (5 a 15 cm nos extensivos e mais que 15 nos intensivos), variando o tipo de plantas neles utilizadas. Na prática, os telhados verdes arrefecem o ar da mesma forma que um parque: através da evapotranspiração e evaporação, e da sombra que produzem. Em 2000 Karen Liu, da NRCC (National Research Council Canada), comparou a performance de um telhado verde e de um comum, ambos com 74 metros quadrados, constatando que num dia com 35º C, a temperatura do telhado verde desceu aos 25ºC, enquanto o comum não registou temperaturas inferiores aos 70ºC. Concomitantemente, esta autora demostrou ainda que o edifício com o telhado verde gastou 75% menos energia que o seu análogo graças ao efeito isolante que a vegetação proporcionou. Num outro estudo, desta feita pela Penn State University, não só se comprovou que os telhados verdes eram, de facto, cerca de 40ºC mais frescos que os telhados comuns num dia de Verão, como também, que em média eram 8ºC mais quentes durante a noite. Da mesma forma, e graças ao efeito isolante, a temperatura ambiente dentro dos edifícios com telhados verdes era 2ºC mais fresca de dia e 0.3ºC mais quente à noite.

Visão Térmica da Cidade de Nova Iorque. Fonte: Daniel Bader, Columbia University.

Perfil de uma “Ilha de Calor”. Fonte: http://www.laterizio.it/cil/ricerca/81-isola-di-calore-e-surriscaldamento-estivo-cool-colorsin-laterizio.html

Os telhados verdes têm ainda outros benefícios, tanto públicos como privados: Públicos: - Aumentam a retenção da água da chuva. Este fator é de extrema importância económica numa cidade cujos tratamentos de esgotos ficam sobrecarregados, vendo-se assim obrigada a gastar bilhões de dólares tanto em manutenção como na construção de novas infraestruturas; - Filtração do ar; - Redução do dióxido de carbono por via da fotossíntese; Privados: - Protegem o telhado dos raios ultravioleta, aumentando a sua expectativa de vida em cerca de 40 anos;

Telhados Verdes em Nova Iorque. Fonte: http://baybridgehouse.org/gallery/green-roofs-2/

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Conclusão Em linha com estes efeitos benéficos dos telhados verdes foi ainda desenvolvido um estudo no ano de 2006 em Nova Iorque, no qual se previu que ao implantar-se Telhados Verdes em 50% dos telhados planos de Nova Iorque, com uma cobertura vegetal de 75%, a superfície da cidade, em pleno Verão, seria 0,8ºC mais fresca que na mesma altura no ano anterior. Assim, esta diminuição da temperatura, levaria a um progressivo desaparecimento da “Ilha de Calor Urbana” que resultaria na regularização da mesma na cidade. Paralelamente a estes benefícios ambientais, a instalação de Telhados Verdes teria também um impacto positivo, não só ao nível económico, reduzindo significativamente o consumo energético, como também ao nível da saúde, reduzindo gases nocivos e, consequentemente, a frequência de doenças respiratórias e cardiovasculares.

Telhado Verde. Fonte: http://www.jardinaria.com.br/blog/2011/08/telhado-verde/

Porém, a par de todas estas mais valias, a existência destes espaços verdes é impercetível aos olhos dos transeuntes, uma vez que esta naturalização do edificado é impossível de visualizar ao nível do solo. Como tal, muitas das eventuais vantagens decorrentes do usufruto deste tipo de espaços como é, por exemplo, a diminuição dos níveis de stress e descompressão, não poderão ocorrer. Contudo, e contrastando com esta realidade, os residentes destes edifícios e dos edifícios vizinhos, ao terem livre acesso e visibilidade, respetivamente, a estes espaços verde, usufruem os seus benefícios e abstraem-se da vivência citadina. Os telhados verdes são, de facto, um meio eficaz de redução da “Ilha de Calor Urbana” da cidade de Nova Iorque, trazendo também outros benefícios, como a regularização térmica do ambiente dentro dos edifícios e a apreciação estética proporcionada aos residentes desses mesmos edifícios, assim como aos vizinhos. Mesmo com o pouco reconhecimento público, estes seriam uma mais valia. E, caso se viesse a comprovar esta recuperação na cidade de Nova Iorque, os telhados verdes poderiam ajudar a melhorar a qualidade estética de espaços habitualmente desprezados, assim como reduzir o impacto ecológico que as cidades têm na paisagem e no clima.

Telhado Verde. Fonte: https://ecotelhado.com/portfolio/ecotelhado-telhado-verde/

Referências A New York City guide to Greens Roofs, The Cooper Union, disponível em https://cooper.edu/isd/projects/green-nyc/green-roofs Heat Island Effects, Department of Environmental Conservation, disponível em http://www.dec.ny.gov/lands/30344.html New York City Urban Heat Island “Reconnaissance”, disponível em https:// www.epa.gov/sites/production/files/2014-07/documents/nyc_uhi_recon_ preliminary_findings_oct_25_version.pdf Thermal performance of green roofs through field evaluation, disponível em http://www.csustentavel.com/wp-content/uploads/2013/10/termica-grcanada.pdf This is what a Urban Heat Island looks like, Popular Science, disponível em http://www.popsci.com/science/article/2013-08/what-urban-heat-islandlooks

Telhados Verdes. Fonte: http://www.ecodesenvolvimento.org/posts/2015/abril/lei-em-recife-obriga-telhados-verdesem-predios?tag=arquitetura-e-construcao

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Urban Heat Island Mitigation Can Improve New York City’s Environment, disponível em http://www.deltacities.com/documents/NYC_SSBx_UHI_


Mit_Can_Improve_NYC_Enviro[1].pdf Vantagens e desvantagens de um telhado verde, SustentArqui, disponĂ­vel em http://sustentarqui.com.br/dicas/vantagens-e-desvantagens-de-umtelhado-verde/

Telhado Verde. Fonte: http://caroldaemon.blogspot.pt/2015/04/quando-o-telhado-verde-vira-lei.html

Telhado Verde. Fonte: https://cbsnewyork.files.wordpress.com/2013/04/5borotopshot.jpg

Nova Iorque. Fonte: http://www.dicasnewyork.com.br/2014/05/o-que-fazer-em-nova-york-dicas.html

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Sony Center, Potsdamer Platz, Berlim Uma imensidão condutora Inês José

Vista interior da cobertura. Fonte: https://c2.staticflickr.com/8/7054/13304525905_d6e6e4da33_b.jpg

2000

Toda a informação com que a praça nos presenteia, toda esta imensidão que nos direcciona, funcionam como um jogo de sentidos que nos conduzem a algum local. Localização e história Potsdamer Platz era considerada nos anos 20 o coração da cidade e devido à grande intersecção de tráfego foi instalado, a 20 de outubro de 1924, o primeiro semáforo de Berlim e um dos primeiros da Europa. A seguir à 2ª Guerra Mundial, e após a queda da Alemanha Oriental e do muro de Berlim em 1989, toda esta área se encontrava em ruinas por isso o governo organizou concursos para a recuperação de edifícios com importância histórica. O vencedor do concurso para realizar a sede da Sony, em Postdamer Platz no ano de 1992, foi o arquitecto Hemult Jahn com um conjunto de sete edifícios com usos variados, como escritórios, apartamentos, lojas, comércios, restaurantes, cinemas, entre outros. Cinco destes edifícios formaram uma praça onde o arquitecto propôs uma grande cobertura que criasse um ambiente dinâmico, interactivo e que proporcionasse um espaço agradável em épocas de temperaturas extremas. Esta praça, devido à proximidade da sede da Sony, a sul, recebeu o nome de Sony Center. A Sony Center foi inaugurada no ano de 2000 com a parceria entre Helmut Jahn e Peter Walker & Partners, respectivamente arquitecto e arquitecto paisagista. Impacto, estrutura e materialidades A Sony Center é facilmente visível à distância, não só pela dimensão como também pela for-ma da sua cobertura semi-transparente, e é uma das grandes referências de Berlim. A realização da cobertura da praça aplica uma das tecnologias constructivas mais inovadoras do mundo e ao mesmo tempo minimiza os materiais com a sua forma tipicamente tradicional. Potsdamer Platz. Fonte: http://img.phombo.com/img1/photocombo/4448/The_Best_HD_HQ_Hi-Res_Wallpapers_ Collection_-_Cityscape_by_tonyx__145_pictures-75.jpg_sony_center_potsdamer_platz.jpg

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As coberturas de espaços públicos ou semipúblicos, como museus, igrejas e praças, promovem um local de integração e convívio, contudo, tal como


outras, Sony Center é vista como um “inovador complexo de edifícios de vidro e aço” porque o arquitecto aplicou conceitos de leveza e ousadia ao projectar a cobertura, cuja forma propõe uma mensagem de inovação com a aplicação de novos materiais, membranas de teflon e fibra de vidro. A grande cobertura aplica princípios da estrutura sobre tensão, como um guarda-chuva, com 102 metros no eixo maior e 77 metros no eixo menor, que em planta define uma forma elíptica. Uma das surpresas da praça coberta foi a inversão do padrão cultural idealizado, levando cafés e lojas do exterior para o interior do complexo, que abrange cerca de um terço da reconstruída Potzdamer Platz. O edifício não é visto como uma construção em si, mas sim como parte de um todo, que é a cidade, e embora esteja localizado numa área bastante moderna e desenvolvida da cidade, todo o complexo tem uma decoração arrojada, pelo seu futurismo, comparado com o envolvente. Com as suas características de transparência, permeabilidade à luz, reflexão e refracção, a cobertura representa parte da componente fantástica onde há uma mudança constante de luzes e efeitos, que afecta não só a aparência, mas também o conforto, maximizando-o. As diferentes luzes actuantes criam uma diferença significativa no espaço entre o dia e a noite, fazendo-nos sentir que não estamos no mesmo local. A sombra e o isolamento, fornecido pelos edifícios circundantes e pela cobertura de sete andares acima, modifica os extremos de temperatura em até 10 graus, que garante o uso da praça durante todo o ano. A presença dos edifícios e a sua materialidade impermeabilizam o som das estradas adjacentes tornando o espaço incrivelmente agradável, nunca esquecendo a fundamental presença da água. Singularidades e indicações O elemento de água sobre uma grande abertura, perfeitamente semiemoldurada por buxos (Buxus sempervirens), é uma característica da praça. Olhando para baixo, através do fundo de vidro do elemento de água, os visitantes podem observar o andar de baixo, e do andar de baixo se olharem através da piscina observarão a imensidão que é o céu e a estrutura metálica existente no topo da praça, como é possível observar na imagem da Vista interior da cobertura. A praça é pavimentada com lajes tradicionais de granito, de Berlim, conectando o interior com o exterior da praça, sendo, além de económico, sustentável. As grades de metal existentes entre o pavimento constituem parte do sistema de drenagem da praça. A água drenada circula através de condutas fornecendo energia eléctrica, para dar apoio em caso de exposições, oferecendo fácil acesso a todos os elementos de manutenção e inspecção. Nas lajes de granito encontram-se embutidas luzes de presença, que funcionam como luzes direcionais para o interior ou exterior da Sony Center, como é possível observar à direita. Estas luzes direccionais sudeste-noroeste são de grande utilidade quando nos encontramos na praça tal como as placas informativas existentes que também não nos deixam ‘perder o norte’, apesar de sermos ofuscados com tanta informação e publicidade dos edifícios que nos rodeiam. Imensidão Toda a informação com que a praça nos presenteia, toda esta imensidão que nos direcciona, funcionam como um jogo de sentidos que nos conduzem a algum local: a uma saída, ao centro da praça ou até mesmo a um café ou ao cinema. Esta imensidão tem as duas faces da moeda – os nossos sentidos ficam aturdidos com o excesso de informação com que somos bombardeados e a facilidade com que nos movemos na enorme praça devido a todas as indicações.

Corte norte-sul do projecto da praça. Fonte: http://slyfelinos.com/plans/440x330-sony-center-pwp-landscape-architecture-1211409.jpeg

Contraste ambiental entre o dia e a noite. Fonte: http://contandoashoras.com/wp-content/uploads/2015/11/IMG_9580.jpg

A imensidão do Sony Center. Fonte:http://images.adsttc.com/media/images/5015/ecee/28ba/0d15/9800/0214/large_jpg/ stringio.jpg?1414405006

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Intervenção nas margens ribeirinhas do Mondego - Programa POLIS Joana Figueiredo

Rio Mondego Fonte: Imagens Google.

2007

A reabilitação urbana é atualmente um tema incontornável quer se fale de conservação e defesa do património, de desenvolvimento sustentado, de ordenamento do território, de qualificação ambiental ou de coesão social. As questões relacionadas com o risco de inundação continuam a ser, ainda hoje, um campo de investigação inesgotado, onde se interagem conhecimentos oriundos das mais diversas áreas científicas. Desta forma, a análise baseada no estudo das causas, na explicação dos episódios, na inventariação das consequências continua a manter a prevalência e interesse, embora se procure, cada vez mais, uma aplicabilidade efetiva desses estudos ao território e à sociedade, com os quais deve, aliás, interrelacionar-se, surgindo aqui a papel que o arquiteto paisagista poderá oferecer para a tentativa de resolução destes casos. As inundações da área ribeirinha no sector terminal da bacia do Mondego são, pela sua secular recorrência, um importante campo de trabalho no aprofundar do conhecimento, não só das causas naturais e antrópicas que estão na sua origem, mas sobretudo do problema que constitui, actualmente, a expansão urbana para leito de cheia em bacias hidrográficas regularizadas. Assim, a constatação deste problema, salientando pelas constantes cheias que ano após ano se repetem, veio reforçar a necessidade de se renovar o debate relativo à procura de soluções mais eficazes na minimização e mitigação do risco de inundação em planícies aluviais. Coimbra, pela sua localização geográfica, sempre integrou o rio na sua paisagem, de características torrenciais, daí um pouco a minha necessidade de conhecimento e percepção do programa realizado pela POLIS como forma de minorar os impactos que ano após ano se verificam nas suas margens.

Zona ribeirinha intervencionada pelo Programa POLIS Fonte: MVCC ARQUITECTOS Lda.

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POLIS O Programa POLIS é uma acção a nível nacional, desenvolvida pelo Governo Português para a requalificação urbana e a valorização ambiental das cidades. Visa permitir a eleição para a requalificação de meios urbanos com importância


estratégica para o desenvolvimento do país. A cidade de Coimbra candidatou-se a este Programa e foi seleccionada para a intervenção da zona ribeirinha do Mondego, compreendo as áreas entre a Ponte de Santa Clara e a Ponte Europa, perfazendo uma área de intervenção de 80 hectares, tendo a obra como data inicial o ano de 2001 e final de 2007, estando avaliada num valor global de 35 milhões de euros. Neste programa revê‐se algumas propostas implementadas anteriormente no Plano Diretor Municipal (PDM), integrando dois planos: o plano de Pormenor do Parque Verde do Mondego, que neste momento se encontra em desenvolvimento, e o Plano de Pormenor do Eixo Portagem /Avenida João das Regras, que mais à frente será especificado. É na sequência das cheias verificadas no Rio Mondego, em Dezembro de 2000 e Janeiro de 2001, que esta zona foi fortemente afetada por aqueles fenómenos hidrológicos, tendo a SociedadeCoimbraPolis, solicitado ao Departamento de Engenharia Civil da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra a elaboração de um parecer. O estudo desenvolvido tinha por objetivo a análise do comportamento hidráulico e hidrológico do Rio Mondego, no trecho adjacente à zona de intervenção deste Programa e, como fim último, a definição das possíveis áreas inundadas naquela zona de intervenção. De acordo com as informações fornecidas pelo site oficial do Programa POLIS, temos: - A intervenção na cidade de Coimbra localiza-se nas margens do rio Mondego e visa, essencialmente, a integração do rio e da sua envolvente na própria cidade; - A revitalização do centro, a valorização do património, a articulação dos processos de renovação e de revitalização urbana como meio de promoção do espaço público e a sensibilização ambiental são as linhas estratégicas orientadoras desta intervenção; - Destacam-se algumas das obras determinantes na concretização da estratégia adoptada: 1. Consolidação das margens e envolvente do Parque Verde do Mondego; 2. Requalificação do espaço público da Ponte de Santa Clara, do nó da Lage e do Parque Manuel Braga; 3. Articulação do projecto do Jardim de Santa Clara com a construção da ensecadeira para a conservação e valorização do Mosteiro de Santa Clara; 4. Construção da ponte pedonal e ciclável de ligação entre as margens; 5. Melhoria das acessibilidades através do reforço das ligações viárias entre ambas as margens e do centro; 6. Projecto geral de estacionamento e espaço público do Centro de Congressos; 7. Instalação de equipamentos de animação, campos desportivos e informais e estacionamento de apoio; 8. Construção de um centro de interpretação e monitorização ambiental (CMIA). O projeto Todo o processo de construção foi iniciado com uma análise a todo o substrato litológico que é constituído por aluviões. Posteriormente, a análise e o estudo do tráfego não foram esquecidos com vista a estabelecer uma capacidade de estacionamento necessária e razoável, tendo já sido realizadas diretivas no que concerne aos transportes públicos. É de salientar que toda esta área de intervenção encontra-se focalizada em quatro temas transversais que são essenciais para a sustentabilidade das cidades a longo prazo: a gestão urbana, o sistema de transportes, a construção e a concepção urbana sustentável.

Plano Geral. Fonte: MVCC ARQUITECTOS Lda.

Esboços - Processo Criativo. Fonte: MVCC ARQUITECTOS Lda.

Esboços - Processo Criativo. Fonte: MVCC ARQUITECTOS Lda.

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De um modo mais detalhado são estes os projectos e as obras que foram realizadas no âmbito do Programa Polis: Projeto da 1ª fase e 2ª fase do Parque Verde do Mondego - Adaptação do recinto da atual Praça da Canção (zona do Queimódromo); - Extensão do projeto para Sul; - Área com compartimentos para funções multi-usos; - Pequena área de comércio e equipamento; - Iluminação e mobiliário urbano; - Área de estacionamento para ligeiros e pesados; - Parque de merendas; - Instalações de sanitários públicos; - Polidesportivo descoberto; - Equipamentos de apoio aos desportos náuticos e a outras práticas desportivas; - Aumento de locais não arborizados para eventos temporais. Projeto da 1ª fase e 2ª fase do Parque Verde do Mondego . Fonte: MVCC ARQUITECTOS Lda.

Projeto da 3ª fase do Parque Verde do Mondego - Ligação com o Parque Dr. Manuel Braga através da Ponte Pedonal Pedro e Inês; - Local previsto sem circulação viária; - Existência de uma frente ribeirinha com equipamentos de hotelaria; - Parque Infantil; - Instalações de sanitários públicos; - Área de estacionamento para ligeiros e pesados; - Caminhos pedonais com plataformas de madeira avançadas para o rio; - Previsto a criação de uma área coberta de 3350m² para equipamento não especificado; - Pavilhão Centro de Portugal que esteve na Exposição Mundial de Hanôver;

Projeto da 3ª fase do Parque Verde do Mondego. Fonte: MVCC ARQUITECTOS Lda.

Projeto da 4ª fase do Parque Verde do Mondego - Manter ao máximo as caraterísticas naturais do espaço; - Aproveitamento das espécies existentes, com um tratamento mais informal e cuidado; - Acessos à ponte Europa através da Quinta da Várzea e das Lajes; - Criação de espaços de Lazer com circuitos pedonais e ciclovias; - Instalação de uma plataforma photo-finish e respetiva mira para as competições de remo e vela;

Projeto da 4ª fase do Parque Verde do Mondego. Fonte: MVCC ARQUITECTOS Lda.

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Como prova disso, estes projetos são capazes de desvendar a dimensão da alteração feita nas margens do rio Mondego através de um parque pensado para viver, para as pessoas poderem usufruir. Numa cidade em que os espaços verdes não abundam, um espaço destes é deveras uma mais valia contudo, não se pode negar o facto que este teve um custo bastante elevado mas que, sem interrogação alguma foi algo que valeu a pena. Em suma, a cidade mudou para melhor: o parque ajudou a população a ter uma melhor qualidade de vida, ajudou igualmente os comerciantes a aumentar exponencialmente as suas vendas, o turismo, e acima de tudo criou vida num local em que pouco vida existia. Em modo de síntese, é de referir que os seis grandes eixos de intervenção do Programa POLIS na cidade de Coimbra foram todos praticamente elaborados e, nos dias de hoje, fazem a diferença na vivência deste espaço. Assim, temos: • AMBIENTE: Onde se perspetivou uma limpeza das margens do rio Mondego para que o mesmo pudesse ser utilizado por toda a população. Devido a alguns problemas conhecidos pelos conimbricenses – parque de autocarros desordenados no Choupalinho, laranjais abandonados até à pouco tempo em frente à estação de caminhos-de-ferro de CoimbraParque – conduziu a que estas áreas se tornassem algo marginais. Também o Parque Manuel de Braga, mais conhecido por Jardim da Cidade foi alvo de intervenção. No Parque Verde do Mondego foram desenvolvidas potencialidades lúdicas, desportivas, culturais e pedagógicas associadas à proximidade do rio;

Fotografias após execução. Fonte: http://www.ambitur.pt/wp-content/uploads/coimbra-parque-verde-1-x468-770x439_c.jpg

LAZER: Amplos relvados tornaram o local agradável para a utilização calma e descontraída das populações, bem como crianças e idosos. O aspeto de lazer noturno não foi esquecido nos dias de hoje, pelas camadas sociais mais jovens, tendo sido construídos pequenos equipamentos de hotelaria e de animação noturna; ACTIVIDADES CULTURAIS: Foi tido em conta a promoção de atividades culturais de espetáculos tendo o palco já sido construído e já utilizado por vários espetáculos não só estudantis (como na Queima das Fitas) como para a população geral. Também não foi esquecida a vertente didática e com salas de cinema – é o recinto do Parque Temático Ciência, Cultura e Lazer – (projeto este que se encontra parado nos dias de hoje). A recuperação do Convento de São Francisco em Centro de Congressos também foi inserida neste projeto;

Fotografias após execução. Fonte: Imagens Google.

DESPORTO: Se o rio é o vetor principal deste Programa, os desportos náuticos terão um papel importante neste eixo através do aproveitamento da barragem do açude-ponte e o lençol de água que cria, nomeadamente, em atividades de remo e canoagem. Também os relvados são afetos à prática de desporto livre; ACESSIBILIDADES: A crónica dificuldade de deslocação entre a Alta e a Baixa foi resolvida, ou significativamente melhorada, através da construção de um elevador numa área de difícil acesso. O ponto anteriormente de maior confusão de tráfego foi resolvido através de construção de um desnivelamento da antiga EN1 na zona de confluência entre a Ponte de Santa Clara e a Avenida João das Regras, com a construção de uma estrada paralela ao Estádio Universitário, diretamente para a área da Guarda Inglesa. A nível pedonal, a ponte Pedro e Inês proporcionou uma nova travessia pedonal entre as duas margens, resolvendo o estrangulamento causado pelo rio; TURISMO: A zona do Choupalinho é o ponto de encontro de todos os autocarros de turismo que chegam à cidade e que, com a elaboração do projeto, começaram a passar para a outra margem. Assim, o conjunto

Fotografias após execução. Fonte: MVCC ARQUITECTOS Lda.

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arquitectónico monumental da cidade da margem esquerda, criou condições excelentes para o desenvolvimento do turismo (uma via na qual se abre uma nova oportunidade aos espaços, uma vez que o interesse político na actividade é crescente, proporcionando maior desenvolvimento). Assim, a disposição, diversidade e o tratamento deste novo espaço urbano define a cultura e os valores da sociedade em que está inserido. De tal modo, o espaço possui importância por se caracterizar como um espaço de encontro, de convívio, lugar de práticas culturais, de criação, de transformações e de diversas vivências. O rio Mondego em todo o seu redor é um espaço que está longe de ser monótono e que nem sempre é tão “baixo” como a sua designação pode querer expressar. Pelas diferentes morfologias, solos, coberturas vegetais e respetivos aproveitamentos humanos, impõe o aparecimento de uma grande pluralidade de imagens paisagísticas. Fotografias após execução. Fonte: Imagens Google.

Ao analisar a área das margens do rio constata‐se que a margem direita do rio Mondego, vulgarmente conhecida por Parque Verde do Mondego, é um espaço urbano dedicado essencialmente ao lazer e, por outro lado, a margem esquerda do rio é um espaço dedicado à exploração do rio em canoa e em outras embarcações. Deste modo, o espaço é classificado por espaço de lazer e de evento. Neste novo espaço de evento são realizados eventos de forma a promover o espaço em que o objetivo principal é oferecer espaço físico para a realização de diversos eventos de caráter lúdico/lazer, como feiras, concertos musicais, festivais de dança e campeonatos desportivos. Por fim, ao avaliar a componente estética e funcional do espaço, pode-se afirmar que com a intervenção do Programa POLIS, a frente ribeirinha do Mondego, ao estruturar os terrenos entre as duas pontes como espaços de lazer e de cultura, conseguiram aproximar do rio uma cidade que se desenvolve nas suas duas margens.

Fotografias após execução. Fonte: Imagens Google.

Fotografias após execução. Fonte: Imagens Google.

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Parque do Memorial do 11 de Setembro Leonor Pires

Parque do Memorial. Fonte: http://s131170.gridserver.com/sites/pwp/images/inline/voids_02.jpg.

2011

Partindo deste conceito, o projecto assume um carácter fortemente simbólico que se traduz em todos os elementos que o integram, sem nunca abdicar, no entanto, da multifuncionalidade característica de um parque urbano. O Parque do Memorial do 11 de Setembro encontra-se no World Trade Center, em Nova Iorque, precisamente no local onde as Torres Gémeas foram destruídas na sequência dos ataques terroristas que levaram à colisão de dois aviões de passageiros com as torres. Os atentados do 11 de Setembro marcaram o início do século XXI e deixaram os Estados Unidos da América e o mundo de luto. Neste sentido é inevitável atribuir ao lugar uma carga extremamente negativa e pesada. Consequentemente, qualquer projecto que fosse pensado para requalificar este espaço teria de conseguir trabalhar com o peso do passado, integrando-o mas “eufemizando-o”. O projecto do Parque do Memorial, inaugurado em 2011 é o projecto vencedor de um concurso público que reuniu a equipa de Arquitectura Paisagista de Peter Walker e o Arquitecto Michael Arad, e assenta sobre o princípio “Reflecting Absence” criado pelos projectistas. Partindo deste conceito, o projecto assume um carácter fortemente simbólico que se traduz em todos os elementos que o integram, sem nunca abdicar, no entanto, da multifuncionalidade característica de um parque urbano. Conceito – Forma – Função The Voids/Presença da ausência/a memória - os elementos de água e a homenagem às vítimas

World Trade Center. Fonte: https://cdn.gobankingrates.com/wp-content/uploads/2013/09/0_MAIN_Songquan-Deng_ shutterstock_145527118-1024x524.jpg

O conceito do “vazio” enquanto elemento que materializa a ausência de algo foi uma linguagem usada por Michael Heizer, em algumas das suas obras, e foi, de forma muito inteligente, adoptada por Michael Arad e Peter Walker para marcar a ausência das Torres Gémeas, cuja dimensão era impossível passar despercebida e que desapareceram de repente da paisagem citadina de Nova Iorque. Associados a estes “vazios”, rebaixados cerca de 9 metros, estão dois enormes elementos de água, ambos compostos pela “cascata” de 9 metros e pelo plano de água que reflecte o céu. Além da valorização que um 33


elemento de água acrescenta ao espaço público ao nível recreativo, sensorial, da amenidade e ambiências, mais uma vez persiste o carácter simbólico da água, que será explorado mais à frente. Outros pormenores que rematam na perfeição todo o conjunto acima descrito são os elementos de metal inoxidável colocados no perímetro dos elementos de água, onde se podem ler os nomes de todas as vítimas dos atentados, relembrando e convidando à homenagem constante por parte de quem lá passa. Estes elementos trazem também um conforto emocional às famílias das vítimas, pela sua escala pessoal e humana, considerando não apenas o número de vítimas mas também a identidade de cada uma delas.

Plano Geral. Fonte: Imagens Google.

Sazonalidade. Fonte: http://pwpla.com/sites/pwp/images/inline/Sacred%20Space_Grubbs%20Grid.jpg

Sagrado – Floresta e clareira A floresta tem uma conotação imediata com a dimensão espiritual e sagrada. Por essa razão, a decisão de envolver os grandes “vazios” por uma “floresta” (416 carvalhos) pretende, de uma forma muito subtil, criar um espaço de reflexão, de entrada num espaço sagrado, assemelhando-se, por exemplo, à entrada num templo. Este isolamento é também claramente funcional, pois isola o interior do parque da confusão e ruído da cidade. Em contraste com a zona de floresta é criada uma zona de clareira, o que vem reforçar este objectivo de proporcionar um espaço de reflexão desligado da confusão da cidade, criando assim diferentes ambiências e disponibilizando-se para receber eventos e cerimónias que se prevêem para o local, tendo sempre em consideração o carácter funcional do espaço. Uma particularidade da composição da floresta é a forma e distribuição dos seus elementos, que conjugados e observados de uma determinada perspectiva, relembram, metaforicamente, a estrutura dos dois edifícios que outrora residiam ali. Permanência/longevidade – o elemento árvore O critério para a escolha da espécie de árvores para o parque está directamente relacionado com a sua simbologia. O Carvalho Branco (Quercus alba), por exemplo, é a espécie de eleição para a composição da floresta, este apresenta características de resistência e resiliência superiores a outras possíveis opções, por esse motivo é-lhe atribuído o valor de Força e Longevidade, carácter que se integra perfeitamente nos objectivos do projecto. Estas características permitem ainda que esta espécie resista em ambientes poluídos como o da cidade de Nova Iorque. Minimalismo – plano horizontal As influências minimalistas de Peter Walker neste projecto estão perfeitamente expostas através da horizontalidade versus verticalidade. Uma das características deste parque é o plano horizontal, sem massas arbustivas, verificando-se apenas, ao nível de revestimentos vivos, a presença de zonas de relvado e canteiros de herbáceas. Juntamente com a zona pavimentada, e estando todo o parque praticamente à mesma cota, acentua-se bastante este contraste entre os elementos horizontais já referidos e verticais como as árvores, bancos, ou qualquer outro elemento que lá se encontre, tornando-se uma linguagem simples e puramente minimalista cuja monotonia é quebrada através da estereotomia do pavimento.

Elementos de água do parque. Fonte: http://pwpla.com/sites/pwp/images/inline/Voids_Heizer%20&%20Fountain%20Sunset.jpg

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Sustentabilidade como parte integrante Actualmente a questão da sustentabilidade é fundamental e necessita estar presente, funcionando como um elemento-chave para o sucesso de qualquer projecto. No caso deste projecto, não se poderia deixar de referir as medidas tomadas no plano da sustentabilidade, visto que todo o parque assenta sobre um mega sistema de drenagem da água, recolha e armazenamento da mesma e de arejamento do solo das caldeiras das árvores.


O armazenamento da água em tanques subterrados tem como objectivo a sua reutilização para a rega e o sistema de arejamento pretende proporcionar as melhores condições possíveis para o bom desenvolvimento da vegetação. Também os gastos de energia foram tidos em conta, na medida em que todo o sistema hidráulico dos elementos de água foi pensado de forma optimizada, reduzindo ao máximo os gastos energéticos e mantendo o efeito que se pretendia inicialmente. Video sobre o sistema de recolha e armazenamento de água e arejamento: https://vimeo.com/26582777 Reflexões Este projecto é mais um exemplo de como é fundamental o papel do Arquitecto Paisagista, em conjunto com outras áreas, na requalificação de espaços dentro da cidade. A recuperação do espaço em questão seria, sem dúvida, um processo complexo e teria de assumir uma linguagem simbólica universal que chegasse a todos os “cantos” do mundo, pois as proporções do desastre atingiram essa mesma escala. A prova definitiva do sucesso de qualquer projecto, além da sua coerência enquanto projecto, é a apropriação por parte das pessoas. Na inauguração do parque essa apropriação foi imediata, devido essencialmente à existência das estruturas de metal com os nomes das vítimas que possuem uma carga emocional muito forte para os primeiros visitantes, muitos deles familiares das vítimas. De uma forma simples, foi possível encontrar uma solução que conjuga todos os factores que se devem ter em conta no processo criativo. A consideração pelo passado através da memória e homenagem às vítimas, uma homenagem pela identidade; a consciência do presente, procurando responder às necessidades da cidade com a criação do parque num centro urbano, um novo espaço verde e vivo no meio da “floresta de betão” que é Nova Iorque, acrescentando um novo elemento à estrutura ecológica urbana e aumentando a variedade das tipologias de espaço oferecidas pela mesma; e um olhar para o futuro com a aposta em bons sistemas sustentáveis que, apesar do elevado investimento, se tornam imprescindíveis numa manutenção económica, ecológica e na garantia de qualidade do espaço. Time Lapse da construção do parque: https://www.youtube.com/watch?v=V5teyjPeVco

Perspectiva no interior do Parque. Fonte: http://pwpla.com/sites/pwp/images/inline/allee_day02.03.jpg

Perspectiva no interior do Parque. Fonte: Imagens Google.

Vídeo 15 anos depois dos ataques: https://www.youtube.com/watch?v=T9eBroSQ6ug

Homenagem às vítimas, Dia de inauguração. Fonte: http://pwpla.com/sites/pwp/images/inline/L1010489.jpg

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Parque Guadaira, Sevilla Cinco barrios y un parque Gracia de la Lastra Lozano

Parque Guadaira en toda su extensión. Fuente: Asociación Parque Vivo del Guadaira.

2013

La función social de este espacio verde tiene vocación de ser un gran espacio de convocatoria capaz de mejorar la calidad de vida.

Historia. Recuperacion del antiguo cauce del Rio Guadaira. Desde diciembre del año 2013 los sevillanos pueden disfrutar de un nuevo parque en la ciudad. Se trata del Parque Guadaira, un parque construido sobre el antiguo cauce del río Guadaira, un afluente del río Guadalquivir. Con 60 hectáreas se hace posible conectar a los vecinos de cinco barrios: Heliópolis, Los Bermejales, Polígono Sur, Pedro Salvador y Elcano. A lo largo de su historia, Sevilla ha vivido de espaldas al Guadalquivir y sus afluentes, entre ellos, el río Guadaira. Debido a la gran planicie de la ciudad y a los problemas derivados de inundaciones que seguían a las fuertes precipitaciones, el río Guadaira cambió su curso a mediados del siglo XX. Desde entonces, el abandono del antiguo curso derivó en una zona urbana desestructurada, con espacios degradados, escombreras y otros, que convirtió esta área en un problema de seguridad y de comunicación entre diferentes zonas de la ciudad. Fondos europeos para la restauración del cauce del rio Debido a esta degradación se persiguió el desarrollo de este proyecto para la restauración del cauce del río, que no fue tarea fácil. En numerosas ocasiones el Ayuntamiento de Sevilla quiso recalificar los terrenos para para la construcción de nuevas viviendas. Finalmente, tras las presiones de los vecinos, se decidió promover la construcción de esta área verde tan reclamada y tan necesaria para la ciudad. . Zona este del Parque, frente a la barriada de las 3000 viviendas. Fuente: Trauxia S.A.

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El desarrollo de esta actuación fue posible gracias al convenio de colaboración entre la Confederación Hidrográfica del Guadalquivir y el Ayuntamiento de Sevilla que, con el apoyo de los Fondos FEDER de la Unión Europea, apuestan por la regeneración hidrológica y forestal de cauces y riberas en la ciudad. Para la concesión de los Fondos FEDER, necesarios para la ejecución del parque, fue requerida la presentación de un informe de viabilidad donde se señalaron los problemas existentes y los objetivos perseguidos con la ejecución de este proyecto, que son los que siguen: - Recuperar el antiguo cauce del río Guadaíra creando láminas de agua y un espacio verde para el disfrute de la ciudadanía. - Conectar zonas desfavorecidas con un espacio verde común que integre estas barriadas. Proyecto Y Función La potencialidad de este proyecto se basa en sus tres funciones principales: ambiental, física y social. En cuanto al aspecto ambiental se origina un nuevo corredor verde en la ciudad, donde se incorporan la fauna y la vegetación autóctona de bajo consumo. Se sanean terrenos que se habían convertido en vertederos. Cumpliendo una función física se disuelven límites y fronteras físicas, tales como el paso del tren en superficie, produciendo la integración de las distintas zonas y barriadas que se encuentra. También resuelve la movilidad y accesibilidad, mediante la compatibilidad de una vía rodada y un carril bici que lo recorre de este a oeste, así como recorridos de calidad y esparcimiento para el peatón.

Imagen de multifuncional en la fase de Propuesta del Proyecto. Fuente: La Ciudad Viva.

La función social de este espacio verde tiene vocación de ser un gran espacio de convocatoria capaz de mejorar la calidad de vida de los vecinos, generar espacios de ocio y convocatoria, así como albergar diferentes equipamientos públicos deportivos y culturales. Análisis del Proyecto Partiendo de la base del gran potencial que tuvo este proyecto desde su inicio y basándonos en los objetivos marcados desde entonces para justificar su ejecución, podemos sacar la conclusión de que no todos los objetivos fueron cumplidos, o al menos no lo fueron en su totalidad.

Conexión del parque bajo la línea del tren. Fuente: www.jardinesdesevilla.es

De los dos principales objetivos marcados para la concesión de las ayudas de los Fondos FEDER: - Recuperar el antiguo cauce del río Guadaíra creando láminas de agua y un espacio verde para el disfrute de la ciudadanía. - Conectar zonas desfavorecidas con un espacio verde común que integre estas barriadas. Concluimos que el primero de ellos sólo ha sido cumplido de forma parcial. Se construyó un corredor verde, pero a base de praderas de césped, cuando hubiera sido más lógico recuperar el cauce con la recuperación de especies tapizantes, arbóreas y arbustivas autóctonas y de ribera. La instalación de cespitosas a lo largo de todo el parque, además de no ser considerado vegetación autóctona supone un elevado costo y consumo de agua para el parque, lo que lo hace poco sostenible en cuanto a consumo hídrico se refiere.

El parque Guadaira en fase de construcción. El río Guadalquivir al fondo. Fuente: www.jardinesdesevilla.es

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En cuanto a la función social, se confirma como este espacio ha sido capaz de cohesionar y vertebrar esta zona sur de la ciudad permitiendo la integración de los vecinos de diferentes barriadas, abarcando desde barrios como el de Heliópolis, correspondiente con un perfil de edades media-alta con mayor poder adquisitivo, a barrios jóvenes como es el caso de Los Bermejales pasando por barrios más humildes y otros incluso conflictivos. El flujo de paseantes y usuarios de diferente tipo es permanente y abundante en todos los sectores del parque. Así ocurre también el aspecto físico del parque, cumple muy bien su función de conexión de las diferentes barriadas, salvando la zona final que conecta con el parque por debajo de la SE-30, circunvalación de la ciudad, una zona de gran valor, pero poco visitada por su desconocido acceso por debajo de dicha circunvalación.

Riego por aspersión de las praderas. Fuente: www.geocaching.com

En cuanto al diseño del parque podemos decir que es pobre. Con un presupuesto de 17, 3 millones de euros, se podría haber hecho un diseño más cuidado, más detallado, con más zonificaciones y pormenores y no tan lineal y simplista. Podríamos destacar la falta de coordinación ante la apertura del parque entre el Ayuntamiento y la empresa adjudicataria de la obra. Al finalizar la obra (dependiente de los Fondos FEDER) y habiéndose inaugurado el parque, las instalaciones de iluminación y mobiliario, dependientes económicamente del Ayuntamiento, no fueron colocadas hasta un año después de la apertura. En cuanto a la obra de ejecución cabe remarcar la falta de cuidado al integrar los diferentes pozos de las redes de agua municipales en el proyecto, muy visibles a lo largo del parque. No obstante, pese a todos los posibles errores de proyecto anotados en este artículo podríamos remarcar el éxito a nivel de número de usuarios y a nivel de conectividad social de este parque, que sin duda era necesario en esta zona de la ciudad de Sevilla. Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xn21SKcJPQk

A la derecha zona más aislada del parque debido a la circunvalación SE-30. Fuente: Sevilla 21

Zona de agua en el parque Guadaira. Fuente: FAMS-COCEMFE Sevilla.

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Parque Linear Ribeirinho Estuário do Tejo,Póvoa de Santa Iria Gonçalo Gomes Pinheiro

Plano Geral. Fonte: CM VFX - Topiaris.

2013

O Parque Linear Ribeirinho relançou o debate sobre a fruição em áreas ecologicamente sensíveis.

O Parque Linear Ribeirinho contempla um conjunto de sucessivas ações de recuperação da frente ribeirinha do Estuário do Tejo, que se iniciaram com o Caminho Pedonal Ribeirinho Vila Franca de Xira – Alhandra. A sua realização permitiu que se expandisse outras ações similares no concelho. A concretização destas espacialidades em lugares privilegiados para recreio junto a áreas sensíveis ressurgiu a urgência da recuperação ecológica do Estuário do Tejo e estabeleceu novas bases fundamentais para a sua concretização a médio prazo. A recuperação ecológica em simbiose com o recreio foi possível em áreas que foram severa e sucessivamente perturbadas pelas ações antrópicas ao longo da industrialização da área norte de Lisboa. E ainda há muito a fazer. Localizado na cidade da Póvoa de Santa Iria, o Parque Linear foi executado simultaneamente com um outro parque urbano que lhe é contíguo - Parque Urbano da Póvoa de Santa Iria. Ambos foram executados ao abrigo da Requalificação da Frente Ribeirinha da Zona sul do Concelho de Vila Franca de Xira, no âmbito do Programa Operacional de Lisboa (QREN 2007-2013)1. Os ateliês responsáveis pela elaboração do projeto foram, respetivamente, a Topiaris e o arquiteto paisagista Sidónio Pardal. A inauguração conjunta realizou-se em julho de 2013. Neste artigo foca-se sobre o Parque Linear que correntemente esteve em voga, nomeadamente pela atribuição de vários prémios, entre os quais o WAN Landscape Award 2016.

Eixo principal - Entrada-Pontão Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

O Parque Linear Riberinho espacializa-se em duas áreas principais, a Praia dos Pescadores e a área de articulação com o Trilho do Tejo, este que se desenvolve cerca de 1,5 quilómetros sob estacaria, ao longo do sapal. Ambos se articulam com uma rede de percursos/trilhos que permitem a ligação às áreas urbanas em redor: Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa a oeste e a Alverca, a norte. A ligação às áreas centrais urbanas dos duas primeiras localidades fazem-se, 39


respetivamente, pela estação ferroviária da Póvoa e a segunda por uma travessia pedonal superior, incluida no projeto global. A execução dos trilhos foram importantes para a interligação com as áreas habitacionais, em que a população é determinante para a evolução da dinâmica recreacional e educativa (sensibilidade ambiental) do parque. A história do lugar remete ao domínio da indústria transformadora, mas também a naval, e da agricultura. Estas atividades permaneceram nesta paisagem por mais de meio século, numa proximidade estreita com o rio e que resultou na degradação ecológica de um dos mais ricos ecossistemas da região de Lisboa: os sapais do Estuário do Tejo. Na concepção do parque denota-se a pretensa interligação da cidade, da indústria e da água na criação de um espaço aberto bem estruturado para o recreio e para a contemplação e tirando partido da estética pelo pulsar dos ecossistemas naturais. O legado histórico do local também contribuiu para a sua concretização2.

Vista aérea do campo de voleibol. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

Artefacto naval surge como elemento pontuado. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

Retomando às duas áreas principais, a Praia dos Pescadores assume-se como uma espacialidade que articula a área urbana e o ecossistema estuarino. Nela se concretizam vários equipamentos para a utilização coletiva: parque de merendas, zonas de pesca, pontões, campo de voleibol, estadias formais e informais e ainda um palco. A colocação pontual de vários artefactos navais (âncoras entre outros) faz referência aos antigos estaleiros que existiram no local. Foram também idealizadas duas estruturas de apoio, fundamentais na consolidação das intenções do projeto: o Centro Ambiental de Interpretação da Paisagem, que promove a compreensão florística e faunística do sapal e ainda uma cafetaria como atração para a utilização prolongada deste espaço aberto3. É curiosa a opção construtiva destas estruturas de apoio, na qual vários contentores foram colocados modularmente, ou seja, há uma anulação da necessidade de fundação na construção. Esta medida evita uma perturbação acrescida nas margens do rio. No uso da vegetação destaca-se a importância dada ao restabelecimento das comunidades halófitas e da vegetação típicamente mediterrânica. Assim podemos encontrar o caniço (Phragmites australis) e a morraça (Spartina marítima) e ainda os tojos (Ulex sp.), as urzes (Calluna vulgaris), alecrim (Rosmarinus sp.), rosmaninho (Lavandula sp.), tomilho (Thymus sp.) entre outras. Foram propostas algumas árvores que completam a estrutura verde do parque, de forma orgânica, que em conjunto com o estrato arbustivo, permitiram a criação de aberturas visuais para a várzea, para o rio e para a cidade, e por outro lado permitiram a criação de sub-espaços, alguns com uma ambiência mais intimista e reservada. Curiosamente a estrutura verde, que se desenvolve numa geometria orgânica, contrasta com a geometria regular da estrutura dos percursos.O passadiço ao longo do cômoro, integrado no Trilho do Tejo, assume-se como uma estrutura linear que permite a ligação direta com o ecossistema estuarino. É a plataforma privilegiada de contacto da população com o seu património natural, e onde se sublima a paisagem pela multiplicidade de interações ecológicas entre fauna, flora, topografia e água. É essa complexidade que nos fascina, considerando que ocorre numa paisagem tão próxima dos eixos urbanos densamente urbanizados.

Centro de intrepretação Ambiental e da Paisagem. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

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Um dos aspetos favoráveis da execução do projeto foi a recuperação das margens do Rio Tejo, na sua vertente ecológica, sem descurar o seu passado, onde a indústria é a génese do crescimento e sobretudo do desenvolvimento da Póvoa de Santa Iria. Não obstante que ainda se integrou a comunidade piscícola remanescente: os avieiros do Tejo. A visibilidade nacional e internacional


do parque (nomeadamente pela atribuição de prémios de arquitetura) contribuiu para que este projeto se assumir como um impulso para outras obras de requalificação paisagística e futura ligação aos concelhos vizinhos. O Parque Linear alertou para a importância de recuperar os ecossistemas ripícolas e estuarinos na Área Metropolitana de Lisboa, provando que uma área ecologicamente sensível pode ser utilizada a benefício da população, na melhoria da sua qualidade de vida. A aplicação das energias renováveis, nomeadamente pela instalação de equipamentos alimentados a energia solar, (cafetaria e alguma iluminação no percurso entre o parque urbano e o parque linear) permitiu a integração de novos elementos no espaço público tendo em consideração a eficiência e sustentabilidade energética. No mesmo segmento, a «sustentabilidade» que globalmente se divulga, também se evidencia pela reutilização de materiais, nomeadamente na construção de observatório de aves utilizando paletes do transporte de mercadorias. Sobre esta questão pergunta-se se a durabilidade dos materiais justifica a sua aplicação. Porém não deixa de ser pertinente estas modalidades de execução. Por outro lado, podemos considerar alguns pontos desfavoráveis que se podem identificar após três anos da abertura do parque. A Praia dos Pescadores surge isolada, envolta por terrenos baldios, onde o acesso pedonal de e para o centro urbano não é fluido, passando por muitos caminhos de pé posto, fruto da circulação da população e não idealizados no projeto. Relativamente a estes caminhos se somam os trilhos propostos e executados, na qual se verifica que em alguns troços a vegetação já dá sinal de colonização nos trilhos executados, e que dificultam a circulação pedonal e ciclável. Consideramos pouco eficaz a formalização da entrada para a envolvente, onde se concretiza uma única vez, à saida da cafetaria, distanciada da cidade da Póvoa de Santa Iria e da estação ferroviária. A outra entrada comunica com o Parque Urbano contíguo, uma ligação descontínua formalizada apenas por um via em betuminoso que atravessa várias fábricas abandonadas e vandalizadas. Consideramos que esta ligação poderá ser perigosa para os utentes. Relativamente aos equipamentos existentes verificámos que o Centro de Interpretação não tem atividades permanentes nem temporárias e o serviço de bar/esplanada não é regular. Nunca se sabe concretamente quando o mesmo está a ser explorado ou não. Esta situação poderia ser corrigida de modo a atrair mais visitantes e informar aos utilizadores regulares sobre a essência do lugar. Sobre a manutenção verificámos que estão presentes alguns problemas: a instalação de rega está fragilizada e parcialmente deteriorada. Algumas manchas de vegetação arbustiva desapareceram, não permitindo a renovação natural. Pensamos que se poderiam realizar um reforço na plantação para revitalizar o desenvolvimento da vegetação. Sobre este último ponto é incerto qual a situação do parque a longo prazo, considerando a situação atual neste curto espaço de tempo desde a abertura.

Ponte de ligação ao Trilho do Tejo. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

Abrigo como observatório de aves. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

Pela sensibilidade deste ecossistema reclama-se uma maior atenção por parte das entidades responsáveis pela manutenção. Por um outro lado a recuperação dos ribeiros não foi concretizada no seu pleno e que, apesar de constar no projeto de execução, muitas medidas de engenharia natural não foram aplicadas, e a contaminação das linhas de água ainda são evidentes. Considerando todos os aspetos mencionados, o Parque Linear Ribeirinho relançou o debate sobre a fruição de áreas ecologicamente sensíveis, contrapondo às ideias de que nestas áreas a ação humana deverá ser mínima. Este projeto reorientou as políticas municipais da gestão da paisagem: se a proteção dos ecossistemas naturais é paisagem, também a é pela ligação e

Lezíria. Vista a Centro de intrepretação Ambiental e da Paisagem. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

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apropriação deste património pela população, num equilíbrio entre natural e cultural. Em virtude disto, o parque contribuiu desta forma como mais uma tentativa de quebra do «tabu» sobre proteccionismo ambiental. De facto o resultado confirma que a ação humana nos ecossistemas naturais nem sempre é negativa, comprovando assim que a humanidade é um agente potenciador da continuidade das dinâmicas da paisagem. Referências Câmara Municipal de Vila Franca de Xira http://www.cm-vfxira.pt/pages/923

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LandArchs http://landarchs.com/revitalized-river-will-make-you-wonder-why-it-wasblocked-off/

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World Architecture News http://www.worldarchitecturenews.com/project/2016/27035/wan-awards/ wan-landscape-award-2016-winner-announced.html 3

Passadiço. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

Margem do rio. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

Vista aérea. Fonte: João Morgado Fotógrafo- Topiaris.

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O Vale de Conwy: da fábrica de aluminios ao Parque Surf Snowdonia Ana Margarida Pestana

Vista geral. Fonte: Surf Snowdonia.

2015

O parque Surf Snowdonia é um exemplo de um projecto que melhorou e fortaleceu a estrutura ecológica do vale de Conwye também originou uma nova componente estética do espaço. Situado no Norte do País de Gales, encaixado no Vale de Conwy, encontramos a pequena vila de Dolgarrog. Conhecida pela sua importância económica durante mais de um século, Dolgarrog albergava uma das principais potências industriais da Grã-Bretanha, a fábrica de alumínios de Dolgarrog. Aluminum Corporation of Dolgarrog, a principal potência económica da região. Durante mais de um século a empresa de alumínios funcionou e desenvolveu a indústria do pais, sendo que o auge da sua existência foi durante a 2ª Guerra Mundial, quando esta forneceu material para a construção das aeronaves utilizadas. Em novembro de 1925, esta fábrica protagonizou uma das histórias mais dramáticas do País de Gales, quando duas barragens sob propriedade da empresa cederam, inundando toda a aldeia e matando 16 pessoas. O desastre em Dolgarrog levou o Parlamento britânico a rever algumas leis referentes à segurança de reservatórios. Em 2002 a fábrica ficou oficialmente encerrada onde foi posteriormente adquirida por dois engenheiros surfistas, que desenvolveram o projecto actual existente na vila, um parque de aventura cuja principal atração é um lago de ondas artificiais onde se pode praticar surf.

Zona central. Fonte: Surf Snowdonia.

Surf Snowdonia Adventure Parc, um projecto que recuperou e deu nova vida a Dolgarrog. A antiga fábrica de alumínios deu lugar a um projecto inovador e impulsionador de mobilidade e desenvolvimento sustentável, transformando este espaço num local mais leve, onde a brisa fresca vinda das montanhas e o conforto da concavidade do vale finalmente se voltaram a sentir. Após um século de uso industrial, e mais de 25.000 metros cúbicos de material/destroços no 43


local, parte dos resíduos foram re-utilizados durante a construção, incluindo a reciclagem de 400 toneladas de aço, ferro fundido e cobre. Não foi uma construção e recuperação fácil deste espaço, pois após de tantos anos de funcionamento, a fábrica de alumínios deixou muitas marcas no ambiente. Pela sua localização encaixada entre os vales e próxima a um lençol freático mais próximo da superfície, foram precisos 20 meses de obras que incluíram não só a construção do parque como também a limpeza e descontaminação do solo e a estabilidade da planície de inundação do rio Conwy. O parque Surf Snowdonia é o primeiro parque de surf artificial do Mundo, que abriu portas em 2015. É um projecto que continua em desenvolvimento e construção embora já conte com um lago de 300 metros de comprimento e 110 metros de largura, abastecido pela água da chuva e pela centrar hidroeléctrica já existente, que alimentava a antiga fábrica. Vale de Dolgarrof. Fonte: https://en.wikipedia.org/wiki/Surf_Snowdonia

O parque encontra-se em funcionamento e em desenvolvimento da sua proposta inicial, que consta em interligar o vale de Conwy, o Rio e o parque natural de Snowdonia, através de do canal do Rio existente, percursos, clareiras e mata da floresta, zonas de habitats protegidas, a construção e recuperação de mais lagos, aproveitando-os também para a pratica desportiva). O desenvolvimento deste projecto liberta Dolgarrog dando a esta pequena vila a abertura visual para uma imensidão de campos abertos que se perdem na linha do horizonte. O cinza deixa de ser a cor predominante de quem visita o espaço dando lugar ao verde das planícies aluviais que acompanham o rio. A vertente ecológica que passou despercebida. A importância ecológica, ambiental e paisagistica deste projecto consegue passar despercebida a 90% das pessoas que o conhecem ou ouviram falar. O facto dos impulsionadores e dirigentes deste projecto em nada se relacionarem com causas ecológicas, ocultou todas as mais-valias que este projecto trouxe á zona do Vale.

Fábrica de aluminios. Fonte: http://heritagephotoarchive.co.uk/p913321983/h2697343e#h2697343e

A localização geográfica do parque é um ponto fulcral no enquadramento sustentável de toda esta zona. Um todo que incluí o Vale de conwy, o Parque nacional de Snowdonia e o Rio Conwy. Desde a descontaminação do solo à limpeza dos lençóis freáticos, este projecto conseguiu trazer a Dolgarrog a reconstrução da tranquilidade vinda das montanhas do Vale de Conwy. O som da industria é substituído por o som de turbinas geradoras de ondas artificiais, um som que misturado com o da corrente originada por estas turbinas passa despercebido, e quem frequenta o parque diz assemelhar-se ao correr do Rio. A existência da fábrica de alumínio durante mais de um século e os seus destroços e resíduos após o seu fecho, sempre marcaram Dolgarrog como um ponto que, por mais atractivamente económico que fosse, era um ponto de contaminação tanto dos solos como do Rio Conwy, o que não permitia o total desenvolvimento sustentável de todo o vale. Podemos agora interligar toda a área numa só, sendo esta ecologicamente viável e protegida.

Construção do parque Surf Snowdonia. Fonte: http://www.dailypost.co.uk/news/surf-snowdonia-wave-garden-track-7727780

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Houve durante anos a falta de preocupação sobre a integração ambiental desde espaço. Esta falta de preocupação devia-se ao facto do poder económico da fábrica e de tudo o que este trazia a esta zona se sobrepor a quaisquer questões ambientais e ecológicas. É preocupante em pleno séc. XXI, as questões ecológicas serem deixadas para


segundo plano, ou nem sequer serem tidas em conta. Empresas responsáveis por este tipo de projectos deviam pensar e projectar a uma escala que abrange mais do que o sucesso de “uma piscina que gera ondas artificiais num lago reaproveitado”. Estas empresas deviam pensar nestes projectos não só a nível social e económico mas também ecológico. O parque Surf Snowdonia é um exemplo de um projecto que melhorou e fortaleceu a estrutura ecológica do vale de Conwye também originou uma nova componente estética do espaço. Sendo o culminar plano do vale, o parque enfatiza assim as formas visíveis no festo, mostrando através da diferença da vegetação a variedade de cores e texturas ao longo da encosta, a frescura e a brisa leve que não se conseguia sentir com a fábrica e todos os poluentes de si derivados. Um projecto promissor mas ao fim ao cabo acaba por ser um sucesso alcançado ao acaso, visto que nenhuma das soluções procuradas para o sucesso do projecto foi ambiental ou ecológica, acaba por ser uma consequência e não um objectivo. Mapa do Parque. Fonte: Surf Snowdonia.

Atividades atuais do parque. Fonte: Surf Snowdonia.

Atividades atuais do parque. Fonte: Surf Snowdonia.

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䔀 猀 琀 爀 甀 琀 甀 爀 愀   攀 挀 漀 氀  最 椀 挀 愀   ⴀ   攀 猀 琀 爀 甀 琀 甀 爀 愀   瀀 氀 愀 渀 攀 愀 搀 愀 Ⰰ   愀 猀 猀 攀 渀 琀 攀   攀 洀  挀 漀 洀瀀 漀 渀 攀 渀 琀 攀 猀   攀 挀 漀 氀  最 椀 挀 愀 猀   焀 甀 攀   挀 漀 渀 猀 琀 椀 琀 甀 攀 洀  漀   猀 甀 瀀 漀 爀 琀 攀   昀  猀 椀 挀 漀   攀   戀 椀 漀 氀  最 椀 挀 漀   渀 攀 挀 攀 猀 猀  爀 椀 漀      挀 漀 渀 猀 攀 爀 瘀 愀   漀   攀   瘀 愀 氀 漀 爀 椀 稀 愀   漀   搀 愀 猀   昀 甀 渀   攀 猀   攀 挀 漀 氀  最 椀 挀 愀 猀 Ⰰ   搀 攀   洀漀 搀 漀   愀   昀 愀 瘀 漀 爀 攀 挀 攀 爀   愀   搀 椀 瘀 攀 爀 猀 椀 搀 愀 搀 攀   戀 椀 漀 氀  最 椀 挀 愀   攀   搀 愀   瀀 愀 椀 猀 愀 最 攀 洀Ⰰ   瀀 爀 漀 洀漀 瘀 攀 爀   漀   甀 猀 漀   猀 甀 猀 琀 攀 渀 琀  瘀 攀 氀   搀 漀 猀   爀 攀 挀 甀 爀 猀 漀 猀   渀 愀 琀 甀 爀 愀 椀 猀   攀   昀 漀 爀 渀 攀 挀 攀 爀   漀 猀   戀 攀 渀 猀   洀愀 琀 攀 爀 椀 愀 椀 猀   攀   椀 洀愀 琀 攀 爀 椀 愀 椀 猀   渀 攀 挀 攀 猀 猀  爀 椀 漀 猀      瘀 椀 搀 愀   栀 甀 洀愀 渀 愀 ⸀ 䔀 猀 琀 甀  爀 椀 漀   ⴀ     匀 攀 挀   漀   琀 攀 爀 洀椀 渀 愀 氀   搀 攀   甀 洀  挀 甀 爀 猀 漀   搀 攀    最 甀 愀   氀 椀 洀椀 琀 愀 搀 漀   愀   洀漀 渀 琀 愀 渀 琀 攀   瀀 攀 氀 漀   氀 漀 挀 愀 氀   愀 琀    漀 渀 搀 攀   猀 攀   昀 愀 稀 攀 洀  猀 攀 渀 琀 椀 爀   愀 猀   挀 漀 爀 爀 攀 渀 琀 攀 猀   搀 攀   洀愀 爀    ⠀ 猀 愀 氀 椀 渀 椀 搀 愀 搀 攀   攀   搀 椀 渀  洀椀 挀 愀 ⤀ ⸀   䔀 瘀 愀 瀀 漀 琀 爀 愀 渀 猀 瀀 椀 爀 愀   漀   ⴀ   樀 甀 渀   漀   搀 愀   瀀 攀 爀 搀 愀   搀 攀    最 甀 愀   搀 漀   猀 漀 氀 漀   瀀 漀 爀   攀 瘀 愀 瀀 漀 爀 愀   漀   攀   愀   瀀 攀 爀 搀 愀   搀 攀    最 甀 愀   搀 愀   瀀 氀 愀 渀 琀 愀   瀀 漀 爀   琀 爀 愀 渀 猀 瀀 椀 爀 愀   漀 ⸀   䠀愀 戀 椀 琀 愀 琀 猀   ⴀ   猀  漀   漀 猀   搀 椀 昀 攀 爀 攀 渀 琀 攀 猀   攀 猀 瀀 愀  漀 猀   攀 洀  焀 甀 攀   漀 猀   猀 攀 爀 攀 猀   瘀 椀 瘀 漀 猀   栀 愀 戀 椀 琀 愀 洀  攀   猀 攀   搀 攀 猀 攀 渀 瘀 漀 氀 瘀 攀 洀⸀   䌀 漀 洀瀀 爀 攀 攀 渀 搀 攀 洀  漀   攀 猀 瀀 愀  漀   攀   漀   攀 挀 漀 猀 猀 椀 猀 琀 攀 洀愀   漀 渀 搀 攀   漀 猀   愀 渀 椀 洀愀 椀 猀   攀   瀀 氀 愀 渀 琀 愀 猀   猀 攀   搀 攀 猀 攀 渀 瘀 漀 氀 瘀 攀 洀  搀 攀 渀 琀 爀 漀   搀 攀   甀 洀愀   挀 漀 洀甀 渀 椀 搀 愀 搀 攀 ⸀ 䠀愀 氀 漀 昀  琀 椀 挀 漀   ⴀ   倀 氀 愀 渀 琀 愀 猀   琀 攀 爀 爀 攀 猀 琀 爀 攀 猀   焀 甀 攀   攀 猀 琀  漀   愀 搀 愀 瀀 琀 愀 搀 愀 猀   愀   瘀 椀 瘀 攀 爀 攀 洀  瀀 爀  砀 椀 洀漀   搀 漀   洀愀 爀   猀 攀 渀 搀 漀   琀 漀 氀 攀 爀 愀 渀 琀 攀 猀      猀 愀 氀 椀 渀 椀 搀 愀 搀 攀 ⸀ 䤀 氀 栀 愀   搀 攀   䌀 愀 氀 漀 爀   唀爀 戀 愀 渀 漀   ⴀ   搀 攀 猀 椀 最 渀 愀   漀   搀 愀 搀 愀      搀 椀 猀 琀 爀 椀 戀 甀 椀   漀   攀 猀 瀀 愀 挀 椀 愀 氀   攀   琀 攀 洀瀀 漀 爀 愀 氀   搀 漀   挀 愀 洀瀀 漀   搀 攀   琀 攀 洀瀀 攀 爀 愀 琀 甀 爀 愀   猀 漀 戀 爀 攀   愀   挀 椀 搀 愀 搀 攀   焀 甀 攀   愀 瀀 爀 攀 猀 攀 渀 琀 愀   甀 洀  洀 砀 椀 洀漀 Ⰰ   搀 攀渀 椀 渀 搀 漀   甀 洀愀   搀 椀 猀 琀 爀 椀 戀 甀 椀   漀   搀 攀   椀 猀 漀 琀 攀 爀 洀愀 猀   焀 甀 攀   昀 愀 稀   氀 攀 洀戀 爀 愀 爀   愀 猀   挀 甀 爀 瘀 愀 猀   搀 攀   渀  瘀 攀 氀   搀 愀   琀 漀 瀀 漀 最 爀 愀愀   搀 攀   甀 洀愀   椀 氀 栀 愀 Ⰰ   搀 愀    愀   漀 爀 椀 最 攀 洀  搀 漀   渀 漀 洀攀   椀 氀 栀 愀   搀 攀   挀 愀 氀 漀 爀 ⸀ 䴀愀 琀 愀   愀 琀 氀  渀 琀 椀 挀 愀   ጠ  甀 洀  戀 椀 漀 洀愀   琀 爀 漀 瀀 椀 挀 愀 氀 Ⰰ   挀 漀 洀瀀 漀 猀 琀 漀   瀀 漀 爀   甀 洀愀   搀 椀 瘀 攀 爀 猀 椀 搀 愀 搀 攀   搀 攀   昀 漀 爀 洀愀   攀 猀   瘀 攀 最 攀 琀 愀 椀 猀   攀   焀 甀 攀   攀 猀 琀    瀀 爀 攀 猀 攀 渀 琀 攀   攀 洀  最 爀 愀 渀 搀 攀   瀀 愀 爀 琀 攀   搀 漀   氀 椀 琀 漀 爀 愀 氀   戀 爀 愀 猀 椀 氀 攀 椀 爀 漀 ⸀ 倀 愀 椀 猀 愀 最 攀 洀  ጠ䐀 攀 猀 椀 最 渀 愀   甀 洀愀   瀀 愀 爀 琀 攀   搀 漀   琀 攀 爀 爀 椀 琀  爀 椀 漀 Ⰰ   琀 愀 氀   挀 漀 洀漀      愀 瀀 爀 攀 攀 渀 搀 椀 搀 愀   瀀 攀 氀 愀 猀   瀀 漀 瀀 甀 氀 愀   攀 猀 Ⰰ   挀 甀 樀 漀   挀 愀 爀  挀 琀 攀 爀   爀 攀 猀 甀 氀 琀 愀   搀 愀   愀 挀   漀   攀   搀 愀   椀 渀 琀 攀 爀 愀 挀   漀   搀 攀   昀 愀 挀 琀 漀 爀 攀 猀   渀 愀 琀 甀 爀 愀 椀 猀   攀   漀 甀   栀 甀 洀愀 渀 漀 猀   ⠀ 䄀 爀 琀 ⸀   ㄀ 먀 Ⰰ   愀 氀  渀 攀 愀   ⠀ 愀 ⤀ Ⰰ   䐀 攀 挀 爀 攀 琀 漀   渀 먀 㐀 ⼀ ㈀ 㔀 ⤀ ⸀   唀 渀 椀 搀 愀 搀 攀   最 攀 漀 最 爀 挀 愀 Ⰰ   攀 挀 漀 氀  最 椀 挀 愀   攀   攀 猀 琀  琀 椀 挀 愀 Ⰰ   爀 攀 猀 甀 氀 琀 愀 渀 琀 攀   搀 愀   愀 挀   漀   搀 漀   䠀 漀 洀攀 洀  攀   搀 愀   爀 攀 愀 挀   漀   搀 愀   渀 愀 琀 甀 爀 攀 稀 愀 Ⰰ   猀 攀 渀 搀 漀   瀀 爀 椀 洀椀 琀 椀 瘀 愀   焀 甀 愀 渀 搀 漀   愀   愀 挀   漀   搀 愀 焀 甀 攀 氀 攀      洀 渀 椀 洀愀   攀   渀 愀 琀 甀 爀 愀 氀   焀 甀 愀 渀 搀 漀   愀   愀 挀   漀   栀 甀 洀愀 渀 愀      搀 攀 琀 攀 爀 洀椀 渀 愀 渀 琀 攀 Ⰰ   猀 攀 洀  搀 攀 椀 砀 愀 爀   搀 攀   猀 攀   瘀 攀 爀 椀挀 愀 爀   漀   攀 焀 甀 椀 氀  戀 爀 椀 漀   戀 椀 漀 氀  最 椀 挀 漀 Ⰰ   攀 猀 琀 愀 戀 椀 氀 椀 搀 愀 搀 攀   昀  猀 椀 挀 愀   攀   愀   搀 椀 渀  洀椀 挀 愀   攀 挀 漀 氀  最 椀 挀 愀 ⸀ 倀 愀 猀 猀 愀 搀 椀  漀   ⴀ   倀 漀 渀 琀 攀   瀀 愀 爀 愀   瀀 愀 猀 猀 愀 最 攀 洀  搀 攀   瀀 攀  攀 猀 Ⰰ   挀 漀 渀 猀 琀 爀 甀  搀 愀   猀 漀 戀 爀 攀   甀 洀  挀 甀 爀 猀 漀   搀 攀    最 甀 愀 Ⰰ   甀 洀愀   攀 猀 琀 爀 愀 搀 愀   漀 甀   甀 洀愀   搀 攀 瀀 爀 攀 猀 猀  漀   搀 攀   琀 攀 爀 爀 攀 渀 漀 ⸀ 倀 爀 愀 搀 漀   戀 椀 漀 ⴀ 搀 椀 瘀 攀 爀 猀 漀   搀 攀   猀 攀 焀 甀 攀 椀 爀 漀   ⴀ   愀 漀   挀 漀 渀 琀 爀  爀 椀 漀   搀 漀 猀   爀 攀 氀 瘀 愀 搀 漀 猀 Ⰰ   猀  漀   洀椀 猀 琀 甀 爀 愀 猀   搀 攀   栀 攀 爀 戀  挀 攀 愀 猀   挀 漀 洀  洀愀 椀 漀 爀   搀 椀 瘀 攀 爀 猀 椀 搀 愀 搀 攀   攀   焀 甀 攀   最 愀 爀 愀 渀 琀 攀 洀  甀 洀愀   最 爀 愀 渀 搀 攀   挀 漀 洀瀀 氀 攀 洀攀 渀 琀 愀 爀 椀 搀 愀 搀 攀   攀 渀 琀 爀 攀   攀 猀 瀀  挀 椀 攀 猀 Ⰰ   琀 漀 爀 渀 愀 渀 搀 漀   漀   猀 椀 猀 琀 攀 洀愀   洀愀 椀 猀   攀 焀 甀 椀 氀 椀 戀 爀 愀 搀 漀 ⸀ 刀 攀 挀 甀 爀 猀 漀 猀   攀 渀 搀  最 攀 渀 漀 猀   ⴀ   攀 猀 琀  漀   爀 攀 氀 愀 挀 椀 漀 渀 愀 搀 漀 猀   挀 漀 洀  漀 猀   昀 攀 渀  洀攀 渀 漀 猀   焀 甀 攀   漀 挀 漀 爀 爀 攀 洀  渀 漀   椀 渀 琀 攀 爀 椀 漀 爀   搀 漀   瀀 氀 愀 渀 攀 琀 愀   吀 攀 爀 爀 愀 Ⰰ   渀 漀 洀攀 愀 搀 愀 洀攀 渀 琀 攀   漀   愀 瀀 爀 漀 瘀 攀 椀 琀 愀 洀攀 渀 琀 漀   最 攀 漀 琀  爀 洀椀 挀 漀 ⸀


刀 攀 氀  焀 甀 漀   ⴀ   搀 攀   最 爀 愀 渀 搀 攀   瘀 愀 氀 漀 爀 Ⰰ   瀀 攀 氀 愀   愀 渀 琀 椀 最 甀 椀 搀 愀 搀 攀   漀 甀   爀 愀 爀 椀 搀 愀 搀 攀 ⸀ 匀 愀 瀀 愀 氀   ⴀ   伀 猀   猀 愀 瀀 愀 椀 猀   猀  漀   愀 洀戀 椀 攀 渀 琀 攀 猀   猀 攀 搀 椀 洀攀 渀 琀 愀 爀 攀 猀   搀 攀   愀 挀 甀 洀甀 氀 愀   漀   氀 漀 挀 愀 氀 椀 稀 愀 搀 漀 猀   渀 愀   稀 漀 渀 愀   椀 渀 琀 攀 爀 琀 椀 搀 愀 氀   攀 氀 攀 瘀 愀 搀 愀 Ⰰ   愀 挀 椀 洀愀   搀 漀   渀  瘀 攀 氀   洀 搀 椀 漀   搀 漀   洀愀 爀   氀 漀 挀 愀 氀 Ⰰ   搀 攀   氀 椀 琀 漀 爀 愀 椀 猀   愀 戀 爀 椀 最 愀 搀 漀 猀 Ⰰ   漀 挀 甀 瀀 愀 搀 漀 猀   瀀 漀 爀   瘀 攀 最 攀 琀 愀   漀   栀 愀 氀 漀 昀  琀 椀 挀 愀 ⸀ 吀 攀 氀 栀 愀 搀 漀   嘀 攀 爀 搀 攀   ⴀ   琀  挀 渀 椀 挀 愀   搀 攀   愀 爀 焀 甀 椀 琀 攀 琀 甀 爀 愀   焀 甀 攀   挀 漀 渀 猀 椀 猀 琀 攀   渀 愀   愀 瀀 氀 椀 挀 愀   漀   攀   甀 猀 漀   搀 攀   猀 漀 氀 漀   漀 甀   猀 甀 戀 猀 琀 爀 愀 琀 漀   攀   瘀 攀 最 攀 琀 愀   漀   猀 漀 戀 爀 攀   甀 洀愀   挀 愀 洀愀 搀 愀   椀 洀瀀 攀 爀 洀攀  瘀 攀 氀 Ⰰ   最 攀 爀 愀 氀 洀攀 渀 琀 攀   椀 渀 猀 琀 愀 氀 愀 搀 愀   渀 愀   挀 漀 戀 攀 爀 琀 甀 爀 愀   搀 攀   攀 搀 椀挀 愀   攀 猀 ⸀


挀 栀 愀   琀  挀 渀 椀 挀 愀 䔀 搀 椀 琀 漀 爀 椀 愀 氀 䄀 渀 愀   匀 漀愀   匀 椀 氀 瘀 愀 䈀  爀 戀 愀 爀 愀   䘀 爀 愀 渀 挀 漀 䤀 渀  猀   䨀 漀 猀  䨀 漀 愀 渀 愀   䘀 椀 最 甀 攀 椀 爀 攀 搀 漀   䔀 搀 椀   漀   伀 渀 氀 椀 渀 攀 䈀  爀 戀 愀 爀 愀   䘀 爀 愀 渀 挀 漀 䜀 爀 愀 挀 椀 愀   搀 攀   氀 愀   䰀 愀 猀 琀 爀 愀   䰀 漀 稀 愀 渀 漀 䰀 攀 漀 渀 漀 爀   倀 椀 爀 攀 猀 䔀 搀 椀   漀   倀 搀 昀 䄀 洀愀 渀 搀 愀   匀 愀 渀 琀 漀 猀 䄀 渀 愀   倀 攀 猀 琀 愀 渀 愀 䜀 漀 渀  愀 氀 漀   䜀 漀 洀攀 猀   倀 椀 渀 栀 攀 椀 爀 漀 䜀 氀 漀 猀 猀  爀 椀 漀 숀 渀 最 攀 氀 愀   䌀 漀 攀 氀 栀 漀 䘀 爀 愀 渀 挀 椀 猀 挀 漀   匀 漀 甀 猀 愀 䰀 攀 漀 渀 漀 爀   倀 椀 爀 攀 猀 䨀 漀  漀   䄀 稀 漀 椀 愀 刀 攀 搀 愀 挀   漀 䄀 洀愀 渀 搀 愀   匀 愀 渀 琀 漀 猀 䄀 渀 愀   倀 攀 猀 琀 愀 渀 愀 䄀 渀 愀   匀 漀愀   匀 椀 氀 瘀 愀 숀 渀 最 攀 氀 愀   䌀 漀 攀 氀 栀 漀 䈀  爀 戀 愀 爀 愀   䘀 爀 愀 渀 挀 漀 䘀 爀 愀 渀 挀 椀 猀 挀 漀   匀 漀 甀 猀 愀 䜀 漀 渀  愀 氀 漀   䜀 漀 洀攀 猀   倀 椀 渀 栀 攀 椀 爀 漀 䜀 爀 愀 挀 椀 愀   搀 攀   氀 愀   䰀 愀 猀 琀 爀 愀   䰀 漀 稀 愀 渀 漀 䤀 渀  猀   䨀 漀 猀  䰀 攀 漀 渀 漀 爀   倀 椀 爀 攀 猀 䨀 漀 愀 渀 愀   䘀 椀 最 甀 攀 椀 爀 攀 搀 漀 䨀 漀  漀   䴀椀 最 甀 攀 氀   䄀 稀 漀 椀 愀

䌀 漀 漀 爀 搀 攀 渀 愀   漀   攀 搀 椀 琀 漀 爀 椀 愀 氀 匀 甀 猀 愀 渀 愀   䴀攀 渀 搀 攀 猀   匀 椀 氀 瘀 愀   䜀 爀 愀猀 洀漀   䄀 渀 愀   倀 攀 猀 琀 愀 渀 愀 䈀  爀 戀 愀 爀 愀   䘀 爀 愀 渀 挀 漀 䜀 爀 愀 挀 椀 愀   搀 攀   氀 愀   䰀 愀 猀 琀 爀 愀   䰀 漀 稀 愀 渀 漀 吀 爀 愀 琀 愀 洀攀 渀 琀 漀   搀 攀   䤀 洀愀 最 攀 洀  䜀 漀 渀  愀 氀 漀   䜀 漀 洀攀 猀   倀 椀 渀 栀 攀 椀 爀 漀 䜀 爀 愀 挀 椀 愀   搀 攀   氀 愀   䰀 愀 猀 琀 爀 愀   䰀 漀 稀 愀 渀 漀     䌀 漀 渀 琀 椀 渀 甀 甀 洀     甀 洀愀   瀀 甀 戀 氀 椀 挀 愀   漀   爀 攀 愀 氀 椀 稀 愀 搀 愀 渀 漀    洀戀 椀 琀 漀   搀 愀   搀 椀 猀 挀 椀 瀀 氀 椀 渀 愀   搀 攀   䔀 猀 琀 甀 搀 漀 猀   嘀 椀 猀 甀 愀 椀 猀   搀 漀 䴀攀 猀 琀 爀 愀 搀 漀   攀 洀  䄀 爀 焀 甀 椀 琀 攀 挀 琀 甀 爀 愀   倀 愀 椀 猀 愀 最 椀 猀 琀 愀 䐀 攀 瀀 愀 爀 琀 愀 洀攀 渀 琀 漀   搀 攀   倀 愀 椀 猀 愀 最 攀 洀Ⰰ   䄀 洀戀 椀 攀 渀 琀 攀   攀   伀 爀 搀 攀 渀 愀 洀攀 渀 琀 漀 唀渀 椀 瘀 攀 爀 猀 椀 搀 愀 搀 攀   搀 攀   준 瘀 漀 爀 愀 ㈀ ㄀ 㘀 ⼀ ㄀ 㜀


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