O cantinho produtivo de Edna e Célio

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Ano 8 • nº1499 Dezembro/2014 Barro Alto Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

O cantinho produtivo de Edna e Célio

E

ssa não é uma história como tantas outras que ouvimos sobre a vida na roça, mas é tão comum quanto qualquer outra que vemos acontecer no interior do Brasil. Funcionária pública aposentada, esposa de um motorista, também aposentado, retornam da capital para viver melhor no interior da Bahia. Foi esta a escolha do casal Edna e Gicélio, filhos da cidade de Barra do Mendes. Após anos de luta na cidade grande, criando os filhos, trabalhando e vivendo para pagar as contas do final do mês, após anos de serviço longe de sua terra, o casal retorna para o sertão para viver suas vidas como foram ensinados, convivendo com as dificuldades da região. Foi num pequeno pedaço de chão, no povoado de Serigado, Barro Alto, que Gicélio começou a plantar suas primeiras hortaliças ao voltar da capital. Alface, couve, coentro, rúcula, tudo que se molhasse, dava. Cana, feijão, banana, mamão, maxixe, tudo que ele quisesse plantar, vingava. Cada planta é regada de mão, trabalho que dura um dia inteiro da vida do agricultor. Com muito zelo e dedicação, Edna e Célio colhem os frutos dos seus esforços e compartilham com os vizinhos, amigos e parentes. “Quando dá alguma coisa aqui, a gente divide. Quando no meu vizinho dá, ele traz pra gente também”. E não falta gente pra pedir um punhado de coentro, um saco de limão, uma vara de cana. Não é de se espantar tanta fartura numa região com tão pouca água. Dentro da propriedade há um poço que, bem ou mal, abastece a casa e suporta os longos períodos de estiagem da região. Foi com sabedoria e disciplina que eles aprenderam a regrar a água e usá-la com educação, para não faltar quando fosse necessário.


Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Quando perguntamos o motivo de tanto desejo em retornar ao interior, a resposta é muito clara: “Foi onde eu nasci, cresci e vivi momentos maravilhosos da minha vida. Sempre quis voltar, sempre quis a tranqüilidade, a qualidade de vida que só vejo aqui, na minha casa, na roça, comendo o que planto, sem agrotóxico”, afirma Edna. Há anos os jovens iam para a cidade grande estudar, trabalhar, crescer na vida. Hoje o que vemos de novo é o jovem voltando para suas terras, vindo fazer a vida aqui, no sertão, aprendendo a conviver com o semiárido. “Minha filha se formou na faculdade e veio embora. Aqui dá pra viver bem, pra trabalhar, viver com qualidade. É possível”. “Quando resolvemos morar na roça, não foi para sobreviver. Fizemos nosso pé de meia a vida inteira e agora buscamos tranqüilidade e paz de espírito. Convivemos bem com a terra, com as pessoas, plantamos, colhemos, comemos, dividimos...tudo é possível aqui. Com pouca água ou muita água, sabendo fazer direitinho, a gente vive bem e feliz”, conclui Edna, satisfeita com seu pedaço de chão, com seu pouco de água e com seu sertão saudoso...

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