BIBLIOTECA E MIDIATECA: CENTRO DE FORMAÇÃO E DIFUSÃO CULTURAL Acadêmica: Aryadne de Albuquerque
3
BIBLIOTECA E MIDIATECA: CENTRO DE FORMAÇÃO E DIFUSÃO CULTURAL
4
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
Acadêmica: Aryadne de Albuquerque Orientadora e Coordenadora: Prof.ª Ms. Tânia Nunes Galvão Verri Maringá, 2014
5
DEDICATÓRIA
À minha Família que tanto me apoiou durante essa caminhada.
6
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais por toda força e incentivo que me deram, a todos da minha família que estiveram ao meu lado durante esses cinco anos, aos amigos antigos e aos que conquistei durante esse tempo de faculdade, na qual fiz grandes amizades.
7
“A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.” Oscar Niemeyer
8
INDICE
9
INTRODUÇÃO...............................................10
3.3.
ANÁLISE MORFOLÓGICA ..................... 114
OBJETIVO GERAL ................................................12
3.4.
LEGISLAÇÃO URBANA .......................... 116
OBJETIVO ESPECÍFICO .......................................12
O PROJETO.................................................118
JUSTIFICATIVA.....................................................14
4.1.
PROGRAMA DE NECESSIDADES ............ 120
A BIBLIOTECA................................................16
4.2.
MEMORIAL DESCRITIVO ........................ 124
1.1.
NA HISTÓRIA: Conceito e Evolução ..........17
ANEXO .......................................................174
1.2.
A BIBLIOTECA PÚBLICA ...........................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................178
1.3.
A BIBLIOTECA PÚBLICA NO BRASIL .........30
1.4.
A BIBLIOTECA PÚBLICA EM MARINGÁ .....36
1.5.
A MIDIATECA ...........................................42
ANÁLISE DE CORRELATOS..............................46 2.1.
BIBLIOTECA JAUME FUSTER .....................47
2.2.
CENTRO CULTURAL WOLFSBURB ............60
2.3.
PRAÇA DOS TRÊS PODERES .....................70
2.4.
ARQUITETURA DE REFERÊNCIA ...............80
ANÁLISE DO CONTEXTO LOCAL....................96 3.1. ESCOLHA DO TERRENO E ANÁLISE DO ENTORNO ..........................................................97 3.2.
O EIXO E A CENTRALIDADE .................. 102
10
INTRODUÇÃO
11
A historicamente
palavra
teve
um
biblioteca e
os primórdios da civilização, é a matéria prima
estático. Os livros de difícil reprodução e
do processo de desenvolvimento do homem e
mobilidade tornaram a biblioteca um templo e o
das nações. Hoje, mais do que nunca, a
bibliotecário
capacidade
seu
caráter
guardião.
restritivo
A informação, portanto, desde
Esta
imagem
de
obter
informação
e
gerar
manteve-se até pouco tempo, porém com a
conhecimento é fator fundamental na sociedade
introdução de novas tecnologias de informação e
contemporânea, onde informação é poder. No
comunicação, esta imagem começa a dar sinais
entanto, cada vez mais crescem as diferenças
de mudanças, ocasionando transformações no
sociais e econômicas entre os que possuem
conceito, nas funções, nos serviços e no tipo de
informação e aqueles que estão destituídos do
acervo
acesso a ela. Dentro deste contexto, cabe à
que
uma
biblioteca
disponibiliza
atualmente, que vão além do livro impresso,
biblioteca
agregando em seu acervo diferentes tipos de
democrática por excelência, e contribuir para que
mídias
mais
esta situação não se acentue ainda mais e que a
essas
oportunidade seja oferecida a todos. Assim, a
informações refletem a realidade de cada época.
biblioteca pública deve assumir o papel de centro
das
mais
contemporâneas,
na
tradicionais qual
as
todas
pública
atuar,
como
instituição
de informação e leitura da comunidade com esse objetivo.
12
topográficos
OBJETIVO GERAL Este projeto tem como objetivo geral desenvolver uma proposta arquitetônica
e
reaproveitamento
climáticos de
do
recursos
terreno, aplicados
e
o ao
equipamento público em questão.
para o edifício que irá abrigar uma biblioteca/ midiateca central na cidade de Maringá, assim como centro cultural com atividades diversas,
OBJETIVO ESPECÍFICO Desenvolver
uma
Biblioteca/
abordando questões como a qualidade desses
midiateca, que substituirá a biblioteca central
equipamentos no Brasil e a atração de novos
existente, criada em 1963, e que abriga mais da
usuários para sua utilização. Elaborar uma
metade do acervo total da cidade.
pesquisa
com
teoricamente
o a
intuito
de
importância
fundamentar
então
um
espaço
equipamento municipal que abrigue a biblioteca
arquitetônico para as edificações de caráter
central do município, com atividades de uso
público.
cultural e de formação a toda comunidade Pretende-se
do
Propõe-se
também
obter
envolvida, oferecimento de oficinas e cursos
dados técnicos e diretrizes para os espaços a
gratuitos ligados a atividades artísticas, como
serem criados, buscando conformar o fluxo e
cenografia, iluminação, figurino, dança, teatro,
pesquisar estratégias de conforto ambiental,
música, web design, artes visuais, audiovisual,
como ventilação e iluminação natural, aspectos
animação, entre outros, a fim de promover a
13
produção
a
Como centro de formação e
lazer,
difusão cultural, possui fundamentalmente o
sociabilidade e a qualificação de pessoas,
objetivo de despertar a sociedade envolvida para
levando em consideração a acessibilidade a
seu papel participativo e influenciador na criação
portadores de necessidades especiais.
dos espaços, enriquecer o repertório cultural da
atividades
cultural
através
informais,
do
incentivo
atividades
de
A educação informal é outro fator importante na alteração da relação dos indivíduos com determinadas relações artísticas. Como espaço de socialização secundária, a educação oferecida fora da escola, por ser possível em qualquer etapa da vida dos indivíduos, tem caráter complementar e continuado. É essa a esfera em que se dá a maior possibilidade de intervenção dos centros e institutos culturais [...]. (BOTELHO; OLIVEIRA, 2010, p. 16)
população e a formação de novos públicos. Busca-se dessa forma superar as desigualdades de acesso da maioria da população à cultura e ampliar socialmente seu público. Serão implantados dispositivos de mediação, como elaboração de palestras, atividades artísticas amadoras, cursos, entre outros, para que o indivíduo vivencie a arte, participe
efetivamente
desse
equipamento
apropriando-se não só do seu espaço físico, como
também de suas
atividades
e
seus
conteúdos e não apenas seja um “público” de passagem.
14
conhecimento e interesses, para interagirem e
JUSTIFICATIVA Um ponto relevante, para a escolha de Maringá, foi as condições que se
assim coabitarem este espaço, socializar e trocar experiências. A
encontram as únicas cinco bibliotecas públicas
cultura,
assim
como
a
existentes, que possuem um número de acervo
educação, é a base para qualquer população.
que não equivale ao número de habitantes da
Por
cidade, e estão localizadas em espaços pequenos
mecanismos para que se desenvolvam com
e sem qualquer estrutura de qualidade para
maior qualidade no país, a fim de abranger um
abrigar os usuários e acervo já existentes.
maior público e
A Biblioteca midiateca proposta atende as demandas atuais, que além de manter
isso
é
preciso
incentiva-las
e
criar
diminuir dessa forma,
a
desigualdade ao acesso de informações e oportunidades.
os tradicionais acervos, abrange uma maior
Atualmente no Brasil é preciso
variedade de atividades culturais, programas,
uma maior discussão sobre políticas culturais
inserem meios multimídias, tornando-a mais
públicas, que envolvam a população em geral à
dinâmica a fim de catalisar uma maior variedade
participação e consequentemente a sua direta
e quantidade de usuários. A arquitetura tem
contribuição.
então o objetivo de criar um espaço que seja
Como afirma Isaura Botelho e
capaz de atrair pessoas de diferentes níveis de
Maria Oliveira, em seu artigo Centros Culturais e
15
a Formação de Novos Públicos (2010), é
seja, ter a possibilidade de fazer – dança, teatro,
importante
música.” (p. 14).
ressaltar
que
as
políticas
de
democratização cultural existentes no Brasil, têm
É preciso, portanto, implantar
levado em conta o indivíduo apenas como
equipamentos culturais de uso público, em que o
público consumidor, em que fornece apenas
acesso cultural seja irrestrito, que a participação
atividades de entretenimento fora da rotina de
cidadã seja ativa, que haja expressão de
cada um, como por exemplo, o oferecimento de
identidades das culturas. A partir disso propõe-se
shows, concertos ou peças teatrais a preços
a criação da Biblioteca/ Midiateca pública de
acessíveis, que na verdade acabam por atrair
Maringá, como um centro de formação e difusão
prioritariamente um público que já é praticante
cultural.
desses gêneros e pouco fazem para ampliar a composição
social
do
conjunto
de
frequentadores. Segundo as autoras, “(...) o indivíduo deve ser participante ativo da vida cultural (ator). Uma das maneiras mais efetivas de contribuir para a formação de públicos é por meio da experiência vivida pelos indivíduos, ou
16
1. A
BIBLIOTECA
17
1.1.
preenchiam as bibliotecas, já que historicamente
NA HISTÓRIA: Conceito e
os suportes para a informação variaram de
Evolução
formato seguindo a tecnologia utilizada pelo homem. Já foram usados materiais como tábulas
CONCEITO
de argila, rolos de papiro e pergaminho e os As bibliotecas possuem uma
origem muito antiga. A palavra biblioteca tem
códices1, que eram enclausurados nos mosteiros medievais.
origem na forma latinizada do vocábulo grego bibliotheca (biblio, livro, e theke, compartimento),
Para Lemos, a escrita permitiu a
termo que passou a ser usado apenas no começo
fixação, de forma mais ou menos perene, de
do séc. XIX na língua portuguesa, pois antes era
tudo aquilo que antes se confiava somente à
usada a palavra livraria, assim como em inglês
memória individual. O papel permitiu que se
library significa biblioteca e não livraria, afirma
criasse uma memória social duradoura, externa
Briquet de Lemos.
ao corpo do indivíduo.
Desde as primeiras bibliotecas, essa palavra tem sido empregada para designar um local onde se armazenam livros. Porém, nem sempre
foram
os
livros
os
materiais
que
1
Os códices ou códex eram os manuscritos gravados em madeira, em geral do período da era antiga tardia até a Idade Média. Manuscritos do Novo Mundo foram escritos por volta do século XVI.
18
“Da mais antiga coleção de tábulas de argila dos assírios e babilônios até as mais
avançadas
concepções
de
bibliotecas
virtuais, eletrônicas ou digitais, todas giram em torno da mesma ideia [...]”, reunir todas as informações de modo organizado e dinâmico, tendo em vista sua eventual recuperação e utilização (LEMOS, 2008, p. 103). A
biblioteca
tem
EVOLUÇÃO Segundo
Lemos
(2008),
a
existência de documentos é comprovada já na primeira metade do terceiro milênio a.C. A primeira biblioteca primitiva teria assim surgido na cidade babilônica de Nipur, há cerca de 5 mil anos, com coleções de tábulas de argila.
como
Posteriormente, os egípcios que
finalidade promover a efetiva utilização de seus
foram os primeiros a utilizar os talos do papiro
materiais e, não, ser um mero local de custódia,
na fabricação de um suporte da escrita, também
que os acervos devem ser formados segundo as
formaram suas bibliotecas, sendo a biblioteca de
necessidades efetivas dos usuários, que devem ter
Horus em Edfu, cuja existência foi comprovada.
ao seu dispor serviços organizados e eficientes, e que por tender ao crescimento incessante, é preciso que haja mecanismos de seleção e descarte adequados do acervo em geral.
Na
Grécia
as
bibliotecas
estavam localizadas nos templos, e tiveram seu apogeu durante o período áureo da cultura helênica, a partir do séc. IV a.C. A mais
19
renomada
entre
elas
foi
a
Biblioteca
de
Aristóteles, na qual diz-se que foi modelo inspirador
para
a
fundação
da
lendária
biblioteca de Alexandria no séc. III a.C. (IMG. 01), que perdeu-se totalmente após sucessivos desastres naturais e saques. Em 2002, o governo do
Egito
inaugurou
a
nova
Biblioteca
de
Alexandria (IMG. 02), projetada pelo escritório norueguês Snohetta, como um complexo cultural (LEMOS, 2008). A idade média foi a grande época das bibliotecas ligadas a ordens religiosas, não só entre sacerdotes católicos, mas também nos centros árabes, nos mosteiros irlandeses, entre outras religiões, que foram responsáveis
IMG. 01. Ruínas da antiga Biblioteca de Alexandria. Fonte:<http://maiscult.wordpress.com/2013/09/18/top-10-bibliotecasmais-lindas-do-mundo/ >. Acessado em: 08 Maio 2014.
IMG. 02. Nova Biblioteca de Alexandria. Fonte:<http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2008/03/28/arquitet ura-biblioteca-de-alexandria-da-empresa-sn-hetta-94386.asp>. Acessado em: 08 Maio 2014.
20
pela
preservação
do
legado
cultural
da
antiguidade greco-romana para as gerações futuras. A essas bibliotecas de mosteiros, somouse a partir do séc. XIII as bibliotecas das universidades europeias que começavam a ser fundadas, como afirma Briquet de Lemos (2008). Através dos levantamentos percebemos que as bibliotecas da Antiguidade e da Idade Média não foram criadas para dar acesso ao grande
público, pelo contrário, significavam
poder e acúmulo de conhecimento para uma pequena elite. Durante as invasões e as guerras, estas eram destruídas pelos inimigos para simbolicamente “varrer” da história a existência IMG. 03. Prensa de Gutenberg. Fonte:<http://www.geocities.ws/saladefisica9/biografias/gute nberg.html>. Acessado em: 19 Set. 2014.
IMG. 04. Tipos móveis. Fonte:<https://www.ufmg.br/online/arquivos/017608.shtml>. Acessado em: 19 Set. 2014.
de determinado povo. Observa-se também que estas bibliotecas mantiveram até à Renascença, o seu
21
caráter religioso, não pela matéria dos livros que
tecnológica provocada pela imprensa promoveu
continham, mas pela natureza dos seus órgãos
nos dois primeiros séculos seguintes o que se
mantenedores e administrativos. Contudo, “no
poderia
momento em que a Idade Média entrava em
bibliográfica”,
decadência, difundiu-se na Europa a tecnologia
econômicas, sociais e religiosas a longo alcance.
dos tipos móveis2,
criada
por
Gutenberg”
(MORIGI; SOUTO, 2005, p. 189). Briquet
de
Lemos
chamar com
de
“primeira
consequências
Entretanto,
os
explosão políticas,
processos
de
3
mudança para laicização , democratização e (2008)
socialização da biblioteca ocorreram lentamente
destaca que a partir da publicação do primeiro
e continuamente. A biblioteca moderna rompeu
livro impresso por Johannes Gutenberg, em cerca
os laços com a Igreja católica, estendendo a
de 1452, rompe-se o longo monopólio que o
todos os homens a possibilidade de acesso aos
livro manuscrito exerceu no campo da cultura
livros, com isso precisou especializar-se para
letrada, assim como o monopólio que a igreja exercia na produção editorial. A revolução 3 2
A prensa de tipos móveis ou imprensa é um dispositivo para aplicar pressão numa superfície com tinta, transferindo-a para uma superfície de impressão, geralmente papel ou tecido.
O processo em que tudo finalmente se separa da alta influência da igreja e religião. Com isso, tivemos o início do Capitalismo: a construção de mercados, a vinda dos homens e famílias do campo para a cidade, a mão de obra em alta e a alfabetização, a escola. Temos também a busca do homem por intelectualismo e poder político.
22
atender
as
necessidades
da
comunidade
os seus livros e uma quantia em dinheiro.
(MORIGI; SOUTO, 2005, p. 192). Foi então no séc. XVII que surgiu em alguns países mais desenvolvidos da Europa o conceito de Biblioteca pública moderna, aberta gratuitamente a todos os interessados, funcionando
em
horários
regulares
e
que
colocavam a disposição dos leitores grandes acervos
de
livros.
Essas
em 1811, onde deixou para essa instituição todos
bibliotecas
eram
Modernamente, como exemplo de mecenato, pode-se citar a Biblioteca José Mindlin (Centro Internacional de Estudos Bibliográficos e LusoBrasileiros)
No Brasil acredita-se que o mecenas
em
matéria
Paulo,
que
reúne
as
Rubens Borba de Moraes5 – formando um acervo superior a 20 mil volumes. Com
a
valorização
da
educação como mecanismo de mobilidade entre
classe dominante, ressalva Lemos (2008).
grande
São
bibliotecas de dois bibliófilos – José Mindlin4 e
financiadas por mecenas ilustres, membros da
primeiro
em
de
biblioteca foi Pedro Gomes Ferrão de Castelo Branco, homem rico e um dos grandes senhores de engenho de seu tempo, teve em seu plano a criação de uma biblioteca pública em Salvador,
as classes sociais e a reprodução de mão-de4
José Ephim Mindlin (1914 – 2010) foi um advogado, empresário e bibliófilo brasileiro. 5
Rubens Borba de Moraes (1899 – 1986) foi um bibliotecário, bibliógrafo, bibliófilo, historiador e pesquisador brasileiro, um dos organizadores da Semana de Arte Moderna, professor, pioneiro da biblioteconomia no país e diretor da Biblioteca da ONU.
23
obra qualificada, as bibliotecas públicas e
A partir do fim da Segunda
universitárias adquiriram grande impulso a partir
Guerra
de meados do séc. XIX, sendo vistas como
vertiginoso na produção científica expressa em
instrumentos auxiliares do processo de educação
forma de livros e artigos. Fala-se da explosão da
formal e um dos mais democráticos mecanismos
informação e pouco tempo depois começam a
de
ser feitas as primeiras experiências de inserção
realização
da
chamada
educação
Já no séc. XX o apoio à pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico
século,
um
aumento
virada
no
processo
a
fim
de
permitir
a
organização
adequada do volume crescente de publicações.
intensificam-se, marcadamente em 1950 dá-se grande
verifica-se
do computador, a mais importante invenção do
permanente.
uma
Mundial,
A partir de meados de 1960, as
de
bibliotecas públicas foram beneficiadas com o
desenvolvimento científico e tecnológico, processo
revivalismo das ideias de democratização da
que passou a ser nas sociedades industrializadas,
cultura,
o principal motor de desenvolvimento econômico
econômica que assinalaram o advento do
e social. Passa-se a falar da sociedade da
chamado Estado do bem-estar social (welfare
informação, como afirma Briquet de Lemos
state), adquiriu assim novo vigor que se traduziu
(2008).
em empreendimentos que associavam numa
marcada
pelos
anos
de
euforia
24
única
instituição
atividades
culturais
antes
e demorou para que se laicizasse. No Brasil,
dispersas. Como símbolo desse momento, em 1977, foi inaugurado em Paris o Centre National d‟Art et de Culture Georges Pompidou, também
serviço da casta sacerdotal durante muito tempo,
conhecido
biblioteca fora do comando das ordens religiosas (LEMOS, 2008, p. 104).
simplesmente
A biblioteca acompanhou a
Beaubourg ou Pompidou. Foi também nesse
própria evolução social, que de certa forma,
auge econômico que países como a Grã-
influenciou para seu desenvolvimento. Nesse
Bretanha e França construíram os novos prédios
processo evolutivo, as bibliotecas foram se
de suas bibliotecas nacionais, talvez as últimas
diversificando, em função do tipo de usuário a
expressões
monumental
de
que atendem prioritariamente. Há bibliotecas
da
da
públicas (aberta aos membros da comunidade
hegemonia do livro como principal meio de
em geral), bibliotecas escolares e universitárias
comunicação, como afirma Briquet de Lemos
(para
(2008).
especializadas (para estudiosos e pesquisadores)
grandes
da
como
somente em 1808, é que se passou a ter uma
arquitetura
bibliotecas
típica
época
O autor ressalta o fato de que a origem das bibliotecas se dá nos templos, a
estudantes
e
e bibliotecas nacionais.
professores),
bibliotecas
25
Com
relação
a
Arquitetura,
talvez como herança do caráter sacro que a
avançados recursos da tecnologia da construção e da preservação do material do acervo.
biblioteca tem no imaginário universal, sua arquitetura foi e continua sendo marcada pela monumentalidade do edifício, muitas vezes são estruturas notáveis na paisagem urbana.
com
duas
importantes
de suportes da informação deu origem ao conceito de midiateca, que seria uma instituição voltada para a reunião, organização e uso dos
Toda biblioteca consta, pelo menos,
Esse surgimento de novos tipos
divisões
de
chamados multimeios (multimídia), como: fitas de vídeo,
fitas
sonoras,
CD-ROM‟s,
discos
espaço: uma destinada ao público, onde também
compactos, filmes, entre outros (LEMOS, 2008, p.
pode estar o acervo, e uma destinada às pessoas
116).
que trabalham na biblioteca. Segundo prevalecem equilíbrio
hoje entre
as a
Lemos
preocupações identidade
(2008), com
o
arquitetônica,
funcionalidade e conforto para os usuários. Assim como, nota-se intenso aproveitamento dos mais
26
1.2.
A evolução de seu conceito
A BIBLIOTECA PÚBLICA
pode ser traçada através dos diversos Manifestos
Segundo Briquet de Lemos, as
da UNESCO, publicados ao longo dos anos:
bibliotecas públicas são por definição, abertas a
primeiramente em 1949, após a segunda Guerra
toda a comunidade, possuem em geral um
Mundial, destacou-se a função da biblioteca em
acervo
relação ao ensino, caracterizando-a como centro
que
abrange
todas
as
áreas
de
conhecimento, mas sem incluir materiais muito
de
especializados
publicada a 2ª versão do Manifesto em 1972,
ou
de
natureza
estritamente
educação
popular;
posteriormente
foi
técnica ou científica, a não ser em caráter
sintetizou-se
esporádico e quando o desenvolvimento de suas
cultura, lazer e informação; e por último, a 3ª
coleções está mais sujeito ao acaso de doações
versão do Manifesto6 publicada em 1994, em
aceitas sem critério e da ausência de política de
que enfatiza o compromisso da biblioteca pública
seleção. São, em geral, bem supridas de livros
com a democratização do acesso às novas
didáticos
tecnologias de informação.
bibliotecas
e
de
obras
municipais
de e
ficção,
algumas
estaduais
formam
coleções especiais reunindo materiais relativos ao município ou estado, o que facilita o estudo de pesquisadores locais. (LEMOS, 2008, p. 107).
como
A
suas
funções
biblioteca
é,
educação,
pois,
uma
instituição que agrupa e proporciona o acesso 6
Ver Anexo I: Manifesto da UNESCO sobre Bibliotecas públicas, 1994.
27
aos registros do conhecimento e das ideias do ser humano através de suas expressões criadoras. A biblioteca pública é o espaço privilegiado do desenvolvimento das práticas leitoras, e através do encontro do leitor com o livro forma-se o leitor crítico e contribui-se para o florescimento da
sobre Bibliotecas Públicas, 1994. Disponível em: <http://archive.ifla.org/VII/s 8/unesco/port.htm>. Acessado em: 26 Março 2014).
Portanto,
espera-se
que
a
biblioteca desempenhe com eficácia sua função
cidadania.
social de centro de leitura A biblioteca pública é o centro local de informação, disponibilizando prontamente para os usuários todo tipo de conhecimento. Os serviços fornecidos pela biblioteca pública baseiam-se na igualdade de acesso para todos, independentemente de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua, status social. (Manifesto da UNESCO
e informação,
ressaltando que ao cumprir este papel, este equipamento estará certamente, atuando nas comunidades de forma a minimizar um dos mais graves problemas desta nova Sociedade – o risco de aprofundar a desigualdade interna de cada nação, entre ricos e pobres de informação.
28 A globalização inexorável que estamos sofrendo tem como principal componente tecnológico e industrial a computação, a informação e a comunicação, e, no caso de países da complexidade e dimensão do Brasil, é preciso ação muito rápida e eficiente para que não apenas soframos este processo. Deste modo, é importante a formulação de uma estratégia de governo para conceber e estimular a inserção adequada da sociedade brasileira na sociedade da informação. (SOCIEDADE da Informação: ciência e tecnologia para a construção da sociedade da informação no Brasil, São Paulo, 1998, p.27).
Segundo o Sistema Nacional de Bibliotecas
Públicas,
destacam-se
algumas
funções da biblioteca pública face às mudanças decorrentes da absorção de novas tecnologias:
Ser agente essencial na promoção e salvaguarda da democracia, através do livre acesso a todo tipo de informação;
Instituição de apoio à educação e formação do cidadão em todos os níveis, através da promoção e incentivo a leitura e a formação do leitor capaz de usar a informação como instrumento de crescimento pessoal e transformação social;
Centro local de tecnologias da informação, através do acesso e inserção às novas tecnologias da informação e da comunicação;
29
Instituição
cultural, através da promoção do acesso à cultura e do fortalecimento da identidade cultural da comunidade local.
As atividades de ação cultural também são serviços essenciais na biblioteca pública, pois possibilitam a participação, a troca e a interação entre os membros da comunidade. A biblioteca, por vezes, é a única instituição cultural em alguns locais, sendo, portanto, de extrema importância às atividades culturais como promotoras da leitura, continuação do ensino, interação e integração dos indivíduos envolvidos. Essa ação não tem limite de conteúdo, não tem fronteiras e nem é restrita a determinados espaços, pode acontecer dentro e fora das bibliotecas. Deve abrir-se espaço para a troca de
ideias, de informações e discussões sobre temas diversos
(Sistema
Nacional
Públicas, 2000, p. 100).
de
Bibliotecas
30
1.3.
(Munic),
A BIBLIOTECA PÚBLICA NO
de
2013,
realizada
pelo
Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as
BRASIL
bibliotecas públicas estão em 97% dos municípios A primeira biblioteca pública
do país, ou seja, é o equipamento cultural mais
brasileira foi criada em 1811, na cidade de
presente no cenário nacional. Segundo os dados
Salvador, Bahia. As análises dos documentos de
do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas
criação desta biblioteca já demonstram a sua
(SNBP), de 11 de março de 2014, o Brasil possui
preocupação
6.060 bibliotecas públicas, em 5.453 Municípios,
educação,
com
a
função
de
apoio
afirma
o
Sistema
Nacional
a de
Bibliotecas Públicas (2000, p.23). As
bibliotecas
públicas
municipais e estaduais no Brasil são consideradas equipamentos culturais e, portanto, estão no âmbito das políticas públicas do Ministério da Cultura (MinC). São criadas e mantidas pelos Estados e Municípios. De acordo com a última Pesquisa de Informações Básicas Municipais
Base: Pop. Brasileira com 5 anos ou mais 2007 (173 milhões)/ 2011 (178 milhões)
GRÁFICO 01. Acesso a bibliotecas (%). Fonte: Livro Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livros, 2011.
31
sendo 512 na Região Norte, 1845 na Região
possuir os seguintes tipos de materiais (LEMOS,
Nordeste,
2008, p. 108):
499
no
Centro-Oeste,
1932
no
Sudeste e 1272 na Região Sul.
a) Publicações
Entretanto, os estudos mostram
feitas
por
órgãos
públicos;
que grande parte da população dos municípios
b) Livros didáticos;
brasileiros declaram não existir ou não saber da
c) Romances que foram best-sellers
existência de uma biblioteca pública em sua região, conforme ilustra o Gráfico 01. Briquet de Lemos (2008) afirma que, são poucas de fato as bibliotecas que possuem acervos dinâmicos e prestam serviços compatíveis com o grau de desenvolvimento de seus
respectivos
municípios
e
com
as
necessidades da população local. Existe uma espécie de perfilpadrão na maioria das bibliotecas públicas brasileiras, cujos acervos caracterizam-se por
em diferentes épocas;
d) Variedade desconexa e obsoleta de textos de nível universitário, principalmente
de
ciências
humanas e sociais, muitas vezes doados por figuras da sociedade local. Contudo, em 31 de outubro de 2003, foi promulgada a lei nº 10.753, conhecida como lei do Livro, e funciona como uma tentativa
32
de reverter esse quadro na medida em que torna obrigatória
a
alocação
de
recursos
orçamentários, pela União, estados e municípios, para a manutenção de bibliotecas e aquisição de livros. A partir dos estudos divulgados pelo Instituto Pró-livro, no livro Retratos da leitura no Brasil 3 (2011), no Brasil, a procura por bibliotecas como forma de acesso ao livro é ainda relativamente baixa entre a população leitora, cerca de 24%. Constata-se maior
procura
por
também
bibliotecas
uma
escolares
e
universitárias, do que pelas bibliotecas públicas (GRÁFICO 02), assim como a porcentagem de leitores que não usam a biblioteca é cerca de
Base: Usa frequentemente/ de vez em quando (44,1 milhões)
GRÁFICO 02. Frequência com que costuma usar a biblioteca (%). Fonte: Livro Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livros, 2011.
33
75% contra 7% que usa com frequência o equipamento (GRÁFICO 03). Segundo
a
pesquisa,
a
população que não frequenta as bibliotecas públicas tem como principal argumento a falta de tempo, a distância e a falta de necessidade ou de interesse de frequentar esse tipo de equipamento, e a maioria afirma geralmente ler em casa ou na sala de aula, como ilustra o Gráfico 04 a seguir.
Base: Leitor 2007 (95,6 milhões) / 2011 (88,2 milhões) Base: Pop. Brasileira com 5 anos ou mais 2007 (173 milhões)/ 2011 (178 milhões)
GRÁFICO 03. Acesso a bibliotecas (%). Fonte: Livro Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livros, 2011.
GRÁFICO 04. Lugares onde os leitores costumam ler (%). Fonte: Livro Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livros, 2011.
34
Com
relação
ao
perfil
da
população que frequenta as bibliotecas públicas,
acervo musical, acesso a internet ou até mesmo se envolverem em eventos culturais em geral.
estes apresentam-se como 55% do sexo feminino
O projeto arquitetônico aqui
e 45% masculino, sendo a maioria desses
proposto neste Trabalho de Conclusão de Curso
usuários crianças e adolescentes de 05 a 17 anos
pretende, portanto reverter este quadro nacional.
de idade e jovens de 18 a 24 anos. Constata-se a partir dos dados a baixa frequência de pessoas acima
de
24
anos
nestes
equipamentos
(GRÁFICO 05). Por fim, o Gráfico 06 a seguir ilustra o que a biblioteca representa para seus usuários, evidenciando que este espaço ainda é visto em sua maioria como um lugar voltado para estudantes cujo objetivo é estudar e realizar pesquisas, em vez de desempenhar a função de um espaço multicultural para todas as pessoas
Base: Usa frequentemente/ de vez em quando (44,1 milhões)
independente de sexo, idade ou formação, para
GRÁFICO 05. Perfil do usuário de biblioteca – sexo e idade (%). Fonte: Livro Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livros, 2011.
fins de lazer, consulta de documentos, filmes,
35
Base: Jテ。 comprou livros (78,3 milhテオes) 0
GRテ:ICO 06. O que a biblioteca representa (%). Fonte: Livro Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Prテウ-Livros, 2011.
36
1.4.
apenas
A BIBLIOTECA PÚBLICA EM
em
Maringá
385.753
habitantes
(Projeção populacional 2013, IBGE).
MARINGÁ
A
escolha
desse
município
deve-se as condições que se encontram as únicas Maringá
é
uma
cidade
cinco bibliotecas públicas existentes, que possuem
planejada, que surge no norte paranaense em
um número de acervo que não equivale ao
1947, fundada pela Companhia Melhoramentos
número de habitantes da cidade e estão
Norte do Paraná, traçada a partir de um plano
localizadas
urbanístico pré-estabelecido pelo arquiteto e
qualquer estrutura de qualidade para abrigar os
urbanista Jorge de Macedo Vieira, no qual foram
usuários e acervo já existentes.
implantados aspectos formais de cidade jardim.
em
espaços
pequenos
e
sem
A Biblioteca Pública Central
Foi elevada a município em
existente atualmente e o terreno escolhido para a
1951, e desde então tem se tornado um grande
implantação do nosso projeto, estão localizados
centro de convergência econômica. Atualmente,
na centralidade estabelecida por Jorge Macedo
compõe a 3ª maior Região Metropolitana do
Vieira, mais propriamente no conhecido Eixo
Paraná, na qual exerce o papel de cidade polo,
Monumental, que se observará mais adiante na
somado
análise do entorno e escolha do terreno.
aos
26
municípios
da
região
metropolitana, totaliza 764.906 habitantes, e
37
De acordo com o Sistema de
(IMG. 05). O edifício da Biblioteca Municipal
Bibliotecas Públicas de Maringá, a primeira
juntamente com o anfiteatro foi projetado pelo
Biblioteca Municipal de Maringá foi criada em
arquiteto Luty Vicente Kasprowicz7.
1957 pela lei 48/57. A Biblioteca começou no
A Biblioteca ocupava apenas
antigo prédio da Prefeitura em uma pequena sala
uma parte do edifício e com a construção do
ao lado do Gabinete, com poucos livros. O
Paço Municipal em outubro de 1986, a Secretaria
aumento
de
de Cultura e Turismo e a Secretaria de Educação
informações determinaram em Setembro de
foram transferidas, deixando todo o prédio para
1963, a instalação da Biblioteca em um prédio
a Biblioteca e o Centro de Ação Cultural. Com
na Av. Duque de Caxias. O acervo da Biblioteca
isso, a Biblioteca central passou a ocupar 3
Municipal iniciou com 3.750 volumes, 900
pavimentos do prédio, totalizando 2.216,30m²
boletins e publicações oficiais e 350 revistas e
de área. Em 1984, objetivando um melhor
gravuras (Sistema de Bibliotecas Públicas de
atendimento
Maringá, 2014).
inaugurada a biblioteca do Jardim Alvorada, e a
do
acervo
e
a
necessidade
à
comunidade
de
bairro,
foi
Em 30 de Novembro de 1975 foi inaugurada a Biblioteca Municipal Professor “Bento Munhoz da Rocha Netto”, localizada na Av. XV de Novembro esq. com Av. Getúlio Vargas
7
Nasceu em 1931 em Curitiba, formou-se em 1955 em Engenheiro-arquiteto pela UFPR, e veio para Maringá 1956, onde trabalhou por anos na área de planejamento da prefeitura de Maringá e é responsável por vários projetos na cidade.
38
partir deste momento outras bibliotecas setoriais foram criadas, conforme a Tabela 01 a seguir. Em julho de 2012, com as justificativas de que o edifício da Biblioteca Central não atendia às normas exigidas pelo Corpo
de
Bombeiros
e
era
considerado
inapropriado para o uso e sem acessibilidade para todos os públicos, a Biblioteca Central foi transferida provisoriamente para dois andares de um edifício localizado na Av. Horácio Racanello, onde ocupa uma área de 862m². Com
relação
ao
acervo
existente na Biblioteca Central, sistematizado a seguir no Gráfico 07, podemos concluir que apesar de apresentar condições inadequadas ao uso, ela abriga cerca de metade do acervo total da cidade. As outras quatro bibliotecas públicas
IMG 05. Biblioteca Central em construção (Início déc. 70). Fonte:<http://maringaparanabrasil.blogspot.com.br/2011/10/arquit etura-biblioteca-municipal.html>. Acessado em: 08 Maio 2014.
IMG. 06. Biblioteca Central atualmente (2014). Fonte::Acervo da acadêmica.
BIBLIOTECAS PÚBLICAS MUNICIPAIS Prof. Bento Munhoz da Rocha Netto - Centro
INAUGURAÇÃO
ÁREA (M²)
07/09/1963
2.216,30
ACERVO8
39
USUÁRIOS
INSCRITOS 60.000
10.000
862,00 Pion. Nilo Gravena – Jd. Alvorada
19/12/1984
280,61
15.000
4.522
Pion. Manoel Pereira Camacho Filho – Vila Operária Prof.ª Tomires Moreira de Carvalho – Av. Mandacaru Prof.ª Maria Aparecida da Cunha Soares – Pq. das Palmeiras
05/07/1985
158,00
15.300
2.485
11/08/1987
278,92
12.000
3.755
27/05/1994
220,00
12.300
4.032
TABELA 01. Levantamento das Bibliotecas Públicas de Maringá. 1970 Fonte: Elaborado pela acadêmica, a partir dos dados disponíveis
15.000 20.000
no site da Prefeitura.Disponível 1980 em:<http://www2.maringa.pr.gov.br/cultura/?cod=biblioteca/5>.
168.239
38.460
1990 GRÁFICO 07. Acervo x População de 1970-2013 na Biblioteca Central de Maringá. 2013 Fonte: Elaborado pela acadêmica, a partir dos dados fornecidos pelo Sistema de Bibliotecas Públicas de Maringá.
121.374
240.000
60.000
0
100.000
385.753
200.000
300.000
8
Está computado em Acervo, os seguintes materiais: livros didáticos, literatura e infanto-juvenil; obras de referência (almanaques, enciclopédias e dicionários); folhetos, periódicos e gibis.
Acervo
População
400.000
500.000
40
municipais existentes nos bairros totalizam um acervo de 38.594 livros. A partir do Mapa 01 a seguir, percebemos as relações das bibliotecas públicas existentes na cidade com os eixos estruturadores a Operária. A biblioteca Central desde sua criação encontra-se na centralidade urbana, em meio aos principais eixos e na maior confluência de transportes públicos coletivos, garantindo-lhe uma fácil acessibilidade a um público mais abrangente.
MAPA 01. Bibliotecas de Maringá e sua relação com os eixos estruturadores urbanos e densidade demográfica populacional. Fonte: Elaborado pela acadêmica; Base do mapa Sinopse do Censo 2010 – Densidade demográfica preliminar, IBGE.
41
42
1.5.
antiga
A MIDIATECA
passaram
por
diversas
transformações. No passado, as bibliotecas repletas de livros grandes e pesados eram administradas por monges e frequentadas por membros da Igreja. Com o decorrer do tempo, esse caráter restrito cedeu lugar a uma biblioteca fornecedora
de
informação
em
diferentes
formatos, podendo ser acessada por qualquer pessoa. O tecnologia
trouxe
desenvolvimento transformações
para
da a
biblioteca em vários aspectos: na relação com o seu público, seus profissionais e seu acervo, tornando-a
bastante
de
Alexandria
(MORIGI;
SOUTO, 2005, p. 193).
Durante toda a história, as bibliotecas
biblioteca
diferente
da
pomposa
Segundo Marinho et al (2013, p. 2), o surgimento de novos e diferentes tipos de suportes da informação, tais como CDs, DVDs, vídeos, discos ópticos, entre outros, deram origem a um novo termo, ou um novo conceito de biblioteca: a Midiateca. É um termo que vem sendo intensamente utilizado e em alguns países, como França e República da Angola, ele já exerce total centralidade. O
termo
Midiateca
possui
origem francesa, e passou a ser utilizado em meados dos anos 70, após uma mudança no caráter das bibliotecas que em geral eram relativamente atrasadas em relação à frequência e uso, ocasionadas pela forma na qual os seus acervos eram armazenados, que o tornava
43
inacessível e os materiais disponíveis eram para
associado a um lugar fechado, empoeirado e
um
intimidador.
público
exclusivo
como
intelectuais,
estudantes e professores, dessa forma, o acervo
Essa nova biblioteca teria como
era incapaz de responder as necessidades
característica principal o enfoque nos diferentes
informacionais de todas as pessoas, afirma
suportes de informação, em que o livro deixa de
Luciani Luca (2008).
ser o centro das atenções.
Segundo o autor, diante dessa realidade, foi realizado um movimento que envolveu bibliotecários e líderes nacionais de cultura, em uma tentativa de modificar a situação das bibliotecas públicas francesas, em que a decisão foi a de que era necessário desenvolver um novo conceito de biblioteca moderna, a fim de atrair a população ao seu uso. Foi então nesse contexto, que alteraram o nome de biblioteca para midiateca, pois acreditavam que o termo “biblioteca” era uma desvantagem, visto que na imaginação coletiva francesa o termo era
A inserção de novos suportes informacionais modificou o conceito e também sua denominação, assim como lhe atribuiu novas funções. Hoje a biblioteca não deve ser relacionada a um lugar de “recolha”, depósito de livros e sim um local que disponibiliza todas as formas possíveis de informação. A ideia de midiateca se desenvolveu quando os conteúdos audiovisuais ganharam a mesma importância dada aos livros,
44 como transmissores de informação e conhecimento e assim, passaram a ocupar um espaço dentro da biblioteca. (MARINHO et al, 2013, p. 3).
Portanto,
Luciani
(2008)
destaca que, a transformação das bibliotecas em midiatecas na França, serviu de modelo para
muitos
países,
como
forma
de
diversificar a oferta e ampliar a frequência dos usuários nestes locais, não só através da inserção das novas mídias, mas também através da concepção e organização de diferentes espaços dentro da biblioteca e a mudança nos serviços. Atualmente, na maior parte das
bibliotecas
brasileiras,
um
grande
IMG 07 e 08. Exterior da Midiateca de Sendai, Toyo Ito e interiores da Midiateca evidenciando os meios tecnológicos empregados e a apropriação do espaço pelas pessoas, respectivamente. Fonte:<http://www.toyoito.co.jp/WWW/Project_Descript/2000-/2000-p_04/2000p_04_en.html>. Acessado em: 05 Agosto 2014.
45
percentual de usuários não se sente atraído
A intenção é de oferecer à
por elas, devido à centralidade que o livro
população um espaço confortável, livre, sem
impresso exerce nessas instituições, o que
preconceitos
dificulta a entrada de outras mídias e se
principalmente uma opção de lazer.
reflete na falta de serviços inovadores.
literários
que
seja
A
Vive-se uma Revolução da
inserção das mídias vem então para quebrar
informação, em que se discute o poder que
este paradigma – oferece informação em
esta e suas tecnologias exercem sobre a vida
diferentes suportes, e atrai um público
contemporânea,
diversificado através das novas tecnologias
valorização
de informação, atividades culturais variadas
difusão
e da sua flexibilidade de horários, abertas até
comunicação existentes. A arquitetura tem
durante o final de semana, a fim de
então o objetivo de criar um espaço que seja
abranger um público maior, a exemplo a
capaz de atrair pessoas de diferentes níveis
Midiateca de Sendai projetada pelo arquiteto
de
Toyo Ito e inaugurada em 2001 (IMG. 07 e
interagirem e assim coabitarem este espaço,
08).
ao socializar e trocar experiências.
e
através
assim
como
imensurável dos
conhecimento
potencial
diversos
e
a meios
interesses,
sua de de
para
46
2. ANÁLISE DE
CORRELATOS
47
2.1.
BIBLIOTECA JAUME FUSTER FICHA TÉCNICA
Arquiteto:
Josep Llinás i Carmona; Joan Vera Garcia
Localização:
Barcelona, Espanha
Área construída:
5.026m²
Data construção:
2001-2005
Pop. atendida pela
58.553
A Biblioteca em estudo localizase entre o bairro da Grácia e Sarrià-Sant Gervasi (Mapa 02), e é uma das maiores bibliotecas da cidade
de
Barcelona.
Foi
projetada
pelos
arquitetos Josep Llinás i Carmona9 e Joan Vera Garcia10, e possui uma superfície construída de 5.026m² distribuídas em quatro pavimentos.
biblioteca (2012): Visitantes (2012):
660.125
Usuários de internet
63.641
(2012): Acervo (2012):
101.889
Acervo de jornais e
253
revistas (2012): TABELA 02. Levantamento de dados sobre a biblioteca Jaume Fuster. Fonte: Elaborado pela acadêmica, a partir dos dados disponibilizados pela Biblioteca.
IMG. 09. Biblioteca Jaume Fuster. Fonte:<https://www.flickr.com/photos/wojtekgurak/6099269 036/>. Acessado em: 20 Set. 2014.
9
Nascido em Castelló em 1945, conta com uma reconhecida trajetória na construção de edifícios públicos. 10 Nascido em Barcelona em 1962, formou-se em Arquitetura pela Escuela Técnica Superior de Arquitectura del Vallès e de 1989 a 2006 participou do escritório de Josep Llinás. Em 2006 fundou seu próprio escritório juntamente com a Arquiteta Eulàlia Busquets.
48
IMPLANTAÇÃO
MAPA 02. Implantação da Biblioteca Jaume Fuster Fonte: Elaborado pela acadêmica.
49
Conforme ilustrado no Mapa
Portanto, a partir disso, Llinás
02, o projeto situa-se na Praça Lesseps (IMG. 10),
utiliza como diretrizes iniciais do seu projeto para
e faz parte de uma transformação para aquela
este local:
área, juntamente com as obras de abertura do
Reduzir o tráfego privado de veículos;
túnel para veículos e a construção da estação de
Recuperar o declive natural do terreno;
metro para a linha 9. Esta área antes conflitiva e
Melhorar a conectividade entre os bairros;
polêmica, era ocupada pelas oficinas do Grande
Ampliar o espaço destinado aos pedestres
Metrô, e ganhou essa remodelação, projetada
especialmente entre a biblioteca e a igreja
pelo arquiteto Albert Viaplana, com o intuito de
de “Els Josepts”.
ganhar espaços públicos e reduzir o volume de tráfego de superfície, ganhando a continuidade
Segundo o arquiteto, o edifício
física e territorial da praça, não sendo somente
ganhou uma forma de rombóide11, com um
um lugar de circulação, mas de encontro,
espaço vazio na lateral que dá para a Avenida de
atividades
Vallcarca, com o objetivo de que a perspectiva se
culturais,
esportivas,
entre
outras
atividades, inclusive reforçadas pela presença da biblioteca naquele local.
11
Em geometria de duas dimensões, um rombóide é um paralelogramo cujos lados adjacentes têm tamanhos diferentes, e os lados opostos iguais. Diferente dos losangos, que possuem todos os lados do mesmo tamanho.
50
abrisse à medida que o indivíduo caminhe em sua direção. O espaço interior também está determinado por este limite lateral e evita os ângulos retos.
b a
a b ROMBÓIDE
Observamos,
portanto,
que
existe uma diversificação dos espaços internos em função destas relações com o exterior: grandes espaços abertos na porção que dá para a Praça Lesseps e a Av. de Vallcarca, e outros menores e fechados na parte posterior da edificação, onde se encontra uma ruela flanqueada por edifícios altos (IMG. 11 e 17).
IMG 10. Vista a partir da Praça Lesseps. Fonte:<http://bearpolar.files.wordpress.com/2011/07/p1010023.jpg >. Acessado em: 05 Maio 2014.
IMG 11. Maquete de estudo: a Biblioteca e o seu entorno. Fonte: Revista El Croquis Josep Llinás. n.128. p. 132.
51
ARQUITETÔNICO Através da análise do projeto notamos que o volume e a forma do edifício se refletem totalmente à sua inserção urbana, na qual se configura em uma volumetria mais horizontal, expressada mediante suas coberturas que se fragmentam e os planos que se desmaterializam,
potencializa-se
assim
o
dinamismo visual, conseguindo uma fachada abstrata diluída no intenso fluxo circulatório da praça (IMG. 13). Pode-se dizer que a Praça funciona como o hall de entrada da biblioteca, onde se passa de um espaço público exterior a um espaço público interior favorecido pela IMG 12. Marquise de transição entre interior e exterior. Fonte:<http://space72.blogspot.com.br/2009/10/jaume-fusterlibrary.html>. Acessado em: 05 Maio 2014.
IMG 13. Vista para biblioteca com a evidente apropriação do espaço e marquise de entrada. Fonte: Pedro Kok. Disponível em: <http://www.pedrokok.com.br/2010/12/bibliotecajaume-fuster-na-praca-de-lesseps-barcelona-espanha/img_8424/>.
Acessado em: 01 Maio 2014.
grande marquise que segue a cobertura do edifício e cobre a entrada sobre a praça (IMG. 12). Essa fragmentação tem um papel importante não só no exterior como também em seu interior,
52
podendo ser observada a partir de todo o edifício,
graças
às
transparências
entre
Tentamos que os visitantes tivessem diversas visuais das instalações, de maneira que todos vissem como muita gente pratica as mesmas atividades. Ao mesmo tempo, que as grandes janelas da sala de revistas, situada junto a rua, permitem que haja uma relação visual entre os seus ocupantes e os visitantes. A leitura é uma atividade bonita, atrativa, e assim poderá atrair as pessoas que passam pelas ruas. (LLINÁS, Josep. Tradução nossa)12
os
diferentes espaços, que se articulam mediante os pé-direito duplo, grandes planos de vidros (IMG. 14) e a posição estratégica das circulações verticais, como podemos analisar nas plantas e cortes a seguir (IMG. 21, 22 e 23). As salas de consulta de livros e materiais audiovisuais, com um caráter mais íntimo e reservado para favorecer o trabalho, foram locadas no 1º e 2º pavimentos, enquanto que no térreo, encontra-se a sala de jornais e revistas (IMG. 15), o hall de entrada, o bar, espaço infantil (IMG. 16) e uma pequena sala de exposições que se distinguem pela sua amplitude e transparência dos espaços, e continuidade do espaço exterior marcadamente por atividades de interação coletiva.
12
“Hemos pretendido que los visitantes tengan muchos puntos de vista de las instalaciones, de manera que todos vean cómo mucha gente hace las mismas cosas. A la vez, los grandes ventanales de la sala de publicaciones periódicas, situada junto a la calle, permite que haya una relación visual entre sus ocupantes y los viandantes. La lectura es una actividad bonita, atractiva, y así lo podrá apreciar la gente que pasa por la calle”. (LLINÁS, Josep; 2006 apud CASANOVAS, p. 11).
53
IMG 14. Vista para a fachada Leste. Fonte:<http://www.bdrd.info/noticias/paris_se_fija_en_la_arquitectura_catalana.html>. Acessado em: 05 Maio 2014. | IMG 15. Hemeroteca. Fonte:<http://space72.blogspot.com.br/2009/10/jaume-fuster-library.html>. Acessado em: 05 Maio 2014. | IMG 16. Espaço crianças. Fonte:<http://www.grcstudio.es/portfolio/p-l-o-t-_-09-biblioteca-jaume-fuster-josep-llinas/>. Acessado em: 05 Maio 2014.
Vale
ressaltar
também,
o
cuidado com os acabamentos interiores, em que o mobiliário todo em madeira assim como a comunicação visual, são totalmente integrados ao edifício (IMG. 18, 19 e 20). As paredes e pilares interiores são pintados de branco, e
IMG 17. Vista para a fachada Posterior. Fonte:<http://es.wikiarqui tectura.com/index.php/Ar chivo:Jaume_Fuster_007.jp g>. Acessado em: 05 Maio 2014.
54
revestidos de madeira até certa altura, a fim de
diferentes ambientes e o intenso controle de luz
definir a escala humana e envolver o leitor.
natural sobre eles, além das janelas com diferentes alturas que possibilitam não só a entrada de luz natural, mas também permitem a
CONCLUSÕES Através dos levantamentos fica claro que a biblioteca cumpriu com os seus
permeabilidade visual dos usuários para o exterior (IMG. 17). Segundo
objetivos e tornou-se o motor da vida deste novo
Carme
a
Galve,
diretora
espaço como polo de atração e dinamização dos
biblioteca,
o
fluxos de mobilidade e uso dos espaços públicos,
desempenha quatro funções básicas:
da
equipamento
através de sua intensa correlação com a Praça
I.
Lesseps. A biblioteca garante o acesso
II.
a informação; a formação no âmbito das
democrático à cultura e ao conhecimento,
novas
oferecendo atividades diversificadas a fim de
informação e comunicação;
atender a diversidade da população envolvida. Os
espaços
interiores
são
dinâmicos, em que o arquiteto se utiliza das diferentes alturas de pé-direito para qualificar os
tecnologias
III.
a difusão da leitura;
IV.
construir
uma
ágora,
espaço de socialização.
da
um
55
p
IMG 18 e 19. Pé-direito duplo e entrada de iluminação natural, e vista do 2º pav. Para os espaços de estudo, respectivamente. IMG 20. Entrada de luz natural nos espaços internos. Fonte: Revista El Croquis Josep Llinás. n.128. p. 139; 143; 148.
56
PLANTAS
IMG 21. Plantas Biblioteca Jaume Fuster. Fonte: bases fornecidas pela Biblioteca, e editadas pela acadĂŞmica.
57
58
IMG 22. Cortes Biblioteca Jaume Fuster. Fonte: bases em:<http://es.wikiarquitectura.com/index.php/Biblioteca_Jaum e_Fuster>, e editadas pela acadĂŞmica.
CORTES
ELEVAÇÕES
IMG 23. Elevações Biblioteca Jaume Fuster. Fonte: bases em:<http://es.wikiarquitectura.com/index.php/Biblioteca_Jaume_Fu ster>, e editadas pela acadêmica.
59
60
2.2. CENTRO CULTURAL WOLFSBURB FICHA TÉCNICA Arquiteto:
Alvar Aalto
Localização:
Wolfsburg, Alemanha
Área construída:
3.500m²
Data construção:
1959-1962
Pop. atendida pela biblioteca
123.269
Fruto de um concurso em 1958 para a construção de um edifício polivalente, para a realização de atividades culturais e um local para reuniões que equilibrasse a vida
monótona
predominantemente
de
uma
industrial
cidade dominada
pela Volkswagen. Neste contexto surge o Centro Cultural de Wolfsburg, elaborado pelo arquiteto ganhador, Alvar Aalto, é considerada a mais importante criação dele
(2013): Acervo (2013):
100.000
Visitantes (ano de 2013)
Cerca de 200.000
TABELA 03. Levantamento de dados sobre Centro Cultural de Wolfsburg. Fonte: Elaborado pela acadêmica, a partir dos levantamentos. IMG. 23. O Centro Cultural e seu entorno. Fonte:<http://www.wolfsburgernachrichten.de/lokales/Wolfsburg/alvar-aalto-haus-pug-undpiraten-wollen-buerger-befragen-id766700.html>. Acessado em: 12 Maio 2014.
na Alemanha.
61
IMPLANTAÇÃO
MAPA 03. Análise da Implantação do Centro Cultural de Wolfsburg. Fonte: Elaborado pela acadêmica, Base do Wikimapia. IMG. 24. Implantação do Centro Cultural de Wolfsburg. Fonte: Elaborado pela acadêmica, Base disponível em:< http://www.historiaenobres.net/ficha.php?idioma=es&id=301>. Acessado em 02 Maio 2014.
62
O edifício localiza-se em uma
O edifício foi concebido como
praça constituída por um conjunto de edifícios
um claustro13, fechado em torno da praça central
(Mapa 03), e foi implantado em frente à
(IMG. 23), em que os 4 setores formam um único
Prefeitura Municipal da cidade, único edifício
edifício, dividido em volumes separados. O
existente até a construção do projeto, afirmando
arquiteto então interliga essas quatro atividades
a importância a que lhe foi atribuído.
de uma forma totalmente funcional, ao mesmo
A partir do que foi solicitado no
tempo em que dá parte do edifício para a praça
concurso, o edifício deveria ser concebido como
(IMG.
um centro cultural que abrigaria quatro funções
através de 5 volumes separados e suspensos,
diferentes:
com formas irregulares, sem janelas e que
1. Uma
Biblioteca
Pública
Municipal, que seria o elemento
25),
erigindo
sua
monumentalidade
diminuem gradativamente da esquerda para a direita (IMG. 26).
dominante;
2. um instituto para educação de adultos;
3. um centro de juventude; 4. um espaço comunitário, com terraços e salões.
13
Corredor coberto, construído, em geral, em torno do pátio de um monastério, igreja ou colégio. O claustro cerca um espaço aberto que forma o pátio.
63
ARQUITETÔNICO Como podemos observar na planta baixa (IMG. 38), a entrada principal do edifício se dá a partir da Praça, abaixo dos auditórios,
que
através
dos
seus
volumes
suspensos e irregulares formam um ambiente de transição coberto entre o interior e exterior (IMG. 26). No hall de entrada está locado um grande balcão de informações e guarda-volumes, e a partir deste ambiente tem-se acesso à biblioteca no mesmo pavimento, ou através de uma dupla escadaria acessa-se o foyer dos auditórios no piso superior. Ainda no piso térreo, encontra-se a biblioteca infantil, administração, e acessos para o centro de juventude e centro comunitário. No IMG. 25. Vista para a Praça ao fundo o Centro Cultural. Fonte:<http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Wolfsburg_Por schestra%C3%9Fe_Rathaus.JPG>. Acessado em 02 Maio 2014.
IMG. 26. Vista a partir da praça para o acesso principal. Fonte:<http://es.wikiarquitectura.com/index.php/Archivo:00wol .jpg>. Acessado em: 12 Maio 2014.
pavimento
superior
encontram-se os auditórios, salas de aulas para oficinas e workshops, um terraço para atividades
64
ao ar-livre e três apartamentos para estudantes,
cauda também define a borda do edifício,
com entrada independente pelo térreo.
deixando a cabeça livre para flexionar em
Com relação aos princípios de
direção a Prefeitura existente (IMG. 24 e 28).
composição de Aalto, Andres Duany (1986)
Algumas soluções projetuais se
afirma que o processo envolve um esquema
destacam no edifício, como o espaço de leitura
chamado “cabeça e cauda”, em que a cabeça
rebaixado na biblioteca (IMG. 27 e 29). Segundo
seria o elemento principal e abriga a principal
Ching (2008), o rebaixamento de uma porção do
função do edifício; já a cauda é o oposto, ela
plano de base isola um campo de espaço de um
hospeda as atividades burocráticas dentro de uma geometria ortogonal e neutra, com um potencial de crescimento intrínseco. A partir disso, percebemos que no Centro Cultural de Wolfsburg existem duas cabeças, definidas pela biblioteca e os auditórios, através da forma que tomam em planta e volume, e a cauda é definida através de um formato retangular e ortogonal, que abriga as atividades de apoio a essas funções principais. A
IMG. 27. Esquema Plano rebaixado. Fonte: CHING, 2008, p. 109. IMG. 28. Esquema “cabeça e cauda” no Centro Cultural.Fonte: DUANY, ANDRES (1986). Principi compositivi di Aalto. Disponível em: <http://www.unich.it/progettistisidiventa/TRADUZIONI/DuanyAALTO.htm#_ftn1>. Acessado em: 07 Maio 2014.
65
contexto mais amplo, portanto no caso aplicado
enfraquece a relação visual com o espaço ao
a Biblioteca de Wolfsburg, a área rebaixada com
redor, criando um ambiente intimista, para o
altura de 1.50m constitui uma interrupção do
desenvolvimento da leitura. Também se utiliza
piso, mas permanece como parte integrante do
das superfícies verticais que delimitam a área de
espaço circundante, na qual o arquiteto cria
leitura para acomodar mais estantes de livros
degraus
(CHING, 2008, p. 112).
de
transição
contribuindo
para
a
continuidade entre as duas superfícies, ao mesmo tempo
em
que
através
da
profundidade
Na arquitetura de Alvar Aalto, vale destacar a iluminação. No Centro Cultural,
IMG. 29. Plano rebaixado Biblioteca do Centro Cultural. Fonte :<http://www.aalto| IMG. 30. Iluminação natural Biblioteca. Fonte:<http://www.wolfsburg-citytour.de/aalto-bauten/Stadtbibliothek/stadtbibliothek.html>. Acessado em: 12 Maio 2014 | IMG. 31. Iluminação natural Auditório. Fonte:<http://www.archdaily.com/322809/ad-classics-wolfsburg-cultural-center-alvar-aalto/>. wolfsburg.com/content.php?id=kulturhaus&PHPSESSID=89bc0291624284ffab9e10623058869e>. Acessado em: 12 Maio 2014.
Acessado em: 12 Maio 2014.
66
diversos ambientes recebem iluminação natural através de claraboias e fendas na cobertura (IMG. 30 e 31). Toda a iluminação artificial também
é
arquiteto,
rigorosamente assim
como
desenhada os
pelo
mobiliários
e
acessórios.
CONCLUSÕES A partir do estudo da referente obra, será refletido no projeto da biblioteca e midiateca aqui proposta, a articulação de diferentes funções em um mesmo espaço, ao integrar diversas atividades culturais, de lazer e de educação, assim como o intenso uso da iluminação natural no projeto, através de variadas formas como o uso de claraboias e abertura de fendas (IMG. 32 e 33).
IMG. 32 . Vista para cobertura do edifício, onde evidenciase as claraboias. Fonte:<http://www.wolfsburg-citytour.de/aaltobauten/Aalto_Kulturhaus_3/aalto_kulturhaus_3.html>. Acessado em: 12
Maio 2014. | IMG. 33. Parte da Fachada Leste.
Fonte:<http://architehttp://architectuul.com/architecture/view_image/wo lfsburg-cultural-center/923ctuul.com/architecture/view_image/wolfsburgcultural-center/923>. Acessado em: 12 Maio 2014.
67
É essencial entender a forma como Alvar Aalto organiza o programa, articula a forma e define os espaços, considerando o entorno a que
está inserido e o cuidado que o arquiteto tem com os detalhes interiores, integrando-os ao projeto arquitetônico de forma que um complementa o outro, tornando cada obra particular (IMG. 37).
IMG. 34, 35 e 36. Vista para Fachada Sul; Lojas laterais no térreo do edifício, respectivamente. Fonte:<http://www.wolfsburg-citytour.de/aalto-bauten/Kulturhaus1/kulturhaus1.html>. Acessado em: 12 Maio 2014. IMG.37. Foyer de acesso aos auditórios. Fonte:<http://www.wolfsburg-citytour.de/aalto-bauten/Aalto_Kulturhaus_2/aalto_kulturhaus_2.html Acessado em: 12 Maio 2014.
68
PLANTAS IMG 38. Plantas Centro Cultural Wolfsburg. Fonte: bases em:< http://www.historiaenobres.net/ficha.php?idiom a=es&id=301>, e editadas pela acadĂŞmica.
CORTES
69
ELEVAÇÕES
IMG 39. Cortes e Elevações Centro Cultural Wolfsburg. Fonte: bases em:< http://www.historiaenobres.net/ficha.php?idioma=es&id=301>, e editadas pela acadêmica.
70
2.3.
população, reforçando as vocações culturais,
PRAÇA DOS TRÊS PODERES – CONCURSO
econômicas e institucionais da região. A proposta também necessitaria contemplar um novo espaço
Fruto de um concurso nacional
para o centro de compras popular. Segundo
de anteprojetos para revitalização da Praça dos
o
edital
da
Três Poderes, localizada no centro da cidade de
competição, a requalificação deveria levar em
Florianópolis, lançado pela Prefeitura Municipal
conta a conectividade do espaço compreendido
em 2010, por meio do IPUF (Instituto de
entre a Rua José da Costa Moellmann e Rua Dr.
Planejamento Urbano de Florianópolis), surge
Álvaro Millen da Silveira com a malha urbana.
como 1º colocado a proposta do escritório
Ao todo, a área possui 18,5 mil m², englobando
Vigliecca e associados.
um conjunto importante de edifícios e repartições
Em
geral,
as
propostas
deveriam reorganizar os espaços e equipamentos públicos
existentes,
além
de
inserir
novos,
buscando a revitalização das áreas e as suas respectivas requalificações, apresentando um caráter
comunitário
e
acessível
a
toda
a
públicas, como Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, Tribunal de Justiça, Tribunal de
Contas,
Superintendência
da
Polícia
Rodoviária Federal no Estado de Santa Catarina e Procuradoria Geral da República.
71
IMPLANTAÇÃO O espaço da praça caracterizase como um local descaracterizado e residual, graças ao fracionamento e ruptura das massas construídas do entorno em relação à geometria da praça. Ou seja, a praça desenvolve-se no local com uma independência em relação ao entorno na qual se insere, se tornando como objetivo do projeto que este equipamento tenha capacidade de catalisar as futuras ocupações urbanas do local, levando a revalorização do espaço (IMG. 40). Para Vigliecca, a consolidação desta área como uma centralidade institucional, apesar de ter como ponto de partida o projeto de revitalização da praça, é preciso definir diretrizes e instrumentos urbanísticos específicos para as
IMG 40. Análise da área de implantação do projeto. Fonte: Elaborado pela acadêmica, Base Google Earth.
72
quadras do entorno, como forma de incentivo a novas
construções
e
adensamento
urbano,
compatíveis com as características do lugar, potencializando não só o uso da praça, mas de toda a região na qual se insere.
A PROPOSTA DE PROJETO Como vencedores do concurso nacional, o escritório teve como bases de intervenção inicial no espaço algumas premissas como:
A conectividade com a malha urbana;
A valorização de um conjunto importante de edifícios locados no entorno;
A legibilidade e a memória do lugar;
e a integração do espaço envolvido com o sistema
de
transporte
coletivo,
em
IMG 41 e 42. Perspectiva geral da maquete do projeto, e vista a partir da praça para o anfiteatro, respectivamente. Fonte: Disponível em: < http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/threebranches-square>. Acessado em: 05 Set. 2014.
73
especial atenção ao possível conflito entre
os fluxos de carros e pedestres sejam de fácil
carros e pedestres. A
partir
A intenção do arquiteto é que
disso,
segundo
o
escritório, eles partem como conceito de projeto discutir o espaço urbano representativo, que deve
compreensão e lógica, fator essencial para a apropriação pelos usuários e assimilação como “lugar próprio” ou referencial.
contribuir para a construção de pertencimento, das atividades cívicas e da legibilidade do lugar.
Inicialmente com uma leitura aproximada do lugar, foram identificados dois setores determinantes que deveriam dialogar com o projeto – a Noroeste, confrontando com o centro consolidado, o plano limpo e minimalista que incorpora as áreas para os eventos públicos e solenidades; a Sudeste, o plano inclinado da praça
incorpora
visualmente
os
morros
(Mariquinha e Mocotó – APP), conformando IMG 43. Espetáculos realizados no anfiteatro. Fonte: Disponível em: < http://www.vigliecca.com.br/ptBR/projects/three-branches-square>. Acessado em: 05 Set. 2014.
sobre ele as áreas para encontros , os chamados “cantos de sociabilidade” para o arquiteto.
74
75
IMG 44 e 45. Esquemas conceito do projeto. Fonte: DisponĂvel em: < http://www.vigliecca.com.br/ptBR/projects/three-branches-square>. Acessado em: 05 Set. 2014.
76 “Do lado da cidade velha colocamos uma praça seca, lugar de manifestação popular, do outro lado pensamos em uma praça arborizada, lugar de lazer.” Vigliecca (2012, Disponível em: < http://www.arqbacana.com.br/i nternal/arq!aqui/read/1233/vig liecca-&-associados>. Acessado em: 05 Set. 2014)
Na proposta de Vigliecca e associados o relevo é recriado a partir do deslocamento de “placas tectônicas”.
Desta
forma, o subsolo tratado geralmente como um espaço
residual
urbano
de
funcionalidade
puramente racional, é aqui neste projeto um dos temas centrais, em que o subsolo reverte essa condição, agregando urbanidade ao espaço: ele IMG 46 e 47. Plantas e Cortes. Fonte: Disponível em: < http://www.vigliecca.com.br/pt-BR/projects/three-branchessquare>. Acessado em: 05 Set. 2014.
77
se torna continuação da praça, com planos e
mobilidade e segurança, tanto para o
rampas de 3 a 6% que permitem grande
público como para veículos, e ainda abriga o anfiteatro e os eventos. O
anfiteatro
se
desenvolve na intersecção dos planos e é o grande ponto dos acontecimentos da praça, passagem e ponto de reunião (IMG. 42 e 43). Conforma-se como um espaço coberto com uma estrutura transparente estabelecendo um valor icônico para o lugar, em que a noite é marcado como o “farol” da praça graças a sua intensa iluminação
(IMG.
41)
–
marco
da
Vitalidade cívica. A luz no projeto foi trabalhada como mais um recurso à ambientação do espaço livre, sugerindo a apropriação do local.
78
Segundo
ponto
que
vale
No projeto da praça serão
destacar é a forma como o escritório faz a leitura
mantidas as espécies arbóreas já existentes, e
da apropriação do local, como forma de
outras serão transplantadas.
incorporar elementos arquitetônicos ao projeto. Portanto se apropriando do método de estudo a partir do efeito “koyaanisqatsi” para estudar os fluxos de pessoas, o escritório acredita que o movimento das pessoas e seus modos de ocupação é o que dá sentido aos lugares, e a
Vale destacar a atenção que é dada ao desenho do piso da praça ao todo, que adentra
as
áreas
comerciais
reforçando
a
integração das atividades e a continuidade espacial.
partir disso incorporam essas observações no
Com relação aos fluxos de
projeto através da composição das árvores na
carros e pedestres, o arquiteto propõe que sejam
praça, seus jogos de sombras, por meio da luz e
de fácil compreensão e lógica, fator essencial
do próprio desenho – Cenografia viva do espaço.
para
Essa composição ao todo dariam forma ao que
identificação
eles denominam de “cantos de sociabilidade”,
usuários e assimilação como “lugar próprio” ou
situados no plano inclinado da praça principal.
referencial.
a
formulação do
do
espaço,
mapa
mental
apropriação
de
pelos
79
comercial, e um grande equipamento público
CONCLUSÕES A partir do estudo deste projeto levaremos em consideração a inserção do projeto do sítio, com a proposta de uma praça que se conecte e se relacione com o edifício proposto e o entorno, garantindo a continuidade espacial, arborização, conexões e os fluxos dos pedestres, assim como a resolução dos conflitos existentes de mobilidade entre pedestres e veículos. Trabalharemos
se
apoiando
também em um projeto que resgate a memória e a legibilidade daquele local, que ao longo do tempo se desvalorizou e se perdeu, trazendo-lhe de volta a vitalidade urbana de apropriação do espaço através de um grande espaço público de qualidade que se relacione com o seu entorno
cultural que catalise essa dinâmica para a região.
80
2.4. ARQUITETURA DE REFERÊNCIA:
personagem intrigante a partir do momento em
REM kOOLHAAS
que utiliza tanto a teoria quanto a prática como possibilidades de reflexão e atuação no contexto em que vive.
O ARQUITETO Rem holandesa
graduou-se
Koolhaas em
de
origem
Arquitetura
pela
Architectural Association of London (AA, 19681972) e em 1975 fundou seu escritório o OMA (Office
for
posteriormente
Metropolitan o
AMO
Architecture), (Achitecture
e
Media
Organization), responsável em áreas além dos limites tradicionais da arquitetura, trata de mídia,
Tendo em vista sua ligação em outras áreas bem como cinema e jornalismo nos anos
precedentes
à
sua
formação
como
arquiteto, ele retoma algumas das questões discutidas tanto pelos modernistas quanto pela sua geração e introduz o seu ponto de vista de maneira bastante peculiar em seus projetos. O
incluindo política, sociologia, energia renovável,
arquiteto
reconhece
essa
tecnologia, moda, curadoria, publicação e design
“dualidade” como uma importante ferramenta
gráfico, ambos com sede em Roterdã (Holanda).
para sistematizar a sua produção (S, M, L, XL)
Um
dos
arquitetos
mais
além de permanecer próximo a outras áreas do
influentes na atuação cultural no final do século
conhecimento
XX e começo do século XXI, Koolhaas torna-se um
sustentar
sua
como
forma
postura
de fortalecer
crítica.
Postura
e
essa
81
refletida não apenas em projetos, mas também
medida em que a arquitetura ainda pode ser
em sua produção textual, dentre eles, Nova York
uma força para sustentá-la. Entre seus projetos
Delirante, publicado no final da década de 1970.
destacam-se edifícios públicos como Euralille e
“(...) penso que posso fazer arquitetura como um jornalista, e uma das coisas mais instigantes sobre o jornalismo é ser uma profissão sem uma disciplina. O jornalismo é apenas um regime de curiosidades, aplicável a qualquer assunto, e eu diria que esse ainda é um dos fatores importantes que movem minha arquitetura.” Rem Koolhaas (EISENMAN et al, 2013, p. 24).
Koolhaas
não
é
conhecido
principalmente como um arquiteto de residências. Sua maior preocupação é a vida pública, e na
Lille Grand Palais, em Lille, na França; o Dance Theater Holanda, em Haia; e os projetos de bibliotecas como a Tres Grande Biblioteque em Paris, a Biblioteca Jussieu na Universidade de Paris, o Centro de arte e mídia em Karlsruhe, na Alemanha, e a Biblioteca Pública de Seattle. “Rem Koolhaas é uma rara combinação de visionário e implementador-filósofo e pragmático - teórico e profeta - um arquiteto cujas ideias sobre construções e planejamento urbano fazem dele um dos arquitetos contemporâneos mais discutidos no mundo, mesmo antes de qualquer um de seus projetos de
82 design tornar-se realidade. (...) Ele é bem conhecido por seus livros, planos regionais e globais, explorações acadêmicas com grupos de alunos, assim como pela sua arquitetura arrojada, estridente, instigante.” (Jury Citation, Pritzker 2000, Disponível em: <http://www.pritzkerprize.com/ 2000/jury>. Acessado em 08 Set. 2014.)
Segundo
o
Júri
que
lhe
essência,
ideias
dada
a
forma
Percebe-se em seus projetos a intensidade do pensamento que resulta em uma casa, um centro de convenções, um plano de campus, ou um livro. PENSAMENTO Para Rem Koolhaas o objeto arquitetônico é resultado de sua tentativa de compreender
os
grandes
conglomerados
urbanos. Ele tem percorrido profissionalmente um
concedeu o Prêmio Pritzker da Arquitetura no ano
caminho
2000, em cada projeto do arquiteto há uma
compreender
organização de fluxo livre, democracia de
metrópoles
são
bastante
espaços
instabilidade
é,
naturalmente,
e
funções
com
um
afluente
de
construída.
cuja
atenção a
e
preocupação
instabilidade
das
por
grandes
notórias. resultado
Essa da
circulações que no final determina uma nova
globalização, também reconhecida e identificada
forma
por Koolhaas como um fator fundamental no
arquitetônica
sem
precedentes.
Seu
trabalho é muito mais sobre ideias de como são
entendimento
os edifícios. Sua arquitetura é uma arquitetura de
projetos.
e
desenvolvimento
de
seus
83
Essa
postura
traduz-se
na
Contudo, Koolhaas é menos
atenção que o arquiteto tem em operar sobre
interessado em criar um modelo universal, ele
grandes metrópoles como Londres, Paris, Berlim,
defende uma espécie de desenho urbano para a
Tóquio, Pequim e Hong Kong, entre outras, e a
era da teoria do caos. Para ele na era do
partir daí, subverter uma lógica comumente
ciberespaço, os tipos convencionais de forma
aceita, em uma outra lógica potencializando
urbana,
determinadas características dos locais com os
convencionais
quais o arquiteto se depara.
funcionar como eles (os modernistas) fizeram, e
“Koolhaas beneficiou-se de seu ensinamento e dele aprendeu a fazer da cidade a referência obrigatória para toda intervenção arquitetônica, bem como estar consciente da importância da cultura do movimento moderno na arquitetura recente.” (MONEO, 2008, p. 283).
para
não de
mencionar
arquitetura,
os
não
tipos podem
já não podem ter o mesmo significado de quando fizeram (GOLDBERGER, 2000, p.01). A leitura que Koolhaas faz de seus próprios projetos nos permite afirmar que ele é um arquiteto que tem pleno domínio do ambiente em que vive, por mais instável e imprevisível que o seja. Segundo
ele
o
arquiteto
contemporâneo, além de construir o edifício, tem
84
também que descreve-lo e critica-lo para todo o
conceitualizar os seus projetos é o DIAGRAMA.
mundo. (EISENMAN et al, 2013, p. 135)
Além do desenho bidimensional, da perspectiva axonométrica e da maquete (física ou eletrônica),
A METODOLOGIA DE PROJETO I.
esse tipo de notação gráfica é parte fundamental no percurso de desenvolvimento de um projeto
CONSTRUÇÃO E EDIÇÃO DO PROGRAMA
Segundo
Moneo
(2008)
a
arquitetura de Koolhaas está muito ligada à ação e ao programa, sendo este muito mais difuso e menos diretamente relacionado com a obra a ser construída, em que o arquiteto tenta evitar sua excessiva programa
dependência. e
um
“Um
mínimo
de
máximo
como forma de raciocínio e investigação de uma ideia. Mais do que isso, para Koolhaas, pode ser compreendida não apenas como uma estratégia de representação, mas como uma estratégia de concepção de determinado objeto.
de
arquitetura”
O apresentado
de
diagrama diversas
é
maneiras
então e
em
forma
de
(KOOLHAAS, 1995 apud MONEO, 2008, p.
momentos
288).
sistematização de um programa, para valorizar Ao analisar a obra de Rem
Koolhaas nota-se que uma das maneiras que o arquiteto
se
utiliza
para
desenvolver
e
distintos
–
como
as aberturas e transparências dos edifícios e para ilustrar possíveis sistemas de circulação, em que
85
se
retoma
o
conceito
da
promenade
architecturale explorado por Le Corbusier. Koolhaas também se utiliza da
“Essa maneira de ele ver a arquitetura se revela no modo como fotografa a sua arquitetura”. (MONEO, 2008, p. 318).
SOBREPOSIÇÃO como estratégia de organização do programa. Tal liberdade organizacional devese ao fato de, tanto em um projeto quanto em outro, o sistema estrutural possibilitar essa independência
entre
pavimentos
ou
descontinuidade aparente evidente na seção desses edifícios. Essa liberdade da seção que Koolhaas consegue a partir de uma objetiva resolução do sistema estrutural de seus edifícios, garante-lhe essa sobreposição dos usos do programa (DE PAULA, 2010, p. 95).
IMG 48. Diagrama de organização do programa projeto Estúdios Universal (EUA, 1996). Fonte: DE PAULA, 2010, p. 97
86 II.
ABERTURAS E TRANSPARÊNCIAS
Sob este aspecto, vale destacar a atenção que Koolhaas tem em evidenciar
iluminar objetos como uma cama e uma escrivaninha, por exemplo, (DE PAULA, 2010, p.104).
pontos específicos do entorno que qualificam as aberturas propostas em seus projetos. Em 1994, ao projetar Maison a Bordeaux nos subúrbios da capital francesa, o arquiteto identifica a possibilidade de assegurar determinadas VISUAIS da paisagem (IMG. 06) no terceiro nível da residência num horizonte de 360º. Além dessas aberturas que recuperam o exterior para o interior às quais Koolhaas denomina de “furos reveladores”, há outros dois tipos de aberturas com características bem especificas: os “furos dinâmicos” que possibilitam a demarcação das linhas de percursos do pavimento e os “furos relativos” que servem para
IMG 49. Reconhecimento da paisagem como forma de determinar as principais transparências do projeto. Fonte: DE PAULA, 2010, p. 102
87 III.
CICULAÇÕES
Com relação às circulações, Koolhaas procura explora-las o máximo possível em seus projetos a fim de garantir a articulação entre os diferentes espaços criados, seja através da circulação vertical por meio de escadas, rampas ou meios tecnológicos como elevadores ou escadas rolantes, ou pelo desdobramento dos planos e pela continuidade da promenade architecturale. A promenade architecturale, ou o passeio arquitetônico, é a essência do conceito do projeto de Le Corbusier que também auxilia a compreender
o
projeto
de
Koolhaas.
Vale
destacar que o arquiteto reconhece no primeiro momento que a estratégia da circulação permite ao
usuário
maior
apreciação
do
objeto
arquitetônico. Segundo De Paula (2010, p. 115)
IMG 50 e 51. Estudos elaborados pelo OMA para a Biblioteca de Jussieu (Paris, 1992). Fonte: OMA. Disponível em: <http://www.oma.eu/projects/1992/jussieu-two-libraries/>. Acessado em: 05 Out. 2014.
88
a partir do percurso planificado nota-se que a
quanto das que o usam, das pessoas que passam por ele e mesmo das que só apreciam a triunfante imagem final (...)” (EINSENMAN et al, 2013, p. 34).
circulação organiza não apenas os ambientes internos, mas comporta-se como um elemento compositivo do volume (IMG. 50 e 51). IV.
COMPOSIÇÃO DOS PLANOS
Segundo Kipnis (EINSENMAN et al, 2013, p. 129), o uso que Koolhaas faz da superfície consiste em criar uma equivalência diferente entre piso e teto; trata-se de suprimir o palco
–
ou
o
ambicionado
piso
elevado
encontrado nos seus trabalhos iniciais – para
Ele se preocupa em encontrar a escala adequada a partir do uso que as pessoas (indivíduos ou massas) fazem da arquitetura. A escala é encarada como categoria que leva do privado ao público. (MONEO, 2008, p. 291). VI.
FUNÇÃO X LUGAR
produzir em seu lugar outro tipo de palco, que é levado ao exagero. V.
Segundo Rafael Moneo (2008) Rem insiste em reforçar a distancia que existe
O PÚBLICO E A ESCALA “Para mim, o público se constitui das pessoas que produzem um edifício
entre função e o lugar, parecendo-lhe que manter tal distancia é fundamental para construir arquitetura, embora nem sempre ele siga essa premissa.
89
Para Koolhaas (apud MONEO,
forma atendendo à escala, respondendo ao
2008, p. 287), o exterior e o interior do edifício
papel que tem na cidade.” (MONEO, 2008, p.
pertencem
a
292).
diferentes.
O
dois
mundos
exterior
arquitetônicos
está
preocupado
exclusivamente com a aparência do edifício como objeto
escultórico.
Já
o
interior
está
em
VIII.
ARQUITETURA COCKTAIL
Koolhaas
e
sua
cocktail
permanente estado fluido, ocupando com seus
architecture – materiais naturais e artificiais,
constantes programas e iconografias, e a atenção
pedras e chapas dobradas, vidro e concreto,
dos cidadãos metropolitanos.
todos os “sabores” contribuem para criar um
VII.
O “CORTE LIVRE”
Koolhaas incorporou à cultura arquitetônica do final do séc. XX o conceito de „corte livre‟. Moneo (2008) afirma que ele nos ajudou a pensar em arquitetura verticalmente, assim como parece exigir a densidade de metrópole. “(...) Entenda-se que este não define qual deva ser a sua forma. Os edifícios adquirem
ambiente especial e próprio (MONEO, 2008).
90
A Biblioteca Central de Seattle
BIBLIOTECA PÚBLICA DE SEATTLE Como forma de sintetizar e exemplificar as análises feitas a
partir
da
produção do
arquiteto Rem Koolhaas, escolhemos uma obra para
a
elaboração
de
um
estudo
mais
profundo a cerca de suas premissas, conforme segue abaixo.
redefine a biblioteca como uma instituição já não exclusivamente dedicada aos livros, mas como um armazenamento de informações, onde todas as formas potentes de mídia, nova e antiga, são apresentadas de forma igual e legível. Em uma época onde as informações podem ser acessadas em qualquer lugar, é a simultaneidade de todas
Projetada pelo arquiteto Rem
as mídias e, mais importante, a curadoria do seu
Koolhaas (OMA) em parceria com o escritório
conteúdo que vai fazer da biblioteca um espaço
LMN, na região central de Seattle no início dos
vital.
anos 2000, foi inaugurada em 2004, com 11 andares e 56 metros de altura, com espaço para comportar por volta de 1.400.000 livros e área construída de aproximadamente 38.000 m², a biblioteca
isola-se
em
uma
quadra
elevando-se na paisagem urbana.
inteira
Principais
características
projetuais e espaciais da biblioteca em estudo:
IMPLANTAÇÃO: Segundo De Paula (2010), o objeto é implantado num adensado bairro de Seattle. O arquiteto desloca o corpo do edifício para um dos cantos do terreno e
91
amplia
o
passeio
público
buscando
continuidade do fluxo de pedestres reforçado por uma praça de um dos edifícios do entorno. Nesta face, encontra-se um dos acessos da biblioteca. Em contrapartida, ao fazer esse recuo, amplia-se também outra face permitindo o acesso de veículos ao estacionamento (IMG. 52 e 53).
IMG. 52. Vista externa para o edifício e sua relação com o entorno adensado. Fonte: Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/624269/biblioteca-central-deseattle-oma-mais-lmn/53cd11cdc07a805e0800030d>. Acessado em: 05 Nov. 2014.
IMG. 53. Implantação. Acesso principal a partir do reconhecimento de um percurso de um maior fluxo de pessoas (linha azul); Recuo tendo em vista a praça existente (em vermelho); Acesso ao estacionamento tendo em vista estacionamento existente (em azul). Fonte: DE PAULA, 2010, p. 49.
92
FLEXIBILIDADE concebida com a criação de
Organiza os usos do edifício em blocos
pisos genéricos em que quase todas as
independentes de atividades, conectados ora
atividades possam acontecer. Os programas
por escadas rolantes, ora por elevadores
não
espaços
(IMG. 58). Esses blocos são o resultado de
individuais não são espaços únicos. Na
uma leitura que Koolhaas faz de como o
prática, isso significa que as estantes definem
programa
as áreas de leitura no dia de abertura, mas,
organizado e como ele pode reorganizá-lo
por
de tal maneira que possa providenciar
são
meio
separados,
da
salas
expansão
ou
incessante
da
coleção, inevitavelmente, virão a ocupar o
melhor
espaço público (IMG. 54).
estabelecidas
de
qualquer
desempenho
INTERCALA
(IMG. OS
às 55).
biblioteca
funções O
AMBIENTES
pré-
arquiteto atentando
IMG 54. Diagramas explicitando o programa do edifício e sua flexibilidade. Fonte: Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/624269/biblioteca-central-de-seattle-oma-mais-lmn>. Acessado em: 05 Out. 2014.
é
93
sempre a reorganização do programa de modo a justapor esses elementos, antes claramente separados.
Intercala os espaços construídos com os espaços
livres,
denominados
grupos
programáticos estáveis. A movimentação das plataformas,
criando
balanços,
permite
VISUAIS e CONTROLE DE INSOLAÇÃO nos pavimentos (IMG. 56 e 57).
IMG. 55 e 56. Diagramas de programa, e esquema dos deslocamentos dos pavimentos e sombreamentos, respectivamente. Fonte: Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/624269/biblioteca-central-deseattle-oma-mais-lmn>. Acessado em: 05 Out. 2014. PROGRAMA ORIGINAL
LIVROS = AZUL
PROGRAMA CONSOLIDADO
PROGRAMA REESTRUTURAD O
IMG. 57. Demarcação das visuais desejadas. Fonte: DE PAULA, 2010, p. 51.
94
TRANSPARÊNCIA DO EDIFICIO através da malha
estrutural
metálica
e
vidro
que
“encapam” o edifício.
São
criadas
cinco
plataformas
–
compartimentos programáticos com funções definidas os espaços entre as plataformas são áreas de trocas de informação – ESPAÇOS DE INTERAÇÃO.
O
arquiteto
delineia
a
PROMENADE
direcionando o fluxo externo, ao recuar o edifício,
para
o
seu
acesso
(vide
implantação) e utiliza escadas rolantes num único sentido fazendo com que o usuário percorra pelo interior e perceba os espaços do objeto proposto. IMG. 58. Esquema de circulação vertical: Escadas rolantes; Elevadores e caixa de escadas. IMG. 59. As plataformas criadas e a promenade. Fonte: Disponível em: <http://www.spl.org/prebuilt/cen_conceptbook/page24.ht m>. Modificado pela autora. Acessado em: 05 Out. 2014.
95
IMG. 60. Espaço de estudos Biblioteca. Fonte: Disponível em: <http://architectuul.com/architecture/seattle-public-library>. Acessado em: 05 Nov. 2014.
IMG. 61. Dobra das lajes criando uma continuidade – Espiral de livros. Fonte: DE PAULA, 2010, p. 117. IMG. 62. Transparência da edificação a noite. Fonte: Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/br/624269/biblioteca-central-deseattle-oma-mais-lmn>. Acessado em: 05 Out. 2014. IMG. 63. Vista para o térreo e entrada. Fonte: Disponível em: <http://www.panoramio.com/photo/13401734>. Acessado em: 06 Nov. 2014.
96
3. ANÁLISE DO
CONTEXTO LOCAL
97
3.1.
ESCOLHA
DO
TERRENO
E
ANÁLISE DO ENTORNO
metade do acervo total da cidade, atualmente instalada em condições inadequadas. Portanto,
Um ponto relevante, para a
implantação
do
escolheu-se
equipamento
público
para aqui
escolha do município de Maringá, foram as condições que se encontram as únicas cinco bibliotecas públicas existentes, que possuem um número de acervo total que não equivale ao número de habitantes da cidade, e estão localizadas
em
espaços
pequenos
e
sem
qualquer estrutura de qualidade para abrigar os usuários e acervo já existentes. Nosso
objetivo
é,
portanto,
propor uma biblioteca midiateca na área central da cidade, substituindo a biblioteca central existente, criada em 1963, e que abriga mais da MAPA 04. Esquema localização do projeto e curvas de nível. Fonte: Base PMM. Elaborado pela acadêmica.
98
proposto, o terreno na qual antes abrigava a
degradados, marginalizados, descaracterizados e
antiga rodoviária, situado no conhecido eixo
principalmente pela falta de iniciativas públicas
monumental, defronte a Praça Raposo Tavares
para a preservação do patrimônio da cidade.
com a intenção de revitalizar esse espaço público
O
projeto
se
implanta
em
proporcionando um ganho de um equipamento
terreno público, atualmente subutilizado por
público central que envolva a cultura e lazer sem
estacionamentos rotativos pago, pertencentes a
limitações,
através
da
Prefeitura pelo sistema ESTAR, entre o terminal
proximidade
com
de
urbano de transportes e a Praça Raposo Tavares.
o
principalmente terminal
urbano
transportes, a fim de permitir o fácil acesso a edificação proposta a qualquer habitante da cidade, independente da distância na qual seu bairro se situa. Essa
localização
com
características históricas para a cidade permitirá marcar a importância do equipamento cultural proposto, assim como o resgate da importância do eixo monumental que ao longo do tempo se perdeu devido os sucessivos espaços públicos
IMG 64. O Terreno a ser implantado o projeto e sua relação com o entorno imediato. Fonte: Acervo da acadêmica.
pela acadĂŞmica.
IMG 65. Esquema da dinâmica do entorno em estudo.Fonte: Base Google Earth. Elaborado
99
100
O terminal urbano atualmente
atualmente existente junto a Av. Brasil, e na
existente, criado na déc. 90 com a intenção de
porção norte avançando sobre a Rua Joubert de
ser provisório, perdura até hoje naquele local em
Carvalho unindo-se ao terreno de implantação
condições degradadas e insuficiente a demanda
da biblioteca. Para o desenho geral dessa praça,
existente, contudo encontra-se em elaboração na
pretende-se manter elementos do seu desenho
Prefeitura o projeto de um novo terminal
original,
intermodal, que ocupará toda a porção do
existente.
terreno e além do transporte de ônibus, irá reativar a linha do trem rebaixada sob a Av. Horácio
Racanello
para
transportes
de
passageiros. Para a elaboração do projeto da biblioteca
e
midiateca,
consideraremos
a
proposta que já está sendo desenvolvida para o futuro terminal, a fim de reforçar os fluxos de pedestres. Com relação a Praça Raposo Tavares, esta será revitalizada e estendida: na porção sul abrangendo um estacionamento
assim
como
parte
da
vegetação
101
IMG 66. Vista do cruzamento Rua Joubert de Carvalho x Tv. Júlio de Mesquita Filho onde há intensa confluência de veículos. Fonte: Acervo da acadêmica.
IMG 67. Vista para as formas da Praça Raposo Tavares. Fonte: Acervo da acadêmica.
102
3.2.
sítio e suas pendentes, Maringá nasce com uma
O EIXO E A CENTRALIDADE
estrutura urbana linear no sentido Leste-Oeste, pela
seguindo a ferrovia e reafirmando a estrada
Companhia Melhoramentos Norte do Paraná
(Avenida Brasil), que interligava o núcleo inicial
(CMNP)
(Maringá Velho) às demais cidades. Em oposição,
Implantada através
de
um
em plano
1947
urbanístico
concebido pelo Engenheiro Jorge de Macedo
vias
mais
curtas
no
sentido
norte-sul
Vieira, com traçado urbano orgânico claramente
evidenciavam subnúcleos urbanos – as Zonas
determinado pela configuração topográfica do
(BELOTO et al, 2009, p.03).
IMG 68. Esquemas de vias principais e circulação urbana. A ferrovia tracejada, as ruas e avenidas principais em traço cheio. Fonte: REGO, 2001, p. 1574.
103
Portanto, segundo Beloto et al (2009), a Zona 01 ou Zona Comercial Central,
distinguido o mais distante possível do restante da malha.
situada entre a linha férrea e duas nascentes a leste
e
oeste
(os
bosques),
teve
Com relação ao eixo, Rego e
sua
Meneguetti afirmam que este elemento já era
individualidade demarcada por vias curtas e
recorrente nos projetos urbanos implantados pela
fortemente delimitada por três avenidas (Atuais
Companhia, pois o traçado das cidades era
Av. São Paulo, Av. Paraná e Av. Tiradentes) e
adequado às curvas de nível permitindo que na
pelo pátio da estação ferroviária, além da malha
maioria dos casos o principal eixo urbano se
urbana rigidamente traçada nesse quadrilátero
desenvolvesse
em atendimento às possibilidades topográficas e
MENEGUETTI; 2008 apud BELOTO et al, 2009,
aos ensinamentos de Unwin14, para quem o
p.04).
centro urbano estaria bem situado se fosse
14
Sir Raymond Unwin (1863 – 1940) foi um proeminente e influente urbanista do Reino Unido. Associou-se com Barry Parker para construir a primeira e célebre cidade jardim de Letchworth e o Hampstead Garden Suburb a partir dos princípios de Sir Ebenezer Howard, que também foram influenciadores para o traçado de Maringá.
em
mesma
cota
(REGO;
104 Em Maringá, o eixo da Avenida Ypiranga ou Getúlio Vargas assumia o caráter de monumental muito mais do que estruturador do tecido urbano. Foi representativo de uma urbanística formal e tinha a importante função conectora entre a estação ferroviária e o centro cívico, e, semelhante aos demais projetos da Companhia, seguia da praça principal uma nova via, Avenida Cerro Azul, que culminaria no cemitério. (BELOTO el al, 2009, p. 05). IMG 69. Traçado de Maringá (1947). Delimitação da Zona Central na malha urbana. Fonte: REGO, 2010, p. 08. Editado pela acadêmica.
105
A avenida Getúlio Vargas foi desenhada com aproximadamente 46 metros de largura e 600 metros de comprimento, afirma Beloto et al (2009), e pelo projeto original, o eixo se iniciaria pela antiga estação ferroviária, passaria pela praça defronte a estação, a Praça Raposo Tavares, e terminaria numa praça semicircular com edifícios em forma de crescent aos moldes do barroco inglês. Portanto, o término do eixo era um conjunto de praças destinadas aos edifícios públicos, sendo que em uma das praças a leste ficaria a estação rodoviária e ao lado oposto a igreja matriz. Porém a proposta de Macedo não foi concretizada, e em 1956 foi edificado o Grande Hotel Maringá, conhecido como Hotel Bandeirantes, de propriedade da CMNP com projeto de autoria do arquiteto paulista José
IMG 70 e 71. Praça Raposo Tavares junto a Estação Ferroviária, e posteriormente com a Rodoviária implantada em 1963, respectivamente. Fonte: Acervo Maringá Histórica.
106
Augusto Belluci, na área reservada à igreja matriz
tornasse um importante ponto de encontro da
no plano de Vieira. Assim como ocorreu com a
população na época.
estação
rodoviária,
Napoleão
Moreira
que
situada
da
Silva,
na
Praça
terreno
A partir de 1958 começa a ser
de
edificada no centro da praça semicircular a
propriedade da Companhia, foi implantada em
Catedral, também de autoria do arquiteto
1963, entre a Praça Raposo Tavares e o largo da
Bellucci,
estação ferroviária (terreno de implantação do
monumentalidade o ponto focal do eixo, no fim
projeto proposto para este TCC), recebendo o
da Av. Getúlio Vargas.
nome do então prefeito Américo Dias Ferraz. A
de
sua
Segundo Beloto et al, as demais edificações que foram surgindo na Av. Getúlio
ferroviária
Vargas a partir da década de 70, em sua maioria
existente, fez com que a entrada oficial da cidade
de propriedade privada, foram representativas de
concentrasse num único ponto, seja por trem ou
um momento histórico-econômico em que o setor
ônibus, em que o eixo assume o importante
financeiro brasileiro expandiu-se e as instituições
papel de “primeira imagem da cidade pelos
financeiras estavam presentes em cidades cuja
recém-chegados” (BELOTO et al, 2009, p.05).
localidade imprimia uma certa centralidade
Assim como a implantação da rodoviária nesse
regional. Nesse contexto surgem grandes massas
defronte
a
da
através
estação
rodoviária
localização
estabelecendo
estação
local, fez com que a Praça Raposo Tavares se
107
edificadas,
ocupadas
primeiramente
por
agências bancárias.
Esses
Além destacam-se
o
da cidade edificado no final da década de 60.
dessas
surgimento
de
fatos
evidenciam
“a
importância
da
agências,
Avenida no contexto urbano e a percepção de
edifícios
que esse eixo em conjunto com a Av. Brasil era o
residenciais com mais de 7 pavimentos, antes
centro urbano” (BELOTO et al, 2009, p. 07).
mesmo de existir rede coletora de esgoto na área
Segundo Machado e Mendes
central, em que se destaca o edifício comercial
(2003), o mercado da construção civil dava início
Três Marias, o primeiro edifício vertical comercial
e ocorreu devido ao acúmulo de capital por parte
IMG 72 e 73. Vista para o eixo monumental início da déc. 60, e final da déc. 70, respectivamente. Fonte: Acervo Museu da Bacia do Paraná.
108
de alguns fazendeiros e comerciantes, que
individuais
acabaram
e
denominado “Templo da bíblia”, por abrigar
escritórios dos edifícios destinados a prestação de
pastores em pregação e seus fiéis, segundo
serviços
Beloto, Meneguetti e Rego.
investindo e
para
em
apartamentos
habitação
da
burguesia
emergente.
e
um
pequeno
anfiteatro,
Já na década de 80, como Estes edifícios localizavam-se na
afirma Beloto et al (2009), a estação ferroviária
Zona 1 (Central) em função de parte da área
deixa de ser um ponto de relevância urbana
apresentar infraestrutura necessária e dispositivos
devido a desativação do trem de passageiros,
da
a
transferindo para a Rodoviária Américo Dias
construção dos mesmos (MACHADO; MENDES,
Ferraz toda a significância do lugar. O eixo
2003, p.66). Para os autores este período só não
passava então a conectar a Rodoviária a
foi
conjuntura
Catedral, e marcava a inflexão histórica de
econômica vivida pelo país, caracterizada por
mudança no meio de transporte brasileiro, dos
altas taxas de inflação.
trilhos para as rodovias.
legislação
mais
urbana
expressivo
que
devido
viabilizassem
à
Ainda na década de 70, temos
Nesse
mesmo
período
o
a reformulação da Praça Raposo Tavares para o
conjunto de praças que encerravam o eixo
traçado
a
monumental foram reformuladas, assim como
implantação dos canteiros elevados, bancos
ocorreu a ampliação do Paço Municipal e a
que
conhecemos
hoje,
com
109
construção da Biblioteca Pública central, de
veículos e pessoas no sentido norte-sul da cidade.
autoria do engenheiro Luty Kasprowicz.
Para Beloto et al (2009), a partir de 1990 dá-se
Com
a
desativação
do
então o princípio do “desmanche” do eixo
transporte de passageiros, o trem de cargas e as
monumental, primeiramente com a demolição da
manobras realizadas no pátio ferroviário, este
estação ferroviária,
elemento urbano passou de estrutura essencial
construção da nova rodoviária em outro setor da
para a conformação inicial do território para
cidade, localizada na Av. Tuiuti, permanecendo o
barreira urbana, atrapalhando o tráfego de
prédio na área central subutilizado com atividade
e
em seguida com
a
IMG 74 e 75. Implantação da segunda versão do Projeto Ágora em 1991, e maquete física do projeto, respectivamente. Fonte: CORDOVIL et al, 2013, p. 12. | IMG 51. Vista da cidade no início da década de 2000. Fonte: Disponível em: <http://blogdopeagah.blogspot.com.br/2011/10/novo-centro-de-maringa-conheca-detalhes.html>. Acessado em: 30 Maio 2014.
110
de camelódromos.
população perderam espaço para outras opções
No fim da década de 90 a
de lazer, como por exemplo os shopping centers,
descentralização de algumas atividades antes
e acabaram vítimas do descaso do poder público
somente
as
frente a falta de manutenção e segurança,
atividades bancárias, altera o reconhecimento de
constituindo atualmente espaços degradados e
ponto central urbano para as proximidades dos
marginalizados, como é o caso da Praça Raposo
shopping centers construídos na Av. São Paulo,
Tavares em estudo.
centrais,
como
por
exemplo
avenida paralela ao eixo em estudo. Assim como
Na década de 2000, uma
a transferência do pátio de manobras para a
sucessão de fatos também contribuíram para o
periferia
enfraquecimento
da
cidade,
com
a
promessa
de
do
eixo
monumental.
implantação de um projeto que abrangesse toda
Primeiramente em 2000, o rebaixamento da
aquela área, a fim de proporcionar uma grande
linha férrea e a eminência de demolição do
ágora pública para a população, na qual houve
edifício da antiga rodoviária, popularmente
um projeto elaborado pelo arquiteto Oscar
denominada de rodoviária velha, posteriormente
Niemeyer, mas que não saiu do papel.
demolida em 2010, com a justificativa de ser um
A partir de 90, a maioria das
local sem alternativas de restauro. Outro fato
praças criadas inicialmente com o objetivo de
importante, foi a transferência da Biblioteca
proporcionar locais de lazer e encontro para a
Pública central de seu edifício original para uma
111
edificação
provisória,
que
não
atende
as
necessidades e capacidade da biblioteca, com a promessa
de
construção
de
um
novo
equipamento no terreno da antiga rodoviária, hoje
completamente
ocupado
por
estacionamento rotativo pertencente a Prefeitura (Estar). O cenário atual é de total descaso com os espaços públicos e com a memória da cidade. Assistimos edifícios históricos serem depredados e abandonados sem qualquer iniciativa pública que reverta essa situação, assim como a situação das praças centrais tomadas pelo comércio informal, prostituição, consumo de drogas, tráfico e outros delitos.
112
IMG 76. Rodoviária Velha, início da década de 2000. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vidaec idadania/maringa/conteudo.phtml?id=100 4910&tit=Prefeitura-contratara-empresapara-auxiliar-na-demolicao-daRodoviaria-Velha>. Acessado em: 30
Maio 2014.
IMG 77. Rodoviária Velha sendo demolida em Maio de 2010. Fonte: Jornal O Diário. Disponível em:<http://www.odiario.com/maringa/n oticia/304145/paredes-da-rodoviariavelha-sao-postas-no-chao/>. Acessado
em: 30 Maio 2014.
113
IMG 78. Paisagem atual da antiga gleba ferroviária e terreno da antiga rodoviária ocupado por estacionamento, cenário de adensamento e verticalização. | IMG 79. Vista para o comércio que margeia o terreno. | IMG. 80. Vista para o Eixo demarcado pela Av. Getúlio Vargas até a Catedral. Fonte: Acervo da acadêmica.
114
3.3.
ANÁLISE MORFOLÓGICA MAPA 05. Áreas edificadas x Vazios. Fonte: Base PMM. Elaborado pela acadêmica
MAPA 06. Uso e Ocupação do solo no entorno envolvido. Fonte: Base PMM. Elaborado pela acadêmica
MAPA 07. Fluxos, Transporte público 115 e convergência viária. Fonte: Base PMM. Elaborado pela acadêmica
MAPA 08. Gabarito das vias. Fonte: Base PMM. Elaborado pela acadêmica
MAPA 09. Gabarito Predial da área em estudo. Fonte: Base PMM. Elaborado pela acadêmica
3.4.
116
3.4. LEGISLAÇÃO URBANA Lei Complementar 888/2011 e Alterações
IMG. 81. Uso e Ocupação do Solo. Fonte: PMM. Disponível em: <http://geoproc.maringa.pr.gov.br:8090/PORTA LCIDADAO/>. Editado pela acadêmica.
TABELA 04. Usos do solo, corredores de serviço e parâmetros de ocupação do solo. Fonte: LC 888/2011; Lei nº 243/2007 e Decreto nº 1880/2013. Organizado pela acadêmica.
117
118
4. O
PROJETO
119
120
4.1.
PROGRAMA DE NECESSIDADES
em
programa
é,
correto
Os espaços de educação informal, como desempenho
portanto
extracurriculares,
dividido em cinco setores, com diferentes níveis
de
atividades
especialmente
para
crianças e jovens;
de abrangência e conceito, são eles:
ao
auditório e salas de aula, para o
outros projetos não apresentados neste trabalho. O
ligadas
do edifício;
necessidades do edifício, dimensionamento e conta os estudos de correlatos, assim como
geral,
funcionamento das diversas atividades
Para definição do programa de organização dos espaços, foram levados em
As áreas administrativas e de serviços
A biblioteca e a midiateca, que se
O acesso livre ao público no nível térreo
desenvolvem nos pavimentos superiores
e subsolo -3.90m, com atividades de
já com seus acessos controlados;
cunho cultural e sem limitações de público;
A relação com o entorno, que se dá a partir da extensão e revitalização da Praça Raposo Tavares, assim como a
121
valorização do fluxo de pedestres a
para daqui dez anos, tendo como base para os
partir do terminal intermodal em sentido
estudos
ao eixo monumental; e a locação de
Arquitectura de la biblioteca de Santi Romero e a
dois subsolos de estacionamentos sob a
população total da cidade.
realizados
o
livro
espanhol
La
Biblioteca a fim de atender a biblioteca e o comércio central. Para o dimensionamento da biblioteca e midiateca, primeiramente fizemos estudos comparativos sobre o acervo e usuários na biblioteca que existe atualmente versus o que seria ideal atualmente, e já prevendo a demanda
ATUALMENTE (Existente) IDEAL P/ 2014 PREVISÃO P/ 10 ANOS(2024)
ACERVO
POP.
USUÁRIOS
TOTAL
TOTAL
60.000
385.753(1)
10.000
0.16
192.876(2)
385.753(1)
96.438(3)
0.50
239.594(2)
479.188(4)
119.797(3)
0.50
PROPORÇÃO Nº Itens/Hab. (itens)
TABELA 05. Dimensionamento do Acervo. Fonte: Elaborado pela acadêmica, a partir dos dados coletados.
122
123
124
cidade, no eixo Leste-Oeste,
4.2. MEMORIAL JUSTIFICATIVO E
e entre duas
travessas laterais.
DESCRITIVO
A concepção se desenvolveu a partir do fluxo intenso de pessoas que há no
PARTIDO ARQUITETÔNICO Partindo da ideia de que a Biblioteca
pública
deve
ser
um
lugar
de
local,
principalmente
no
sentido
Norte-Sul,
devido a grande concentração de comércios e
sua
serviços
são
predominantemente verticalizado e há falta de
importantes. A definição programática e a escala
espaços públicos na área para usufruto das
do edifício estão ligadas ao seu entorno imediato
pessoas.
a fim de organizar e dinamizar aquele território,
implantação do projeto, além dos fluxos de
e incentivar o uso do espaço por toda a
pessoas, a orientação solar, que nos permitiu ter
comunidade envolvida, devolvendo à estrutura
uma fachada sul se abrindo para o eixo,
pública, sua legibilidade.
totalmente translúcida, sombreada pela empena
informações localização
destinado e
à
facilidade
população, de
acesso
O edifício está implantado no
estrutural
da
Foi
em
cidade.
fator
Este
entorno
determinante
concreto
localizada
para
a
é
a
oeste,
terreno em frente a Praça Raposo Tavares, entre
deixando os livros se mostrarem para a cidade.
o Terminal Urbano de transportes e a Av. Brasil,
Assim como uma fachada leste permeável
via de maior fluxo de comércio e serviços da
visualmente para o entorno envolvido, e com a
125
luz natural filtrada por brises verticais e uma
em aproximadamente 5%, conformando uma
“pele” em aço corten perfurado.
grande e suave rampa, encaminhando o cidadão
A partir disso concebemos uma forma
horizontalizada,
com
dois
planos
sob a Rua Joubert de Carvalho e, conectando com o edifício da biblioteca através do subsolo,
principais no sentido norte-sul não paralelas,
instalado na cota
com
desdobramento das praças em dois níveis: térreo
ângulos
que
reforçam
o
sentido
de
circulação das pessoas ao longo do eixo monumental e, podendo ingressar o edifício
-3.90m, formando um
e subsolo. A
vegetação
existente,
que
resgatando a força do espaço público de
forma a grande massa arbórea foi mantida,
convivência, cultura e lazer, através da conexão
assim como o desenho original da praça,
que se faz entre o edifício e a praça.
preservação da memória do sítio. Além disso, as duas travessas laterais foram agregadas a
A PRAÇA
Grande Praça transformando-se em calçadão, A Praça Raposo Tavares foi
elemento favorável ao comércio do entorno,
estendida a sul, pois propusemos a retirada dos
fazendo um novo desenho para o espaço
estacionamentos existentes junto a Av. Brasil – e
público, com elementos de valor arquitetônico e
na porção norte, em que, através da modificação
de convívio social ao espaço externo – ciclovia no
do relevo urbano, o plano da praça inclinou-se
sentido Norte-Sul, ampliação das áreas verdes e
126
vegetação de médio e grande porte, mobiliário
ORGANIZAÇÃO GERAL
urbano e espelhos d‟agua em níveis. Propõe-se também uma continuidade no desenho do piso entre toda a praça e os pavimentos culturais do edifício (térreo e subsolo). Desta forma a circulação do pedestre
e
a
continuidade
espacial
são
valorizadas, mantendo o eixo de circulação Norte-Sul, através da conexão dos espaços públicos, em que a biblioteca se acomoda na intersecção entre plano térreo e subsolo, como um grande objeto de transição e espacialidade entre os níveis.
Com relação à organização do programa
pensou-se
na
integração
das
atividades sem interrupções, prezando as visuais, iluminação e ventilação naturais, continuidade espacial interna e externa e as demandas do local e da cidade em seu todo. Partindo do contexto atual com a retirada dos estacionamentos das espinhas de peixe ao longo da Av. Brasil, pensou-se nova alternativa para o estacionamento de forma que atendesse a demanda central, e não somente a Biblioteca/ Midiateca. Portanto, foram locados abaixo da Biblioteca algumas vagas na cota -3.90 e também na -7.10, em que o acesso de veículos se dá a partir da Av. Tamandaré e saída pela Rua Joubert de Carvalho.
127
Com
relação
à
Biblioteca/
jornais e revistas), espaços de estudos informais e
Midiateca, ela se desenvolve como um espaço de
ilhas de computadores, espaço para espetáculos
cultura e lazer que abrange todos os públicos
de pequeno porte e uma livraria. A partir do
sem restrição. As atividades se desenvolvem a
térreo tem-se, através de uma escadaria, o
partir de dois subsolos, do térreo e mais três
acesso para a biblioteca e midiateca pública que
pavimentos, e não interfere, portanto, na escala
se desenvolvem a partir do 1º pavimento, e os
das construções vizinhas.
acessos para o subsolo
-3.90m na parte
Os acessos principais se dão a
externa a partir de uma escadaria/ anfiteatro ao
partir da porção Norte através do térreo ou a Sul
ar livre com a possibilidade de apresentações
a partir da praça rebaixada, que acessa pelo
diurnas e noturnas no espaço, e no interior um
nível -3.90m. Em ambos os níveis o usuário
conjunto de rampas no vazio.
ingressa o edifício livremente, com acesso
No Subsolo nível -3.90m no
irrestrito, em espaços totalmente permeáveis de
interior do edifício tem–se espaços de convívio,
caráter cultural, sem fechamentos de entrada e
acervo
saída durante o dia, com controle de segurança
brinquedoteca, espaço de exposições, auditório
através de detectores eletromagnéticos.
para 180 pessoas, setor administrativo e de
No térreo localizam-se espaços de guarda-volumes, hemeroteca (acervo de
infantil,
espaço
de
leitura
e
serviços através de uma entrada mais restrita, e a rampa que vem do térreo.
128
Na porção externa conforma-se
possuem ventilação e iluminação natural, através
nesse nível uma praça rebaixada interligada à
de “recortes” no plano térreo que permitiram
Raposo Tavares, onde se encontra a cafeteria, os
vegetação
acessos em nível para o estacionamento e as
através da implantação de grelhas.
circulações
verticais
inferiores,
ou
Conectado ao volume principal
estacionamentos situados no -7.10m, as salas de
através de uma circulação em vidro, um bloco
aula com atividades culturais de cursos e
retangular onde estão locados os sanitários e
workshops,
iluminação
circulações verticais, escadas e elevadores, que se
zenital, com rasgos no solo, captando luz para as
repetem do subsolo -7.10m até o ultimo
salas no subsolo.
pavimento, e, a partir daí, localizam-se as áreas
espaços
acesso
pavimentos
aos
todos
de
nesses
com
No subsolo -7.10m além dos
técnicas como caixa d‟água, máquinas de ar
estacionamentos existem áreas técnicas e alguns
condicionado e dutos, acessíveis a partir da laje
serviços como, área de carga e descarga, central
impermeabilizada.
de processamento de dados, depósito de livros
Ao acessar o 1º pavimento a
que se conecta com os pavimentos da biblioteca
partir do térreo ou do bloco de circulações
através de um elevador de cargas leves, sala de
verticais, o usuário tem acesso à área controlada
catalogação, sala de restauro e o acervo de
por catracas e guarda-volumes da biblioteca, que
obras raras e especiais. Ambos os subsolos
se estende em três pavimentos em forma de
129
circuito com uma escada de circulação interna
torno do vazio central previu-se espaços de
locada no vazio central dos pavimentos, que
estudo.
proporciona ao usuário permanecer sentado em
Como
forma
de
ganhar
alguns de seus lances, apreciando sua leitura e o
iluminação natural em todos os pavimentos,
vazio.
projetamos uma cobertura escalonada com Todos
os
pavimentos
da
zenitais. O vazio central também permite a
biblioteca abrigam um acervo geral das mais
permeabilidade
diversas
inferiores.
áreas
de
conhecimento,
arquivo
municipal, mapoteca, espaços de leitura e estudos, e um terraço externo que permite os usuários um respiro para a paisagem e visuais da cidade. No ultimo pavimento desenvolve-se a midiateca que concentra todo o acervo de multimídia como cd‟s, dvd‟s, filmes, entre outros, onde
foram
criadas
torres
de
reprodução
multimídia para que os usuários tenham acesso a todo o material disponível na midiateca. Em
da
luz
até
os
pavimentos
130
131
132
133
PLANTAS CORTES ELEVAÇÕES ESQUEMAS DETALHAMENTOS
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
SISTEMA ESTRUTURAL
com perfis soldados com seção retangular
O edifício foi apoiado em dois
30x10cm; posteriormente discos de neoprene
planos horizontais – a Oeste uma empena
que receberão o forro de proteção acústica; em
estrutural em concreto, e a Leste um plano de
seguida uma grelha secundária quadrangular
vidro,
com
protegido
estruturam
uma
por
brises
“pele”
verticais
metálica
que
perfis
soldados com
seção
quadrada
perfurada,
18x18cm; e o fechamento é feito por telhas
ambos em aço corten. Ainda a Leste da
termo acústicas compostas por EPS. Na porção
edificação compõe-se uma linha de pilares
mais alta da cobertura foi locada uma zenital em
metálicos tipo “H” com seção 90x65cm, que
structural
juntamente com a empena, estrutura as lajes de
iluminando o vazio central da biblioteca.
glazing
com
vidro
laminado,
todos os pavimentos, e conecta-se no topo com
Para os pavimentos adotou-se o
vigas metálicas de seção retangular no sentido
sistema de laje nervurada cogumelo, com pilares
longitudinal e transversal, para o travamento e
circular em concreto com 80cm de diâmetro
estruturação da cobertura metálica.
locados com uma modulação de 8.20x12.60m.
A cobertura consiste em uma grelha
metálica
comportamento
concreto conectam-se a estruturas metálicas
composição:
tubulares em forma de árvore, apoiando a
primeiramente uma grelha principal losangular
cobertura. A fim de garantir maior qualidade
espacial,
com
plana a
com
No ultimo pavimento alguns dos pilares em
seguinte
157
acústica no interior da biblioteca, foram locados nas nervuras um sistema de placa acústica embutida juntamente com a iluminação. Um
bloco
retangular
em
concreto pigmentado, localizado externamente ao edifício principal, concentra os banheiros, caixa de escada e elevadores desde o subsolo 7.10 até a cobertura. O fechamento da fachada Sul, assim como de todas as zenitais, é formado por plano de vidro através do sistema de structural glazing que incorpora perfis metálicos ao sistema, com a previsão de caixilhos maxim-ar possibilitando a ventilação cruzada em todo o interior da biblioteca.
158
159
160
161
162
163
164
165
ANEXO I
166
167
168
169
170
171
172
CONSIDERAÇÕES FINAIS
173
Podemos
concluir
com
o
desempenhar para o meio na qual se insere, e
desenvolvimento deste trabalho elaborado ao
assim buscar o lugar ideal de implantação do
longo de um ano, que o projeto de um
projeto que responda a essa pergunta.
equipamento público vai muito além do edifício em
si,
é
preciso
elaborar
análises
de
No projeto da Biblioteca e Midiateca pública o entorno, principalmente a
entendimento do entorno, entender o público
praça,
envolvido, entre outras questões que nos levam a
edificação criada através do estabelecimento de
elaborar um projeto que dialogue com o meio na
um novo desenho não só para o edifício, mas
qual se insere, que atenda as necessidades locais
também para o seu entorno imediato.
e
principalmente
desempenhe
o
papel
se
relaciona
intensamente
com
a
de
O edifício em si, apesar de ter
catalisador da vida urbana e das atividades
uma escala elevada, aproveita os espaços através
públicas, marcando a identidade do local, este
da integração dos ambientes e os diferentes
foi nosso objetivo aqui.
pavimentos, integrando as diversas atividades existentes,
Deste modo, pensar o projeto é pensar além das suas funções técnicas, como estrutura, dimensionamento dos espaços, etc., mas
acima
de
tudo
que
função
ele
irá
proporcionando
um
ganho
variedade e qualidade espacial aos usuários.
de
174
ANEXO I O MANIFESTO DA UNESCO/ IFLA SOBRE BIBLIOTECAS PÚBLICAS: O Consenso Internacional O texto do Manifesto é transcrito a seguir: UNESCO Durante o "PGI Council Meeting"da UNESCO, ocorrido em Paris em 29/11/94, o conselho aceitou e aprovou o Manifesto da Biblioteca Pública preparado sob os auspícios da seção de Bibliotecas Públicas da IFLA. Liberdade, prosperidade e desenvolvimento da sociedade e dos indivíduos são valores humanos fundamentais. Eles serão alcançados somente através da capacidade de cidadãos, bem informados, para exercerem seus direitos democráticos, e terem papel ativo na sociedade. Participação construtiva e desenvolvimento da democracia dependem tanto de educação adequada, como do livre e irrestrito acesso ao
conhecimento, pensamento, cultura e informação. A biblioteca pública, porta de entrada para o conhecimento, proporciona condições básicas para a aprendizagem permanente, autonomia de decisão e desenvolvimento cultural dos indivíduos e grupos sociais. Este Manifesto proclama a crença da UNESCO na biblioteca pública como força viva para a educação, cultura e informação, e como agente essencial para a promoção da paz e bem estar espiritual da humanidade. Em decorrência, a UNESCO estimula governos nacionais e locais a apoiar e comprometeremse ativamente no desenvolvimento das bibliotecas públicas.
A Biblioteca Pública A biblioteca pública é o centro local de informação, disponibilizando prontamente para os usuários todo tipo de conhecimento. Os serviços fornecidos pela biblioteca pública baseiam-se na igualdade de acesso para
175
todos, independente de idade, raça, sexo, religião, nacionalidade, língua ou status social. Serviços e materiais específicos devem ser fornecidos para usuários inaptos, por alguma razão, a usar os serviços e materiais regulares, por exemplo, minorias linguísticas, pessoas deficientes ou pessoas em hospitais ou prisões. Todas as faixas etárias devem encontrar material adequado às suas necessidades. Coleções e serviços devem incluir todos os tipos de suporte apropriados e tecnologia moderna bem como materiais convencionais. Alta qualidade e adequação às necessidades e condições locais são fundamentais. O acervo deve refletir as tendências atuais e a evolução da sociedade, assim como a memória das conquistas e imaginação da humanidade. Coleções e serviços não podem ser objeto de nenhuma forma de censura ideológica, política ou religiosa, nem de pressões comerciais.
Missões da Biblioteca Pública As seguintes missões básicas relacionadas à informação, alfabetização, educação e cultura devem estar na essência dos serviços da biblioteca pública: 1. Criar e fortalecer hábitos de leitura nas crianças desde a mais tenra idade; 2. Apoiar tanto a educação individual e autodidata como a educação formal em todos os níveis; 3. Proporcionar oportunidades para o desenvolvimento criativo pessoal; 4. Estimular a imaginação e criatividade da criança e dos jovens; 5. Promover o conhecimento da herança cultural, apreciação das artes, realizações e inovações científicas; 6. Propiciar acesso às expressões culturais das artes em geral; 7. Fomentar o diálogo intercultural e favorecer a diversidade cultural; 8. Apoiar a tradição oral;
176
9. Garantir acesso aos cidadãos a todo tipo de informação comunitária; 10. Proporcionar serviços de informação adequados a empresas locais, associações e grupos de interesse; 11. Facilitar o desenvolvimento da informação e da habilidade no uso do computador; 12. Apoiar e participar de atividades e programas de alfabetização para todos os grupos de idade e implantar tais atividades se necessário.
Para assegurar a coordenação e cooperação das bibliotecas por todo o país, a legislação e planos estratégicos devem também definir e promover uma rede nacional de bibliotecas baseada em normas de serviço. A rede de bibliotecas públicas deve ser concebida tendo em vista sua relação com as bibliotecas nacionais, regionais, especializadas tanto quanto, as bibliotecas escolares e universitárias.
Operação e Administração Recursos, Legislação e Redes A biblioteca pública deve por princípio ser gratuita. A biblioteca pública é de responsabilidade das autoridades locais e nacionais. Deve ser apoiada por uma legislação específica e financiada pelo governo nacional e local. Deve ser componente essencial de uma estratégia a longo prazo para cultura, informação, alfabetização e educação.
Deve ser formulada uma política clara definindo objetivos, prioridades e serviços relacionados com as necessidades da comunidade local. A biblioteca pública deve ser efetivamente organizada e respeitar padrões profissionais de operação. Deve ser assegurada a cooperação com parceiros adequados, por exemplo, grupos de usuários e outros profissionais, em âmbito municipal, regional, nacional e internacional.
177
Os serviços devem ser fisicamente acessíveis a todos os membros da comunidade. Isto requer que o prédio da biblioteca esteja bem localizado, com instalações corretas para leitura e estudo, assim como tecnologias adequadas e horário de funcionamento conveniente aos usuários. Isto implica também na extensão dos serviços aos usuários impossibilitados de frequentar a biblioteca. Os serviços da biblioteca devem ser adaptados às diferentes necessidades das comunidades em áreas rurais e urbanas. O bibliotecário é um intermediário ativo entre usuários e recursos. A educação profissional e contínua do bibliotecário é indispensável para assegurar serviços adequados. Programas de extensão e educação do usuário devem ser promovidos visando ajudá-lo a beneficiar-se de todos os recursos disponíveis
Implantação do Manifesto Os administradores em âmbito nacional e regional e o universo da comunidade bibliotecária, em nível mundial, estão desta forma convocados a implantar os princípios expressos neste Manifesto.
178
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CENTRO DE FORMAÇÃO E DIFUSÃO CULTURAL Acadêmica: Aryadne de Albuquerque
IMAGENS
BIBLIOTECA E MIDIATECA:
VISTA A PARTIR DA PRAÇA RAPOUSO TAVARES
VISTA GERAL NORTE
VISTA SUDOESTE - ZENITAIS E PRAÇA REBAIXADA
VISTA GERAL SUL
VISTA FACHADA LESTE - BRISES, ‘PELE’ EM CORTEN E ESCADARIA
VISTA SUDESTE
VISTA PARA A ENTRADA SUL E ESPELHO D’AGUA
VISTA A PARTIR DA PRAÇA REBAIXADA SUL
ENTRADA LESTE A PARTIR DA ESCADARIA
SUBSOLO -3.90m - E. INFANTIL, E. CONVÍVIO E RAMPA
CAFETERIA E E. DE CONVÍVIO EXTERNO
V
ISTA DA PASSAGEM SOB A R. JOUBERT DE CARVALHO PARA AS SALAS DE AULA E SUBSOLO EM GERAL
ENTRADA SUL E ESCADARIA ACESSO A BIBLIOTECA LIVRARIA AO FUNDO
RAMPA DE ACESSO AO SUBSOLO
VISTA PARA VARANDA TÉRREO
VISTA DO Tร RREO PARA OS VAZIOS
1ยบ PAVIMENTO DE BIBLIOTECA
VISTA PARA O VAZIO CENTRAL DA BIBLIOTECA E ESCADA
MIDIATECA NO ÚLTIMO PAVIMENTO COM VISTA PARA O EIXO
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Orientadora e Coordenadora: Prof.ª Ms. Tânia Nunes Galvão Verri