EDIÇÃO #003 JUNHO 2020 metal magazine
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ÍNDICE
01
03. A saga do legítimo black metal norueguês
02
07. Blood, Fire, Death
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09. A história do burzum, contada por: Vikernes
04
17. Gorgoroth: A lenda chamada Gorgoroth
EXPEDIENTE CONSELHO EDITORIAL: Luis Gustavo DESIGN, ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Luis Gustavo l Anuncios: Luis Gustavo
E-M A IL : ar te s .craftd e s ign @gmail.com SIT E: b e h an ce .n e t/ iamlu is g ustavo
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A SAGA DO LEGÍTIMO BLACK METAL NORUEGUÊS
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O Metalion, ex-editor da revista Slayer e escritor, fez uma cartilha de iniciação ao black metal norueguês, do Venom ao Sarcófago.
Dead & Euronymous
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onheci o Metalion numa noite ébria durante o Festival Inferno, em Oslo, em 2003. Fiquei impressionado com sua natureza gentil e seu conhecimento ímpar do metal extremo, então mantivemos contato nos anos seguintes, de vez em quando discutindo efusivamente sobre câmeras e discos. Meu amigo Johan Kugelberg, força editorial essencial por trás do meu livro de fotos que documenta a cena do black metal (True Norwegian Black Metal, publicado pela Vice Books), também manteve contato com o Metalion e sugeriu de chamá-lo para ajudar a montar o livro. Em 1985, Metalion criou a Slayer, que se tornaria o fanzine de metal essencial e mais influente da Noruega. Metalion é tipo o Virgílio do black metal. Ele participou de todos os eventos notórios e seu conhecimento em primeira pessoa se reflete em seu brilhante fanzine. Não há maior a u t o r i d a d e nesse gênero frequentemente incompreendido e mal interpretado. Segue a cartilha do Metalion para a história profana do black metal norueguês. — PETER BESTE
Abaixo segue a cartilha do Metalion para a história profana do black metal norueguês. Essa é uma lista pessoal do que experimentei durante os anos de formação do black metal na Noruega. Não é uma lista completa, somente uma revisão de algumas bandas essenciais, ao lado de impressões da cena como um todo. Imagino que a maioria das pessoas pensa em assassinatos e igrejas pegando fogo quando escuta as palavras “black metal norueguês”, mas vamos nos concentrar em uma coisa que realmente importa — a música. É preciso que se diga que o black metal não é apenas um fenômeno norueguês. O que chamou atenção do resto do mundo para essa vertente foi um artigo que apareceu na publicação britânica Kerrang! em 1992 documentando bandas como Mayhem, Emperor e Burzum. Desde então, nosso culto underground se espalhou pelo mundo e continua a crescer. Por motivos históricos, vale a pena procurar a maioria desses discos.
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Venom, 1986
A BANDA QUE DEU INÍCIO AO BLACK METAL. Não é possível começar essa lista sem mencionar o Venom. Foi essa banda que deu início a tudo com seu segundo álbum, Black Metal, embora não seja o som que o black metal tem hoje em dia. Mas eu digo que isso é black metal e todo o resto é falso. Seu álbum de estreia, Welcome to Hell, de 1981, é igualmente importante. Foi aí que se acendeu o fogo. (Sendo de Newcastle, Inglaterra, tecnicamente eles deveriam estar na lista de confrades não noruegueses no fim desse artigo, mas foda-se. Eles são o Venom.)
C Vikernes, 1990
hristian “Varg” Vikernes entrou na nossa cena em 1991, financiado por sua mãe bem-intencionada. Sua banda de um homem só, o Burzum, conseguiu rapidamente um contrato com o selo Deathlike Silence, do Euronymous. O álbum de estreia foi lançado em 1992 e impressionou bastante com seu vocal guinchado e sons primitivos do black metal. Esse talvez seja seu melhor disco. Acho que, em se tratando de Burzum, parece que as pessoas estão mais interessadas em igrejas pegando fogo e assassinatos do que na música dele.
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Celtic Frost l LP To Mega Therion
CELTIC FROST
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om o lançamento do mini álbum Morbid Tales em 1984, eles trouxeram uma influência vanguardista ligeiramente diferente para o som. Para mim, seu melhor disco é o LP To Mega Therion, de 1985. Ao ouvir qualquer banda de black metal mais recente, você sempre vai encontrar influências do Celtic Frost e do Bathory. E vale a pena ouvir o último disco, Monotheist, apesar de eu ter certeza que muitos puristas vão discordar.
MAYHEM
Mayhem - 1986
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m 1986, o Mayhem lançou sua primeira demo, Pure Fucking Armageddon. Depois de sofrer muitos problemas para definir sua formação, o Dead entrou para o Mayhem em 1988, pouco depois seguido pelo Hellhammer na bateria. O Dead decidiu acabar com sua vida terrena em 1991, mas o Mayhem continuou. Eles gravaram o lendário álbum De Mysteriis Dom Sathanas, lançado depois que o
guitarrista Euronymous foi assassinado por seu ex-amigo Christian “Varg” Vikernes do Burzum [Varg foi preso nesta terça, 16, acusado de planejar um massacre]. Esse disco continua sendo um clássico eterno que vai perdurar para sempre. Esse provavelmente é o disco mais importante da segunda geração do black metal.
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Fenriz & Nocturno Oculto l Foto 2019
DARKTHRONE E SUA LONGA JORNADA.
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omeçou com o nome Black Death e divulgou um punhado de demos e fitas de ensaios que se espalharam pelo underground. A banda lançou o álbum Soulside Journey em 1990. Musicalmente, estava mais no campo do death metal sueco do que do black metal norueguês. Suas ideias musicais mudaram com o lançamento do segundo álbum, A Blaze in the Northern Sky (1991), que se tornaria um clássico do black metal. Lembro que comprei uma cópia antecipada e foi avassalador. Como foi lançado por um grande selo britânico, esse álbum foi considerado o início da segunda geração do black metal.
BLOOD, FIRE, DEATH
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Igreja Fantoft, Queimada em 1992
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deptos da subcultura, inclusive os músicos, e s t a v a m envolvidos na queima de vários templos cristãos em protesto à constante influência da Igreja no modo de vida do mundo ocidental. Entre 1992 e 1995, mais de 20 tentativas de incêndio de templos foram organizadas por membros da cena. Os escândalos do Black Metal ajudaram a colocá-lo com frequência nos noticiários, o que acabou apresentando-o para várias outras partes do mundo. Apesar do Black Metal não ter surgido especificamente na Noruega, os ‘músicos envolvidos à cena escandinava são vistos como criadores do Black Metal moderno.
Euronymous completaria hoje 48 anos. Quando foi assassinado, tinha apenas 25, e trabalhava no primeiro álbum de estúdio da banda Mayhem. O disco ‘De Mysteriis Dom Sathanas’, lançado em 1994, é considerado um dos mais influentes do gênero. Começou a ser escrito em 1987, mas só foi concluído e lançado sete anos depois. Duas mortes atrasaram a finalização do trabalho: ao suicídio do compositor e vocalista Dead Ohlin e ao assassinato de Euronymous. O titulo do álbum vem do latim, e significa ‘Sobre o mistério do Lorde Satan’. Na época em que o guitarrista foi morto, o assassino Varg Vikernes fazia parte da line-up do Mayhem como baixista.
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“Daemon” foi lançado em outubro de 2019 com o selo da gravadora Century Media, possui 12 faixas está disponível nas principais plataformas streaming de música.
02 A HISTÓRIA DO BURZUM
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Biografia do Burzum, publicada originalmente no site da banda, e redigida pelo próprio Varg Vikernes.
ORIGENS Vikernes 1992 l Prisão, Noruega
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m 1988 ou 1989, quando já estava tocando guitarra havia um ou dois anos, fundei uma banda chamada Kalashnikov, juntamente com dois outros caras. Nós batizamos a banda de Kalashnikov porque, entre outras coisas, esse era o nome de meu fuzil de assalto favorito. Eu costumava jogar RPGs (Role-Playing Games) e, quando estávamos jogando “Twilight 2000”, eu sempre equipava meu personagem com uma AK-74 (Avtomat-Kalashnikov 74). Mas eu também jogava RPGs estilo fantasia, como AD&D (“Advanced Dungeons And Dragons”) e MERP (“Middle-Earth Role-Playing”) com regras GM (“Game Master”), então eu fui
então eu fui muito influenciado pelo fantástico mundo da Terra-Média. Por causa disso, uma de nossas músicas foi chamada de “Uruk-Hai” e logo mudamos o nome da própria banda para Uruk-Hai. Não me lembro da letra daquela música, mas não acho que era muito profunda ou avançada (o refrão era: “Uruk-Hai! You will die” [N.: “Você vai morrer”] , ou algo parecido...). “Uruk-Hai” é, como a maior parte dos fãs de Burzum devem saber, o nome dos “High-Orcs” de Sauron, e sua tradução é “Raça dos Orcs”, e vem da Língua Negra, o idioma de Mordor. Na minha interpretação de adolescente eu sempre via os Hobbits como crianças ou simplesmente personagens maçantes. Os anões me lembravam
porcos capitalistas gananciosos e eram também muito maçantes. Suas regras eram legais e Moria era um lugar maravilhoso, mas eu odiava a ganância deles – e, além de tudo isso, quem é que deseja ser pequeno? Os elfos eram fascinantes, belos e, principalmente, sua imortalidade e proximidade da natureza eram características interessantes, mas eles eram um pouco burros e lutavam pelo lado errado. Então eu senti uma atração natural por Sauron, que era a pessoa que, antes de tudo, dava ao mundo aventura, adversidade e desafios. Seu Olho, seu Anel e a torre de Barad-Dur são atributos similares aos de Odin [N.: Deus dos deuses na mitologia nórdica]. O Olho de Sauron era como o Olho de Odin, o Anel de Sauron era como o Anel de Odin, Draupnir (“O Emissor”), e Barad-Dur era como o trono de Odin, chamado Hliðskjálf (“Local de Rituais Secretos”). Seus Uruk-Hai e Olog-Hai (“Raça dos Trolls”) eram como guerreiros vikings, os Warges eram como lobisomens criados por Odin, e assim por diante. Eu podia me identificar facilmente com a fúria das “forças das trevas” e me satisfazia com a sua existência, porque eles tornavam um mundo pacífico e chato mais perigoso e interessante. Eu cresci lendo tradicionais contos de fadas escandinavos, nos quais deuses pagãos eram apresentados como criaturas “malignas”, como “trolls” e “goblins”, e todos sabemos como a Inquisição transformou Freyr ( C e r n u n n o s / D i o n í s i o / Baco et cetera) [N.: Deuses associados à fertilidade e aos prazeres] em “Satã”. Tolkien não foi melhor do que eles. Ele transformou Odin, Sauron e meus ancestrais pagãos nos guerreiros Uruk-Hai. Para mim, as “forças das trevas” atacando Gondor eram como os Vikings atacando a França cristã de Carlos Magno, as “forças das trevas” atacando Rohan eram como os Vikings atacando a Inglaterra cristã.
10 E devo acrescentar que os vikings acabaram perdendo essas batalhas, assim como Sauron e os orcs – não me importo em apoiar o lado derrotado.
02 A HISTÓRIA DO BURZUM
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A MORTE DE EURONYMOUS
Histórias sobre o motivo pelo qual eu acabei matando Euronymous e seus rumores.
Euronymous, Øystein Aarseth - 1992
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m 1991 a maior parte dos músicos de metal da Noruega acreditava que Euronymous era um cara legal, mas no segundo semestre de 1992 a maior parte de nós percebeu que ele não era assim. Quando a DSP (Deathlike Silence Productions), sua gravadora, lançou o álbum de estréia do Burzum em março de 1992, ele teve que fazer um empréstimo para poder pagá-lo. Ele não tinha dinheiro para isso, então ele tomou emprestado de mim. Quando vendeu todos os álbuns do Burzum ele pagou suas contas particulares ao invés de prensar mais cópias – ou devolver o dinheiro que me devia (e, a propósito, eu também nunca vi o dinheiro dos royalties). Então depois de vender tudo ele não
tinha dinheiro para prensar mais cópias. Essa é provavelmente a razão que levou muitos a acreditarem que eu o matei por dinheiro, mas certamente eu não conseguiria meu dinheiro de volta matando ele. Quebrar as suas pernas poderia ter funcionado, mas matá-lo não. Eu sempre posso ganhar mais dinheiro se quiser, mas eu nunca invisto mais do que aquilo que posso perder. Tenho uma relação bem tranqüila com o dinheiro, então esse rumor é simplesmente estúpido, mesmo porque estamos falando de apenas umas 36.000 coroas norueguesas (por volta de 5.100 dólares, equivalente a um salário mensal médio na Noruega). Eu agüentei as conseqüências de sua incompetência e estupidez e fundei meu próprio selo, chamado Burznazg.
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O INÍCIO DE ALGO NÃO ESPERADO
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ara mim ele nem existia mais. Quando ele me telefonou para me perguntar se eles, os caras do Mayhem, poderiam ficar em minha casa e n q u a n t o estivessem nos estúdios Grieghallen para terminar o álbum do Mayhem, eu disse não. E ninguém mais em Bergen queria dar a eles um lugar para ficarem, então eles precisaram alugar um quarto em um motel. Ninguém tinha nada contra Hellhammer, o único outro membro do Mayhem na época, mas nós simplesmente não queríamos nos envolver com Euronymous. Eu sempre tive um bom relacionamento com Hellhammer, e ele também não estava muito impressionado com Euronymous, por assim d i z e r .
Varg & Arseth - 1990
Por alguns meses esse sentimento de desprezo por E u r o n y m o u s espalhou-se pela cena do metal, já que cada vez mais pessoas percebiam o quanto ele era idiota, e ele me culpava por tudo isso, então começou a me odiar. Ele acreditava que o fato das pessoas terem perdido o respeito por ele era culpa minha. De certa forma ele estava certo, já que eu não mantinha minhas opiniões em segredo, mas acredito que ele fez isso para si mesmo. Ele simplesmente se revelou através da maneira pela qual reagiu aos problemas. Ele se fez de tolo.
A l g u m tempo depois o Mayhem c h a m o u um novo guitarrista, Snorre W. Ruch of Thorns, de Trondheim, e quando ele se mudou para Bergen eu o deixei dormir em uma cama para hóspedes na sala de meu apar tamento até que ele conseguisse o seu próprio. Nesse momento Euronymous c o m e ç o u a conspirar c o n t r a minha vida. Ele queria me matar.
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uitas pessoas na cena metal eram “criaturas noturnas”, por assim dizer. Ele perguntou quem era, e eu disse meu nome. “Estou dormindo. Não dá pra Você voltar mais tarde?”, disse ele. “Eu trouxe o contrato. Me deixe entrar”, eu disse e entrei rapidamente. Seu flat era no quinto (ou quarto?) andar e comecei a subir as escadas. Snorre queria fumar um cigarro e, como o fumo era proibido no apartamento de Euronymous (e no meu carro), ele ficou no térreo f u m a n d o . Euronymous estava esperando por mim na entrada, parecendo muito agitado, e entreguei o contrato a ele. Devo acrescentar que ele estava, obviamente, bem nervoso. O cara que ele planejava matar tinha aparecido em sua porta no meio da noite. Então perguntei a ele que po**a ele queria e, quando dei um passo à frente, ele entrou em pânico. Ele ficou histérico e me atacou com um chute no peito. Eu simplesmente o joguei na porta e fiquei um pouco atordoado. Eu não estava atordoado pelo seu chute, mas pelo fato dele ter me atacado. Eu não esperava aquilo. Não em seu apartamento e não daquela maneira.
O CAMINHO PARA A MORTE Deixamos Bergen por volta das 21:00 e chegamos a Oslo entre 03:00 e 04:00 (não me lembro exatamente, já que isso aconteceu há mais de onze anos). Nós nos revezamos na direção e, quando chegamos, eu estava dormindo no banco de trás. Por causa disso eu tinha tirado meu cinto e, quando paramos, eu passei o cinto para ele e pedi para colocá-lo em um lugar seguro. Eu tinha guardado uma faca no cinto e ficar dirigindo com uma faca no banco de trás não é muito seguro. Chegamos então à porta de frente do prédio e toquei a campainha. Ele estava dormindo. Você poderia pensar que visitar pessoas no meio da noite é um pouco estranho, mas era perfeitamente normal para nós. Em resumo, fui atacado por um criminoso condenado, me defendi e peguei 21 anos por isso.
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Øystein Aarseth, 1990
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lguns segundos depois ele se levantou do chão com um pulo e correu pra cozinha. Eu sabia que ele tinha uma faca na mesa da cozinha e pensei “se ele vai pegar uma faca, eu também vou pegar uma faca”. A minha faca de cinto estava no carro, porque estava no cinto que eu tinha deixado lá, mas eu tinha um canivete, ou melhor, uma faca de bota (com uma lâmina de 8 cm) em meu bolso. Eu pulei na frente dele
dele e consegui pará-lo antes que pusesse suas mãos na faca de cozinha. N e s s e momento ele já tinha mostrado suas intenções então, quando ele correu pro quarto, eu percebi que ele queria pegar outra arma. Algumas semanas antes ele tinha dito a algumas pessoas que em breve a polícia devolveria para ele a espingarda (a usada por “Dead” quando ele se matou), então eu percebi que era isso o que ele estava tentando: pegar a sua espingarda (embora ele, na verdade, não tivesse uma arma de choques ou uma espingarda em seu apartamento, eu não sabia). Eu corri atrás dele, o esfaqueei e fiquei um pouco surpreso quando ele saiu correndo do apartamento. Não fez nenhum sentido ele ter fugido e o que me deixou zangado foi saber que ele tinha começado a briga mas, no momento em que ele se deu mal ele decidiu fugir, ao invés de lutar como um homem. Isso é algo que sempre detestei. Euronymous desceu um lance de escadas e parou para tocar a campainha do vizinho.
Øystein Aarseth 10/08/1993
Euronymous é morto a facadas no dia 10 de agosto de 1993 por Varg Vikernes.
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uronymous desceu um lance de escadas e parou para tocar a campainha do vizinho. Ele percebeu rapidamente que eu o estava seguindo, então ele continuou a fugir escada abaixo, batendo nas portas e tentando tocar as campainhas dos vizinhos conforme ia passando por elas, gritando por ajuda. Eu esfaqueei (três ou quatro vezes) o seu ombro esquerdo enquanto ele corria, já que essa era a única parte que eu podia atingir enquanto estávamos correndo. Ele então tropeçou e quebrou uma lâmpada na parede, provavelmente com sua cabeça ou braço, e caiu sobre os fragmentos de vidro – de cuecas.
Nesse momento Euronymous ficou de pé novamente. Ele pareceu conformado e disse: “Já chega”, mas então ele tentou me chutar novamente e eu acabei com ele enfiando a faca em seu crânio, pela sua testa, e ele morreu instantaneamente. Seus olhos viraram e um gemido pôde ser ouvido enquanto seus pulmões se esvaziavam depois que morreu. Ele caiu sentado, mas a faca estava enfiada em sua cabeça, então eu o segurei enquanto tentava tirar a faca. Quando puxei a faca de seu crânio ele caiu para frente e rolou por um lance de escadas como um saco de batatas – fazendo barulho suficiente para acordar toda a vizinhança (era uma e s c a d a r i a barulhenta, de metal).
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BURZUM & INFLUÊNCIAS MUSICAIS
as gravações de todos os álbuns do Burzum, eu usei uma velha (acho) guitarra Weston que comprei bem barato em 1987 de um conhecido meu. O baixo que usei era o mais barato que havia na loja e nem sei de que marca era. Eu nunca verifiquei e nem mesmo pensei sobre isso. No caso da bateria, eu simplesmente pegava emprestado um kit do baterista do Old Funeral (depois do Immortal), ou de outro músico que morava por perto e, “claro”, também não tenho nem idéia de que marca era. Já no caso dos amplificadores para guitarra, todos os caras ligados ao Death Metal diziam-me que a única maneira de conseguir o som “correto” (da moda) era usando amplificadores Marshall mas, como eu não gostava daquele som, eu usava um amplificador Peavey. No “Filosofem” eu nem cheguei a usar
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um amplificador para guitarra; ao invés disso, usei somente o aplificador do aparelho de som de meu irmão (que, claro, não tinha sido projetado para esse uso) e alguns velhos pedais empoeirados. Para “cantar”, eu usava qualquer microfone que o técnico de som me fornecia ou – quando gravei “Filosofem” – eu pedi o pior microfone que ele tinha e acabei usando o microfone em um headset. Havia uma ideologia por trás disso; era a aceitação da honestidade e a apreciação do que era puro e natural. Se o som não é definido como bom por algum músico de queixo empinado (frustrado) que trabalha para alguma revista de música, isso não significa coisa alguma para mim. O natural é sempre o melhor, seja quando estamos falando de música ou de qualquer outra coisa.
Para “cantar”, usava o pior microfone que havia no estúdio.
música natural e de melhor qualidade é (da forma como vejo) música com “alma” e não música que foi trabalhada por meses em um estúdio para remover até mesmo os menores erros (peculiaridades). Eu gostaria de agradecer a Você pelo seu interesse no Burzum e pela sua atenção mas, por favor, não espere que eu dê prioridade a cartas com perguntas sobre instrumentos, detalhes técnicos ou outras coisas pelas quais não tenho interesse algum. Se Você acha essas coisas interessantes, para mim tudo bem, mas não espere que eu tenha os mesmos interesses que Você.
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á exatos 25 anos atrás, começava em Bergen (Noruega) a história da lenda chamada Gorgoroth. O nome retirado da obra de Tolkien (Gorgoroth, a Planície do Terror em Mordor), não poderia caber melhor a outra banda que não esse ato de extremismo musical descabido, concebido pela mente brilhante e turbulenta de seu líder e único membro original remanescente, o guitarrista Infernus. Por duas
décadas e meia, o grupo desafiou todos os parâmetros musicais vigentes, envolveu-se em todo tipo de polêmica imaginável, conviveu com a prisão de vários de seus membros, foi desmembrada e reerguida em várias formações, despertou o ódio de uma legião, e sobreviveu, firme e forte como um dos maiores e mais importantes nomes da cena black metal mundial.
Kristian Eivind Espedal (Gaahl) Foi vocalista da banda Gorgoroth entre 1997 e 2008. É bastante popular na cena, e chegou a ganhar um prêmio de “personalidade gay do ano” (Gaahl é assumidamente homossexual, e esse fato nunca foi omitido pela banda). Em 2002 ele teve uma rápida prisão por agressão, mas o caso mais famoso aconteceu em 2005: Gaahl foi preso após agredir um
homem de 41 anos que tentou invadir sua casa. O homem afirma ter sido torturado por várias horas, espancado e vítima de um ritual, no qual supostamente Gaahl bebeu seu sangue. O cantor, que é vegetariano, sempre negou. De qualquer m a n e i r a , Gaahl cumpriu pena.