Revista Arte & Construção 230

Page 1

www.arteconstrucao.com Número 230 // Ano XVIII // € 3,50 Continente

Outubro 2009

DE PROFISSIONAIS PARA PROFISSIONAIS O último lanço da Cintura Regional Interna de Lisboa, que liga o Nó da Pontinha ao Nó da Buraca, só estará terminado em 2010. Embora as ligações de superfície abram ao tráfego em 2009, a conclusão do Túnel de Benfica será adiada para 2010 dada a “complexidade” que está a ser preservar do Aqueduto das Águas Livres e das Francesas.

Obra

Último troço da CRIL: Túnel de Benfica concluído em 2010

Entrevista

Augusto Guedes: presidente da Associação Nacional de engenheiros Técnicos

Inovação

Conjugação de energias: Telhado energético

Actual

Guta Moura Guedes: É preciso rever o mobiliário urbano



EDITORIAL

CONCRETA APOSTA NA REABILITAÇÃO URBANA É numa conjuntura económica pouco favorável que acontece, entre 20 e 24 de Outubro, a 24ª edição da Concreta – Feira Internacional de Construção e Obras Pública, na Exponor, Porto. As jornadas «Reabilitar.Habitar» dão o tom ao evento e reflectem uma visão que muitos organismos e associações de sector da construção têm defendido nos últimos anos: uma aposta concertada na reabilitação urbana. Mais uma vez será debatida a vantagem de se investir neste segmento que, de acordo com a Exponor, pode ascender aos 28 mil milhões de euros. Mais uma vez será chamado à atenção do governo a necessidade de promover a reabilitação urbana, dando-lhe os instrumentos necessários e, talvez mais importante, corrigindo decisões que o tempo já provou não terem sido as mais felizes. No entanto, embora haja harmonia relativamente a este e outros assuntos, o sector da construção terá de esperar. Esperar que seja constituído um novo governo, que se decida sobre o adiamento das grandes obras, que se publiquem novas leis, entre outras questões. Enquanto durar este interregno, as empresas terão de encontrar – como aliás o têm feito nos últimos anos – novas soluções para manter a sua actividade e é neste aspecto que a Concreta pode desempenhar um papel fundamental.

Directora: Chantal Florentino chantal.florentino@arteconstrucao.com; Redacção: Raquel Rio raquel.rio@arteconstrucao.com; Sofia Dutra sofia.dutra@arteconstrucao.com; Colaboradores Permanentes: Michele Branco michele.branco@arteconstrucao.com; Colaboram nesta edição: F. Pacheco Torgal, Inês Rodrigues, José Oliveira, Manuela Synek, Said Jalali; Publicidade: Duarte Mourato (Director) duarte.mourato@arteconstrucao.com; Jorge Humberto jorge.humberto@arteconstrucao.com; Marketing: Pedro Nunes pedro.nunes@mtg.pt; Fotografia: Paulo Porfírio paulo.porfirio@arteconstrucao.com; Assinaturas: assinaturas@arteconstrucao.com; Paginação: mtg - Edição e Publicidade, Lda. geral@mtg.pt; Website: www.arteconstrucao.com; Fundador da revista: António Esteves; Propriedade e Edição: mtg - Edição e Publicidade, Lda. Centro Empresarial Tejo - Rua de Xabregas, 20 - 2º Sala 10 • 1900-440 Lisboa • Tel. 212431592 • Fax. 212323069 • Email: geral@mtg.pt • Cap. Social: € 5.000,00 • NIPC: 507 958 373; Orgãos Sociais: Duarte Mourato - 50%; Chantal Florentino - 25%; Pedro Nunes - 25%; Execução Gráfica: Offsetmais - Artes Gráficas, S.A. • Rua Latino Coelho, 6 - 2700-516 AMADORA • Tel.: 214 998 716 • Fax: 214 998 717 • Email: dc.offsetmais@netcabo.pt; Publicação Mensal: Tiragem: 10 500 exemplares; Distribuição: VASP; Venda por assinaturas (IVA incluído 5%): Portugal: € 45,50/ano; Os artigos assinados, apenas veiculam as posições dos seus autores; ICS Nº 114748/90; Número Depósito Legal 41713/90; ISSN 0873-5271.

3 | Arte & Construção_Outubro/09

Chantal Florentino Directora


SUMÁRIO

sumário 03

EDITORIAL

04

SUMÁRIO

06

ENTREVISTA Augusto Guedes

34

OBRA Túnel do Marão

64

RECURSOS HUMANOS Expansão internacional e seus actores

38

REABILITAÇÃO Estruturas metálicas e de madeira na reabilitação de edifícios

65

IMOBILIÁRIO

66

NO PAÍS

68

NO MUNDO

70

EMPRESAS

OBRA Túnel de Benfica concluído em 2010

42

16

INOVAÇÃO Telhado energético

FEIRA Concreta

44

72

AGENDA

20

DOSSIER Ferramentas eléctricas

VIDRO Luz e cor

74

ENGENHARIA Construção em Terra

NAVEGAR

52

75

ARTES & LEITURAS

76

PRODUTOS

78

EM FOCO Ambilei valoriza resíduos de construção

12

30

ACTUAL ExperimentaDesign

58

32

PROJECTO Bairro Padre Cruz

ARTE URBANA Jardins Portáteis junto ao Cais das Colunas

62

LEIS & DIREITO Decreto-Lei nº 18/2008, de 29 de Janeiro (IX)

06

Entrevista Augusto Guedes

12 Obra

4 | Arte & Construção_Outubro/09

Túnel de Benfica concluído em 2010 NO DIA DO 10º ANIVERSÁRIO DA ANET – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ENGENHEIROS TÉCNICOS, AUGUSTO GUEDES REAGE ÀS AFIRMAÇÕES FEITAS PELO BASTONÁRIO DA ORDEM DOS ENGENHEIROS RELATIVAMENTE AO ACIDENTE DO CARROSSEL EM ESMORIZ. EMBORA “TRISTE” COM A CRÍTICA “GRATUITA E IGNORANTE”, O PRESIDENTE DA ANET CONSIDERA TER RAZÕES PARA FESTEJAR JÁ QUE FAZ UM BALANÇO “MUITO POSITIVO” DO CONTRIBUTO DA ASSOCIAÇÃO NA MELHORIA DA SOCIEDADE PORTUGUESA.

O ÚLTIMO LANÇO DA CINTURA REGIONAL INTERNA DE LISBOA, QUE LIGA O NÓ DA PONTINHA AO NÓ DA BURACA, SÓ ESTARÁ TERMINADO EM 2010. EMBORA AS LIGAÇÕES DE SUPERFÍCIE ABRAM AO TRÁFEGO EM 2009, A CONCLUSÃO DO TÚNEL DE BENFICA SERÁ ADIADA PARA 2010 DADA A “COMPLEXIDADE” QUE ESTÁ A SER PRESERVAR DO AQUEDUTO DAS ÁGUAS LIVRES E DAS FRANCESAS.


SUMÁRIO

# 230

Outubro 2009

16 Inovação

78

Em foco

Telhado energético

Ambilei valoriza resíduos de construção

Pedra Texturas e cores variadas

20 Dossier UMA EMPRESA ALEMÃ CONCEBEU E DESENVOLVEU UM SISTEMA QUE CONJUGA A ENERGIA SOLAR TÉRMICA E FOTOVOLTAICA NUMA SOLUÇÃO ARQUITECTÓNICA QUE OFERECE AS MESMAS POSSIBILIDADES DE CONSTRUÇÃO E DESENHO DE UM TELHADO CONVENCIONAL.

MAIOR MANUSEABILIDADE, DESEMPENHO EFICIENTE, PRODUTIVIDADE, SEGURANÇA: ESTAS SÃO ALGUMAS DAS LINHAS ORIENTADORAS DOS FABRICANTES DE FERRAMENTAS ELÉCTRICAS, APOSTADOS EM ESTAR CADA VEZ MAIS PRÓXIMOS DO UTILIZADOR.

FOI INAUGURADA A 8 DE OUTUBRO, EM LEIRIA, A UNIDADE DE TRIAGEM E VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO DA AMBILEI. A CERIMÓNIA CONTOU COM A PRESENÇA DO SECRETARIO DE ESTADO DA PROTECÇÃO CIVIL, JOSÉ MIGUEL MEDEIROS.

5 | Arte & Construção_Outubro/09

Ferramentas eléctricas


ENTREVISTA

AUGUSTO GUEDES

TRISTEZA E ALEGRIA NO 10º ANIVERSÁRIO DA ANET TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO

/// No dia do 10º aniversário da ANET – Associação Nacional de Engenheiros Técnicos, Augusto Guedes reage às afirmações feitas pelo bastonário da Ordem dos Engenheiros relativamente ao acidente do carrossel em Esmoriz. Embora “triste” com a crítica “gratuita e ignorante”, o presidente da ANET considera ter razões para festejar já

6 | Arte & Construção_Outubro/09

que faz um balanço “muito positivo” do contributo da Associação na melhoria da sociedade portuguesa.


7 | Arte & Construção_Outubro/09

ENTREVISTA


ENTREVISTA

AUGUSTO GUEDES

Arte & Construção – Como avalia o contributo da ANET para a melhoria sociedade ao longo destes 10 anos? Augusto Guedes – Eu faço um balanço muito positivo daquilo que a ANET contribuiu para a melhoria da sociedade portuguesa. Não tenho nenhuma dúvida sobre isso. Mesmo em termos estritamente pessoais sinto que dei o meu melhor e tenho sido fortemente recompensado na medida em que propostas que desenvolvemos contribuíram para regulação de alguma legislação e para a alteração do estado de espírito da sociedade portuguesa. Quais foram as vitórias mais significativas? A reforma de Bolonha teve, na nossa opinião e sem falsas modéstias, um enorme contributo da nossa parte. Isso não é público, mas nós trabalhámos intensamente para que a reforma acontecesse como aconteceu. Já foram reconhecidos 100 e pouco cursos pós-bolonha, o que é uma demonstração inequívoca que o modelo que o governo adoptou fez sentido e como isso arejou o ensino superior. Há cinco anos estávamos no ponto mais baixo do ensino superior, com as universidades a exercerem uma forte pressão de bloqueio ao politécnico (apoiadas em três ou quatro Ordens), com limitação de vagas de acesso. Bolonha rasga este bloqueio, um bloqueio muito mais profundo do que se podia imaginar.

8 | Arte & Construção_Outubro/09

A lei n.º 60, que transfere a competência e a responsabilidade dos projectos para os técnicos, foi outro marco importante. Esta lei recoloca as pressões no sítio certo, que é no técnico, pois este ao assinar um projecto está a res-

ponsabilizar-se pelo que elabora. Até há pouco tempo o que acontecia é que a pessoa fazia o projecto, entregava na câmara municipal, esta licenciava e a partir daí a responsabilidade passava para uma coisa abstracta que era a entidade licenciadora. Agora a responsabilidade não morre, ou seja, a responsabilidade mantém-se com os técnicos. Quero também referir a certificação energética, um passo enorme para o desenvolvimento do país, e termino com a revogação do 73/73. A participação que nós tivemos no 73/73, embora seja dito todos os dias que resulta de um protocolo entre a Ordem dos Engenheiros e a Ordem dos Arquitectos, foi discreta como sempre tem sido nestes casos, mas importante. Que impacto terá a revogação do 73/73 sobre o sector da construção? Vai ser um impacto a prazo, mas fica já interiorizado que a arquitectura é dos arquitectos. No discurso de tomada de posse do seu terceiro mandato disse que a engenharia ilícita e os honorários dos engenheiros técnicos serão temas prioritários. Como estão abordar estas questões? Existe uma enorme quantidade de projectos suportados por uma engenharia de favor, isso para nós é claro. Dá para perceber quando um técnico assina 1 000 projectos num ano. Nós não impedimos que alguém levante mil declarações, isso pode ser feito aquando da existência de um gabinete de engenharia com 20 ou 30 engenheiros, e o responsável subscreve todos os projectos. Se for provado que é mesmo assim, não há problema, mas nos casos em

EXISTE UMA ENORME QUANTIDADE DE PROJECTOS SUPORTADOS POR UMA ENGENHARIA DE FAVOR, ISSO PARA NÓS É CLARO.

que um engenheiro que é professor, não tem gabinete e apresenta um volume de projectos desta envergadura, significa que alguma coisa está mal. A ANET pediu à ASAE [Autoridade de Segurança Alimentar e Económica] para que incluísse no seu plano de visitas os gabinetes de engenharia e arquitectura, pois há, de facto, uma fraude enorme nesse aspecto, sendo o consumidor final o grande prejudicado de toda esta situação. Vamos continuar a exigir que, para levantar as declarações, cada um dos nossos membros prove que tem as contas em dia com o fisco. Isso causa incómodo a muita gente, mas paciência, é o contributo que damos. Há um mês, propusemos junto da ADENE a limitação do número de assinaturas de certificação energética para 300. Há técnicos, está no sítio da ADENE, que já assinaram 1 000 certificados e ainda o ano não chegou ao fim. Alguma coisa está mal. A ANET levantou esta questão e já entregou um ofício que pretendemos discutir na próxima comissão de acompanhamento. Parece-nos excessivo que, em sete ou oito meses, um técnico assine 1 000 certificados. Mesmo que seja de uma grande empresa! Isso significa que o técnico não foi sequer aos locais que certificou. Levantámos esta questão porque nos parece pertinente não subverter a certificação energética com velhos hábitos portugueses. Vamos continuar o nosso combate, embora perceba que isso não seja muito simpático para muita gente mexer nesses assuntos. É, no entanto, uma inevitabilidade. E relativamente aos honorários? A ANET definiu que nenhum engenheiro técnico deve trabalhar a menos de 50 euros/hora, mas sabemos que isso é muito difícil. O mercado é selvagem, com muitos casos em que nem sequer passam recibos. Para a engenharia existe, felizmente, muito trabalho. Temos imensas pessoas a trabalhar no exterior, em países como Angola, Moçambique, Cabo Verde e Espanha, para onde tem havido um enorme fluxo de engenheiros. Internamente também há muito trabalho, mas é um trabalho mal pago e uma pessoa com-


9 | Arte & Construção_Outubro/09

ENTREVISTA


ENTREVISTA

AUGUSTO GUEDES

acham que esse mesmo problema é o maior do mundo. Quer responder a essas declarações? Eu não costumo deixar de responder a nenhuma crítica. A questão é que a crítica não tem importância pelo incómodo que causa, mas pela tristeza que nos provoca, porque é gratuita e ignorante. Está a referir-se especificamente às declarações do eng.º Fernando Santo? Estou a falar genericamente.

pensa isso fazendo várias coisas ao mesmo tempo, assinando (aqueles que o fazem) certificados energéticos a 40 euros a unidade.

Na sua opinião, seis anos é o limite para quem quer manter a integridade num cargo como o seu.

Há aqui uma cultura de hipermercado: vender muito a um baixo preço. Queríamos antes que fosse vender menos a um preço justo.

É. Até porque estamos num sítio onde exercemos esta função em acumulação com a nossa vida profissional e, logo, não somos remunerados.

Esta situação resolver-se-á a prazo e quando for impedido o acesso de pessoas que não estão habilitadas a desempenhar determinadas funções. Por exemplo, acreditamos que mais de metade da coordenação de segurança em obra é feita por licenciados em psicologia, direito, enfermagem…Isto é surrealista! Ninguém acredita que a coordenação de segurança em obra possa ser assegurada por pessoas com esta formação de base, que depois tirou um CAP [Certificado Aptidão Profissional]. Agentes de segurança para obra devem ser engenheiros civis. Não podem ser outros.

10 | Arte & Construção_Outubro/09

Este é o seu último mandato. Quando trabalhámos na elaboração dos estatutos impusemos um limite de três mandatos. Mesmo assim, acho que é longo. Devia ser reduzido a dois mandatos, porque isto é muito viciante. O poder tem muitos aspectos simpáticos, mas também tem muitas perversões. E mesmo num sítio onde uma pessoa exerce a função de uma forma voluntária, há vícios que se adquirem tal como a arrogância e a ideia que somos os melhores e insubstituíveis. Até alguma asfixia democrática daí pode resultar. Começamos a ouvir menos. E isso é muito mau.

Seis anos é muito tempo na vida de uma pessoa. Ou somos muito ricos ou temos uma estrutura empresarial (ou outra) que nos dá margem de manobra para ocupar este cargo. No meu caso, como tenho algumas empresas, tenho margem para estar presente na ANET todos os dias. Não é fácil encontrar pessoas com tempo livre e disponibilidade mental. Todos os dias surgem questões que nos agridem. Para bem comemorarmos o 10º aniversário, o eng.º Fernando Santo fez, no jornal i, um ataque que é do mais baixo que alguma vez eu podia imaginar, pois falou de coisas que não sabe, revelando grande ignorância relativamente ao carrossel que caiu no Porto [Esmoriz]. Por isso, nunca sabemos se nos vamos deparar com uma situação assim semelhante, completamente fora de contexto. É preciso ter uma grande generosidade aceitar a crítica, aceitar as más disposições daqueles que têm um pequeno problema, mas que

Relativamente ao acidente com o carrossel, podemos dizer que a legislação em Portugal é, muitas vezes, má. E nem sempre damos os contributos necessários para que seja boa. Muitas vezes os contributos não são feitos no sentido de melhorar a lei, mas sim no sentido de proteger os nossos interesses. O acidente acontece devido a um problema mecânico, com culpa exclusiva da Câmara Municipal que nunca devia ter permitido a sua utilização. O que a câmara municipal tem é o pedido de licenciamento do espaço. Se todos os carrosséis, diria eu, fossem inspeccionados de acordo com a Directiva Máquinas e Equipamentos de Trabalho, deviam ser imediatamente selados. É preciso que morram três ou quatro pessoas para que se faça isso. Não há nenhuma definição de quem são as pessoas competentes, nos termos do decreto-lei 50/05, para fazer a vistoria aos equipamentos. Tudo isso está condicionado com se isto fosse um país de terceiro mundo, que, de facto, somos. O eng. Fernando Santo afirmou que a vistoria tinha sido feita por um bacharelado e, por isso, o problema residia no facto dos bacharelatos não darem competências para desempenhar essa função. O eng. Fernando Santo fala do que não sabe, porque não foi feita nenhuma vistoria ao carrossel. Há sim um pedido de licenciamento do espaço subscrito por um engenheiro técnico. A ignorância e a má fé são coisas terríveis. Às vezes é frustrante, para quem tenta levar isto com algum equilíbrio, ver como o país, em 2009, é governado por gente com tão pouca informação e tão pouco bom senso. Este é um problema da sociedade portuguesa.



OBRA

ÚLTIMO TROÇO DA CINTURA REGIONAL INTERNA DE LISBOA

TÚNEL DE BENFICA CONCLUÍDO EM 2010 TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO

/// O último lanço da Cintura Regional Interna de Lisboa, que liga o Nó da Pontinha ao Nó da Buraca, só estará terminado em 2010. Embora as ligações de superfície abram ao tráfego em 2009, a conclusão do Túnel de Benfica será adiada para

12 | Arte & Construção_Outubro/09

2010 dada a “complexidade” que está a ser preservar do Aqueduto das Águas Livres e das Francesas.


13 | Arte & Construção_Outubro/09

OBRA


OBRA

ÚLTIMO TROÇO DA CINTURA REGIONAL INTERNA DE LISBOA

O

último lanço da Cintura Regional Interna de Lisboa (CRIL), que liga o Nó da Pontinha ao Nó da Buraca, “é mais que uma estrada”, afirmou Rui Nelson Dinis, vogal do Conselho de Administração da Estradas de Portugal (EP) numa visita à obra promovida pela ANEOP – Associação Nacional de empreiteiro de Obras Públicas, no dia 6 de Outubro. Previsto no Plano Rodoviário Nacional desde 1980, o troço de apenas 3,7 quilómetros corresponde a “21 mil metros lineares, entre vias, nós, túneis e ramais que se entrelaçam como uma renda de Bilros”, ilustrou o responsável. Enquanto a conclusão das ligações de superfície está agendada para o final de 2009, o mesmo não acontece com o Túnel de Benfica. De acordo com Rui Nelson Dinis, a “complexidade” deste túnel não permite que a EP se “comprometa” com uma data mais precisa que 2010. A preservação do património nacional é uma das maiores condicionantes na construção do túnel e, consequentemente, de toda a obra. A solução encontrada pela EP foi suspender os aquedutos na parte superior do Túnel de Benfica, inserindo-os numa “estrutura mista de betão pré-fabricado e aço solidarizada através de vigas transversais e longitudinais”, descreve a empresa em comunicado. Durante a visita José Luís Faleiro, responsável das Estradas de Portugal pela empreitada da CRIL, referiu que a sustentação do Aqueduto das Águas Livres e das Francesas foi um dos “maiores desafios” que enfrentaram. EXPROPRIAÇÃO CUSTOU 70 MILHÕES DE EUROS

14 | Arte & Construção_Outubro/09

Para além dos desafios técnicos que esta obra encerra à que destacar a componente humana, pois, por se inserir “numa malha urbana muito densa”, “foi necessário mexer na vida de 1 600 famílias”, sublinhou Rui Nelson Dinis. Note-se que ao investimento de 111 milhões de euros da empreitada é preciso acrescentar mais 70 milhões de euros, estes necessários para avançar com as expropriações. Questionado sobre uma possível derrapagem no orçamento deste troço, Almerindo Marques, presidente da EP, admitiu que, “pela

natureza da obra, é natural que haja alguns desvios”. “5% numa obra daquelas seria excelente”, acrescentou. Para Manuel Agria, vice-presidente da ANEOP, o último lanço da CRIL é “uma obra paradigmática da capacidade da engenharia portuguesa”, uma vez que, para além de evidenciar a capacidade técnica, também demonstra a “competência organizativa das empresas do sector da construção”. A construção deste troço implicou a participação de mais de 300 empresas, estando envolvidas, directa e indirectamente, 1 900 pessoas. Uma vez finalizada, a CRIL, prevista no Plano Rodoviário Nacional desde 1980, vai beneficiar dois milhões de pessoas ao permitir a ligação de Algés à Ponte Vasco da Gama e a articulação com a CREL (A9), IC 19, Segunda Circular, Eixo Norte-Sul, Calçada de Carriche, IC 16 e A8.

CRIL CRONOLOGIA DE CONSTRUÇÃO O ante-projecto do sublanço Buraca/Pontinha foi proposto em 1969. A zona non edificandi foi delimitada em 1975. Estudo prévio data de 1989. O 1º lanço, entre o Alto do Duque/Nó da Buraca foi concluído em 1996 pela JAE. O 2º lanço, o troço Pontinha/Odivelas/Olival Basto, ficou concluído em 1997 pela JAE. O 3º lanço, entre Olival Basto e Sacavém, ficou concluído em 1998 pela JAE. O 4º lanço, Nó de Sacavém, ficou concluído em 1998 pela Lusoponte. O 5º lanço, Nó de Algés, ficou concluído em 2003 pela IEP.

CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS DA OBRA A construção dos 3 650 metros do troço do IC17/CRIL – Buraca/Pontinha e dos 770 metros do IC16 – Radial da Pontinha compreeende:

- Sete nós localizados na Buraca, Damaia, Portas de Benfica, Pedralvas, Alfornelos, Benfica (IC16) e Pontinha; - 28 restabelecimentos; - Oito passagens superiores, duas passagens inferiores e dois viadutos; - Dois túneis no IC17, com 1 500 e 240 metros; - Dois túneis no IC16, com 290 e 80 metros. Fonte: Estradas de Portugal


O brilho da marca reflecte-se nos negócios.

AS SOLUÇÕES SOLARES TÉRMICAS VULCANO JÁ TÊM PROVAS DADAS NO MERCADO, DE NORTE A SUL DE PORTUGAL. Optar pela marca Vulcano é uma escolha justificada. A Vulcano disponibiliza uma gama completa e versátil de equipamentos e acessórios, de fácil instalação, para cada caso específico. Providencia ainda formação, aconselhamento pré e pós-venda, com uma assistência técnica de reconhecida qualidade. Com a Vulcano, pode recomendar e instalar Soluções Solares com toda a confiança, garantindo sempre a satisfação dos seus clientes.

www.vulcano.pt


INOVAÇÃO

CONJUGAÇÃO DE ENERGIAS

TELHADO ENERGÉTICO TEXTO DE RAQUEL RIO

/// Uma empresa alemã concebeu e desenvolveu um sistema que conjuga a energia solar térmica e fotovoltaica numa solução arquitectónica que oferece as mesmas possibilidades de construção e desenho de um telhado convencional.

R

16 | Arte & Construção_Outubro/09

aquel Arnaut, a arquitecta responsável pelo planeamento e desenvolvimento dos projectos que estão a ser concretizados pela Systaic em Portugal desde o ano passado, explicou à Arte & Construção como funciona esta dupla integração de tecnologia e arquitectura.

“Cada vez mais a preocupação das empresas é integrar os sistemas tecnológicos, como o solar térmico, o solar fotovoltaico ou outros que estão ainda em desenvolvimento, na arquitectura. Com este sistema, é possível, ao mesmo tempo e com a mesma estética de um telhado convencional, produzir água quente para autoconsumo e energia solar fotovoltaica para gerar electricidade e injectar na rede, dentro das limitações que existem (3,68 kW por microprodutor por ano)”. Assim, a aplicação deste telhado permite tornar-se um microprodutor, produzindo energia renovável em casa e obtendo ganhos com a sua venda, que podem ir até 300 euros por mês.

A nível térmico (produção de águas quentes sanitárias e aquecimento da habitação), o sistema funciona em auto-consumo. “Temos de dimensionar os módulos para produzir de acordo com as necessidades dos habitantes da casa. Se uma família tem uma média de consumo de 200 litros de água por dia, será necessário instalar geralmente dois colectores. O princípio de funcionamento é semelhante ao de um termoacumulador”, esclareceu Raquel Arnaut. “A água aquecida dentro dos módulos vai para um tanque de armazenamento e mantémse quente graças a uma resistência. Também é possível instalar um esquentador como sistema auxiliar para manter a temperatura que está previamente estipulada e que é confortável para os habitantes da casa, no caso da agua não ser utilizada durante muito tempo”, adiantou. Quanto à produção de electricidade, através do sistema fotovoltaico, existem vários esquemas de microprodução.

“O mais corrente é injectar na rede pública tudo o que é produzido com o fotovoltaico. Neste caso, consome-se a mesma electricida-de que se consumiria sem o sistema e a casa fica com dois contadores, um de venda e outro de compra, isto porque a nossa legislação não permite o auto-consumo. Existe também o sistema de auto-consumo de casas que não estão ligadas à rede pública (“offgrid”). Funciona com um parque de baterias que permitem armazenar energia suficiente face às necessidades da casa durante o período de horas necessário. É um sistema muito mais caro, porque o produtor deixa de consumir electricidade da rede, mas também não a vende. Ainda assim, pode ser viável em alguns locais isolados que não são servidos pela rede pública ou onde o fornecimento público é intermitente”. Para Raquel Arnaut, o futuro está no sistema misto, em que é possível auto-consumir e ao mesmo tempo injectar electricidade na rede. “Isto permitiria ao cliente ocupar uma área de telhado maior, entregar as mesmos 3,68 kW


INOVAÇÃO

MICROPRODUÇÃO SISTEMA SUBSTITUIU TELHADO A uniformidade estética deste sistema é conseguida graças à colocação de módulos iguais. “Quando os painéis não ocupam o telhado todo, mandamos fazer umas peças que completam o telhado que falta”, descreveu a arquitecta. Os módulos solares e fotovoltaicos têm o mesmo aspecto e dimensões dos que são usados no telhado. “Claro que existem diferenças de espessura entre os colectores, mas compensamos na subestrutura, de forma a que o resultado final seja homogéneo”, adiantou. Este sistema inclui ainda peças acessórias “que não fazem parte do sistema tecnológico, mas que peças desenvolvidas de forma a apresentar um produto chave-na-mão. “Começamos com a impermeabilização da superfície, colocamos os módulos e as ligações e depois usamos as peças acessórias, como as platibandas, as cumeeiras, beirais, com a caleira integrada, grelhas de ventilação e inclusivamente elementos decorativos que podem ser utilizados para manter a mesma estética em zonas de sombra ou de chaminés. Como, no caso de Portugal, estamos limitados a uma determinada potência e normalmente “sobra” telhado foram criados estes acessórios que fazem com que o produto final seja uniforme”. Este sistema substitui o telhado que existe com total impermeabilização e cumpre as mesmas funções de qualquer telhado convencional, com a vantagem adicional de produzir energia. Raquel Arnaut destaca ainda vantagens a nível de aquecimento e arrefecimento. “Normalmente, nos telhados existe uma superfície que está fechada e acaba por se gerar condensação. Este telhado funciona um pouco como uma fachada ventilada, há sempre ar a correr o que é óptimo a nível de refrigeração. Por outro lado, os próprios módulos também aquecem bastante, o que permite obter um nível de conforto bastante agradável”

Microprodução refere-se à produção de energia feita pelo próprio consumidor, utilizando equipamentos de pequena escala, nomeadamente painéis solares, microturbinas, microeólicas ou outro tipo de tecnologia. O programa “Renováveis na hora” é um regime simplificado de licenciamento para a microprodução de electricidade que estabelece que: • Quem disponha de um contrato de compra de electricidade em baixa tensão pode tornar-se um microprodutor; • Podem ser instaladas unidades de microprodução com uma potência de ligação de até 5,75 kW; • A potência de ligação não pode exceder 50% da potência contratada (limite não aplicável a instalações em nome de condomínios). Para efectuar o seu registo, o microprodutor tem de preencher um formulário electrónico em www. renovaveisnahora.pt e caso reúna as condições necessárias, receberá uma mensagem com a aceitação do seu registo, a título provisório. No prazo de cinco dias úteis, após a aceitação do registo, deverá proceder ao pagamento da taxa de 250€ + IVA (valores de 2008). No regime remuneratório geral, a tarifa de venda de electricidade à rede é igual à tarifa simples aplicada pela EDP para a Baixa Tensão Normal, com potência contratada inferior ou igual a 20,7 kVA. O regime bonificado é aplicável às unidades de microprodução que apresentem as seguintes condições: • Potência de ligação até 3,68 kW; • Utilização de energias renováveis; • Instalação de colectores solares térmicos com um mínimo de dois m2 de área ou instalação de cogeração a biomassa integrada no aquecimento do edifício; • No caso dos condomínios, é exigida a realização de uma auditoria energética ao edifício e a implementação das medidas de eficiência energética (com período de retorno até 2 anos) identificadas nessa auditoria. É dispensada a colocação do colector solar térmico. A venda de electricidade à rede está limitada a: • 2400 kWh/ano por kW instalado, no caso da energia solar; • 4000 kWh/ano por kW instalado, no caso das restantes energias; • potência de ligação máxima de 10 MW em 2008*, com um aumento de 20%/ano nos anos seguintes. O preço de venda à rede no regime bonificado é fixo durante 5 anos e decresce 5% por cada 10 MW de potência, instalados a nível nacional. Após os primeiros 5 anos e durante os 10 anos seguintes, será aplicado um preço igual ao das instalações que se registem nesse ano e que utilizem a mesma tecnologia; Após o período de 15 anos é aplicado o preço vigente no regime geral. Os custos com equipamentos novos para unidades de microprodução são dedutíveis em 30% no IRS. Os rendimentos resultantes da actividade de microprodução estão isentos de tributação em IRS para valores inferiores a 5 000 euros.

REGRAS CRIAM OBSTÁCULOS AOS MICROPRODUTORES O sistema é desenvolvido e produzido na Alemanha e começou a ser aplicado em Portugal em 2008. Desde essa altura foram já realizados seis projectos. António de Lemos, o director da Systaic em Portugal, acredita que seriam muito mais se fossem mudadas as regras para o registo dos microprodutores.

“Nós, e outras empresas que operam nesta área, estamos impedidos de desenvolver o nosso negócio porque não temos o licenciamento”, lamentou. Para conseguir vender energia à rede a uma tarifa bonificada estas instalações têm de ter uma capacidade máxima de 3,68 kW e obter uma licença para o efeito através do site “Renováveis na Hora”. O problema é que os concursos para

17 | Arte & Construção_Outubro/09

de energia à rede e usar o restante para consumo próprio nalguns equipamentos ou inclusive para carregar o carro eléctrico”.


INOVAÇÃO

CONJUGAÇÃO DE ENERGIAS

No regime geral, a electricidade vendida é paga ao mesmo preço da que é comprada e o retorno do investimento varia entre 12 a 16 anos. Com o regime bonificado, tudo o que é injectado na rede é pago a 65 cêntimos. Essa diferença permite que o retorno do investimento seja 5 a 7 anos. Se não houver este incentivo, ninguém está interessado, não temos nenhum projecto em regime geral”. De acordo com este responsável, o investimento num telhado energético ronda os 28 mil euros para um projecto chave-na-mão.

18 | Arte & Construção_Outubro/09

obtenção das licenças “só abrem uma vez por mês e por períodos muito curtos, cerca de uma ou duas horas”. “As pessoas não conseguem registar-se. Há uns meses houve 10 mil tentativas de acesso e 900 autorizadas. Quer dizer que a percentagem de sucesso não chega aos 10%. Nenhuma empresa consegue realizar o seu negócio com uma taxa assim”, criticou o responsável da Systaic. António de Lemos defende uma mudança das regras que permita um acesso contínuo para a obtenção de licenças e o aumento do custo destas “para que não haja empresas que se registam e depois, ao fim de um ano, não concretizaram nada”.

A dificuldade em obter as licenças condiciona o desenvolvimento deste tipo de produção de energia, continuou. “O potencial e crescimento está limitado à “tranche” que é libertada por ano (10 MW). A partir daí, tudo depende da agressividade comercial de cada empresa porque cada “tranche” que é preenchida implica uma redução da tarifa em cinco por cento. O ano passado a electricidade era vendida a 65 cêntimos e agora está nos 61,75. Depois desce outra vez, mas até uma tarifa de 42 cêntimos ainda compensa”, considerou o director da Systaic. Para um microprodutor é muito mais vantajoso o regime bonificado porque consegue amortizar o seu investimento muito mais rapidamente.

O sistema pode ser aplicado em qualquer sítio, quer em obra nova, quer em reabilitação. Até agora, os projectos foram todos realizados em moradias, mas já há algumas fábricas em perspectiva. “O objectivo é que seja sempre adaptável à solução de arquitectura que se procura. Há que avaliar obviamente a inserção do edifício. A vantagem desta solução é que não existe um suporte físico determinado, o nosso sistema é que tem de se adaptar ao suporte”, salientou Raquel Arnaut. A Systaic está também envolvida num projecto especial. “Trata-se de uma casa modular, um protótipo que foi desenhado por um atelier de arquitectura e que vai integrar várias tecnologias. Fomos convidados para desenvolver o telhado energético”, avançou a arquitecta.



20 | Arte & Construção_Outubro/09

DOSSIER FERRAMENTAS ELÉCTRICAS


DOSSIER

MAIS PRÓXIMAS DO UTILIZADOR TEXTO DE RAQUEL RIO

/// Maior manuseabilidade, desempenho eficiente, produtividade, segurança: estas são algumas das linhas orientadoras dos fabricantes de ferramentas eléctricas,

21 | Arte & Construção_Outubro/09

apostados em estar cada vez mais próximos do utilizador.


DOSSIER

FERRAMENTAS ELÉCTRICAS

22 | Arte & Construção_Outubro/09

O

desejo de maior conveniência é o móbil impulsionador do desenvolvimento das ferramentas portáteis que contam agora com a ajuda preciosa da tecnologia de iões de lítio.

vez mais alargado de aplicações, asseguram que a liberdade absoluta que a utilização de aparelhos sem fio permite conquista cada vez mais utilizadodores, tornando os trabalhos mais fáceis e rápidos.

As vantagens destas baterias, cada vez mais usuais, são inúmeras: não descarregam sozinhas, têm um ciclo de vida mais longo, não têm efeito de memória (ou seja, o recarregamento de uma bateria que não esteja totalmente gasta não implica perdas de capacidade) e asseguram tempos de carregamento mais rápidos.

Os elementos da bateria, muito pequenos, adaptam-se às ferramentas também elas cada vez mais pequenas, compactas e práticas.

Estas baterias são também mais leves (até menos 30 por cento do que as baterias de NiCd convencionais), têm uma maior autonomia e apresentam maior capacidade energética relativamente aos sistemas NiCd (níquel-cádmio) e NiMH (níquel metal híbrido). A tecnologia de iões de lítio, apesar de mais complexa e cara permite que as ferramentas sem fio funcionem exactamente da mesma maneira que uma ferramenta com fio. Tudo isto, juntamente com um campo cada

A conveniência manifesta-se também na necessidade de aceder cada vez mais rapidamente às ferramentas necessárias. Daí que os fabricantes estejam cada vez mais atentos à concepção das caixas para transporte e armazenamento. Sob estas premissas, „oficinas“ completas em robustas caixas metálicas despertam grande interesse, oferecendo aos utilizadores uma gama diversificada de ferramentas, com acesso directo a cada local da aplicação. Para os profissionais mais experientes, que passam muito tempo a viajar, a sua caixa de ferramentas individual é quase um símbolo de „status“.


DOSSIER

Como a utilização das modernas ferramentas eléctricas também envolve uma análise das respectivas instruções de utilização, descrições fáceis de perceber e claras são peças essenciais dos manuais fornecidos com os produtos. Por outro lado, devido à sua disseminação nos mercados ionternacionais, os manuais têm de ser publicados num número cada vez maior de línguas, o que contraria claramente a necessidade de rapidez e simplicidade. Estão, por isso, a ser procuradas novas soluções, nomeadamente manuais de instruções sem palavras, que são exclusivamente baseados em ilustrações e imagens. SOLUÇÕES DIVERSIFICADAS A incorporação de novas tecnologias na concepção das ferramentas e acessórios, por exem-

plo, é uma das soluções encontradas a fim de garantir a segurança dos utilizadores. Verifica-se igualmente, nos programas de brocas e berbequins, um aumento das gamas de velocidades, permitindo executar operações lentas ou rápidas, e uma diversificação de funções. O princípio „dois em um“ é corporizado em ferraemntas que podemn ser usadas para cortar, dobrar ou moldar. O objectivo de simplificar tarefas estende-se às serras circulares, com acessórios que facilitam as funções de ejecção e sistemas de mudança rápida que acabam com os problemas e perdas de tempo associadas aos discos demasiado fixos. O desgaste intenso, frequentes mudanças de ferramentas e desperdício de tempo associados ao processamento de materiais muito resistentes e abrasivos são coisas do passado graças aos discos de corte diamantados. Graças ao seu longo ciclo de vida útil, as máquinas podem agora processar mais materiais super-duros no mesmo período de tempo e minimizar os tempos de paragem e custos de manutenção.

O mesmo se aplica à nova geração de brocas com segmentos diamantados são fundidos numa cinta de aço. A configuração vertical também produz um estilo de perfuração particularmente agressivo que permite duplicar a velocidade de perfuração. Além destas melhorias generalizadas em quase todas as áreas de trabalho, a gama de aplicações especiais continua a aumentar e traduz-se em aparelhos vocacionados para trabalhar em tubagens e acessórios sanitários ou instalação de sistemas de aquecimento. Os adjectivos „rápido“, „eficiente“ e „sem problemas“ també, se reflectem nos nomes com que são baptizados os novos equipamentos. A possibilidade de fazer cortes particulamentes agressivos é indicada nos modelos Raptor e T-Rex de algumas serras circulares, de corte rapido ou esquadria, aludindo aos dinossauros predadores. Na área das ferramentas manuais, o modelo „Hai“ (tubarão) indica assim as suas qualida-

23 | Arte & Construção_Outubro/09

Algumas malas já se apresentam com um „design“ especial e aparecem em edições limitadas desperando o interesse dos utilizadores.


DOSSIER

FERRAMENTAS ELÉCTRICAS

A IMPORTÂNCIA DO DESIGN O uso das ferramentas no ritmo demonstra a importância da dupla perspectiva do trabalho e do trabalhador no design. Quando essa dupla perspectiva é ignorada saem prejudicadas a saúde do trabalhador e “a saúde” do produto, ou seja, a sua qualidade. Para garantir uma e outra, os fabricantes procuram cada vez mais seguir algumas regras: limitar o peso da ferramenta a um quilo; alinhar o centro de gravidade da ferramenta ao centro da mão; desenhar a pega de forma que o ângulo com a ferramenta favoreça a transferência da força; desenhar pegas com secção cilíndrica ou oval de 30 a 45 mm de diâmetro (ou 5 a 12 mm para trabalhos de maior precisão). Além disso, os gatilhos devem ter, no mínimo, 50 mm para permitir o uso de mais dedos e evitar o abuso do indicador e devem ser usados materiais antideslizantes na pega. des de corte, apresentando um design muito semeljante ao do predador marinho. FERRAMENTAS ADAPTAM-SE AOS TRABALHADORES Os conceitos que inspiram a fabricação das modernas ferramentas manuais definem uma dupla abordagem: a ferramenta deve estar adequada ao trabalho, tanto quanto ao trabalhador. São contra-indicadas, portanto, aquelas que exigem muito esforço muscular, por muito tempo, ou requerem posições incómodas.

24 | Arte & Construção_Outubro/09

Os estudos ergonómicos mostram que qualquer pega que se desvie mais de 30 graus em relação ao trabalho da ferramenta implica perda de eficiência, porque parte da força não é transferida para a ferramenta. O trabalho que será executado também precisa de ser considerado ao escolher o cabo da ferramenta. Alguns cabos de borracha, por exemplo, podem tornar-se viscosos, e outros, com bom material condutor, além dos riscos decorrentes do contacto com o material podem transmitir o frio para a mão do trabalhador, aumentando o risco de lesões. A carga estática, ou seja, o esforço de su-

portar a ferramenta ou manter uma postura, não pode superar 10 por cento da força máxima do trabalhador.

É importante lembrar que a fase do design é o momento mais importante para conseguir reduzir a vibração da ferramenta.

Assim, a especialização das ferramentas, o design e o material devem ser definidos em função do tipo de trabalho a ser executado pelo operador e pelo serviço que vai ser executado.

Uma indústria que pretenda oferecer ferramentas eficientes, adequadas tanto aos ambientes em que o trabalho será realizado, quanto às exigências de segurança e saúde do trabalhador, precisa apoiar-se nos critérios oferecidos pela ergonomia e pelo design combinados.

As ferramentas estão entre os factores mais frequentes dos acidentes no trabalho. As principais causas dos acidentes com ferramentas estão relacionadas com falhas humanas, sendo as mais graves e habituais: usar as ferramentas a velocidades desadequadas à natureza ou às condições do trabalho, ou em desacordo com as especificações do fabricante, reparar ou fazer a manutenção de ferramentas ligadas, usar ferramentas inadequadas ao trabalho, ignorar os dispositivos de segurança, adoptar posturas impróprias, ignorar os equipamentos de protecção individual disponíveis e desrespeitar as condições do ambiente em que se realiza o trabalho. As ferramentas eléctricas exigem cuidados adicionais. É preciso proteger-se contra choques ou electrocussão, através de isolamento duplo e interruptores, e evitar a sua utilização em pisos molhados ou húmidos.

Esta aproximação com a ergonomia permitiu ao design expandir suas funções para além da estética. Os dois - ergonomia e design tornam-se hoje indispensáveis desde o primeiro momento do projecto para que a ferramenta tenha sucesso no mercado globalizado. O design centrado no utilizador e optimizando a forma para uma determinada função contribui para a redução dos custos e aumentar da eficiência. Existem vários exemplos de ferramentas em que o potencial de marketing reside mais no design do que no fabrico. A globalização do mercado, contudo, trouxe uma necessidade maior de informações sobre o perfil do trabalhador que vai utilizar a ferramenta. Essa customização das ferramentas, em relação às características específicas do mer-


DOSSIER

A renovada preocupação com o utilizador convive ainda com as permanentes necessidades de reduzir tamanho, reduzir peso e aumentar a resistência. Vários parâmetros estão envolvidos na interacção entre o operador e a sua ferramenta. Pessoas diferentes tendem a avaliar esses parâmetros de forma diferente. Para uma pessoa, o barulho pode ser o mais importante, enquanto para outra a carga que a ferramenta representa para o utilizador pode ser determinante. Uma ferramenta eléctrica não pode ser analisada isoladamente, tem de ser avaliada no contexto em que vai ser usada. O design da pega afecta directamente a ma-

nuseabilidade e nível de conforto durante a operação. Do ponto de vista da ergonomia, o objectivo é desenhar pegas que permitam ao utilizador aplicar ao máximo a sua força. Um bom desenho também resulta numa postura mais natural e elimina esforços localizados prejudiciais às mãos do operador. Diferentes tipos de ferramentas exigem diferentes tipos de pegas. Ao utilizar uma ferramenta eléctrica, o sistema mão-braço-ombro do operador fica sujeito às forças gerados pela ferramenta durante o uso, aliados ao peso do próprio aparelho. Uma carga excessiva deste género pode causar fadiga ou resultar em lesões do sistema músculoesquelético do operador. Para minimizar o risco, o nível, frequência e duração da carga devem ser tomados em consideração no desenho da ferramenta.

A carga sobre o operador é limitada pelas capacidades de gerar força dos operadores individuais. Uma medida comum desta capacidade é a força muscular, isto é a máxima força que um grupo de músculos pode desenvolver em determinadas condições. Todas as máquinas vibram. Dependendo do design, a vibração pode causar avarias, fadiga ou partir a máquina. Quando os operadores estão expostos, a vibração também pode causar problemas de saúde. A legislação hoje existente veio trazer benefícios às máquinas e aos utilizadores. LEIS PROTEGEM TRABALHADORES Em Julho de 2005 foi aprovada a Directiva de Agentes Físicos 2004/44/EC que especifica um nível de acção de 2.5m/s2 e um nível limite

25 | Arte & Construção_Outubro/09

cado, é hoje indispensável a quem pretende exportar os seus produtos.


DOSSIER

FERRAMENTAS ELÉCTRICAS

de 5m/s2 para a exposição de cada conjunto de braço/mão às vibrações, tendo por base a soma das vibrações em três eixos. A regra de medição BS50144 e que era utilizada por todos os fabricantes de ferramentas eléctricas, media as vibrações num único eixo. A nova regra BS EN ISO 5349-1:2001 (prEN60745-1:2005) exige a medição em 3 eixos (medição tri-axial) e pretende ser mais precisa na medição das vibrações sofridas

pelo utilizador. Até esta altura, não existia qualquer regulamentação no âmbito de Saúde e Segurança sobre os riscos da sobre-exposição à vibração quando da utilização de máquinas e ferramentas. A Directiva de Agentes Físicos intro-duziu a Regulamentação de "Controlo de Vibra-ção no Trabalho" de forma a colocar deveres às entidades empregadoras para proteger os trabalhadores da vibração e reduzir os efeitos da sobreexposição.

A directiva foi transposta para a ordem jurídica portuguesa pelo decreto lei nº 46/2006 de 24 de Fevereiro de 2006 que obriga as empresas a protegerem os seus colaboradores contra os riscos derivados dos agentes físicos (ruído e vibrações), assim como implementar as medidas adequadas em caso de se ultrapassarem os valores limite estipulados. Os riscos devidos a vibrações mecânicas têm efeitos sobre a saúde e segurança dos trabalhadores e deles podem resultar perturbações músculo-esqueléticas, neurológicas e vasculares, além de outras patologias. As vibrações transmitidas ao sistema mão-braço são as mais estudadas, estando identificado a síndroma das vibrações mão-braço como uma patologia resultante da exposição a vibrações.

26 | Arte & Construção_Outubro/09

São conhecidos os problemas vasculares resultantes da exposição a vibrações, designados por síndroma dos dedos brancos, síndroma de Raynaud de origem profissional e doença traumática dos vasos sanguíneos (vasospástica). O desenvolvimento da síndroma das vibrações mão-braço depende de muitos factores, tais como o nível de vibrações produzidas pela máquina ou ferramenta, a duração diária de exposição, o número acumulado de horas, meses ou anos de exposição, a temperatura no espaço do posto de trabalho, o método de trabalho e a ergonometria das tarefas profissionais.



DOSSIER

FERRAMENTAS ELÉCTRICAS

De acordo com algumas normas europeias, o trabalhador exposto a vibrações diárias com um nível de 2,5 m por segundo quadrado por um período igual ou superior a 12 anos tem 10% de probabilidade de desenvolver uma síndroma de vibrações.

28 | Arte & Construção_Outubro/09

A alteração dos métodos de trabalho, a escolha de máquinas, ferramentas e outros equipamentos concebidos com o objectivo de reduzir a vibração ao nível mais baixo possível, a manutenção e conservação desses equipamentos e a vigilância de saúde adequada têm uma importância fundamental na prevenção dos riscos para a saúde dos trabalhadores.

braço e ao corpo inteiro e determina um conjunto de medidas preventivas a aplicar sempre que sejam atingidos ou ultrapassados esses valores. A Directiva n.º 2003/10/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Fevereiro, adoptou prescrições mínimas de segurança e saúde respeitantes à exposição dos trabalhadores aos riscos devidos ao ruído e foi transposta pelo decreto-lei n.º 182/2006 de 6 de Setembro.

Todos estes factores se encontram contemplados no presente diploma e em legislação específica respeitante à segurança e saúde no trabalho.

A eliminação ou a redução do ruído excessivo é uma obrigação legal muito importante para empregadores e trabalhadores, pois quanto mais seguro e saudável for o ambiente de trabalho menores serão as probabilidades de acidentes de trabalho, de absentismo elevado e de diminuição de rendimento do trabalho.

O presente diploma estabelece valores limite de exposição e valores de acção de exposição a vibrações transmitidas ao sistema mão-

A avaliação dos riscos, a adopção de medidas destinadas a prevenir ou a controlar os riscos, a informação, a formação e a participação

dos trabalhadores, o acompanhamento regular dos riscos e das medidas de controlo e a vigilância adequada da saúde têm uma importância fundamental na prevenção dos riscos para a saúde dos trabalhadores. Todos estes factores são contemplados no presente decreto-lei e em legislação específica respeitante à segurança e saúde no trabalho. O presente decreto-lei estabelece o valor limite de exposição e os valores de acção de exposição superior e inferior e determina um conjunto de medidas a aplicar sempre que sejam atingidos ou ultrapassados esses valores. Em determinadas situações de trabalho, a utilização plena e correcta de protectores auditivos individuais é susceptível de causar maiores riscos para a saúde ou segurança, pelo que a directiva permite que os Estados membros, ouvidos os parceiros sociais, derroguem a aplicação das referidas medidas. O presente decreto-lei contempla essas derrogações para as referidas situações.


! ( # , ! ) $ ( % !( ! " * % '& " '& , % + ! ( # ( " Â… " FYDMVTJWB UFDOPMPHJB EF QSPUFDmkP BOUJ CBDUFSJBOB EF .JDSPCBO, Â… &MFWBEB SFTJTUpODJB B SJTDPT DIPRVFT F JNQBDUPT Â… #BJYB FNJTTkP EF QBSUrDVMBT OB TVB QSPEVmkP

, # ! '& $ $

( ! , (-% -"+% ( , 000 ,%&",-)(" )' 1 0 0 0 ) , " ( - % ( ) $ + ) . * ( " -

(#)+' 23", ,) +" *)(-), !" /"(!

%(#) *)+-.$ & ),"(-%()$+).* ("-


ACTUAL

GUTA MOURA GUEDES

É PRECISO REVER O MOBILIÁRIO URBANO TEXTO DE SOFIA DUTRA

/// A realização da ExperimentaDesign (ED) 2009, de 9 de Setembro a 8 de Novembro, foi o pretexto para uma conversa com Guta Moura Guedes sobre o design em Portugal. A directora da bienal considera que “o design tem evoluído imenso em Portugal”, mas garante que “é altura de rever o mobiliário urbano”, centrando-o no utilizador. A autora da ED revelou ainda a perspectiva de realizar a bienal noutro continente, depois da experiência bem sucedida de Amesterdão.

Arte & Construção – O design é muitas vezes visto apenas como estética, mas é mais que isso. O que é design?

30 | Arte & Construção_Outubro/09

Guta Moura Guedes – Nós utilizamos design como um adjectivo. Quando as pessoas diziam que algo tinha muito design queriam dizer que era uma peça muito bonita, esteticamente correcta e funcional. Em 2009, o design é muito mais do que isso. Hoje é uma disciplina que deixa de estar tão associada à produção de artefactos, de bens tangíveis, como cadeiras, copos, ou mesmo de produções na área da comunicação, como o design gráfico e o design de comunicação. E passa a ser uma disciplina que se centra essencialmente na criação de soluções para problemas sejam eles quais forem. É uma metodologia, uma matriz de trabalho, que equaciona elementos muito distintos, entre a dimensão estética, funcional, ergonómica, os materiais, uma componente social, contextual, ambiental. Portanto, o design tem uma abrangência muito grande e tem como missão produzir as respostas para as várias necessidades do ser humano e para nos ajudar a ter uma vida melhor.

Como vê a situação actual do design em Portugal? O design tem evoluído imenso em Portugal não só na área mais ligada ao design industrial, mas muito na área do design de comunicação, de sistemas, de software, de vídeo e de som. Nós temos muitos bons criadores ao nível de qualquer outro país. Tínhamos eventualmente uma expectativa duma ligação à indústria que não aconteceu ainda. Poderá não vir a acontecer dentro do paradigma que tínhamos no século XX, mas há evolução muito grande. Estamos todos os anos a formar muita gente na área do design. As competências destes profissionais podem ser aplicadas em variadíssimas frentes e essencialmente disso que temos que nos ocupar. Uma das áreas em que é mais visível a ligação do design com a arquitectura é a do mobiliário urbano. Qual a sua opinião sobre o mobiliário urbana que se faz em Portugal? Acho que está numa boa altura para rever uma série de equipamentos urbanos. Rever não significa aniquilar ou fazer desaparecer uma série deles. Há uma cadeira de jardim típica portu-

guesa – a cadeira Gonçalo – que foi desenhada no século passado e é um óptimo exemplo duma belíssima cadeira no espaço urbano. Nestes últimos anos, foram criados, no entanto, alguns sistemas que são menos funcionais. Existem alguns erros de desenho na tentativa de se ter um ar mais moderno e contemporâneo. Cometem-se alguns exageros, algumas decisões menos equilibradas. Por isso, diria que existe campo para fazer uma revisão do mobiliário urbano e para que ele seja aperfeiçoado e que, essencialmente, tenha uma vertente mais centrada no utilizador. Houve uma fase em que o design se desligou muito do utilizador, o que é estranho, porque o design é feito para as pessoas. Foi uma fase em que ele foi muito dominado quer por aquilo que os designers pensavam, quer por aquilo que empresas exigiam e o mercado depois tinha que exigir. E agora estamos a atravessar uma fase em que vemos uma grande preocupação em centrar as decisões no consumidor, no que ele precisa e quer. Paralelamente, surge uma preocupação muito grande, que é inevitável, não só nesta área, nas questões ambientais (na poupança de recursos, na sustentabilidade), portanto em questões em que não se falavam há 20 anos.


ACTUAL

Qual a razão da escolha do tema “It’s about time” para a edição deste ano da ExperimentaDesign? O tema foi escolhido para a edição de 2007, ou seja, foi escolhido em 2005, mas não podia vir mais a propósito, porque nunca houve nenhuma edição que demorasse tanto tempo a fazer. Portanto, tivemos que aprender a lidar com o tempo de uma forma diferente. Há essa dimensão que o tempo é algo que nos vai restar, porque é um tema inesgotável, é uma abstracção criada pelo homem, é subjectiva, que condiciona a vida não só dos criadores mas também dos utilizadores, portanto, feznos todo o sentido pegar no tempo enquanto tema. É certo que quando voltámos a trabalhar o tema e o programa surgiu uma segunda leitura do tema “It’s about time”, que é muito a pergunta que se coloca, traduzindo para português: “é tempo de fazermos o quê?” E aí

não sendo a bienal são ou decorrentes da bienal ou preparações para a bienal ou apêndices. Portanto, toda ela se tornou um motor que gera imensa energia e oportunidades.

Passaram dez anos desde a primeira edição. Quais as principais diferenças que se encontram na ExperimentaDesign?

Não sabemos, mas estamos muito interessados na América do Sul e nas relações com o Brasil e também Luanda e com a Índia.

A bienal evoluiu imenso em termos de dimensão, de impacto e de posicionamento no circuito nacional e mundial. Houve uma evolução muito grande que excedeu as nossas expectativas. Em termos de formato da bienal não houve uma grande alteração. A estrutura que foi criada em 1999 ainda é muito a estrutura base da bienal. Há uma grande preocupação na dimensão da formação e da educação, em manter a perspectiva cultural como ponto de partida da análise daquilo que é feito na bienal. O que evoluiu foi o assumir desta nova direcção ligada a temáticas mais próximas da coesão social e os aspectos sociais que não existia tão claramente e o assumir do desejo de criarmos um lugar que ultrapasse o próprio período de existência da bienal, que são dois meses e uma semana. Como trabalhamos com design, faz-nos sentido que projectos que sejam mostrados cá possam ficar como legado para a cidade, para os cidadãos e para as empresas.

Normalmente esta é uma semana muito entusiasmante [da inauguração da ExperimentaDesign] porque está cá imensa gente, portanto, é uma altura excelente para se discutirem ideias, projectos, hipóteses para se fazerem críticas, para se testarem coisas. É uma semana onde costumamos criar uma boa parte da bienal que aí vem.

Já sabem concretamente qual vai ser o continente?

No programa da bienal, o que se destaca na área da arquitectura?

Que hipóteses é que estão a ser ponderadas?

Nós temos dois grandes conferencistas na área da arquitectura: Alejandro Aravena e Julien de Smedt. Temos também o projecto da ponte pedonal sobre a segunda circular, que é o concurso de ideias que foi lançado com a Galp. Do ponto de vista da arquitectura começámos com o Warm-Up, com o Peter Zumthor. Depois ela vai surgindo mais enquanto disciplina que se cruza com o design e com as disciplinas que a bienal traz este ano do que tendo uma exposição paradigmática sobre arquitectura. Como começámos com o Peter Zumthor, um dos maiores arquitectos do mundo, que recebeu a seguir o Pritzker, acabámos por reservar menos espaço para a arquitectura nesta edição.

Depois da experiência de Amesterdão e de termos gostado tanto de fazer a ExperimentaDesign noutra cidade, apetece-nos outro continente, porque uma das coisas mais interessantes é a diversidade cultural e o facto dos contextos influírem tanto numa bienal que vive muito agarrada o território onde acontece. Se mudarmos para outro continente mais diferenças existem, mais estimulante é o desafio, mais acrescentadora é essa diferença. Cada vez mais, a Experimenta se vai tornar algo que ultrapassa este período de dois meses e meio e passa a criar projectos e a propor projectos que

Mas é engraçado que vejo muitos arquitectos e muitos designers na bienal de artes de Veneza. Vejo mais designers aí do que vejo na bienal de arquitectura. Não posso dizer que vejo mais arquitectos, mas os mais interessantes estão seguramente na bienal de arte e já não na bienal de arquitectura, porque cada uma das disciplinas precisa deste acto de renovação, de inspiração que vem doutras áreas. E a ExperimentaDesign como cruza assumidamente muitas disciplinas acaba por funcionar como uma plataforma que serve e inspiração e de estímulo a muita gente.

No fundo, deixou de ser uma bienal… Sim, com Amesterdão e com outras alternâncias que estão a ser estudadas.

31 | Arte & Construção_Outubro/09

Penso que estamos bem, mas há espaço para fazer alterações no espaço urbano. E ao fazermos essas alterações temos que preservar a identidade de cada um dos contextos. Há muito trabalho a fazer.

surgiram temas mais ligados às questões da coesão social, questões mais políticas, de intervenção no espaço e de actuação global. Portanto, pela primeira vez na história da ExperimentaDesign temos um tema que tem duas interpretações tão distintas, mas que vão dar ao mesmo sítio.


PROJECTO

REQUALIFICAÇÃO

BAIRRO PADRE CRUZ

GANHA NOVA CARA TEXTO DE RAQUEL RIO

/// O projecto de requalificação do Bairro Padre Cruz, em Lisboa, vai custar cerca de 140 milhões de euros, estando o arranque das obras previsto para Setembro. A primeira fase da intervenção tem um custo avaliado em 10 milhões de euros, 3,5 dos quais financiados pelo QREN (Quadro Referência Estratégico Nacional).

N

esta primeira fase, o projecto prevê a requalificação de 31 fogos já existentes e localizados na zona mais nova do Bairro Padre Cruz e a construção de oito novos fogos, para acolher moradores que serão realojados no bairro depois de as suas casas serem demolidas, conforme anunciou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) António Costa, numa visita ao local.

32 | Arte & Construção_Outubro/09

Segundo a EPUL-Empresa Pública de Urbanização de Lisboa, que vai desenvolver o projecto de loteamento do bairro, este estabelece um novo conceito urbano que se traduz na consolidação do Bairro Padre Cruz enquanto zona urbana global, procurando articular e dar continuidade às suas duas grandes áreas: o “Bairro Novo” e o “Bairro da Alvenaria”.

com demolição do edificado existente realojando os residentes em construções dignas.

de forma a contemplar espaços mais aprazíveis no seu interior.

O processo de realojamento será feito de forma faseada, de modo a diminuir os impactos negativos dos realojamentos provisórios. Prevê-se ainda a criação de uma adequada rede de equipamentos e a infra-estruturação total da área de intervenção, incluindo a criação de um espaço público qualificado, dotado de espaços verdes, que proporcionem áreas de vivência comunitária e de animação social, bem como a criação de áreas de comércio local, que promovam a inerente revitalização económica e social da zona.

O projecto de loteamento desenvolvido pela EPUL prevê a construção de 24 edifícios de habitação colectiva com 3 a 5 pisos incluindo dois a três fogos por piso consoante a configu-ração do lote. A distribuição tipológica global obedece às orientações preliminares da CML nomeadamente, T1 (7%), T2 (34%), T3 (56%) e T4 (3%).

BAIRRO PROTEGIDO DO TRÁFEGO AUTOMÓVEL

A Estratégia Integrada de Qualificação do Bairro Padre Cruz, que abrange toda a área do antigo Bairro de Alvenaria, construído na década de 50, num total de 11,2 hectares, assenta em quatro eixos fundamentais: qualificação urbana e ambiental e dinamização social, económica e cultural.

Além da habitação de realojamento será criada habitação para venda a jovens, com coerência urbana e qualidade construtiva, e espaços de vivência própria dentro do bairro. A mobilidade pedonal será potenciada através de espaços de valências diversas através dos seus percursos.

O objectivo é fazer a renovação e requalificação do bairro, em termos físicos e sociais,

O interior do bairro ficará protegido do tráfego automóvel, disciplinando os acessos viários

De acordo com o conceito de urbanização, alguns destes edifícios possuem comércio no piso térreo de modo a assegurar uma vivência urbana integrada. A operação de loteamento vai ser executada por fases uma vez que actualmente toda a área está ocupada por construções de fraca qualidade construtiva e em avançado estado de degradação, sendo necessário proceder à sua demolição e ao realojamento dos respectivos residentes. No âmbito da candidatura ao QREN, as duas primeiras fases de execução objectivam a construção de 110 fogos para realojamento, uma residência sénior, um serviço de apoio domiciliário e uma creche, cujo edifício, com


PROJECTO

MEIO SÉCULO DE HISTÓRIA De acordo com a Junta de Freguesia de Carnide, o Bairro Padre Cruz, foi construído para realojar população afectada por obras de remodelação urbanística, proveniente de diversos locais da cidade, incluindo um número significativo de moradores da Quinta da Calçada, desalojados de um núcleo habitacional para dar início à construção da Cidade Universitária. Entre a primeira fase de construção, que teve início em 1959 e se denominava Zona de Lusalite, e a segunda fase, inaugurada em 1962 e que ficou conhecida por Bairro de Alvenaria, foram abrangidas 1 117 famílias. Nessa altura foi construído um conjunto de equipamentos colectivos: a Igreja, o Mercado, o Salão de Festas, a Escola Primária e a Creche. Mais tarde, nos anos noventa, ao abrigo do Plano de Intervenção a Médio Prazo (PIMP), a Zona de Lusalite foi demolida, e as famílias aí residentes foram realojadas nos novos lotes em altura entretanto construídos no local, que receberam também os desalojados de outras zonas, nomeadamente Bairro da Liberdade, Casal do Sola, Quinta José Pinto, Azinhaga dos Barros, Quinta da Macaca e Quinta dos Milagres, entre outras. Este processo só terminou em 2003. Durante estes processos foram ainda construídos dez edifícios nas Ruas Rio Sado e Guadiana. Este crescimento do Bairro Padre Cruz nos anos noventa fez com que o bairro tenha hoje mais de 2 300 fogos e mais de 8 500 habitantes. De acordo com um estudo da Gebalis, actualizado em Março de 2005, a Zona de Alvenaria do Bairro Padre Cruz engloba 916 fogos, dos quais 844 se encontram habitados e 72 fechados.

1 365 metros quadrados de implantação, inclui dois logradouros: um, privado destinado ao recreio do jardim-de-infância, e outro, público, projectado para os idosos e restante população do bairro, constituindo um lote com 2 357 metros quadrados. No seu todo, a operação prevê a construção de 980 fogos, dos quais 793 se destinam a realojamento dos actuais residentes no Bairro da Alvenaria e os restantes 125 a venda livre, especialmente a jovens com ligações familiares ao bairro.

A candidatura assentou numa parceria da Câmara de Lisboa com diferentes entidades locais e nacionais: a GEBALIS, o IHRU, a Lisboa E-Nova, o ISCTE, a Santa Casa da Misericórdia, a Junta de Freguesia de Carnide, a Associação de Moradores do Bairro Padre Cruz, o WACTWe Are Changing Together e o Corpo Nacional de Escutas Agrupamento 933.

33 | Arte & Construção_Outubro/09

O projecto de loteamento do Bairro Padre Cruz, desenvolvido pela EPUL, foi alvo de uma candidatura apresentada pela Câmara de Lisboa ao Programa Integrado de Requalificação e Inserção de Bairros Críticos do QREN – Quadro de Referência Estratégico Nacional, aprovada no dia 11 de Agosto de 2009.


OBRA

TÚNEL DO MARÃO

O MAIOR TÚNEL DA PENÍNSULA IBÉRICA TEXTO DE RAQUEL RIO

/// Com mais de 5,6 quilómetros de extensão o túnel que vai atravessar a serra do Marão, está integrado numa via que passará a ligar Amarante a Vila Real. O túnel começou a ser escavado em Junho e o empreendimento deve estar concluído em 2012.

A

Concessão Túnel do Marão foi lançada em 12 de Fevereiro de 2007 e contratada em 31 de Maio de 2008.

Representando um investimento inicial de construção de 359 milhões de euros (a que corresponde um investimento total de 456 milhões de euros durante os 30 anos de concessão), o Túnel do Marão integra a concepção, construção, exploração e conservação, de uma nova via de elevada capacidade entre Amarante e Vila Real com 30 quilómetros de extensão.

34 | Arte & Construção_Outubro/09

Atravessa os concelhos de Amarante e Vila Real, beneficiando directamente cerca de 120 000 habitantes. Ente os maiores benefícios associados ao empreendimento incluem-se: redução dos níveis de sinistralidade, contribuição para uma maior coesão territorial, criação de emprego, ligação a Vila Real (capital de distrito) e diminuição dos tempos de percursos.

Esta concessão inclui a construção de um túnel de 5,6 quilómetros, que será o maior túnel rodoviário nacional, solução encontrada para vencer a difícil topografia dos terrenos atravessados. O túnel terá duas galerias, existindo 13 interligações entre ambas, das quais oito para peões e cinco para veículos e peões. Foram considerados vários aspectos qualitativos, a saber: aspectos ambientais, contemplando as recomendações da Declaração de Impacto Ambiental (DIA), ordenamento do território através de adequadas ligações à rede viária e integração paisagística garantida através de um traçado que teve em consideração os aspectos orográficos e de ocupação desta região. O empreendimento (túnel do Marão A4/IP4 – Amarante-Vila Real terá uma extensão total de 29,3 quilómetros. Serão alargados os sublanços A4/IP4/Geraldes/Padronelo (2,5 quilómetros), A4/IP4/Padronelo/ligação ao actual

IP4 (1,4 quilómetros), que deverão ser abertos ao tráfego em 2010, e construídos integralmente os sublanços de ligação ao actual IP4/Campeã (18,6 quilómetros) e Campeã/ Parada de Cunhos (6,8 quilómetros) que podem ser utilizados a partir de 2012. BENEFICIAR 250 MIL PESSOAS Entre as principais características da rede, destacam-se, além do túnel: 13 viadutos num total de quatro quilómetros, salientando-se o viaduto sobre o vale do rio Ovelha com 815 metros e o viaduto sobre o vale do rio Marão com 915 metros; 27 passagens desniveladas; uma área de serviço localizada entre o nó de Campeã e o nó de Parada de Cunho e um centro de assistência e manutenção localizado no Nó de Campeã. A entidade adjudicatária é o consórcio Auto-Estradas do Marão, liderado pela Somague. A estrutura accionista integra a Somague Concessões S.A. (54%), MSF Concessões-



OBRA

TÚNEL DO MARÃO

SGPS, S.A. (35%), MSF Empreiteiros, S.A. (10%) e Somague Engenharia, S.A. (1%). Para além de estabelecer uma ligação mais rápida e segura ao nordeste transmontano, esta concessão, associada à Auto-Estrada (AE) Transmontana, permitirá ligar, em Auto-Estrada, o Porto à fronteira de Quintanilha e consequentemente a Espanha, servindo os distritos de Bragança e de Vila Real. Estará concluída em 2012.

36 | Arte & Construção_Outubro/09

O Túnel do Marão mobiliza 88 empresas e vai empregar 1 116 pessoas. A nível empresarial e por área de actividade, registam-se sete empresas na fase de projecto, três na fiscalização e 25 na construção. As duas empresas que constituem a concessionária contam com 44 fornecedores de obra e sete prestadores de serviços. Os mais de mil empregados distribuem-se da seguinte forma: 124 são quadros superiores, 117 são quadros médios e 875 são operários ou auxiliares de obra.

Esta via vai juntar-se à Auto-estrada Transmontana, que ligará Vila Real a Bragança, transformando-se numa alternativa ao actual Itinerário Principal 4 (IP4) onde, na última década, 24 pessoas perderam a vida, em média, por ano. Com uma extensão de 186 quilómetros (130 de nova construção), a AE Transmontana vai beneficiar os concelhos de Amarante, Vila Real, Sabrosa, Murça, Alijó, Mirandela, Macedo de Cavaleiros e Bragança, abrangendo cerca de 250 mil pessoas. O investimento total rondará os 800 milhões de euros e o prazo de conclusão da obra é Julho de 2011. A Análise Integrada dos Impactes Económicos Globais das três concessões que estão associadas – AE Transmontana, Douro Interior e Túnel do Marão – aponta para um saldo positivo de 1 471 milhões de euros. Os benefícios económicos e sociais estão estimados em 3 250 milhões de euros, enquanto os custos são de 1 779 milhões de euros. Os três empreendimentos envolvem 690 empresas, assegurando 8 000 empregos durante o ano de 2009.



REABILITAÇÃO

ANÁLISE COMPARATIVA

ESTRUTURAS METÁLICAS E DE MADEIRA NA REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS José Oliveira

joliveira@trimetrica.com.pt www.trimetrica.com.pt

Inês Rodrigues

Engenirodrigues@trimetrica.com.pt www.trimetrica.com.pt

/// Diversas vezes em reabilitação de edifícios existe necessidade de reforçar ou mesmo reconstruir integralmente os pavimentos e a respectiva estrutura de suporte. De várias soluções possíveis, a execução de lajes em betão armado revela-se em geral uma má opção; introduz cargas adicionais na estrutura existente, obrigando a intervenções de reforço “pesadas”, que conduzem ao desvirtuamento da estrutura do edifício.

A

38 | Arte & Construção_Outubro/09

s duas opções mais evidentes consistem em refazer a estrutura de suporte dos pavimentos recorrendo a vigas metálicas ou de madeira. Estas duas soluções têm vantagens importantes, nomeadamente o facto de se manter as características estruturais pré-existentes, podendo-se todavia melhorar o comportamento do edifício face a problemas específicos (resistência a acções dinâmicas, consolidação de fundações, etc.). Como é evidente a utilização de madeira será a que mais preserva as características do edifício, na medida em que o material estrutural original dos pisos é precisamente a madeira.

A metodologia consistiu em definir 1 situação hipotética, de forma a podermos ter um termo de comparação.

• Impactos ambientais – comparam-se os impactes ambientais decorrentes da utilização dos dois materiais.

Esta análise comparativa inicia com o dimensionamento das duas soluções, para o caso de estudo, obtendo-se os elementos necessários (secções de vigas, etc.) para a análise. São posteriormente abordados os seguintes aspectos:

Para o “projecto” das soluções em madeira utilizámos o Eurocódigo5, enquanto no projecto de estruturas metálicas utilizámos o Eurocódigo3. O pavimento adoptado sobre a estrutura procura ser uma solução leve mas que garante a qualidade na utilização do edifício. Para isso optou-se pela colocação de placas de pavimento VIROC® sobre as vigas, uma tela de impermeabilização, isolamento a sons

• Análise económica – comparam-se os custos relativos das intervenções.

Outra vantagem destas soluções tem a ver com a não introdução de cargas adicionais significativas, ao contrário das soluções em betão, para as quais a maioria das vezes as paredes portantes não têm resistência adequada. Fizemos um estudo comparativo das duas soluções (pavimentos com estrutura em madeira ou pavimentos com estrutura metálica), para condições idênticas, de forma a ter uma ideia das vantagens e desvantagens de cada uma das opções.

Fig.1 - Caso de estudo


REABILITAÇÃO

Fig.2 - Dimensionamento de vigas metálicas

de percussão e um material de pavimento. Caso de Estudo Os vãos desta laje são de 4,90 metros e de 2,70 metros, respectivamente o vão maior e o menor. As cargas existentes neste pavimento são as seguintes: • As cargas permanentes são as correspondentes ao peso das vigas e materiais de pavimento, desprezando-se as paredes que apoiam nos pisos, por serem em gesso cartonado. • A sobrecarga considerada foi a correspondente a um edifício de habitação, (RSA – artigo 35º) – 2,0kN/m2 O peso volúmico do aço que se considerou foi de 77,0 kN/m3 e da madeira foi 4,7 kN/ m3.

Fig.3 - Dimensionamento de vigas madeira

Utilizaram-se vigas de madeira lamelada colada de pinho nórdico, e nas vigas de aço considerou-se um S275JR. Dimensionamento das Vigas Metálicas • Vãos de 4,90 metros e de 2,70 metros: Os perfis escolhidos foram IPE120 espaçados de 0,3 metros. Este dimensionamento foi feito com recurso ao EuroCódigo 3. Os resultados obtidos são os em baixo apresentados. Dimensionamento das Vigas Madeira

O quadro-resumo deste pré-dimensionamento é o seguinte: Análise Económica • Vigas metálicas O fornecimento e montagem de estrutura

39 | Arte & Construção_Outubro/09

• Vãos de 4,90 metros e de 2,70 metros: Com recurso ao EuroCódigo 5 chegou-se à conclusão que para vencer estes vãos serão necessárias vigas com uma secção de 165mm por 90 mm espaçadas de 0,30 m.


40 | Arte & Construção_Outubro/09

REABILITAÇÃO

ANÁLISE COMPARATIVA

metálica, constituída por perfis IPE, incluindo decapagem, cortes, soldaduras e restantes trabalhos acessórios, tem um preço unitário que estimamos em cerca de 4,50€/kg.

com secção de 165x90. O que faz com que o preço total do material e da montagem da estrutura do piso em madeira seja de 6.904€, ou seja, 115 €/m2.

Para a estrutura deste piso necessitamos de 1400 kg de aço em perfis IPE 120, o que se traduz num custo total de 6300€, ou seja, 105 €/m2.

Como é possível observar a diferença de preço entre as duas soluções não é substancial, podendo inclusivamente uma solução ser mais barata ou mais cara do que outra, em função das condicionantes de mercado, na altura da execução da obra.

• Vigas madeira O vigamento em madeira lamelada colada, do tipo "Glulam", Ref.ª GL24C 165x90, com afastamento de 0,30 m incluindo todos os materiais e trabalhos preparatórios necessários, fornecimento e execução, tem um custo unitário por metro linear de 40€. São necessários 172,6 m de vigamentos

Impacto Ambiental Por ser demasiado complexo numa análise deste tipo considerar todos os impactos associados a cada tipo de construção, consultámos estudos efectuados nos EUA, onde a construção

em madeira e metálica são bastante representativas no sector da construção civil. Após esta consulta tornou-se óbvio que esta discussão não é consensual, por essa razão este exercício concentrou-se em apenas dois estudos, com pontos de vista opostos. O primeiro estudo, conduzido por Consortium for Research on Renewable Industrial Materials - CORRIM, foca a redução dos impactes ambientais através da preferência do uso da madeira na construção civil. Um dos estudos consiste na comparação de duas hipotéticas casas, uma tendo estrutura de madeira e a outra estrutura metálica. O método usado para se proceder a esta comparação é baseado no método life-cycle analysis, que compara os impactes ambientais dos materiais usados na cons-


REABILITAÇÃO

Esqueça tudo... ... o que ouviu até agora sobre bases de aplicação!

Este método consiste em quantificar os gastos de energia e de outros recursos naturais, tais como a água, a poluição inerente à produção, construção, adaptação e reciclagem durante o ciclo de vida do material de construção. Este ciclo de vida começa no momento da extracção do material ou dos seus constituintes e acaba quando este está colocado e em serviço no edifício não esquecendo os seus resíduos e posterior reciclagem do material. Os resultados da análise entre a habitação com estrutura de madeira e a habitação com estrutura metálica mostram que as estruturas metálicas gastam mais 17 por cento de energia, têm mais 26 por cento de potencial para contribuir para o aquecimento global, mais 14 por cento de emissões gasosas, gastam mais 300 por cento de água e têm aproximadamente a mesma quantidade de produção de resíduos sólidos. Com base neste estudo é possível afirmar que a madeira como material estrutural é um material amigo do ambiente e com menos impactes ambientais que o metal. O segundo estudo, realizado pelo International Iron and Steel Institute em 2004, analisou a situação económica, ambiental e social da indústria siderúrgica, através de 11 indicadores cedidos voluntariamente por 42 empresas, incluindo as 5 maiores indústrias siderúrgicas do mundo em 2003. 5 destes indicadores prendem-se com questões ambientais e são os seguintes: emissões de gases que provocam efeitos de estufa; eficiência do material; gastos de energia; reciclagem de ferro e sistemas de gestão ambiental. A primeira referência feita às questões ambientais neste estudo é a seguinte afirmação: “Todo o novo ferro produzido actualmente contém ferro reciclado, isto faz com que o ferro seja o material mais reciclado na terra”. Posteriormente são definidos os objectivos para as industrias que fazem parte deste instituto, em que um desses objectivos prende-se com o compromisso de encontrar uma solução optimizada entre a eficiência e o ambiente na produção e no uso deste material tal como com o compromisso da recuperação, reciclagem e reutilização deste.

Ao longo deste relatório são divulgados casos de indústrias que conseguiram melhorar o seu desempenho ambiental e ao mesmo tempo aumentar os lucros e a produtividade.

... E e s t a b a s e p o d e r á s e r c r i a d a p e l o pr ó pr i o t é c n i co de apl i cação co m Schlüter ®KERDI-BOARD.

Da leitura destes documentos concluímos que o material ferro, apesar de ser reciclado, apresenta uma factura energética assinalável, tanto na produção como na reciclagem. A madeira apresentará como maior problema a exploração desordenada deste recurso, como eliminação de largas áreas de floresta, esseciais no equilíbrio ecológico do planeta. Pensamos no entanto que as madeiras usadas nestas aplicações (geralmente madeiras nórdicas) provêm de países onde estes assuntos estarão devidamente salvaguardados. Não sendo fácil concluir sobre o material mais amigo do planeta, ficámos com a ideia de que a madeira apresentará menos custos ambientais. Conclusões A utilização de uma ou outra solução e reabilitação de pavimentos tem vantagens e desvantagens sob diversos pontos de vista, estrutural económico, ambiental e outras. Muitas destas desvantagens, nomeadamente o custo económico e ambiental, variam com as condições de mercado, as tecnologias de produção e reciclagem dos materiais e outras, pelo que não é possível concluir em absoluto se uma solução será melhor que a outra. Ficámos no entanto com a convicção que nas condições actuais e na reabilitação de edifícios correntes (com vãos de pavimentos enormes ou outras singularidades), a utilização de vigamentos de madeira permite preservar melhor as características do edifício, e tem um custo semelhante à utilização de perfis metálicos, e tem impactos ambientais menos significativos. Como nota final importa referir que existem diversos outros aspectos relevantes que não foram propositadamente abordados, uma vez que este artigo surge como um convite à reflexão sobre este assunto. Destacamos o problema da resistência ao fogo, a capacidade das empresas a operar no mercado em aplicar uma ou outra solução, a durabilidade dos dois materiais em função das condições locais, entre outros aspectos.

Schlüter ®- KERDI-BOARD Base de aplicação, placa de construção, impermeabilização conjunta Resistente à água e à

Quadro de corte

temperatura

impresso

Aplicável em todo tipo

Plano, indeformável

de suportes

e sem curvas

Superfície em velo para

Previne vapor

aderência da argamassa

Isola do calor

fina

Sem cimento /

Impermeabilização

sem vidro

conjunta certificada

Leve, fácil de

com abP

transportar

Sem pó e fácil de cortar

Fácil de manusear

I N O V A Ç Õ E S

E M

P E R F I S

41 | Arte & Construção_Outubro/09

trução de um edifício durante o seu ciclo de vida.

Seja em mosaico ou em tijoleira de grande formato, o que é decisivo para um acabamento cerâmico perfeito é uma base de aplicação absolutamente uniforme com cantos interiores e exteriores direitos e perpendiculares.

Schlüter-Systems KG · Schmölestrasse 7 · D-58640 Iserlohn Tel. 00 49 / 2371 / 971-261 · Fax 00 49 / 2371 / 971-112 E-mail: info@schlueter.de · Internet: www.kerdi-board.de Gabinete de Apoio ao Cliente Portugal Rua do Passadouro, 31 · 3750-458 Fermentelos Tel: 234 / 72 00 20 · Fax: 234 / 72 31 47 E-mail: info@schluter.pt · www.schluter.pt


FEIRAS

CONCRETA

REABILITAÇÃO URBANA MARCA A 24ª EDIÇÃO DA CONCRETA TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO

/// A reabilitação urbana é o tema base da próxima edição da Concreta, uma escolha que se deve ao não aproveitamento de um mercado que pode representar até 28 mil milhões de euros. O Prémio Concreta Design, o Concurso de Artes e Ofícios, e a Exposição ConcretArquitectura são os eventos paralelos que prometem dinamizar o certame.

A

24ª edição da Concreta – Feira Internacional de Construção e Obras Pública, a decorrer entre 20 e 24 de Outubro, na Exponor, Porto, terá como tema de fundo a reabilitação urbana.

42 | Arte & Construção_Outubro/09

Nesse âmbito foram organizadas as jornadas «Reabilitar. Habitar», agendadas para o segundo e terceiro dias de feira, que terão como propósito “aprofundar – da nascente até à foz – todas as particularidades deste promissor efluente da construção”, descrevem os organizadores. De acordo com a directora do certame, Joana Vila Pouca, esta escolha deve-se ao facto de, em Portugal, ainda haver “muito caminho a percorrer no domínio (é urgente a inversão do crescente movimento de degradação do parque habitacional do País), pois, segundo estimativas recentes e confluentes, o segmento pode valer cerca de 28 mil milhões de euros e não está a ser aproveitado”. “Por outro lado, a análise das associações do sector vê a reabilitação como um dos instrumentos mais eficazes no combate à actual

crise económica e na salvaguarda do emprego»”, acrescenta a responsável. Ao longo de dois dias serão abordados temos como o novo enquadramento jurídico e a actual condição da reabilitação urbana, o mercado de arrendamento imobiliário, a sustentabilidade na construção, a renovação de pontes e de outras infra-estruturas especiais, o financiamento e a fiscalidade. Entre as personalidades presentes nas jornadas, destacam-se os arquitectos Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, do gabinete japonês responsável pelo Edifício Multifuncional da Fundação de Serralves de arquitectura SANAA. LANÇADA 2ª EDIÇÃO DO PRÉMIO CONCRETA DESIGN A internacionalização da feira está, em parte, garantida pelo programa Exponor International Buyers que durante os cinco dias, trará à feira mais de 100 decisores provenientes da Rússia, China, Japão, Turquia, Cazaquistão, Letónia, Bulgária, Polónia, Líbia, Tunísia, Argélia, Angola, Moçambique, Dinamarca, Uruguai e Cabo

Verde, entre outros. Para aprofundar a oportunidade de negócio com alguns destes mercados, a Concreta promove, em conjunto com a Câmara de Comércio e Indústria Árabe-portuguesa, a conferência «Magrebe: oportunidades de construção, obras públicas e infra-estruturas» e, com Câmara de Comércio e Indústria Luso-mexicana, o seminário «México – Plano de Infra-estruturas 20072012». Com o objectivo de “incentivar o espírito de competição no melhoramento qualitativo dos produtos utilizados no sector da construção”, foi lançada a segunda edição do Prémio Concreta Design, uma iniciativa dirigida às empresas expositoras que condecora peças ou sistemas concebidos e fabricados entre 2008 e 2009 que cumpram os requisitos de inovação, originalidade, funcionalidade e qualidade estética. O Concurso de Artes e Ofícios, a Exposição ConcretArquitectura e o lançamento do livro «Reabilitar. Habitar», compõem o restante leque de actividades paralelas a conhecer na 24ª edição da Concreta.


FEIRAS

JOANA VILA POUCA RESPONDE O que distingue esta edição Concreta das anteriores? O cenário alterou-se bastante desde 2007. Ainda que lentamente, o sector esteve a recuperar até ao início do último trimestre de 2008, estimulado pelo incremento do segmento das obras públicas construção, de edifícios não habitacionais, pelas obras de reabilitação. Até ao final do primeiro trimestre deste ano, o sector sofreu fortemente com os efeitos da crise financeira internacional, que se tornou económica, registando quebras mensais homólogas que, nalguns sectores do comércio e, sobretudo, nos fabricantes. Os números relativos ao PIB do primeiro semestre, recentemente divulgados, demonstram que o Investimento em Construção registou uma queda de 14,6%, sendo que a carência de obras está a penalizar fortemente as empresas. Face a este cenário, o caminho a seguir será através do impulso e incremento das exportações e da internacionalização das empresas. Neste sentido, a Concreta é um magnífico meio, como factor de divulgação e marketing da competitividade, inovação e design e um estímulo importante no relacionamento entre a indústria, a distribuição e os consumidores. Quais as expectativas em termos de expositores e visitantes? As feiras têm de ser dinâmicas, têm de saber adaptar-se aos altos e baixos conjunturais e às necessidades da economia e, consequentemente, das empresas. Mesmo nas conjunturas mais complicadas é fundamental acompanhar as evoluções do mercado, os novos produtos e serviços, as soluções tecnológicas e desenvolvimentos ao nível de inovação. Deste modo, a Concreta pauta-se por ter que ser cada vez mais uma plataforma de networking e de afirmação e valorização de produtos e marcas. A Exponor está atenta às necessidades dos consumidores do sector da construção, em constante adaptação ao mercado, adequando deste modo o seu posicionamento. A estratégia da feira delineada, tendo em conta o cenário actual, está completamente direccionada na captação de compradores e visitantes, que alarguem o espectro de contactos e, consequentemente, a maior probabilidade de concretização de negócios.

Sobre o tema genérico da reabilitação, a Concreta desenvolveu dois projectos de carácter científico e pedagógico de elevada importância no que concerne ao sector da Construção, ou seja, um congresso e um livro. A reabilitação urbana (um nicho de negócio com um potencial de 28 mil milhões de euros em Portugal) é o mote da Concreta, que juntará na tribuna durante dois dias alguns dos protagonistas de vários segmentos e, perante meio milhar de interessados, aprofundará as particularidades deste promissor efluente da construção que é a renovação do edificado. Sobre a mesma temática, lançaremos no dia 21 de Outubro, o livro Territórios Reabilitados, publicado pela Editora Caleidoscópio, cujo tema pretende colocar a problemática da reabilitação ao centro do debate actual, com o objectivo de direccionar a atenção sobre as questões da qualidade do ambiente artificial, passando pela recuperação do espaço doméstico aos espaços de trabalho e de lazer sem esquecer a recuperação da paisagem. Para além do “EXPONOR International Buyers”, que trará à exposição mais de 100 compradores e/ou decisores internacionais de, celebrámos com a Sociedade das Feiras Internacionais de Tunes um protocolo de cooperação que permitirá à AEP - Associação Empresarial de Portugal poder vir a organizar feiras especializadas na Tunísia já em 2010, e a EXPONOR aprofunda no próximo dia 20 ainda mais as oportunidades de negócio que existem no norte de África para as empresas portuguesas da fileira da construção, através de um seminário (no Centro de Congressos), integrado nas manifestações paralelas à feira.

43 | Arte & Construção_Outubro/09

Que actividades paralelas destacaria e porquê?


VIDRO

APLICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO

LUZ E COR TEXTO DE SOFIA DUTRA

/// Material tradicional, o vidro tem diversas aplicações na indústria da construção, graças ao seu carácter multifuncional. São inúmeras as opções com que os arquitectos se têm dedicado a trabalhar e explorar o vidro enquanto suporte de transparência e leveza, produzindo fachadas e coberturas em vidro, que conjugam simultaneamente a luz natural, a intensidade da radiação solar e as exigências de

44 | Arte & Construção_Outubro/09

controlo e conforto térmico e acústico.


45 | Arte & Construção_Outubro/09

VIDRO


VIDRO

APLICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO

Hollie Barker

46 | Arte & Construção_Outubro/09

I

nicialmente, o vidro tinha como propósito filtrar a luz e proteger contra acidentes, mas com os anos e com o avanço tecnológico e de forma a responder às novas exigências do mercado o vidro tornou-se uma das grandes tendências da arquitectura e decoração. Este material é, assim, cada vez mais utilizado em diversos ambientes, possibilitando uma visão privilegiada do exterior e mantendo o contacto com a natureza, garantindo a segurança de bens e pessoas.

mésticos e instalações industriais, entre outras aplicações.

Com um uso tão diversificado graças à sua propriedade multifuncional, deve-se fazer a escolha adequada do vidro em função das necessidades do projecto. Existe no mercado um variado leque de opções com características técnicas específicas para cada uso.

Vidros temperados são vidros que são submetidos a um processo de aquecimento e arrefecimento rápido, tornando-o mais resistente à quebra por impacto. Apresenta uma resistência maior que o vidro comum.

O vidro impresso é translúcido e produzido com grande variedade de padrões, texturas, espessuras e cores, proporcionando um efeito decorativo, privacidade e conforto. É indicado para casas de banho, divisórias, fachadas, decoração em geral, bem como móveis, electrodo-

Por seu turno, os vidros reflectivos, também chamados de vidros metalizados, são vidros que recebem um tratamento, onde recebem óxidos metálicos, com a finalidade de reflectir os raios solares, reduzindo a entrada de calor, proporcionando ambientes mais confortáveis e economia de energia com aparelhos de ar condicionado.

O vidro laminado é constituído por duas chapas de vidro intercaladas por um plástico. A principal característica desse vidro é que em caso de quebra os cacos ficam presos ao plástico, reduzindo o risco de ferimento às pessoas e também o atravessamento de objectos.


VIDRO

O vidro duplo ou vidro termo-acústico tem este nome pois dependendo da sua composição, podem oferecer isolamento térmico e isolamento acústico. O isolamento térmico dá-se, pois a câmara-de-ar serve como isolante para a passagem de calor do vidro externo para o interior do ambiente. Por seu turno, o vidro duplo com cristal líquido é um vidro laminado, composto por duas chapas de vidro, incolor ou colorido, entre os quais é colocado um filme de cristais líquidos em um campo eléctrico. Quando este campo é activado, os cristais líquidos alinham-se, tornando-o um vidro transparente. Quando o campo magnético é desactivado, o vidro passa a ser translúcido, podendo ser repetida a operação

quantas vezes for desejado. NOVOS DESAFIOS Leveza, transparência e cor são algumas das características do vidro. A sua característica de transparência, empregue de forma mais evidente ou discreta, torna o vidro adequado a inúmeras utilizações e permite diversificar grandemente a estética dos edifícios. Esta qualidade essencial deixa passar o olhar e a luz através do vidro, ao mesmo tempo que separa e isola, térmica e acusticamente, os dois espaços. Vidro impresso ou translúcido, serigrafado, de cristais líquidos, ente outros. São diversas as opções com que os arquitectos se têm dedicado a trabalhar e explorar o vidro enquanto suporte de transparência e leveza, produzindo fachadas e coberturas em vidro, que conjugam simultaneamente a luz natural, a intensidade da radiação solar e as exigências de controlo e conforto térmico e acústico. Também os requisitos modernos de segurança são cada vez mais

assegurados, nomeadamente em matéria de resistência ao fogo e de protecção contra as intrusões. A tecnologia tem acompanhado os novos desafios, nomeadamente com a integração nos edifícios de vidro isolante multifuncional e de sistemas fotovoltaicos e térmicos. Hoje, todos somos testemunhas da crescente complexidade de envolvimento do vidro, a nível técnico e arquitectónico. Com o aparecimento de novas técnicas de colocação em obra, designadamente o vidro exterior agrafado e o vidro exterior colado, e o desenvolvimento de vidros modernos, como o vidro curvo laminado, as estruturas tensionadas, os perfis de vidro em U, o vidro moldado a frio, os vidros de capa de baixa emissividade e de controlo solar, este material foi conquistando novos domínios, podendo ser liso ou trabalhado, transparente ou opaco, reflectante ou colorido. Nos últimos dez anos, este material de construção transparente tem conhecido um

47 | Arte & Construção_Outubro/09

O vidro aramado é translúcido, proporcionando privacidade e estética ao seu projecto, ampliando o conceito de iluminação com segurança e requinte. Disponível nas cores azul, cinza e incolor, torna-se um aliado para os projectos criativos. Recomendado para múltiplo uso em coberturas, portas, sacadas, entre outros.


VIDRO

APLICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO

Hollie Barker

48 | Arte & Construção_Outubro/09

grande desenvolvimento a nível de utilização, nomeadamente nas funções mais estruturais (pilares, vigas, pavimentos, contraventamentos, guardas, etc.) e inovadoras (vidros de capa, curvo, vidro exterior agrafado, vidro duplo com estore incorporado, etc.). A par da utilização do vidro com objectivos estéticos, este material foi conquistando novas funções, com o intuito de responder às exigências modernas de conforto, térmico e acústico, e de segurança. Hoje, o vidro é também usado para criar ênfases simultaneamente técnicos e visuais em estruturas e interiores de edifícios. Há muito que o vidro se tornou num material de construção essencial e num componente vital para o projecto de edifícios modernos, nomeadamente fachadas, coberturas e foyers. Este material permite aos arquitectos e projectistas construir estruturas ligeiras, criar salas luminosas e estabelecer uma conexão única entre o interior do edifício e o mundo que o rodeia. Há algum tempo que o vidro também tem vindo a ser cada vez mais usado no projecto

de interiores, nomeadamente em pavimentos, paredes, escadas e mobiliário. PAINÉIS FOTOVOLTAICOS Outra aplicação crescente do vidro é em módulos fotovoltaicos. Constituindo uma parte integral do edifício, estes elementos não geram apenas energia amiga do ambiente como fornecem às fachadas um aspecto único e diferente. O pré-requisito para as aplicações diversificadas do vidro é a capacidade de inovação demonstrada por produtores e fornecedores deste material, além da dos construtores de máquinas e equipamentos. Apenas o desenvolvimento contínuo de tipos funcionais de vidro, revestimentos e técnicas de maquinaria, assim como de tecnologia de encaixes e colagem, podem acarretar novas soluções estruturais e ópticas. Entre as tendências nesta área dá-se destaque ao vidro direccionado para a luz, com autolimpeza ou regulável, cujo acréscimo de funções melhoram o portfólio de performances

do vidro e tornam a sua aparência ainda mais variável. O constante desenvolvimento destes produtos também terá uma influência decisiva na arquitectura em vidro no futuro. Segundo muitos especialistas neste material, isto também é verdade na utilização de cola para unir vidro e moldura para formar uma unidade estrutural. As juntas unidas permitem reduzir substancialmente a largura das molduras, constituindo, assim, janelas e estruturas de fachadas mais “magras”, não obstante as superfícies vitrificadas serem maiores. Esta e muitas outras tendências do sector do vidro não seriam, contudo, possíveis sem os desenvolvimentos correspondentes na tecnologia dos equipamentos. Neste sentido, a praticabilidade do acabamento de folhas de maiores formatos como vidro funcional, a produção de vidro isolante curvo e o uso de tecnologia laser de elevada precisão no acabamento de vidro são igualmente importantes. Novos sistemas de película e lâminas de vidro estão a tornar progressivamente mais fácil



VIDRO

APLICAÇÃO NA CONSTRUÇÃO

construir estruturas de vidro transparentes, auto-suportáveis e, sobretudo, de grandes dimensões. EFEITOS VISUAIS

50 | Arte & Construção_Outubro/09

Nesta área outra tendência é vidro com efeitos visuais e ópticos. O vidro pode ser colorido, modelado, utilizado como suporte para imagens, conter iluminação no seu interior, etc. A tecnologia orienta-se também para acompanhar novos desafios, designadamente através da integração nos edifícios de sistemas fotovoltaicos e térmicos. A energia solar pode ser a chave para a questão das energias renováveis e alternativas. O desafio da arquitectura contemporânea surge na forma da integração

entre a tecnologia solar e a construção, e o vidro aparece, mais uma vez, para desempenhar um papel importante: desde as formas mais simples (células solares, colectores, etc) à integração mais complexa com o edifício. A integração de células solares na mais diversificada gama de formas, cores, propriedades e qualidades entre as folhas de vidro durante o processo de laminação é um aspecto possível. O aspecto resultante varia consideravelmente, sendo a oferta alargada e permitindo a integração completa com a arquitectura. Novas tecnologias adicionais têm vindo a ser desenvolvidas, entre as quais aquelas que usam disjuntores do sol como colectores, permitindo aquecer água para a habitação. Os colectores são inseridos entre duas folhas de vi-

dro, tendo o aspecto de venezianas. O resultado é um produto que incorpora outros quatro: colector para aquecer água para sanitários e aquecimento; controlo do sol, fornecendo sol no Verão e sombra no Inverno; isolamento térmico (o sistema actua similarmente a uma folha de isolamento de três camadas); e conforto na percepção de luz do dia com 40% de visibilidade da superfície total. A tecnologia de produção e desenvolvimento do vidro tem permitido que os desafios da arquitectura sejam reproduzidos com garantia de segurança, protecção, economia de energia, controle da luz e calor solar e controle acústico, além de formas variadas, o que exige especialização profissional e profundos conhecimentos técnicos dos fabricantes, aplicadores e transformadores.


VIDRO

NORMA EUROPEIA EN 572-9:2004 TÍTULO Glass in building - Basic soda lime silicate glass products - Part 9: Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Vidro de silicato sodocálcico de base – Parte 9: Avaliação da conformidade/Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível

NORMA EUROPEIA EN 12337-2:2004 TÍTULO Glass in building - Chemically strengthened soda lime silicate glass - Part 2: Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Vidro de silicato sodocálcico temperado quimicamente – Parte 2: Avaliação da conformidade /Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível

NORMA EUROPEIA EN 1036-2:2008 TÍTULO Glass in building – Mirrors from silver-coated float glass for internal use - Part 2: Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Espelhos de vidro revestido a prata para uso interno – Parte 2: Avaliação da conformidade/Norma de produto Dipc: 2009-01-01 Dtpc: 2010-01-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível

NORMA EUROPEIA EN 13024-2:2004 TÍTULO Glass in building - Thermally toughened borosilicate safety glass - Part 2: Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Vidro de segurança borossilicatado temperado termicamente – Parte 2: Avaliação da conformidade /Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível

NORMA EUROPEIA EN 1051-2:2007 TÍTULO Glass in building - Glass blocks and glass pavers - Part 2: Evaluation of conformity/ Product standard Dipc: 2009-01-01 Dtpc: 2010-01-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA NP EN 1051-2:2008 Vidro na construção – Tijolos de vidro e blocos de vidro para pavimento – Parte 2: Avaliação da conformidade/Norma de produto

NORMA EUROPEIA EN 14178-2:2004 TÍTULO Glass in building - Basic alkaline earth silicate glass products - Part 2: Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Produtos de vidro de silicato alcalino-terroso – Parte 2: Avaliação da conformidade /Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível

NORMA EUROPEIA EN 1096-4:2004 TÍTULO Glass in building - Coated glass - Part 4: Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Vidro revestido – Parte 4: Avaliação da conformidade/Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível

NORMA EUROPEIA EN 14179-2:2005 TÍTULO Glass in building - Heat soaked thermally toughened soda lime silicate safety glass - Part 2: Evaluation of conformity/Product standard Dipc: 2006-03-01 Dtpc: 2007-03-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA EN 14179-2:2008 Vidro na construção – Vidro de segurança de silicato soda cálcico temperado termicamente e tratado heat soak – Parte 2: Avaliação da conformidade /Norma de produto

NORMA EUROPEIA EN 1279-5:2005+A1:2008 (substitui a EN 1279-5:2005) TÍTULO Glass in building – Insulating glass units – Part 5: Evaluation of conformity Dipc: 2009-09-01 Dtpc: 2010-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível NORMA EUROPEIA EN 1748-1-2:2004 TÍTULO Glass in building - Special basic products - Part 1-2: Borosilicate glass - Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Produtos de base especiais – Parte 1-2: Vidros borossilicatados. Avaliação da conformidade /Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível NORMA EUROPEIA EN 1748-2-2:2004 TÍTULO Glass in building - Special basic products - Part 2-2: Glass ceramic - Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Produtos de base especiais – Parte 2-2: Vitrocerâmico. Avaliação da conformidade /Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível NORMA EUROPEIA EN 1863-2:2004 TÍTULO Glass in building - Heat strengthened soda lime silicate glass - Part 2: Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Vidro de silicato sodocálcico termoendurecido – Parte 2: Avaliação da conformidade /Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível NORMA EUROPEIA EN 12150-2:2004 TÍTULO Glass in building - Thermally toughened soda lime silicate safety glass - Part 2: Evaluation of conformity/Product standard Vidro na construção – Vidro de segurança de silicato sodocálcico temperado termicamente – Parte 2: Avaliação da conformidade /Norma de produto Dipc: 2005-09-01 Dtpc: 2006-09-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA Não disponível

NORMA EUROPEIA EN 14321-2:2005 TÍTULO Glass in building - Thermally alkaline earth silicate safety glass - Part 2: Evaluation of conformity/Product standard Dipc: 2006-06-01 Dtpc: 2007-06-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA NP EN 14321-2:2008 Vidro na construção – Vidro de segurança de silicato alcalinoterroso temperado termicamente – Parte 2: Avaliação da conformidade /Norma de produto NORMA EUROPEIA EN 14449:2005 TÍTULO Glass in building - Laminated glass and laminated safety glass - Evaluation of conformity/Product standard Dipc: 2006-03-01 Dtpc: 2007-03-01 EN 14449:2005/AC:2005 Dipc: 2006-06-01 Dtpc: 2006-06-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA NP EN 14449:2008 Vidro na construção – Vidro laminado e vidro laminado de segurança – Avaliação da conformidade /Norma de produto NORMAS APROVADAS MAS AINDA NÃO CITADAS NO JOUE E NORMAS EM PREPARAÇÃO EN/prEN TÍTULO prEN 15681-2 Glass in building – Basic alumino silicate glass products - Part 2: Evaluation of conformity prEN 15682-2 Glass in building – Heat soaked thermally toughened alkaline earth silicate safety glass – Part 2: Evaluation of conformity prEN 15683-2 Glass in building – Thermally toughened soda lime silicate channel shaped safety glass - Part 2: Evaluation of conformity

Legenda: Dipc - data de início do período de coexistência. Dtpc - data final do período de coexistência.

51 | Arte & Construção_Outubro/09

NORMA EUROPEIA EN 1279-5:2005 (pode existir presunção da conformidade com esta EN até 2010-08-31) TÍTULO Glass in building – Insulating glass units – Part 5: Evaluation of conformity Dipc: 2006-03-01 Dtpc: 2007-03-01 Avaliação da conformidade Sistema 1 / 3 / 4 NORMA PORTUGUESA NP EN 1279-5:2006 Vidro na construção – Envidraçados isolantes prefabricados selados – Parte 5:


CONSTRUÇÃO

CONSTRUÇÃO EM TERRA

CONSTRUÇÃO EM TERRA: O PASSADO, O PRESENTE E O FUTURO F. Pacheco Torgal

Engenheiro Civil - Investigador do C-TAC (Sustainable Construction Group), Universidade do Minho

Said Jalali

Engenheiro Civil - Professor Associado com Agregação na Universidade do Minho

/// Neste artigo, os autores procuram "enfatizar" a importância da construção em terra e mostrar que "não existem quaisquer argumentos que não sejam os de ordem estrutamente cultural, que possam justificar a forma como depreciativamente olhamos para a construção em terra no nosso país".

52 | Arte & Construção_Outubro/09

A

té há bem pouco tempo, falar da construção em terra em Portugal, seria falar de uma construção utilizada num passado mais ou menos distante por franjas populacionais de fracos recursos económicos, que na impossibilidade de conseguirem adquirir materiais ditos modernos, mais não lhes restava que utilizarem aquilo que a natureza fornecia gratuitamente. Embalados por essa falaciosa convicção esquecemo-nos de procurar justificações racionais, para o facto de países financeiramente muito mais “folgados” do que nós, como a França ou a Alemanha, se terem empenhado há já algum tempo em valorizar e fomentar a construção em terra. Em boa verdade, não existem quaisquer argumentos que não sejam os de ordem estritamente cultural, que possam justificar a forma como depreciativamente olhamos para a construção em terra no nosso país. Tendo esse contexto como enquadramento e na sequência da elaboração de uma obra que aborda esta temática [1], os autores tentam neste artigo contribuir, ainda que modestamente, para enfatizar a importância da construção em terra.

ENQUADRAMENTO HISTÓRICO Não é consensual a data em que o homem começou a utilizar a terra na construção. Minke refere que deve ter sido há mais de 9 000 anos, estribando essa convicção na descoberta de habitações no actual Turquemenistão à base de blocos de terra (adobe) datadas de um período entre 8 000 a 6 000 A.C [2]. Já

Figura 1: Utilização de taipa na Grande Muralha da China [5]

Pollock afirma que a utilização da terra para construção remonta ao período de El-Obeid na Mesopotâmia (5 000 a 4 000 A.C.) [3]. Por outro lado, Berge refere que datam de 7.500 A.C os exemplares mais antigos de blocos de adobe, os quais foram descobertos na bacia do rio Tigres, pelo que na sua opinião as habitações em terra poderão ter começado a ser usadas há mais de 10 000 anos [4]. Não parece contudo ser muito relevante (no


que ao presente livro respeita), saber se a construção em terra se iniciou há mais de 9 000 ou há mais de 10 000 anos. Porém, não se estará muito longe da verdade se se admitir que a construção em terra tenha tido o seu início juntamente com o início das primeiras sociedades agrícolas num período cujos conhecimentos actuais remontam entre 12 000 a 7 000 AC. São inúmeros os casos de construções em terra, que executadas há alguns milhares de anos atrás conseguiram chegar ao séc.XXI. O Templo de Ramsés II em Gourna, construído em adobe há 3 200 anos é um deles. Também a Grande Muralha da China, cuja construção se iniciou há aproximadamente 3 000 anos apresenta troços bastante extensos construídos em taipa (Figura 1). Importa também ter presente que muitos troços que inicialmente foram construídos em taipa só mais tarde foram revestidos com alvenaria de pedra.

Figura 2: Manuscrito com pormenores da construção em taipa [5]

Existem indícios relativos à utilização da construção em terra, pelos fenícios pela bacia do Mediterrâneo incluindo Cartago em 814 A.C [5]. Jaquin refere descrições de Plínio o

Velho, sobre a construção de torres de terra levadas a cabo pelos exércitos do General Cartaginês Aníbal durante a invasão da Ibéria em 218 A.C. No Japão, o Templo de Horyuji possui paredes de taipa construídas há 1 300 anos atrás. Na região dos Himalaias existem construções em taipa construídas no Séc. XII, há aproximadamente 800 anos atrás. Foi também por essa altura que se iniciaram as invasões árabes ao Norte de África e à Península Ibérica, onde aqueles deixaram vestígios de construções de taipa. Jaquin reproduz um manuscrito indo-muçulmano de idade indefinida contendo pormenores da construção em taipa (Figura 2). A pirâmide de Uxmal, no México, construída entre os séculos VI e X é um exemplo de uma mega-estrutura construída com terra. O seu centro é de terra compactada e o exterior é recoberto por pedras. A Pirâmide do Sol, também no México, em Teotihuacán, tem no seu núcleo aproximadamente dois milhões de toneladas de terra compactada. Estruturas de adobe são comuns nas construções da América Central. Entre as construções mais antigas com uso de terra, está também o Povoado de Taos, no estado do

53 | Arte & Construção_Outubro/09

CONSTRUÇÃO


CONSTRUÇÃO

CONSTRUÇÃO EM TERRA

Figura 3: Mapa-mundo - Zonas com elevada densidade de construção em terra

de arquitectura militar islâmica em taipa no nosso país, como os Castelos de Paderne e de Silves. A construção de terra em Portugal data de há várias centenas de anos. No inicio do séc.XX assistiu-se ao declínio deste tipo de construção para a construção em tijolo de barro cozido, contudo no fim do mesmo séc., é patente o inicio de um movimento edificatório no Sul de Portugal caracterizado pelo retomar de ancestrais técnicas de construção. Actualmente podem ainda observar-se em quase todo o nosso país, vários edifícios antigos, os quais ilustram as diversas técnicas tradicionais de construção em terra. Na zona abaixo do Tejo e estendendo-se até ao Algarve, podem ainda hoje encontrar-se exemplares construídos em taipa, técnica que consiste na execução de paredes auto-portantes em situ. Pinho refere que acima do Tejo há registos de edifícios com paredes de taipa em bolsas localizadas no Baixo Douro, na zona de Aveiro-Mira, no Vale do Tejo e ainda na zona da raia junto a Castelo Branco [8]. Já quanto aos edifícios de paredes feitas com recurso a blocos de terra (adobe), estes localizam-se numa faixa mais ou menos rectangular que se estende de Sul para Norte e abarca vários distritos a saber, Setúbal, Évora, Portalegre, Santarém, Leiria, Coimbra e Aveiro. As paredes de adobe seguiam as regras para as alvenarias de tijolo de barro cozido, com a ressalva de serem utilizadas em “construções pobres” [8]. Edifícios com paredes constituídas por um engradado de madeira e preenchidas por terra (tabique), podem ainda hoje em dia ser encontrados na zona das Beiras (Baixa e Alta), Trás-os Montes e entre Douro e Minho. PANORAMA ACTUAL

Figura 4: Mapa-mundo - Precipitação e temperatura médias anuais

54 | Arte & Construção_Outubro/09

Novo México, que foi erguido entre 1 000 e 1 500 D.C, com paredes de argila seca ao sol e reforçada com fibras vegetais. Existe uma cidade histórica hoje ainda habitada, a cidade de Shibam do Iémen, que teve origem no século III, embora os edifícios que persistiram até aos nossos dia sejam na sua maioria do século XVI. A cidade é composta por edifícios os quais possuem entre 5 a 11 andares [6], havendo inclusive um

minarete que tem 38 m de altura. Estes, são construídos com paredes exteriores em adobe cuja espessura se estreita gradualmente nos andares superiores para aligeirar o seu peso e melhorar a estabilidade. Na Península Ibérica, a construção em terra terá surgido por influência de diversos povos como os Fenícios, Cartagineses, Romanos ou Muçulmanos. Tendo sido maior a influência por parte dos últimos que foram os que mais divulgaram este tipo de construção [7]. Existem ainda alguns exemplos

Vários autores [9-11] referem que quase 50% da população mundial vive em habitações feitas com terra, qualquer coisa como 3 000 milhões de indivíduos (Figura 3). Contudo o facto dessas referências estarem cronologicamente desfasadas entre si de quase três décadas, não permite no entanto perceber de que forma é que essa percentagem se alterou nesse espaço de tempo. Sendo que no mesmo período a população mundial passou de 3,7 mil milhões para 6 500 milhões de indivíduos e as projecções existentes apontam para que nas próximas 3 décadas, esse valor possa chegar a 9 000 milhões. Cruzando a localização das zonas com maior densidade de construção em terra, com a informação relativa aos valores da precipitação e temperatura


:MEDCDG Ä ;:>G6 >CI:GC68>DC6A 9D EDGID " ))*%"+&, A:v6 96 E6AB:>G6 I:A#/ -%- (% &) %% q ;6M/ ''. .-& )-' q >C;D5:MEDCDG#EI q LLL#:MEDCDG#EI

A>H7D6/ >C;D#A>H7D65:MEDCDG#EI B;?H?70 >C;D#A:>G>65:MEDCDG#EI 6A<6GK:/ I>6<D#;:GG:>G65:MEDCDG#EI


CONSTRUÇÃO

CONSTRUÇÃO EM TERRA

da construção em terra. A título de exemplo no Estados Unidos, os alunos do Departamento de Arquitectura e Planeamento da Universidade do Utah, projectam e constroem todos os anos gratuitamente no âmbito do programa Design Build Bluff, habitações de cariz marcadamente sustentável para os membros Tribo Navajo. Também nos Estados Unidos, na Escola de Arquitectura de Austin, Universidade do Texas, um grupo de 12 estudantes projectou e construiu um banco de jardim em taipa (base e topos em betão), sendo esse um trabalho inserido na Disciplina / Workshop “Advanced Architectural Studio” (Figura 5).

Figura 5:Construção de banco de jardim em taipa na Universidade do Texas

56 | Arte & Construção_Outubro/09

médias anuais a nível mundial (Figura 4), não se pode afirmar que exista uma relação óbvia e directa entre ambas. Na verdade, é possível encontrar construção em terra onde a temperatura não é muito elevada como por exemplo na Europa ou na Ásia. O mesmo se podendo dizer relativamente à precipitação, sendo clara a existência de construções em terra em zonas de elevada pluviosidade, como é caso da América do Sul ou mesmo do Reino Unido, onde alguns autores referem que existem 500 000 fogos habitados de construção em terra [12]. Aliás, tanto o Reino Unido como a Alemanha ou a França, são alguns exemplos a nível Europeu onde desde há já algumas décadas que a construção em terra, começou a ser encarada como uma alternativa bastante credível à construção corrente, à base de alvenaria de pedra ou de tijolo cozido. Também nos Estados Unidos, Brasil e Austrália se tem assistido a um crescimento bastante significativo deste tipo de construção, fundamentalmente devido à actualidade da temática do desenvolvimento sustentável, do qual a mesma é parte indissociável. Na França o Grupo CRATerre, um

Laboratório de investigação ligado à Escola de Arquitectura de Grenoble e constituído em 1979, adquiriu a partir de 1986 uma dimensão institucional com o reconhecimento do próprio Estado Francês. Tendo-se afirmado a nível internacional como uma referência incontornável em termos da construção em terra e do desenvolvimento sustentável do qual a mesma é parte indissociável. Na Alemanha existem formações vocacionais acerca da construção em terra e também cursos que conferem o título de Especialista, no entanto ao nível universitário, só três instituições oferecem cursos sobre este tema, respectivamente a Universidade de Kassel, a Universidade de Ciências Aplicadas de Potsdam e a Universidade de Weimar (Bauhaus) [13]. Alguns autores mencionam o sucesso de uma pedagogia educacional levada a cabo no CRATerre, no âmbito da construção em terra, constando de um workshop científico com mais de 150 experiências interactivas de cariz altamente intuitivo, que em apenas 4 anos já tinha sido frequentado por 11 000 visitantes [14]. Nalgumas Universidades é aliás frequente a utilização de trabalho “in situ” como uma componente indispensável da aprendizagem

São aliás, já vários os países que possuem regulamentação no âmbito da construção em terra, o que demonstra bem da forma como esses países levam a sério este tema. Infelizmente Portugal não é um deles, não sendo aliás errado pensar que essa omissão é em parte responsável pelo incipiente estado de aceitação deste tipo de construção no nosso país. Consequentemente, aos projectistas portugueses, outra solução não resta afim de poderem respeitar a segurança ás acções sísmicas do que utilizar uma estrutura sismo resistente e reservar ás alvenarias de terra uma função meramente de compartimentação. No nosso país não tem havido, infelizmente, um movimento em torno da construção em terra como uma força similar à que tem lugar nos já referidos países, este facto é tanto mais paradoxal se atendermos ás condições climatéricas favoráveis do nosso país e ao facto deste tipo de construção fazer parte do nosso património edificado. Apesar disso, deve em abono da verdade reconhecer-se que Portugal tem assistido nos últimos anos a um crescente interesse pela construção em terra. Este interesse é bem patente não só no crescente número de Teses produzidas no seio da comunidade académica, como também nas Conferências e cursos de formação que nos últimos anos tem tido lugar no nosso país. Para além daquilo que é a integração do tema da construção em terra ao nível curricular, o que tem acontecido fundamentalmente ao nível das disciplinas de Materiais de quase todos os cursos de Arquitectura, existe ainda ensino profissional neste âmbito [15], levado a cabo em diversas instituições a saber: • • • • •

Cenfic; Escola-Oficina de Alcácer do Sal; Escola-Oficina de S.Luis; Escola Profissional de Serpa; Escola Profissional de Mértola;


CONSTRUÇÃO

de uma politica formativa que contemple as especificidades técnicas e cientificas desta área e permita uma generalização daquilo que já é feito actualmente em termos formativos mas agora à escala nacional. O panorama atrás referido, não é no entanto um exclusivo do nosso país, pois outros autores, referem estrangulamentos similares no desenvolvimento da construção em terra [17]:

Figura 6: Estrutura para realização de eventos com colunas de terra

• Falta de trabalhadores qualificados nas artes da construção e reconstrução de edifícios em terra; • Ausência de instituições que formem profissionais de construção em terra; • O facto da construção em terra estar associado ás camadas populacionais com menos recursos económicos; Sem que estas condições estejam cumpridas dificilmente, a população civil deixará de olhar para esta construção como sendo algo que só pode contentar aqueles que não tem recursos financeiros para terem uma habitação construída em moldes correntes.

Figura 7:Habitação unifamiliar em Odemira com paredes de taipa [16]

• Escola Profissional de Odemira A blogosfera também tem sido palco para a divulgação de algumas obras/eventos/experiências sobre a construção em terra, as quais tem permitido uma interacção directa com o público através de workshops durante a realização das mesmas, aqui se salientando o projecto “Colunas de Terra”, da Associação Barafunda na zona da Benedita (Figura 6). A dinâmica formativa à volta construção em terra e mesmo o entusiasmo com que novas gerações de audazes e desempoeirados Arquitectos encaram este tema, ainda não encontra correspondência ao nível do sector da construção civil. Ainda assim é importante não deixar de referir, que apesar de constituírem uma percentagem sem grande expressão em termos do mercado imobiliário, vão já tendo lugar várias obras de construção em terra no

Alentejo e Algarve (Figura 7), sendo que a sua incidência se faz sentir mais nas proximidades da Costa Vincentina. PERSPECTIVAS FUTURAS Caracterizada por baixos consumos de energia e de emissões de carbono, por estar associada a baixos ou quase nulos níveis de poluição e ainda por ser responsável por níveis de humidade interior benéficos em termos da saúde humana, a construção em terra possui assim vantagens competitivas face à construção corrente que lhe auguram um futuro promissor. No que ao nosso país diz respeito, o futuro da construção em terra passa em primeiro lugar, pelo reconhecimento institucional da importância deste tipo de construção, traduzido em regulamentação própria, em segundo lugar pelo fomento

[1] TORGAL, F. PACHECO; EIRES, R. JALALI, S. (2009) A Construção em Terra. Edição TecMinho, Guimarães, Portugal (em fase de edição) [2] MINKE, G. (2006) Building with Earth, Design and Technology of a Sustainable Architecture. Birkhäuser – Publishers for Architecture, Basel- Berlin-Boston. [3] POLLOCK, S. (1999) Ancient Mesopotamia, Cambridge University Press. [4] BERGE, B. (2009) The Ecology of Building Materials. 2º Edition, Architectural Press, ISBN 978-1-85617-537-1, Elsevier Science [5] JAQUIM, P.A. (2008) Analysis of Historic Rammed Earth Construction. PhD Thesis. Durham Universit, United Kingdom. [6] HELFRITZ, H. (1937) Land without Shade. Journal of the Royal Central Asian Society 24 (2): 201–16. http://en.wikipedia.org/ wiki/Tower_block#Medieval_Yemen. [7] RIBEIRO, O. (1969) Geografia e Civilização. Temas Portugueses, Colecção Espaço e Sociedade, Livros Horizonte, Lisboa, Portugal. [8] PINHO, F.F.S (2001) Paredes de Edifícios Antigos em Portugal. Edição LNEC, Conservação e Reabilitação. [9] RAEL, R. (1971) Earth Architecture. ISBN 978-1-56898-767-5, Princeton Architectural Press, New York [10] DETHIER, J. (1986) Des Architectures de Terre. In Edition de Centre Pompidou, Paris [11] EIRES, R.; JALALI, S. (2008) Inovações Cientificas de Construção em Terra Crua. Conferência Internacional - Angola: Ensino, Investigação e Desenvolvimento (EIDAO 08), Braga [12] MORTON, T. (2008) Earth Masonry – Design and Construction Guidelines. ISBN 978-1-86081-978-0. HIS BRE Press [13] SCHROEDER, H.; ROHLEN, U.; JORCHEL, S. (2008a) Education and Vocational Training in Building with Earth in Germany. 5th International Conference on Building with Earth - LEHM 2008, Weimar, Germany, pp.193-197. [14] HOUBEN, H.; DOAT, P.; FONTAINE, L.; ANGER, R.; AEDO, W.; OLAGNON, C.; DAMME, H. (2008) Builders Grains – a new Pedagogical Tool for Earth Architecture Education. 5th International Conference on Building with Earth - LEHM 2008, Weimar, Germany, pp.51-57. [15] JORGE, F.; FERNANDES, M.; CORREIA, M. (2006) Arquitectura de Terra em Portugal. 1ª Edição, Lisboa, Argumentum ISBN 972-8479-36-0. [16] PARREIRA, D.J. (2007) Analise Sismica de uma Construção em Taipa. Tese de Mestrado em Construção. Universidade Técnica de Lisboa, Instituto Superior Técnico, Portugal. [17] SHITTU, T. (2008a) Earth Construction in Nigeria: Challenges and Prospects. 5th International Conference on Building with Earth - LEHM 2008, Weimar, Germany, pp.41-47.

57 | Arte & Construção_Outubro/09

Bibliografia:


ARTE URBANA

JARDINS PORTÁTEIS JUNTO AO CAIS DAS COLUNAS

JARDINS PORTÁTEIS JUNTO AO CAIS DAS COLUNAS

/// A Praça do Comércio acolheu 45 exemplares formados por «jardins portáteis» de oliveiras concebidos pelo artista plástico Leonel Moura, adquiridos pela Câmara de Lisboa.

E

ste projecto foi apresentado pela primeira vez, há seis anos, na Bienal de Valência, em Espanha e foi comercializado pela empresa Robotarium Lda. O artista criou uma série que foi instalada em Ponte de Sôr e foi a partir desta última versão que foram realizadas pequenas adaptações que deram origem às peças que foram colocadas no Terreiro do Paço, em Lisboa.

58 | Arte & Construção_Outubro/09

DEAMBULAR COM O SEU JARDIM Trata-se de uma obra que explora de uma maneira clara o mecanismo da combinação como forma de gerar criatividade e inovação. Neste caso, juntou-se um banco, uma oliveira e umas rodas resultando num jardim que se pode deslocar conforme a vontade do utilizador servindo também para criar núcleos de conversa entre amigos, para procurar a melhor posição ou sombra, e ainda pelo simples prazer lúdico de usufruir de uma obra de arte singular. «Quis juntar um banco de jardim, uma árvore e rodas, para permitir às pessoas juntarem os bancos para conversarem ou terem mais sombra. É um jardim móvel», explicou o autor deste projecto, ideia que se relaciona com o

conceito de mobilidade. Como explica o próprio artista: «Hoje queremos coisas móveis, como os computadores portáteis». «A OBRA DE ARTE SÓ VALE POR AQUILO QUE PROVOCA NO OBSERVADOR» Estes núcleos de «jardins» são assim uma espécie de «ilhas» móveis, possuindo 45 cores diferentes. Para envolver a estrutura destes pequenos mas «robustos habitats», o criador realizou um design provocador e inovador com toda a sua exuberância do colorido. «A obra de arte só vale por aquilo que provoca no observador», refere o artista. Neste projecto, não foi inocente a escolha da oliveira, árvore que está precisamente ligada à cultura portuguesa, tema tão caro para Leonel, sobretudo nas décadas de 80 e 90, período em que se preocupou fundamentalmente com as questões e os valores portugueses. Uma vez que no passado, os ícones eram extremamente fortes, não devemos perder as nossas referências iconográficas. O ideal seria arranjar e procurar novos ícones mas não se torna fácil encontrálos, vivendo actualmente uma crise de símbolos.

A ARTE COMO FORMA DE «RESISTÊNCIA À GLOBALIZAÇÃO» As imagens criadas por Leonel manifestam uma dúvida permanente, que afinal eu e muitas pessoas também têm, que consiste em saber se os símbolos da cultura portuguesa irão sobreviver na União Europeia e às grandes mudanças que se estão a operar no mundo contemporâneo. Aliás, foi nessa altura, em 1995 que este autor fez um projecto de arte urbana «Olhar Amália Rodrigues» sob a forma de cartazes colocados temporariamente nos tapumes do Metro do Rossio. Desenvolveu um trabalho iconográfico de grande simplicidade e sobriedade formal, através de imagens extremamente sugestivas num simples e inconfundível olhar melancólico desta fadista. «Não estou só a dar um rosto para a identidade de Portugal. Através dele, estou também a tentar resistir aos ícones, imagens que me chegam de fora», refere este criador. Neste sentido, os artistas plásticos, mesmos os mais contemporâneos, com uma visão mais vanguardista no mundo das Artes, têm uma certa fascinação por figuras que se tornaram autênticos mitos. Nesta mesma linha de pensamento, Leonel expôs, em 1997, na Galeria 111 «50 Rostos para uma


ARTE URBANA

UMA FORTE INTENCIONALIDADE NAS SUAS PEÇAS No plano do conceito, a obra dos «Jardins Portáteis» integra a cha mada «arte pública» destinada, por exemplo, a introduzir «espaços verdes» em praças ou locais da cidade onde não existe vegetação, e onde a aridez impera. Os projectos e trabalhos de Arte Pública e Urbana de Leonel Moura têm todos uma característica comum no plano da intenção apesar de serem peças formalmente e de configurações inteiramente diferentes umas das outras. Pode-se definir Leonel Moura como um artista puramente conceptual. «A principal ferramenta do artista é o pensamento, não são as tintas ou os pincéis». Os seus trabalhos possuem fre-

quentemente uma forte intencionalidade, de uma grande actualidade e de uma enorme pertinência e adequação onde os projectos são inseridos e executados; havendo à partida uma mensagem deliberada dentro de uma realidade específica que quer manifestar. Neste caso, por exemplo, o artista está a apelar e a chamar a atenção para os responsáveis locais e políticos para a carência de árvores num espaço tão amplo como o do Terreiro do Paço, onde as pessoas e o público para usufruírem na sua plenitude daquela belíssima área, necessitam de sombras devido à extensa aridez ali existente. A modalidade que o artista tem em conjugar peças artísticas com a introdução de elementos naturais de vegetação e o interesse ambiental e ecológico, é uma preocupação existente neste criador que vem de longa data. Por exemplo, na construção do Monumento a Almada Negreiros, por ocasião do 1º Centenário do nascimento deste artista multifacetado, implantado na Av. Engº Duarte Pacheco, em Lisboa, esteve previsto no projecto inicial no topo da obra, a instalação de uma palmeira autêntica e verdadeira da espécie «Elaeis Guineensis», típica de São Tomé e Príncipe, fazendo todo o sentido porque Almada Negreiros era natural daquele país. Este monumento é um trabalho importante deste

artista até porque já se anuncia a vertente ligada à informática, à era do computador e à ciência que o criador trabalhou futuramente com grande intensidade através do desenvolvimento dos robots no qual se dedica actualmente. Em 1991, por altura das Festas da Cidade organizadas pela Câmara de Lisboa, Leonel Moura criou seis painéis rotativos «Prisma Vision» junto às Amoreiras, com três imagens suporte para uma aparente «Sim à Cultura e à Ecologia», três palavras, dizeres cruciais do artista, indo ao encontro do seu interesse pela Ecologia e estabelecendo uma relação estreita entre a Cultura e os Espaços Urbanos. A INTERACTIVIDADE COM O ESPECTADOR É UMA NOTA DOMINANTE Leonel Moura desenvolveu um conjunto de trabalhos de arte pública e urbana tanto em Portugal como no exterior. No ano de 1993, Leonel Moura apresentou juntamente com outros artistas plásticos portugueses importantes, alguns dos quais têm vindo a produzir uma obra relevante neste domínio da arte contemporânea, uma exposição de Ideias e Projectos de Arte Pública, que decorreu na Galeria Quadrum. Este intenso debate baseou-se em vários pon-

59 | Arte & Construção_Outubro/09

Identidade», abordando a identidade de um País através de rostos que transportam uma forte carga simbólica. A questão da identidade atravessa assim a sua produção artística. O facto do artista utilizar o azulejo como material de revestimento nos seus diversos trabalhos contemporâneos de arte urbana é também uma forma de ir buscar um material português e não tendo um significado pejorativo por ser um marco meramente decorativo fortemente regionalista.


ARTE URBANA

JARDINS PORTÁTEIS JUNTO AO CAIS DAS COLUNAS

tos essenciais e relevantes no plano teórico, sobre uma forma específica do conceito de arte pública, nomeadamente o carácter efémero e a utilização de materiais precários nas peças apresentadas e na criação de uma estreita ligação da arte urbana às problemáticas sociais e políticas actuais. A sua definição de Arte Pública, e o que nela acha interessante «prende-se com as teorias filosóficas, como a própria ideia de espaço público e de público, em que se cria uma noção de contexto e de solidariedade». O autor coloca o papel do público como figura activa, actuante e comparticipante no espaço da própria obra, ao ponto da ausência dessa interacção, a peça não poder atingir a compleição total nem alcançar o sentido completo. Isso verifica-se plenamente no exemplo da construção dos seus «Jardins Portáteis».

60 | Arte & Construção_Outubro/09

TROCOU A GALERIA PELO ESPAÇO PÚBLICO Desde os anos 70 desenvolve uma prática artística e uma reflexão teórica ligadas à arte conceptual, abordando questões como a ambiguidade do estatuto do objecto artístico ou a tensão gerada pelo confronto entre dinâmicas de homogeneização e diferenciação cultural. Tem combinado diferentes abordagens artísticas. Expõe individualmente, pela primeira vez, em 1979 e, no final dos anos 80, começou a trocar a galeria pelo espaço público. «A arte de

rua obriga o artista a assumir as suas responsabilidades sociais. Além disso, pode ser uma alternativa aos circuitos tradicionais das galerias, museus e fundações». Trabalha sempre com séries e com a contextualização do próprio trabalho. Em vários dos seus trabalhos utiliza imagens fotográficas preexistentes, dando-lhes um novo enquadramento e uma nova contextualização, associando imagens a palavras, a objectos ou a outras imagens, com inúmeras possibilidades de significado. ESTREITA LIGAÇÃO ENTRE A ARTE E A CIÊNCIA Mais recentemente o seu percurso está fortemente ligado à tecnologia, à bioarte, à inteligência artificial, com especial destaque na área da robótica, fase bem conhecida nos meios artísticos internacionais de vanguarda desde o início da década do séc. XXI devido aos seus «robots-pintores». O artista questiona-se acerca dos mecanismos do poder e legitimação da obra de arte e da própria prática da criação artística, levando-nos a interrogar os limites não apenas da arte, mas do próprio ser humano, do qual depende. Na sequência da apresentação de uma instalação «Robô Pintor» na C.G.D., em 2006, foi colocado no ano seguinte, no Museu de História Natural, em Nova Iorque, um desses robôs fazendo parte durante dez anos da sua Colecção permanente.

Este ano, Leonel Moura (n.1948) assumiu uma maior visibilidade dado que foi escolhido como um dos Embaixadores Europeus para a Criatividade e Inovação, entre outros estrangeiros, precisamente no ano em que se comemora o Ano Europeu da Criatividade e Inovação. Leonel deu de facto um forte contributo na abertura de novas perspectivas na interligação entre a arte e a ciência, posicionando Portugal como um País que se assume na fronteira da criatividade e da inovação enquanto geradoras de valor e de desenvolvimento sustentado.

Manuela Synek Historiadora de Arte



LEIS & DIREITO

DECRETO-LEI Nº 18/2008, DE 29 DE JANEIRO

NOVO CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS (IX)

TEXTO DE MICHELE BRANCO

/// Dando continuidade à análise do novo Código dos Contratos Públicos, aprovado pelo Decreto-Lei nº 18/2008, de 29 de Janeiro, passemos agora à apreciação dos preceitos respeitantes à Caução.

CAUÇÃO A caução, de acordo com o artigo 88º, tem como função garantir a celebração do contrato e o exacto e pontual cumprimento das obrigações legais e contratuais. Nem sempre se exige a prestação de caução, na verdade, só a partir dos 200.000 € é que a mesma é obrigatória.

62 | Arte & Construção_Outubro/09

No entanto, mesmo nessas situações, poderá a entidade adjudicante não exigir a prestação de caução. Com efeito, pode a mesma ser dispensada se o adjudicatário apresentar seguro da execução do contrato a celebrar, ou apresentar uma declaração de entidade bancária em que a mesma se assuma como responsável solidária do adjudicatário, pelo montante idêntico ao da caução. E nos casos em que não é exigível caução, pode a entidade adjudicante, reter 10% dos pagamentos a efectuar, para garantia do cumprimento do contrato, desde que essa possibilidade tenha sido previamente definida no caderno de encargos. Quanto ao valor da caução, a regra é a mesma corresponder a 5% do preço contratual. No entanto se o preço da proposta for anormalmente baixo, o valor da caução aumenta para 10%.

Pode ser exigida caução no caso dos contratos que não impliquem o pagamento de um preço, nesses casos o valor da caução terá como limite máximo 2% do montante correspondente à utilidade económica imediata do contrato para a entidade adjudicante. De acordo com o artigo 90º a caução tem que ser prestada no prazo de 10 dias úteis a contar da notificação da adjudicação. A caução pode ser prestada através de depósito em dinheiro, através de títulos emitidos ou garantidos pelo Estado, através de garantia bancária ou ainda, através de um seguro-caução. A não prestação da caução no prazo indicado implica a caducidade da adjudicação ao candidato seleccionado e a adjudicação ao candidato posicionado no lugar subsequente. CONTRATO Forma Em regra o contrato deve ser reduzido a escrito, podendo ser elaborado em suporte de papel ou em suporte informático desde que neste último caso, sejam apostas assinaturas electrónicas. De acordo com o previsto no artigo 284º do CCP conjugado com o artigo 133º, número 2, alínea f) - (são nulos os actos que careçam em

absoluto de forma legal) a não redução a escrito do contrato nos casos em que seja obrigatório, gera a nulidade do mesmo. Existem, porém, situações em que não é exigível a redução a escrito de um contrato e outras em que a mesma é dispensada. Assim, de acordo com o disposto no número 1 do artigo 95º não é exigível a redução do contrato a escrito nas seguintes situações: • Nos contratos de locação e de aquisição de bens móveis, ou de aquisição de serviços cujo preço contratual não exceda 10 mil euros; • Nos contratos de locação e de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços ao abrigo de um contrato público de aprovisionamento; • Nos contratos de locação e de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços, quando o fornecimento dos bens ou a prestação dos serviços ocorra no prazo máximo de 20 dias úteis a contar da data prestação da caução ou da notificação da adjudicação (nos casos em que não haja lugar à prestação de caução); • Nos contratos de locação e de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços, quando a relação contratual se esgote com o fornecimento do bem ou com a prestação do serviço; • Nos contratos de locação e de aquisição de bens móveis ou de aquisição de serviços que não estejam sujeitos a fiscalização prévia do Tribunal de Contas (em 2009


LEIS & DIREITO

entidade adjudicante, em resultado da proposta adjudicada, pela execução de todas as prestações que constituem o objecto do contrato (cfr. artigo 97º).

De acordo com o disposto no número 2 do artigo 95º pode ser dispensada a redução do contrato a escrito nas seguintes situações, devidamente fundamentadas: • Nos contratos relativos a segurança pública interna ou externa, quando assim se justifique; • Nos contratos resultantes de concursos públicos urgentes; • Nos contratos resultantes de acontecimentos imprevisíveis e urgentes que obriguem a uma actuação imediata da entidade adjudicante. Conteúdo De acordo com o disposto no artigo 96º o contrato deve conter os seguintes elementos: • Identificação das Partes (entidade adjudicante e adjudicatário); • Indicação do acto de adjudicação e do acto de aprovação da minuta do contrato; • A descrição do objecto do contrato; • O preço contratual, ou na sua impossibilidade, os elementos necessários à sua determinação; • O prazo de execução do contrato; • Os ajustamentos que eventualmente seja necessários fazer (desde que o adjudicatário tenha dado o seu acordo); • A referência à caução; • A classificação orçamental da dotação por onde será satisfeita a despesa relativa ao contrato. Para além do acima referido fazem igualmente parte do contrato: • Os suprimentos dos erros e omissões; • O Caderno de Encargos; • Os esclarecimentos e rectificações do Caderno de Encargos; • A Proposta apresentada pelo adjudicatário e esclarecimentos relativos à mesma. Preço Contratual O preço contratual é o preço a pagar pela

Minuta do Contrato (artigos 98º a 104º) Depois de prestada a caução, segue-se a fase da aprovação da minuta por parte da entidade adjudicante. Depois de aprovada, é a mesma notificada ao adjudicatário, que poderá aceitá-la ou apresentar reclamação. Os adjudicatários só podem reclamar se forem incluídas na minuta, obrigações que não existiam, ou que contrariem o que existia, ou ainda, se não tiverem aceite eventuais ajustamentos propostos pela entidade adjudicante, que agora se incluem na minuta. Se no prazo de 10 dias a contar da recepção da reclamação a entidade adjudicante nada tiver dito, presume-se que recusou a reclamação. Só não será assim no caso de a reclamação assentar na recusa de ajustamentos propostos, pois nesse caso, os ajustamentos não poderão constar da minuta do contrato. Outorga do Contrato No prazo de 30 dias, a contar da aceitação da minuta, o contrato deve ser assinado (cfr. artigo 104º). Com a assinatura do Contrato fica concluída a matéria relativa à fase de formação do contrato (Título II), dando agora início ao estudo de uma matéria mais dinâmica, a tramitação procedimental existente em cada um dos tipos de procedimentos existentes. Como já se referiu os procedimentos existentes são: • Ajuste Directo; • Concurso Público; • Concurso Limitado por prévia qualificação; • Procedimento de Negociação; • Diálogo Concorrencial. AJUSTE DIRECTO (ARTIGOS 112º A 129º) O ajuste directo é o procedimento em que a entidade adjudicante convida directamente um ou mais entidades à sua escolha a apresentar uma proposta. Neste procedimento é possível negociar aspectos da execução do contrato a celebrar. Neste procedimento existe liberdade na escolha de quem se quer contratar. No entanto, existem algumas limitações:

• Não podem ser convidadas entidades que já tenham celebrado contratos com a entidade adjudicante, com o mesmo objecto, no mesmo ano económico (ou nos dois anos económicos anteriores) e em que o preço contratual acumulado seja superior aos limiares do ajuste directo. Quer isto dizer que se a entidade adjudicante tiver convidado uma entidade para prestar um determinado serviço, só poderá voltar a convidá-la para prestar aquele mesmo serviço, no mesmo ano ou nos dois imediatamente a seguir, se o valor das duas adjudicações não ultrapassar o limiar permitido para o ajuste directo. Trata-se de uma medida para impedir o desvirtuamento das regras da contratação, pois de outro modo fraccionavam-se despesas para contornar os procedimentos mais exigentes. Há uma excepção a esta limitação, que se relaciona com os casos em que o ajuste directo é escolhido, não em função do valor, mas sim em função de critérios materiais (sobre os critérios materiais cfr. anterior edição). Nesses casos, é possível recorrer a mais do que um convite, no mesmo ano económico, à mesma entidade. No ajuste directo, o procedimento inicia-se com um convite a uma entidade, podendo a entidade adjudicante, nos termos previstos no artigo 114º, convidar mais do que uma entidade a apresentar proposta. No ajuste directo não há programa de procedimentos, sendo o mesmo substituído pelo convite. Por essa razão, de acordo com o artigo 115º, o convite deve ser elaborado nos seguintes termos: • Deve indicar a entidade adjudicante; • Deve indicar o órgão que decidiu contratar; • Deve indicar o fundamento da escolha do ajuste directo, isto é, a base legal que permitiu o recurso ao ajuste directo para aquela contratação; • Deve indicar os documentos necessários; • Deve indicar o prazo para apresentação da proposta; • Deve indicar o modo de prestação de caução, o seu valor ou as razões para a sua inexigibilidade, se for o caso.

63 | Arte & Construção_Outubro/09

só os contratos inferiores a 350 mil euros estão dispensados do Visto do Tribunal de Contas); • Quando se trate de contratos de empreitada de obras públicas de complexidade técnica muito reduzida e cujo preço contratual não exceda os 15 mil euros.


RECURSOS HUMANOS

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

EXPANSÃO INTERNACIONAL E SEUS ACTORES /// A crescente Internacionalização das PME portuguesas do sector dos Materiais de Construção tem obrigado ao recrutamento de profissionais aptos a colocar em prática o plano estratégico de exportação.

A

internacionalização indica a forma como as empresas se organizam de modo a acederem a mercados externos. É, antes de mais, uma estratégia de crescimento que deve ser perseguida por todas as empresas que estejam em condições de o fazer. A realidade portuguesa, constituída essencialmente por Pequenas e Médias Empresas PME têm assumido intenções de crescer além fronteiras. Sendo o caso mais paradigmático o mercado Angolano, tem-se assistido igualmente à planificação estratégica de entrada em nichos de mercado em países Europeus, Árabes e Asiáticos.

64 | Arte & Construção_Outubro/09

No sector dos materiais de construção tenho vindo a verificar que as PME dão cada vez maior importância à presença no mercado externo. Efectivamente, desde o sector da Cerâmica, ao dos Granitos, passando pelas soluções de Banho e de Cozinha, a estratégia de expansão internacional torna-se num ponto a tomar em linha de conta no planeamento comercial. O exemplo do crescimento sustentado de vendas no sector dos Mármores no mercado Árabe é prova disso mesmo. Contudo, a presença em feiras temáticas no estrangeiro não chega. É necessário efectuar um rigoroso estudo e análise do mercado da região, fomentar e sustentar a prospecção de clientes e criar parcerias locais. Enquanto Consultor de Recrutamento nes-

te sector, tenho tido oportunidade de identificar profissionais com experiência de desenvolvimento de negócio em mercados do Leste Europeu, Asiáticos, Árabes e Africanos. Candidatos com rede de contactos valiosos que permitem a penetração e consequente desenvolvimento de mercado. QUAL O PERFIL DESTES PROFISSIONAIS? De uma forma geral, estamos perante candidatos com elevada maturidade profissional e obviamente, experiência comprovada no desenvolvimento de negócios ao nível da prospecção e gestão de clientes em mercados externos. A já mencionada carteira de contactos no estrangeiro, ao nível das redes de Distribuição e de Revenda, de Gabinetes de Arquitectura e de Construtores, torna-se de imediato a mais valia no recrutamento destes profissionais. Efectivamente, em qualquer região, a existência de um parceiro local será a diferença entre o sucesso e o insucesso da incursão nesse país. Existem, naturalmente, pressupostos cruciais, como a disponibilidade para viajar, a fluência em mais do que uma língua, assim como a capacidade de se adaptar a diferentes realidades culturais, sabendo negociar com base nesses mesmos valores sociais. No entanto, o facto de estar afastado da empresa em Portugal, implica o desenvolvimento de um trabalho que envolve disciplina e rigor num contexto de auto-gestão e autonomia no contacto comercial.

Representando um forte investimento por parte das empresas, a internacionalização dos seus produtos têm tido retorno significativo sempre que há uma abordagem sistemática ao mercado externo. Facto apenas possível com a aposta em “Profissionais Comerciais Internacionais” que representam a projecção da marca no mercado estrangeiro.

Marco Arroz

Consultant – Manufacturing Hays


IMOBILIÁRIO

CASAS USADAS DESVALORIZAM 2,4% DESDE O INÍCIO DA CRISE Desde Setembro de 2008, altura em se despoletou a crise financeira, o Índice Confidencial Imobiliário para o Continente desvalorizou 1,8%. Esta descida é de 1% no caso da habitação nova e de 2,4% nos fogos usados. De acordo com este indicador, que afere a valorização da habitação em Portugal, a recuperação que tinha sido iniciada em Maio e Junho, depois de os meses antecedentes de 2009 exibirem variações mensais negativas, voltou a ser interrompida em Julho. Neste mês, a valorização mensal da habitação em Portugal Continental caiu 0,5%, sendo a maior quebra sentida em 2009. Os alojamentos novos estiveram sujeitos a uma desvalorização mais forte (de menos 0,7%), enquanto, nos usados, a variação mensal foi de menos 0,3% face ao mês anterior. Na Área Metropolitana de Lisboa (AML), o comportamento foi semelhante ao verificado para o total do mercado em Portugal Continental, embora o ritmo de desvalorização tenha sido menos acentuado. Assim, em Julho a desvalorização mensal da habitação na AML foi de menos 0,3%, contra os 0,6% de crescimento verificados no mês anterior. No caso dos fogos novos, esta variação mensal ficou-se pelos menos 0,2%, enquanto que nos usados, foi de menos 0,3% no mesmo mês.

CONDOMÍNIO PRIVADO SANTA CATARINA INAUGURADO

A APEMIP - Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal esteve presente no Inforeal – International Real Estate Forum, na cidade russa de São Petersburgo de 1 a 4 de Outubro. No encontro, subordinado ao tema “The Overseas Property”, apresentou uma panorâmica sobre a realidade do mercado imobiliário português. Na visita, a APEMIP assinará ainda um protocolo de parceria e cooperação com a RGR – Russian Guild of Realtors, associação homóloga da APEMIP, representada por Kanukhin Sergey, seu presidente. O acordo visa permitir às empresas associadas de ambas as instituições um intercâmbio de informações actualizadas e fidedignas sobre o estado do sector imobiliário dos dois países. Luís Carvalho Lima, presidente da APEMIP, chefia a delegação portuguesa à feira de São Petersburgo e lembra que a “presença de Portugal em encontros como o Inforeal é muito importante para o sector da construção e do imobiliário, pois projecta a nossa oferta competitiva junto de quem se mostra interessado em investir”.

O Grupo Inland inaugurou a 29 de Setembro o Condomínio Privado Santa Catarina situado num bairro histórico de Lisboa, junto ao Chiado. Trata-se de um empreendimento residencial de autor, do arquitecto João Luís Carrilho da Graça, composto por uma edição limitada de 19 residências únicas, todas diferentes entre si. Com tipologias entre o T1 (com 135 m2) e o T5 (com 436 m2), cada um dos 19 apartamentos possui pormenores exclusivos. “Este espaço dispõe de um logradouro com um amplo relvado, uma piscina exterior, sauna, uma vista rasgada sobre o vale de Santos, um estacionamento privativo com 35 lugares e dois espaços comerciais”, lê-se no comunicado de imprensa. É o primeiro projecto de reabilitação urbana do Grupo Inland, um investimento de 19 milhões de euros, numa área classificada pelo PDM como uma “Área Histórica Habitacional”. João Luís Carrilho da Graça salienta que “este projecto representa uma viagem no tempo desde a segunda metade do séc. XVIII, em que se evocou e reinventou de forma sofisticada a estrutura original, adaptando-a aos nossos dias. Ao contrário do habitual, a opção foi trabalhar sobre o que existia e não destruir. O resultado é uma intervenção contemporânea, que resolve e qualifica espaços que se apresentavam descaracterizados”.

65 | Arte & Construção_Outubro/09

APEMIP PROMOVE IMOBILIÁRIO PORTUGUÊS NA RÚSSIA


NOTÍCIAS

NO PAÍS

MÁRIO LINO DIZ QUE ALTA VELOCIDADE NÃO AGRAVARÁ DÍVIDA PÚBLICA “CERTO ALÍVIO” NO SECTOR DA CONSTRUÇÃO A análise de conjuntura da FEPICOP (Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas) de Setembro de 2009 dá conta de “um certo alívio” na situação que o sector da construção tem vivido nos últimos meses. De acordo com um inquérito realizado pela FEPICOP/EU, o indicador de confiança registou, em Agosto, uma variação homóloga trimestral de – 3%, o valor “menos negativo” desde Janeiro de 2009. Apesar disso, o número de desempregados provenientes do sector da construção e inscritos nos Centros de Emprego continua a aumentar. No final de Julho, registou-se uma variação homóloga de 77,3%, o correspondente a mais de 58 mil desempregados, refere o documento. Em termos globais, o número de desempregados inscritos nestes centros cresceu 31,6% durante o mês de Julho, abrangendo 446 291 pessoas. Os empresários do sector da construção afirmam que esta tendência irá manter-se, “continuando a apontar para que se mantenha a redução, no curto prazo, do número de trabalhadores nas suas empresas”, pode ler-se no relatório. Os cortes no pessoal devem-se, segundo os empresários, ao abrandamento do ritmo de actividade das empresas e à diminuição da carteira de encomendas medida em meses de produção assegurada. IMI PODE BAIXAR NAS NOVAS AVALIAÇÕES

A dívida pública não será agravada com o arranque do projecto de alta velocidade em Portugal, explicou ontem o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, no Fórum de Infra-Estruturas e Transportes. Mário Lino coloca de parte a possibilidade do TGV agravar a dívida pública nacional, garantindo mesmo que o projecto “contribui para combater o endividamento e não o contrário”. O governa adiantou ainda que a concretização do TGV trará ao país “benefícios financeiros, económicos e técnicos”. Acerca das vantagens do TGV, o ministro das Obras Públicas, garante que a opção de alta velocidade "vai utilizar energia eléctrica e substituir o transporte rodoviário que usa combustíveis fósseis", um dos principais fardos da nossa balança de pagamentos. "Temos parcelas maiores no endividamento que o TGV e uma delas é a energia", afirmou referindo a factura energética como uma das principais causas do endividamento do país.

66 | Arte & Construção_Outubro/09

CUSTOS DA CONSTRUÇÃO CAEM 3,1%

O Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) desce a partir de hoje em algumas regiões do país, entre as quais Lisboa e Porto, de acordo com uma portaria que define a descida dos coeficientes de localização, um dos factores de cálculo do valor patrimonial tributário. Os imóveis que, a partir de hoje, sejam avaliados pelas Finanças, poderão vir a sofrer um desagravamento fiscal quer em sede de IMT (que recai sobre a compra do prédio) quer em sede de IMI (que incide sobre a propriedade). 13% dos coeficientes de localização para efeitos de IMI foram revistos em baixa e irão ter impacto na "factura" de imposto a pagar já no próximo ano. Lisboa, Porto, Aveiro e Leiria são os distritos com o maior número de descidas. A descida dos coeficientes de localização (CL) – um dos itens que mais impacto tem no apuramento do valor patrimonial dos imóveis (VPT) - abrangeu 321 zonas de um total de 2 718 (13%). A portaria com os novos valores vai fazer com que os imóveis localizados numa daquelas mais de 321 zonas vejam a conta do IMI reduzir-se. Esta descida contempla também quem já habita nestas zonas, bastando para o efeito que peça às Finanças uma reavaliação do VPT da casa em questão. Entre os distritos que apresentam o maior número de descidas dos coeficientes de localização estão Aveiro (com 49 reduções), Lisboa (30), Leiria (27) e Porto (24).

O sector da construção registou quebras homólogas na produção, emprego e remunerações no mês de Julho, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE). Segundo o INE, a diminuição no custo de construção de casas novas foi de 3,1% face ao período homólogo de 2008. A descida dos preços dos materiais de construção justifica a queda dos custos da construção. O preço da mão-de-obra subiu, no entanto, 3,5%. O relatório do INE mostra que os custos reduziram 3,4% na construção de apartamentos e 2,7% no segmento das moradias. Em contraponto, surgem as obras de manutenção e reparação cujo custo subiu 1,8% no mês de Julho. AEROPORTO DE BEJA ATRASADO Só no final de Outubro é que deverão terminar as obras de construção do aeroporto de Beja, afirmou ontem à Lusa José Queirós, presidente da Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja (EDAB). Sem apontar nenhuma data para a abertura do aeroporto, José Queirós assegurou que já estão a proceder à instalação de alguns dos equipamentos, à qual se seguirá “uma série de testes para a certificação da infra-estrutura aeronáutica como um todo”. Representando um total de 9,5 milhões de euros, segunda fase de construção do aeroporto de Beja começou com 10 meses atraso (em Setembro 2008) e já dura há mais de seis meses do que o previsto. Nesta segunda empreitada deverão ser construídos os terminais de passageiros e de carga, assim como os edifícios de serviço, bombeiros e inactivação de explosivo.


NO PAÍS

NOTÍCIAS

PME INVESTE IV ASCENDE AOS 1000 MILHÕES DE EUROS

CUSTOS DE CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÃO NOVA DESCERAM Em Julho, o índice de custos de construção de habitação nova registou, em Portugal continental, uma descida de 3,1% face ao mesmo período de 2008, avança o Instituto Nacional de Estatística. Relativamente ao mês anterior, os custos de construção de habitação nova não chegaram a cair um ponto percentual, ficando-se pelos 0,9%. Este resultado deve-se à prestação da componente Matérias que assinalou uma variação homóloga de -10,3%. A componente Mão-de-Obra conseguiu, por sua vez, uma variação de 3,5%. Se, no entanto, estes desempenhos forem analisados tendo em conta o mês precedente (Junho) verifica-se que as componentes Materiais e Mão-de-Obra caíram 1,6% e 0,3%, respectivamente. As taxas de variação homóloga dos índices relativos a Apartamentos e a Moradias foram de -3,4% e de -2,7%, diminuindo, 0,9% relativamente aos valores observados no mês anterior. METRO DE LISBOA TERÁ MAIS 30 ESTAÇÕES

O Ministério da Economia reforçou a Linha de Crédito PME Investe IV em 600 milhões de euros, ascendendo a um total de 1000 milhões de euros. De acordo com o governo, esta medida tem como propósito “atender à ampla procura deste instrumento por aqueles segmentos de empresas, consolidando e reforçando a sua competitividade num momento em que a economia dá sinais de alguma recuperação”. Até 15 de Setembro foram aprovadas, no conjunto das linhas de crédito PME Investe, mais 42 mil operações, o correspondente a um valor superior a quatro mil milhões de euros.

PORTA65 TEM MAIS DE 2 MIL CANDIDATURAS Foram aprovadas na última fase, que decorreu em Setembro, 2 141 as candidaturas ao Programa Porta 65, de apoio ao arrendamento jovem. Segundo o Instituto de Habitação e reabilitação Urbana (IHRU), este número é de cerca de metade das mais de 4 mil candidaturas aprovadas entre Abril e Maio. A maioria das candidaturas aprovadas no mês de Setembro (1 187) é de pessoas que concorrem isoladamente, enquanto 885 são de jovens casais e 78 de jovens em coabitação. A distribuição geográfica das candidaturas aprovadas abrange 184 municípios, sendo que Lisboa é o que concentra mais casos (147), seguida do Porto (118), Vila Nova de Gaia (88) e Sintra (80). Do total de candidaturas aprovadas, 378 localizam-se em áreas especiais, sendo 17 em áreas históricas, nove em áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística e 352 em zonas que beneficiam de medidas de incentivo à recuperação acelerada de problemas de interioridade. No ano passado mais de 34 mil jovens receberam apoio ao arrendamento, num investimento de cerca de 22 milhões de euros.

O governo quer expandir a rede do Metropolitano de Lisboa nos próximos 10 anos construindo mais 30 estações e 29 km de linha, num investimento de cerca de 2,5 mil milhões de euros que conta também com a participação dos privados. Quanto à calendarização, a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, referiu que "o que existem são prazos indicativos que serão mais pormenorizados depois dos projectos de engenharia serem estudados e estarem definidos". E salientou que este é um plano de expansão do Metro de Lisboa "que, naturalmente, poderá sofrer alterações provenientes de propostas das entidades competentes, nomeadamente das autarquias, e durante o período de discussão pública, com os contributos dos participantes". De acordo com a governante, “um dos aspectos mais inovadores” previstos para a rede de metropolitano é a criação da Linha Verde Circular que implicará a reestruturação da rede. Assim, o troço da Linha Amarela entre o Campo Grande e o Rato passará a integrar a Linha Verde.

Para José Manuel Viegas estão a ser feitas estradas a mais em Portugal e "o Plano Rodoviário é claramente o menos justificável" de todos os investimentos que o governo tem em cima da mesa, disse o especialista em transportes no decorrer do Fórum Infra-estruturas e Transportes, que aconteceu no dia 16 de Setembro. “O programa rodoviário é absurdo e deve sofrer uma profunda revisão” disse o professor do Instituto Superior Técnico (IST). José Manuel Viegas, que desenvolveu um estudo tendo em vista a localização do novo aeroporto na margem sul do Tejo, afirmou que o actual modelo do concurso para o novo aeroporto de Lisboa é “opaco e ineficiente”. Para o consultor em transportes, "estamos a fazer auto-estradas para onde uma estrada bastava", além de que existem "boas soluções a curto prazo" possíveis e desenvolver com mil milhões de euros em vez de com os cinco mil milhões que estão previstos. "Não sei se este investimento dá receita. Aliás, creio que vai gerar encargo público", acrescentou.

67 | Arte & Construção_Outubro/09

PROGRAMA DE ESTRADAS É “ABSURDO”


NOTÍCIAS

NO MUNDO

MARTIFER IMPLEMENTA INSTALAÇÃO FOTOVOLTAICA DE INTEGRAÇÃO ARQUITECTÓNICA

PONTE MÓVEL DE LEIXÕES DISTINGUIDA COM O EUROPEAN STEEL DESIGN AWARDS

A Martifer Solar e a Martifer Alumínios implementaram uma instalação solar fotovoltaica de integração arquitectónica na Casa da Cultura Carlos Muñoz Ruiz, em Alcobendas, Espanha. Integrada nas clarabóias e nas fachadas, a instalação solar fotovoltaica é composta por laminados fotovoltaicos vidrovidro com uma transparência de 55% e uma distribuição de células uniforme, permitindo o aproveitamento da luz solar. Para os responsáveis da Martifer, esta obra destaca-se pelo “seu grande sentido estético e aproveitamento energético que a transformam num edifício emblemático de arquitectura sustentável”.

JOÃO SERRENHO PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO EUROPEIA DA INDÚSTRIA DE TINTAS No dia 25 de Setembro, João Serrenho, presidente do Conselho de Administração da CIN, assumiu a direcção da Confederação Europeia da Indústria de Tintas, avançou a CIN em comunicado. Incumbido de negociar com a Comissão Europeia (CE) alterações legislativas em matéria de segurança e ambiente, João Serrenho sublinhou, na cerimónia de tomada de posse, que o propósito é “promover uma maior colaboração das empresas do sector e trabalhar com a CE para resolver os problemas que estão associados à indústria das tintas", nomeadamente o que se refere a segurança, ambiente e saúde. Numa nota mais pessoal, João Serrenho considera que a sua nomeação "é importante para a indústria nacional, em geral, dada a situação periférica de Portugal". "É bom termos alguém nas confederações europeias para servir de ponte", acrescentou.

A European Convention for Construction Steelwork (ECCS) atribuiu o prémio para Portugal da European Steel Design Awards à Ponte Móvel de Leixões, uma estrutura com um vão de 92 metros e 1 300 toneladas de aço. Na cerimónia de entrega do prémio, que decorreu em Barcelona no passado dia 17 de Setembro, o júri enalteceu os pontos fortes da ponte, nomeadamente “o curto espaço de tempo de execução da obra e o rigor do projecto e da construção exigidos para a correcta movimentação do tabuleiro nas manobras de abertura e fecho da ponte”, avança o Porto de Leixões em comunicado. Esta ponte é o resultado de um trabalho desenvolvido pelo arquitecto Motta Guedes, pelo projectista de engenharia José Nunes de Almeida e pela Martifer – Construções Metalomecânicas. Representando um investimento de 12,8 milhões de euros, a Ponte Móvel de Leixões é a “quarta maior ponte basculante do mundo”.

68 | Arte & Construção_Outubro/09

LENA ACABA ESTRADA ARGELINA A estrada de 175 quilómetros que liga as cidades argelinas de Tamanrasset e In-Guezzam, cuja construção e reabilitação esteve a cabo da Lena Engenharia e Construções nos últimos 32 meses, já está aberta ao trânsito. Representando um investimento de 36 milhões de euros, esta estrada subsaariana tem, segundo a construtora, um impacto “estratégico e internacional, em particular a nível económico e social, uma vez que assegura a ligação da Argélia ao Níger onde anteriormente o transporte de mercadorias e pessoas era assegurado por pistas no deserto”.



EMPRESAS EMPRESAS

CASAS DAS HISTÓRIAS E DESENHOS DE PAULA REGO FOI UM DESAFIO PARA A CONSTRUTORA CASAIS

GRUPO DUARTE INVESTE EM REABILITAÇÃO DE EDIFÍCIOS O Grupo Duarte, construtor e promotor imobiliário sediado em Braga, investiu meio milhão de euros na criação da solução Smartbuilding, que oferece serviços desde o projecto, consultoria e fiscalização do espaço a ser intervencionado até à sua reabilitação e reconstrução. A nova marca permite ao Grupo oferecer um serviço “chave na mão”. Segundo João Duarte, CEO da empresa, a tendência explica-se pela forte procura destes serviços no mercado português e pela necessidade de acompanhar os clientes ao longo de toda a obra, recordando as 32 já realizadas. Até 2010, a empresa prevê que a nova aposta, implementada a nível nacional, adquira um peso de 5% nas receitas totais do Grupo. “Estamos confiantes no sucesso desta nova aposta e queremos, a curto prazo, ser também um player de referência na reabilitação urbana”, revela João Duarte.

70 | Arte & Construção_Outubro/09

VULCANO ATINGE 15 MILHÕES DE EUROS NO PRIMEIRO TRIMESTRE DO ANO Os “óptimos” resultados conseguidos na área solar, permitiram à Vulcano atingir, no primeiro trimestre de 2009, um volume de negócio próximo dos 15 milhões de euros, refere em comunicado a empresa especializada em soluções de água quente e energias renováveis. Embora a obrigatoriedade de instalação de colectores solares na construção e a certificação energética tenham contribuído para o bom desempenho do negócio solar, a Vulcano não deixa de referir que “elevados investimentos da marca ao longo dos últimos quatro anos” também foram fundamentais para que se alcançasse este volume de negócio. “Estes resultados são reflexo da nossa sólida aposta nas soluções solares, actualmente área estratégica de actuação prioritária para a Vulcano. As energias renováveis, nomeadamente na energia solar térmica, permite importantes benefícios ao nível de eficiência energética, poupança e preservação do meio ambiente, vectores que consideramos essenciais para a construção de um futuro mais sustentável”, sublinhou João Fernandes, director Comercial da Vulcano.

No dia 18 de Setembro foi inaugurada, em Cascais, a Casas das Histórias e Desenhos de Paula Rego, um projecto concebido pelo arquitecto Souto Moura que terá como núcleo expositivo o acervo de pinturas e gravuras da pintora e artista plástica e de Victor Willing, o marido. Construído pela Casais, este edifício com 750 metros quadrados, tem áreas de exposições permanentes e temporárias, um auditório com capacidade para 200 pessoas, um bar, uma livraria e zonas de apoio técnico e científico. Representando um investimento de quatro milhões de euros, este espaço desafiou a construtora em vários aspectos já que foi necessário “criar estruturas, poleias, para executar os trabalhos de cofragem, aplicação de aço e betonagem, associados às pirâmides, a 16 metros de altura”, explicou Andreia Brandão, directora de obra. DOW COMEMORA 30º ANIVERSÁRIO COM MAIS CAPACIDADE PRODUTIVA Foi com a conclusão de dois projectos de expansão da sua capacidade produtiva que a Dow comemorou, no dia 7 de Julho, o 30º aniversário. Representando um investimento de 65 milhões de euros, estes projectos permitiram a duplicação da capacidade produtiva de MDI em Estarreja e montar uma segunda linha de produção de styrofoam. Não foi só na capacidade produtiva que a Dow apostou. A segurança processual foi melhorada procedendo-se, entre outras medidas, ao “enclausuramento de unidades que trabalham com fosgénio, reduzindo praticamente a zero qualquer possibilidade de emissão deste químico para o ambiente”, referem os responsáveis. Na opinião de Neil Ryan, director-geral da Dou Building Solutions para a Europa. DST INSTALA PAINÉIS FOTOVOLTAICOS EM BRAGA O Grupo DST, através da DST Renováveis, vai assinar, no próximo sábado, um protocolo com a Associação Comercial de Braga (ACB), que prevê a instalação de painéis fotovoltaicos no Centro de Dinamização Empresarial de Vila Verde (CDEVV) e a facilitação e desburocratização do acesso a esta fonte de energia renovável junto dos associados. “A instalação dos painéis no CDEVV deverá estar concluída até ao final de 2009, mas a partir de dia 19 qualquer comerciante já poderá solicitar à DST Renováveis a avaliação das suas condições para uma posterior instalação de sistemas fotovoltaicos em regime chave-na-mão”, revela a construtora em comunicado. “Com esta parceria pretendemos dotar o maior número de espaços possível com sistemas fotovoltaicos, dando continuidade à nossa estratégia de promoção da sustentabilidade ambiental”, afirma José Teixeira, CEO da DST.


PAGAMENTO

IDENTIFICAÇÃO

Sim, desejo encomendar o livro Segurança Electrónica & Automação Doméstica, pelo preço de € 24,00. Nome: Morada: C. Post:

MTG - Edição e Publicidade, Lda. Praça da Concórdia, 114 2870-471 Montijo

Localidade: Tel:

Fax:

Contribuinte:

Email:

Cheque Bancário Cheque nº:

Poderá fotocopiar o boletim e enviar para a seguinte morada:

Banco:

à ordem de MTG - Edição e Publicidade, Lda.

mtg - Edição e Publicidade, Lda. Praça da Concórdia, 114 2870-471 Montijo Tel: 212 431 592 • Fax: 212 323 069 geral@mtg.pt

Vale Postal à ordem de MTG - Edição e Publicidade, Lda. Todas as encomendas serão expedidas em correio registado


AGENDA

NACIONAL

De 26 a 30 de Outubro, terá lugar a 4ª edição do Curso de Descontaminação de Solos e Águas Subterrâneas na Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, no Monte da Caparica em Almada. Coordenado pela prof.ª Graça Brito, este evento tem como propósito abordar a cada vez mais premente questão da caracterização e remediação de solos e águas subterrâneas contaminadas. Ao longo destes cinco dias, serão abordados os seguintes assuntos: os procedimentos e metodologias de investigação in situ para a avaliação da contaminação de solos e águas subterrâneas; os aspectos teóricos e práticos para amostragem de solos e águas subterrâneas; os fundamentos sobre processos geoquímicos: métodos e técnicas de análise; a estimação da dispersão de contaminantes nos solos e águas subterrâneas através de modelos estocásticos da geoestatística e modelos de fluxo; a análise de risco para e; a avaliação de tecnologias de remediação de terrenos contaminados.

OUTUBRO

CURSO DE DESCONTAMINAÇÃO DE SOLOS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

26

CURSO DE DESCONTAMINAÇÃO DE SOLOS E ÁGUAS SUBTERRÂNEAS Almada

26

GESTÃO E VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS Lisboa

28

CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA E DA QUALIDADE DO AR INTERIOR E MEDIDAS DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL Coimbra

SIRR09 – SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE REFORÇO E REABILITAÇÃO – LIGAÇÕES ESTRUTURAIS

13

SIRR09 Porto

Novembro foi, novamente, o mês escolhido para a realização do SIRR09 – Seminário Internacional de Reforço e Reabilitação – Ligações Estruturais, promovido pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, a Hilti Portugal e a Ordem dos Engenheiros (Região Norte). Será, então, no próximo dia 13 de Novembro que peritos nacionais e internacionais darão especial enfoque ao estado de desenvolvimento das ligações estruturais e suas aplicações em acções de reabilitação e reforço de estruturas. Com duas conferências de abertura e duas conferências de encerramento, o seminário, a decorrer no Auditório da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, contará com a presença de Rolf Eligehausen da Universidade de Stüttgard, o Aníbal Costa da Universidade de Aveiro, o João Appleton do Gabinete de Projecto A2P e o Jacob Kunz da Hilti Internacional.

18

REGIME JURÍDICO DA ÁGUA Lisboa

21

ÚTIL CASA Batalha

24

GESTÃO E EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO URBANO Lisboa

26

ENERGY FINANCE FÓRUM Lisboa

27

SISTEMAS AQUÍFEROS DO BAIXO TEJO Lisboa

GESTÃO E VALORIZAÇÃO DE RESÍDUOS Formação Lisboa; 26 e 27 de Outubro IFE - International Faculty for Executive; www.ife.pt

NOVEMBRO

CERTIFICAÇÃO ENERGÉTICA E DA QUALIDADE DO AR INTERIOR E MEDIDAS DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL Seminário Coimbra; 28 de Outubro APA, ADENE e Iniciativa Construção Sustentável; www.construcaosustentavel.pt

REGIME JURÍDICO DA ÁGUA Seminário Lisboa; 18 de Novembro IIR Portugal; www.iirportugal.com ÚTIL CASA Salão de electrodomésticos, cozinhas e utilidades para a casa Batalha; 21 a 29 de Novembro Exposalão; www.exposalao.pt

72 | Arte & Construção_Outubro/09

ENERGY FINANCE FÓRUM No próximo dia 26 de Novembro, o IFE – International Faculty for Executive promove a 1ª edição do Energy Finance Fórum, um evento que irá abordar “questões chave” para todos os que pretendem investir no mercado energético, asseguram os organizadores. “Como são financiados os projectos e a respectiva modelização dos financiamentos; a rentabilidade e as tarifas; o crescimento em novos mercados e as energias renováveis; quem são os agentes implicados; e as estruturas jurídicas e contratuais”, são alguns dos pontos do programa em destaque. SISTEMAS AQUÍFEROS DO BAIXO TEJO Seminário Lisboa; 27 de Novembro Associação Portuguesa dos Recursos Hídricos; www.aprh.pt

DEZEMBRO

GESTÃO E EXPLORAÇÃO DO SUBSOLO URBANO Seminário Lisboa; 24 e 25 de Novembro IIR Portugal; www.iirportugal.com


INTERNACIONAL

AGENDA

LUMINALE

ASSISES EUROPÉENNES DU PAYSAGE Estrasburgo, França

26

LAMINAÇÃO - PROCESSOS E PRODUTOS LAMINADOS E REVESTIDOS São Paulo, Brasil

27

SILUSBA Benguela, Angola

28

ECOMONDO Rimini, Itália

28

A Light+Building – Feira Internacional de Iluminação, Arquitectura e Tecnologia, a decorrer em Frankfurt entre 11 e 16 de Abril de 2010, acolhe mais uma edição da Luminale, um evento bienal que pretende encontrar e expor 100 projectos que reflictam uma inovadora forma de iluminação. A escolha dos melhores projectos obedece a dois requisitos: inteligência e eficiência. De acordo com os organizadores pretende-se “melhor luz em vez de mais luz”. As candidaturas podem ser apresentadas até dia 24 de Outubro de 2009 OUTUBRO

CONSOLDA São Paulo, Brasil

24 26

LUMINALE Candidaturas

CONSOLDA – CONGRESSO NACIONAL DE SOLDAGEM A cidade brasileira de São Paulo recebe, entre 26 e 29 de Outubro, a 35ª edição do Congresso Nacional de Soldagem (Consolda). Classificada pelos organizadores como a “maior conferência tecnocientífica do Brasil”, a Consolda tem como objectivo “exibir o estado da arte e tendências das técnicas e equipamentos relacionados com a soldagem e operações afins nos países mais avançados tecnologicamente”. Sistema de treinamento, qualificação e certificação internacional; Pesquisas em Soldagem e outros Métodos de União nos Estados Unidos da América neste Milénio; e Aumentado a Produtividade e Qualidade em Plásticos e Chapas muito finas através de processos inovativos de Micro-União, são títulos de algumas das palestras programadas para os primeiros dias de congresso.

INTERIOR LIFESTYLE Xangai, China

11

PORTUGAL EXPO Casablanca, Marrocos

19

NOVEMBRO

ASSISES EUROPÉENNES DU PAYSAGE Simpósio Estrasburgo, França; 26 a 28 de Outubro La Fédération Française du Paysage; www.assisespaysage.fr LAMINAÇÃO - PROCESSOS E PRODUTOS LAMINADOS E REVESTIDOS 46º Seminário São Paulo, Brasil; 27 a 30 de Outubro Associação Brasileira de Metalurgia e Materiais; www.abmbrasil.com.br SILUSBA Simpósio de Hidráulica e Recursos Hídricos dos PALOP Benguela, Angola; 28 a 30 de Outubro APRH, ABRH, AMCT, ACRH e OEA; http://www.aprh.pt/pdf/bol1_9silusba.pdf ECOMONDO Feira Internacional de Recuperação de Materiais e Energia e do Desenvolvimento Sustentável Rimini, Itália; 28 a 31 de Outubro Rimini Fiera; www.ecomondo.com

02

INTERIOR LIFESTYLE Feira de Artigos de Decoração e Acessórios Xangai, China; 11 a 14 de Novembro Messe Frankfurt; www.messefrankfurt.pt

Entre 19 e 22 de Novembro, a Exposalão promove a Portugal Expo – Feira de Equipamentos, Produtos e Serviços de Portugal: Construção Civil, Metalomecânica, Plásticos, Climatização, Mobiliário e Hotelaria, em Casablanca, Marrocos. Organizada em conjunto com a Agence Fórum 7, este evento define-se como uma “feira multisectorial”, cujo principal objectivo é proporcionar uma plataforma de lançamento a empresas portuguesas que queiram apostar no marcado marroquino. A Portugal Expo contará com cerca de 200 expositores e ocupará uma área de 10 mil metros quadrados. Para assegurar o sucesso deste certame, a Exposalão garante ainda uma “forte campanha de divulgação junto dos meios de comunicação marroquinos”. GLASSPEX Feira do Vidro Nova Deli, ìndia; 2 a 4 de Dezembro Messe Frankfurt; www.glasspex.com

73 | Arte & Construção_Outubro/09

PORTUGAL EXPO

DEZEMBRO

GLASSPEX Nova Deli, ìndia


NAVEGAR

HTTP://SIRAPA.APAMBIENTE.PT

|

EM PORTUGUÊS

“O SIRAPA (Sistema Integrado de Registo da Agência Portuguesa do Ambiente) está disponível através um portal da internet de acesso reservado a utilizadores representantes de Organizações ou responsáveis de Estabelecimentos/Instalações com obrigações legais no âmbito de Ambiente. Estão incluídos no universo dos utilizadores, organizações e estabelecimentos SIRAPA todos os que estavam registados nos sistemas SIRER (ex-INR) e SIPO (ex-IA). Assim, existe agora um único portal onde se deve registar e através do qual tem acesso tanto aos dados anteriormente existentes no SIRER como aos formulários do PRTR e REGGE ou o registo das ONGA do SIPO. Através do SIRAPA as entidades registadas poderão vir a submeter a informação ambiental a que estão obrigadas pela lei, efectuar pedidos de informação ou de licenciamento e consultar o estado da sua resolução ou resposta, aceder à sua informação sobre pagamentos, etc.”.

WWW.ANEFHOP.COM |

EM CASTELHANO

A Associação Nacional Espanhola de Fabricantes de Betão Preparado foi criada a 26 de Abril de 1968. “Através de profissionais qualificados, a Anefhop presta serviços de informação e assessoria gratuito aos seus membros em diversas matérias tais como qualidade na empresa, incidências durante os fornecimento, riscos laborais, aspectos legais e outros temas vários”. O site disponibiliza informação sobre a associação, publicações, serviços ao associado e pesquisa de empresas, entre outras funções.

WWW.CEVALOR.PT |

EM PORTUGUÊS

74 | Arte & Construção_Outubro/09

“O CEVALOR – Centro Tecnológico para o Aproveitamento e Valorização das Rochas Ornamentais e Industriais, é uma associação de utilidade pública, criada no âmbito do Decreto-Lei nº 249/86 de 25 de Agosto. Constitui o seu objectivo o estudo e desenvolvimento de iniciativas que permitam concretizar a ligação entre as actividades de investigação, transferência tecnológica, demonstração e prestação de serviços, ensino, formação e divulgação, no âmbito das rochas ornamentais e industriais”. O site fornece informação sobre o Centro, produtos e serviços, investigação e projectos, eventos, parcerias, formação, publicações e notícias, entre outras.

UIT PREOCUPADA COM JOVENS NA INTERNET

MAIORIA DAS EMPRESAS DOS EUA BLOQUEIA TWITTER

A União Internacional das Telecomunicações (UIT), das Nações Unidas, está preocupada com os jovens que navegam sozinhos na Internet e anunciou, a 7 de Outubro, o lançamento de recomendações para garantir uma melhor protecção das crianças online. Segundo o secretário-geral da UIT, Hamadoun Touré, “é uma das coisas mais importantes que a nossa geração deve fazer para proteger as nossas crianças". O responsável das Nações Unidas explicou que as recomendações da União Internacional das Telecomunicações podem ser consultadas na Internet e vão mudar de ano para ano, em função da rapidez com que o sector das telecomunicações se altera.

A maioria (54%) das companhias norteamericanas proibiu o acesso a redes sociais, como o Twitter, o Facebook ou o MySpace, segundo um estudo da Robert Half Technology. Só 10% dos 1 400 inquiridos admitem o acesso total a este tipo de sites durante as horas de trabalho. De acordo com a pesquisa, 19% das empresas aceita o uso de portais de relacionamento para negócios, enquanto 16% admite o uso pessoal das ferramentas. “Aceitar pode tirar a atenção dos empregados de outras prioridades, então é compreensível que se limite o uso”, afirmou o director executivo da empresa de consultoria.

CRIANÇAS SÃO MAIS PROPÍCIAS A VÍCIO DA NET De acordo com um grupo de investigadores de Taiwan, as crianças têm mais possibilidades de ficarem viciadas na Internet, uma vez que a “doença” manifesta-se sob determinadas condições de saúde mental, maioritariamente verificadas em pessoas mais novas. O estudo, realizado no Hospital Médico Universitário Kaohsiung, monitorizou a utilização da Internet de 2 300 crianças, com 11 anos, durante dois anos. De seis em seis meses, os inquiridos tinham de preencher um formulário, no qual indicavam o número de horas que passavam online. 11% das crianças apresentou uma obsessão doentia pela Internet. Em ambos os sexos, as crianças apresentavam depressão, hiperactividade, deficit de atenção, fobia social ou sentimentos de hostilidade, revelou a pesquisa.


ARTES & LEITURAS

ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO, DO URBANISMO E DA REDE NATURA 2000 “Como conciliar as exigências, muitas vezes contrapropostas, do ordenamento do território, do urbanismo e da Rede Natura 2000? Esta é a questão problemática à qual os juristas do Observatório Europeu da Rede Natura 2000 procuraram responder, através da comparação das diferentes soluções jurídicas encontradas em vários ordenamentos jurídicos europeus. Da análise comparativa das melhores práticas desenvolvidas para a protecção dos sítios da Rede Natura 2000 na Europa, com eficácia, mas sem criar obstáculos desnecessários ao desenvolvimento, resultaram conclusões e sugestões que poderão contribuir para uma maior integração entre ambiente e ordenamento do território. Por isso, a presente obra é a resposta a um desfio: o desafio do desenvolvimento territorial sustentável”. Organização: FDUC/CEDOUA Editor: Edições Almedina, S.A. Pré-Impressão| Impressão | Acabamento: G.C. – Gráfica de Coimbra, Lda. Janeiro, 2009 Depósito Legal: 286461/08

Neste título, o n.º 9 da Colecção Regulamentos, encontra-se a redacção dada pela Lei n.º 60/2007, de 4 de Setembro, ao Regime Jurídico da Urbanização e da Edificação. Este diploma, que configura a sexta alteração ao texto original contemplado no Decreto-Lei n.º 555/99, encontra-se, na presente edição, devidamente complementado pelas Portarias 216-A/2008, 216-B/2008, 216-C/2008, 216-D/2008, 216-E/2008 e 216-F/2008, de 3 de Março, e pelas Portarias 232/2008, de 11 de Março, e 349/2008, de 5 de Maio, que regulamentam: • Sistema informático para tramitação processual • Dimensionamento de áreas destinadas a espaços verdes e de utilização colectiva, infra-estruturas viárias e equipamentos • Modelos e pedidos de alvarás de licenciamento • Publicitação de pedidos e de emissão de alvarás de licenciamento • Comunicação prévia, licenciamento e autorização de operações urbanísticas • Decisão das entidades da administração central sobre operação urbanística em razão da localização Edição/reimpressão: 2009 Páginas: 176 Editor: Porto Editora ISBN: 978-972-0-01485-6 Colecção: Regulamentos

75 | Arte & Construção_Outubro/09

REGIME JURÍDICO DA URBANIZAÇÃO E DA EDIFICAÇÃO


PRODUTOS

NOVAS TINTAS AGATHA RUIZ DE LA PRADA MÁQUINAS DE LAVAR ROUPA AMIGAS DO AMBIENTE

76 | Arte & Construção_Outubro/09

A Dyrup reforçou a gama Agatha Ruiz de la Prada by Bondex com a introdução de novos produtos. À tinta plástica mate, testers e esmalte acetinado juntam-se agora a tinta efeito magnético, a tinta efeito ardósia, os stickers, os stencils e ainda uma nova palete de cores de tinta plástica mate. A nova tinta efeito magnética à base de água serve para aderir ímanes. Está disponível na cor preta em embalagens de 0.75L, mas pode ser sobreposta por qualquer tinta decorativa, podendo assim obter o efeito magnético numa parede amarela, cor-de-rosa, azul, entre outras. Por seu turno, a nova tinta efeito ardósia, de base aquosa, foi especialmente formulada para escrever com giz e apagar facilmente em superfícies interiores. Encontra-se disponível em três cores (vermelho, azul e verde) em embalagens de 0.75L. Estas duas novidades da gama podem ser conjugadas. Pode, então, conjugar os dois efeitos, tinta magnética e tinta ardósia, com o objectivo de obter na mesma superfície uma zona magnética na qual se pode desenhar com giz. A paleta de cores Agatha Ruiz de la Prada conta com a introdução de cinco novas cores (Caraíbas, Noite, Aniz, Goiaba e Papoila) disponíveis em embalagens de 2.5L e testers 50ML. O esmalte acetinado, também disponível em 14 cores, está disponível em embalagens de 0.75L.

A Samsung introduz no mercado português a nova gama de máquinas de lavar roupa. Na nova gama destacam-se a nova máquina de lavar roupa Griffin – com capacidade de 9kg e tecnologia amiga do ambiente – e a máquina de lavar e secar Heba Combo, com o sistema de ar quente ‘air refresh’. A máquina de lavar roupa Griffin tem capacidade de 9 quilogramas e classificação energética A++, oferecendo “uma redução de 20% em comparação às máquinas com classificação A”, lê-se no comunicado de imprensa. Está equipada com a tecnologia de lavagem aqua shower, que visa uma lavagem mais profunda da roupa utilizando menos água. Este modelo tem também um ‘tambor diamante’ para a protecção dos tecidos mais delicados e inclui um acabamento premium, com uma porta em aço inoxidável e um painel digital LED azul para melhorar a visibilidade da informação.

UPS MONOFÁSICA EVOLUTIVA DA EATON

PAVIMENTO FLUTUANTE À PROVA DE ÁGUA

A UPS (Uninterruptible Power Supply) foi concebida para oferecer flexibilidade e potência para protecção entre 20 a 110 servidores em ambientes SoHo e microempresas. A Pulsar MX da Eaton Corporation é adequada para redes de departamentos, servidores e estações de trabalho. Segundo o comunicado de imprensa, “a Pulsar MX diferencia-se pela sua flexibilidade em ambientes SoHo e microempresas, graças ao formato convertível que permite uma instalação optimizada em torre e em armário de 19’’ (só 3U para Pulsar MX4000 e 5000, e 16U para Pulsar MXFrame)”. O sistema Powershare permite o arranque à distância dos equipamentos ligados, arranque sequencial e, quando o modo de autonomia é activado, confere protecção para as tomadas mais críticas. O seu design integra um ecrã LCD multilingue, sinóptico e leds para ter uma visão abrangente do estado da UPS. Este ecrã permite aceder ao histórico e, em caso de avaria, emite uma mensagem de auto-diagnóstico. Os equipamentos protegidos podem ser conectados através de tomadas IEC 10 e 16 A ou em régua de bornes, sendo que a Pulsar MX pode ligar-se tanto a uma rede monofásica como trifásica. E a sua autonomia pode variar entre dez minutos a uma hora por adição de um módulo de extensão de bateria 3U.

O Aqua-Step, da Listor, é um pavimento flutuante que se adequa a espaços onde a água detêm uma forte presença, como cozinhas, casas de banho, lavandarias, e mesmo áreas comerciais como restaurantes, lojas, floristas, etc. Uma vasta gama de imagens realistas de materiais naturais (madeiras, pedras e outros) são reproduzidas em réguas e ladrilhos, resistindo a inundações, humidades, condensação e manutenções com utilização excessiva de água. O Aqua-Step tem uma “instalação fácil e rápida graças ao sistema Uniclic”, garante o comunicado de imprensa. Este produto é: 100% à prova de água; aplicável em grandes áreas (900m2) sem necessidade de perfis de dilatação; lavável sem deformação das réguas; compatível com pavimentos radiantes; amigo do ambiente (isento de formaldeído). Tem garantia 20 anos.


PRODUTOS

A nova geração de frigoríficos Fagor apresentam uma redução de peso, um menor consumo de energia e um menor impacto ambiental - cerca de 11%. Graças às novas medidas e estratégias de eco design empregues pela Fagor, o novo combi No Frost diferencia-se do anterior nas seguintes características: redução do peso em 4kg, diminuição do volume e redução considerável do consumo de electricidade; e melhoria da classe energética de A para A+ mantendo idênticos alguns parâmetros. “Deste modo, a nova geração de frigoríficos Fagor reduz o impacto ambiental em 10,9%”, lê-se no comunicado de imprensa. Uma das medidas implementadas no desenvolvimento dos novos modelos foi a redução na quantidade de material utilizado. A repartição mais eficiente do material, reforçando as zonas com maior propensão para a perda do frio, foi outra das alterações. O compressor de velocidade fixa, que existia na anterior gama, foi substituído por outro de maior eficiência e o software de controlo do equipamento foi melhorado com objectivo de gerir de maneira mais eficiente o seu consumo.

HOTPOINT-ARISTON ECOTECH Ecotech é a nova família de electrodomésticos ecosustentáveis da Hotpoint-Ariston. Estes electrodomésticos terão um “selo verde” - green dot - para que os consumidores possam reconhecer mais facilmente os produtos que garantem um impacto ambiental mínimo. Segundo o comunicado de imprensa, “com esta nova família de produtos, a Hotpoint-Ariston utiliza uma tecnologia inteligente adequada ao consumidor e amiga do ambiente, por ser orientada para a eficiência económica, bem-estar e redução de desperdício. Esta inteligência traduz-se em eco-nomia (contas mais baixas), mas também poupanças eco-lógicas (menor desperdício de electricidade, detergentes e água)”. Os primeiros produtos da família Ecotech são: máquinas de lavar aqualtis com tecnologia care; máquinas de lavar aqualtis com sistema de autodoseamento; máquinas de lavar e secar aqualtis; máquinas de lavar com programas ecológicos; máquinas de lavar loiça flexipower; frigorífico quadrio e o forno openspace.

CHARME EXTREME DA ROBBIALAC Charme Extreme é a nova tinta de interiores da Robbialac, disponível em verde lima fresh, branco purity, vermelho love, creme nature e laranja energy. Este produto traduz-se num acabamento decorativo mate e duradouro. Para quem está indeciso entre os cinco tons disponíveis, a Robbialac proporciona através do sistema de tintagem super colorizer a criação de cores exclusivas. O catálogo Charme Extreme Attraction apresenta uma colecção de contrastes que se complementam e está disponível em todas as lojas Robbialac ou no site www. robbialac.pt, que tem também um simulador de cores. “Aquosa e extra resistente”, a nova tinta junta duas características: “extremamente mate e extremamente lavável”, lê-se no comunicado de imprensa. Charme Extreme está disponível na rede integrada de 56 lojas próprias Robbialac e em cerca de 130 revendedores exclusivos da marca.

SIEMENS LANÇA NOVOS INVERSORES SOLARES inversores solares da divisão Industry Automation da Siemens. “Os novos inversores trifásicos fotovoltaicos Sinvert alcançam eficiências que podem ir até aos 98%, numa combinação masterslave de acordo com o Euro-Eta. Este desempenho assegura um aumento de produção fotovoltaica e, consequentemente um menor período de retorno do investimento (ROI)”, garante a empresa em comunicado. “Adicionalmente, os custos do sistema também podem ser reduzidos graças ao aumento da tensão de entrada (DC) de 900 para 1000 volts. Com efeito, com a possibilidade de aumento do número de módulos por string (série de módulos), reduz-se o número de strings e, consequentemente, a cablagem e número de caixas concentradoras”.

77 | Arte & Construção_Outubro/09

NOVOS FRIGORÍFICOS FAGOR REDUZEM IMPACTO AMBIENTAL


EM FOCO

UNIDADE DE TRIAGEM

AMBILEI VALORIZA

RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO TEXTO DE SOFIA DUTRA

/// Foi inaugurada a 8 de Outubro, em Leiria, a unidade de triagem e valorização de resíduos de construção e demolição da Ambilei. A cerimónia contou com a presença do Secretario de Estado da Protecção Civil, José Miguel Medeiros.

78 | Arte & Construção_Outubro/09

E

m funcionamento desde 15 de Junho, a Ambilei recebe nas suas instalações resíduos de construção e demolição (RCD) ou resíduos equiparados provenientes do sector da construção civil. “O processo inicia-se com uma inspecção visual e conferência da guia de acompanhamento dos resíduos, de modo a verificar se a sua tipologia está contemplada na licença de operação de gestão de resíduos da Ambilei”, explicou Bruno Duarte. Numa fase seguinte os resíduos são sujeitos a operação de triagem, da qual resulta a separação de resíduos de plástico, madeira, cartão, metal, vidro, refugo e inertes que são encaminhados para valorização, reciclagem ou aterro mediante o tipo resíduos. Os inertes (be-

tão, ladrilhos, tijolo e materiais cerâmicos) são reciclados na empresa, obtendo-se agregados reciclados, que podem ser utilizados na construção civil para camada de aterro ou enchimentos. “Licenciada para o tratamento de 317 000 toneladas de resíduos, a Ambilei espera no primeiro ano de actividade tratar entre 12 000 a 20 000 toneladas de resíduos”. Segundo Bruno Duarte, “até à data já foram recepcionadas 3 500 toneladas”. A unidade resulta de um investimento privado de um milhão e meio de euros. Empresa especializada na gestão de RCD, a Ambilei encontra-se licenciada para a Operação de gestão de Resíduos pela CCDRC (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento do

Centro) e conta com uma unidade de triagem e valorização de resíduos “que cumpre com os requisitos técnicos legais aplicáveis”. Entre os serviços prestados pela empresa destaca-se: triagem e valorização de RCD; britagem em obra; execução de planos de gestão de RCD; e fornecimento de agregados reciclados.


9:H><C/J;;EDGIJ<6A '%%-

Iã F7H7 FHE<?II?ED7?I

j f $ eh d fe n $[ W j h[ Y ed Y $ m m m

:MEDCDG Ä ;:>G6 >CI:GC68>DC6A 9D EDGID " ))*%"+&, A:v6 96 E6AB:>G6 I:A#/ -%- (% &) %% q ;6M/ ''. .-& )-' q >C;D5:MEDCDG#EI q LLL#:MEDCDG#EI

GZk^hiV DÒX^Va

6ed^dh

A>H7D6/ I:A#/ '&( -'+ ,(% q ;6M/ '&( -'+ ,() q >C;D#A>H7D65:MEDCDG#EI B;?H?70 I:A#/ .& ,*, -* ), q ;6M/ ')) ,+* (,) q >C;D#A:>G>65:MEDCDG#EI 6A<6GK:/ I:A#/ .& .,% -. ') q ;6M/ '-& &%* -+. q I>6<D#;:GG:>G65:MEDCDG#EI

BZY^V EVgicZgh


MERIDIAN-N A SUA VIDA MERECE UM MELHOR DESIGN A SUA CASA DE BANHO MERECE ROCA A casa de banho, diz muito sobre si. É por isso que o design é tão importante. A Roca está ciente disso, pois é a marca lider mundial em soluções para casa de banho. Trabalhamos com os melhores arquitectos e designers de modo a criar soluções para o dia a dia, proporcionando espaços que se adaptam ao seu estilo de vida. A Colecção MERIDIAN-N, é um exemplo de design que lhe oferece boas experiências na sua casa de banho.

B A R C E L O N A

L O N D O N

S Â O

P A O L O

S H A N G H A I

C A S A B L A N C A

Para conhecer as nossas Soluções de Casa de Banho solicite gratuitamente a publicação “Soluções de Banho” para: Roca, S.A. - Apartado 575 - 2416 . 905 Leiria

Nome: Rua: C.P.:

Localidade:


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.