ANTONIO MENDES A Pe rs i st ê n c i a d a Pa i s a g e m
19 de setembro a 11 de novembro de 2012
A PERSISTÊNCIA DA PAISAGEM Raul Córdula
A pintura de paisagem é a categoria de arte onde o artista pode criar com mais liberdade, o Impressionismo nos indica isto. É claro que quando falamos em liberdade falamos em modernidade, pois a pintura de paisagem acadêmica, embora encantasse o olhar desde o Renascimento quando era, sobretudo, usada para compor os retratos e figuras religiosas, que eram as mais prestigiadas formas de pintura, manteve-se como um pouco mais do que uma técnica documentarista ou ilustrativa da visão real do panorama. Somente na modernidade, ou melhor, depois dos ingleses William Turner e John Constable, e os franceses Camille Corot e Alfred Sisley precursores do impressionismo, é que a paisagem se libertou assumindo sua própria importância como arte autônoma, deixando de ser um apêndice da história ou um instrumento do mercado dos conquistadores do Além Mar. Certamente o aparecimento da fotografia apressou este processo quando a substituiu na sua função de documentar. A paisagem hoje é uma forma de arte praticada por raros artistas da pintura, e não se limitam a plasmar o real, muitos vão além e criam sua própria maneira de pintar o que vê em seu horizonte. Antonio Mendes é um desses. Jovem artista, ele conheceu no seu início vários artistas, uns de sua geração e outros mais velhos, mas seus passos decisivos em busca da arte como meio de realização humana se deu sob a orien-
tação de Maria Carmem. Muito rigoroso prático e preciso, ele processou o que lhe interessava na pintura, deixando de lado as maneiras próprias da sua orientadora. Utilizou a norma de Nietzsche: “Não corresponde ao mestre aquele que não passa de discípulo.” Antonio Mendes é hoje um senhor pintor de paisagens que domina a imagem em sua frente, conhece as nuances da luz, usa corretamente a perspectiva, pois desenha muito bem e sabe o que a cor significa. A pintura de Mendes atualmente se divide em dois caminhos: a paisagem realista, isto é, aquela onde se reconhece o lugar, o panorama, o ângulo pintados e a paisagem onírica, onde os elementos da paisagem se confundem numa atmosfera de beleza inconsciente. Esta exposição é composta dessas paisagens oníricas. É de se convir que a persistência da paisagem num jovem artista que vive cercado das mais variadas tendências artísticas, como acontece na arte do Recife, é uma atitude de amor e respeito à arte da pintura. Há muito que a pintura deixou de ser o centro das artes plásticas, isto ocorreu desde quando o conceito de Arte Plástica transformou-se no de Arte Visual, ampliando assim as possibilidades dos meios de expressão e do uso dos materiais. Agregaram-se às artes plásticas conceitos e teorias, a noção de tridimensionalidade transgrediu a escultura e ocupou o espaço com outra linguagem. A linguagem se soltou e
assumiu o comando, a arte saiu da superfície e conquistou o corpo e a imagem capturada eletronicamente. A arte contemporânea nos encanta com as possibilidades impossíveis de onde chegará. Vivemos então numa encruzilhada que leva a se pensar no fim da arte (Danto) ou na arte apenas como atitude. É verdade, muitos jovens artistas trabalham nesta perspectiva: arte é atitude. Pintar paisagem neste mundo de agora tem alguma coisa de excêntrico, mas Mendes não está só, ele é acompanhado por artistas como Marcelo Peregrino, Roberto Ploeg, Álvaro Caldas, entre outros e segue a trilha por onde caminham José Cláudio, Eduardo Araújo, Plínio Palhano, Guita Charifker,Luciano Pinheiro, entre outros. Nesta seleção que a Arte Plural Galeria entrega ao seu público se pode notar um namoro com a não representatividade, ou com o abstracionismo, palavra preferida do público – na verdade não há arte abstrata, toda obra de arte em forma de objeto, é concreta. Visitamos as sequências de pinturas deste seu último período e vimos à recorrência de alguns símbolos muito claros. Símbolos que representam o centro, a centralidade do homem que ele representou em muitas telas em forma de farol – que não selecionei para esta mostra por se diferenciar do conjunto. Um farol que se sobressai – é claro – ao casario que lembra o de Olinda, o território marcado pelo farol que diz: Estou aqui.
6
Cidade para Bachiana Brasileira nÂş 4 (Coral) AcrĂlica sobre tela 0.77 x 1.40 2012
7
Cidade para Missa de Glória de Puccini Acrílica sobre tela 0.80 x 120 2012
8
Cidade para Missa de Requiem de Verdi AcrĂlica sobre tela 100 x 100 2012
9
Cidade com Sinfonia nº 5 em mi menor de Tchaikovski Acrílica sobre tela 100 x 100 2012
10
Cidade para Missa de Glória de Puccini Acrílica sobre tela 0.80 x 120 2012
11
Cidade para Bachiana Brasileira nÂş 3 (Modinha) AcrĂlica sobre tela 0.80 x 120 2012
12
Cidade para Bachiana Brasileira nº 4 (Prelúdio) Acrílica sobre tela 120 x 120 2012
13
Cidade para Bachiana Brasileira nÂş 3 (Tocata) AcrĂlica sobre tela 120 x 100 2012
14
Cidade para Missa de Requiem de Verdi AcrĂlica sobre tela 0.79 x 179 2012
15
Cidade para Bachiana Brasileira nº 4 (Dança) Acrílica sobre tela 0.80 x 160 2012
16
17
Fragmentos Acrílica sobre tela 120 x 120 2012
Tríade Acrílica sobre tela 130 x 170 2011
18
O Anjo e a Cidade AcrĂlica sobre tela 130 x 170 2011
19
Missa em Si Menor de Bach - Arquetípico Acrílica sobre tela 130 x 170 2011
20
Arquétipo Acrílica sobre tela 200 x 120 2012
21
Lugar Algum AcrĂlica sobre tela 100 x 180 2012
Artista
ANTONIO MENDES Curador
RAUL CÓRDULA Fotografias RAÍSSA MORAES | Atelier de Impressão Tratamento de Imagem DANILO GALVÃO | Atelier de Impressão Projeto Gráfico e Diagramação PICK IMAGEM
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