www.arteconstrucao.com Número 240 // Ano XX // € 3,50 Continente
Fevereiro 2011
DE PROFISSIONAIS PARA PROFISSIONAIS
Com um quadro activo composto por 80 elementos, os Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, mais conhecidos por “Vermelhos”, podem agora começar a preparar-se para mudar “de casa”, após mais de dez anos de espera. O desígnio tomou forma e materializou-se na linha mestra de Siza Vieira. O primeiro quartel desenhado pelo arquitecto será inaugurado em meados deste ano.
Obra
O primeiro quartel de Siza Vieira
Entrevista
João Belo Rodeia OA prepara-se para novo mandato
Engenharia
Código dos Contratos Públicos Dois anos de polémica
Fachadas
Jardins Verticais Uma alternativa ecológica
EDITORIAL
IGUALDADE DE GÉNERO NO MOPTC O Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações está a implementar a primeira fase do Plano para a Igualdade de Género: Comunicação. Elaborado pela Equipa Interdepartamental para a Igualdade do Género (EIIGMOPTC), a primeira fase do Plano consiste, a ser desenvolvida no primeiro trimestre de 2011, na “inclusão da dimensão da Igualdade de Género na linguagem escrita e visual daqueles Serviços, e na divulgação da informação constante do Portal para a Igualdade (CIG)”, avança o site do InCI - Instituto da Construção e do imobiliário. A meta deste ponto em particular consiste em aplicar de forma progressiva a dimensão de igualdade de género nos documentos e imagens elaborados ou reeditados ao longo da vigência do plano. A segunda medida, a aplicar já no próximo inquérito à mobilidade, consiste em integrar a dimensão da igualdade de género nos inquéritos de mobilidade a desenvolver pelo ministério. A parte do 1º semestre de 2012, começa a terceira e última medida: garantir que a perspectiva de género integre os planos e relatórios de actividade, bem como os respectivos balanços sociais. As medidas serão avaliadas anualmente e espera-se delas que tenham um impacto real.
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3 | Arte & Construção__Fevereiro/11
Chantal Florentino Directora
SUMÁRIO
sumário 03
EDITORIAL
04
SUMÁRIO
06
ENTREVISTA João Belo Rodeia
12
ENGENHARIA Código dos Contratos Públicos
16 20 28
OBRA O primeiro quartel de Siza Vieira DOSSIER Coberturas: Telhas cerâmicas ARQUITECTURA Habitar, pensar, investigar, fazer
30
FACHADAS Jardins verticais: uma alternativa ecológica
49
FEIRA Ligna 2011: Fazer mais da madeira
38
CONSTRUÇÃO Materiais Biomiméticos
50
IMOBILIÁRIO
41
RECURSOS HUMANOS Como conduzir uma entrevista de emprego
51
IMOBILIÁRIO Torre Ocidente inaugurada antes do previsto
44
GABINETE JURÍDICO Países da Europa de Leste: Oportunidade para a engenharia portuguesa
52
AGENDA
54
NAVEGAR
55
ARTES&LEITURAS
46
NO PAÍS
56
PRODUTOS
47
NO MUNDO
58
48
EMPRESAS
EM FOCO Jornadas Técnicas de Impermeabilização
06
Entrevista
4 | Arte & Construção__Fevereiro/11
João Belo Rodeia
TABELA DE HONORÁRIOS, INTERNACIONALIZAÇÃO, PROXIMIDADE, REABILITAÇÃO URBANA E PROMOÇÃO DA PROFISSÃO. ESTES SÃO ALGUNS DOS CONCEITOS LIGADOS AO SEGUNDO MANDATO QUE JOÃO BELO RODEIA LIDERA À FRENTE DA ORDEM DOS ARQUITECTOS (OA) E SOBRE OS QUAIS FALOU COM A ARTE & CONSTRUÇÃO.
12 Engenharia Código dos Contratos Públicos
A ORDEM DOS ENGENHEIROS PROMOVEU, NO DIA 3 DE FEVEREIRO, A SESSÃO “CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS – EXPERIÊNCIA DE DOIS ANOS DE VIGÊNCIA”, ONDE REPRESENTANTES DO SECTOR DA CONSTRUÇÃO FIZERAM O BALANÇO DA APLICAÇÃO DE UM DOCUMENTO QUE, SEGUNDO CARLOS MINEIRO ALVES, PRESIDENTE DA REGIÃO SUL DA ORDEM DOS ENGENHEIROS, PERCEBE-SE, “PELO NÚMERO DE PESSOAS PRESENTES”, COMO É “POLÉMICO”.
SUMÁRIO
# 240
Fevereiro 2011
14 Obra O primeiro quartel de Siza Vieira
Pedra Texturas e cores variadas
Coberturas: Telhas cerâmicas
COM UM QUADRO ACTIVO COMPOSTO POR 80 ELEMENTOS, OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SANTO TIRSO, MAIS CONHECIDOS POR “VERMELHOS”, PODEM AGORA COMEÇAR A PREPARAR-SE PARA MUDAR “DE CASA”, APÓS MAIS DE DEZ ANOS DE ESPERA. O DESÍGNIO TOMOU FORMA E MATERIALIZOU-SE NA LINHA MESTRA DE SIZA VIEIRA. O PRIMEIRO QUARTEL DESENHADO PELO ARQUITECTO SERÁ INAUGURADO EM MEADOS DESTE ANO.
TEXTURA MAIS MACIA, DESIGN MELHORADO, SISTEMA DE ENCAIXE MAIS RIGOROSO E MÚLTIPLA FUNCIONALIDADE SÃO ALGUMAS DAS TENDÊNCIAS VIVIDAS ACTUALMENTE PELAS TELHAS CERÂMICAS. ESTE É UM MERCADO FORTEMENTE DEPENDENTE DO SECTOR DA CONSTRUÇÃO E QUE TEM SOFRIDO AS CONSEQUÊNCIAS DA RECESSÃO SENTIDA NESTA ACTIVIDADE NOS ÚLTIMOS ANOS.
30
Em Foco Jornadas Técnicas de Impermeabilização O CENTRO DE CONGRESSOS DO LNEC (LABORATÓRIO NACIONAL DE ENGENHARIA CIVIL), EM LISBOA, VAI RECEBER NO PRÓXIMO DIA 17 DE MARÇO AS PRIMEIRAS JORNADAS TÉCNICAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO.
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22 Dossier
6 | Arte & Construテァテ」o__Fevereiro/11
ENTREVISTA JOテグ BELO RODEIA
ENTREVISTA
OA PREPARA-SE PARA NOVO MANDATO /// Tabela de honorários, internacionalização, proximidade, reabilitação urbana e promoção da profissão. Estes são alguns dos conceitos ligados ao segundo mandato que João Belo Rodeia lidera à frente da Ordem dos Arquitectos (OA) e sobre os quais falou com a Arte & Construção.
FOTOS DE HUMBERTO MOUCO
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TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO
ENTREVISTA
JOÃO BELO RODEIA
Arte & Construção - Que balanço faz do primeiro mandato?
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João Belo Rodeia – No primeiro mandato, o que fizemos, fizemos bem. Obviamente, falta sempre algo para fazer. Mas, termos conseguido revogar o 73/73 e pôr na rua uma nova lei que vai, razoavelmente, ao encontro das nossas expectativas: só com isso ficamos satisfeitos. Houve, igualmente, um trabalho grande que foi feito ao nível interno da Ordem, o menos visível, ou seja, o trabalho de reorganização interna que
deu à Ordem mais instrumentos de gestão, permitindo, assim, entrar, neste segundo mandato, numa nova etapa. Por outro lado, no âmbito da arquitectura, conseguimos que o governo criasse um grupo de trabalho no âmbito da política pública de arquitectura, o que também era um objectivo antigo. Se tivesse que referir dois pilares centrais, eu referiria a revogação do 73/73 e os primeiros passos na concretização de uma política pública de arquitectura como o resto da Europa tem. Há muito mais, mas penso que estes dois casos
são para nós, claramente, os mais importante. - Conseguiram, nesse mandato, aproximar os arquitectos da Ordem? - Essa é uma boa pergunta, mas deve ser feita aos arquitectos. Temos a consciência que existe alguma distância entre as organizações deste tipo e as classes profissionais que representam. Se quisermos extrapolar para o país, também existe distanciamento entre os cidadãos e as estruturas políticas que os representam. Temos consciência disso e trabalhámos nesse sentido, ou seja, tentámos aproximar a Ordem das pessoas, em particular dos arquitectos, criando melhores suportes de informação, que, embora estejam aquém do que nós desejamos, são passos muito importantes. Por outro lado, também tentámos que os arquitectos tivesse mais consciência da razão da existência da Ordem, por vezes há uma ideia que as Ordens em geral e a Ordem dos Arquitectos em particular, existem para prestar serviços e essa não é a sua razão fundamental, qualquer associação privada presta serviços, a Ordem existe para representar os arquitectos na sua globalidade, no que diz respeito ao diálogo que exerce com os órgãos de soberania, existe para representar os arquitectos internacionalmente nos fóruns em que os assuntos da arquitectura e da profissão são discutidos e existe , sobretudo, para regular a própria profissão, quer no âmbito da deontologia quer no âmbito do sistema de admissão. Muitas vezes os nossos associados não ainda confundem um pouco a Ordem dos Arquitectos, talvez por ser relativamente nova, com uma associação de direito privado e, de facto, está longe de ser isso. Há ainda muito trabalho pela frente para tentar aproximar cada vez mais a Ordem dos seus associados e os associados da Ordem. Há, porém, uma sensação que eu já referi várias vezes ao longo do mandato e da campanha eleitoral: nós sentimos os associados perto da Ordem, sobretudo naquilo que, de algum modo, é mais apelativo, como, por exemplo, como as iniciativas ligadas à promoção da arquitectura. O eventos que a Ordem organiza são muito procurados, basta pensar na Trienal para perceber isso mesmo. A participação política, no sentido da vida interna da Ordem, é menos apelativa. E é fundamental inverter este processo. Tentaremos, na medida das nossas possibilidades, melhorar esta aproximação dos nossos membros à Ordem.
ENTREVISTA
- Há pouco congratulou-me pela nossa reeleição e eu agradeci, mas, de algum modo, eu também tenho dito que não se tratou apenas de uma reeleição, pois mais de metade da direcção da ordem foi renovada. Até ao final de Fevereiro, temos como missão planear o trabalho dos próximos três anos e para, reentrar os novos membros da direcção com o trabalho futuro. Temos, no entanto uma ideia muito clara do nosso caminho. Comprometemo-nos com as 40 medidas que propusemos eleitoralmente, são essas as medidas centrais da nossa actuação e sobre as quais iremos ser ajuizados no final do triénio. Estas medidas insistem em três áreas fundamentais: tentar propor a arquitectura como recurso da cidadania e do país, apostar de forma mais profunda a diversificação profissional procurando salvaguardar e alargar os vários domínios profissionais, e, por último, a sustentabilidade interna da Ordem, quer do ponto de vista orgânico quer do ponto de vista financeiro. - O que destacaria nestas áreas de actuação? - Com a política pública de arquitectura no programa do Governo e tendo sido criado um grupo de trabalho para o efeito no âmbito no ministério do Ambiente, a Ordem que apresentar, se possível até ao próximo mês de Julho, uma proposta concreta de política pública ao Governo. Será uma primeira iniciativa importante neste mandato. Neste âmbito, iremos, igualmente, promover, ainda este ano, o segundo fórum para as políticas de arquitectura. Vamos estar muito emprenhados nas questões da reabilitação urbana. A arquitectura é, aqui, claramente, um recurso fundamental. Sabemos que o Governo tem uma task force para este efeito e aguardamos as medidas que vão ser propostas neste âmbito. Como eu já tive oportunidade de transmitir ao ministro da Economia, as Ordens, em particular a dos Arquitectos, deve ser ouvida neste processo. Vamos tentar ser ouvidos e ser parceiros neste processo dada a relevância que os arquitectos têm neste quadro. Pretendemos acompanhar a Lei do Solo, na qual já participámos nas discussões públicas aquando da apresentação das primeiras propostas que surgiram. Gostaríamos muito que, neste mandato, surgisse uma nova Lei de Solo , porque sem ela não há ordenamento do território possível e também
é difícil, creio eu, uma política de reabilitação urbana mais credível. Pretendemos trabalhar mais no âmbito do desenvolvimento sustentável, tentando despertar o Governo para as obrigações que tem. Eu recordo que, em Dezembro de 2008, o Governo português escreveu as conclusões do Conselho Europeu para a Arquitectura e essas conclusões têm de mostrar resultados até 2012 e creio que estamos muito aquém daquilo que foi proposto. Portugal tem demorado a chegar, de uma forma concertada, aos objectivos inerentes aos desenvolvimento sustentável. Há medidas esporádicas, mas não concertadas. Estas últimas são fundamentais, na medida em que há exigências no quadro da União Europeia. Anuncia-se que, até 2020, teremos de reduzir até as emissões de dióxido de carbono até 20%, e que, até 2025, os novos edifícios terão de ser autosustentáveis em termos energéticos. Este é um quadro bastante ambicioso e creio que é preciso trabalhar já. É preciso pensar que o parque edificado é responsável, pelo menos, por 40% das emissões de dióxido de carbono e fundamental que no quadro da reabilitação urbana esta questão seja devidamente ponderada. Deve começar-se nos edifícios existentes e tentar, de algum modo, adequá-los, respeitando cada uma das situações. - E quanto à promoção da profissão? - Esta é uma área onde a Ordem, apesar de tudo, trabalha bem. Queremos dar continuidade
a projecto iniciado no mandato interior que é procurar equacionar a possibilidade de existir uma fundação da Ordem dos Arquitectos (ou outro organismo semelhante) que pudesse centralizar toda a área de promoção da arquitectura. Vamos apostar seriamente, embora seja num processo contínuo, na educação pela arquitectura, sobretudo, nas gerações mais jovens, e, naturalmente, na internacionalização. Quanto à internacionalização, a Ordem tem, desde logo, poucos bens financeiros para o fazer, mas temos apostado nalgumas vertentes fundamentais, para além de obviamente da participação no Conselho de Arquitectos da Europa e no Fórum Europeu para as Políticas de Arquitectura. Estamos muito empenhados em institucionalizar o Conselho Internacional de Arquitectos de Língua Portuguesa, que, embora exista desde 1990, tem uma existência informal e, conforme a decisão do último encontro em Macau, a Ordem ficou responsável por lhe dar existência legal de modo a ampliar as sinergias nos países de língua portuguesa. Há um outro projecto interessante que esperamos poder implementá-lo: a criação da marca arquitectura. Se possível, consideramos promover a arquitectura portuguesa no comércio externo em sinergia com as indústrias da construção, servindo a arquitectura como locomotiva para potenciar outro recurso fundamental que é o sector da construção. Na área da profissão vamos continuar a insistir na estruturação dos vários domínios dentro da Ordem. Implementámos os Colégios de Especia-
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- Quais são os planos para os próximos três anos?
ENTREVISTA
JOÃO BELO RODEIA
A questão da encomenda é vista por nós na perspectiva da qualidade da arquitectura. A boa encomenda significa mais qualidade de arquitectura e esta significa mais qualidade na vida das pessoas. É esta a visão geral que a Europa tem sobre a encomenda e, muito em particular sobre a encomenda pública. A encomenda pública deve ser exigente e, por isso, estamos atentos a que os processos que conduzem à encomenda pública permitam a qualidade e sejam feitos de acordo com o Código dos Contratos Públicos. - Ainda no âmbito da qualidade da arquitectura, surge muitas vezes em debates a possibilidade de se criar uma tabela de honorários. Qual é a posição da OA relativamente a esta questão?
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«A NOVA LEI 31/2009 OBRIGA, ESTAMOS SATISFEITOS COM ISSO, QUE NO ÂMBITO DO LICENCIAMENTO DE PROJECTOS DE ARQUITECTURA, APENAS ARQUITECTOS POSSAM APRECIAR OS PROJECTOS. NESSE CONTEXTO, ESTAMOS A TENTAR ACOMPANHAR ESTE PROCESSO, POIS HÁ MUITOS INSTITUTOS PÚBLICOS QUE NÃO TÊM UM ÚNICO ARQUITECTO NOS QUADROS.» lidade de Urbanismo; de Património Arquitectónico; e o de Gestão, Direcção e Fiscalização de Obra. Estas iniciativas querem dar à Ordem a possibilidade de responder à realidade em que nos encontramos: apenas 30% dos arquitectos trabalham exclusivamente na área de projecto e uma grande maioria trabalha em outras áreas muito diferentes. É preciso preparar a Ordem para esta diversidade que existe dentro da profissão. A nova lei 31/2009 obriga, estamos satisfeitos com isso, que no âmbito do licenciamento de projectos de arquitectura, apenas arquitectos possam apreciar os projectos. Nesse contexto, estamos a tentar acompanhar este processo, pois há muitos institutos públicos que não têm um único arquitecto nos quadros. Por exemplo,
parece-nos muito estranho que o INCI - Instituto da Construção e do Imobiliário não tenha um único arquitecto no quadro, quando é de lá que provém praticamente toda a legislação que tem haver com este mundo que nós, arquitectos, vivemos. Outros exemplo existem e, pouco a pouco, tentamos alterar esta situação. - A OA tem denunciado muitos concursos públicos considerando-os inaceitáveis é nesse sentido que pretendem actuar? - Não é só. Nó encaramos muito a encomenda pública como uma questão central da nossa vida profissional, mas obviamente também achamos que a encomenda pública deve dar o exemplo.
- Ao contrário do que muitos pensam, nunca houve em Portugal uma tabela de honorários. Havia sim instruções para cálculo de honorários para obras públicas, se a memória não me falha. A Ordem não pode estabelecer tabelas de honorários porque a Autoridade para a Concorrência não o permite, mas o Estado pode. Eu dou-lhe o exemplo da Alemanha, em que existe uma tabela de honorário para arquitectos, de mínimos obviamente, e que é justificada - nesse aspecto ultrapassa a questão da livre concorrência - a partir dos pressupostos da própria directiva Qualificações. Há um conjunto de profissões que têm um enquadramento específico, como por exemplo medicina e arquitectura, que são consideradas muito relevantes pelo impacto que têm na vida das pessoas e é nessa perspectiva que os alemães conseguiram “furar” o bloqueio da Autoridade da Concorrência. Neste caso considera-se e isso deve ser entendível por qualquer pessoa, que a partir de um determinado valor abaixo não se assegura qualidade de projecto. Não se assegurando qualidade de projecto, põe-se em causa a própria qualidade de vida das pessoas. Na reunião que vamos ter com o ministro das Obras Públicas, vamos tentar que este conceito seja aceite como princípio por parte do Governo, mas cabe ao Governo legislar sobre a matéria. Sei que o Governo é muito renitente em promover este tipo de situações, mas é possível e os exemplos existem. Pessoalmente eu não sou favorável a excessiva regulação, mas tem de haver um mínimo de regulação neste âmbito. Entrevista na íntegra pode ser lida em www.arteconstrucao.com
ENGENHARIA
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS
DOIS ANOS DE POLÉMICA TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO
/// A Ordem dos Engenheiros promoveu, no dia 3 de Fevereiro, a sessão “Código dos Contratos Públicos – Experiência de dois anos de vigência”, onde representantes do sector da construção fizeram o balanço da aplicação de um documento que, segundo Carlos Mineiro Alves, presidente da Região Sul da Ordem dos Engenheiros, percebe-se, “pelo número de pessoas presentes”, como é “polémico”.
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N
a sessão de abertura, Carlos Matias Ramos, bastonário da Ordem dos Engenheiros, teceu várias criticas ao Código dos Contratos Públicos (CCP), começando, desde logo, pela “linguagem adoptada na sua redacção”. Na sua perspectiva, “trata-se de uma linguagem complexa, com interpretações que exigem quase sempre e para conforto de quem tem de decidir, o apoio de um jurista”. O regime de erros e omissões é um dos casos “mais relevantes”, pois as soluções apresentadas nesta área levaram a classificá-la como “uma situação relativamente confusa”. “Salvo melhor opinião, o legislador consagrou a co-responsabilização de todo o mercado que concorre a cada obra, através de projectos que a entidade adjudicante adquiriu para realizar a obra; soluções técnicas adoptadas pelo construtor; garantia de fiabilidade dos dados de campo que são fornecidas pela entidade adjudicante, mesmo quando a responsabilidade de tudo é exclusivamente dessa entidade”, disse o bastonário.
O disposto na alínea j) do artigo 55, onde se estabelece que “não podem ser candidatos à adjudicação as entidades que «tenham, a qualquer título, prestado directa ou indirectamente , assessoria ou poio técnico na preparação e na elaboração das peças de procedimento»”, deve ser, na opinião de Carlos Matias Ramos, corrigido. Na sua perspectiva, esta disposição “viola o princípio da igualdade de tratamento”. “O princípio da informação privilegiada, base desta disposição, não pode ser considerada sem o devido enquadramento”. E acrescentou, “o bom senso, base de quem deve decidir, pode ser impedido por interpretações incorrectas e que prejudicam as empresas e limitam a oferta de serviços em áreas em que o país é carente”. Por fim, o bastonário destacou o “valor limite para os trabalhos a mais”, a “valorização em determinados concursos, no meu entender excessiva, do preço como actor único de decisão, permitindo ao CCP adjudicações a 50% do preço base”.
É SÓ UMA QUESTÃO DE BOM SENSO? António Flores de Andrade, presidente do Instituto da Construção e do Imobiliário (InCI), disse, ainda na sessão de abertura, que o CCP “seria sempre um documento polémico pelas mudanças que impôs”, mas que era também importante vê-lo à luz “da modernidade que traz”. O presidente acrescentou ainda que pretendia aproveitar esta oportunidade para “ouvir e extrair ideias que possam ser usadas para melhorar o CCP” e que as “conclusões deste conclave seriam apresentadas na comissão de acompanhamento [do CCP]” que preside. Relativamente a esta questão, Ricardo Pedrosa Gomes, presidente da FEPICOP – Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas, foi contundente: “Queríamos acreditar que esta comissão iria de facto funcionar de forma a melhorar o Código, mas a prática mostra que estamos a fingir que fazemos qualquer coisa”. “E esta inércia está a causar
ainda mais problemas tendo em conta como a encomenda pública está escassa”, ajuntou. No balanço que fez aos dois anos de CCP, Ricardo Pedrosa Gomes, começou por fazer referência ao principio de liberdade contratual que “rompe com o passado” e a ser “bom para o dono de obra, vê-se logo que é mau para as empresas”. Na sua óptica, este princípio “devia de ser restringido, pois potencia o desequilíbrio entre as partes, o que dá origem a um aumento de litigância”. Os prazos estão entre as queixas mais ouvidas na FEPICOP. Sobre esta questão, o presidente da Federação afirma, que esta questão foi pensada por quem nunca realizou um projecto de arquitectura, engenharia…”. Os erros e omissões, outra queixa frequente, “transformou os empreiteiros nos revisores de projecto”. Considerando esta situação “incorrecta” e encarecedora, a FEPICOP propôs a reintrodução da figura do revisor de obra no CCP. “Eu pensei que dumping era ilegal, mas se a lei o fomenta, se calhar não é!”. Foi com
ironia que Ricardo Pedrosa Gomes se referiu a uma das questões mais polémicas do CCP. “A lei admite que um projecto em execução possa ter um diferencial de 40% face ao preço base”, explicou. Na perspectiva das empresas de construção, “estipular uma situação destas é “mau”, ainda mais quando estas “não estão em condições de dizer que não”. O custo com a manutenção de garantias bancárias é uma questão “asfixiante para as empresas de construção” e, nesse contexto, conseguir que sejam libertadas ao fim de três anos parece “uma proposta sensata”, afirmou. Ao concluir, o presidente apontou a melhor maneira de conseguir que o CCP funcione para todos: através do “bom senso”. Os factores positivos do CCP residem, na opinião de João Sintra Nunes, presidente da Parque Escolar, na unificação da legislação referente a aquisições e serviços com empreitadas; na co-responsabilização de todas a entidades envolvidas; e na fixação de muitas condições mínimas que dão maior liberdade contactual
13 | Arte & Construção__Fevereiro/11
ENGENHARIA
ENGENHARIA
CÓDIGO DOS CONTRATOS PÚBLICOS
RICARDO PEDROSA GOMES: «QUERÍAMOS ACREDITAR QUE ESTA COMISSÃO [ACOMPANHAMENTO DO CCP] IRIA DE FACTO FUNCIONAR DE FORMA A MELHORAR O CÓDIGO, MAS A PRÁTICA MOSTRA QUE ESTAMOS A FINGIR QUE FAZEMOS QUALQUER COISA»
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“NÃO É PROVÁVEL QUE O CCP VÁ SER REVOGADO”
ao dono de obra, que, perante especificidade das situações, pode aliviar ou aprofundar as exigências em cada procedimento contratual. O CCP também pode melhorar permitindo que a designação de ajuste directo seja “aplicada apenas em situações de convite a uma única entidade”. No caso de se convidarem mais entidade deveria ser criada uma “designação diferente, como por exemplo, Ajuste com Consulta Prévia”. Entre outros pontos, João Sintra Nunes, considera que deve proceder-se à “clarificação dos conceitos de imprevisibilidade”; na gestão de um contrato, “deveria ser admissível o conceito
da maior valia e da menor valia, relativamente ao tratamento de alterações de materiais e equipamentos” e, por último, “erros e omissões não detectáveis deveriam ter limite máximo”. Em conclusão, o CCP, “como qualquer lei, é para ser aplicado com bom senso. Nenhuma legislação conseguirá definir cabalmente bom senso. O CCP tem sido muito atacado por entidades que representam todos os agentes envolvidos, por manifesta falta de senso na aplicação da lei ou por manifesta e deliberada falta de senso no assumir das ineficiências ou pura defesa dos interesses próprios”.
Na perspectiva da Associação Portuguesa de Projectistas e Consultores, representada neste evento por Jorge Meneses, o CCP apenas “ajudou à fragilização do sector”. De acordo com o coordenador do Grupo de Trabalho da APPC sobre o CCP, o documento apresenta falhas graves, das quais destacou: interpretação complexa de alguns artigos do código, que conduz ao livre arbítrio; prazos para propostas e para execução de trabalhos muito curtos; moldura legal incoerente (técnicos versus empresas); e monitorização incompleta da aplicação do código. “Há um abuso do recurso ao preço mais baixo como factor único de selecção” que conduz a “uma componente técnica pouco diferenciada”, afirmou. Perante esta realidade, a concorrência é “selvagem”, pois as “propostas ganhadoras estão a 50% da base”. “Muitos concorrentes deixaram de olhar para custos, encargos, riscos e responsabilidades”, alertou Jorge Meneses. Actualmente, “existe o risco de implosão de muitas empresas que irá gerar muitos estilhaços empresariais que, por sua vez, contribuirão ainda mais para a degradação do mercado e da concorrência”. Perante este cenário, a APPC tem apresentado propostas que “visam evitar a degradação do mercado da prestação de serviços de engenharia e arquitectura”. As convicções do jurista Miguel Catela, levaram-no a afirmar que “não é provável que o CCP vá ser revogado”. Por isso, “o melhor a fazer agora é estudá-lo e aprender a aplicá-lo”. “Há normas que, sem formação jurídica, não se conseguem entender e convém pedir apenas a opinião a um só [perito], já que pode obter duas interpretações”, disse realçando a complexidade do documento.
OBRA
BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SANTO TIRSO COM ASSINATURA E QUALIDADE
O PRIMEIRO QUARTEL DE SIZA VIEIRA TEXTO DE SARA OLIVEIRA
/// Com um quadro activo composto por 80 elementos, os Bombeiros Voluntários de Santo Tirso, mais conhecidos por “Vermelhos”, podem agora começar a preparar-se para mudar “de casa”, após mais de dez anos de espera. O desígnio tomou forma e materializou-se na linha mestra de Siza Vieira. O primeiro quartel desenhado pelo arquitecto será inaugurado em meados deste ano.
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É
na Quinta de Geão, zona nobre de Santo Tirso, que o primeiro quartel de bombeiros projectado por Siza Vieira está prestes a assumir a sua forma definitiva. A primeira pedra foi colocada no dia 25 de Abril de 2010. O simbolismo da data faz jus à vontade de os Bombeiros Voluntários de Santo Tirso (BVST) terem um novo quartel no qual fosse possível aliar a funcionalidade e a inovação arquitectónica. O nome do arquitecto natural da cidade do mar, Matosinhos, acabou «por ser a aposta acertada», confessou o presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros de Santo Tirso, Asuíl Dinis Linhares. Dadas as alterações introduzidas pela portaria 1562/2007 de 11 de Dezembro, constantes no Despacho n.º11735/2008, o projecto teve de ser sujeito a uma revisão parcial para se adaptar aos actuais requisitos em vigor, para concurso ao Programa de Apoio Infra-Estrutural. Porém, ultrapassadas as limitações legais, e volvidos 12 anos de avanços e recuos, a nova sede
dos BVST está a caminhar para a sua conclusão. A espera acabou assim por ser libertadora, ainda que consonante com as exigências técnicas e condicionalismos monetários que uma obra desta envergadura acarreta. É no terreno com 3800 metros quadrados, doado pela Câmara Municipal de Santo Tirso em Julho de 2003 (por altura das comemorações dos 125 anos da Associação dos BVST), que o novo quartel está a ser erguido. Ainda inacabada, a obra está orçada em 1,1 milhões de euros. Desta quantia, 70% foi assegurada pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), contando também com um subsídio de financiamento de 200 mil euros atribuído pela câmara tirsense. No local, a construção decorre numa corrida contra o tempo, até porque este ano é decisivo. «Em meados de 2011, no Verão, o edifício deverá estar construído», garante-nos o antigo presidente da autarquia tirsense, Asuil Dinis. Com regozijo, o responsável motiva-nos para visitar o local de construção. O dia de Inverno
soalheiro prestava-se ao convite. Deixamos a actual sede, um quartel cor de salmão inaugurado em 1934, de inspiração Arte Déco. A uns escassos minutos do centro da cidade chegamos à Rua do Arco, junto à Biblioteca Municipal de Santo Tirso, onde o novo quartel da corporação tirsense toma forma. Asuíl Dinis e o comandante da corporação, Joaquim Souto, foram os cicerones que guiaram a Arte & Construção pelos corredores luminosos do edifício e mostraram «o toque do génio» em cada metro quadrado percorrido. “VERMELHOS” DE ORGULHO Nada parece ter escapado ao olho cirúrgico de Siza Vieira e da sua equipa. Num tom bem-disposto a denunciar um orgulho latente na obra, o presidente da direcção dos BVST deixou escapar o desabafo - «Não entra aqui um prego, sem que antes o Siza supervisione!». A metáfora serve para caracterizar o empenho do
OBRA
as semanas o coordenador do projecto e obra, o arquitecto José Carlos Nunes de Oliveira, visita o local, para uma reunião de balanço dos trabalhos com a restante equipa envolvida. Qualquer «alteração é primeiro comunicada a Siza Vieira e só depois acaba concretizada», sustenta o responsável. «Para quem funciona ao estalar do dedo», como nos confidenciou o comandante Joaquim Souto, o acaso não pode mesmo existir. E é no pequeno pré-fabricado onde, no futuro, se espera que venha a ser construído um polivalente desportivo, que os desenhos e projectos de Siza assumem o seu papel. Ressalta à vista uma das grandes inovações assinadas pelo arquitecto - a torre, casa-escola. Esta estrutura terá 8,3 metros acima da laje térrea, iluminação directa, e será circular e não em formato quadrado como é tradição. A construção da torre adivinha a necessidade de resolução de um problema de engenharia. É uma estrutura de betão à vista, redonda, com 18 metros de altura com os pisos sempre em consola e um pilar central a
suportar os pisos da torre. A funcionalidade, a disposição estratégica dos espaços de acordo com a rotina da corporação e as acessibilidades para a mobilização rápida dos soldados da Paz foram alguns dos aspectos mais importantes tidos em conta. «As viaturas devem estar próximas dos bombeiros em caso de alerta, o equipamento de protecção individual também deverá estar rapidamente acessível», justifica o comandante Joaquim Souto. «Tudo isto foi pensado». «ESTE NÃO É UM QUARTEL CONVENCIONAL» No actual quartel dos BVST não existe um metro quadrado de área descoberta. «Nesta Instituição temos formação contínua dos bombeiros e precisamos de condições para isso. Actualmente não temos, por exemplo, um espaço físico destinado à formação. Também as condições mínimas de conforto aos elementos do corpo de bombeiros são importantes para o
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arquitecto nos trabalhos. «Ele quase que já é um verdadeiro bombeiro», gracejou Asuil Dinis. A obra é, de facto, o testemunho de como aliar a funcionalidade, o rigor do pormenor, a inovação e a estética. Sendo o primeiro quartel de bombeiros, o arquitecto portuense quis igualmente revolucionar na operacionalidade, vital para um corpo de bombeiros que, diariamente, lida com os actuais constrangimentos de trânsito, a falta de espaço exterior para estacionar as viaturas, com uma sala de comando e camaratas exíguas e uma oficina de viaturas inexistente. Se nos anos 30, a antiga sede serviu as necessidades dos soldados da Paz, actualmente quase que se acotovelam dada a falta de espaço e estruturas funcionais para o exercício da sua actividade. Só com a «disponibilidade demonstrada por Siza em aceitar sugestões, o interesse e a sensibilidade em perceber como funciona um quartel de bombeiros e as necessidades prementes» foi possível superar a espera de mais de 10 anos, confessa Asuil Dinis. Praticamente todas
OBRA
BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SANTO TIRSO COM ASSINATURA E QUALIDADE
FICHA TÉCNICA
ARQUITECTURA E ARRANJOS EXTERIORES PROJECTISTA: Arq. Álvaro Siza Vieira COORDENADOR: Arq. José Carlos Nunes de Oliveira COLABORADORES: Arq. Marco Rampulla Arq. Pablo Elinbaum Arq. Patrícia Teixeira Arq. José Pedro Silva PROJECTOS TÉCNICOS: ESTRUTURAS Eng.º Jorge Nunes da Silva Eng.ª Raquel Dias PROJECTO DE ELECTRICIDADE E SEGURANÇA Eng.º Alexandre Martins PROJECTO DE AVAC Eng.º Raul Bessa PROJECTO DE ÁGUAS E SANEAMENTO Eng.º Raquel Fernandes DIRECTOR DE FISCALIZAÇÃO DE OBRA Eng.º Luís Catarino CONSTRUTOR: EMPRIPAR, Obras Pública e Privadas S.A.
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DIRECTOR DE TÉCNICO DE OBRA Eng.º Rui Rodrigues
exercício da sua actividade. Todos estes pormenores foram acautelados, por isso este quartel não é convencional», explica comandante da corporação, Joaquim Souto. Com uma área total de 4770 m2, o quartel desenvolve-se no máximo de três pisos, com áreas funcionais organizadas de acordo com a sua funcionalidade e lógica espacial. O Sector A está destinado às áreas de aparcamento, oficinas e arrumos. Trata-se de uma área bruta total de 510,80 m2, que compreende o parque de viaturas no volume principal com duas frentes, formadas por dois pórticos de acesso em toda a sua largura: uma abertura para a via pública e a outra para a parada operacional, explica o gabinete de Siza Vieira. O parque de viaturas, sem colunas, é um edifício 20X20. O vão que irá levar o portão de acesso tem 19,70 metros de comprimento por seis de altura, um desafio considerável dadas as dimensões. A oficina, arrecadação e respectivos
sanitários situam-se num edifício isolado no lado oposto em frente ao parque de viaturas. Já o Sector B é composto pelas áreas de comando, de administração e gestão de emergências. Com uma área bruta total de 430,00 m2, distribui-se ao longo do eixo longitudinal de circulação. O conjunto formado por acesso principal, sala de recepção, secretaria arquivo, gabinete de direcção, sala de reuniões, sala de formação, gabinete dos chefes e ainda gabinete de comando constitui um corpo contínuo dominante sobre a via pública, ao nível do rés-do-chão. Neste piso, os sanitários de apoio têm uma instalação de acessibilidade total junto à entrada Poente e duas de apoio às salas de direcção e administração. A sala do bombeiro, bar e cozinha localiza-se do lado oposto do corredor de distribuição com abertura para o interior do lote, ocupada pela parada operacional. A sala de controlo, telecomunicações e dados e sala técnica de bastidores de rádio e comunicações
situa-se no primeiro andar sobranceira ao parque de viaturas e dominando em simultâneo a entrada e o interior do lote. A lavandaria situa-se na cave e a sala de técnica de climatização no mesmo edifício das oficinas. A Casa Escola com dois pisos, situa-se no canto Sul Poente em posição de fecho do recinto. O Sector C refere-se à área de alojamento. Ocupa uma área bruta total de 315,10 m2, partes do primeiro andar e do rés-do-chão. As camaratas de piquete de fogo e saúde feminina, assim como, as camaratas de piquete de fogo masculina situam-se no primeiro andar (inclui sanitários e vestiários). A camarata de piquete de saúde masculina no rés-do-chão, mais próxima do parque de viaturas, possui os seus próprios serviços de sanitário e vestiário. O Sector D, reservado às áreas exteriores, congrega uma área bruta total de 894,80 m2. Em parte do espaço remanescente do terreno, entre o edifício e a EN 104, situa-se a parada
OBRA
apontamentos de pedra nas extremidades. As zonas verdes vão ser alvo de reforço da vegetação existente, nas áreas em talude. Pontualmen-
te serão introduzidas algumas árvores, as quais estão assinaladas por caldeiras alimentadas por um sistema de rega automática. PUB
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operacional, cobrindo uma área de 737,10 m2 com acesso a partir do arruamento C e directamente do Parque de viaturas. A parada operacional ocupa o centro do terreno e é delimitada a sul pela casa-escola e pelo edifício da oficina, lavagem e manutenção das viaturas. Já a parada de honra, entre a frente do edifício, distingue-se por um revestimento de pavimento em pedra O Sector E possui uma área bruta total de 166,90 m2 e é formado por áreas de acessos múltiplos, ou espaços de circulação e distribuição entre as partes do programa do quartel. O átrio serve todas as dependências do edifício e em conjunto com o refeitório, constitui a área social e de circulação em torno de um pátio assinalado com revestimento vegetal e uma árvore. Segundo o gabinete de Siza Vieira, no projecto de paisagismo e arranjos exteriores está prevista a criação de várias áreas verdes e pavimentadas, que servirão como espaço de enquadramento e apoio. As áreas pavimentadas, à exclusão dos passeios pedonais envolventes, são revestidas com betão betuminoso com
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DOSSIER COBERTURAS
DOSSIER
TELHAS CERÂMICAS
DESIGN E FABRICO MELHORADO TEXTO DE SOFIA DUTRA
/// Textura mais macia, design melhorado, sistema de encaixe mais rigoroso e múltipla funcionalidade são algumas das tendências vividas actualmente pelas telhas cerâmicas. Este é um mercado fortemente dependente do sector da construção
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e que tem sofrido as consequências da recessão sentida nesta actividade nos últimos anos.
DOSSIER
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COBERTURAS
os últimos anos, o processo de fabrico das coberturas tem vindo a ser melhorado, assim como o design dos produtos. As superfícies ganharam melhor aspecto e tornaram-se mais macias. Além disso, as telhas possuem planaridade e um sistema de encaixe mais rigoroso, o que aumenta a estanquidade. A integração de acessórios de iluminação solar é outra tendência neste sector. A múltipla funcionalidade das telhas é cada vez mais uma realidade, com as coberturas a desempenhar um papel progressivamente maior na produção de energia, sobretudo as viradas a Sul, a juntar às características habituais de isolamento e impermeabilização. A melhoria dos produtos, desenvolvendo novas funcionalidades, é uma das formas que o sector encontrou para fazer face aos efeitos da crise da construção que tem sentido nos últimos anos, aumentados pela forte concorrência de materiais alternativos. Segundo dados da APICER – Associação Portuguesa da Indústria Cerâmica, relativos a 2009 (a partir dos dados consolidados das Declarações Anuais, IES), o sector nacional de telhas cerâmicas obteve vendas totais no valor de 81 milhões de euros. A prestação de serviços proporcionou 555 mil euros. A produção é efectuada por 15 empresas, localizadas predominantemente nos distritos de Leiria, Lisboa, Coimbra e Aveiro, que empregam 1063 trabalhadores. A localização das empresas produtoras de coberturas cerâmicas é fortemente condicionada pelas jazidas de matérias-primas utilizadas. Também o crescente peso das exportações ao longo dos últimos anos tem ajudado a compensar a recessão do mercado interno, que é também patente na redução contínua das importações. Não obstante o comércio internacional de telhas e acessórios de telhado assumir uma importância ainda relativamente limitada, o peso das exportações tem subido ao longo dos últimos anos. Assim, de acordo com dados do INE – Instituto Nacional de Estatística, se em 2009, as exportações de telhas cerâmicas eram de 9,2 milhões de euros, em 2010, foram de 13,2 milhões de euros. Espanha, Líbano, Angola e Egipto foram os principais mercados de destino das telhas cerâmicas nacionais. Já as importações contabilizaram 1,3 milhões de euros, em 2009, tendo diminuído para 781 mil euros no ano passado. De igual forma, por razões de ordem geográfica, o mercado espanhol é, de forma destacada, a principal origem das nossas importações de telha cerâmica: 86,1% do valor total.
IMPERMEABILIZAÇÃO As coberturas podem ser planas ou inclinadas. A cobertura invertida (plana) pode ter vários tipos, designadamente: a cobertura invertida transitável, não transitável (com cascalho) e a cobertura invertida ajardinada ou vegetal. A cobertura invertida diferencia-se da cober-
tura tradicional a nível da ordem de instalação dos distintos elementos que a compõem. No caso da cobertura invertida, o isolamento coloca-se por cima da capa de impermeabilização, ao contrário da cobertura tradicional. A AIPEX - Associação Ibérica de Poliestireno Extrudido aponta algumas vantagens da cobertura invertida em relação à cobertura tradi-
DOSSIER
cional. Segundo esta Associação, a cobertura invertida permite a “redução do choque térmico sobre a película impermeável, protegendo-a e oferecendo-lhe maior durabilidade. As dilatações (contracções da lâmina devido a uma grande oscilação térmica pela mudança do dia para a noite ou do verão para o inverno) podem originar a deterioração prematura da lâmina. No caso da cobertura invertida, a lâmina encontra-se debaixo do isolante, logo a oscilação térmica é amortizada por estes e a lâmina fica protegida destas agressões”. A actuação da membrana impermeável como barreira de vapor: as lâminas de impermeabilização actuam como barreira de vapor, que no caso da cobertura invertida situa-se por “baixo do isolante, na face quente da união (no Inverno). Deste modo,
reduz-se o risco de formação de condensações na face interior da lâmina. No caso de uma cobertura tradicional, o vapor de água não se infiltra por cima do isolante, no lado frio da união (no Inverno). Existe o risco de condensações por baixo da lâmina de impermeabilização”. Outras vantagens indicadas são: facilita o acesso à capa de impermeabilização, logo à sua reparação e/ou manutenção; protege a lâmina de impermeabilização de danos mecânicos que possam ocorrer, tais como os associados à obra, às raízes da vegetação de uma superfície ajardinada; protege a lâmina da degradação por efeito dos raios solares ultravioleta; requer uma diminuição da mão-de-obra devido à rapidez e simplicidade da instalação; e a instalação da cobertura não depende das condições climáticas.
RESISTÊNCIA MECÂNICA A cobertura inclinada pode ser com telhas sobre listões ou com telhas sobre o isolante. Na cobertura habitacional com telhas sobre listões: o isolamento térmico em coberturas inclinadas de telhas de piçarra, cerâmica ou betão. “Quando o declive da cobertura supera 30º, é recomendável a instalação das telhas sobre listões transversais. Há duas possibilidades. o isolante pode ser colocado de maneira a formar uma capa contínua sobre a placa. Sobre esta capa contínua de poliestireno extrudido fixam-se os listões de madeira longitudinais (no sentido do declive). Sobre estes instalam-se os listões transversais sobre os quais se vão fixar as telhas.
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«A COBERTURA INVERTIDA DIFERENCIA-SE DA COBERTURA TRADICIONAL A NÍVEL DA ORDEM DE INSTALAÇÃO DOS DISTINTOS ELEMENTOS QUE A COMPÕEM. NO CASO DA COBERTURA INVERTIDA, O ISOLAMENTO COLOCA-SE POR CIMA DA CAPA DE IMPERMEABILIZAÇÃO, AO CONTRÁRIO DA COBERTURA TRADICIONAL.»
DOSSIER
COBERTURAS
tilação cruzada por debaixo da telha visto que através das ranhuras dos painéis de poliestireno extrudido circula o ar no sentido do declive); o poliestireno extrudido é um dos produtos com menor condutividade térmica (a sua aplicação nas coberturas inclinadas oferece um correcto isolamento térmico das ligações ao exterior, sem aquecimento excessivo; a inércia térmica do poliestireno extrudido contribui para a harmonia das temperaturas no interior da habitação)”.
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«A AIPEX RECOMENDA, ASSIM, “O USO DE PAINÉIS DE POLIESTIRENO EXTRUDIDO DE SUPERFÍCIE LISA E DE ENCAIXE, PARA FORMAR UMA SUPERFÍCIE CONTÍNUA SOBRE A SUPERFÍCIE A APLICAR OU TARIMA INCLINADO/A DA COBERTURA.» Outra possibilidade é colocar os painéis de poliestireno extrudido entre os listões longitudinais, que se instalam directamente sobre a superfície da placa. Supostamente a secção do listão é mais espessa que o painel isolante. O resto é igual, fixam-se os listões transversais sobre os longitudinais e sobre estes as telhas”. Segundo a AIPEX, “o primeiro sistema é o mais aconselhável. A colocação de isolamento entre listões faz com que estes actuem como pontes térmicas. A aplicação de uma capa contínua de isolamento sobre a qual se monta a estrutura de listões não representa nenhum problema visto que as características mecânicas e de durabilidade do poliestireno extrudido permitem suportar todas as cargas sem sofrer danos ou diminuir a sua capacidade isoladora”. A AIPEX recomenda, assim, “o uso de painéis de poliestireno extrudido de superfície lisa e de encaixe, para formar uma superfície contínua sobre a superfície a aplicar ou tarima inclinado/a
da cobertura”. De acordo com a Associação, as vantagens do sistema são principalmente: a “grande resistência mecânica do produto (a acção conjunta das cargas de compressão e os processos de erosão das intempéries não comportam nenhum problema para a integridade do produto nem para a conservação das suas propriedades); o isolamento conserva as suas propriedades térmicas (a mínima absorção de água do poliestireno extrudido e a sua alta resistência ao vapor evitam um aumento da condutividade térmica; os testes de congelação-descongelação demonstram a extraordinária durabilidade do material e como é capaz de conservar as suas propriedades com o passar dos anos; a possibilidade, se se desejar, de utilizar painéis de poliestireno extrudido com ranhuras (desta maneira, se o painel for colocado com as ranhuras direccionadas para o declive, podem-se instalar directamente os listões transversais, conseguindo-se uma ven-
FÁCIL INSTALAÇÃO Nas coberturas habitacionais com telhas sobre o isolante, “o isolante instala-se sobre a placa inclinada e é sobre o isolante que se colocam as telhas”. Entre as vantagens poliestireno extrudido com ranhuras apresentadas pela AIPEX destaca-se o facto de o isolamento conservar as suas propriedades térmicas. “A mínima absorção de água do poliestireno extrudido e a sua alta resistência ao vapor evitam um aumento da condutividade térmica. Os testes de congelação-descongelação comprovam a extraordinária durabilidade do material, e como este é capaz de conservar as suas propriedades com o passar dos anos”. Outro beneficio é a “grande resistência mecânica do produto. A acção conjunta das cargas de compressão (neve, peso de telhas, cargas durante o processo de instalação,...) e os processos de erosão das intempéries não comporta nenhum risco nem para a união das telhas nem para a durabilidade do poliestireno extrudido. A resistência à compressão e a fluência do produto permite desvalorizar o efeito de concentração de tensões nas ranhuras com total segurança”. Além disso, é de “fácil instalação. Os painéis de poliestireno extrudido começam a ser instalados a partir do beiral até à cimeira. Os painéis devem ser unidos à placa com fixadores mecânicos tipo espiga. Deve haver quatro fixadores perimetrais e dois centrais. Depois podem-se instalar as telhas com argamassa sobre o poliestireno extrudido com ranhuras”.
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COBERTURAS
PROJECTO SOLAR TILES
TELHAS FOTOVOLTAICAS TEXTO DE SOFIA DUTRA
/// Um grupo de investigadores das universidades do Minho e da Nova de Lisboa está a desenvolver um projecto de construção de telhas com capacidade de produzir energia fotovoltaica. A construção de diversos protótipos permitem concluir a viabilidade deste processo, que se prevê concluído em Julho.
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O
projecto Solar Tiles visa desenvolver sistemas solares fotovoltaicos em coberturas e revestimentos cerâmicos. Como explicou à Arte & Construção Victor Francisco, responsável Unidade de Gestão e Promoção da Inovação do CTCV - Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro, “trata-se de desenvolver, à escala laboratorial, protótipos funcionais de produtos cerâmicos fotovoltaicos integrados que incorporem, de raiz e por deposição, filmes finos fotovoltaicos. Os filmes finos do tipo silício nanocristalino ou polimorfo, introduzindo inovação ao nível da tecnologia solar fotovoltaica”. O projecto, que teve início em Abril de 2009 e deve estar concluído no próximo mês de Julho, está a ser desenvolvido por um consórcio português de investigação & desenvolvimento (I&D) de nove entidades em diferentes áreas: indústrias cerâmicas, universidades, centros de investigação e governo, através da ADENE – Agência para a Energia. Este envolvido um montante de 1,6 milhões de euros. Actualmente, estão a ser construídos diversos protótipos (10x10cm, escala laboratorial), tendo por base uma especificação estética elaborada pelas empresas industriais que integram o consórcio. Segundo Victor Francisco, “terá início, em breve, uma fase de testes e
ensaios específicos aos protótipos”. Desde o início do projecto, para além das actividades de especificação, estudo e desenvolvimento, “já foram construídos diversos protótipos que permitem, à data, concluir da viabilidade do processo”, revela o responsável do CTCV, assegurando que “foram produzidas células solares integradas com eficiência de cerca de 5%, cujo incremento continua a ser objecto de estudo e desenvolvimento. Foi também submetida uma patente internacional da invenção. A OCDE elaborou um case-study sobre esta tecnologia”. De acordo com Victor Francisco, “tem sido demonstrado grande interesse no projecto quer comercial por parte de empresas instaladoras e utilizadores finais, quer da comunidade científica”. Este responsável indica diversos desafios que o projecto acarreta: “desde logo, as dificuldades inerentes à deposição de filmes de silício sobre substratos cerâmicos, com a necessidade de desenvolver camadas intermédias (bem como superiores, de protecção/encapsulamento) que assegurem a funcionalidade das células solares. Também a questão da eficiência obtida tem sido objecto de estudo ao longo da execução do projecto. Por outro lado, a necessidade de conjugar objectivos estéticos, mantendo parcialmente visível a componente cerâmica
DOSSIER
sem comprometer a eficiência final constitui um desafio técnico. Por último, o desenvolvimento de um sistema de interligação entre si dos módulos, sendo necessário um sistema fiável que permita ligações de vários tipos, tendo em conta a aplicação em fachada e em cobertura. Convém realçar que não se pretende substituir produtos cerâmicos por produtos solares – o desenvolvimento é efectuado sobre substratos cerâmicos, pretendendo-se que contribua para o reforço da competitividade da indústria cerâmica pela colocação de valor acrescentado nos produtos”. PROMOVER ENERGIA RENOVÁVEL A motivação inicial do projecto Solar Tiles prendeu-se com: o aumento crescente da factura energética para famílias e empresas; a necessidade de aumentar a eficiência energética da habitação e dos edifícios; o potencial de aproveitamento de energias renováveis em Portugal (em particular energia solar pelo número de horas/ano de insolação); o potencial de desenvolvimento de produtos cerâmicos solares, multifuncionais e de valor acrescentado; assim como a necessidade de desenvolver produtos e conceitos que promovam uma integração arquitectónica. O desenvolvimento de produtos solares, térmicos e fotovoltaicos, adequados à integração arquitectónica, mantém-se como uma preocupação actual.
Para a indústria cerâmica nacional trata-se de uma oportunidade de diferenciação pela capacidade de oferta de variantes de produto incorporando tecnologias solares. Além disso, há a necessidade de combater a tendência de utilização decrescente de determinados produtos cerâmicos (nomeadamente a telha portuguesa) em novos edifícios. Acresce a inexistência de soluções que integrem estas tecnologias em revestimentos cerâmicos solares para fachadas e a utilização crescente de produtos cerâmicos em fachadas ventiladas onde outros materiais, designadamente vidro, já integram filmes fotovoltaicos. O projecto enquadra-se nos objectivos nacionais para a promoção de energias renováveis e eficiência energética, na medida em que promove a microgeração. Não pretende substituir produtos cerâmicos por produtos solares: o desenvolvimento é efectuado sobre substratos cerâmicos. Solar Tiles pretende contribuir para o aumento das capacidades de I&DT das empresas, fortalecer os laços de cooperação entre empresas e entidades do sector, bem como criar sinergias entre sectores da indústria clássica e fotovoltaica. Este projecto visa reforçar a competitividade da indústria cerâmica, através da colocação de valor acrescentado nos produtos. Trata-se, assim, de uma oportunidade para os subsectores dos revestimentos e coberturas.
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foto: http://www.areaindustrie.it
ARQUITECTURA
HABITAR
HABITAÇÃO EM DEBATE /// “Habitar, pensar, investigar, fazer” foi o mote de um colóquio, que teve lugar no dia 14 de Janeiro, na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL). O evento que debateu a habitação individual e colectiva deu início a um ciclo de encontros sobre arquitectura na UAL. TEXTO DE SOFIA DUTRA
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os dias 14 e 15 de Janeiro, o Departamento de Arquitectura e o CEACT (Centros de Estudos de Arquitectura, Cidade e Território) da Universidade Autónoma de Lisboa organizaram um colóquio internacional dedicado ao tema da habitação individual e colectiva na cidade contemporânea, integrando diversas visões, não só do panorama da arquitectura nacional e internacional, mas também de outras disciplinas como a da história, da antropologia e da sociologia. Para Flávio Barbini, do departamento de arquitectura da Universidade, “este é um momento muito importante para criar oportunidade para reflectir e abrir as portas a outras experiências”.
A apresentação de vários projectos do arquitecto João Luís Carrilho da Graça foi o impulso para o debate. Embora não tenha muitos projectos de habitação colectiva, este premiado arquitecto reuniu um conjunto de obras que exibiu a uma plateia composta sobretudo por alunos de arquitectura. Um edifício de habitação na Alta de Lisboa, outro em Sanchinarro (Madrid), um conjunto habitacional em Atalaia (Algarve) e o Valadas Vineyards Resort (Montemor-o-Novo) foram alguns dos projectos mostrados. Ricardo Carvalho também reflectiu sobre a habitação, centrando-se a sua apresentação “da cidade campo à cidade difusa”. Na sua opinião, “nunca o tema da habitação colectiva foi tratado de forma tão sistemática como no
século XX”. Para este responsável do departamento de arquitectura da UAL, “houve sempre reflexão sobre a habitação excepcional, mas não sobre a colectiva, porque considerava-se que nunca mudava”. “Os arquitectos que produziram teoria no século XX são unânimes a considerar a casa um fenómeno colectivo, com capacidade de chegar ao maior número de pessoas e interferir na própria cidade”. O arquitecto António Baptista Coelho, do LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil, acrescentou que “a intervenção sobre o habitar tem que cruzar saberes entre arquitectura e outras disciplinas”, sublinhando a importância d “ligar espaço doméstico e espaço citadino”.
FACHADAS
JARDINS VERTICAIS
JARDINS VERTICAIS UMA ALTERNATIVA ECOLÓGICA 30 | Arte & Construção__Fevereiro/11
TEXTO DE CHANTAL FLORENTINO
/// Patrick Blanc iniciou uma tendência de construção que agora se espalha pelo mundo: os jardins verticais. Estética, melhoria da qualidade do ar, conforto térmico e acústico são as vantagens desta nova forma de apresentar os edifícios. Em Portugal, embora os exemplos sejam ainda reduzidos, esta nova corrente encontra expressão nas Natura Towers.
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FACHADAS
Foto © Patrick Blanc
FACHADAS
JARDINS VERTICAIS
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Foto © Patrick Blanc
o momento em que a população quer voltar a aproximar-se da natureza e dos benefícios emocionais e físicos que daí podem extrair, as fachadas têm sido, cada vez mais, encaradas como uma superfície ideal para implementar um jardim, mais precisamente, um jardim vertical. O conceito original, jardim vegetal, é atribuído ao botânico francês Patrick Blanc, que há 20 anos apresentou os primeiros exemplos e cuja utilização traz benefícios ao nível da estética, melhoria da qualidade do ar, confiorto térmico e acústico, entre outros. Hoje em dia existem muitas variações desta primeira visão e, de acordo com autores internacionais, as paredes vivas e as fachadas verdes parecem ser as designações que mais consenso reúnem. As paredes vivas são conseguidas recorrendo a painéis modulares pré-germinados afixados verticalmente. As técnicas de construção variam e os painéis podem ser de aço inoxidável, plástico, betão, geotêxteis ou mesmo argila. Uma das hipóteses mais apontada é ter uma estrutura metálica como suporte
FACHADAS
Fotos pág. esquerda e direita superior: J et T Café Banka, Bratislava Foto em baixo: Dolce Vita Tejo, Lisboa
Foto © Patrick Blanc
MANUTENÇÃO E CUSTOS
As vantagens ambientais e estéticas que das fachadas verdes ou paredes vivas podem proporcionar os utilizadores e não utilizadores dos edifícios que as sustentam podem ser ensombradas pelas desvantagens que na
Foto © Patrick Blanc
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que sustenha e suporte o crescimento das plantas, que crescerá entre duas superfícies de feltro ou lã de rocha fixada em placas de plástico. As soluções existentes no mercado deverão ser analisadas de acordo com a actividade sísmica da região onde é aplicada. Nos casos de grande actividade sísmica, a proposta da maioria dos peritos vai para os tapetes verticais. A fachadas verdes são conseguidas recorrendo a plantas trepadeiras que cobrem, num período que pode ir de três a cinco a estrutura desenhada sobre a fachada. Os sistemas mais comuns são o painel modular Trellis e as redes e cabo.
FACHADAS
JARDINS VERTICAIS
PROJECTOS DE PATRICK BLANC Fotos © Patrick Blanc Fonte: www.verticalgardenpatrickblanc.com Esquerda: Caixa Forum, Madrid Em baixo: Casa privada, Paris Parking Perrache, Lyon Trio Building, Sydney
BENEFÍCIOS ÁREA DE IMPACTO
DESCRIÇÃO
BENEFÍCIOS • Promove processos de arrefecimento natural.
REDUÇÃO DO EFEITO ILHA
A temperatura nas áreas urbanas cresce devido à substituição da vegetação natural por pavimentos, edifícios e outras estruturas necessárias para acomodar as crescentes populações. A vegetação arrefece os edifícios e as áreas circundantes através do processo de shading, reduzindo o calor reflectido e a evapotranspiração.
QUALIDADE DO AR EXTERIOR MELHORADA
As elevadas temperaturas nos modernos ambientes urbanos com contínuo aumento da quantidade de veículos, ares condicionados e emissões industriais levaram a um aumento dos óxidos de nitrogénio (NOx), óxidos de enxofre (SOx), compostos orgânicos voláteis (COVs), monóxido de carbono (CO) e partículas em suspensão.
• Reduz temperatura ambiente nas áreas urbanas. • Quebra a corrente de ar vertical que refresca o ar ao abrandá-lo. • Sombra para pessoas/superfícies.
• Captura de partículas poluentes existentes no ar e deposição atmosférica nas folhagem das plantas. • Filtragem de gases nocivos e partículas em suspensão.
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• Cria interesse visual.
MELHORAMENTO ESTÉTICO
Fonte: www.urbangrow.com
As paredes verdes providenciam uma variação num ambiente onde as pessoas fazem o seu quotidiano. Numerosos estudos ligam uma melhor saúde e bem estar geral à presença de plantas.
• Esconde/obscura características visuais desagradáveis. • Aumenta o valor das propriedades. • Providencia elementos estruturais livres interessantes, etc.
FACHADAS
JARDINS VERTICAIS
Natura Towers, Lisboa
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maioria dos casos se resumem a duas questões: manutenção e custos. O projecto deve ser concebido numa perspectiva multidisciplinar, onde os domínios da engenharia, arquitectura e arquitectura paisagistas se agregam para conseguir a melhores soluções nas escolhas das estruturas de suporte, dos materiais de construção utilizados, das plantas mais adequadas, do sistema de irrigação, entre muitos outros factores. Todos os projectos de fachadas verdes ou paredes vivas envolverão a necessidade de manutenção das áreas verdes, seja fazendo, de forma periódica, adubações e limpezas de plantas invasoras. Os custos de um projecto desta natureza também é outros dos factores a ter em conta. Neste caso, a viabilidade económica das fachadas verdes depende muito das soluções adoptadas porque muitas delas podem levar a grandes poupanças. Se for construído um sistema de captação das águas da chuva pode, por exemplo, reduzir-se os gastos em água de rega até os 90%. Na opinião de muitos peritos, é fundamental analisar estes dois casos tendo em conta as vantagens do seu uso (conforto térmico, acústico, etc.) e o compromisso ecológico que representa. EXEMPLO NATURA TOWERS
Um dos exemplos de fachadas verdes em Portugal pode ser encontrado na sede da MSF - Moniz da Maia, Serra e Fortunato, Natura Towers, um edifício promovido e construído pela construtora que envolveu um investimento de Fotos: www.msf.pt
FACHADAS
BENEFÍCIOS ÁREA DE IMPACTO
DESCRIÇÃO
BENEFÍCIOS • Aprisiona uma massa de ar dentro da camada vegetal. • Limita a circulação de calor através de densas massas de vegetação. • Reduz a temperatura ambiente através do sombreamento e do processo de evapotranspiração das plantas. • Pode criar um amortecedor contra o vento durante os meses de inverno. • As aplicações interiores podem reduzir a energia associada ao aquecimento e arrefecimento do ar exterior para uso interno.
PROTECÇÃO DA ESTRUTURA DO EDIFICIO
MELHORIA DO AR INTERIOR
REDUÇÃO SONORA
MARKETING
Fonte: www.urbangrow.com
Os edifícios estão expostos às intempéries e ao longo do tempo alguns dos materiais de construção orgânicos podem começar a quebrar, como resultado da contracção e expansão devido aos ciclos de congelamento-descongelamento e à exposição aos raios UV.
Para projectos de interiores, as paredes verdes têm a capacidade de filtrar contaminantes que são regularmente enviados para fora dos edifícios através dos tradicionais sistemas de ventilação. A filtração é realizada pelas plantas, e no caso de bio-filtragem, microorganismos.
• Protege os acabamentos exteriores da radiação UV, dos elementos e flutuações de temperatura que desgastam os materiais. • Podem beneficiar o selar ou a junção das portas, janelas e revestimentos, diminuindo o efeito da pressão do vento.
• Captura de poluentes no ar tais como poeira e pólen. • Filtração de gases nocivos e COV's de tapetes, móveis e outros elementos de construção.
A vegetação nas paredes verdes contribui para a redução dos níveis de som que são transmitidos ou reflectem através da parede. Os factores que influenciam redução de ruído são a profundidade do substrato, os materiais utilizados como componentes estruturais do sistema, e a cobertura global. A melhoria estética pode contribuir para pôr um projecto no mercado e proporcionar uma comodidade preciosa ao espaço.
30 milhões de euros. Este é descrito como “o primeiro verde” em Portugal por consumir menos 60% de energia que um edifício normal de escritórios, segundo descreve o Económico. Esta redução foi conseguida graças a uma fachada dupla que melhora a circulação do ar, a painéis fotovoltaicos colocados na cobertura e na fachada, e a uma faixa de relva com 35 metros de altura. José Fortunato, administrador do grupo, disse ao jornal ser este é o primeiro edifício em Portugal a conseguir conjugar a poupança energética com a redução das emissões de CO2. Nas suas palavras: "As fachadas verdes produzem oxigénio, o que ajuda a absorver CO2 e ainda temos, entre outros equipamentos, um sistema de armazenagem de água da chuva e um sistema de iluminação que reflecte a luz". Com o traço do atelier GJP, cada uma das torres Natura tem oito pisos, com cada andar a apresentar 700 metros quadrados divididos em quatro fracções. No interior das torres e no pátio exterior existem painéis de pequenas áreas com plantas. Como explicou José Fortunato, "as plantas são escolhidas uma a uma e em função da sua estética e propósito para o desempenho do edifício". No site, a MSF descreve o edifício como um caso onde se “integra de forma pioneira em Portugal, tecnologia única e soluções ecológicas a nível energético”.
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA MELHORADA
Melhora a capacidade de insolação térmica através da regulação da temperatura exterior. A extensão desta melhoria depende de vários factores tais como o clima, a distância dos lados dos edifícios, a densidade da cobertura de plantas e o tipo de superfície do edifício.
CONSTRUÇÃO
MATERIAIS BIOMIMÉTICOS
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO INSPIRADOS NA NATUREZA TEXTO DE F.PACHECO TORGAL
ENGENHEIRO CIVIL, INVESTIGADOR DO C-TAC (SUSTAINABLE CONSTRUCTION GROUP), UNIVERSIDADE DO MINHO
TEXTO DE SAID JALALI
ENGENHEIRO CIVIL, PROFESSOR CATEDRÁTICO NO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL DA UNIVERSIDADE DO MINHO
/// As exigências associadas ao desenvolvimento sustentável conduzem-nos à admissão da insustentabilidade dos materiais de construção correntes. A única forma de atalharmos caminho na rápida transição para um paradigma construtivo verdadeiramente sustentável, poderá passar pela replicação das soluções aperfeiçoadas pela natureza ao longo de milhões de anos. O presente artigo aborda investigações levadas a cabo no domínio dos materiais de construção inspirados na natureza. RECONHECENDO A EVIDÊNCIA
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E
mbora nos últimos dois séculos o desenvolvimento dos sistemas mecanizados e todo o processo de industrialização que se lhe seguiu tenha criado no homem uma sensação de superioridade face à natureza, o reconhecimento da evidência do inverso chegou rapidamente com uma factura a pagar em termos de poluição que se revela incomportável e cujas consequências poderão por em causa a própria existência humana. Muito pelo contrário a natureza aperfeiçoou ao longo de 3,8 mil milhões de anos, materiais e “tecnologias” com desempenho excepcional e inteiramente bio-degradáveis. No seu livro “Biomimicry, Innnovation inspired by nature” [1], prémio ciência e inovação das Nações Unidas em 2009, Benyus, define biomimetismo como o reconhecimento da natureza como modelo a seguir, superioridade essa assente em 9 princípios fundamentais: 1. A natureza apenas necessita de luz solar 2. A natureza só usa a energia que efectivamente necessita 3. Na natureza forma e função são indissociáveis 4. A natureza recicla tudo 5. A natureza compensa a cooperação 6. A natureza assenta na diversidade 7. A natureza implica níveis de especialização localizados 8. A natureza impede a criação de excessos 9. A natureza canaliza “o poder dos limites” Segundo esta bióloga a observação da natureza permite a busca de inúmeras soluções para os problemas do mundo moderno [2,3].
Não admira por isso constatar-se que nos últimos anos comunidade científica tenha vindo precisamente a debruçar-se nesta direcção, estudando e comparando soluções naturais com o seu equivalente produzido pelo homem. A titulo de exemplo a concha de Abalone, sabe-se agora, é constituída por camadas com uma espessura de 0,2mm, sendo cada uma delas constituída por sua vez por uma espécie de argamassa de cristais de carbonato de cálcio, com uma espessura de 0,2mm (Figura 1), servindo uma proteína como ligante de todo o conjunto. O resultado final é um compósito que possui uma resistência 3000 superior à resistência dos cristais de carbonato de cálcio simples [4,5], o qual permite pistas para o desenvolvimento de materiais compósitos amigos do ambiente. Alguns mexilhões e até mesmo cracas [68], conseguem produzir uma cola natural que lhes permite manterem uma elevada aderência a rochas submersas e cuja eficácia nada fica a dever ás colas sintéticas. A vantagem neste caso radica inteiramente no facto da mesma
não padecer dos inconvenientes das últimas, já que em termos de composição, as colas sintéticas são na sua maioria à base de epoxi, de melamina-urea-formaldeido, fenol ou solventes orgânicos. E as colas à base de epoxi são materiais tóxicos e os trabalhadores expostos a este material apresentam elevadas taxas de desenvolvimento de eczemas e dermatites, sendo ainda responsáveis pelo desenvolvimento de alergias e pelo desenvolvimento de cancro [9]. Já os compostos de melamina-urea-formaldeido são igualmente tóxicos, defendendo alguns que possuem potencial carcinógenico [10]. Um outro exemplo da eficácia das soluções naturais vem dos fios de teia de aranha (Figura 2), que excedem a resistência à tracção do aço em termos de rácio resistência/massa. E muito embora não consigam igualar o desempenho das fibras de KEVLAR em termos de resistência à tracção, apresentam uma energia de ruptura superior (Tabela 1). E enquanto o aço de alta resistência atinge a ruptura para uma extensão inferior a 1%, o fio de teia de aranha consegue uma exten-
Figura 1: Concha de Abalone: fotografia e microestrutura [5]
CONSTRUÇÃO
Figura 2: Teia de aranha: fotografia e microestrutura das glândulas de produção de fio de teia de aranha
TABELA 2: COMPARAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS DO FIO DE TEIA DE ARANHA COM MATERIAIS FEITOS PELO HOMEM [11]. Material
Resistência à tracção (N/m2)
Energia de ruptura (Jkg-1)
Fio teia aranha
1×109
1×105
Aço de alta resistência
2×109
1×103
KEVLAR
4×109
3×104
MIMETIZANDO CORAIS PARA PRODUZIR “CIMENTO” Os corais utilizam água do mar para produzir cristais de carbonato de cálcio, aragonite, sendo que o processo de calcificação que está na origem da formação de corais, é bastante complexo, estando dependente de vários factores, sendo o principal a fotossíntese [12,13]. Muito recentemente uma empresa Norte-Americana de nome Calera revelou ter desenvolvido um processo de replicar a formação de corais para produzir “cimento” a partir de dióxido de carbono e água do mar [14,15]. Contudo as informações relativas ao processo tecnológico não foram ainda disponibilizadas, bem como não se conhecem as características físicas, químicas e mecânicas dos cristais de aragonite artificial, supostamente produzidos pela empresa Calera. Razão por que se justifica a colocação da
palavra cimento entre aspas, pois que pouco ou nada se sabe sobre as características do mesmo. Somente que o processo, que já está a ser utilizado numa instalação industrial experimental, junto à central termoeléctrica de Moss Landing (Califórnia) utiliza o dióxido de carbono gerado por aquela central para produzir “cimento”. Certo é, que investigações posteriores compararam aragonite produzida artificialmente com aragonite natural, concluindo que a primeira é bastante mais solúvel que a primeira, assim comprovando a dificuldade da replicação do processo [16]. FLOR DE LÓTUS: LIÇÕES SOBRE AUTO-LIMPEZA A capacidade de auto-limpeza é outra das características dos sistemas naturais, como acontece por exemplo com as folhas da flor de lótus (Figura 3), cujo microestrutura se desenvolveu para providenciar esse efeito [17,18]. Foi provavelmente inspirado no exemplo da flor de lótus, que na década de 60 se desenvolveram os primeiros materiais com capacidade de auto-limpeza, recorrendo para o efeito as capacidades fotocataliticas dos materiais semi-condutores [19]. As capacidades fotocataliticas daqueles materiais levam a que durante
Figura 3: Em cima folha da flor de lótus; embaixo o efeito lótus [17]
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são de 30% antes de atingir a ruptura. E é esta propriedade que lhe permite absorver a elevada energia associada ao impacto provocado por um insecto durante o voo e tudo isto recorrendo somente a substancias bio-degradáveis e através de um processo que está anos-luz dos processos industriais necessários para a produção de aço ou outras fibras artificiais.
o processo de absorção dos raios ultravioletas da luz solar (320-400nm), conjuntamente com a presença de moléculas de água, haja formação de substâncias que possuem um forte poder oxidante (radicais hidróxilos (OH) e iões superóxidos (O2-), estas por sua vez vão reagir com a sujidade ou outros compostos orgânicos e inorgânicos, provocando a sua dissociação e assim contribuindo para a sua desintegração. A este efeito oxidante junta-se o facto dos semicondutores quando sujeitos à radiação ultravioleta reduzirem o ângulo de atrito interno da água, tornando a superfície do material hidrofilica, o que contribui para o aumento do efeito-autolimpante. Em 1997 Cassar & Pepe [20] patentearam um bloco para pavimento com características de auto-limpeza (Tabela 2), mas a utilização de um betão com capacidades de auto-limpeza, aplicado num edifício só veio a ter lugar em 2003 na Igreja “Dives in Misericórdia” (Figura 5). Este edifício é composto por várias “velas”, constituídas por sua vez, por 346 blocos em betão à vista feito com cimento branco contendo partículas nanométricas de TiO2 (ligante 380 kg/m3 e A/L=0,38) pré-fabricados e pós-tensionados [21]. Observações levadas a cabo 6 anos após a sua construção revelam apenas ligeiras diferenças entre a cor branca dos betões a nível interior e exterior [22]. As propriedades fotocataliticas dos materiais semi-condutores permitem não só auto-limpeza como a redução dos poluentes atmosféricos e a destruição de fungos e bactérias, contudo in-
CONSTRUÇÃO
MATERIAIS BIOMIMÉTICOS
TABELA 2: PATENTE PARA UM BLOCO COM CARACTERÍSTICAS DE AUTO-LIMPEZA [20]
NOME DA PATENTE
Bloco de pavimento com um ligante hidráulico e particulas fotocataliticas
ÁREA DA INVENÇÃO
Ligante hidráulico pré-doseado com composição optimizada para manter o brilho e a cor original
PRINCIPIO/ESPECIFICAÇÕES
Uso de de partículas foto-cataliticas com capacidade de reduzir poluentes atmosféricos Utilização de um catalizador capaz de oxidar na presença de luz e substâncias poluentes para fabrico de um ligante utilizado em blocos de pavimento capaz de manter o brilho e cor original Utilização de uma mistura pré-doseada de ligante com foto-catalisador capaz de oxidar na presença de luz e substâncias poluentes para fabrico de blocos de pavimento capazes de manter o brilho e cor original
LIGANTE
Cimento (branco, cinza ou pigmentado), cal
FOTOCATALISADOR
TiO2 ou precusor do tipo anatase TiO2 do tipo anatase com 25%,50% ou 70% Mistura de rutilo e anatase (70:30) TiO2 dopado com um ou mais átomos diferentes de ti TiO2 dopado com um ou mais átomos de (fe, mo, ru, os, re, v, rh) Foto-catalisadores do grupo (wo3), (srtio3), (catio3)
QUANTIDADE DE FOTOCATALISADOR
0,01-10% por massa 0,1% Por massa de ligante 0,5% Por massa de ligante
Figura 5: Igreja “Dives in Misericórdia”, Roma
vestigações recentes apontam para o facto das nanoparticulas, provocarem sintomas similares aos provocados pelas fibras minerais (amianto) [23]. Já outros apontam para o surgimento de um novo problema que passa pelo destino a dar aos nano-residuos [24]. Um tal panorama mostra até que ponto o exponencial crescimento tecnológico da civilização humana, está longe de conseguir replicar a perfeição dos sistemas naturais, sendo que nunca como agora estivemos tão perto de perceber as vantagens intrínsecas dos mesmos. E para esse efeito muito contribuíram os desenvolvimentos ao nível da microscopia electrónica, microscopia de força atómica (AFM) e da nanotecnologia, o que por um lado mostra o paradoxo implícito no facto de precisarmos de cada vez mais tecnologia, para percebermos as suas limitações face à natureza.
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A ESCOLHA CERTA
RECURSOS HUMANOS
COMO CONDUZIR UMA ENTREVISTA DE EMPREGO /// Visitar uma empresa pela primeira vez é, quase sempre, um teste de compatibilidade ou incompatibilidade entre a organização e o profissional a recrutar. Por outro lado, quando se entrevista um potencial colaborador, as atenções estão todas centradas nessa pessoa, não raras vezes sendo descurados alguns aspectos que importa destacar.
nal? Existem uma série de listas com questões pertinentes, muitas delas disponíveis online. DESENVOLVER FONTE DE NETWORKING No final, pode explicar exactamente o que pretende identificar no candidato que procura para o lugar em questão. Seja uma experiência muito específica com clientes de um determinado sector, a utilização de um software, o domínio de uma língua ou experiência no mercado internacional. Esta clarificação vai permitir ao candidato uma segunda oportunidade para se “vender” e realçar competências ou experiências nas quais não se focou enquanto desfiava o seu percurso profissional. Neste momento, também poderá aproveitar para explicar a razão da existência da vaga. Lembre-se que o sucesso do resultado final – candidato seleccionado versus não seleccionado – também depende de si. Nunca considere uma perda de tempo entrevistar pessoas que não se enquadram no perfil. Em primeiro lugar está a promover a empresa e, depois, esta pessoa pode ter enquadramento numa outra vaga que venha a surgir no futuro. Construa uma base de dados e desenvolva uma fonte de networking, já que através deste candidato poderão vir outros. E mesmo que o candidato seja brilhante e a função lhe sirva como um fato, não deixe de levantar referências profissionais.
Ultrapassadas estas questões, há que apresentar a proposta financeira ao candidato. Faça-o pessoalmente. Consegue avaliar a reacção imediata do candidato e ter um maior controlo. É importante que na apresentação da proposta destaque outros factores que, não raras vezes, assumem bastante peso no momento de tomar a decisão. Convém confrontar a residência com o local de trabalho, o projecto que tem actualmente face ao que lhe está a apresentar, apresentar o plano de carreira, fringe-benefits, entre tantos outros aspectos que considere relevantes. Assim, ajuda o candidato a fazer a escolha certa e que, por acaso, vai ao encontro da sua.
Telma Duarte
Consultant – HAYS Recruiting experts in Construction & Property
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Q
uem vai entrevistar aquele que poderá vir a ser o futuro colaborador, deve colocar-se no lugar deste e prestar atenção a cada detalhe. Tudo começa no modo como o candidato é recebido, depois encaminhado à zona de espera ou à sala onde irá decorrer a entrevista. Há que perceber que o comportamento dos demais colaboradores e a apresentação da recepção tendem a reflectir o posicionamento, a cultura e os valores da organização. São, sem dúvida, um cartão de visita. Quando iniciar a entrevista, seja afável e cordial. Dê um aperto de mão firme e comece por apresentar-se, explicando qual a sua posição na empresa e que responsabilidades assume. Depois questione o que o candidato conhece acerca da empresa. É interessante perceber se o candidato fez o “trabalho de casa” e também avaliar informalmente a imagem que a empresa transmite para o exterior. Seguidamente, faça uma apresentação da empresa: história, áreas de negócio, delegações e facturação, sem ser demasiado sucinto nem demasiado exaustivo. Importa depois avançar para a entrevista propriamente dita. Evite questões abertas como “fale-me de si”. Pode gerar respostas muito evasivas e que levam à dispersão de informação. Comece, por exemplo, por pedir que o candidato fale da sua experiência profissional, por ordem cronológica. Questione acerca da formação académica. Como foi baseada a escolha? E o que o motiva a procurar um novo projecto profissio-
GABINETE JURÍDICO
PAÍSES DA EUROPA DE LESTE
OPORTUNIDADE PARA A ENGENHARIA PORTUGUESA /// O mundo tal como o conhecíamos está em mutação acelerada. A crise financeira internacional, com forte repercussão em Portugal, associado a um sector da construção em queda há largos anos, faz temer que 2011 ainda não seja um ano de recuperação para o sector. A solução pode passar pelos Países de Leste que se revelam cheios de oportunidades para a "Engenharia Portuguesa"
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reconhecida internacionalmente pela sua qualidade.
GABINETE JURÍDICO
ção estratégica para passar a ser uma questão de sobrevivência. Internacionalizar-se é, cada vez mais, integrar-se numa rede de acordos inter-empresariais erigidos por cima das fronteiras políticas, garantindo os mercados e segmentos que escasseiam em Portugal. A internacionalização empresarial, de acordo com estudos recentes vem sofrendo importantes mudanças: - empresas de pequena e média dimensão, através de métodos muito diversos, estendem a sua actividade através das fronteiras, mostrando que a actividade externa não é um exclusivo das grandes multinacionais; - são adoptadas novas fórmulas contratuais que permitem um melhor aproveitamento das vantagens competitivas, garantindo simultaneamente maior flexibilidade em contextos de mudança; Assim, o processo de internacionalização deixou de apresentar-se como uma aventura solitária para a empresa, sendo a selecção de sócios e de fórmulas contratuais aspectos chave na estratégia internacional das empresas. REUNIR CONDIÇÕES DE SUCESSO Para além do Brasil e dos países africanos de língua oficial portuguesa - mercados óbvios, pelas afinidades linguísticas e culturais - outros países têm vindo a suscitar o interesse das empresas
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P
revêem-se para 2011 taxas de crescimento negativo, aumento do desemprego e fortes medidas de contenção com vista a diminuir o défice público. Ora, a retracção do investimento público tem impacto directo e imediato nas obras públicas, com a redução drástica do número de empreitadas adjudicadas. Também no sector privado o quadro não se apresenta mais favorável. O endividamento das famílias e a dificuldade no recurso ao crédito impedem o reavivar do mercado residencial e a falta de medidas legislativas não faz antever o estímulo do mercado da reabilitação. No que respeita ao segmento não residencial, o cenário não é diferente e, antes da retoma económica, dificilmente poderemos perspectivar melhorias visíveis. Nestas circunstâncias, é natural que os empresários do sector estejam pessimistas quanto à evolução da produção das empresas de construção. Contudo, não pode olvidar-se que é nos momentos difíceis que nascem as grandes oportunidades e, portanto, este é também um momento de excelência para o desenvolvimento do sector através da optimização de processos e assunção de posturas competitivas (com novas abordagens, rigor acrescido no controlo de custos, estratégias inovadoras e capacidade de diversificação). É neste âmbito que tem surgido um apelo cada vez maior à internacionalização, que nalguns casos, tem vindo a deixar de ser uma op-
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GABINETE JURÍDICO
PAÍSES DA EUROPA DE LESTE
portuguesas. Os Países de Leste, em especial, a Hungria, a Polónia e a República Checa - e mais recentemente também a Roménia e a Bulgária - revelam-se cheios de oportunidades para a "Engenharia Portuguesa" reconhecida internacionalmente pela sua qualidade. A verdade é que com a assinatura dos tratados de adesão à união europeia, estes países se comprometeram, não só com a lógica da economia de mercado, como com as liberdades fundamentais do mercado interno europeu (pessoas, capitais, mercadorias e serviços). Além disso, e como é natural, estes países vão atrair crescentemente fundos comunitários que impulsionarão o seu crescimento económico. Recordemos que, no caso português, esses mesmos fundos foram responsáveis por 1,5% do crescimento anual do PIB nos cinco anos após a adesão. No mínimo, é expectável que um idêntico crescimento ocorra agora nos novos Estados membros. Prevê-se igualmente uma modernização desses países - a nível de infra-estruturas, redes de transporte, serviços, novas tecnologias
e formação profissional - o que dinamizará, com certeza, o investimento público e privado. O sector das obras públicas português beneficia do know-how específico apreendido nas grandes obras de infra-estruturação do nosso país com o apoio dos fundos comunitários, o qual poderá ser utilizado e representar uma mais-valia competitiva. Mas também o sector privado tem vários desafios a que pode responder com qualidade e sucesso. Contudo, para investir no Leste da Europa é indispensável reunir condições de sucesso. Em primeiro lugar, é necessário possuir informação rigorosa sobre esses mercados, abrangendo não só estudos de mercado, como também a legislação, o funcionamento da administração pública, o quadro político, principais referências culturais e opinião pública. Fundamental é igualmente definir uma estratégia de médio/longo prazo, a qual deverá compreender quadros minimamente informados sobre a realidade local, uma boa selecção de parceiros locais - seja para consultoria ou para associação - e estar alicerçada num quadro financeiro adequado.
A existência de uma estratégia bem delineada pode catapultar os empreendedores portugueses para o sucesso, sendo que o fracasso espreita pela porta do facilitismo, existindo em Portugal muitas histórias que comprovam os resultados das escolhas realizadas em prol de ambos os caminhos.
Ana Sofia Catarino
Sócia da Teixeira de Freitas, Rodrigues e Associados
NOTÍCIAS
NO PAÍS
MANGUALDE VAI TER PRAIA ARTIFICIAL Mangualde vai ter a primeira praia artificial da Europa, cuja inauguração está prevista para Julho. O LiveBeach estará em funcionamento nos três meses de Verão. Entre 15 de Junho e 15 de Setembro, Mangualde terá uma praia artificial com 6 500 toneladas de areia e 945 mil litros de água salgada. Além da praia, o espaço, de 22 mil e 500 metros quadrados, integra seis restaurantes, dois bares de apoio e um palco para concertos. O recinto vai estar aberto todas as noites, com música ao vivo. No âmbito musical o LiveBeach contará com o apoio do músico e produtor Luís Jardim que ficará responsável por dinamizar o evento com “concertos de artistas de renome nacionais e internacionais, festas nocturnas com DJ’s entre outras iniciativas”. “Mais que um empreendimento turístico, o LiveBeach é um grande evento que apresenta algo de novo todos os dias, durante três meses”, afirma Rui Braga, Administrador Live it Well Events, que dinamiza o projecto. Segundo Rui Braga, “a escolha de Mangualde para receber este projecto prende-se, por um lado, às características sócio-demográficas do distrito. É o mais populoso na região interior e com um incremento populacional no Verão, devido ao regresso dos emigrantes. E, por outro lado, à grande aceitação que a Câmara Municipal de Mangualde demonstrou aquando foi apresentado o projecto”. LiveBeach conta com um investimento 100% privado de mais de um milhão de euros. OBRAS DE ENGENHARIA CIVIL COM “PIOR DESEMPENHO” Obras de engenharia civil foi o segmento do sector da construção que registou “o pior desempenho” no trimestre terminado em Janeiro último, avançou a FEPICOP - Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas. Com uma queda homóloga de 28,5%, as obras de engenharia civil superaram, pela negativa, a construção de habitação (menos 13,7%) e a construção não residencial (menos 11,7%). Na perspectiva da Federação, os resultados registados pelas obras de engenharia civil devem-se às “medidas de austeridade implementadas pelo Governo com vista a consolidar as finanças públicas e que se traduzem na quebra de investimento público”. Os dois outros segmentos foram penalizados pela “falta de investimento”. Com o desemprego no sector da construção a ultrapassar os 70 mil trabalhadores, empresários portugueses mantêm um “forte pessimismo” face aos seus homólogos europeus. Como indica a Federação, “o indicador de confiança dos empresários portugueses da construção registava, no trimestre terminado em Janeiro deste ano, uma variação homóloga de menos 12,4%, revelando uma evolução contrária à tendência da União Europeia ( mais 3,5% no mesmo período)”. Esta discrepância é justificada com “a falta de encomendas em carteira”, que, em Portugal, caiu 9,1%. Na União Europeia, a variação foi positiva e alcançou os 3,7%.
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ASPIM RECOMENDA SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO A Associação Portuguesa de Impermeabilizadores (ASPIM) elaborou um conjunto de Sistemas de Impermeabilização recomendados, que visa “melhorar a qualidade das soluções apresentadas de modo a que os clientes finais ganhem em durabilidade e fiabilidade”. Segundo José Luís Castro, presidente da ASPIM, “é objectivo da ASPIM promover o sector das impermeabilizações de modo a que ocupe o lugar a que tem direito no mundo da construção pela sua exigência e pela sua importância”. A ASPIM é constituída por empresas nacionais que, sendo detentoras de autorizações específicas como empreiteiros, se dedicam à aplicação de sistemas de impermeabilizações.
TRÊS PROJECTOS NACIONAIS ELEITOS EDIFÍCIO DO ANO
© FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra
O edifício da Vodafone no Porto, o bar temporário que representou a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto na Queima das Fitas e a Closet House, de Matosinhos, foram eleitos edifícios do ano em diferentes categorias pelo site ArchDaily. O Edifício Vodafone, dos arquitectos José António Barbosa e Pedro Lopes Guimarães, foi distinguido na categoria de Arquitectura Institucional. A Closet House, de Marta Costa e Henrique Pinto, venceu na categoria de interiores. E um bar temporário, da autoria de Diogo Aguiar e Teresa Otto, que esteve em 2008, no Parque da Cidade do Porto durante a Queima das Fitas recebeu o prémio para o melhor projecto de hotéis e restaurantes. Os vencedores foram escolhidos pelos leitores no espaço de um mês com “mais de 30 000 votos na última ronda”, lê-se no site. Entre os finalistas nacionais havia mais quatro projectos: dois do Porto, um de Lisboa e um da Madeira.
ADJUDICAÇÃO DE OBRAS TRIPLICA EM JANEIRO A adjudicação de obras públicas mais do que triplicou em Janeiro em relação ao mesmo mês de 2010, revelou a AECOPS - Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas e Serviços. Embora não seja possível perspectivar uma recuperação, o ano de 2011 teve início “com uma forte expansão das adjudicações de obras públicas: 233,5% em valor em Janeiro e face ao mesmo mês de 2010”. Apesar deste crescimento, a associação não infere “uma recuperação, mesmo que ténue, deste mercado e da indústria da construção, na sua globalidade”, uma vez que a informação se reporta “apenas ao mês de Janeiro, o que é manifestamente insuficiente para se poder antecipar uma efectiva recuperação das obras públicas” e do sector da construção.
NO MUNDO
BRASIL ENGENHARIA EM ALTA O “grande dinamismo” mostrado pelo mercado brasileiro de engenharia deve-se ao “crescimento económico” do país e à existência de “programas governamentais nas áreas de infra-estruturas e residencial”, avança a DBK . Entre 2006 e 2010, o volume de negócio das empresas de engenharia localizadas no Brasil registou uma variação média anal de 13%, atingindo os 13.200 milhões de reais (cerca de 5,8 milhões de euros). Contrariando uma desaceleração económica a nível nacional e internacional, o mercado da engenharia cresceu 16,8% em 2010. A facturação com origem nos projectos de engenharia para o sector industrial situou-se nos 6.050 milhões de reais (mais de 2,6 milhões de euros), representando, assim, 46% do total conseguido no mercado de engenharia. Seguiram-se, por ordem de importância, os projectos nas áreas da Energia, Água e telecomunicações, Infra-estrutura de transporte e Edificação. A curto prazo, espera-se que a “tendência em alta” se “prolongue”, num contexto de um “esperado crescimento da economia brasileira e importantes necessidades de novas infra-estruturas” que o país demonstra. Espera-se , por isso, que o mercado brasileiro de engenharia alcance um crescimento de 15%, tanto este ano como em 2012.
REVIGRÉS RECEBE EUROPEAN ENTREPRISE AWARD A Revigrés recebeu, no dia 15 de Fevereiro, o European Entreprise Award, pelo projecto «Best Practices in Research and Innovation» que desenvolveu em parceria com a Universidade de Aveiro. De acordo com os galardoados, o projecto “demonstra um caso exemplar da relação de cooperação entre a Revigrés e a Universidade de Aveiro em diferentes áreas: Investigação, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação, Cooperação em Consórcios com Empresas e Formação de Recursos Humanos”. O destaque vai para exemplos em que a Revigrés apoiou, criou ou patrocinou. São eles: Revestimento Antibacteriano; Inovadomus - Associação para o Desenvolvimento da Casa do Futuro; e Cidades Criativas. Atribuído pela Comissão Europeia, em colaboração com o IAPMEI e o Ministério da Economia, da Inovação e do Desenvolvimento, este prémio tem como intuito distinguir as empresas europeias com as melhores práticas de promoção do espírito empresarial.
Arquitectura é a categoria da quinta edição dos BigMat Awards, um prémio atribuído pelo Grupo BigMat que, este ano, pretende distinguir o melhor projecto de arquitectura espanhola. BigMat Awards Arquitectura 2011 é dirigido a arquitectos, projectistas e engenheiros que tenham desenvolvido, a partir de Dezembro de 2007, projectos inovadores que tenham tido em conta a sua integração urbana e as exigências da sociedade actual. O BigMat Award ascende a um total de 24 000 euros: 18 000 euros para a proposta vencedora; e 4 000 e 2 000 euros para os segundo e terceiro classificados. As candidaturas abertas até dia 6 de Maio.
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ESPANHA BIGMAT ABRE CANDIDATURAS A PRÉMIO DE ARQUITECTURA DE 18 000 EUROS
EMPRESAS
“ELEVADO ÊXITO” DA SCHÜCO EM PORTUGAL Um ano após a ampliação dos escritórios em Lisboa, a Schüco fez o balanço da sua actividade e concluiu que o “elevado êxito” da empresa assenta em quatro pilares: “a grande aceitação dos seus produtos, a consolidação do seu showroom, crescimento exponencial das visitas ao seu website e os projectos de referência”. A Schüco destaca, entre a sua oferta, “a grande aceitação” dos sistemas de janelas AWS 65 e o “especial interesse” nas portas corta-fogo ADS 80 FR 60. Para 2011, os objectivos da Schüco “ centram-se no desenvolvimento e a potenciação da nossa rede de associados em países com soluções sustentáveis que protegem o meio ambiente, economizando e gerando energia”, afirmou em comunicado Manuel Del Pino, director-geral de Schüco Iberia.
LG PORTUGAL INAUGURA NOVA ACADEMIA
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A LG Portugal inaugurou, no dia 27 de Janeiro, a nova Academia LG: um espaço dedicado à formação de profissionais nos domínios da climatização e do ar condicionado. Localizada no edifício da LG Portugal, a nova Academia vai reforçar o investimento em formação e inovação que a empresa tem vindo a desenvolver e que, até ao momento, já envolveu mais de 3 000 profissionais como arquitectos, engenheiros, instaladores, projectistas e outros. Para Nuno Lourenço, director de Vendas da Área de Ar Condicionado LG Portugal, “este é um marco importante para a área de Air Conditioning & Energy Solutions da LG Portugal. Sentimos que estamos a dar um grande passo no desenvolvimento desta área de negócio e que isso nos permite cada vez mais oferecer o que de melhor temos aos nosso clientes e parceiros de negócio. Esperamos que este novo espaço dedicado à formação seja o primeiro de muitos momentos para crescermos em inovação, design e sustentabilidade”.
Legenda da Foto: Nuno Lourenço (Frente - esquerda); Cheol Kim – Presidente LG Portugal (Frente - meio); Ruy Conde (Frente - direita); Jae Won Yu – Product Manager AC (Ao fundo); Alexandra Marques - AC Spec-In Engineering (Ao meio)
RAMOS CATARINO FACTURA 73 MILHÕES DE EUROS A construtora Ramos Catarino facturou 73 milhões de euros em 2010, mais 13 milhões de euros que em 2009. Ao longo desse ano, a empresa do Grupo Catarino foi responsável por várias obras, entre as quais os responsáveis destacam as remodelações nas Escolas Francisco Rodrigues Lobo e Domingos Sequeira (Leiria); a Unidade de Cuidados Continuados (Entroncamento); o Hospital da Figueira da Foz; o Hotel Íbis Porto; o Lar de Idosos de Alcácer do Sal; a Escola de Vila Real de Santo António e, em Lisboa, a construção do Edifício Duque de Loulé e o Hotel Alif Avenidas. Para Vítor Catarino, presidente da Ramos Catarino, “o desempenho foi positivo tendo em conta a conjuntura no sector e espelha bem a nossa estratégia - proporcionar aos nossos clientes uma proposta de valor absolutamente singular, aliando qualidade, competitividade e rigoroso cumprimento de prazos. Encaramos o novo ano com confiança e algum optimismo, iremos continuar a responder aos mais ousados e diversificados desafios do mercado, que nos permitirão manter um crescimento sustentado.”
CIN OCUPA 37º LUGAR DO COATING WORLD A CIN ocupa o 37º lugar do Coating World 2010, ranking mundial das 50 maiores empresas produtoras de tintas, o que representa uma subida de quatro posições face à edição anterior. A única empresa portuguesa presente no ranking deve esta subida à facturação de 217 milhões de euros que alcançou em 2009. Os três primeiro lugares do Coating World pertencem, por ordem de maior importância, a AKzo Nobel (holandesa), PPG (norteamericana) e Henkel (alemã). Com 1 400 empregados e sete unidades fabris em Portugal, Espanha, França, Angola e Moçambique, a CIN distribui os seus produtos na Península Ibérica através duma rede de lojas próprias, franchisados, concessionados e revendedores autorizados. A CIN é, igualmente, membro fundador do Clube Nova Paint, organização internacional que reúne as principais empresas independentes mundiais de tintas. Neste contexto, a empresa portuguesa anfitriã da próxima reunião Clube Nova Paint, que terá lugar em Lisboa em Abril.
LIGNA 2011
FEIRA
FAZER MAIS DA MADEIRA TEXTO DE SOFIA DUTRA
/// “Fazer mais da madeira” é o lema da Ligna 2011, revelou Figen Günay, gestora de
O
uso sustentável da madeira é o tema central desta feira dedicada ao sector da silvicultura e da indústria da madeira, que decorre de 30 de Maio a 3 de Junho, em Hanôver, na Alemanha. Construção ligeira (pela primeira vez abordada na feira), bioenergia com madeira, tecnologias de tratamento de superfícies serão outros assuntos prementes, com direito a apresentações especiais. A edição deste ano irá contar com 1700 expositores, provenientes de 50 países. Segundo Figen Günay, “mais de metade dos expositores são de fora da Alemanha”. As novidades estarão expostas em 13 pavilhões. Esta responsável acredita que esta edição “atingirá os números da edição anterior, embora nem todos os sectores tenham recuperado totalmente da situação económica”. Em 2009, a Feira contou com uma afluência de 80 000 visitantes, provenientes de 90 países, dos quais 95% eram “visitantes profissionais com poder de decisão”. Dominik Wolfschütz, da VDMA – Associação Alemã de Fabricantes de Máquinas para Trabalhar Madeira, explicou que “o sector de maquinaria para trabalhar madeira sofreu muito com a crise mundial” e que, no ano passado, valia “oito mil milhões de euros” a nível mundial. “Em 2010, o sector já começou a
melhor, e temos grande confiança para este ano”, garantiu. Segundo o responsável da VDMA, este sector tem vindo a sofrer uma mudança e “actualmente, já não é o produto que é importante, mas como ele é feito”. Assim, factores como o gasto energético na produção assumem uma importância crescente. A Ligna congrega todas as tecnologias ao longo da cadeia de valor acrescentado, desde a silvicultura à indústria de exploração florestal e de transformação da madeira. Pela primeira vez, irá realizar-se uma conferência internacional sobre construções leves: Think light – international conference on lightweight panels, que visa dar uma perspectiva global sobre os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos nos materiais leves de madeira. Nas suas apresentações, os peritos internacionais irão abordar, entre outros, temas como as possibilidades de comercialização, a produção, a preparação e transformação das placas ou as características físicas e a aceitação de móveis leves junto do consumidor. A edição deste ano tem já confirmada a presença de três expositores portugueses (Frezite, Silvino Lindo e Mida), estando em negociações a presença de mais uma empresa lusa.
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projecto da feira, em conferência de imprensa ibérica, no dia 8 de Fevereiro, em Madrid.
IMOBILIÁRIO
THE LISBONAIRE APARTMENTS NA BAIXA
PARQUE DAS NAÇÕES DINAMIZA MERCADO DE ESCRITÓRIOS O mercado de escritórios de Lisboa registou uma absorção de 19 602 metros quadrados, avançou o Office Fkashpoint de Dezembro da Jones Lang LaSalle. Embora este valor represente um incremento de 164% face ao mês anterior, também fica 9% abaixo do conseguido no período homólogo precedente. O Parque das Nações foi a zona mais dinâmica neste mês, tendo registado uma ocupação de 6 512 metros quadrados. Segue-se o Corredor Oeste com um arrendamento de 5 185 metros quadrados. Os sectores de actividade que mais procuraram escritórios neste período de tempo foram, por esta ordem, Serviços Financeiros e TMT’s & Utilities. Durante o ano 2010, o mercado alcançou os 105 781 metros quadrados de ABL ocupada, “o que se constitui como um mínimo histórico desde que o existem dados agregados(1998)”, pode ler-se no comunicado da Jones Lang LaSalle.
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ESCRITÓRIOS DE LISBOA TÊM PROCURA MAIS BAIXA DA DÉCADA O mercado de escritórios de Lisboa registou em 2010 o volume de procura mais baixo da década, revela a Cushman & Wakefield (C&W). Segundo a consultora imobiliária, “de Janeiro a Dezembro foram transaccionados pouco mais de 100 mil metros quadrados”. Este valor representa uma quebra de 8% face a 2009, “ano em que o mercado já havia registado um decréscimo na procura de mais de 50% em relação ao 2008”. De acordo com a C&W, o efeito desta quebra não foi sentido de forma directa no nível de rendas. “A renda prime do mercado registou inclusivamente uma subida no terceiro trimestre, situando-se nos 19 euros/metro quadrado/mês, fruto da escassez de espaços de qualidade que tem vindo a sentir-se nesta zona da cidade”. As restantes zonas do mercado verificaram estabilidade nos valores, à excepção do Corredor Oeste, cujo valor prime desceu para 12,5 euros/metro quadrado/ mês no último trimestre do ano. “A actividade do mercado de escritórios de Lisboa em 2010 caracterizou-se por uma maior cautela por parte dos ocupantes perante planos de expansão e estratégias de crescimento futuras. Houve também um aumento dos processos de renegociação de condições que teve seguramente um impacto considerável ao nível da rentabilidade dos proprietários” afirma Carlos Oliveira, partner e director do departamento de escritórios da C&W em Portugal. Para este responsável, “em 2011 os volumes de procura não deverão revelar uma evolução significativa face aos registados em 2010, sendo provável que se mantenha uma pressão forte sobre os valores de mercado, podendo vir-se a registar novas quebras ao longo do próximo ano”. A nível internacional, os dados da C&W indicam que o mercado de escritórios a nível global recuperou da tendência decrescente verificada em 2009. O segundo semestre de 2010 registou um aumento da procura, diminuição da oferta de espaços e uma subida de rendas de 1%. A retoma foi liderada pela região Ásia-Pacífico, onde as rendas subiram 8% durante o ano. Hong Kong (o mercado de escritórios mais caro do mundo) e Pequim registaram subidas elevadas, de 51% e 48% respectivamente. O Brasil e a China lideraram o ranking global de crescimento das rendas em 2010.
The Lisbonaire Apartments é uma unidade hoteleira, de 19 apartamentos, a inaugurar em Fevereiro próximo na Baixa lisboeta. O Grupo Lisbonaire é o promotor do projecto e a direcção criativa é da experimentadesign. A experimentadesign convidou o atelier de design de produto Pedrita e o designer gráfico Ricardo Mealha para o desenvolvimento global do projecto, que visa “uma intervenção low-budget”, revela o comunicado. Foram desafiados 19 designers e ateliers lisboetas a “revisitar a herança gráfica e tipográfica local para criar uma intervenção, dotando cada apartamento de uma identidade própria que reflecte o seu contexto cultural único. Letreiros e montras do comércio local, sinalética urbana, motivos decorativos e arquitectónicos tradicionais são apenas alguns exemplos do vasto património visual sobre o qual os designers convidados poderão trabalhar”. O atelier Pedrita desenhou e seleccionou o equipamento como base em produtos concebidos e fabricados em Portugal. A dupla Rita João e Pedro Ferreira (Pedrita) desenhou um sistema modular de mobiliário e iluminação. “Simplicidade, multifuncionalidade e baixo custo foram as principais tónicas das peças criadas de raiz”. “O conceito geral foi trabalhado com base em duas orientações: a riqueza do património visual da Baixa Chiado e a aposta exclusiva na produção nacional, criando um espaço vocacionado para um público cosmopolita e exigente, que valoriza a diferença, a identidade e o bem-estar”, acrescenta o comunicado.
INVESTIMENTO IMOBILIÁRIO SUBIU 25% EM 2010 O volume de transacções de imobiliário em Portugal aumentou 25% no ano passado, revela a Cushman & Wakefield (C&W). A consultora imobiliária global reviu em alta os valores de 2010 para a actividade de investimento imobiliário em Portugal, depois de analisar os dados de fecho de ano dos Fundos de Investimento Imobiliário (FII) nacionais. De uma previsão que apontava para um valor de 600 milhões de euros, no ano passado foi alcançado um valor efectivo de cerca de 730 milhões de euros de volume de investimento imobiliário. De acordo com o comunicado de imprensa, “estes números são extremamente significativos, pois reflectem um mercado que, apesar de tudo, teve uma dinâmica superior à registada em 2008 e 2009, com a forte contribuição dos FII Portugueses”. O volume de investimento em activos imobiliários em Portugal em 2010 foi de 730 milhões de euros, representando um crescimento de cerca de 25% face a 2009. O segundo semestre do ano foi especialmente activo, tendo os negócios realizados neste período representado 63% do total. A origem do capital investido em Portugal em activos imobiliários de rendimento foi maioritariamente nacional (mais de 70%), com os fundos imobiliários a intervirem na esmagadora maioria dos negócios e contribuírem com cerca de 55% para o volume total investido. O volume médio transaccionado por negócio durante o ano situou-se nos 10,5 milhões de euros, representando uma quebra de cerca de 7% face aos 11,4 milhões de euros verificados em 2009. Segundo Luís Rocha Antunes, partner e director do departamento de investimento da C&W, “Embora se adivinhe um cenário difícil para o país, este pode ser um primeiro sinal da recuperação da actividade de investimento institucional no imobiliário português, sendo expectável que neste ano se voltem a registar taxas de crescimento do volume investido”.
IMOBILIÁRIO
TORRE OCIDENTE INAUGURADA ANTES DO PREVISTO TEXTO DE SOFIA DUTRA
/// A Torre Ocidente foi inaugurada oficialmente a 1 de Fevereiro, concluindo o projecto Torres Colombo. “Construído em tempo record” e um mês antes do previsto,
S
egundo Pedro Caupers, da Sonae Sierra, a antecipação deveu-se à “implementação de soluções de optimização dos processos construtivos, dos equipamentos e funcionalidades”. A construção teve início em Setembro de 2009. A torre de escritórios, cujo projecto é da autoria do arquitecto José Quintela, tem 14 pisos e 29 mil metros quadrados. À data da inauguração estavam já assinados dois contratos de arrendamento: com a WS Atkins (827 metros quadrados no segundo piso); e com um restaurante japonês (cerca de 300 metros quadrados no piso térreo). Espera-se que ainda durante o primeiro trimestre seja dado início à instalação dos futuros inquilinos com o funcionamento integral da
torre, incluindo as certificações com que ficará dotada. Em conjunto com a Torre Oriente, inaugurada em 2009, o empreendimento constitui o “maior conjunto edificado e mixed use project do país”, afirmou Francisco Fonseca, da Sonae Sierra. Correspondendo a um investimento superior a 90 milhões de euros, as Torres Colombo compreendem um total de cerca de 500 mil metros quadrados. À semelhança do que aconteceu com a Torre Oriente, os promotores pretendem que “a Torre Ocidente venha a ter como arrendatários empresas de elevado prestígio e grande reputação nacional e internacional, o que está a levar a um processo de selecção privilegiando a ocupação
de andares completos de 2.000 metros quadrados”. “Estamos convictos que vai repetir o sucesso da Torre Oriente”, disse Pedro Caupers. “A experiência que tivemos ali dá-nos a confiança que no fim do ano vamos ter a Torre Ocidente totalmente alugada”. “Tal como a Torre Oriente, quando estiver próximo de estar toda comercializada, iniciaremos o processo de venda do edifício”, acrescentou. Os preços por metro quadrado variam entre os 14,5 euros e os 17,5 euros. O empreendimento foi desenvolvido pela parceria formada pelo Grupo Caixa Geral de Depósitos, Sonae Sierra, ING Real Estate e Iberdrola Inmobiliária. A comercialização está a cargo da Jones Lang LaSalle e da Cushman & Wakefield.
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o empreendimento ficou abaixo do orçamento (de 45 milhões de euros).
AGENDA
NACIONAL
MARÇO
ABRIL
17
12 - 17 1.AS JORNADAS TÉCNICAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO Lisboa Imperalum
17 - 20 IMOBITUR – SALÃO IMOBILIÁRIO DO PORTO Porto Entre 17 e 20 de Março, a EXPONOR promove a 7ª edição do Imobitur – Salão Imobiliário do Porto, onde será dado destaque à internacionalização do mercado imobiliário do Norte de Portugal, à atracção de investimento internacional e projectos estruturantes do desenvolvimento da Região Norte, assim como à reabilitação urbana. De acordo com a organização, este evento “é reconhecido como uma plataforma consolidada e privilegiada para a criação de novas oportunidades de negócio, quer com o cliente final, quer entre os parceiros de negócio”. Entre 2005 e 2010, a feira recebe cerca de 144 000 visitantes profissionais e gerou um volume de negócios médio anual de 120 milhões de euros.
30 JORNADAS DO CIMENTO Lisboa «Construção» é o tema das Jornadas do Cimento que a Associação Técnica da Indústria de Cimento vai promover no Auditório Almada Negreiros do Centro Cultural de Belém, dia 30 de Março de 2011. Sustentabilidade das Soluções em Cimento; Cimento e Eficiência Energética dos Edifícios; Cimento e Vias de Comunicação; e Cimento na Construção são os quatros temas centrais das jornadas que contam com o patrocínio da CIMPOR e da SECIL. Realizado em parceria com a Ordem dos Engenheiros, este evento dirige-se, segundo a organização, a donos de obra, prescritores, projectistas, empresas de construção e de fiscalização, ensino de arquitectura e engenharia, laboratórios da construção, instituições da qualidade e sustentabilidade, associações da construção e estado.
ABRIL
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04 - 05 PAVIMENTOS EM ZONA URBANA: SOLUÇÕES, CONCEPÇÃO E CONSERVAÇÃO Lisboa Formação FUNDEC – Associaçao para a Formação e o Desenvolvimento em Engenharia Civil e Arquitectura - www.civil.ist.utl.pt/fundec/
EXPOCONSTRÓI Batalha ExpoConstrói – Feiras de Equipamentos e Materiais para a Construção Civil e Pedra – Feira Nacional da Pedra, Extracção de Blocos, Chapa Serrada e Produto Acabado, Máquinas, Equipamentos, Acessórios e Ferramentas são os dois certames que a ExpoSalão promove entre 14 e 17 de Abril de 2011, na Batalha. Dirigida a construtores civis, engenheiros, arquitectos, designers, empresários, decisores, chefes de compras, projectistas e outros profissionais, a Expo Constrói define-se como “um espaço privilegiado para a apresentação de novidades, um ponto de encontro entre os mais diversos segmentos do sector e o seu público, e desta forma, como alicerce de bons negócios”. A feira bianual da Pedra destacase por, segundo a organização, por se enquadrar “geograficamente numa das regiões onde a indústria da pedra natural é mais forte”.
12 - 18
ENERGIAS RENOVÁVEIS Porto Formação
APEMETA - http://apemeta.site.escritadigital.pt
MAIO 02 - 04 JORNADAS DA RIA DE AVEIRO 2011 Aveiro Centro de Estudos do Ambiente e do Mar e Universidade de Aveiro - http://uaonline.ua.pt
19 - 20 PLANEAMENTO, REORÇAMENTAÇÃO, E CONTROLO DE PRAZOS E CUSTOS Lisboa Formação FUNDEC – Associaçao para a Formação e o Desenvolvimento em Engenharia Civil e Arquitectura - www.civil.ist.utl.pt/fundec/
JUNHO 16 - 19 FÓRUM DO MAR Porto Conhecimento e da Economia do Mar EXPONOR – Feira Internacional do Porto - www.exponor.pt
INTERNACIONAL
MARÇO
AGENDA
MAIO
10 - 13
24 - 28 ISTANBUL WINDOW - Feira Internacional da Janela Istambul, Turquia http://www.istanbulwindowfair.com
15 - 17 GLOBALGEO Salão Internacional da Geoinformação Barcelona, Espanha Fira de Barcelona - www.globalgeobcn.com
EXPOMATEC - Feira de Infra-estruturas, Máquinas para Construção, Extracção e Minas A primeira edição da Expomatec - Feira de Infraestruturas, Máquinas para Construção, Extracção e Minas está agendada para acontecer em Madrid entre 24 e 28 de Maio de 2011. Promovida pela Feria de Madrid, esta feira trienal quer apresentar as melhores soluções de mercado nas áreas da movimentação de terras; perfuração; demolição e reciclagem; fabrico e aplicação de mistura asfálticas; minas; compactação; construtoras, engenharias; veículos especiais para construção civil e extracção de minério.
ABRIL
JUNHO
12 - 17
09 - 12
EUROLUCE – FEIRA INTERNACIONAL DE ILUMINAÇÃO Milão Originalmente concebida para responder à demanda para a iluminação decorativa, a Euroluce – Feira Internacional de Iluminação tem “crescido constantemente para abranger outros sectores, tais como iluminação técnica, iluminação, fontes de luz e seus sistemas de controle”, avançam os responsáveis. Organizada pela COSMIT spa, a 26ª edição deste certame terá lugar entre 12 e 17 de Abril na cidade italiana de Milão.
FIMA - Feira de Minas de Angola Luanda, Angola FIL – Feira Internacional de Luanda www.fil-angola.co.ao
AGOSTO / SETEMBRO 29 - 02
MAIO 10 - 12 RAIL FÓRUM Feira de Transportes Ferroviários de Mercadorias e Passageiros
CLME 2011 6º Congresso Luso-Moçambicano de Engenharia Maputo, Moçambique Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto Faculdade de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane Ordem dos Engenheiros de Portugal Ordem dos Engenheiros de Moçambique http://paginas.fe.up.pt/clme/2011/
Madrid, Espanha IFEMA – Feria de Madrid - www.ifema.es
13 - 15 URBE - Salão Imobiliário do Mediterrâneo Valência, Espanha Feria, Valência - http://urbe.feriavalencia.com
Construmat – Feira Internacional da Construção Barcelona vai receber mais uma edição da Construmat – Feira Internacional da Construção entre 16 e 21 de Maio de 2011. Pilar Navarro, directora da feira, afirmou em comunicado, que a 17ª edição da Construmat “girará em torno de três eixos temáticos: a inovação, reabilitação e sustentabilidade “. Ao longo de seis dias, os visitantes terão a oportunidade de conhecer as novidades nas áreas da Maquinaria, protecção e instrumentos; Estruturas; Acabamentos; Carpintaria; Vidro; Construção sustentável; Equipamentos, entre outros.
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16 - 21
NAVEGAR
WWW.AIPEX.ES |
EM CASTELHANO E PORTUGUÊS
“A AIPEX - Associação Ibérica de Poliestireno Extrudido representa as empresas produtoras de poliestireno extrudido e o seu objectivo é defender, promover, investigar e aperfeiçoar o fabrico de artigos com este material. Criada em Dezembro de 2004, a AIPEX tem sede em Madrid e um âmbito territorial que abrange Espanha e Portugal. “É uma entidade sem fins lucrativos, cujos objectivos fundamentais são dar a conhecer a qualidade dos produtos de poliestireno extrudido, divulgar o fabrico conforme as normas técnicas e promover o cumprimento dos requisitos legais com eles relacionados”. A AIPEX promove a utilização do poliestireno extrudido como material isolante no sector da construção.
WWW.ASPIM.ORG |
EM PORTUGUÊS | TEM MOTOR DE PESQUISA.
“A ASPIM é a Associação Portuguesa de Impermeabilizadores, constituída por empresas nacionais, que sendo detentoras de autorizações específicas como empreiteiros (11ª subcategoria da 5ª categoria) se dedicam à aplicação de sistemas de impermeabilizações. O principal objectivo da ASPIM, é desenvolver acções para que o sector das impermeabilizações ocupe relevância no mundo da construção, quer pela sua exigência, quer pela sua importância. Está previsto um conjunto de acções que visam promover, divulgar, reforçar o quadro normativo do sector, criar carteira profissional, apoiar a certificação, promover eventos e presença em feiras, desenvolver acções de formação”.
WWW.NKBA.ORG |
EM INGLÊS | TEM MOTOR DE PESQUISA.
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A National Kitchen & Bath Association tem mais de 40 000 membros nos Estados Unidos da América e Canadá. Esta associação inclui 70 capítulos e subcapítulos ao longo da América do Norte, que estão reunidos em oito regiões. O site disponibiliza informação sobre a associação, os seus membros, a indústria de cozinhas, estatísticas e tendências, além de outros temas. Tem também áreas dedicadas a certificação, biblioteca e estudantes.
SEGURANÇA INFORMÁTICA VALE 136 MILHÕES
NET TEM 2 000 MILHÕES CRIANÇAS TÊM POUCOS DE UTILIZADORES PROBLEMAS NA NET
O mercado nacional de segurança informática deverá alcançar os 135,6 milhões de euros em 2011, revela a IDC. Segundo os números avançados pela consultora, o mercado de segurança informática em Portugal deve, assim, crescer 5,6% neste ano. As estimativas representam uma recuperação face a 2010, período em que o sector tinha registado uma quebra de 0,6%. Em 2011, a IDC prevê o regresso ao crescimento, com um aumento de 5,6%, para um valor global de 135,6 milhões de euros. A tendência deverá manter-se nos próximos anos, com "taxas de crescimento de dois dígitos".
A Internet tem mais de dois mil milhões de utilizadores em todo o mundo, revelou a União Internacional de Telecomunicações (UIT). No ano 2000, existiam 250 milhões cibernautas. Em Outubro do ano passado, a Marktest contabilizava em Portugal Continental 4,7 milhões de utilizadores de Internet, valor que representa um crescimento superior a 10 vezes para os últimos 14 anos. Até 2015, a UIT espera que metade da população mundial tenha acesso à banda larga móvel.
O número de crianças confrontadas com problemas na Internet é pequeno e poucos admitem ser afectados com situações de conteúdo inadequado ou bullying, revela um estudo da London School of Economics realizado em 25 países europeus. Portugal é apontado como um dos países onde há menos incidências de ameaças online, juntamente com a Itália e a Turquia, mas também é um daqueles onde as crianças se sentem menos à vontade para denunciar casos de risco. O acesso a conteúdo de mensagens de ódio, incentivo à anorexia, uso de medidas e drogas ou suicídio estão no top da informação com que os jovens foram confrontados online, mas numa percentagem reduzida, que não ultrapassa a média de 21%.
ARTES & LEITURAS
ENERGIA SOLAR PASSIVA “O recurso a fontes de energia renováveis e a utilização de técnicas e materiais tradicionais nos edifícios, visando uma arquitectura ambientalmente mais responsável, é hoje uma obrigação técnica e ética do arquitecto actual, face à futura (in) sustentabilidade do planeta. O livro Energia Solar Passiva demonstra como a natureza, neste caso o Sol – a principal fonte de energia da Terra! – pode ajudar a reduzir as necessidades energéticas diárias dos edifícios, permitindo p pleno desempenho das suas múltiplas funções. Um livro técnico e pedagógico de fácil entendimento, indispensável para a formação profissional de técnicos e estudantes.” Autor: arquitecto Francisco Moita Ilustrações: Carlos Candeias Editora: Argumentum ISBN: 978-972-8479-73-2
ARQUITECTURA VENDE-SE!
Autora: Ana Laureano Alves Editora: Dafne Editora Lançamento: Outubro de 2010 ISNN: 1646-5253
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“A definição de autoria em arquitectura é complexa. Se o arquitecto se manifesta em diferentes actividades —além da obra— o próprio conceito de autoria, à luz de uma sociedade em plena mudança, também se encontra em aberto. O que é um autor em arquitectura? (...) A expressão popular «casa de arquitecto» é reflexo da atribuição imediata de uma determinada imagem a um grupo ou classe profissional. Esta situação pode ser sintomática da crescente interiorização de uma autoria colectiva (com todos os riscos eventuais que essa generalização pode acarretar) associada a um conjunto de obras com uma linguagem reconhecível. Estas surgem como contraposição a um conjunto (mais vasto) de obras produzidas por «não-arquitectos». Se assim é, interessanos perceber se as obras de arquitectura podem, de forma clara, possuir signos que nos reenviem para os autores que as conceberam, como se existisse uma marca de água subjacente a cada edifício. (...)”
PRODUTOS
ROBBIALAC LANÇA SOLUÇÃO PARA FACHADAS Com o objectivo de reforçar o seu posicionamento no segmento de fachadas, a Robbialac lança textiFIN. É uma nova tinta aquosa, da Robbialac, 100% acrílica, mate, que proporciona um acabamento texturado fino. Com um toque areado fino, esta solução tem um acabamento suave, proporcionado um aspecto uniforme às fachadas e podendo igualmente ser uma alternativa para a pintura de paredes interiores. De acordo com o comunicado de imprensa, “mesmo em superfícies difíceis, textiFIN mantém as suas características, garantido uma menor acumulação de poeiras, excelente durabilidade e resistência às intempéries”. Disponível nos formatos de 5 e 15 litros, a nova tinta texturada fina está disponível em branco e numa grande variedade de cores claras e médias afinadas no sistema de tintagem super colorizer.
NOVA COLECÇÃO RECER REGRESSA AO ESSENCIAL
NÍVEL LASER DA BOSCH O novo Quigo da Bosch é um nível que utiliza um sistema de linhas laser cruzadas para realizar todas as tarefas de nivelação. Devido ao suporte articulado MME, fornecido de série, este equipamento “está sempre posicionado na altura correcta”. “Pode ser fixado em qualquer objecto com grossura de um a cinco centímetros, como uma porta ou janela, sem deixar nenhum dano na superfície”, lê-se no comunicado de imprensa. A nova ferramenta em forma de cubo tem um braço giratório de 360º que possibilita a orientação em qualquer direcção, sendo inclusivamente compatível com uma máquina fotográfica convencional. Devido ao seu desenho compacto e funcional, o nível ligase levantando apenas a tampa de protecção, nivelando-se automaticamente em menos de seis segundos. Têm ainda um punho Sofgript e bloqueio de pêndulo para uma maior durabilidade. O novo equipamento tem: precisão de nivelamento de 0,8 mm/m, intervalo de auto-nivelação de 4°, diodo laser / classe do laser de 635 nm, classe 2 e autonomia de funcionamento de três horas.
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MOSAICOS CERÂMICOS ANTIBACTERIANOS
A Recer apresenta para 2011 a colecção Essentials. “A recriação da natureza está omnipresente na próxima temporada da marca, com abordagens que remetem para a pedra e a madeira, recriando ambientes de refúgio e de harmonia, sem colocar em causa a preservação dos recursos naturais”, lê-se no comunicado de imprensa. Os tons pastéis dominam a palete de cores. Pérola, bege, cinza, rosa e verde são as eleitas pela Recer para dar uma nova vida aos ambientes. Num conjunto de sete linhas destacam-se Purple Stone, Sweet, Athabaska e Timeless. Purple Stone recria a nobreza da pedra, numa solução para exterior e interior, anti-derrapante e macia. “Sweet é a doçura através da cor”. Projecta um novo conforto, adaptável a vários contextos e com um elevado grau de personalização. “Athabaska e Timeless, simplicidade e história, numa dimensão que enaltece o clássico intemporal”. Esta é a primeira colecção da marca que terá o selo EcoCeramic. “A sua aplicação nas novas propostas autentica a produção sustentável desenvolvida pela marca e a sua pesquisa permanente em novas gerações de produtos reutilizáveis”.
Para quem necessita de superfícies livres de bactérias, a Love Ceramic Tiles propõe a linha de mosaicos Absolute com tecnologia Microban®. “Estes mosaicos garantem uma barreira anti-bacteriana que elimina até 99,9% das bactérias e protecção duradoura contra o desgaste, condições climáticas e limpezas repetidas”, revela o comunicado de imprensa.
PRODUTOS
NOVOS PAINÉIS DE FIBRAS DE MADEIRA HERAKLITH MÓVEL MINIMALISTA O móvel Casual, da Sanitana, tem “linhas puras e inspiração minimalista”. Segundo o comunicado de imprensa, “o conjunto distingue-se pela geometria das suas superfícies lisas sem puxadores, graças ao sistema de abertura automática por simples pressão do dedos e pelo acabamento lacado de alto brilho que confere luz e modernidade ao espaço de banho”.
A Knauf Insulation apresenta os painéis de fibras de madeira Heraklith. Estas soluções estão especialmente desenhados para serem colocados como revestimento nas superfícies dos parques, sótãos, coberturas e em construções de madeira. “Estes painéis melhoram o isolamento termo-acústico na reabilitação dos edifícios e podem ser utilizados na instalação das cofragens”, revela o comunicado de imprensa. Estes produtos “são compatíveis com a maioria dos materiais de construção e pintura. A sua instalação também proporciona uma protecção frente ao fogo e são painéis resistentes à compressão e flexibilidade. Além disso, estão isentos de substâncias nocivas e não servem de suporte nutritivo ao desenvolvimento de fungos e bactérias”. Heraklith produz fibras de madeira aglomeradas com magnesite, ligante natural. A Knauf Insulation produz seis tipos diferentes de painéis de fibras de madeira: Heraklith C, Heraklith M, Heraklith EPV, Heratekta C3, Tektalan E21 y Tektalan E31.
CLATRONIC AMPLIA LINHA DE PLACAS DE INDUÇÃO A linha de placas de indução da Clatronic foi ampliada com mais uma opção: a EKI 3343. Trata-se de uma placa em preto que, graças à tecnologia de indução, “permite um aquecimento efectivo em poucos segundos, sem necessidade de um pré-aquecimento”, lê-se no comunicado de imprensa. A placa adapta-se às dimensões do recipiente a usar, de modo a permitir também poupança de energia. Durante a confecção, esta placa possibilita regular a temperatura entre os nove níveis de potência disponíveis e também utilizar o temporizador eléctrico (até 99 minutos). Por questões de segurança, a placa desliga-se automaticamente 45 segundos após se retirar o recipiente.
A Beko apresenta mais Side by Side de quatro portas, um modelo No Frost, de classe A de eficiência energética e um volume bruto de 600 litros. O modelo GNE 60500 X tem concepção em aço inox. As quatro portas conferem a este equipamento “versatilidade, pois um dos compartimentos pode ser ou frigorífico ou congelador, de acordo com as necessidades do utilizador, podendo chegar aos 10ºC de temperatura para as garrafas”. No seu interior, o modelo tem soluções para optimizar a conservação dos alimentos, nomeadamente o filtro de odores activo, o ionizador e a protecção Silver. O armazenamento da comida integrase no compartimento frigorífico, três prateleiras em vidro deslizantes, cinco prateleiras na porta a toda a largura, compartimento zero graus e uma gaveta de legumes deslizante. Já no congelador, este Side by Side oferece dois compartimentos adicionais. Em termos de desempenho, o equipamento tem consumo de energia de 1,257 kW/24hr, capacidade de congelação de 13 kg/24h e classe climática SN/T.
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BEKO REFORÇA GAMA DE SIDE BY SIDE
EM FOCO
JORNADAS TÉCNICAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO
“MODERNIZAR E INOVAR” /// O Centro de Congressos do LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil), em Lisboa, vai receber no próximo dia 17 de Março as primeiras Jornadas Técnicas de Impermeabilização.
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s jornadas pretendem ser alavanca do confirmado progresso do sector das impermeabilizações em Portugal”, revelou Jorge Pombo, da direcção de marketing e desenvolvimento da Imperalum, que encabeça a organização do evento. Subordinado ao tema "modernizar e inovar", este evento visa “o incremento de níveis de qualidade e implementação de códigos de boa prática, através da divulgação de novas tecnologias e processos, apontando também oportunidades e tendências que permitam constituir guias para novos trilhos futuros”. “As jornadas pretendem chamar a atenção, organizando a indústria, para que ela passe a ter um peso e uma regulamentação que não existe”, acrescentou este responsável. As várias intervenções nas jornadas estarão orientadas de acordo com quatro painéis temáticos: tecnologia; funcionalidade e arquitectura; normalização, regulamentação e regulação; e tendências e oportunidades. Entre os intervenientes destaca-se a participação: do prof. Jorge de Brito, do Instituto Superior Técnico, do arq. João Santa Rita, do gabinete Santa Rita Arquitectos, do eng. Grandão Lopes, do LNEC, de José de Matos, da APCMC (Associação Portuguesa dos Comerciantes de Materiais
de Construção), da eng. Maria João Venceslau, do IPQ (Instituto Português da Qualidade) e de José Luís de Castro, da ASPIM (Associação Portuguesa de Impermeabilizações). Além da Imperalum estão envolvidos neste projecto, os fabricantes de matérias-primas para esta indústria Galp e Johns Manville, os fabricantes de produtos complementares de sistemas de impermeabilização Dow e Termolan nos isolamentos térmicos e Isola nas drenagens. Segundo Jorge Pombo, as jornadas têm como destinatários os intervenientes na definição do projecto, na instalação de sistemas de impermeabilização e na sua gestão e manutenção ou seja, projectistas, técnicos de instalação, coordenação ou fiscalização de obra nova ou de reabilitação e aos promotores e gestores de empreendimentos imobiliários. A organização das jornadas pretende que elas sejam cíclicas e que ocorram “no máximo de dois em dois anos”.