Jorge Méliès da Silva
Daniel Pinna
A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS Manual de fotografia para produção audiovisual Editora Sal de Prata
Jorge Méliès da Silva
Daniel Pinna
A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS Projeto gráfico de arthur Maciel Editora Sal de Prata Rio de Janeiro, 2019 1ª edição
Sumário
1. ELEMENTOS BÁSICOS DO AUDIOVISUAL......................................... 2 2.PLANOS DE AMBIENTAÇÃO ............................................................8 3.PLANOS SOBRE PERSONAGENS.....................................................19 4.PLANOS DE AMBIENTAÇÃO ..........................................................30 5.DICAS PARA UM BOM ENQUADRAMENTO .....................................48 bibliografia..................................................................................50
A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
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ELEMENTOS Bรกsicos do AUDIOVISUAL
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
O mais importante da produção é saber por que se está executando determinado plano ou movimento de câmera, qual a necessidade do mesmo na cena, e por que não utilizamos outro plano no lugar. A grande questão é: qual o melhor plano ou que movimento se encaixa melhor nesta cena, de modo a transmitir a minha mensagem de maneira clara, interessante e inequívoca? Neste capítulo, explicamos os elementos básicos da linguagem do audiovisual.
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
Enquadramento O espaço selecionado para um plano.
Plano (shot) A menor unidade de sentido de um filme. Trata-se da imagem entre dois cortes (o ligar e o desligar da câmera). A duração de um plano pode variar. Todo plano possui um enquadramento (delimitação da imagem), altura e um ângulo ou inclinação. Pode ainda apresentar movimento. Quando essas características não são mencionadas, subentende-se tratar de planos em que a câmera se encontra fixa sobre tripé perpendicular ao chão, na altura dos olhos do espectador médio. Cena Um conjunto de planos sobre o mesmo assunto e que possui unidade espacial (cenário). Sempre que a ação muda de cenário, muda-se também a cena.
Sequência Um conjunto de cenas sobre o mesmo assunto, mas que não necessariamente acontecem no mesmo local. Uma sequência tem início, meio e fim, é uma grande unidade de sentido, fechada em si. Mal comparando com a literatura, podemos dizer que o plano seria o equivalente a uma palavra, a cena a uma frase e uma sequência a um capítulo.
Tomada (take) O número de vezes que o plano será repetido, até o diretor ficar satisfeito com o resultado final. Não existem tomadas em filmes de animação.
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
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PLANOS de Ambientação
A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
Planos geralmente utilizados no começo de uma sequência para passar ao espectador a referência do local onde acontece a ação.
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GRANDE
PLANO GERAL (GPG) Planos bastante abertos, servindo para situar o espectador no ambiente onde se desenvolve a cena. Passa ao espectador referências geográficas, e pode mostrar uma cidade ao longe, um monumento, um continente ou até mesmo um planeta. Normalmente não identificamos personagens. Em filmes onde a trama se desenrola em diferentes locais do mundo (países, cidades ou mesmo bairros diferentes), torna-se praticamente indispensável.
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Vingadores (2012)
O Grinch (2018)
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PLANO
GERAL (PG) Planos utilizados para mostrar o exato local onde ocorre a ação (a fachada de um hospital, um prédio, um veículo visto de fora...). Caso seja possível identificar personagens, podemos classifica-los como planos gerais abertos ou fechados.
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Garota Exemplar (2014)
Kung Fu Panda (2008)
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PLANO
GERAL ABERTO (PGA) Planos utilizados em cenas localizadas em exteriores ou interiores muito amplos (praças, ruas, parques...), normalmente a céu aberto, mostrando de uma vez só todo o espaço da ação.
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Marley e eu (2008)
Aladdin (1992)
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PLANO
GERAL FECHADO (PGA)
Plano que demonstra a ação do ator em relação ao espaço cênico. Planos utilizados em cenas localizadas em interiores, normalmente realizadas em estúdio, mostrando de uma vez só todo o espaço da ação.
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O Senhor Estagiรกrio (2015)
Homem-Aranha no Aranhaverso (2018)
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PLANOS SOBRE PERSONAGENS
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
À medida que a câmera se aproxima da personagem, o espaço de fundo passa a ter menos destaque na imagem, enquanto gradualmente a personagem ocupa mais espaço no campo visual, tomando para si a atenção do espectador. A distância do plano em que a câmera capta o personagem é igual à distância do personagem para o espectador. Quanto mais próxima a câmera estiver do ator em cena, mais próximo (emocionalmente) o espectador estará da personagem que vive a ação.
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PLANO
INTEIRO (PI)
A personagem é enquadrada da cabeça aos pés, deixando um pequeno espaço acima da cabeça e abaixo dos pés. Valoriza a ação do ator em relação ao espaço cênico e a linguagem corporal da personagem.
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Aquaman (2018)
Toy Story (1995)
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PLANO
AMERICANO (PA)
A personagem é enquadrada do joelho para cima. Funciona como um meio-termo entre o plano inteiro e o plano médio. Tem sua origem nos westerns americanos (para mostrar o revólver na cintura dos pistoleiros).
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Capitã Marvel (2019)
Frozen (2013)
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PLANO MÉDIO (PM)
A personagem é enquadrada da cintura para cima. Muito utilizado para demonstrar movimentos de mãos, dos braços e valorizar trabalhos manuais. Destaca ainda o rosto da personagem e mantém uma relação entre a mesma e o espaço cênico. Este enquadramento também é muito utilizado pelo telejornalismo.
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X-Men: Dias de um Futtura Esquecido (2014)
Enrolados (2010)
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PLANO
PRÓXIMO (PP)
A personagem é enquadrada do busto para cima, dando maior evidência ao ator, para mostrar características, intenções e atitudes das personagens. O cenário praticamente desaparece, sendo substituído muitas vezes por um fundo colorido simples, em filmes animados.
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Malévola (2014)
O Estranho Mundo de Jack (1993)
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CLOSE-UP (CL)
Plano-detalhe no rosto de uma personagem, enquadrando-o do ombro para cima, valorizando a carga dramรกtica do ator. Deve ser utilizado para destacar nuances de expressividade facial em momentos pontuais da obra, evitando excessos que rapidamente tornam esse tipo de plano cansativo para o espectador.
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Avatar (2009)
Mulan (1998)
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PLANOSCONCEITO
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Planos que não estão presos a um enquadramento específico ou a uma referência corporal (rosto, tórax, corpo inteiro...), mas sim ao conteúdo simbólico que agregam, a ideia que ajudam a passar para o espectador.
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PLANO-
DETALHE (cut up) Enquadra um objeto ou uma parte específica do corpo de uma personagem ou animal. Apenas classificamos como close-up o detalhe sobre o rosto de uma personagem antropomorfizada. As dimensões do enquadramento do plano podem variar (detalhe na árvore, detalhe no vaso, detalhe na mão do protagonista, detalhe no besouro, detalhe nos olhos do cachorro, detalhe no relógio de pulso etc.).O detalhe muitas vezes é fundamental para a condução da narrativa visual. Ele é o responsável por tornar evidente este ou aquele objeto em cena.
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O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel (2001)
Hercules (1997)
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
PLANO-
CONJUNTO Enquadramento de duas ou mais personagens com a mesma função dramática. Todas essas personagens realizam ações. Normalmente trabalham com conjuntos de duas ou (menos comum) três ou mais personagens
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Oito Mulheres e um segredo (2018)
A FamÃlia Addams (2019)
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
C ÂMERA SOBRE O OMBRO
(OVER THE SHOULDER - OTS) Enquadra a ação a partir de um ponto detrás da personagem. A personagem perde o destaque temporariamente; torna-se uma moldura próxima da câmera que enquadra outra personagem mais ao fundo da imagem. Enquadramento muito utilizado em diálogos, pois mantém, de maneira dinâmica, as relações espaciais entre as personagens.
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Harry Potter e as RelÃqueas da Morte: Parte2 (2011)
Moana (2019)
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C ÂMERA
SUBJETIVA
(PLANO DE PONTO VISTA-POV) Quando o espectador assume o ponto de vista da câmera ou se move no lugar dela, como se enxergasse aquilo que determinada personagem vê. Muito utilizada em cenas em que a câmera está na mão do operador em movimento, simulando com o balanço o andar de uma personagem (a que vê o plano resultante). Frequentemente associado ao plano-sequência (não confundir os dois).
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Predador (1987)
Os IncrÃveis (2004)
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
PLANO-
SEQUÊNCIA Cenas inteiras são registradas em um único plano, sem corte. A câmera desloca-se pelo espaço cênico, acompanhando a ação. De difícil execução, torna-se um plano elegante que permite ao espectador uma sensação de espaço, deslocamento e tempo real na fruição da obra.
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Birdman (2014)
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
PLONGÉE Plano “de mergulho”, câmera alta apontada para baixo. É o plano das câmeras de segurança. Exibe chão e paredes. O topo da cabeça das personagens é destacado, enquanto o corpo diminui, o que faz com que esta pareça inferior, fraca, por vezes submissa ou oprimida. Personagem se afastando da câmera: evoca a sensação de solidão, parece diminuir. Sobre um veículo, de certa altura, faz o mesmo parecer perder velocidade.
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Jogos Vorazes (2012)
Rei Leão (1994)
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CONTRAPLONGÉE
O ângulo oposto ao plongée (algo como um “contra-mergulho”), câmera baixa apontada para cima. Valoriza o corpo da personagem, que se agiganta em relação ao tamanho da cabeça. Ela parece crescer, na visão do espectador, o que simboliza poder. Tra-se de um plano muito utilizado para registrar discursos, sermões ou mesmo para a propaganda política e ideológica. O contra-plongée faz a personagem parecer mais importante, maior, mais forte, mais ameaçadora. Quando se aproxima rápido em direção à câmera evoca uma sensação ameaçadora. Neste ângulo, utilizando uma lente grande angular, veículos e maratonistas parecem ganhar mais velocidade.
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Guardiões da Galáxia (2014)
O Corcunda de Notre Dame (1996)
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DICAS PARA UM BOM
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Algumas dicas para ajudar o diretor iniciante.
Evite a todo o custo... Queixos e pés encostando na borda inferior da tela; Cabeças encostando no topo da tela; Objetos, flores e postes saindo por trás da cabeça das pessoas; Linhas horizontais coincidindo com as orelhas da personagem; As costas do entrevistador ou de uma personagem tapando a metade da tela quando utilizar câmera sobre os ombros. Procure sempre... Enquadrar o ponto entre os olhos situado a dois terços da altura da tela; Obter profundidade de campo, colocando algum detalhe no plano de frente e assegurando uma iluminação não muito uniforme; Ângulos originais. Sempre estudar composições visuais: pinturas, fotografias, filmes e produção audiovisual de todas as culturas.
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A LINGUAGEM SECRETA DOS PLANOS
Bibliografia FIELD, Syd. Manual do roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico. 14ª edição. Tradução de Álvaro Ramos. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. MACHADO, Marcos. Roteiro e storyboard. Material de aula. Rio de Janeiro: Curso de graduação tecnológica em Ilustração e Animação digital, 2007 (não publicado). PINNA, Daniel Moreira de Sousa. Roteiro e storyboard. Material de aula. Rio de Janeiro: Curso de graduação tecnológica em Ilustração e Animação digital, 2018 (não publicado). RODRIGUES, Chris. O cinema e a produção. 3ª edição. Rio de Janeiro: Lamparina editora, 2007. ROMAN, Chris. Storyboarding ‘The Simpsons’ way. Disponível em <http://www.animationmeat.com>. Acesso em: 8 fev. 2008.
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