Centros de Parto Normal Banco de Leito Humano Atenção humanizada Segurança no nascimento
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editorial
Gestação planejada Publicar o que for do interesse do leitor. Não há dúvidas de que o velho preceito do jornalismo será seguido à risca pela Arquitetura & Saúde. Mas, como revista nova, não será só ele que seguiremos. Planejada com cuidado e totalmente digital (porém, com um link para você baixar suas matérias e artigos favoritos), a A&S se lança no mercado com uma proposta muito bem definida: entregar de bandeja para o leitor as informações que ele sempre buscou e nunca soube onde encontrar. Para isso, ela conta com um Conselho Editorial. Integrado por profissionais de diferentes áreas, é ele que, semanalmente, se reúne para debater e definir o que vai ocupar as páginas da publicação. E que assuntos são esses? Como o nome já sugere, a A&S é uma revista sobre arquitetura hospitalar, saúde e tudo mais que possa se relacionar a estes dois temas. De periodicidade bimestral (o número 1 sai em março; esta é uma edição especial, de apresentação), além de mirar em quem pensa os aspectos físicos dos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), ela acerta em cheio ao oferecer informações técnicas e científicas úteis ao planejamento, à construção e à saúde destas edificações. Quer alguns exemplos? Em seu número inaugural – não por acaso dedicado aos ambientes de nascer –, a Arquitetura & Saúde fala tanto da assepsia das mãos – fundamental no combate a infecções nos serviços de saúde, como mostra a dra. Inayá Capella a partir da página 8 – quanto dos ambientes obrigatórios de um Banco de Leite Humano (BLH) – assunto tratado pelo arquiteto João de Deus Cardoso, quem assinou o projeto de ambientação e arquitetura da maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein (SP). Acompanhando ambos nas páginas virtuais da A&S estão ainda Fábio Bitencourt, Evandro Costa e Ieda Azevedo. Os dois primeiros, numa caprichada matéria de capa, falam das Casas de Parto e da humanização da atenção obstétrica na hora do nascimento. A outra fala das vantagens do parto normal e de alguns mitos relacionados à cesárea. Depois deles, agora, só falta você. E a Arquitetura & Saúde espera sua colaboração. Além de promover discussões, apresentar produtos e serviços e debater normas, queremos o SEU artigo na revista. Basta enviá-lo para o e-mail da redação (redação@arquiteturaesaude.com) que o Conselho Editorial se encarrega de avaliá-lo. Mas se esta não for sua especialidade, não tem problema. Pelo Twitter ou Facebook, esperamos suas críticas, dúvidas e sugestões. Por ora, uma boa leitura!
sumário
Infectologia e arquitetura
Banco de Leite
Humanização dos ambientes de nascer Por Evandro Costa
Por Inayá Capela
Por João de Deus Cardoso
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Editorial
Produtos
Mercado
Opinião
Gestação planejada
DIRETOR-EXECUTIVO Eduardo Pontual (eduardo.pontual@arquiteturaesaude.com) CONSELHO EDITORIAL Evandro Costa Ianyá Capela Helenilde Fortes Ieda Azevedo EDITOR Sandro Carneiro (sandro.carneiro@arquiteturaesaude.com) REDAÇÃO redacao@ arquiteturaesaude. com COLABORADORES João de Deus Cardoso COMERCIAL Luiz Claudio Carvalho (comercial@arquiteturaesaude.com) ATENDIMENTO AO LEITOR Tel: (21) 2108-8999 De 2ª a 6ª feira, das 9 às 18h Escreva para a Redação: Envie sua carta, com assinatura, nome e endereço completo, para Arquitetura & Saúde – Av. Ayrton Senna, 2.150 - Casa Shopping - Bloco F - Sala 215 Barra da Tijuca - Rio de Janeiro - RJ. Se preferir, mande um e-mail para redacao@arquiteturaesaude.com. Por motivos de espaço ou clareza, a revista se reserva o direito de selecionar ou resumir as mensagens para publicação. Arquitetura & Saúde é uma publicação bimestral da Seleções Técnicas e Científicas de Arquitetura e Saúde Ltda.
Capa Centros de Parto Normal Por Fábio Bitencourt
ANO I - Ed. 00 – FEV. 2012
A produção total ou parcial de qualquer texto ou imagem, por qualquer meio de reprodução, sem autorização dos responsáveis ou da publicação, é totalmente proibida. Os artigos científicos assinados são de total responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da revista.
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produtos
Clube médico Os médicos têm agora uma desculpa a mais para justificar o tempo que passam com os olhos grudados em seus tablets e smartphones. É o aplicativo da QuantiaMD, uma rede social criada exclusivamente para profissionais trocarem experiências, testarem conhecimentos e se manterem atualizados sobre os avanços da ciência. Disponível em cinco idiomas (incluindo o português), o app gratuito para iPad, iPhone e iPod Touch oferece uma série de recursos aos seus mais de 125 mil membros. Quem
entra para a comunidade, além de compartilhar casos médicos reais com colegas, pode, por exemplo, opinar sobre procedimentos e até criar fóruns de debate sobre temas específicos. Outros atrativos da solução são os desafios mensais (que podem render valepresentes na Amazon.com), as apresentações interativas sobre procedimentos clínicos e vasta oferta de manuais e artigos científicos, disponibilizados por mais de 20 associações e 300 especialistas.
Reprodução
A interface do QuantiaMD para iPad: app ajuda médicos a trabalhar e a atualizar conhecimentos
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mercado Agenda Última chamada
Fotos: Masterlife
CAMPO EXPANDIDO
Líder nacional no fornecimento de softwares de gestão em saúde, a MV (www. mv.com.br), com sede em Pernambuco, comprou o Grupo Hospidata (www. hospidata.com.br), primeiro do país a desenvolver soluções informatizadas para o setor. A operação, anunciada em 31 de janeiro, não teve os valores divulgados. Mas, com ela, a MV assume o controle e os cerca de 200 clientes da Hospidata, da HD Processamento e da HDS Assessoria e Serviços. Estratégica, a aquisição pretende ampliar a atuação da MV nos municípios com até 100 mil habitantes
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e no segmento de pequenos e médios hospitais, mercados ainda pouco explorados por ela. De acordo com o presidente da companhia, Paulo Magnus, a estimativa é que, nos próximos anos, as soluções da Hospidata representem 20% do faturamento da MV. No entanto, o grupo de Porto Alegre, há 35 anos no mercado, continuará atuando de forma independente, comercializando soluções para hospitais, clínicas e secretarias de saúde.
MV compra pioneira da gestão em saúde no Brasil
Termina em 27 de fevereiro o prazo para que os interessados em participar da programação científica do 8º Congresso Paulista de Infectologia enviem os resumos de seus trabalhos à comissão avaliadora do evento, que, este ano, acontecerá de 16 a 19 de maio, em Campos do Jordão. Aberto a profissionais de todo o Brasil, o encontro, considerado um dos principais da área no país, terá como tema“A importância da infectologia no cenário atual”. Quem inscrever trabalhos sobre infectologia clínica, terapêutica ou preventiva poderá ser selecionado para apresentá-los de duas maneiras: oralmente, nas sessões “Temas Livres”, dedicadas a debates; ou na forma de pôsteres, durante visitas guiadas. A Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), que organiza o congresso, destaca ainda que, além de professores e pesquisadores nacionais, as conferências, simpósios e debates programados contarão com a participação de três especialistas americanos e dois franceses. Inscrições antecipadas no evento serão aceitas até 25 de abril. Depois, só nos dias do encontro. Evento: 8º Congresso Paulista de Infectologia Quando: 16-19 de maio Onde: Convention Center – Campos do Jordão/SP Quem organiza: Sociedade Paulista de Infectologia Info: www.infectosp2012.com.br
mercado “Limpou geral” As lavanderias hospitalares contam com novas regras para garantir a limpeza e a segurança sanitária das roupas utilizadas nos serviços de saúde. De acordo com a resolução RDC 06/2012, publicada no Diário Oficial da União no fim de janeiro, o processamento de roupas (coleta, transporte, separação, lavagem e devolução para reutilização) fica autorizado dentro e fora dos espaços assistenciais de saúde (EAS). Porém, para operar as unidades terceirizadas vão precisar de uma licença emitida pela vigilância sanitária local. A norma trata de aspectos fundamentais ao controle do risco sanitário, como fluxo de processos, rotinas, protocolos documentados e transporte. A utilização de lavadoras com barreiras (com uma porta para a colocação da roupa suja e outra para a retirada das peças limpas) e a deposição de roupas limpas e sujas em áreas separadas são algumas das determinações contidas no texto. Outra exigência é a capacitação de profissionais com ênfase nas questões de biossegurança, já que o processamento de roupas envolve diversas atividades que trazem riscos ao trabalhador, ao usuário e ao meio ambiente. Segundo a Anvisa, os estabelecimentos terão 180 dias para se adequar à norma. Mais informações em www.portal.anvisa.gov.br.
Anvisa baixa normas para processamento de roupas dentro e fora de EAS
Cursos Arquitetura hospitalar Acontece em São Paulo, nos dias 28 e 29 de fevereiro, o curso Arquitetura de Hospitais, Clínicas e Laboratórios, ministrado pelo arquiteto Ronald Lima de Góis. Nas aulas, que se estenderão das 8h às 17h, totalizando 16 horas de conteúdo programático, o professor, além de apresentar os diferentes tipos de unidades de saúde, ensinará os alunos a dimensionar, projetar e calcular os custos de instalações hospitalares eficientes. Oferecido pela Academia de Engenharia e Arquitetura, o curso é voltado para graduandos, arquitetos, engenheiros, profissionais de saúde (médicos, enfermeiras, nutricionistas etc), administradores hospitalares e dirigentes
de instituições (públicas e privadas). No valor da inscrição, pagável em cinco parcelas, estão inclusos coffee-break, material de apoio e certificado de participação. Professores, estudantes de graduação e grupos de três ou mais pessoas têm descontos especiais e cumulativos. Veja mais em www.aeacursos.com.br.
Curso: Arquitetura de Hospitais, Clínicas e Laboratórios Quando: 28 e 29 de fevereiro Onde: Bourbon São Paulo Business Hotel São Paulo/SP Info: (11) 2626-1594
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biossegurança
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Controle de infecções e arquitetura hospitalar
Como as duas especialidades podem, juntas, construir um ambiente saudável?
Um Programa
de Prevenção de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde tem como objetivo primordial reduzir ao máximo a incidência de complicações infecciosas, o que exige esforço de todos os envolvidos com o edifício hospitalar. Portanto, em hipótese alguma se pode menosprezar o impacto que a Arquitetura Hospitalar tem na prevenção de infecções. Quando falamos dos espaços onde se prestam serviços à saúde, as fontes ambientais de infecção mais conhecidas – entre elas, os objetos, os medicamentos, a água, o ar, os alimentos e as pragas (insetos, roedores, pombos, pardais, morcegos etc) – precisam ser levadas em consideração, assim como os distúrbios ambientais associados a obras e reformas, que também expõem pacientes a infecções oportunistas. Nos Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (EAS), vale ressaltar, entre os reservatórios mais comuns de agentes infecciosos, destacam-se: a água (Legionella e Pseudomonas), o ar (Aspergillus), os endoscópios (Pseudomonas e Mycobacteria), as superfícies de mo-
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Texto: Inayá Capella
biliário (Adenovirus, MRSA, C. difficile e E. coliI), o termômetro de vidro (Salmonella) e os colchões (Pseudomonas e Acinetobacter). Além disso, é importante saber que os fungos e as bactérias proliferam em ambientes com ar, umidade e poeira, e que o vírus da Hepatite A (HVA) e o Rotavirus não sofrem interferência da temperatura nem da umidade e podem permanecer ativos sobre superfícies por dois meses ou mais. Contudo, antes que uma fonte ambiental seja considerada de risco à saúde, é necessário avaliar seu potencial contaminante, o que pode ser feito respondendo-se às seguintes perguntas: 1) O organismo pode sobreviver após inoculação nas superfícies? 2) O organismo pode ser cultivado destas superfícies em uso? 3) O organismo pode proliferar, crescer, dentro desta superfície ou sobre ela? 4) A aquisição da doença poderia ser
explicada por outro modo de transmissão reconhecido? 5) Estudos retrospectivos mostram alguma associação entre a infecção e a exposição àquelas superfícies? 6) É possível realizar estudo observacional quando mais de um tipo similar de artigo ou superfície está em uso? 7) Estudos prospectivos considerando a exposição do artigo ou superfície a um grupo de pacientes mostram uma associação entre exposição e infecção? Respondido o questionário, a análise poderá ser dada como concluída assim que for determinado se a descontaminação do ambiente em questão resulta em eliminação da transmissão da doença. Medidas preventivas
No meio ambiente, a capacidade de sobrevivência da microbiota depende da disponibilidade de nutrientes que encontra em materiais orgânicos que favorecerão sua proliferação, principalmente sangue, secreções e excretas eliminados pelos pacientes. Portanto, na prevenção da transmissão cruzada de infecções, assumem capital importância: as mãos da equipe e sua interação com as superfícies do ambiente onde ela exerce sua atividade, o processamento adequado de artigos, a escolha de insumos e medicamentos de qualidade, a criteriosa limpeza e higienização de equipamentos e superfícies, além do uso de revestimentos resistentes, laváveis, com algum grau de impermeabilidade e que facilitem a implantação de rotinas diárias. A concretização da transmissão de um microrganismo, porém, depende da interação entre os seguintes fatores: a. Pessoas (hospedeiro) – idade, hábitos de higiene, tipo de atividade, mobilidade, contato prévio, estado do sistema imunológico no momento, doença pulmonar prévia, porta de entrada. b. Microrganismo – tipo, se viável, tamanho do inóculo, tipo de mecanismo de transmissão. c. Tempo de exposição à fonte. d. Objetos e Superfícies – grau de limpeza, tipo de material, se superfície
Assepsia das mãos: rotina hospitalar que pode ser facilitada pela arquitetura
lisa, áspera, vertical, horizontal. e. Ambiente – temperatura, grau de umidade, quantidade de pessoas circulando, ventilação, concentração e velocidade de deslocamento de partículas. f. Qualidade do ar. g. Qualidade da água. Conhecimento técnico e diálogo
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É justamente na implantação de medidas de controle ambiental que a arquitetura hospitalar pode auxiliar o combate às infecções. Mas, para o arquiteto viabilizar estas barreiras, é mister obedecer às normas técnicas dos diversos projetos. Instalar sistemas de climatização apropriados; escolher adequadamente os materiais de acabamento; definir estrategicamente o posicionamento de pias, lavatórios, saboneteiras, papeleiras, lixeiras e o que mais contribuir para a prática de rotinas de limpeza e higiene dos ambientes e das
mãos; estudar previamente os diferentes fluxos de materiais e pessoas; limitar a geração de poeira e de aerossóis durante a execução de obras e reformas, e colaborar para a execução do Plano de Gerenciamento de Resíduos com previsão do local adequado para armazenamento são apenas alguns dos inúmeros tópicos a serem previamente abordados e discutidos em equipe. E para que esta meta seja atingida, além do conhecimento técnico atualizado dos arquitetos, faz-se necessário, desde a fase de concepção do edifício hospitalar, o envolvimento do especialista em controle e prevenção de infecções. Participando do diálogo com os responsáveis pelo projeto e o cliente, ele pode, em caso de controvérsias, ajudar a esclarecer o que é fato e o que é mito. Afinal, são diferentes saberes que, ao se associarem, se complementam e contribuem para o desenvolvimento de um ambiente saudável.
Referências Bibliográficas • Center for Disease Control and Prevention. MMWR. Guidelines for environmental infection control in health-care facilities: recommendations of CDC and the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee (HICPAC). 2003; 52 p. • FERNANDES, Antonio T (Ed.). Infecção Hospitalar e suas interfaces na área de saúde. São Paulo: Editora Atheneu, 2000.
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Centros de Parto Normal
Com uma estrutura simples, espaços funcionais e uma “antiga” visão do nascimento, Casas de Parto já rivalizam com o atendimento medicalizado dos centros obstétricos Considerados,
no Brasil e no mundo, uma das questões de maior importância na atenção à saúde, o parto e a assistência obstétrica são a principal causa de internações nos hospitais públicos e conveniados do Sistema Único de Saúde (SUS). Em 2001, além de terem consumido mais de 13% dos gastos federais com internações, foram responsáveis por 22,6% das 11.756.354 hospitalizações registradas no país (Leal, 2002). Há 200, 300 anos, porém, o cenário da atenção obstétrica ao nascimento era completamente diferente. Na França do século 18, em razão das altas taxas de mortalidade materna e do estilo
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de vida sedentário da aristocracia, os médicos já participavam das atividades inerentes ao parto, mas apenas observando. Depois, com a definição dos procedimentos“como inerentemente patológicos e anormais”, eles conseguiram aumentar “sua participação na solução de complicações obstétricas que implicavam em risco de vida materna, restringindo o espaço para atuação das parteiras e apropriando-se do seu saber” (Ratto de Lima, 1997, p. 14). No entanto, conforme analisado por Nadine Lefaucheu em La création des services de maternité et des accoucheurs des hôpitaux parisiens (Musée, 1995, pp.75-84), até meados do sécu-
Texto: Fabio Bitencourt
lo 19, a característica mais frequente era o deslocamento das parteiras ao domicílio das parturientes. Raramente qualquer procedimento de parto realizava-se no “hospital ou mesmo em qualquer sala de medicina ou de cirurgia, onde uma centena de leitos reservados às mulheres ficava sem uso” (op. Cit, 2002, p.76). Hoje, um olhar sobre como evoluíram as demandas espaciais dos procedimentos relativos ao parto e ao nascimento mostra que, em menos de uma
Nas duas últimas décadas, porém, novas atitudes frente ao parto e ao nascimento promoveram importantes alterações nos ambientes físicos destinados ao atendimento à mulher e ao neonato (criança com idade de 0 a 28 dias). Prova disso é a grande variedade de projetos arquitetônicos com concepções referentes ao centro obstétrico/cirúrgico e aos demais ambientes de atenção ao parto que, de alguma forma, refletem mudanças filosóficas e práticas relacionadas ao nascimento com ênfase na humanização (Bitencourt, 2003; Odent, 2003). O próprio Ministério da Saúde (MS), atento ao surgimento de conceitos e atitudes favoráveis ao parto normal, e como alternativa mais humanizada aos ambientes altamente medicalizados – que concentram boa parte dos atendimentos a gestantes –, vem enfatizando e valorizando a implantação de edificações mais simples do ponto de vista físico e funcional.
De acordo com a resolução, para ser autorizado e implantado, um Centro de Parto Normal deve, entre outras obrigações, acolher as gestantes e avaliar as condições de saúde materna; permitir a presença de acompanhante durante o parto; garantir assistência ao recém-nato normal ou em situação de risco; dispor de profissionais capacitados para prestar manobras básicas de ressuscitação, e, em situações de emergência, garantir a remoção da gestante e/ou do recém-nato em transporte adequado no prazo máximo de uma hora. Já do ponto de vista físico–funcional, as Casas de Parto precisam possuir e oferecer, conforme o Artigo 4º da mesma portaria: planta física adequada ao acesso da gestante; sala de exame e admissão de parturientes; quarto para pré-parto/parto/pós-parto; sala de estar (para parturientes em trabalho de parto e acompanhantes); áreas para prescrição, lavagem das mãos e assistência ao recém-nascido; banheiro com lavatório, bacia sanitária e chuveiro com água quente para parturientes; copa/cozinha; sala de utilidade; sanitário para funcionários e acompanhantes; depósito de material de limpeza; depósito de equipamentos e materiais de consumo; sala administrativa; rouparia/armário, além das devidas condições para segregação, descarte, acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final de resíduos. Visando a atender mulheres com
Libr ary
Redução de óbitos
Componentes de conforto
menor ou nenhuma necessidade de intervenção médica durante o parto e o nascimento, espaços assistenciais de saúde (EAS) com essas características – semelhantes às de uma residência – têm sido implantados próximos a regiões com estruturas hospitalares convencionais (Lerman, 2002; Odent, 2003). O assunto é extenso e merece avaliações mais amplas e melhor consolidadas. Mas, por ora, a contínua implantação de Casas de Parto no país demonstra ser um processo inexorável. É possível até que o desenvolvimento de projetos arquitetônicos com foco no conforto ambiental dos vários atores envolvidos no parto humanizado – em especial, as parturientes, o recém-nascido e a equipe de saúde – determinem a revisão de conceitos mais cristalizados. Contudo, para evoluírem a esse ponto, os projetos precisam adaptar-se às modificações determinadas pelas diferentes demandas envolvidas no processo e se adequar às alterações que vierem a ocorrer na legislação.
W. F ores /The Well com e
geração, o que se realizava em uma sala foi redistribuído ao longo de uma complexa estrutura hospitalar. Essa mudança ficou mais evidente a partir dos anos 40 do século passado, quando o fluxo dos procedimentos obstétricos passou a requerer uma série de salas especializadas para cada estágio do processo de parturição: pré-parto, distintos estágios anestésicos (indução anestésica e local para recuperação pós-anestésica), ambientes de assistência ao neonato, sala para partos normais, salas cirúrgicas, quartos para internação, unidades de terapia intensiva (UTIs) materna e neonatal, unidades intermediárias (UIs), além dos ambientes destinados ao apoio e diagnóstico, administração e infraestrutura (Lerman, 2002).
Dentre os modelos desenvolvidos e propostos pelo órgão, destaca-se a maternidade simplificada. Oficialmente chamadas de Centros de Parto Normal (CPNs), mas popularmente conhecidas como Casas de Parto, elas foram criadas pela Portaria nº 985 (MS), de 5 de agosto de 1999, com o propósito de atender à urgente necessidade de redução dos óbitos maternos por causas evitáveis e universalizar o acesso ao parto por meio da ampliação desta cobertura nos serviços de saúde.
Créd ito: S .
Uma das obrigações dos chmados CPNs é liberar a presença de um acompanhante para a mãe na hora do puerpério
Um homem – parteira, caricatura que simboliza a disputa obstétrica (médico/homem X mulher/parteira) pela execução do parto na Europa entre o século XVIII e XIX.
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A humanização dos ambientes de nascer “O conceito de atenção humanizada é amplo e envolve um conjunto de conheci- Texto: Evandro Costa mentos, práticas e atitudes que visam a promoção do parto e do nascimento saudáveis e a prevenção da morbimortalidade materna e perinatal. Inicia-se no pré-natal e procura garantir que a equipe de saúde realize procedimentos comprovadamente benéficos para a mulher e o bebê, que evite as intervenções desnecessárias e que preserve sua privacidade e autonomia.” (Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher/ Brasília:
Ministério da Saúde, 2001)
Casas de Parto
Arquivo pessoal - F[abio Bitencourt
As maternidades simplificadas foram criadas em 1999 (Portaria nº 985), para humanizar a assistência ao parto e ao nascimento. Hoje, são 14 no país inteiro. Todas integram o sistema público de saúde. Abaixo, conheça os ambientes que este tipo de estabelecimento deve possuir:
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Tempos atrás, o parto era considerado um assunto feminino e restrito. As mulheres, muitas vezes da mesma família, dominavam o conhecimento e a experiência do puerpério. Por isso, eram as principais responsáveis pela assistência ao nascimento. A paulatina medicalização do parto, porém, mudou a dinâmica de trabalho relacionada ao evento. Ao longo deste processo, surgiram as induções químicas, novas manobras e posições, equipamentos e aparelhos, além do parto césareo.
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manda, a arquitetura assume um importante papel no desenvolvimento dos espaços e aplica a eles o conceito de “humanização”, que, entre outras finalidades, busca: reduzir o nível de estresse dos vários usuários (pacientes, funcionários, visitantes etc) e promover e aumentar o bem-estar, além de fornecer um contexto positivo e ambientes de apoio salutogênicos. No Documento base para Gestores e Trabalhadores do SUS (MS., 2004), a humanização é entendida pelos autores como: • Valorização dos diferentes sujeitos Mudança de mentalidade implicados no processo de produção de saúde: usuários, trabalhadores e gestoNos últimos 20 anos, a arquitetura e a res. medicina apresentaram novos concei• Fomento da autonomia e do protatos e inovações em matéria de am- Conforto para visitantes e profissionais: bene- gonismo desses sujeitos. bientes e processos obstétricos. Junto ficiados pela “desmedialização” do parto vão • Aumento do grau de corresponsabicom as novidades, cresceu também o além da mãe e do bebê lidade na produção de saúde e de sujeimovimento pela desmedicalização do tos. nascimento. • Estabelecimentos de vínculos solidáO termo “desmedicalizar”, no entanto, não deve expressar a rios e de participação coletiva no processo de gestão. exclusão do médico ou de suas práticas desse tipo de assistên• Identificação das necessidades sociais de saúde. cia. Deve, sim, extinguir uma única via para o parto e garantir à • Mudança nos modelos de atenção e gestão dos processos parturiente um leque de opções entre as quais ela possa escode trabalho, tendo como foco as necessidades dos cidadãos e lher aquela que lhe for mais indicada. a produção de saúde. Em apoio às inovações, preocupações e recentes mudanças • Compromisso com a ambiência, melhoria das condições no processo do parto, observa-se, em particular, uma preocude trabalho e de atendimento. pação com o ambiente do parto, de acordo com a qual se torEssa humanização exige que os projetos sejam multidisciplina imperativo um ambiente agradável e adequado para a munares e deem especial atenção às questões organizacionais, lher dar à luz. Nele, todos os cuidados devem ser direcionados relacionais, terapêuticas e dos espaços físicos. O ambiente e o e focados às necessidades da parturiente, do feto/recém-nasciparto deixam de ser individualizados, assumindo uma formudo e da família. O fato de o parto ser realizado por uma parteira, lação centrada no usuário/paciente. uma enfermeira ou um médico obstétrico deixa de ser o fator Dessa forma, considerando a diversidade de suas atividades, principal, embora continue tão importante quanto os demais. incorporando conceitos de funcionalidade e conforto e alianPodemos dizer que, quando acessa um centro obstétrico, a do avanços tecnológicos às condições humanas, não só os amgestante enfrenta um ambiente que não lhe é familiar, onde os bientes de parto, mas também os projetos hospitalares, assuprofissionais são, na maioria das vezes, estranhos. Os objetos, mem novos caminhos, já que a proposta é que este mix de cores e formas são desconhecidos. Acrescenta-se a isso o fato fatores resulte em ambientes que priorizem a recuperação da de que, muitas vezes, os parentes e amigos mais próximos não saúde e garantam o bem-estar físico e psicológico aos usuátêm acesso à parturiente, e vice-versa. Deduz-se, então, que rios, sejam eles pacientes, acompanhantes ou funcionários. este apoio, extremamente necessário num momento tão imAlém de reforçarem a melhoria da qualidade dos serviços de portante da vida da mulher, não é encarado como medida de saúde, alguns elementos, quando incorporados aos projetos, valor crucial. contribuem para a melhoria e o avanço do tratamento do paOs ambientes relacionados ao parto devem estar centrados ciente. Dentre eles, podemos citar: iluminação, conforto higronas necessidades e expectativas do usuário/paciente que aspitérmico, fluxos inteligentes, utilização de cores, criação de atra privacidade, conforto espacial e sensorial, interação social, mosferas acolhedoras, ergonomia, redução de ruídos, qualidade do ambiente, segurança etc. Para atender a esta defacilidade de acessos (TV, ar condicionado, equipamentos etc).
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consultoria Arquivo pessoal - João de Deus Cardoso
Banco de leite humano Infraestrutura física, fluxo e processos Ao longo dos anos, vamos acu-
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até se desenvolverem o suficiente para mamar. Para a sorte deles, é a sábia e divina natureza que, além de fazer as glândulas mamárias das mães produzirem leite no momento certo, vai garantir a disponibilidade deste precioso alimento por meses ou até anos. LACTÁRIO: DIAGRAMA DE FLUXOS E PROCESSOS
PROXIMIDADE DESEJÁVEL: SALA DE CONFORTO DAS MÃES; APARTAMENTOS DE INTERNAÇÃO DA MATERNIDADE; BERÇÁRIOS; UTI NEONATAL
CORREDOR DE CIRCULAÇÃO COLETA DE LEITE MATERNO (DEAMBULANTE OU CADEIRANTE)
DISTRIBUIÇÃO DE MAMADEIRAS
A
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FUNCIONÁRIOS COLABORADORES
RETORNO DE MAMADEIRAS PÓS-USO E DESCARTE
C
D
COLETA DE LEITE
DISTRIBUIÇÃO
VESTIÁRIO
EXPURGO
POSTO DE TRABALHO HIGIENIZAÇÃO DAS MAMAS; GUARDA DE PERTENCES; BANCADA COM PIA; MATERIAIS HIGIENIZAÇÃO; BOMBAS EXTRATORAS;
POSTO DE TRABALHO: SAÍDA DE MAMADEIRAS PARA CONSUMO; CARRO DE TRANSPORTE
VESTIÁRIO: PIA HIGIENIZAÇÃO; ROUPA SUJA (HAMPER); ROUPA LIMPA (ARMÁRIO); ACESSÓRIOS; GUARDA DESINFETANTES;
CARRO DE TRANSPORTE; BANCADA COM CUBAS DE LAVAGEM; LAVADORAS; ARMÁRIOS GUARDA MATERIAL LIMPEZA;
ARMAZENAMENTO E TRATAMENTO DO LEITE MATERNO: BANCADA COM PIA; PASTEURIZADORES; FREEZER; GELADEIRA
GELADEIRA (PASSAGEM)
GUICHÊ
GUICHÊ
AUTOCLAVE (PASSAGEM)
PREPARO LACTÁRIO GUARDA DE MAMADEIRAS / BICOS / LEITE EM PÓ; PEQUENA GELADEIRA; BANCADA DE PREPARO; FOGÃO COM COIFA ELETROSTÁTICA;
RESFRIADORA
Arquivo pessoal - João de Deus Cardoso
mulando imagens marcantes na memória. Uma que tenho gravada, certamente, é a de uma visita que fiz, no fim de 2000, à maternidade de um hospital de São Paulo, dentro de um constante processo de pesquisa à que me dedico. Numa mesma área, algumas pessoas estavam reunidas. Eram acompanhantes de mães internadas para o momento do parto; mães tocadas pelo milagre da reprodução – aquele que desencadeia o agrupamento de milhões de células carregadas de códigos e traz, para o convívio de outras criaturas humanas, seres com alma, mente, consciência e discernimento para a vida terrena. Pois bem, lá estavam as pessoas, a rir e a chorar. Algumas muito tristes, e outras muito felizes, diante das vitrines dos berçários, como verdadeiras joias. Os bebês com saúde, talvez nem todos saibam, vão para os quartos, onde ficam sobre o ventre que os abrigou ou ao lado da mãe, para se acostumarem ao cheiro do leite. Os recém-nascidos que apresentam deficiências em sua formação, por outro lado, têm de permanecer sob cuidados médicos, em equipamentos que simulam o aconchego uterino,
Texto: João de Deus Cardoso
Bebês nascidos nessas condições, porém, costumam ser frágeis e demandar, entre outros cuidados especiais, o preparo do aleitamento. Em casos assim, mães precisam ordenhar o leite que produzem e, para alguns recém-nascidos, acaba sendo necessário preparar mamadeiras com dosagens específicas de leite em pó. Mamíferos, como se sabe, precisam mamar por muito tempo, para fortalecer o corpo e criar defesas contra invasores invisíveis e patogênicos. Por esses e outros motivos, toda maternidade deve abrigar um lac-
Banco de Leite Humano
Especificações
Assim, num projeto de banco de leite, cabe ao arquiteto especificador pesquisar e definir, com base em seu conhecimento, que materiais revestirão pisos, paredes e mobiliário, de modo a garantir a perfeita higienização do lactário e, consequentemente, da maternidade. As superfícies, por exemplo, devem ter durabilidade máxima. Precisam suportar longos períodos de utilização e resistir a limpezas constantes, para que tão cedo não seja preciso reformá-las. Outra dica é evitar cantos e detalhes de difícil limpeza em torneiras, maçanetas, móveis e utensílios. Quanto aos forros e luminárias, precisam ser laváveis (com os desinfetantes indicados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH - da unidade). Minha experiência veio do projeto de ambientação e arquitetura feito para a maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein (SP), inaugurada em abril de 2000. Meus desenhos, feitos à mão, digitalizados e que foram diretamente para licitação e fabricação, exemplificam uma forma de detalhamento. No projeto, foram especificados novos produtos e formas de aplicação, como resinas acrílicas polimerizáveis para tampos e cubas, que não deixam espaço para agentes patogênicos. Outra indicação foi a instalação, no piso, de mantas vinílicas com absorção de ruídos e soldas de união contínua. Hoje, porém, especificaria mantas vinílicas com nanopartículas de prata e dióxido de titânio em sua composição, que evitam a propagação de bactérias, fungos e odores provocados pela
O Banco de Leite Humano (BLH) é um serviço vinculado a hospitais materno-infantis, sendo responsável por ações de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno. Nele, são executadas atividades de coleta, seleção, classificação, processamento, controle de qualidade e distribuição. Descubra agora o que é indispensável saber antes de projetar um: Ambientes obrigatórios : a) Sala para recepção, registro e triagem das doadoras (7,5m²) b) Área para estocagem do leite coletado (4m²**) c) Área para arquivo de doadoras d) Sala para ordenha (1,5m² por cadeira de coleta) e) Sala para processamento (15m²) f ) Laboratório de controle de qualidade (6 m²***) *
Execução do projeto: Para facilitar a higienização, evitar cruzamentos e preservar a qualidade do leite, o BLH deve obedecer a um layout com fluxo unidirecional de pessoas e produtos. Na hora de projetar os ambientes, é fundamental efetuar um estudo do espaço físico e das instalações hidráulicas (água fria e esgoto) e elétricas (pontos de força e
iluminação sistema de emergência), bem como planejar a distribuição dos equipamentos fixos e móveis e a ventilação natural ou forçada. Atenção: A simplificação obtida com a racionalização do espaço físico constitui um elemento importante na produtividade, à medida que, bem planejada, poupa tempo, elimina deslocamentos e aumenta a segurança de processos. Materiais de acabamento: Os materiais de acabamento para pisos, paredes, bancadas e tetos devem obedecer ao preconizado na RDC/ Anvisa nº 50 (Capítulo 6 - Condições Ambientais de Controle de Infecção). De modo geral, têm de ser resistentes à lavagem e ao uso de neantes, e
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tário. Mas um lactário cujas condições de assepsia evitem a contaminação de berçários, da área de cuidados intermediários, do Centro Cirúrgico Obstétrico e da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal.
permanecer sem ranhuras ou perfis aparentes, mesmo após uso e limpeza frequentes. As tintas à base de epóxi, PVC, poliuretano ou outras destinadas a áreas molhadas podem ser utilizadas nos ambientes críticos****, nos pisos, paredes, bancadas e tetos, desde que sejam resistentes à lavagem e aos saneantes utilizados, e não sejam aplicadas com pincel. Quando utilizadas no piso, devem também resistir à abrasão e aos impactos. * as medidas indicadas correspondem à área mínima estipulada para os ambientes a que se referem ** em BLH com produção de até 60L/mês; a estocagem pode ser realizada na sala de processamento, na área de estocagem, com geladeira ou freezer exclusivos para o leite cru *** podeestar nas dependências do BLH ou em outro setor do serviço em que o BLH estiver localizado **** onde existe risco aumentado de contaminação de indivíduos, alimentos ou de produtos
(Fonte: Banco de leite humano: funcionamento, prevenção e controle de riscos / Brasília: Anvisa, 2007)
fermentação de resíduos orgânicos em partículas. Já para as paredes, indicaria mantas de PVC soldadas entre si, sem juntas abertas.
tribuindo para a conscientização de profissionais responsáveis pelo nascimento de espaços dignos do ser humano.
Dedico este pequeno artigo, redigido especialmente para a primeira edição da Arquitetura & Saúde, ao arquiteto e professor Fábio Bitencourt, que, no livro “Arquitetura - Ambiente de Nascer”, apresenta o tema de forma didática, con-
• Titular do escritório João de Deus Cardoso Arquitetura e Planejamento Visual desde 1971, João de Deus é graduado pela FAUUSP (1969) e mestre em estruturas ambientais urbanas (1981).
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opinião
Segurança no nascimento
Mito deixa expostos quem acredita que tecnologia diminui dores e complicações associadas ao parto Quando se fala em segurança na saúde, são
Ieda Azevedo Enfermeira com especialização em Gestão Hospitalar, Ieda é diretora da SimpleSaúde Consultoria em Controle de Infecção. Com 18 anos de experiência na área, ela também foi coordenadora estadual de Controle de Infecção Hospitalar do Rio de Janeiro entre 1999 e 2007.
Criando laços: Se dispensa a cesárea, a mãe pode amamentar imediatamente após dar à luz
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Ainda assim, no parto cesárea, os riscos de infecção são maiores (de 5 a 35%). Pelo fato de seus procomuns as citações a Donabedian (Donabedian, 1978), que definiu qualidade como “a obtenção dos cedimentos serem invasivos, além de uma infecção, maiores benefícios com os menores riscos ao pa- ele pode ocasionar outras complicações, principalciente e ao menor custo”. Um passo importante nes- mente no recém-nascido (RN), que fica impossibilisa direção foi dado em outubro de 2004, quando a tado de tirar proveito dos benefícios ligados ao esOrganização Mundial da Saúde (OMS), por meio de forço característico do PN (a natureza é sábia, vide resolução, lançou formalmente a Aliança Mundial a fábula da borboleta que precisa romper o casulo para a Segurança do Paciente, recomendando aos para se fortalecer e poder voar). O parto normal, por outro lado, é um processo fipaíses maior atenção ao tema. O Brasil, indicam as estatísticas, é um dos líderes siológico para o qual o corpo da mulher encontra-se mundiais em partos cesáreas (PCs). Enquanto a preparado. Em razão disso, os riscos de infecção asOMS recomenda que as cesáreas correspondam a sociados a ele variam de 1 a 3%. Além disso, imediatamente após o PN, o bebê pode mamar, até 15% do total dos paro que reforça os laços entre mãe e filho No parto cesárea, os tos, dados da Agência Nae previne o recém-nascido de futuras incional de Saúde (ANS) de riscos de infecção fecções. 2006 mostram que, nos Vantagens e desvantagens à parte, o hospitais privados, em são maiores (de 5 importante é ter em mente que todo e 79% dos casos, a opção foi a 35%). No normal, qualquer procedimento, seja ele invapela cesariana, média que caiu para 28% nos hospi- variam de 1 a 3% sivo ou não, oferece riscos de infecção ao paciente, devendo ser colocado em tais públicos (22% no Norprática somente quando necessário, e te e Nordeste; 32% no Susempre dentro dos máximos padrões de deste, Sul e Centro-Oeste). segurança. Em parte, esse quadro se deve ao senso comum Tanto no parto normal quanto no parto cesárea que associa segurança e tecnologia e, consequentemente, abre caminho para o mito de que o PC é a mãe e o recém-nato correm riscos. É difícil elimais seguro e menos dolorido que o parto normal miná-los totalmente, mas, certamente, podemos e devemos reduzi-los ao máximo. Para tal, temos (PN). Inicialmente, no entanto, o PC era realizado ape- de considerar não só os procedimentos clínicos e nas em casos de morte materna. Ele só passou a ser ambulatoriais, mas todo o considerado viável, apesar de associado a óbitos contexto que os envolve, causados por hemorragia e septcemia, após o livro incluindo a limpeza e deTraité nouveau de l’hysterotomokie ou enfante- sinfecção dos ambientes – ment césarien (Rousset, 1581), publicado 81 anos como a área destinada ao depois da primeira cesariana realizada com sucesso banho dos RN –, a lavagem numa mãe viva – façanha atribuída ao suíço Jacob das mãos – ainda subestimada pelos profissionais Nufer. Já em 1846, Semmelweis, um médico obstetra, de saúde –, o uso individual observou taxas de mortalidade de 11,4% numa de pentinhos e escovas – clínica com puerperas e de 2,7% noutra em que utensílios responsáveis por as parturientes eram atendidas por parteiras. Após vários surtos em unidades investigar as causas desta diferença e instituir no neonatais – e o reprocesprimeiro estabelecimento a higiene das mãos com samento de artigos, entre água clorada, o austríaco conseguiu reduzir a taxa outros fatores. de mortalidade puerperal para 1,8%.
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