Número 228 // Ano XVIII // € 3,50 Continente
Edição Especial Reabilitação 2009
O PS viabilizou a aprovação da autorização legislativa necessária para o governo avançar com um novo regime jurídico da reabilitação urbana, mas a oposição votou contra e os proprietários falam em inconstitucionalidade. Já o governo advoga a reabilitação urbana como um desígnio nacional e defende as virtualidades do projecto.
re_ abilitação
SUMÁRIO
sumário 03
EDITORIAL
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SUMÁRIO
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ENTREVISTA Eduardo Pessoa de Amorim
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OBRA Teatro Municipal de Trancoso
18 28
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CONSERVAÇÃO Vidro
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ACTUAL Carta Estratégica de Lisboa
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RESTAURO Igreja de Santa Ana – Tavira
ACTUAL ANEOP quer entendimento nas obras públicas
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OPINIÃO Fernando Santo, bastonário da Ordem dos Engenheiros
PATOLOGIAS Construções em Terra
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LEGISLAÇÃO Novo regime jurídico da reabilitação urbana
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NO PAÍS
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NO MUNDO
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IMOBILIÁRIO
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EMPRESAS
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AGENDA
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NAVEGAR
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ARTES & LEITURAS
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PRODUTOS
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EM FOCO Ordem dos Arquitectos
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Entrevista Eduardo Pessoa de Amorim
12 Obra
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Teatro Municipal de Trancoso A VALER ACTUALMENTE CERCA DE 10% DO VOLUME DE NEGÓCIOS DO GRUPO EDIFER, A ACTIVIDADE DA REABILITAÇÃO TEM VISTO O SEU PESO AUMENTAR DENTRO DA CONSTRUTORA NACIONAL. SEGUNDO EDUARDO PESSOA DE AMORIM, “DESDE 2006 PRATICAMENTE MULTIPLICÁMOS POR SETE O NEGÓCIO EM TERMOS DE REABILITAÇÃO”. PARA 2009, O ADMINISTRADOR DA EDIFER REABILITAÇÃO ACREDITA QUE O VOLUME DE NEGÓCIOS DO ANO ANTERIOR SE DEVERÁ “MANTER”, ALCANÇANDO OS “27 A 28 MILHÕES DE EUROS”.
DEPOIS DE ANOS DE VANDALISMO E ABANDONO, O CONVENTO DE SÃO FRANCISCO, EM TRANCOSO, RENASCE COMO TEATRO. OS ARQUITECTOS ASSOCIADOS, RESPONSÁVEIS PELA RECUPERAÇÃO DO ESPAÇO, ANEXARAM AO ANTIGO TEMPLO UM EDIFÍCIO CONTEMPORÂNEO QUE SE ADEQUA ÀS NOVAS EXIGÊNCIAS.
SUMÁRIO
re_ abilitação edição especial
# 228
Directora: Chantal Florentino chantal.florentino@arteconstrucao.com; Redacção: Raquel Rio raquel.rio@arteconstrucao.com; Sofia Dutra sofia.dutra@arteconstrucao.com; Colaboradores Permanentes: Michele Branco michele.branco@arteconstrucao.com; Colaboram nesta edição: Fernando Santo, Pacheco Torgal, Paulo Jones, Said Jalali; Publicidade: Duarte Mourato (Director) duarte.mourato@arteconstrucao.com; Jorge Humberto jorge.humberto@arteconstrucao.com; Marketing: Pedro Nunes pedro.nunes@mtg.pt; Fotografia: Paulo Porfírio paulo.porfirio@arteconstrucao.com; Assinaturas: assinaturas@arteconstrucao.com; Paginação: mtg - Edição e Publicidade, Lda. geral@mtg.pt; Website: www.arteconstrucao.com; Fundador da revista: António Esteves; Propriedade e Edição: mtg - Edição e Publicidade, Lda. Centro Empresarial Tejo • Rua de Xabregas, 20 - 2º Sala 10 • 1900-440 Lisboa • Tel. 212431592 • Fax. 212323069 • Email: geral@mtg.pt • Cap. Social: € 5.000,00 • NIPC: 507 958 373; Orgãos Sociais: Duarte Mourato - 50%; Chantal Florentino - 25%; Pedro Nunes - 25%; Execução Gráfica: Offsetmais - Artes Gráficas, S.A. • Rua Latino Coelho, 6 - 2700-516 AMADORA • Tel.: 214 998 716 • Fax: 214 998 717 • Email: dc.offsetmais@netcabo.pt; Publicação Mensal: Tiragem: 10 500 exemplares; Distribuição: VASP; Venda por assinaturas (IVA incluído 5%): Portugal: € 45,50/ano; Os artigos assinados, apenas veiculam as posições dos seus autores; ICS Nº 114748/90; Número Depósito Legal 41713/90; ISSN 0873-5271.
30 Conservação
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Em foco
Vidro
Fundo de Salvaguarda do Património Cultural
Pedra Texturas e cores variadas
38 Patologias OS INVESTIGADORES DO VICARTE (CENTRO DO VIDRO E CERÂMICA PARA A AS ARTES) ESTÃO A DESENVOLVER UMA TÉCNICA INOVADORA PARA O RESTAURO DE PEÇAS DE VIDRO. O OBJECTIVO É SUBSTITUIR A RESINA QUE NORMALMENTE É USADA NO PREENCHIMENTO DE LACUNAS POR VIDRO.
O PRESENTE ARTIGO ABORDA A QUESTÃO DA PATOLOGIA E DA REABILITAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES TRADICIONAIS EM TERRA, COMO FORMA DE CONTRIBUIR PARA A DIVULGAÇÃO DESTE TIPO DE CONSTRUÇÃO E PARA A SENSIBILIZAÇÃO QUANTO À NECESSIDADE DA PROMOÇÃO DE CONSTRUÇÕES MAIS “AMIGAS DO AMBIENTE”.
O FUNDO DE SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO CULTURAL, QUE CONTA COM UMA DOTAÇÃO INICIAL DE CINCO MILHÕES DE EUROS, É MAIS UM PASSO PARA PROTEGER E VALORIZAR IMÓVEIS E BENS CLASSIFICADOS EM RISCO DE DESTRUIÇÃO. AS EMPRESAS DE CONSTRUÇÃO ESTÃO CONVIDADAS PARA DAR O SEU CONTRIBUTO.
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Construções em Terra
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ENTREVISTA NEGÓCIOS DE 28 MILHÕES DE EUROS
ENTREVISTA
EDIFER REALIBILITAÇÃO A CRESCER TEXTO DE SOFIA DUTRA
/// A valer actualmente cerca de 10% do volume de negócios do Grupo Edifer, a actividade da reabilitação tem visto o seu peso aumentar dentro da construtora nacional. Segundo Eduardo Pessoa de Amorim, “desde 2006 praticamente multiplicámos por sete o negócio em termos de reabilitação”. Para 2009, o administrador da Edifer Reabilitação acredita que o volume de negócios do ano anterior
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se deverá “manter”, alcançando os “27 a 28 milhões de euros”.
ENTREVISTA
NEGÓCIOS DE 28 MILHÕES DE EUROS
te em Lisboa e nas outras cidades nacionais. Portanto, acho que deve haver uma aposta forte nesta área em Portugal. O que pensam de uma das medidas aprovadas no quadro do novo regime da reabilitação urbana - aprovado recentemente – que prevê a venda forçada de imóveis que estejam em estado devoluto? Penso que é uma medida correcta, porque verificávamos que as rendas extremamente baixas que os inquilinos pagavam não permitiam ao senhorios fazer qualquer investimento na recuperação dos imóveis.
se da remodelação integral do Hotel Astoria, com alguns pormenores para fazer e outros para aproveitar, inclui a ampliação do hotel e construção nova.
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Qual o peso da área da reabilitação no Grupo Edifer? Cerca de 10 por cento. Mas temos, por exemplo, obras em que o alvará da reabilitação não dá para fazer e obrigatoriamente essas obras têm que passar para as construções. Além disso, esta actividade está a crescer, basta ver pelo volume de negócios dos últimos três anos da Edifer Reabilitação. Começámos em 2006 com cerca de 4,6 milhões de euros de volume de negócios. Em 2007 foi de 11,1 milhões de euros, e em 2008 28,3 milhões de
euros. Portanto, praticamente multiplicámos por sete o negócio desde 2006 em termos de reabilitação. Para este ano qual a previsão do volume de negócios? Devemos manter o mesmo volume de negócios: cerca dos 27/28 milhões de euros. Na sua opinião, quais as medidas que poderiam ajudar a dinamizar o mercado da reabilitação? Se analisarmos o mercado espanhol, ou qualquer mercado europeu, em nada se compara ao mercado português em termos de reabilitação urbana. Se dermos uma volta pelos centros das cidades não encontramos aquilo que exis-
Também se tem verificado que há prédios perfeitamente devolutos sobre os quais os senhorios não têm inquilinos, e o que é facto é que não fazem nada para resolver o problema do prédio. No fundo, sabem que ao lado também têm prédios com mais pisos e estão a tentar pôr projectos e a partir daí conseguirem tirar uma receita adicional para o imóvel que têm. Portanto, há aqui uma conjugação de factores e de interesses perante as pessoas envolvidas, que é extremamente complexa que ultrapassar. Penso que esta é uma das medidas correctas para acabar com situações de prédios devolutos e sobre os quais os senhorios não têm qualquer intervenção a não ser fecharem as janelas com tijolos para barrar o acesso aos prédios. No caso dos prédios que têm inquilinos, tem que se pensar numa acção para ajudar os senhorios numa reabilitação urbana diferente daquela que existe, porque o que se verifica é que ninguém investe e efectivamente as situações estão paradas. Embora exista a lei das rendas, em que as pessoas declaram e até determinado valor poderá haver uma ajuda e compensação, é manifestamente insuficiente, porque verifica-se que o mercado não mexe.
ENTREVISTA
NEGÓCIOS DE 28 MILHÕES DE EUROS
Arte & Construção – Quais os projectos mais importantes em que a Edifer está envolvida na área da reabilitação?
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Eduardo Pessoa de Amorim – Actualmente, estamos a concorrer ao Convento dos Inglesinhos, em Lisboa. Estamos também na fase de vistorias e reparações da Porto Vivo SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto e estamos a terminar a obra do Museu Machado de Castro, em Coimbra. Através do grupo, podemos montar vários modelos de negócio, consoante o que os nossos clientes querem: podemos ser simplesmente o empreiteiro de realização da obra ou podemos ser um parceiro de negócio. Podemos desenvolver o projecto até ao final, inclusivamente até à sua comercialização. Quais os principais desafios com que se têm deparado em termos de reabilitação? São em termos técnicos, de recursos
humanos? A Edifer já conseguiu formar uma equipa técnica nesta área. Em temos técnicos conseguimos ter pessoas com bastante valor e que resolvem os problemas com que nos vamos deparando nas obras. Aliás, até aproveitamos algumas sinergias dentro do grupo para outras obras que não são de reabilitação e quando temos necessidade de situações semelhantes aproveitamos pareceres desses técnicos para nos ajudar internamente. Portanto, em termos técnicos não temos grande problema para dar resposta às situações com que nos deparamos. Agora em termos de obra o que é motivante deriva da característica da própria obra: é recuperar algo que é existente e conseguir garantir no final ao dono de obra o produto que ele deseja com a qualidade que merece – e as obras de reabilitação merecem bastante qualidade. Não quer dizer que as outras não mereçam, mas a qualidade final na
obra de reabilitação é fundamental, sobretudo no caso das obras antigas. Numa das obras em que estivemos envolvidos – a reabilitação do Palácio Sotto Mayor – em que éramos também donos de obra (porque a reabilitação era nosso empreiteiro), conseguimos encontrar soluções que se encaixassem dentro do orçamento, com a qualidade pretendida pelos dinamizadores do projecto, que muitas vezes também não era aquela que o IPPAR pretende. Há determinadas situações em que temos que responder às necessidades do dono de obra, independentemente daquelas que são colocadas pelo IPPAR. No caso do Palácio Sotto Mayor, em que eu estive directamente envolvido, constituiu um dos maiores desafios que a reabilitação pode pôr em termos de trabalho existente, pois implicou bastante trabalho sobre o tema, através da consulta à família proprietária da casa, ir à procura de fotografias antigas, e tentar recriar
ENTREVISTA
ALGUMAS OBRAS DE REABILITAÇÃO:
todo um palácio que estava completamente destruído. Fizemos uma estrutura completamente nova de um edifício existente, deitando todas as lajes interiores abaixo, fizemos fundações novas, sustentámos todo o edifício, e depois voltámos a construi-lo, perante elementos que obtivemos. Sentem falta de técnicos qualificados nesta área? Notam necessidade de melhor formação dos recursos humanos? Quando temos estas empreitadas, normalmente, recorremos a subempreiteiros especializados na área e com isso conseguimos sempre garantir know-how ao trabalho que estamos a executar. Qual a área em que têm feito mais trabalho de reabilitação? A habitação tem uma componente pesada, mas temos trabalhado em todas as áreas, des-
de museus a edifícios de escritórios. A actividade é bastante diversificada. Também têm realizado obras de reabilitação no exterior ou centram esta actividade em Portugal? Fizemos agora uma obra grande de reabilitação em Madrid: o Hotel Villa Magna. Trata-se de um hotel de 1970 onde praticamente não tinha sido feita nenhuma intervenção em termos de recuperação. Apesar de ser um dos melhores hotéis de Madrid, como é natural ao longo do tempo teve alguma degradação. Além disso, como as paredes eram feitas da forma tradicional em 1970, não era a melhor solução em termos acústicos. Decidiram fazer uma remodelação integral do hotel, fazendo a demolição interior do edifício, deixando só a estrutura de betão armado, tirar todas as instalações, desde condutas, a aparelhos de ar condicionado, elevadores, esgotos (ainda eram em fibrocimento).
A remodelação consistiu em construir o hotel todo de novo, mantendo-se apenas a fachada. E mesmo em termos da fachada, para não estarmos a estragá-la, foi necessário criar soluções alternativas pelo interior em termos térmicos e acústicos. Da nossa parte executámos cerca de 11 milhões de euros de trabalho. O ar condicionado e as instalações eléctricas não eram da nossa responsabilidade. Havia uma empresa que fazia a gestão de projecto, e nós tínhamos a obrigatoriedade da construção civil. Fizemos essa reabilitação no prazo de 16 meses, num mercado perfeitamente novo. Foi a primeira obra de reabilitação que fizemos fora de Portugal. Depois dessa obra já fizeram outras no estrangeiro? Estamos a concorrer, com possibilidades de algumas parcerias através do Hotel Meridien para um hotel no centro de Bruxelas, com uma parte nova e uma parte de reabilitação. Trata-
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Palácio Sotto Mayor, Lisboa Museu Machado de Castro, Coimbra Projecto Integrado de Reabilitação do Castelo, Lisboa Solar do Castelo, Lisboa ISEG – Convento das Inglesinhas, Lisboa Teatro Rivoli, Porto
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OBRA TEATRO MUNICIPAL DE TRANCOSO
OBRA
TEXTO DE RAQUEL RIO
/// Depois de anos de vandalismo e abandono, o Convento de São Francisco, em Trancoso, renasce como teatro. Os Arquitectos Associados, responsáveis pela recuperação do espaço, anexaram ao antigo templo um edifício contemporâneo que se adequa às novas exigências.
O
Quando os Arquitectos Associados meteram mãos à obra, o edifício estava em fase de degradação acelerada e já pouco restava do original. As talhas chegaram a ser usadas em fogueiras e outros elementos decorativos tinham sido retirados ou destruídos. O convento, o único edifício que se encontrava degradado no conjunto designado por Alto dos Frades, pedia uma intervenção urgente. Empenhada na recuperação do núcleo histórico do concelho, a câmara de Trancoso chamou vários arquitectos, entre os quais Gonçalo Byrne, para renovar o património e dotar a cidade de equipamentos. No Alto dos Frades, “nasceram” um cinema, um hotel e um centro cultural. O convento ficou destinado a ser o palco da cidade. Mas para que o edifício se reconvertesse num novo espaço foi necessário ultrapassar algumas dificuldades. “Do ponto de vista do espaço, a principal dúvida era se seria adequado para a dimensão que se pretendia. Por outro lado, o convento não estava dotado das infra-estruturas
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ANTIGO CONVENTO RENASCE COMO TEATRO
convento franciscano, mais conhecido como Convento dos Frades, tinha deixado de cumprir as suas funções religiosas há muito tempo. Foi utilizado como armazém camarário, teve um auditório temporário e serviu até de “morada” a algumas pessoas.
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OBRA
TEATRO MUNICIPAL DE TRANCOSO
QUATROCENTOS ANOS DE HISTÓRIA
necessárias para dar apoio ao teatro, nomeadamente os camarins dos artistas, ligação directa ao palco, um “foyer”, zona de bengaleiro, instalações sanitárias, etc.
O Convento dos Frades Franciscanos Observantes terá sido fundado no século XVI, mas é abandonado pelos frades em 1573 devido a alegados conflitos com a população. Em 1589, a câmara solicita o regresso dos frades e dá início, um ano mais tarde, a uma campanha de obras que se prolonga pelos séculos seguintes. No século XVII são pagas as obras do coro e no século XVIII o Senado concede-lhe 150 mil réis para reparos. O convento é extinto em 1838 e a câmara tenta sem sucesso requerer a sua posse. O convento é arrematado em praça pública por um particular. Em 1850 a igreja já ameça ruir e é cedida à Ordem Terceira de São Francisco. Pouco depois, as coberturas do templo são reparadas e fica explícito num acordão que é propriedade municipal. Entetanto, a portaria do convento é demolida e a pedra utilizada Já no século XX, o telhado é reparado graças a uma subscrição pública quando a igreja servia de armazém de materiais de construção, uso que ainda permanecia em 1967, depois de ter funcionado como casa de espectáculos. Em 1987 a câmara municipal de Trancoso compra o edifício pela Câmara Municipal de Trancoso Um ano mais tarde iniciam-se as obras de recuperação e adaptação a Centro Cultural, procedendo-se à reparação do pavimento da igreja e da porta gótica, correcção das paredes laterais e reboco dos alçados exteriores, limpeza da zona dos três cruzeiros e colocação de calçada na zona que os envolve Em 1995 tem início o projecto de remodelação e são feitas sondagens arqueológicas no edifício. O convento, de arquitectura religiosa, maneirista e barroca compreende a igreja com torre sineira adossada à capela-mor, uma suposta sacristia, e ruínas de uma construção de piso térreo. A igreja apresenta planta longitudinal composta pela nave e capela-mor, sendo coberta por telhado homogéneo de duas águas. O espaço interno é de nave única, integrando dois arcos plenos moldurados ( destinados aos altares laterais ) de recorte idêntico ao arco triunfal. Os pavimentos são lajeados. A sacristia mostra planta rectangular e fachada principal onde se abre um portal de lintel curvo cuja moldura superior, decorada com rosetas, se prolonga na base da varanda superior. No interior é de notar a escada em cantaria, com um lanço de degraus moldurados. A torre sineira, de planta quadrada, possui três registos sinalizados por friso circundante, com as aberturas sineiras de volta inteira restritas a duas faces. O conjunto conventual apresentava-se muito fragmentado, com elementos de épocas diversificadas conjugados de modo algo desconexo.
Assim, definimos um programa que pressupunha a reabilitação do convento e sua transformação em auditório e um novo edifício construído de raiz que comportasse este conjunto de funções. Foram desenvolvidos dois anexos: um, em que se encontram o foyer, bengaleiro e instalações sanitárias e outro, mais pequeno, com ligação directa ao palco, onde estão os camarins”. Durante o processo de recuperação “tentou-se sempre perceber qual teria sido a realidade anterior para, com a construção do edifício novo, tentar dar uma ideia do que teria sido esse conjunto”. Foi feita uma pesquisa histórica com o grupo de arqueologia da câmara municipal e descobriram-se alguns registos interessantes, nomeadamente um conjunto de ossadas. Devido às várias transformações que o convento tinha sofrido ao longo dos séculos, ignorava-se também qual teria sido o local exacto do claustro, mas esta ideia foi recriada na intervenção arquitectónica.
OBRA
TEATRO MUNICIPAL DE TRANCOSO
“O foyer do edifício novo acaba por criar na relação que tem com uma parede existente que se manteve, a tardoz, um pátio interior que pretendia dar a ideia desse claustro”, adiantou Rui Cardoso. A nível de reabilitação, o arquitecto sublinha que estava bem presente a noção de reversibilidade: “qualquer intervenção que é feita nestes espaços, hoje tem uma determinada função e significado e, no futuro, poderá ter outros completamento diferentes. O que não se pode destruir é a existência e o suporte”. Por isso, toda a intervenção que foi feita no auditório funciona como uma espécie de “cenário” e pode vir a ser desmantelada, caso seja necessário repor o que foi encontrado no convento.
AAS - Arquitectos Associados : Isabel Guardado, Rui Cardoso e Pedro Ricciardi
Usar o altar como boca de cena era “a solução quase óbvia”, explica Rui Cardoso. “Tínhamos a nave, onde foi colocada uma estrutura com as cadeiras, para ser usada pelo público, e aproveitámos o facto de termos o arco triunfal e toda a zona de coro por trás criar o palco”.
FICHA TÉCNICA
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FASE 1 Foyer, Camarins - Área Total: 300 m2 Arranjos Exteriores - Área Total: 450 m2 Arquitectura – AAS Arquitectos Associados: Pedro Ricciardi e Rui Cardoso Colaboradores – André Pintão , Susana Figueira e Susana Ferreira. Especialidades – Covisla Arranjos exteriores – AAS Arquitectos Associados FASE 2 Teatro ( Igreja ) - Área Total: 400 m2 Arquitectura – AAS Arquitectos Associados– Pedro Ricciardi e Rui Cardoso Colaboradores – Ana Sofia Mendes e Joana Bretes Estabilidade – Eng. Barroso – Engicraft Águas e Esgotos – Eng. Barroso – Engicraft AVAC – Eng. Miguel Claudino – Marobal Electricidade , Segurança – Eng. Pedro Cortes – Marobal Acústica – Eng. Palma Ruivo - Certiprojecto Equipamentos cénicos e audiovisuais Solercine
Este tem “uma particularidade interessante que é a possibilidade de se prolongar quase até ao público com uma zona amovível, que permite aumentar a profundidade e jogar em termos cenográficos”.
este material foi também usado no anexo. Já a nível de pavimentos, o convento manteve o granito, mas optou-se por produtos contemporâneos na nova construção.
O interior do convento foi envolvido por uma caixa feita de placas de gesso cartonado, que formam a parede visível e que podem ser desmanteladas. “São estruturas simples e ligeiras que permitem a reposição integral do espaço original do convento”.
“É possível conjugar o novo com o antigo não renegando os materiais actuais e as potencialidades que apresentam”, observou Rui Cardoso. “Considerámos que na zona de serviço seria adequado um revestimento epoxy, enquanto na zona de “foyer”, como tem ligação com o auditório, usou-se a madeira”.
Os arquitectos quiseram criar um ambiente mais elegante no interior através de uma estereotomia conseguida através da colagem de um papel semelhante ao linho nos painéis.
No auditório, que acolhe cerca de cem pessoas, a iluminação foi embutida num tecto falso. As cadeiras são marcadas por linhas contemporâneas.
Os vãos são marcados com um conjunto de elementos em madeira. Os pavimentos graníticos foram conservados, mas só parte ficou visível. A outra parte, onde existem várias lápides, ficou tapada pelas bancadas.
“Procurámos um jogo elegante entre uma intervenção com materiais novos e o antigo, tentando preservar o mais possível o carácter da igreja, com esta nova espacialidade que é o auditório”, adiantou o responsável dos Arquitectos Associados.
“A utilização dos materiais tem a ver com a nossa forma de pensar e projectar”, salientou Rui Cardoso. “Tentámos sempre usar materiais da região e materiais nobres como o ferro, o aço ou a madeira”.
No futuro pretende-se também dar utilização ao primeiro andar, adaptando o local a um pequeno espaço museológico que passe a exibir em permanência todas as peças que ainda restam do convento.
Os materiais garantem a continuidade entre o edifício novo e o convento.
A inauguração do Teatro Municipal de Trancoso aconteceu a 15 de Junho e contou com a presença do Presidente da República, Cavaco Silva, que enalteceu a qualidade da obra.
O templo usava, como é natural, a madeira e
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RESTAURO
EMPREITADA DE REMODELAÇÃO E RESTAURO
IGREJA DE SANTA ANA EM TAVIRA Paulo Jones Arquitecto
/// Na sequencia do estudo prévio e exame metódico e rigoroso, foi elaborado um pequeno estudo histórico-artístico, tendo como objectivo um maior conhecimento dos bens em questão, de forma a que a nossa intervenção respeitasse o misto de especificidade e identidade da obra de arte e o seu valor artístico, histórico, científico, espiritual e religioso.
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ENQUADRAMENTO HISTÓRICO E ARTÍSTICO Podemos referir que, a arte da Talha é um dos capítulos mais expressivos e originais do universo artístico português. A sua génese remonta ao século XV e prolonga-se até às primeiras décadas do séc. XIX, época em que entra em decadência. Reforçada pelos dogmas emanados do Concílio de Trento (1545-1563), a arte da talha revela-se um meio de propaganda ao serviço da religião, através da sua linguagem grandiosa e do brilho reflectido do seu ouro, comove e seduz sensorialmente, conduzindo o crente à aceitação das regras doutrinais da Igreja Católica.
Para além de se revelar essencialmente uma arte religiosa, a talha expande-se também ao campo civil.
-se em adiantado estado de degradação a necessitar de urgente intervenção.
Na sua essência o conjunto de obras de arte em questão, terá que ser analisado, dentro do propósito da sua construção, da sua identidade, no seu sentido original, actual e futuro pois, o papel fundamental do técnico de conservação e restauro é a preservação dos objectos culturais para benefício das gerações actuais e futuras.
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LEVANTAMENTO DAS CONDIÇÕES DE CONSERVAÇÃO DO EDIFÍCIO EM 2002 Como se pode verificar a igreja encontrava-
PREPARAÇÃO TRABALHOS CONSERVAÇÃO E RESTAURO Após um trabalho exaustivo de catalogação, desenho e registo fotográfico das obras de arte, os trabalhos tiveram início pela sua cuidada remoção dos suportes. Todas as obras de arte foram transportadas para a nossa oficina e ai foram intervencionadas, fora do espaço físico da obra, permitindo tanto aos técnicos de conservação e restauro como aos técnicos de construção civil trabalhar
RESTAURO
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01 - Alçado lateral 02 - Alçado frontal 03 - Pia Baptismal 04 - Aberturas na cobertura 05 - Interiores danificados 06 - Alçado Lateral 07 - Altar-mor em talha Dourada
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RESTAURO
EMPREITADA DE REMODELAÇÃO E RESTAURO
em simultâneo sem qualquer interferência de parte a parte.
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INÍCIO TRABALHOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL Os trabalhos de construção civil iniciaram-se pela remoção dos revestimentos de paredes, cobertura e pavimentos, sempre que possível recorrendo a processos manuais. Todos estes trabalhos tiveram que ser efectuados de forma delicada para não perigar as estruturas do edifício e com o intuito de se preservar alguns materiais e a descoberta de artefacto arqueológicos. 08 - Porta principal igreja 09 - Pormenor telhado 10 - Interior Igreja 11 - Interior Igreja 08
Durante os trabalhos de desmonte foram achados algumas peças antigas e arqueológicas que prontamente foram entregues e ficaram a cargo do dono da obra. Foram encontrados nomeadamente, revestimentos de pavimentos antigos, azulejos quinhentistas, arte sacra em barro, artefactos variados de barro, lápides e ossadas humanas.
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TRABALHOS DE CONSOLIDAÇÃO DE PAREDES Após a remoção dos revestimentos das paredes e os testes de recolha de carotes, verificou-se a necessidade de se consolidar as paredes de pedra argamassada por meio de injecção de caldas de Cal Hidráulica Natural, pregagens pontuais em deslocamentos e descolamentos de paredes.
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RECONSTRUÇÃO DE PAREDES EM PEDRA ARGAMASSADA
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Ouve necessidade de se efectuar algumas reconstruções volumétricas de paredes de pedra argamassada de forma a devolver a originalidade ao edifício.
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RESTAURO
EMPREITADA DE REMODELAÇÃO E RESTAURO
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15 12 - Remoção manual 13 - Colocação madeiramento 14 - Azulejos Quinhentistas 15 - Encasque 16 - Descoberta de ossadas 17 - Reboco fachada
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RECONSTRUÇÃO MADEIRAMENTOS COBERTURA
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Todas as madeiras da cobertura foram substituídas por novas segundo o novo projecto. O agradável aspecto que este novo madeiramento oferecia suscitou o desejo de ficar à vista em vez de ser coberto com uma abóbada de gesso como previa o projecto inicial. Todo o novo madeiramento bem como as tábuas de forro foram tratados com produto xilófago incolor como tratamento preventivo.
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EXECUÇÃO DE NOVOS REBOCOS DE CAL Os novos rebocos foram executados recorrendo à utilização de um ligante o mais compatível possível com o suporte existente. 17
A Cal Hidráulica Natural foi o ligante que nos ofereceu maiores garantias de compatibilidade.
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RESTAURO
EMPREITADA DE REMODELAÇÃO E RESTAURO
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18 - Aplicação de Bolos 19 - Montagem guarnecimentos 20 - Colocação das estruturas 21 - Reintegração pictórica 22 - Afinações 23 - Conclusão Montagem
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A utilização do produto pré doseado também foi a forma de garantirmos a homogeneidade do traço. O trabalho Iniciou-se pela aplicação do salpico, seguindo-se posteriormente para o encasque, o enchimento e finalmente para o reboco.
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TRABALHOS DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO
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Todo o trabalho de restauro dos alteres bem como as obras de arte que guarneciam a igreja de Santa Ana sofreram um meticuloso trabalho de conservação e restauro que foi elaborado por cinco técnicos superiores formados em diversas áreas de conservação e restauro formando uma equipa multidisciplinar.
RESTAURO
EMPREITADA DE REMODELAÇÃO E RESTAURO
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MONTAGEM DOS ALTARES
TRABALHOS DE PINTURA E CAIÇÃO
A montagem dos altares na sua posição original é sempre uma tarefa que requer algum engenho e arte. As peças entretanto restauradas aumentam de volume e as paredes após o reboco ficam mais exíguas.
As pares interiores e exteriores foram caiadas com cal branca de forma tradicional. As madeiras foram tratadas com produto xilófago incolor e acabado com verniz aquoso mate.
Este trabalho foi elaborado com muita paciência de forma a possibilitar a montagem correcta dos altares.
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Só a dedicação e empenho dos técnicos envolvidos é que possibilita um resultado final gratificante.
FINAL OBRA Obra concluída em 25 de Abril de 2006 com sabor a missão cumprida.
OPINIÃO
ORDEM DOS ENGENHEIROS
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s carências eram grandes e a urgência em encontrar respostas nem sempre permitiu a reflexão para se encontrarem as melhores soluções. Sempre foi mais fácil e rentável construir de novo do que reabilitar, e foi esse o caminho seguido pelos privados, mas também pelas políticas públicas destinadas à habitação social.
famílias já não conseguem pagar as prestações dos empréstimos com a aquisição de habitação própria.
Portugal é dos países da UE que menos tem investido em reabilitação, face à construção nova, tendo sido sucessivamente ignorados os problemas resultantes da contínua degradação dos edifícios, pois as soluções exigiam políticas inconvenientes, e por isso adiadas.
Por outro lado, o perfil da procura de habitação está a mudar, pois perante a oferta de empregos cada vez mais precários e em diferentes locais, a habitação também terá que ser mais adequada a essa mobilidade, e só o arrendamento o permite. Para a criação de empregos e dinamização da economia, a indústria da construção continua a ser o motor, e a reabilitação é, de entre todas as opções, a que mais mão-de-obra utiliza por cada unidade de investimento e a que mais envolve as pequenas e médias empresas.
Contudo, estamos agora perante um cenário que não permite disfarçar por mais tempo a impossibilidade de se manter o modelo das últimas décadas. A crise demonstrou que não poderemos continuar a construir novo, pois há uma elevada redução da procura e muitas
Mas, para além do enquadramento favorável, importa destacar algumas razões adicionais que justificam uma clara aposta na reabilitação urbana. (1) A recuperação e valorização do património edificado e a sua colocação no mercado, permitiria fixar nos centros das cida-
des centenas de milhares de habitantes, invertendo as perdas registadas nas últimas décadas (Lisboa perdeu cerca de 300.000 habitantes nos últimos 30 anos e o Porto 100.000 nos últimos 25 anos). (2) A utilização desse parque habitacional, bem como dos devolutos, permitiria fixar as famílias em locais cada vez mais perto dos empregos, com evidente economia de tempo e do custo das deslocações diárias, traduzidas também em benefícios na redução de combustíveis, com consequências positivas na balança das transacções com o estrangeiro, bem como na redução das emissões de CO2. (3) As cidades mais habitadas são mais atraentes, com vantagens para as diferentes actividades económicas, com destaque para o turismo. (4) A actividade de reabilitação permitiria criar empregos e riqueza, com a valorização do edificado, com aumento significativo dos diferentes tipos de impostos, com destaque para o IMI, que é equivalente a uma renda vitalícia a favor dos municípios. (5) O aumento significativo dos fogos reabilitados e devolutos, per-
OPINIÃO
DIFICULDADES DA REABILITAÇÃO URBANA
/// A urgência de se implementarem, de uma forma generalizada, planos de reabilitação do património construído, tem vindo a merecer um amplo consenso, abrangendo os edifícios degradados, mas também as pontes, as estradas e o restante património. Nos últimos 20 anos, construímos muito, com apoio de fundos comunitários e através de elevados investimentos das famílias e das empresas, que recorreram ao endividamento.
Fernando Santo
Bastonário da Ordem dos Engenheiros
É necessário compreender o absurdo que tem justificado o facto do valor mensal de uma renda ser superior ao da prestação mensal paga ao Banco para compra de habitação, a qual terá que incluir os juros e o custo da fracção. A justificação é dada pela ausência de um eficiente mercado de arrendamento, consequência das políticas do arrendamento urbano, que impõem um elevado risco para os proprietários, sem benefícios fiscais significativos. Não é apenas a questão do congelamento das rendas nos últimos 50 anos, com preços completamente desajustados do valor dos imóveis, que está em causa, mas as condições que levaram os proprietários a não confiar nas regras impostas pelas políticas, e que justificam a não co-
locação de muitos dos devolutos no mercado de arrendamento. São muitas as questões que condicionam os investimentos e a incerteza da sua recuperação, para além das económicas. Também é preciso que os principais responsáveis políticos entendam que não é possível aplicar as exigências dos regulamentos do século XXI a edifícios do século XIX, destinados a pessoas que têm rendimentos do século XX. É preciso compreender que, tão importante quanto a manutenção das fachadas e dos materiais da época, é a garantia de segurança dos edifícios aos riscos sismos, com particular destaque para a cidade de Lisboa. Se a visão da “cidade museu” continuar a orientar os pareceres e as exigências de algumas entidades públicas, ignorando o resto, poderemos correr o risco de todo o investimento ser perdido perante um abalo sísmico. Como poderão ser reabilitadas habitações em edifícios com áreas exíguas, sem as mínimas condições de habitabilidade (em Lisboa ain-
da existem 1 400 habitações sem instalações sanitárias), se não for possível fazer emparcelamentos ou demolir os que se justificam? Não poderemos ignorar que as zonas históricas para serem vividas também têm que ser adequadas às necessidades dos diversos grupos sociais e etários, fomentando um mix de diferentes estratos da população, o que deverá obrigar a demolir o que não se justificar para requalificar o que deve ser preservado. Parece-me, pois, evidente que a conjuntura é favorável à implementação de um Plano Especial de Reabilitação Urbana (PERU), mas não acredito que sejam mobilizados investimentos privados de forma significativa sem (i) uma profunda alteração do regime jurídico do arrendamento, sem (ii) uma alteração da legislação sobre o ordenamento do território, planos municipais, regulamentos nacionais e municipais, e sem (iii) uma alteração das condicionantes das zonas classificadas como históricas e das zonas de protecção aos imóveis classificados.
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mitirá uma oferta habitacional mais diversificada, com preços mais ajustados à capacidade financeira das famílias, devendo destacar-se a importância do mercado de arrendamento, que deverá ser claramente o alvo das políticas de reabilitação.
CONSERVACAO
RESTAURO DE VIDRO
VICARTE DESENVOLVE
TÉCNICA DE RESTAURO INOVADORA TEXTO DE RAQUEL RIO
/// Os investigadores do Vicarte (Centro do Vidro e Cerâmica para a as Artes) estão a desenvolver uma técnica inovadora para o restauro de peças de vidro. O objectivo é substituir a resina que normalmente é usada no preenchimento de lacunas por vidro.
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A
ugusta Lima, do Departamento de Conservação e Restauro desta unidade de investigação pertencente à Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa explicou à Arte & Construção como está a ser desenvolvido este método para preencher lacunas em objectos de vidro e as vantagens que apresenta relativamente à habitualmente usada resina epoxídica. Esta resina é um material fluido, aplicado por infiltração num molde em silicone, que, apesar de ter inicialmente um aspecto muito semelhante ao vidro, vai amarelecendo com o tempo porque é fotosensível. Para escolherem a resina mais estável, os conservadores fazem um estudo de envelhe-
cimento acelerado em que vários tipos de resinas diferentes usados em restauro são submetidos a radiação ultravioleta intensa. Existe ainda uma outra desvantagem, explica Augusta Lima: “como as propriedades mecânicas do vidro e da resina são substancialmente diferentes, se uma peça de vidro que foi preenchida com este material for submetida a uma tensão nunca vai partir no mesmo sítio onde está colado o epóxi porque este é muito mais forte. Logo, a peça abrirá outra fractura noutro sítio”. Ora, em conservação, pretende-se exactamente o contrário, ou seja “que o material de substituição seja menos resistente ou, pelo menos, igual ao material original para que a
peça abra pela zona já fracturada”. Face a estas dificuldades, os especialistas do Vicarte pensaram noutra solução. “Como estamos num centro de vidro, temos os fornos, temos o “know-how” dos artistas que trabalham connosco e que poderiam fazer peças com a forma pretendida e pensámos que podíamos criar fragmentos em vidro”, adiantou Augusta Lima, justificando que “isto nunca foi utilizado porque exige equipamento que a maior parte dos conservadores não têm, como os fornos de alta temperatura”. O vidro é fundido dentro de um molde, usando a técnica de “casting”, mas o processo exige várias operações antes de se obter o fragmento final.
CONSERVAÇÃO
Primeiro, é feito um protótipo do fragmento em gesso, que é depois polido para dar a forma que se pretende. Segue-se a criação de um molde em silicone. Depois, retira-se o gesso e verte-se cera nesse espaço, o que origina um novo protótipo. É feito mais um molde em gesso onde se insere o granulado de vidro que será submetido a um forno de alta temperatura. O gesso desfaz-se e sobra então o fragmento, que não está ainda concluído. O vidro sai com a superfície baça e precisa ainda de um tratamento para ficar brilhante. Este acabamento é feito na Marinha Grande por um especialista em polimento ácido.
muito finas e implica a perda de algumas formas do modelo original devido às diferentes etapas que é necessário seguir.
O processo começou a ser desenvolvido em Outubro de 2008 e está ainda a ser optimizado.
“O que vamos tentar fazer a seguir é começar logo com a cera. Não fizemos isso inicialmente porque a cera tem de ser vertida muito quente e pode ser problemático para os vidros mais fragilizados porque pode haver um choque térmico”.
A primeira peça onde está a ser aplicado o método é um vaso oriundo do Museu do Vidro da Marinha Grande. Foi fabricado em 1932 e tem como autores João Correia (pintura em esmalte) e Jorge Barradas (desenho).
“Temos de fazer várias peças até obter o resultado desejado”, sublinha a conservadora do Vicarte, acrescentando que o vidro é analisado previamente para se obter um fragmento compatível com a peça original.
“Fazemos um protótipo em gesso com todos os pormenores e a partir daí faz-se uma digitalização 3D, através de laser. Isto fica num programa de CAD e com esta imagem conseguimos fazer o molde tridimensional na impressora. Depois é só colocar e fundir o vidro. Além de queimar etapas, a peça sairá assim mais perfeita”, frisou a especialista.
TECNOLOGIA APOIA ARTE Como o Vicarte desenvolve várias áreas de investigação, entre as quais, vidros luminescentes que se tornam coloridos quando observados através de radiação ultravioleta, esta tecnologia pode vir a ser útil à conservação. “Podemos vir a usar um luminescente para perceber, no futuro, onde houve restauros. Basta colocar uma lâmpada UV e o restauro aparece. Podia-se também colocar algum tipo
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O método apresenta algumas limitações: não pode ser aplicado em zonas com falhas
Entretanto, o Vicarte adquiriu uma impressora 3D que vai ser aproveitada para aperfeiçoar esta técnica.
CONSERVACAO
RESTAURO DE VIDRO
PREENCHIMENTO DA LACUNAS COM VIDRO 01
Elaboração dos fragmentos de gesso e de cera
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de informação como a data do restauro, nome do museu, e outros dados que ficariam invisíveis à vista desarmada”, disse Augusta Lima. O potencial é enorme: os vidros luminescentes podem ser usados em esculturas, painéis e mesmo vitrais, para os tornar visíveis durante a noite, descreveu António Pires de Matos coordenador de um mestrado que junta arte e ciência e que vai realizar-se a partir de Setembro.
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O vitral é outro dos sectores a que o Vicarte dá atenção, sendo mesmo a única unidade no país a desenvolver estudos relativos à caracterização química deste material, adianta a engenheira Márcia Vilarigues. O número de especialistas a fazer conservação e restauro de vitral em Portugal conta-se pelos dedos da mão. “Há falta de formação nesta área. Houve um curso de três anos na Batalha, em 1998, mas desde essa altura nunca mais se fez nada. Nalgumas escolas abordam-se estas matérias, mas é insuficiente”, lamenta Márcia Vilarigues.
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O património é escasso e o restauro ainda mais. “É uma área um pouco desprezada, muitas vezes resume-se quase a limpar uma janela”, revela esta especialista. “Muitas vezes só somos chamados quando já está tudo a cair”.
Elaboração do molde de gesso e fusão do vidro
E, no entanto, basta apenas alguma prevenção para evitar que os vitrais se degradem. “Era importante haver uma documentação regular sobre o estado de degradação e conservação dos vitrais. Depois seria necessário fazer limpezas simples, detectar se há vitrais partidos, etc.”, recomenda esta especialista.
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Márcia Vilarigues alertou ainda para os problemas que afectam as estruturas de madeira das janelas, ou as próprias calhas de chumbo que fixam o vitral, e que frequentemente se degradam mais depressa do que os próprios vidros. A dificuldade de acesso aos vitrais é considerada como um dos principais obstáculos aos trabalhos de manutenção regulares, mas existem soluções menos dispendiosas do que a montagem de andaimes, como por exemplo o recurso a elevadores.
ACTUAL
CARTA ESTRATÉGICA DE LISBOA
“UM INSTRUMENTO ORIENTADOR” TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO
/// No dia 6 de Junho, o Teatro de S. Luiz, em Lisboa, serviu de palco para a cerimónia de apresentação da Carta Estratégica de Lisboa, “um instrumento orientador fundamental da actuação do município e de apoio à decisão política local”. A marca Lisboa, a habitação, os transportes, o modelo de governança, a segurança e o ambiente foram alguns dos temas abordados pelos comissários responsáveis pela concepção da Carta.
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Carta Estratégica de Lisboa pretende dar resposta a um conjunto de questões com as quais a cidade de Lisboa de debate e que constituem os actuais desafios estratégicos no planeamento da Cidade, para perspectivar o futuro, planeando e concretizando aquilo que hoje, em conjunto, ambicionamos para Lisboa”. É desta forma que o comissariado responsável pela concepção da Carta, define o documento que servirá como “um instrumento orientador fundamental da actuação do município e de apoio à decisão política local, mas essencialmente para assegura a cumulatividade das políticas municipais, introduzindo uma rotura no paradigma da governação da cidade, com novas políticas municipais, capazes de dar esperança a uma cidadania crescente”, explicou António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa. No dia 6 de Julho, a cerimónia de apresentação e entrega da Carta Estratégica de Lisboa serviu de oportunidade para cada um dos co-
missários revelarem, sumariamente, os princípios fundamentais da Carta que resultam da resposta a seis perguntas com que a cidade se debate: 1ª Como recuperar, rejuvenescer e equilibrar socialmente a população de Lisboa? 2ª Como tornar Lisboa uma cidade amigável, segura e inclusiva para todos? 3ª Como tornar Lisboa numa cidade ambientalmente sustentável e energeticamente eficiente? 4ª Como tornar Lisboa cidade inovadora, criativa, capaz de competir num contexto global, gerando riqueza e emprego? 5ª Como afirmar a identidade de Lisboa num mundo globalizado? 6ª Como criar um modelo de governo eficiente, participado e financeiramente sustentado? TORNAR O TRANSPORTE PRIVADO DESNECESSÁRIO Na opinião da comissária Ana Pinho, cuja missão foi procurar uma resposta à primeira
pergunta, “o processo de desenvolvimento da cidade de Lisboa terá de passar por garantir a oportunidade e a capacidade dos cidadãos para fazerem as suas próprias opções de vida, nomeadamente no que respeita ao habitar na cidade”. Um propósito passível de ser atingido caso, resumiu Ana Pinho, se actue sobre três “domínios estratégicos”: viabilizar as escolhas ao nível do mercado da habitação; aumentar a diversidade e reduzir desigualdades; e garantir uma atractividade sustentada. Para o arquitecto Manuel Graça Dias, a resposta à segunda pergunta passa por minimizar os “excessos cometidos pelas demasiado omnipresentes soluções viárias”, recorrendo a uma “nova ideia urbanística com enorme capacidade de gerar diversidade: diversidade de espaços, diversidade de modos, diversidades de pessoas, diversidades de oportunidades”. O comissário para a questão n.º 2 deixou, em jeito de resposta, quatro frases bandeira: a
ACTUAL
Como a eficiência e sustentabilidade da cidade assentará “menos nas revoluções tecnológicas” e “mais numa revolução de gestão local e comportamental”, é “urgente conseguir consensos políticos para implementação de medidas de gestão do espaço público, dos edifícios e da mobilidade que encorajem a vida de bairro, a utilização dos modos suaves e dos transportes colectivos e que penalizem fortemente a mobilidade em automóvel no centro da cidade”, alertou o comissário.
introdução de mudanças no sentido de tornar progressivamente desnecessário o recurso ao transporte privado em Lisboa; a recuperação dos centros históricos da capital de modo a torná-los verdadeiramente atractivos para a vida contemporânea; a revivicação dos bairros mais periféricos e “problemáticos” cooptandoos para a cidade e retirando-lhes o estigma da guetização; e a tomada resoluta de decisões tendentes a resolver expressiva e urgentemente as condições de vida das pessoas sem abrigo na cidade de Lisboa. REVOLUÇÃO COMPORTAMENTAL “A sustentabilidade energética e ambiental de Lisboa poderá ser alcançada recorrendo a uma nova forma de encarar a cidade, reorganizando e dignificando o espaço público, o património natural e edificado, criando-se, assim, também condições para uma eficaz alteração de comportamentos da população com vista à protecção ambiental e à eficiência energética”, explicou o comissário Tiago Farias.
O economista Augusto Mateus é da opinião que a Carta Estratégica de Lisboa só conseguirá desempenhar a sua função “se vier a constituir um verdadeiro instrumento colectivo, orientado pelo futuro e marcado por uma abordagem positiva e construtiva dos problemas, necessidades e desafios da cidade”. Para elevar Lisboa a “pólo inovador, capaz de competir concorrencialmente à escala global e de gerar riqueza e emprego ao ritmo necessário para satisfazer as expectativas da população”, será determinante, de acordo com o comissário, reforçar as suas dimensões de cidade do conhecimento, valorizar drasticamente a afirmação autónoma de Lisboa no mundo das marcas e criatividade, e construir um modelo de governança de cidade/região ancorada em responsabilidades temáticas e territoriais dotadas de racionalidade e massa crítica. A MARCA LISBOA A afirmação da identidade de Lisboa num mundo globalizado deverá estar “suportada pela construção de um discurso que identifique e enquadre as questões identitárias que fazem de Lisboa uma cidade única e que permita a construção de uma unique selling pro-
position”. Esta proposta, apresentada pela comissária Simonetta Luz Afonso, assenta em “quatro dimensões de análise”: a construção da marca Lisboa, a construção identitária de uma cidade antiga (promovendo o património histórico e urbano da cidade), a definição de uma estratégia global para os conteúdos e programação dos equipamentos culturais, e a promoção de uma comunicação interna eficiente. A criação de uma plataforma digital, a aposta na Lisboa dos Bairros, a criação de uma rede de troca de conhecimento entre as universidades e a cidade de Lisboa, a colocação de uma sinalética moderna, são algumas das recomendações de elevada prioridade deixadas pelo grupo de trabalho que analisou a quinta pergunta. “A revitalização do sistema democrático e de governação de Lisboa passa pela criação de estruturas e processos que permitam uma maior proximidade entre a política e o cidadão, e uma maior partilha dos destinos colectivos da cidade e de cada um dos seus bairros”, declarou João Seixas, investigador do Instituto de Ciências Sociais e comissário responsável por propor uma resposta à última pergunta. Para tornar o sistema de governação de Lisboa “eficiente, participado e sustentável”, João Seixas propõe sete princípios: Estratégia e cumulatividade das políticas públicas, Clarificação de acção sócio-política para as escalas e as dimensões de uma cidade capital, Máxima proximidade na gestão e administração local; Informação e conhecimento na e com a cidade, Administração eficiente e qualitativa, Governança e conectividade ampla, Participação e pleno envolvimento cívico. Apresentadas as propostas dos comissários, cabe agora aos cidadãos, empresas e instituições da cidade de Lisboa participar na discussão pública da Carta Estratégica de Lisboa.
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Na sua visão, a resposta à 3ª pergunta assenta numa mudança de comportamento, tanto que “as tecnologias mais inovadoras deverão surgir numa óptica de complementaridade, não como a solução do problema”.
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GRANDES PROJECTOS EM QUESTÃO
ANEOP QUER ENTENDIMENTO NAS
OBRAS PÚBLICAS TEXTO DE SOFIA DUTRA
/// A Associação Nacional de Empreiteiros de Obras Públicas (ANEOP) defende um “entendimento” acerca do futuro dos grandes projectos de obras públicas. Filipe Soares Franco, recentemente reconduzido como presidente da ANEOP até 2011, apresentou, em conferência de imprensa, a 1 de Julho, as prioridades da nova direcção e apontou o dedo aos preços "anormalmente baixos" que descapitalizam as empresas
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ANEOP vai pedir reuniões ao Presidente da República, ao Governo e aos principais partidos políticos para defender um "entendimento" quanto ao futuro dos grandes projectos de obras públicas, revelou o presidente da associação que representa as 37 maiores construtoras portuguesas. "É com profunda tristeza e mágoa que vemos esses projectos serem mais uma vez adiados", desabafou. "Infelizmente, nunca conseguimos ter consenso entre as duas grandes forças partidárias" em projectos que, "são fundamentais para o desenvolvimento do país", afirmou Filipe Soares Franco. "Não sei se é um pacto de regime, porque as pessoas não gostam do nome, mas é preciso um entendimento e aqui era bom que Portugal copiasse algumas ideias boas de outros países da União Europeia,
como Espanha", acrescentou. SECTOR PERDEU 60 MIL POSTOS DE TRABALHO Falando em defesa dos grandes projectos (auto-estradas, TGV e aeroporto), Filipe Soares Franco adiantou que as empresas já gastaram 30 milhões de euros no TGV e que cada processo de candidatura aos concursos custa cerca de “7 a 8 milhões de euros”. A associação admite pedidos de indemnizações por investimentos já feitos, se o novo Governo retroceder nos planos actuais. Além disso, para o presidente da ANEOP, a opinião pública foi “intoxicada por várias formas e em vários locais, de forma sistematizada e consequente durante mais de um ano sobre
estes grandes investimentos em obras públicas, sem nunca ter sido informada sobre o caminho e as consequências para o país e para a economia portuguesa se eles não forem feitos". Por seu turno, o vice-presidente da ANEOP, Manuel Agria, alertou para o facto de o sector da construção ter já perdido "60 mil postos de trabalho desde o início do ano”. Na sua opinião, este número foi engrossado pelos trabalhadores que estavam em Espanha e regressaram por via da grave crise na construção que o país atravessa. Este responsável avisou ainda que “se o País não avançar com os projectos de obras públicas, as consequências podem ser ainda mais "graves, e poderemos assistir à falência de algumas empresas". São trinta mil as que estão em risco.
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CONSTRUÇÕES EM TERRA
PATOLOGIA E REABILITAÇÃO DE CONSTRUÇÕES EM TERRA F. Pacheco Torgal
Investigador do C-TAC (Sustainable Construction Group), Universidade do Minho
Said Jalali
Professor Catedrático com Agregação na Universidade do Minho
/// O presente artigo aborda a questão da patologia e da reabilitação das construções tradicionais em terra, como forma de contribuir para a divulgação deste tipo de construção e para a sensibilização quanto à necessidade da promoção de construções mais “amigas do ambiente”.
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INTRODUÇÃO As preocupações ambientais com que se confronta a sociedade actual fazem com que seja urgente repensar as actuais tecnologias construtivas tornando imperativas novas e mais sustentáveis formas de habitar. Neste contexto a construção em terra, reassume um papel que já antes teve e que infelizmente perdeu por força das inovações tecnológicas e fundamentalmente pelo facto deste tipo de construção estar associado a populações com baixos níveis de rendimentos. Embora a origem deste tipo de construção se possa remontar a alguns milhares de anos atrás, a maioria das construções tradicionais Portuguesas em terra ainda existentes são bastante mais recentes. Os processos construtivos tradicionais resumemse basicamente à taipa, ao adobe e ao tabique, sendo que a sua distribuição geográfica no território nacional se encontra mais ou menos bem definida (Figura 1). Sendo responsáveis por um impacto ambiental bastante menor que as construções correntes à base de betão e de tijolos cerâmicos, as construções em terra tem vindo a merecer na última década uma
atenção crescente, quer por parte da comunidade cientifica pela realização de Teses de Mestrado e Doutoramento, quer por parte de Associações que fazem a divulgação deste tipo de construção, quer mesmo de particulares que optam pela reabilitação de edifícios tradicionais em terra ao invés de fazerem construção nova, ou mesmo de algumas Câmaras Municipais que vão ao ponto de baixar muito substancialmente as taxas de licenciamento (por vezes quase para metade como é o caso da Câmara Municipal de Odemira) no sentido de promover este tipo particular de construção [1]. DIAGNÓSTICO DE PATOLOGIAS As principais patologias de origem estrutural deste tipo da construção tradicional em terra, incidem no mau funcionamento das fundações, outro tipo de patologias estruturais diz respeito ás zonas de concentração de tensões e também a situações colapso ou degradação mecânica da cobertura. As patologias da construção em terra com origem no mau funcionamento das fundações, estão relacionadas com casos de edifícios com uma ou várias centenas de anos,
cuja fundação consiste somente num lintel de alvenaria de pedra que corria ao longo do comprimento da parede. Executada na maior parte das vezes sem qualquer ligante e não possuindo um comportamento rígido, qualquer assentamento desta fundação se repercutia em elevada fissuração das paredes. A ocorrência de vibrações provocadas pela circulação de máquinas agrícolas é outra das razões para a ocorrência de assentamentos diferenciados da fundação resultando em fendilhação ao nível das paredes [3]. Outros factores para o mau funcionamento das fundações estão relacionados com fenómenos de erosão da fundação pelos agentes atmosféricos quando exposta por qualquer escavação periférica [4]. As cada vez mais frequentes operações de substituição de pavimentos de madeira por lajes em betão levam a elevados níveis de carregamento que resultam em paredes com deformações no seu próprio plano (abaulamento). Para lá do mau funcionamento das paredes das construções em terra com origem no mau funcionamento das fundações, existem os conhecidos casos de mau funcionamento mecânico das zonas de concentração de
Figura 1: Construções tradicionais Portuguesas em terra: a) Taipa; b) Adobe; c) Tabique [2]
Figura 2: Reabilitação de fundações: a)Recalcamento de alvenaria: b) Alargamento da fundação [3]
tensões, particularmente nas aberturas (portas e janelas). A utilização tradicional nessas zonas de tijolos de barro cozido era uma forma de obstar a este problema. Também o facto de muitas vezes não haver travamento das paredes ao nível dos cunhais, leva a que qualquer rotação da fundação implicasse o desligamento dos panos ortogonais. As principais patologias da construção em terra dizem respeito à acção da água da chuva nas paredes ou do solo em contacto com a fundação através de fenómenos de capilaridade. A acção da água provoca a perda de coesão do material constituinte das paredes de terra levando à sua rápida degradação. A altura das humidades ascensionais pode atingir quase 1,5 m, o que dá bem a ideia da gravidade deste tipo de patologia. A acção da água pode ainda propiciar o aparecimento de espécies vegetais que aceleram a degradação das paredes em terra. Também as elevadas amplitudes térmicas responsáveis por ciclos de expansão e contracção contribuem igualmente para a degradação deste tipo de paredes. Alguns autores [4] referem a existência de patologias que se devem a caixilharias de madeira que não cumprem requisitos mínimos de espessura, de perfis e samblagem, como contribuindo para o aparecimento das madeiras e posteriormente de humidades nas próprias paredes. Inclusive a ocorrência de casos de descolamento de rebocos com cimento, provocada pela retracção da argamassa. Contudo existem descrições sobre o bairro Domaine em Lion-França, o qual após um período de ocupação de mais de 20 anos, as construções em blocos de terra comprimidos (BTC) não sofreram ainda quaisquer operações de manutenção, visto estarem em perfeitas condições. Já as paredes de taipa, foram objecto de reparações pontuais para corrigir patologias associadas a fenómenos de gelo-degelo, erosão por acção do vento e factores humanos [4]. Já outros [5], referem a necessidade de se efectuarem verificações periódicas do estado da habitação, como forma de evitar a progressão e o agravamento de patologias. Neste tipo de construções são frequentes as patologias relacionadas com os revestimentos das paredes das construções em terra. Principalmente quando o revestimento se resumia a uma pintura por caiação, efectuada numa base anual, que é um revestimento com pouca aderência ao suporte e facilmente degradável. Outros casos estão associados à utilização de rebocos muito fortes à base de cimento portland que fissuram por retracção [3]. Alguns autores [7]
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PATOLOGIAS
PATOLOGIAS
CONSTRUÇÕES EM TERRA
breiras, vergas e peitoris em pedra ou em tijolo de burro. Nas zonas onde tenha havido desgaste das alvenarias de taipa, a operação de reabilitação pode passar pela utilização de terra projectada com recurso a ar comprimido (Figura 3).
Figura 3: Reabilitação de paredes com projecção de terra a alta pressão
Figura 4: Lintel de reforço em betão [3]
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analisaram as patologias de uma habitação unifamiliar executada com alvenarias de solo cimento após 10 anos de uso, concluindo pela existência de patologias pouco expressivas que basicamente se resumem a impactos acidentais nas alvenarias e algumas humidades em zonas com pouca incidência solar. OPERAÇÕES DE REABILITAÇÃO A reabilitação das fundações das paredes da construção em terra passa invariavelmente pelo recalçamento ou aumento da sua secção (Figura 2), a sua consolidação com ligantes e nos casos em que tal é possível com a subida da fundação em altura para evitar problemas decorrentes de humidades ascensionais. Esta opção contribui além disso e desde logo para
um aumento da rigidez da estrutura e uma melhoria da sua estabilidade mecânica. A reabilitação de paredes de terra deve ser precedida de uma analise da causa da sua degradação, tratando-se de degradação por fissuração e caso a sua causa tenha sido corrigida, a operação de reabilitação pode fazer-se com recurso ao preenchimento das fissuras com uma argamassa à base de terra. Para as construções em taipa, o simples preenchimento de fissuras não reproduz o grau de densidade da parede original, pelo que alguns autores, referem que a fissura deverá ser alargada para permitir essa operação [8]. Quanto á resolução das patologias devidas a concentração de tensões em aberturas, esta pode passar pela utilização nessas zonas, de om-
Neste método é feita uma projecção de uma mistura de terra com velocidades extremamente elevadas (300km/h), sendo esta operação executada em camadas sucessivas de baixa espessura [9]. Muito embora a zona da cobertura saia fora do âmbito da construção em terra, é necessário ter em atenção que a opção por erradas soluções de reabilitação da cobertura, podem repercutir-se negativamente no comportamento das paredes de alvenaria de terra. Assim, ficam desde logo postas de parte as coberturas com elementos de betão pré-fabricados porquanto implicam uma sobrecarga excessiva para este tipo de paredes. Sempre que possível deve tentar reabilitar-se a cobertura original, ou sendo essa opção inviável por causa de um elevado nível de degradação, deve fazer-se a sua substituição por uma outra cobertura em madeira. Afim de se evitarem problemas de concentração de tensões, deve sempre que possível optar por soluções de reabilitação que não recorram a lajes aligeiradas de betão. Contudo, a ser inevitável essa hipótese torna-se necessário proceder à colocação de um lintel, que permita uma degradação de cargas uniforme ao longo da parede [4]. Solução similar deve ser igualmente utilizada quando a cobertura for executada com perfis de betão pré-esforçado, provocando esforços horizontais que devem ser devidamente restringidos (Figura 4) Não sendo possível a execução de uma viga de bordadura em betão armado, ou mesmo com esta e funcionando de modo complementar pode recorrer-se à utilização de cruzetas em paredes exteriores opostas, as quais são depois ligadas entre si com cabos de aço (Figura 5). Para evitar problemas de circulação no interior da habitação, os cabos de aço devem passar no interior da habitação a uma altura superior a 2,7m, essa opção permite também que os cabos trabalhem junto da zona onde a cobertura descarrega nas paredes e logo o esforço horizontal é maior [3]. Na reabilitação dos revestimentos das construções em terra, deve ter-se em atenção os factores que propiciam a boa compatibilidade entre estes materiais e os suportes nos quais são aplicados. Ou
PATOLOGIAS
Figura 5: Reforço com cabos de aço [3]
seja, devem utilizar-se argamassas à base de cal e em caso algum à base de cimento. As argamassas devem ser aplicadas em várias camadas, possuir baixa resistência mecânica, baixo módulo de elasticidade e elevada permeabilidade ao vapor de água. Antes da reabilitação do revestimento torna-se necessário no entanto solucionar a causa que contribuiu para a degradação do revestimento. O tratamento de humidades em paredes de terra, é uma questão de resolução trabalhosa e dispendiosa quando se trate de casos de humidade por capilaridade. Nestas situações não é aconselhável a utilização de produtos hidrófugos por injecção, já que estes não garantem uma estanquidade absoluta. Quando possível a opção que permitirá melhores resultados a longo prazo envolve a subida da fundação até a uma cota de 0,70 m acima do solo (Figura 6). Uma forma de impedir a ocorrência de danos nas paredes devido à subida das humidades ascensionais passa pela colocação de uma barreira estanque imediatamente acima da fundação. Essas barreiras podem ser executadas com pinturas betuminosas, faixas de polietileno, mastiques asfálticos e mesmo folhas de chumbo ou cobre [6]. A colocação de drenagem em volta da habitação de forma a afastar rapidamente a água das fundações paredes de alvenaria, é também uma medida que é aconselhada (Figura 7).
Bibliografia: [1] TORGAL, F. PACHECO; EIRES, R. JALALI, S. (2009) A Construção em Terra. Edição TecMinho, Guimarães, Portugal. (Em preparação) [2] JORGE, F.; FERNANDES, M.; ANTUNES, N. (2006) Arquitectura de Terra em Portugal. 1ª Edição, Lisboa, Argumentum ISBN 972-8479-36-0. [3] ANTUNES, N.A. (2008) Caracterização Construtiva de Montes Alentejanos na Região de Évora. Tese de Mestrado em Construção. Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior Técnico, Portugal. [4] EUSÉBIO, A.P.J. (2001) Reabilitação e Melhoramento de Paredes de Terra Crua-Taipa. Tese de Mestrado em Construção. Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior Técnico, Portugal. [5] LOURENÇO, P.I. (2002) Construções em Terra. Tese de Mestrado em Construção. Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior Técnico, Portugal. [6] MANIATIDIS, V.; WALKER, P. (2003) A review of rammed earth construcion. University of Bath. [7] SALMA, E.; NEGREIROS, A.; TOGNON, M. (2005) Patologias da Arquitectura em Terra: Avaliação Pós-10 anos de uso de uma Residência Construída em Solo-Cimento Monolítico.IV Seminário Ibero-Americano da Construção em Terra, pp.275-278. [8] JAQUIM, P.A. (2008) Analysis of Historic Rammed Earth Construction. PhD Thesis. Durham Universit, United Kingdom. [9] SILVA, V.C.; COSTA, J.P. (2006) Terra projectada : um novo método de reabilitação de construções em taipa. Editora Argumentum pp. 59-61.
Figura 7: Vala para drenagem de águas pluviais e freáticas [3]
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Figura 6: Reconstrução de parede de taipa com subida do lintel de fundação
Também o escoamento das águas da cobertura, deverá ser feito para que estas não se infiltrem junto ás fundações, devendo ser redireccionadas para a referida vala drenante. Esta vala deve distar aproximadamente 1,5m das paredes exteriores, sendo preenchida com gravilha de geometria variável.
LEGISLAÇÃO
REABILITAÇÃO URBANA
NOVO REGIME JURÍDICO REJEITADO POR PROPRIETÁRIOS E OPOSIÇÃO TEXTO DE RAQUEL RIO
/// O PS viabilizou a aprovação da autorização legislativa necessária para o governo avançar com um novo regime jurídico da reabilitação urbana, mas a oposição votou contra e os proprietários falam em inconstitucionalidade. Já o governo advoga a reabilitação urbana como um desígnio nacional e defende as virtualidades do projecto.
O
debate parlamentar não foi pacífico. Com a oposição unida na rejeição do projecto, o PS teve de aprovar sozinho a autorização legislativa cuja proposta mais polémica impõe aos proprietários o dever de reabilitar os seus imóveis. Se não o fizerem, podem ser obrigados a vendê-los. As críticas dos deputados da oposição centraram-se na legitimidade do governo avançar com esta proposta em final de mandato, na falta de apoios e financiamento do Estado para a reabilitação e no alegado ataque ao direito de propriedade, mas o secretário de Estado do Ordenamento do Território, João Ferrão, defendeu que esta é a única solução eficaz e apontou exemplos de outros países, como a Espanha e a Suécia, onde a venda forçada tem tido resultados.
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Antes da discussão no Parlamento, o novo regime jurídico da reabilitação urbana (RJRU), foi apresentado publicamente, no final de Junho. O Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Carlos Lobo, lembrou vários factores que têm agido contra a reabilitação do património edificado, como “as barreiras jurídicas desproporcionadas a um conceito social de propriedade, os desequilíbrios legislativos propiciadores de medidas redistributivas a curto prazo, a subsidiação da expansão urbana, por via de instrumentos de gestão territorial desproporcio-
nados e a desadequação da legislação à especificidade da reabilitação, bem como os enormes prazos de licenciamento que daí decorriam”. Com este regime, que foi apresentado como “operacional e abrangente”, pretende-se criar “um ambiente global amigo da reabilitação”, frisou. Carlos Lobo sublinhou que o governo tem tentado criar um impulso económico para esta actividade e apontou vários benefícios fiscais criados para o efeito: isenção de IRC para os rendimentos obtidos por fundos de investimento imobiliário constituídos entre 1 de Janeiro de 2008 e 31 de Dezembro de 2012, desde que pelo menos 75% dos seus activos sejam bens imóveis sujeitos a acções de reabilitação realizadas nas áreas de reabilitação urbana; dedução à colecta, em sede de IRS, até ao limite de 500 euros, de 30% dos encargos suportados pelo proprietário relacionados com a reabilitação de imóveis, localizados em «áreas de reabilitação urbana»; isenção de imposto municipal sobre imóveis por um período de cinco anos em prédios sujeitos a reabilitação; ou a aplicação de uma taxa de IVA reduzida (5%) para empreitadas promovidas por autarquias locais ou empresas municipais cujo objecto consista na reabilitação e gestão urbanas detidas integralmente por organismos público, entre outros. Além disso, para os proprietários que parti-
cipem na reabilitação, está prevista a criação de Fundos de Desenvolvimento Urbano, em parceria com o Banco Europeu de Investimento (BEI), que deverão ser apresentados no fim de Julho. A PROPOSTA A proposta de lei que autoriza o Governo a aprovar o regime jurídico da reabilitação urbana sistematiza um conjunto de normas que pretendem aumentar a eficiência na implementação de políticas de reabilitação urbana. De acordo com este regime, os municípios poderão delimitar áreas de reabilitação urbana que justifiquem uma intervenção integrada e definir o tipo de operação a realizar. No caso de uma operação de reabilitação urbana simples, a tónica é colocada no dever de os proprietários realizarem as acções de reabilitação necessárias, mas se for uma operação de reabilitação urbana sistemática, é necessário aprovar um programa de investimento público; As autarquias terão ainda a obrigação de definir os benefícios fiscais associados aos impostos municipais sobre o património. O regime contempla a possibilidade de atribuição de apoios financeiros do Estado e dos
LEGISLAÇÃO
Ao mesmo tempo acrescentou: “procura-se tornar menos gravosa para os orçamentos públicos a realização de obras coercivas, introduzindo a figura de arrendamento forçado até ao ressarcimento integral das despesas em que a entidade gestora haja incorrido para a realização de obras coercivas”. O secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, João Ferrão, acrescentou que novo regime será complementado com o Proreabilita, um novo programa de apoio à reabilitação urbana, que reúne os quatro programas actualmente existentes (RECRIA, RECRIPH, REHABITA e SOLARH). CONTRA E A FAVOR
Na sessão pública de apresentação da proposta, o ministro do Ambiente sublinhou que a venda forçada de imóveis não será alargada a todo o país, mas está circunscrita às operações urbanas de reabilitação integradas, e que os proprietários serão remunerados pelo preço justo de mercado, podendo contestar os valores em tribunal. Na sua intervenção, Francisco Nunes Correia elencou as principais limitações do regime excepcional criado em 2004 com as Sociedades de Reabilitação Urbana (SRU) e destacou as inovações do novo regime: • A reciprocidade entre a Administração e os privados no dever de reabilitar; • Agilização dos procedimentos de licenciamento das operações urbanísticas de reabilitação; • Reforço da participação dos interessados; • Um regime especial de impostos sobre património e de taxas e de financiamento
para as áreas de reabilitação urbana; • E novos instrumentos de execução para os casos em que os proprietários não participem na reabilitação. A este propósito, o ministro explicou que “os instrumentos que mais interferem com o direito de propriedade são reservados exclusivamente aos casos de operações urbanas sistemáticas, nas quais está em causa um programa público de investimento para a regeneração de uma área de reabilitação urbana. Nestes casos, além da expropriação que o DL 104/2004 já previa, introduz-se o mecanismo da venda forçada de imóveis, que obriga os proprietários que não realizem as obras e trabalhos previstos, à sua alienação em hasta pública, permitindo assim a sua substituição por outros que estejam na disponibilidade de realizar a função social da propriedade, sem prejuízo da utilidade particular da mesma”. Nunes Correia garantiu que será assegurado “aos proprietários o justo valor dos imóveis que venham a ser abrangidos por este mecanismo, bem maiores, aliás, que no regime expropriativo geral”. Segundo o mesmo responsável, “as soluções propostas procuram o justo equilíbrio entre o respeito pelos direitos de propriedade, por um lado, e a função social da mesma e a utilidade pública da reabilitação urbana, por outro”.
Mas nem tudo são vozes discordantes. O presidente da Ordem dos Arquitectos, que participou na sessão de apresentação do novo regime jurídico, destacou que pela primeira vez é reconhecido “o papel fundamental da Reabilitação Urbana nas políticas de cidade e de habitação” e que o novo regime “reúne, sintetiza e clarifica num único suporte legislativo um amplo conjunto de normativas dispersas”, podendo e devendo tornar-se num instrumento de ordenamento do território. “O novo Regime Jurídico da Reabilitação Urbana é uma extraordinária oportunidade de ordenamento do território e de política de cidades, regenerando centros históricos e áreas urbanas difusas”, salientou João Belo Rodeia. No entanto, o responsável da OA admite que o diploma deve reequacionar algumas das suas disposições, nomeadamente a nível da clarificação de conceitos, flexibilização das operações e instrumentos previstos, inserção do controlo das operações urbanísticas numa perspectiva e estratégia regional, salvaguarda do património cultural classificado ou em vias de classificação, maior equilíbrio entre obrigações e deveres, e direitos e apoios, para os proprietários.
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municípios às entidades gestores, bem como de criação de fundos de investimento imobiliário dedicados à reabilitação urbana, e um regime mais simplificado de controlo prévio de operações urbanísticas assente na dispensa de consultas a entidades externas em área de intervenção do plano de pormenor de reabilitação urbana sempre que estas tenham dado parecer favorável ao mesmo.
A Associação Lisbonense de Proprietários fez saber, pela voz do seu presidente, Menezes Leitão que a proposta é anticonstitucional pois viola o direito à propriedade privada e pediu a intervenção do Presidente da República para que seja feita a fiscalização preventiva do diploma.
NOTÍCIAS
NO PAÍS
IMPACTO DA CRISE NA ARQUITECTURA AGRAVA-SE
PRÉMIO OUTSTANDING STRUCTURE ATRIBUÍDO À IGREJA DA SANTÍSSIMA TRINDADE A International Association for Bridge and Structural Engineering (IABSE) atribuiu o Prémio Outstanding Structure, um dos mais prestigiados galardões internacionais na área da engenharia civil, à Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima. O Comité da IABSE descreveu a Catedral de Fátima como uma “espectacular igreja circular de enorme escala, suportada por duas enormes vigas de aço que sustentam uma cobertura flutuante mas perfeitamente estável, de impressionante beleza”. Liderado pelo engenheiro José Mota Freitas, o projecto estrutural revela uma solução “complexa” e “assente em duas vigas que vencem o amplo vão da nave principal, sem qualquer apoio intermédio”, afirmou Fernando Santo, bastonário da Ordem dos Engenheiros. A distinção será entregue durante o Congresso da IABSE, que decorrerá em Setembro na cidade tailandesa de Bangkok.
Entre Abril e Junho, o impacto da crise na profissão arquitectos agravou-se concluiu o inquérito trimestral do Conselho dos Arquitectos Europeus (CAE) realizado entre 15 e 29 de Junho, citado pela OASRS – Ordem dos Arquitectos Secção Regional Sul. 62% dos 4 000 inquéritos recebidos classificaram a situação actual como “má” ou “muito má”, o que corresponde a uma subida de 16% face a Abril de 2009. Apenas 8% dos arquitectos questionados consideravam, no mesmo período, a situação actual “boa” ou “muito boa”. Em Abril, 15% dos inquiridos davam a mesma resposta. Desde Setembro de 2008 que um em cada três ateliers registou uma redução no pessoal e, tendo em conta a resposta dada por 23% dos inquiridos, espera-se que os despedimentos continuem nos próximos três meses. Não obstante, 7% das respostas revelam um aumento do número de trabalhadores nos ateliers desde Setembro de 2008. Face a este cenário, o CAE é da opinião que o “aumento do investimento público na construção sustentável e, em particular, na modernização da eficiência energéticas dos edifícios existentes, seria já um bom começo”.
REQUALIFICAÇÃO DO PARQUE ESCOLAR GERA 6 543 EMPREGOS O Ministério da Educação anunciou que os programas de requalificação do parque escolar envolveram, segundo dados relativos a 31 de Maio, 1149 empresas e contribuíram para a criação de 6 543 postos de trabalho. De acordo com as contas do governo, o programa de modernização do parque escolar do ensino secundário é o que mais empresas reclamou e o que mais empregos gerou: 900 e 5 100, respectivamente. O programa de requalificação de escolas com 2.º e 3.º ciclo do ensino básico teve um impacto menor, ao envolver 249 empresas e criar 1 453 postos de trabalho. Para o governo há duas importantes conclusões a retirar destes números: “o elevado número de empresas envolvidas revela um significativo envolvimento de pequenas e médias empresas” e, noutra vertente, “o recurso ao tecido empresarial regional está potenciado pela distribuição das intervenções pelo território nacional”.
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CEGER CERTIFICA CINCO PLATAFORMAS ELECTRÓNICAS A ano – Sistemas de Informática e Serviços (anoGov), a Construlink – Tecnologias de Informação (Plataforma de Compras Públicas), a Infosistema – Sistemas de Informação (Infosistemas DL - Compras AP), a Saphety Level – Trusted Services (bizGov), e a Vortal, Comércio Electrónico Consultadoria e Multimédia (Vortalgov) são as entidades certificadas pelo Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (GEGER) a prestar serviços de plataforma electrónica no âmbito da implementação da contratação electrónica prevista pelo Código dos Contratos Públicos, avança o portal Base. O CEGER assegura assim que estas empresas cumprem os requisitos e condições procedimentais e tecnológicos que garantem a disponibilidade, a interoperabilidade e a segurança das tecnologias utilizadas.
NO MUNDO
NOTÍCIAS
LENA AGREGADOS INAUGURA PLATAFORMA PARA VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE MÁRMORE
MARTIFER SOLAR ESPANHA ASSEGURA 300 MIL M2
SCHNEIDER ELECTRIC PORTUGAL EM ANGOLA A Schneider Electric Portugal (SEP) assinou um contrato de fornecimento para a requalificação da rede de distribuição de energia da Empresa Nacional de Energia de Angola, na zona periférica de Malange. “Com este projecto, a Schneider reforça parcerias existentes e cada vez mais sólidas com parceiros internacionais, a actuar naquela região – de que é exemplo a China National Electric Wire & Cable –, sem deixar de tirar o máximo proveito de sinergias já existentes com parceiros e fornecedores nacionais, como é o caso da Monoquadros, que colaborou com a Schneider também neste projecto”, afirmou em comunicado João Rodrigues, responsável pela Direcção de Strategic Deployment da SEP. Neste negócio envolve o fornecimento de 19 postos de transformação, “de modo a poderem ser instalados e ligados ao exterior em sistema de caixa negra, sem qualquer necessidade de ligações interiores adicionais”, pode ler-se no comunicado.
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No dia 1 de Julho, a Lena Agregados inaugurou, em Borba, a primeira plataforma logística para recepção, armazenagem e valorização de resíduos e subprodutos provenientes da exploração dos mármores, denominada Área de Deposição Comum – 3ª fase (ADC3). A ADC3 tem como principal objectivo “valorizar” os resíduos provenientes das pedreiras de mármore, “algo que nunca foi feito na região”, afirmou Delfim Valpaços, administrador da Lena Agregados na cerimónia de inauguração. Com o período de férias a aproximar-se, o responsável crê que só a partir de Setembro é que o centro deverá entrar “num ritmo normal de funcionamento”, de onde resultarão subprodutos prontos a ser utilizados no sector da construção a “preços abaixo do mercado”, acrescentou Delfim Valpaços. Numa área superior a 20 hectares, os resíduos produzidos pelas empresas serão valorizados para, posteriormente, proceder ao seu reaproveitamento, escoamento e comercialização. Com uma capacidade de 11 milhões de metros cúbicos, a Lena Agregados assegura que “vai garantir que as práticas de deposição e reutilização sejam realizadas de forma organizada, com menor impacto possível e sempre orientadas para o aproveitamentos dos materiais”. O centro está equipado com um conjunto move de britagem com uma capacidade produtiva de 350 toneladas/hora. A ADC3 resulta de um projecto da EDC Mármores – Empresa Gestora das Áreas de Deposição Comum dos Mármores, uma parceria públicoprivada detida pelas Câmaras Municipais de Borba, Vila Viçosa, Estremoz e Alandroal, pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e pela Assimagra – Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores, Granitos e Ramos Afins. Ao ter ganho o concurso público lançado pela EDC Mármores, a Lena Agregados irá usufruir os direitos de exploração do ADC3 durante os próximos 10 anos.
Numa antecipação à publicação do decreto-lei que promove as instalações fotovoltaicas, a Martifer Solar Espanha garantiu a disponibilidade de 300 000 metros quadrados de coberturas industriais para implementar instalações fotovoltaicas. A quantidade assegurada é “exclusivamente em coberturas de fábricas, em zonas industriais e em explorações agropecuárias, localizadas no centro do país, distribuídas pelas comunidades autónomas de Castilla e Léon, Madrid e Castilla-La Mancha”, pode ler-se no comunicado da Martifer. Alberto Rabanal, membro do Conselho de Administração da Martifer Solar, acredita que o mercado fotovoltaico “está a atravessar o seu primeiro exame como indústria consolidada a nível mundial. As mudanças legislativas, provocaram alterações profundas na forma de entender este sector estratégico, o que também gera novas oportunidades que implicam explorar nichos de mercado que, finalmente, confirmam um novo segmento como é o caso das instalações em telhados em Espanha”. A promoção e implementação das instalações serão desenvolvidas, para clientes, ao logo dos próximos três anos.
IMOBILIÁRIO
LISBOA É UMA DAS CIDADES MAIS COMPETITIVAS
CB RICHARD ELLIS COMERCIALIZA PORTA DO PARQUE
Lisboa continua a ser das cidades mais baratas – e por isso das mais competitivas – do mundo para a instalação de empresas. A conclusão é do mais recente relatório semestral da consultora imobiliária CB Richard Ellis sobre custos de ocupação (valor das rendas e custos de condomínio) de espaços de escritórios nas principais cidades do mundo. Segundo, o ‘Global Market View: Office Occupancy Costs’, relativo ao período terminado a 31 de Março, o mercado de escritórios de Lisboa ficou, uma vez mais, fora da lista dos 50 mercados empresariais mais caros do mundo. A nível global, Tóquio ultrapassou o bairro londrino de West End e Moscovo, e tornou-se a cidade mais cara. “Os custos de ocupação em Portugal mantiveram-se estáveis ao longo do período em análise, facto sustentado pela escassez de oferta de produto prime nas principais zonas de escritórios da capital portuguesa”, afirma Cristina Arouca, Associate Director do Departamento de Research e Consultoria da CBRE. “Lisboa classifica-se na 77ª posição, com 23,75 €/m2/mês de custos de ocupação, acima da cidade San Diego, nos EUA, e abaixo da cidade de Washington, no mesmo país. Este valor repercute a renda prime do segmento, de 20,50 €/m2/mês, bem como um valor de custos de condomínio na ordem dos 3,25 €/m2/mês”, acrescenta.
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LENA IMOBILIÁRIA PROMOVE EMPREENDIMENTO EM LUANDA A Angola Investimento Imobiliário, empresa da área Imobiliária da Lena Construções, está a desenvolver um empreendimento na baixa de Luanda. O projecto, com uma área de implantação correspondente a 1 045 metros quadrados, envolve a construção e promoção de um edifício, com 16 183 metros quadrados de construção o qual compreende lojas, quatro pisos de escritório acima dos quais serão construídos sete pisos habitacionais. Este edifício terá ainda quatro pisos de estacionamentos abaixo da quota de soleira. O empreendimento envolve a construção de lojas, escritórios e 38 habitações destinadas ao segmento alto e médio-alto. O empreendimento Moncada encontra-se em fase de conclusão da estrutura, estando prevista a sua conclusão total no final do primeiro semestre de 2010. A comercialização do empreendimento iniciou-se no fim de Maio.
A CB Richard Ellis (CBRE) é a consultora instruída pelo Fundo de Investimento Imobiliário Fechado - Fundo Porto Novo para comercializar em regime de exclusividade um empreendimento residencial na cidade Invicta. Trata-se do edifício de habitação Porta do Parque, situado no Parque da Cidade, da autoria do Gabinete de Arquitectos Manuel Ventura e cujo valor de comercialização ronda os 14 milhões de euros. De acordo com comunicado de imprensa, a CB Richard Ellis já atingiu “uma percentagem significativa de comercialização”. Este empreendimento de 6 000 metros quadrados de construção, será constituído por 30 fracções com tipologias T2+1, T3, T4, T4 Duplex e T5+1, cujas áreas variam entre os 150 m2 e os 287 m2. Todos os apartamentos têm vista para os 90 hectares do Parque da Cidade. O processo de construção está previsto para o terceiro trimestre deste ano e a sua conclusão para o quarto trimestre de 2010. Este é primeiro de outros projectos imobiliários do Fundo Porto Novo, resultado de uma parceria pública-privada destinada a promover projectos de habitação e reabilitação na cidade do Porto. O Fundo Porto Novo é constituído pelos subscritores Banif – Banco de Investimento, S.A., Banif ImoGest - Fundo de Investimento de Imobiliário Fechado, a Câmara Municipal do Porto e a Colifi (Grupo J. Gomes).
EMPRESAS
GRUPO BAXI APOSTA NAS RENOVÁVEIS
LISTOR APOSTA NA MODERNIZAÇÃO
O centro produtivo Fabrigás, perto de Barcelona, irá receber a mais recente aposta do Grupo Baxi: uma fábrica de painéis solares. Com o início de produção agendado para o próximo mês de Dezembro, a nova linha terá uma capacidade máxima de 300 mil metros quadrados, onde se incluem colectores para “todas as soluções solares térmicas, desde produção de água quente sanitária até outras aplicações emergentes como aquecimento ou arrefecimento solar”, asseguram os responsáveis. Na opinião de Jordi Mestres, director Comercial e de Marketing para Espanha e Portugal, “esta decisão reforça o posicionamento da Baxiroca nos mercados de Portugal e Espanha. É um claro exemplo da capacidade tecnológica do Grupo Baxi e da sua aposta na Península Ibérica como centro operativo em energia solar”.
Passados 17 anos desde a sua fundação, a Listor decidiu mudar a sua imagem “apostando numa linha mais actual, dinâmica e apelativa, que vai desde a concepção do novo logótipo até à criação e reestruturação do site que em breve estará online”, avançaram os responsáveis em comunicado. Com esta mudança, esta empresa especializada em pavimentos flutuantes espera marcar o início de uma “nova fase” e contribuir para a “solidez da empresa”. A estratégia de modernização da empresa não se cingiu à nova imagem, tendo sido reforçada com a mudança de instalações da empresa para o Centro Empresarial Águas de Mouro na Lourinhã.
AEG TEM NOVA IMAGEM
LANÇADA NOVA VERSÃO DO DOWTERM No dia 26 de Junho foi lançada, no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, a mais recente versão do software de cálculo térmico da Dow Building Solutions: o dowterm 2008. Este novo instrumento de trabalho será, segundo opinou o professor Vítor Abrantes na cerimónia de lançamento, “uma grande ajuda para todos os projectistas”, já que “vem responder ao novo RCCTE [Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios]”. Ao apresentar a estrutura e funcionamento do dowterm 2008, o professor Mendes Silva, responsável pela concepção do sofware, destacou o facto de esta ser “uma ferramenta de cálculo web”, onde as “incompatibilidades entre sistemas e configurações são ultrapassadas fazendo uma aplicação online”. Os projectistas interessados têm agora à sua disposição “um site onde se vão autenticar”, que dá acesso a “um espaço próprio e seguro onde desenvolver o seu trabalho”. Mendes Silva não deixou de frisar que “estão pensadas novas aplicações” para esta solução, sendo que “faz tudo parte de uma evolução constante”.
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Laranja é a nova cor da marca AEG que agora assume uma imagem “com design agressivo, inovador e dinâmico que estimula as emoções, atrai a atenção dos consumidores e transmite a qualidade característica da marca”, assegura a TTI – Techtronic Industries, empresa especializada em produtos de consumo e profissionais nas áreas de aspiração e ferramentas eléctricas para bricolage e profissionais. Mais que apenas uma mudança de imagem, a AEG Powertools adopta agora uma nova posição no mercado ao apresentar uma gama completa que inclui 20 novos produtos, esperando-se até ao final de 2009 outras 40 inovações para profissionais. Destacando a máquina, o logótipo apresenta-se “de forma neutra com marca aberta a branco, sendo-lhe adicionado de palavra Powertools por forma a indicar com maior clareza o mercado onde a AEG se insere”. Na opinião de Paulo Ávila Rosado, general manager da TTI Ibérica a AEG “tem uma herança de qualidade e experiência ímpar, apresentando uma gama completa de produtos que, em termos de profundidade e qualidade concorre com qualquer outra no mercado. No entanto, a sua imagem estava desactualizada e foi necessário fazer um restyling que desse maior dignidade à marca e transmitisse todas as suas características de inovação, potência e qualidade”.
AGENDA
NACIONAL
SIL Salão imobiliário de Portugal Lisboa; 17 a 20 de Setembro Feira Internacional de Lisboa; www.imobiliario.fil.pt CONTRATAÇÃO PÚBLICA Mini MBA Lisboa; 29 e 30 de Setembro IIR Portugal; www.iirportugal.com
ELABORAÇÃO DE PROJECTOS DE INVESTIMENTO Lisboa SETEMBRO
O Instituto Ibérico do Património (IIP), uma instituição cooperativa com fins não lucrativos, centrada no desenvolvimento da cultura e do património, organiza, em Setembro, o curso «Elaboração de projectos de Investimento». Recorrendo ao blended learning (conjugação entre aulas presenciais e via internet), esta acção “surge visando a dinamização e o apoio na criação de projectos empreendedores direccionados ao Património e à Cultura, focando-se na componente económicofinanceira”, refere a entidade organizadora. A decorrer em Lisboa, o curso terá uma duração de oito semanas.
AGOSTO
ELABORAÇÃO DE PROJECTOS DE INVESTIMENTO
TURBINAS A GÁS E COMPRESSORES Curso Lisboa; 7 e 8 de Outubro IIR Portugal; www.iirportugal.com
A Universidade Lusíada de Lisboa acolhe, entre 15 e 17 de Outubro, o RIPAM3 – 3º Encontro Internacional sobre Património Arquitectónico do Mediterrâneo que, de acordo com a organização, “representa uma oportunidade para conhecer e divulgar os maiores e mais recentes desenvolvimentos na área do património arquitectónico do mediterrâneo”. Durante estes três dias, o RIPAM3 pretende que “os agentes envolvidos na criação, protecção e salvaguarda do património arquitectónico se encontrem em torno no conceito da cultura mediterrânica enquanto cultura unificadora berço de numerosas civilizações, mas também cheia de diversidade, encontros, antíteses e acima de tudo plural”.
OUTUBRO
3º ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO DO MEDITERRÂNEO
17
SIL Lisboa
29
CONTRATAÇÃO PÚBLICA Lisboa
07
TURBINAS A GÁS E COMPRESSORES Lisboa
15
3º ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO DO MEDITERRÂNEO Lisboa
21 26
PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS Lisboa GESTÃO E VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS Lisboa
21
EXPODECOR Batalha
GESTÃO E VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS Formação Lisboa; 26 e 27 de Outubro IFE - International Faculty for Executives; www.ife.pt EXPODECOR Salão de decoração, mobiliário, cerâmica, iluminação, flores e tapeçaria Batalha; 21 a 29 de Novembro Exposalão; www.exposalao.pt
DEZEMBRO
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Nos próximos dias 21 e 22 de Outubro, o IFE – International Faculty for Executives promove, em Lisboa, uma acção de formação intitulada «Produção e Utilização de Biocombustíveis». Conhecer os compromissos energéticos nacionais e europeus e analisar o contributo dos biocombustíveis; identificar os vários tipos de biocombustíveis e métodos de produção; identificar vantagens e limitações dos vários biocombustíveis; conhecer as utilizações dos diversos tipos de biocombustíveis; compreender a importância dos biocombustíveis de 2ª geração; conhecer as regras e incentivos à produção e utilização de biocombustíveis; analisar os critérios utilizados na União Europeia para definir a sustentabilidade ambiental dos biocombustíveis, são, de acordo com os organizadores, os objectivos desta iniciativa. O evento dirige-se, sobretudo, a promotores e investidores em projectos de energias renováveis; produtores de biocombustíveis; directores de Ambiente; gestores de Transportes e directores de projecto
NOVEMBRO
PRODUÇÃO E UTILIZAÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS
INTERNACIONAL
CONSTRUSUL Feira da Indústria da Construção Porto Alegre, Brasil; 5 a 8 de Agosto Sul Eventos; www.feiraconstrusul.com.br
05 AGOSTO
26
MINASCON Belo Horizonte, Brasil
01
BATIMAT Fortaleza, Brasil
07
PISCINA BCN Arcelona, Espanha
20 27 02
NOVEMBRO
BATIMAT Paris, França
“Concrete Show South America traz inovações e tendências mundiais em sistemas e métodos construtivos à base de concreto, trazendo soluções e aumentando a produtividade, qualidade e velocidade na execução da obra”. É com esta frase que os organizadores do evento Sienna Interlink anunciam uma feira inteiramente dedicada a utilização e promoção da cadeia do betão, a realizar em São Paulo, Brasil, de 26 a 28 de Agosto. O 11º Seminário de Tecnologia de Estruturas e Fundações: «Projecto e produção com foco na racionalização qualidade»; o seminário «O pavimento de concreto no modal nacional de transportes: uma realidade consolidada»; e o 3º Seminário de Pisos e Revestimentos de Alto Desempenho, são alguns exemplos de actividades paralelas a ter lugar no Concrete Show South America. MINASCON 6º Encontro Unificado da Cadeia da Construção Belo Horizonte, Brasil; 1 a 5 de Setembro FIEMG – Câmara da Indústria da Construção; www.fiemg.org.br IV SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE AVALIAÇÃO DE PAVIMENTOS E PROJECTOS DE REFORÇO Fortaleza, no Brasil, vai ser palco do IV Simpósio Internacional de Avaliação de Pavimentos e Projectos de Reforço, um evento que juntará cerca de 800 profissionais frente a um conjunto de palestras técnicas e visitas a obras e laboratórios de carácter técnico-científico. A edição deste ano é “especialmente importante”, pois acontece no ano da comemoração do 50º aniversário da Associação Brasileira de Pavimentação (ABPv), os organizadores do evento. Os objectivos fundamentais do simpósio são, entre outros, “discutir problemas e soluções existentes na área de avaliação de pavimentação e projecto de manutenção e conservação viária; apresentar avanços nas pesquisas e no desenvolvimento tecnológico relacionados com a área; promover a actualização dos participantes; e propiciar o intercâmbio entre os participantes brasileiros e de outros países na busca de soluções mais apropriadas para melhoria dos pavimentos das estradas em actividade no país”. Paralelamente, terá lugar, no mesmo espaço, uma feira exclusiva aos patrocinadores do evento de diversas áreas ligadas à pavimentação. PISCINA BCN Salão Internacional da Piscina Arcelona, Espanha; 20 a 23 de Outubro Fira Barcelona; www.salonpiscina.com TRAFIC Salão Internacional da Segurança Viária e do Equipamento para Estradas Madrid, espanha; 27 a 30 de Outubro Feria de Madrid; www.ifema.es BATIMAT Salão Internacional da Construção Paris, França ; 2 a 7 de Novembro Reed Expositions; www.batimat.com AMBIENTE ITÁLIA
DEZEMBRO
TRAFIC Madrid, espanha
OUTUBRO
SETEMBRO
CONCRETE SHOW SOUTH AMERICA São Paulo, Brasil
CONCRETE SHOW SOUTH AMERICA
“Estou muito satisfeito com a resposta que o mercado mostrou a esta primeira edição da Ambiente Itália.” É desta forma que Donald Wich, director da Messe Frankfurt Itália, avalia a primeira Feira Internacional de Decoração de Interiores e Acessórios para o Lar, que teve lugar em Roma, entre 6 e 8 de Junho de 2009. Registando a visita de 14 172 profissionais (11% dos quais provenientes da Europa e Média Oriente), esta feira contou com a presença de 371 expositores, vindos de 15 países: Andorra, Áustria, Bélgica, República Checa, Dinamarca, Inglaterra, França, Alemanha, Grécia, Indonésia, Itália, Nepal, Polónia, Portugal, República de San Marino, Espanha e Tunísia. Donald Wich acredita que “os principais aspectos do nosso plano revelaram-se vencedores: a natureza estratégica do mercado central e sul italiano, a data e a localização”. Três factores que, aliados à funcionalidade do espaço de exposição e ao número de hotéis, “vão ajudar a Ambiente Italia a crescer e a tornar-se num evento de referência para o mercado Mediterrânico”, concluiu.
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CONSTRUSUL Porto Alegre, Brasil
AGENDA
NAVEGAR
WWW.ARICOP.PT |
EM PORTUGUÊS | TEM MOTOR DE PESQUISA
“A Associação Regional dos Industriais de Construção e Obras Públicas de Leiria (ARICOP) foi fundada em 1976 com o objectivo de defender o sector. Contando com mais de 700 associados, a ARICOP assume-se como a principal interlocutora, no Distrito, das grandes questões do sector da construção civil e obras públicas com elevado peso na economia regional e nacional”. A Associação garante “quer toda a informação legislativa, quer o apoio técnico especializado” às empresas do sector.
WWW.APIEE.PT |
EM PORTUGUÊS
“A APIEE (Associação Portuguesa dos Industriais de Engenharia Energética) é uma Associação sem fins lucrativos que agrupa industriais de engenharia eléctrica, gás e telecomunicações”. O site tem informações sobre a Associação, acesso a documentos (estatutos, formulários e regulamentos), assim como notícias, revistas e legislação.
WWW.ASSICOM.PT |
EM PORTUGUÊS | TEM MOTOR DE PESQUISA
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“A ASSICOM – Associação da Industria da Construção é constituída por empresas singulares ou colectivas nacionais ou estrangeiras, que na Região Autónoma da Madeira, se dediquem à Industria de Construção Civil e Obras Públicas e outras Indústrias sediadas ou filiadas na Região Autónoma da Madeira”. O site disponibiliza informação sobre legislação, formação profissional, concursos públicos, incentivos, política de qualidade, cartografia, entre outras.
YOUTUBE SERÁ LUCRATIVO
PORTUGUESES PAGAM MAIS POR INTERNET
MICROSOFT LANÇA OFFICE 2010
Segundo as previsões do Google, o YouTube irá gerar lucro num futuro próximo, na medida em que está a registar um crescimento crescente das receitas. O site de partilha de vídeos está a trabalhar em novos formatos de anúncio e formas de promover alguns vídeos.
O preço pago pelos portugueses pelo consumo de Internet é 20% superior ao praticado na média da Europa a 15 revela o Relatório Anual de Acompanhamento de Comunicações Electrónicas da Autoridade da Concorrência (AdC). Segundo o documento, as velocidades de download mais utilizadas pelos portugueses são mais caras face aos outros países. Ainda assim, de acordo com o relatório, Portugal é um dos países onde a taxa de acesso à Internet de banda larga fixa é mais baixa quando comparada com o serviço móvel. Em Janeiro de 2009, o serviço de acesso à Internet de banda larga fixa apresentou uma taxa de adesão do mercado reduzida de 16,5%, um retrocesso que poderá ser ultrapassado “pelas elevadas taxas de crescimento do serviço de banda larga móvel”, cita o documento.
A Microsoft anunciou o lançamento do pacote Office 2010 para o primeiro semestre de 2010 e confirmou a entrada do sistema operacional Windows 7 para o próximo mês de Outubro. O presidente da divisão de negócios da Microsoft, Stephen Elop, anunciou, em conferência, que o Office 2010 e os aplicativos SharePoint Server 2010, Visio 2010 e Project 2010 já tiveram sua estreia técnica e que dezenas de milhares de pessoas já o podem testar.
ARTES & LEITURAS
PALAFITA DA ARQUITECTURA VERNÁCULA À CONTEMPORÂNEA PALAFITA – da Arquitectura Vernácula à Contemporânea oferece uma perspectiva da vertente tradicional desta tipologia arquitectónica, mostrando, paralelamente, projectos contemporâneos inspirados nesta forma de construção tão popular no mundo inteiro. Na primeira parte do livro faz-se uma abordagem às técnicas de construção da palafita, bem como à sua origem – adaptação ao meio ambiente, contexto histórico, condicionante cultural, social e construtivas. Na segunda parte, o livro ilustra e descreve diversas obras actuais onde se pode constatar a influência que a arquitectura tradicional tem na conceptualização de projectos contemporâneos. PALAFITA é o terceiro título da colecção “Da Arquitectura Vernácula à Contemporânea”, onde já foram publicados também a CABANA e o IGLU. Autores: Alejandro Bahamón, Ana María Alvarez Edição: Argumentum Direcção Artística: Mídori Design gráfico: Pilar Cano ISBN: 978-972-8479-61-9 Deposito Legal: 291418/09
GESTÃO DA MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS, INSTALAÇÕES E EDIFÍCIOS
Autor: José Paulo Saraiva Cabral Depósito Legal: 291731/09 Data da publicação: Abril 2009 Edição: 1ª edição Especialidade: Produção e Manutenção Colecção: Biblioteca Indústria & Serviços ISBN: 978-972-757-591-6 N. º de Pág.: 336
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“Gestão da Manutenção de Equipamentos, Instalações e Edifícios retoma os conceitos da manutenção cobertos na obra do mesmo autor, Organização e Gestão da Manutenção - dos conceitos à prática, também publicada pela Lidel, em 6ª Edição, onde se aprofundam esses conceitos, com o resultado das recentes normas adoptadas pela ISO relativas a terminologia, indicadores de desempenho, contratos de manutenção e documentos de manutenção, enriquecendo-se com a grande experiência do autor enquanto coordenador da implementação de soluções de organização da manutenção e formador. Nesta obra é dedicada particular atenção à gestão da manutenção de edifícios, também ela objecto de regulamentação recente (RSECE) de grande exigência e que amplia o âmbito das funções do gestor para os importantes domínios da gestão energética e da qualidade do ar interior nos edifícios”.
PRODUTOS
PURAVIDA DA HANSGROHE EGLO TEM NOVA GAMA DE ILUMINAÇÃO EXTERIOR Garden Living é a nova gama de iluminação exterior da Eglo. Desde candeeiros de pé e de mesa, a candeeiros pendentes, passando pela iluminação para o pavimento e pelos candeeiros que podem servir de vasos, ou de bancos, e que incluem diferentes capas coloridas, são muitas as novidades apresentadas. A preocupação com o ambiente não foi esquecida, pelo que todos os produtos da gama usam lâmpadas de baixo consumo energético. Com a família de produtos Cuba, cada um pode personalizar o seu espaço exterior, combinando a lâmpada e o abajur à escolha. No total são quatro as diferentes lâmpadas e pés que se podem juntar a quatro diferentes abajures. Amalfi apresenta peças de iluminação em três cores distintas, com um design arrojado que podem ser colocadas na relva ou no pavimento. Apresentando diferentes cores e tendo forma cúbica, os candeeiros Progressive, que apesar de terem apenas 40,5cm de altura, suportam 120kg. Assemelhando-se a simples vasos, ou a pequenos bancos, duas funções que também assume, Marseille é também uma opção decorativa para jardim. Toda a gama Garden Living tem uma garantia de três anos.
NOVO LASER VERDE ROTATIVO DA HILTI
O estúdio de design Phoenix Design em colaboração com a Hansgrohe criou alinh a de misturadoras e chuveiros PuraVida. Foi também desenvolvida uma nova linha de louça sanitaria e mobiliário de sala de banho, com o mesmo nome, para a Duravit, “com o objectivo de integrar consistentemente a sala de banho como uma área viva”, lê-se no comunicado de imprensa. Com a combinação do branco lacado com o cromado brilhante, a linha de misturadoras e chuveiros introduz um novo princípio de acabamento duplo na sala de banho. “A cor branca é conscientemente utilizada em toda a linha PuraVida como uma imagem que transporta pureza, leveza e beleza. Para além disso, o branco representa também independência, honestidade e coragem quando se trata de designs perfeitamente arredondados, porque o branco não deixa transparecer quaisquer imperfeições, mostrando apenas a perfeição das formas”.
TAFIBRA TEM NOVO PAVIMENTO DECORATIVO
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Splash é o novo pavimento decorativo Poliface, 100 % resistente à água, que se apresenta como adequado para cozinhas, casas de banho e outros locais onde a limpeza com água seja necessária e frequente. Este pavimento completa a gama Poliface. A colecção de padrões e texturas foi desenhada de acordo com os outros produtos da gama, permitindo ao utilizador manter o mesmo padrão em toda a área a revestir, cozinha e banho incluídos. Segundo o comunicado de imprensa, este produto tem “níveis muito elevados de resistência à abrasão, ao impacto e ao risco”. Tal como acontece com os outros produtos da gama, dispõe do sistema de encaixe sem cola Inloc Click. A Hilti lançou um novo laser rotativo - PR 26 – com a tecnologia do laser verde. De acordo com o comunicado de imprensa, “este tipo de laser é 400% mais visível do que os convencionais, garante alinhamentos em segundos, quer em distâncias superiores como situações onde a luz se torna desfavorável”. Protegido contra poeiras e salpicos de água, este laser foi construído à prova de choques, de forma a garantir total fiabilidade na sua utilização. Está preparado para temperaturas desde os -20ºC aos +45ºC. Há possibilidade de detecção do laser até 300m de diâmetro e com aviso sonoro. O Laser PR 26 é de utilização universal, tanto em trabalhos de construção (cofragens, transferência de cotas, escavações, rampas e tubos) como também no acabamento de interiores (tectos falsos e divisórias). Estão disponíveis alguns acessórios que complementam a utilização deste produto, nomeadamente o suporte de parede ajustável, que permite ajuste em altura e precisão ao centímetro, e o tripé, que possibilita outras alturas, começando nos 73 cm e é extensível até aos três metros.
PRODUTOS
CAIXILHO DE CORRER DA TECHNAL NOVOS CONCEITOS SANITANA
A Technal acaba de lançar um caixilho de correr com folha oculta de elevada performance. Sob o conceito “Mínima, Máxima, Única”, o novo sistema Lumeal, impõe uma reorganização dos elementos que compõem um caixilho de correr tradicional. A simplicidade das formas e o aspecto minimalista são possíveis porque a Lumeal é uma janela de correr com folha oculta e com apenas 68 mm de vista de alumínio. Há uma redução de 35% de vista do alumínio e um aumento de 14% de luminosidade, uma tendência da arquitectura actual. Os puxadores são exclusivos Technal e para garantir a máxima segurança, o sistema de fecho está no interior do aro e é inacessível do exterior. A janela tem prestações idênticas a um sistema de batente, com uma atenuação acústica até 37 dB e uma transmitância térmica até Uw=1,6 W/m2K.
Depois de já ter apresentado a banheira Nexo, a Sanitana tem agora três novos conceitos que pretendem dar ao banho novas dimensões de espaço (banheira Área), conforto (banheira Plaza) e naturalidade (banheira Trevo). Três opções de que renovam a oferta já existente. Todas as banheiras têm disponível a versão simples e com hidromassagem.
STUCOMAT DA ROBBIALAC TEM NOVA EMBALAGEM
Por dentro tem uma fórmula melhorada mais amiga do ambiente e por fora tem uma nova embalagem, com uma “imagem mais moderna, apelativa e atraente”. Stucomat, a tinta mais emblemática da Robbialac, foi o primeiro produto a ser seleccionado para personalizar a nova imagem da marca. A nova embalagem visa facilitar a escolha da tinta, já que os principais benefícios do produto estão claramente destacados na embalagem, que exibe ainda um “ecoselo” a simbolizar o compromisso da marca com o meio ambiente. O relançamento deste produto vive o lema “Para pintar e retocar à vontade”.
A Knauf Insulation introduz a Ecose® Technology em todo o seu catálogo de produtos de lã mineral, numa gama de produtos que oferecem soluções a diferentes aplicações, como linhas centrais e divisões interiores, tectos falsos, pavimentos flutuantes, coberturas, chaminés, edifícios industriais, ou ETICS/fachadas ventiladas. Trata-se de um isolante termo acústico sem componentes químicos derivados do petróleo, uma vez que é produzida através de materiais orgânicos facilmente renováveis. Ecose® Technology é uma tecnologia de resina, à base de componentes biológicos livres de formaldeído (presente nas lãs minerais standard), que pode ser utilizada no fabrico da lã mineral de vidro e de rocha. Este produto não contém corantes nem aditivos derivados do petróleo, o que lhe confere um tom castanho natural. Relativamente ao processo de fabrico, a característica principal é a utilização de um ligante natural para aderir as fibras entre si que, graças à Ecose® Technology, consome menos energia no seu fabrico. O resultado é um aglutinante natural forte, “o que garante a sua resistência e inalterabilidade”, lê-se no comunicado de imprensa. A nova lã mineral natural tem certificado CE e de segurança EUCEB.
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KNAUF INTRODUZ ECOSE TECHNOLOGY NA LÃ MINERAL NATURAL
EM FOCO
FUNDO DE SALVAGUARDA DO PATRIMÓNIO CULTURAL
CINCO MILHÕES DE EUROS PARA VALORIZAR O PATRIMÓNIO TEXTO DE RAQUEL RIO
/// O Fundo de Salvaguarda do Património Cultural, que conta com uma dotação inicial de cinco milhões de euros, é mais um passo para proteger e valorizar imóveis e bens classificados em risco de destruição. As empresas de construção estão convidadas para dar o seu contributo.
O
Decreto-Lei que cria o Fundo (DL n.º 138/2009) foi publicado no Diário da República de 15 de Junho e estabelece que o Fundo “responde às necessidades de salvaguarda de bens culturais em situações de emergência, mas satisfaz igualmente a possibilidade de uma política programada de aquisição, reabilitação, conservação e restauro de bens de relevante interesse cultural”. O diploma visa “dinamizar o financiamento do património cultural a partir de um instrumento centralizado”.
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As medidas de protecção e valorização do património cultural para as quais não se encontrem vocacionados, ou se revelem insuficientes, outros instrumentos públicos, são, assim, reforçadas com meios de financiamento próprios que permitem a actuação de diversas entidades orgânicas integradas no Ministério da Cultura, de forma a complementar a respectiva acção com o recurso ao Fundo de Salvaguarda do Património Cultural. A fim de garantir uma intervenção eficaz, prevê -se a articulação com outros fundos nacionais, evitando sobreposições destes mecanismos financeiros e promovendo uma tutela integrada do património cultural. O Fundo pode financiar medidas de protecção e valorização de imóveis, conjuntos e sítios integrados na lista do património mundial, bem como de bens culturais classificados, ou em vias de classificação, como de interesse nacional ou de interesse público em risco de destruição, perda ou deterioração, mas tem
um âmbito mais abrangente. Entre as possibilidades de financiamento, incluem-se: • Situações de emergência ou de calamidade pública em relação a bens culturais classificados, ou em vias de classificação, como de interesse nacional ou de interesse público; • Operações de reabilitação, conservação e restauro de imóveis classificados no âmbito do Programa de Gestão do Património Imobiliário do Estado; • Aquisição de bens culturais classificados, ou em vias de classificação, designadamente, através do exercício do direito de preferência pelo Estado ou de expropriação; • Apoio financeiro a obras ou intervenções ordenadas pela Administração Pública em relação a bens culturais classificados, ou em vias de classificação, como de interesse nacional ou de interesse público. 15 EMPRESAS ADERENTES Na comissão directiva que vai gerir o Fundo terão assento um representante do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, um representante do Instituto dos Museus e da Conservação e um representante da Secretaria-Geral do Ministério da Cultura. O Fundo tem o capital inicial de cinco milhões de euros, mas vai contar com outras receitas, nomeadamente transferências do Orçamento
do Estado, coimas, taxas, contribuições ou impostos que lhe sejam afectos, indemnizações ou multas fixadas para reparação de danos em bens classificados, rendimentos provenientes da aplicação financeira dos seus capitais, heranças, legados e doações, bem como donativos em obra ou em espécie no âmbito do programa 'Cheque Obra', que o Ministério da Cultura celebrou com empresas dos sectores da construção civil e das obras públicas. Os acordos plurianuais, contratados em Fevereiro, instituem o quadro regulador destes donativos em obra a prestar pelas empresas ao Ministério da Cultura, para fins específicos de salvaguarda, conservação, reconstrução e restauro do património imóvel classificado e ao abrigo do Estatuto dos Benefícios Fiscais. As empresas aderentes às quais o Estado ou um concessionário público adjudique uma obra pública de valor igual ou superior a 2,5 milhões de euros obrigam-se, segundo o acordo, a prestar, em obra, um valor equivalente a 1% do preço total dessa empreitada, num projecto de recuperação de património classificado. O valor da obra a prestar será apurado por medidores orçamentistas segundo valores de mercado. Centralizado e conduzido por várias associações empresariais (FEPICOP, ANEOP, AECOPS e AICCOPN) segue-se agora um período aberto à adesão de todas as empresas do sector da construção civil e obras públicas que sejam titulares de alvarás das classes 7, 8 ou 9.
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